O acto patriótico de Hasan Minhaj no Netflix
Patriot Act faz do ex-correspondente do Daily Show o primeiro apresentador indiano-americano de um talk show de late night. (...)

O acto patriótico de Hasan Minhaj no Netflix
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Patriot Act faz do ex-correspondente do Daily Show o primeiro apresentador indiano-americano de um talk show de late night.
TEXTO: Este ano, Michelle Wolf apresentou o jantar dos correspondentes da Casa Branca. Pouco depois, estreou The Break, o seu entretanto cancelado talk show no Netflix. Hasan Minhaj, que foi correspondente do The Daily Show ao mesmo tempo que ela (foi aliás o último a ser contratado por Jon Stewart antes de se despedir do programa em 2015), tinha apresentado esse jantar em 2017 e demorou um bocadinho mais a ter o seu próprio talk show no Netflix. É o primeiro cómico indiano-americano a ter um talk show para o horário late night nos Estados Unidos, formato que tem sido historicamente dominado por homens brancos. Patriot Act estreou-se este domingo, com dois episódios, na plataforma de streaming, a mesma pela qual saiu, em Maio do ano passado, o seu especial Homecoming King, sobre crescer na Califórnia como filho de imigrantes indianos e num clima de islamofobia, especialmente no pós-11 de Setembro. O nome do programa, Patriot Act, refere-se à lei homónima do Congresso norte-americano aprovada após os ataques às Torres Gémeas para combater o terrorismo – e é também o título de uma óptima faixa do rapper Heems (ex-Das Racist), que tal como Minhaj é de origem indiana e fez arte a lidar com o racismo de que foi alvo no pós-11 de Setembro. E, logo aí, demonstra a ligação pessoal que Minhaj tem aos temas que são tratados. O apresentador faz parte de uma fornada de novas vozes de origem sul-asiática que estão a ganhar destaque na comédia norte-americana, com nomes que vão de Aparna Nancherla a Hari Kondabolu, passando por Kumail Nanjiani. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A julgar pelos primeiros episódios, o cómico decidiu (tal como John Oliver, outro ex-correspondente do Daily Show, no seu Last Week Tonight) dedicar o grosso de cada programa a um tema específico, mais do que analisar ao minuto a actualidade mediática. No caso da estreia, o tópico é a acção afirmativa, enquanto no episódio seguinte o foco é a Arábia Saudita, com outro segmento mais curto a criticar norte-americanos de origem sul-asiática que na opinião de Minhaj estão do lado do mal, como Bobby Jindal ou Dinesh D'Souza. A Arábia Saudita é um assunto que John Oliver também abordou recentemente, mas a ligação pessoal que Hasan Minhaj, como muçulmano, tem a essa matéria faz toda a diferença. Já para não dizer que o formato não é igual ao de um talk show tradicional. O cómico, que começou a fazer stand-up inspirado pelo clube de debates que tinha na escola, está em pé em cima do palco, sem se sentar nem vestir um fato, com a sua poupa sempre impecável – Hasan Minhaj tem o melhor cabelo de um apresentador da late night. Atrás dele há projecções daquilo que está a ser falado, num cenário que diz ser aquilo que aconteceria se Michael Bay fizesse uma apresentação em PowerPoint. Por vezes, e até por causa dessa ligação aos debates e ao PowerPoint, o discurso do cómico pode tornar-se demasiado didáctico e há alguns nervos visíveis (e totalmente compreensíveis) nestes primeiros dois episódios, mas há sempre uma piada ao virar da esquina para aligeirar tudo. Além disso, nenhum talk show começou perfeito à primeira, e este tem muito por onde crescer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei escola filho racismo
Ex-"Bronx de Inglaterra" é novo pólo cultural
Mais associada a gangues, a área vê nascer um movimento cultural. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista que foi a pioneira. (...)

Ex-"Bronx de Inglaterra" é novo pólo cultural
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.045
DATA: 2010-05-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais associada a gangues, a área vê nascer um movimento cultural. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista que foi a pioneira.
TEXTO: Do enorme terraço, no último andar do silo automóvel semi-abandonado, a vista estende-se, desafogada, por vários quilómetros. Ao longe, distingue-se o London Eye e os arranha-céus da City - símbolos de uma metrópole a que Peckham não parece pertencer. Lá em baixo, são os cheiros das especiarias e a música africana que enchem o ar daquela que é uma das mais multietnicas áreas de Londres, conhecida de muitos britânicos apenas pelas notícias da violência entre gangues. Mas a zona está a construir uma nova reputação, reconstruindo-se como um dos novos pólos culturais da cidade. "Isto não é mais violento do que noutras partes de Londres. Há grupos de miúdos e gangues em todo o lado", garante Eileen Ward, empregada irlandesa num café grego em Rye Lane. Uma das principais artérias comerciais do Sul de Londres, no século XIX, a rua é hoje uma montra do mundo, com talhos Halal, manicuras chinesas e lojas africanas que se estendem para o passeio, vendendo peixe seco, gengibre e quiabos. A rua é o espelho de uma área que é, desde há décadas, local de concentração de expatriados africanos e das Caraíbas, a que as últimas vagas de imigração juntaram sul-americanos e asiáticos. Mas Peckham é também um das zonas com maiores índices de pobreza e de criminalidade de Londres - uma face que saltou para as páginas dos jornais em 2000, quando Damiola Taylor, de nove anos, foi morto a caminho de casa, e novamente em, 2007, com o assassinato de quatro pessoas em três dias. Casos que lhe valeram o cunho do "Bronx de Inglaterra". Para limpar a imagem, foram ali investidas na última década centenas de milhares de libras em projectos de renovação urbana, como a modernista biblioteca de Peckham, um edifício envidraçado que se impõe nos seus quatro andares sobre a paisagem vizinha. O novo East EndHá, no entanto, quem, sem grandes recursos, esteja também a contribuir para a regeneração da área, transformando as suas fragilidades em mais-valias. "Peckham deu-nos uma enorme quantidade de oportunidades", diz Hannah Barry, co-fundadora da galeria com o seu nome. Instalada ao fundo de uma rua de armazéns degradados, tem por vizinhos igrejas evangelistas e empresas de importação africanas e asiáticas. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista, que chegou a Peckham em 2006 para ajudar um grupo de dez estudantes a montar uma exposição na casa que ocupavam. Agora, com 26 anos, representa 30 artistas e é o seu nome que surge quando se fala do movimento artístico na zona. Desde que abriu a galeria, em Novembro de 2008, coordenou 40 ciclos de pintura, escultura e multimédia. No ano passado, levou à Bienal de Veneza um muito elogiado "Peckham Pavillion" e o Guardian rendeu-se à "fabulosa" mostra de esculturas gigantes que no último Verão organizou no terraço com vista sobre Londres. Mais de 30 mil visitantes vieram a Peckham para a exposição, com reabertura prometida para Junho. O sucesso de Barry e o aparecimento de outras galerias, estúdios e residências de artistas levaram a imprensa a anunciar que o East End londrino tinha encontrado um rival, e talvez um sucessor, como novo núcleo da vanguarda artística. A jovem galerista não gosta de comparações - "cada lugar tem o seu carácter único" - e explica que o que a move "é garantir a cada artista condições para progredir". Outros seguem-lhe as pisadas. "Ela abriu caminho e mostrou que é possível", elogia William Jarvis, de 24 anos, de mãos marcadas de tinta, no terraço do edifício que alugou com dois amigos, junto a Rye Lane. Em três meses, os Sunday Painters transformaram com os próprios recursos, "um opressivo espaço de escritórios" em 12 estúdios e numa pequena galeria, que abrirá ao público no dia 13. "Aqui sentimos que temos algo a dizer", explica Jarvis, argumentando que, além das rendas baixas, "Peckham tem uma forte identidade cultural vibrante". Tirar os jovens da ruaA reconstrução cultural de Peckham tem também um sentido inverso. Instituições como a Camberwell Scholl of Arts e a South London Gallery, sediadas na zona, estão a desenvolver projectos para atrair as crianças e os jovens, os mais vulneráveis ao apelo das ruas. Uma abordagem em que o Teatro de Peckham foi pioneiro. "Quando os meus filhos eram pequenos, eu dava aulas e via tanto talento desperdiçado", recorda Teresa Early, a directora artística, hoje frequentada por 400 crianças que aprendem dança, sapateado e teatro. Nas férias, são organizados espectáculos, e os mais velhos podem completar ali a formação que os poderá levar ao conservatório. "Este é um projecto cultural, mas também social e político", explica esta actriz e encenadora, que iniciou o projecto em 1985, num bairro social no Norte de Peckham, "considerado o mais perigoso da Europa ocidental". Uma experiência que a leva a desdenhar a noção de que a sociedade britânica "está quebrada". O mais importante, sublinha, é criar alternativas, para que os jovens não tenham de escolher "entre passar o tempo num pequeno apartamento onde não há nada para fazer e a rua". Porque é aí que os problemas começam.
REFERÊNCIAS:
WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga
Moçambique tornou-se o segundo lugar de África “mais activo para o trânsito de narcóticos”, depois da Guiné-Bissau, graças à cumplicidade entre traficantes e figuras ao mais alto nível em Maputo, diz um telegrama da Embaixada norte-americana em Moçambique revelado pela WikiLeaks. (...)

WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Moçambique tornou-se o segundo lugar de África “mais activo para o trânsito de narcóticos”, depois da Guiné-Bissau, graças à cumplicidade entre traficantes e figuras ao mais alto nível em Maputo, diz um telegrama da Embaixada norte-americana em Moçambique revelado pela WikiLeaks.
TEXTO: O tráfico em Moçambique atingia, em Setembro de 2009 – a data do telegrama divulgado pela WikiLeaks através do diário francês “Le Monde” – “uma tendência inquietante”, ainda que insuficente para chamar ao país “um narco-Estado corrompido”. “Ghulam Rassul Moti, traficante de haxixe e de heroína no Norte de Moçambique desde, pelo menos, 1993, reduziu consideravelmente o montante dos seus subornos aos funcionários locais para [passar a] pagá-los directamente aos dirigentes da Frelimo”, no poder desde a independência moçambicana em 1975, lê-se no documento. Segundo escreve a Embaixada dos Estados Unidos, o tráfico é controlado por dois moçambicanos de ascendência asiática, Mohamed Bachir Suleiman (identificado no telegrama como “MBS”) e Ghulam Rassul Moti, com a cumplicidade do actual Presidente, Armando Emílio Guebuza, e do antecessor, Joaquim Chissano, escreve o “Monde”. “MBS contribuiu grandemente para encher os cofres da Frelimo e forneceu um suporte financeiro significativo às campanhas eleitorais” de figuras do partido. A diplomacia norte-americana sustenta a acusação no caso da gestão do porto marítimo de Nacala, a mais de dois mil quilómetros a Norte de Maputo, referindo Celso Correia, presidente da empresa Insitec e próximo de Guebuza, como o homem por trás do tráfico de droga a partir daquela região. Segundo se lê no telegrama, os traficantes subornam a polícia, os serviços de imigração e os responsáveis pelas transferências aduaneiras para assegurar que a droga” proveniente do sudeste asiático entra “livremente no país”. Com destino ao mercado sul-africano e europeu, detalha um outro telegrama de 17 de Novembro do ano passado, a droga chega em Moçambique tanto a partir da Ásia como da América Latina. A cocaína entra por avião “a partir do Brasil”. Do Paquistão, Afeganistão e Índia chegam, por via marítima, haxixe, heroína e mandrax (droga com efeitos sedativos e receitada, nos anos 60, como medicamento).
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano Asiático
Fausto, ou a velha cultura europeia no Leão de Ouro
Um palmarés intermitentemente vaiado pela imprensa, aplausos ao máximo ("Michael, Michael, Michael") para o melhor actor, Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueen, reverência para o Leão de Ouro, Fausto, do russo Alexandr Sokurov. (...)

Fausto, ou a velha cultura europeia no Leão de Ouro
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.133
DATA: 2011-09-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um palmarés intermitentemente vaiado pela imprensa, aplausos ao máximo ("Michael, Michael, Michael") para o melhor actor, Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueen, reverência para o Leão de Ouro, Fausto, do russo Alexandr Sokurov.
TEXTO: Como previramos, Sokurov, com a sua (re)visão de Goethe, meteu-se entre a história de um sex addict nova-iorquino, o filme de McQueen, com favoritismo desde o dia em que passou, e a história de uma diabólica família texana, Killer Joe, de William Friedkin, que desde a sua exibição ficou claro que era pouco solene para a ocasião, apesar do ambiente electrizante com que foi recebido pela imprensa. E o que se pode dizer do Palmarés entregue ontem em Veneza pelo júri presidido por Darren Aronofsky, e que incluía ainda a "artista visual" finlandesa Eija-Liisa Ahtila, o músico David Byrne, os cineastas Todd Haynes, Mario Martone, André Téchiné, e a actriz Alba Rohrwacher, é que jogou pelo seguro. E entregou-nos uma espécie de "chic cultural", a sua visão de Arte e Consciência Social. Não está mal, mas houve filmes que mereciam que se tivesse excedido. O prémio à interpretação sem medos de Fassbender, impedindo Shame, segundo os regulamentos, de receber outro dos galardões principais, resolveu o embaraço de colocar no trono um filme desconfortável e sexualmente explícito. Fassbender, referindo-se a esta nova colaboração com o realizador que em 2007 lhe "mudou a vida" ao convidá-lo para Fome, pôs as coisas assim: "Steven gosta de falar naquilo que não gostamos de falar, é a história do elefante numa sala. "Realizado por um artista plástico chegado ao cinema (é a segunda longa-metragem), Shame correria o risco de fazer a figura do pretendente a um trono que estará sempre disponível quando existe um Sokurov. E este até fecha uma tetralogia sobre o poder, depois de Moloch (Hitler), Taurus (Lenine) e The Sun (o Imperador Hirohito). Sokurov agradeceu o seu filme ter sido "compreendido", algo que "não acontece muito", defendeu festivais em que a arte se imponha à "feira das vaidades" e fez-se representante de "uma cultura europeia" que os Estados, as televisões, se estão a demitir de apoiar. O Leão de Ouro enche-se de ecos, vê potenciado o seu valor simbólico. O Prémio Especial do Júri - declaração de afecto dos jurados. . . - foi para Terraferma, de Emmanuele Crialese, cartinha delicodoce sobre a necessidade de as "ilhas" aprenderem a olhar o "outro" - no caso, a imigração ilegal africana. É verdade que o tema dos imigrantes ilegais (novo "Holocausto", segundo Crialese) esteve em várias secções. Ficou assim representado no Palmarés. Mas nem o sempre explícito patriotismo dos jornalistas italianos impediu os apupos na sala de imprensa quando Crialese foi anunciado. É bom saber, porém, que o júri reservou espaço (melhor realização) para um dos grandes filmes desta edição, People Mountain, People Sea, do chinês Shangjun Cai, história de uma vingança que não pára enquanto não se cumpre. Shangjun Cai, chegado a Veneza sem autorização dos censores chineses, vai até às últimas consequências com a personagem de um vingador nesta espécie de western chinês. E que se comoveu premiando Deanie Yi, a intérprete de um pequeno filme, A Simple Life, que sendo "pequeno", é a prova de uma grande generosidade de um olhar, o da cineasta Ann Hui. PalmarésLeão de Ouro: Fausto, de Alexandr SokurovLeão de Prata, para a melhor realizaçao: Shangjun Cai, por People Mountain, People SeaPrémio Especial do Júri: Terraferma, de Emmanuele CrialeseTaça Volpi para o melhor actor: Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueenTaça Volpi para a melhor actriz: Deanie Yi, por A Simple Life, de Ann HuiPrémio Marcello Mastroianni para um jovem actor ou actriz emergentes: Shota Sometani e Fumi Nikaido, por Himizu, de Sion SonoOsella para a melhor fotografia: Robbie Ryan, por Wuthering Heights, de Andrea ArnoldOsella para o melhor argumento: Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou, por Alps, de Yorgos Lanthimos
REFERÊNCIAS:
Papa Wemba morre em pleno concerto
O músico congolês, uma das figuras mais conhecidas do circuito da chamada world music, morreu em palco na Costa do Marfim. Tinha 66 anos. (...)

Papa Wemba morre em pleno concerto
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.35
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O músico congolês, uma das figuras mais conhecidas do circuito da chamada world music, morreu em palco na Costa do Marfim. Tinha 66 anos.
TEXTO: O influente músico congolês Papa Wemba, uma das figuras mais conhecidas da chamada world music, morreu este sábado à noite, depois de ter tido um colapso em palco num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim. O músico tinha 66 anos. Vídeos do concerto, que decorria no Femua – Festival des Musiques Urbaines d'Anoumabou, mostram o artista caído no chão à terceira canção, com as bailarinas a continuarem a sua performance, sem se aperceberem do sucedido. O óbito foi confirmado pelo manager ao canal de notícias France 24. Era suposto Papa Wemba actuar novamente esta noite no encerramento do Femua. O seu verdadeiro nome era Jules Shungu Wembadio Pene Kikumba e o seu grande mérito foi o de ter fundido tradições musicais africanas com pop ocidentalizada e influências rock. Figura reconhecida em África desde 1969, era um dos nomes mais populares do soukous, género musical derivado da rumba cubana, que surgiu no Congo nas décadas de 1930 e 1940. Ao longo dos anos acabou por ser celebrado em todo o mundo como o “rei da rumba do Congo”, tendo actuado com celebridades como Stevie Wonder ou Peter Gabriel (fez as primeiras partes da Secret World Tour em 1993 e Gabriel produziu três discos seus na sua editora, a Realworld), e o seu álbum de 1995, Emotion, foi produzido por Stephen Hague (Pet Shop Boys, New Order). Foi co-fundador dos Zaiko Langa Langa em 1970, um grupo no qual permaneceu quatro anos, e que misturava R&B americanizado com música dançante do Zaire (actual República Democrática do Congo), tendo lançado vários êxitos como Pauline, C'est vérité ou Liwa ya somo. De alguma forma o grupo acabou por marcar a passagem da rumba, reapropriação de ritmos cubanos por músicos africanos, para o soukous, influenciado pelo funk e soul. Depois de ter deixado esse grupo formou as suas primeiras bandas, Isife Lokole e Yoka Lokole, mas seria em 1976 que viria a liderar a formação com a qual obteve mais êxito, Viva La Musica, que construiu a sua reputação com êxitos como Moku nyon nyon, Nyekesse Migue'l ou Cou cou dindon, onde se distinguia a sua voz singular. Mas não foi apenas a música que marcou o seu percurso. Foi ele também o grande inspirador do movimento de culto congolês dos Sapeurs, jovens do sexo masculino mestres na arte de bem vestir. Papa Wemba e os seus grupos sempre se distinguiram pelo aprumo e pelo cuidado com a roupa e os admiradores do músico, inspirados pelo seu sentido estético, começaram a vestir da mesma forma, surgindo aí os Sapeurs (o nome deriva do acrónimo S. A. P. E. , Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes). Em 1999, depois de um espectáculo no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o crítico do PÚBLICO, Fernando Magalhães, assinalava precisamente essa aliança entre música e moda na estética veiculada por Papa Wemba, falando da "folia" e da "extroversão" da música e da sua atitude em palco. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos momentos mais complicados do seu percurso aconteceu em 2004, quando foi condenado a três meses de prisão em França por ter participado num esquema de imigração ilegal, através do qual cidadãos africanos entravam no país fazendo-se passar por membros da sua banda.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração prisão sexo género ilegal marfim
Grandes voos turísticos sem passar pelo check in
Ao longe, de asas abertas, parece um avião a fazer-se à pista. O ganso-patola prepara um voo picado para apanhar os peixes que escapam das redes da armação do atum. O barco pára e em seu redor há uma nuvem de aves que se aproxima. Os golfinhos desta vez não apareceram. Quem não faltou foi a pardela-de-bico-amarelo (da família dos albatrozes) e a andorinha-do-mar. (...)

Grandes voos turísticos sem passar pelo check in
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.214
DATA: 2011-08-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao longe, de asas abertas, parece um avião a fazer-se à pista. O ganso-patola prepara um voo picado para apanhar os peixes que escapam das redes da armação do atum. O barco pára e em seu redor há uma nuvem de aves que se aproxima. Os golfinhos desta vez não apareceram. Quem não faltou foi a pardela-de-bico-amarelo (da família dos albatrozes) e a andorinha-do-mar.
TEXTO: A observação de aves (birdwatching) é uma das actividades turísticas em crescimento. Há até quem faça muitas centenas de milhas só para obter uma fotografia de um pássaro raro. Na zona no Ludo, junto à cosmopolita Quinta do Lago (Loulé), foram referenciadas mais de 250 espécies diferentes. Muitas delas são imigrantes, fizeram escala durante as longas viagens migratórias entre do Norte da Europa e África. Algumas passaram entretanto à condição de "turistas residentes". O ordenamento, a fauna e a flora são questões que vão estar hoje em debate na pousada de Estói, Faro, numa reunião em que participam hoteleiros e empresas ligadas ao turismo a natureza. O objectivo é criar com as associações de desenvolvimento local e empresários privados uma plataforma conjunta de todo o tipo de oferta turística existente na região, virada para as questões ambientais. À caça de raridadesO birdwatching acontece, em Agosto, nos sapais da ria Formosa, onde se podem observar a andorinha-do-mar anã, pernas longas, entre muitas outra espécies. As gaivotas, como é habitual, caem em bando quando lhes cheira a pescado, junto à armação de atum - um projecto de uma empresa japonesa, com a colaboração do IPIMAR - localizado ao largo da Fuzeta. George Schreirer, guia turístico especializado em observação de aves, aponta os binóculos e descobre um ganso-patola, com uma envergadura de asas de quase dois metros, em aproximação: "É bonito, não é?", pergunta, virando de imediato os binóculos para as gaivotas, descortinando os pormenores desta espécie: "Estão ali uma quinhentas", diz. Como é que contou? "É a experiência", responde. "Podem parecer todas iguais, mas não são - em Portugal estão referenciadas 18 espécies diferentes" de gaivotas. Na região, há apenas meia dúzia de profissionais que se dedicam a esta actividade, e não lhes falta trabalho. "Na Primavera, levei a Alcoutim [Nordeste algarvio] uns 30 clientes para fotografar um casal de andorinhão-cafre - espécie originária do Norte de África, que se fixou no Sul de Portugal, existindo apenas cinco casais referenciados". "A raridade é que atrai os turistas, não a quantidade", vinca. O rouxinol-do-mato atrai as atenções pelo canto, mas também por ser uma ave rara. Nesta altura já partiu para terras africanas. O mês de Agosto não é o mais indicado para quem gosta de estar em contacto com aves. A melhor altura o Outono e a Primavera, quando estão em migração ou nidificação. Porém, é nesta altura que a empresa dos Passeios da Ria Formosa, sedeada na Fuzeta, tem mais clientela. "Temos programas, e se não conseguimos ver as aves na ria, proporcionamos uma visita aos golfinhos no mar alto", diz Ricardo Badalo, acrescentando outra atracção: "Por vezes, também se avista tartarugas e tubarões". Os golfinhos, que nos últimos anos passaram a ser visita constante na costa algarvia, são a principal atracção dos que dedicam as férias ao turismo náutico. "As senhoras e as crianças até choram", diz Ricardo Badalo, recordando as cenas a que assiste com frequência, quando o animal se aproxima das pessoas. " O animal entra na brincadeira, e não nos larga", diz. Os golfinhos são avistados regularmente. Encontro em Sagres Os especialistas no birdwatching têm encontro marcado em Sagres, de 30 de Setembro a 2 de Outubro - onde são esperados 1000 participantes de todo o mundo. Nas rotas migratórias das aves entre a Europa e a África, este é o sítio de passagem obrigatório. As aves de rapina são uma das atracções. Durante três dias, cruzam-se conhecimentos de pessoas, oriundos dos cinco continentes, unidas pela magia do lugar, e pelo canto das aves.
REFERÊNCIAS:
Treino com apenas um titular teve mais de dois mil espectadores
O avançado Danny foi o único titular no empate (0-0) entre Portugal e a Costa do Marfim a treinar hoje no regresso a Magaliesburg, numa sessão que teve mais de duas mil pessoas nas bancadas. (...)

Treino com apenas um titular teve mais de dois mil espectadores
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 3 | Sentimento 0.25
DATA: 2010-06-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O avançado Danny foi o único titular no empate (0-0) entre Portugal e a Costa do Marfim a treinar hoje no regresso a Magaliesburg, numa sessão que teve mais de duas mil pessoas nas bancadas.
TEXTO: No dia seguinte ao nulo na estreia de Portugal no Mundial 2010, apenas estiveram no relvado da Bekker School os suplentes não utilizados em Port Elizabeth, Danny, único titular, e os suplentes utilizados Simão, Ruben Amorim e Tiago. Os restantes titulares ficaram no ginásio do hotel onde a equipa está a estagiar, na pequena localidade sul-africana. O dia é de feriado nacional na África do Sul, pelo que mais de duas mil pessoas, a grande maioria emigrantes portugueses, assistiram ao terceiro treino aberto da equipa das "quinas" em Magaliesburg. Já com o treino a decorrer e com as bancadas repletas, 200 pessoas esperavam ainda na fila para poder entrar para os campos da Bekker School. Na África do Sul, celebra-se hoje o Dia da Juventude, em memória dos confrontos de 16 de Junho de 1976, entre jovens estudantes negros e a polícia no Soweto. O segundo encontro de Portugal no Grupo G do Mundial 2010 será disputado na próxima segunda-feira frente à Coreia do Norte, enquanto o terceiro e último jogo do grupo será frente ao Brasil, no dia 25 de Junho.
REFERÊNCIAS:
Tempo Junho
BPI autonomiza actividade em África
Accionistas do BPI criam nova sociedade, que vai gerir as operações bancárias em Angola e Moçambique. Uma resposta às exigências do BCE de limitação aos riscos em Angola. (...)

BPI autonomiza actividade em África
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Accionistas do BPI criam nova sociedade, que vai gerir as operações bancárias em Angola e Moçambique. Uma resposta às exigências do BCE de limitação aos riscos em Angola.
TEXTO: O Banco Português de Investimento (BPI) vai avançar com um processo de separação simples, criando uma nova holding independente que concentrará as suas participações em África, e que será detida, numa fase inicial, pelos seus actuais accionistas. Trata-se ainda de um projecto apresentado pelo BPI e que terá de ser submetido à aprovação da Assembleia-Geral do banco, mas também dos reguladores nacionais, portugueses, angolanos e moçambicanos, e dos europeus. Se a proposta for aceite, os accionistas do BPI vão criar uma nova sociedade (que não é um banco), que será o chapéu que recebe 50, 1% do Banco de Fomento de Angola (BFA), 30% do Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e a unidade de banca de investimentos BPI — as duas últimas instituições são moçambicanas. No BFA, o BPI tem uma parceria com uma empresa, a Unitel, ligada a Isabel dos Santos, mas no BCI está associado à Caixa Geral de Depósitos. A iniciativa de retirar os bancos africanos do balanço do BPI, e de os colocar numa estrutura separada, que os vais gerir, tem dois objectivos: permitir aos accionistas do BPI continuar com as operações em Angola e em Moçambique e não vender o BFA; e, sobretudo, garantir que o BPI cumpre com as exigências europeias de limite de exposição aos grandes riscos que, no caso do banco português, estão associadas à dimensão do investimento no Banco de Fomento de Angola. Na fase inicial, quer o BPI, quer a nova sociedade vão partilhar o mesmo capital e ambos ficarão cotados na bolsa de Lisboa. Hoje, o banco liderado por Fernando Ulrich é detido em 44, 6% pelo espanhol Caixabank, enquanto Isabel dos Santos, através da Santoro, possui quase 19% e a seguradora alemã Allianz detém 8%. A nova holding, designada em comunicado por Nova Sociedade, terá um capital de 46 milhões de euros, com os actuais investidores do BPI a receberem uma nova acção por cada detida no BPI. No caso de se concretizar o projecto anunciado esta quarta-feira, então o BPI ficará limitado à actividade doméstica e às operações nos mercados de emigração. O que pode constituir um problema tendo em conta que, nos últimos dez anos, que foram de crescimentos em Angola, os resultados do BPI beneficiaram do contributo do BFA em 900 milhões de euros. Em 2014, o BFA lucrou 245, 7 milhões de euros, dos quais 116, 9 milhões reverteram para o BPI. O que não impediu o banco de fechar o ano com prejuízos de 161, 1 milhões de euros. Em termos de activos, o BFA representa um quinto do BPI, ou seja, de acordo com os critérios europeus, é demasiado grande para o BPI consolidar. Uma disposição da Comissão Europeia, já em vigor, impõe que as instituições sob a alçada de Frankfurt contabilizem na totalidade (até agora, o requisito oscilava entre 0% e 20% dos activos) o impacto da sua exposição aos grandes riscos de unidades com actividade em mercados com supervisão não equiparável à europeia. No contexto do mecanismo único de supervisão bancária, Draghi declarou Angola (de um grupo de cerca de 200 Estados/territórios) com tendo um padrão de supervisão não comparável ao europeu (só aplicado em 17 países). Para Mario Draghi, o líder do BCE, o que está em causa não é tanto a qualidade do risco, mas a quantidade dos activos considerados. Ainda que os novos requisitos do BCE tenham criado um problema a Fernando Ulrich, a autonomização do BFA, numa estrutura separada do banco e cotada (podem entrar e sair accionistas), pode facilitar a resolução do diferendo aberto pela OPA lançada no início deste ano pelo Caixabank sobre 100% do capital do BPI. Uma oferta não negociada, e que contou com a oposição do segundo maior accionista. Todavia, Isabel dos Santos podia, se tivesse entendido, ter-se articulado durante a OPA com o grupo espanhol, negociando, por exemplo, a sua saída do BPI a troco do controlo do BFA, de que já é accionista. Aparentemente, este caminho não foi o seguido. Sem o contributo do banco angolano (no pressuposto de que este se manterá rentável), com a economia portuguesa sem fôlego e a manter-se a divisão no capital, o futuro do BPI é, portanto, uma incógnita.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave doméstica
Sem Amílcar Cabral, "ninguém tinha óculos para ver onde estava o problema"
Os sonhos que animavam os que, há 40 anos, proclamaram a independência deram lugar a desilusões. Nem os veteranos nem os que nasceram depois da guerra escondem desencanto (...)

Sem Amílcar Cabral, "ninguém tinha óculos para ver onde estava o problema"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os sonhos que animavam os que, há 40 anos, proclamaram a independência deram lugar a desilusões. Nem os veteranos nem os que nasceram depois da guerra escondem desencanto
TEXTO: A primeira pergunta a fazer quando se vai comprar um telemóvel em Bissau é se tem lanterna. Compreende-se: a capital guineense é, quando a noite cai, uma cidade mergulhada na escuridão. A electricidade falta sem aviso, sem que se saiba porquê nem quando voltará. O abastecimento de água é frequentemente afectado pela falta de energia para o bombeamento. Mesmo no centro, principalmente na estação das chuvas, algumas estradas chegam a lembrar crateras. Caminhar a pé de noite, sem luz, pode ser uma aventura acidentada. No país onde, há 40 anos, uma guerrilha bem-sucedida, militar e diplomaticamente, proclamou a independência unilateral, está longe, muito longe, do que sonhou quem lutou contra a colonização portuguesa. Uma longa sucessão de golpes de Estado, assassínios políticos e corrupção são imagens que se colaram a um país que os indicadores atiram para o grupo dos mais pobres do mundo e é ensombrado pelo tráfico de droga. Amílcar Cabral "sonhou muito mais do que isto", diz Flora Gomes, de 63 anos, que filmou a proclamação da independência, numa mata de Lugadjol, região de Boé - não Madina do Boé, como foi propagandeado. Sem ele "ninguém tinha óculos para ver onde estava o problema. Muita gente que estava com ele na guerra não estava preparada para as exigências". O modo como Cabral conduziu a luta pela independência, conjugando vertente militar com acção política, e a importância que dava ao desenvolvimento - o "programa maior", que completasse o "programa menor", que era conseguir a independência - fazia supor que a Guiné pudesse ter um percurso modelar. Mas a realidade depressa desmentiu a ideia. A história fala por si. Em 1980, João Bernardo Vieira, "Nino", derrubou Luís Cabral da presidência e pôs ponto final no projecto binacional de Amílcar. Começava o que os cabralistas vêem como "o desmoronamento de tudo o que tinha sido feito". O golpe era apenas o primeiro de muitos. Os últimos episódios da já crónica instabilidade foram o derrube do primeiro-ministro Gomes Júnior, a meio do processo eleitoral para a escolha de novo Presidente, em 2012, e posteriores actos de violência contra opositores da sublevação militar. É com a instabilidade, a violência político-militar e indicadores que colocam a Guiné-Bissau entre os países com baixíssimos índices de desenvolvimento que a maioria da população cresceu. Mais de 60% dos guineenses têm menos de 24 anos, os que nasceram já depois da independência serão 70% a 80%. Se a luta contra o colonialismo dirá hoje pouco à maioria, Cabral continua a ocupar lugar único, quer nas palavras de quem com ele conviveu, quer dos jovens que se revêem nos seus ideais. É difícil encontrar quem não se reclame da herança do líder fundador e quem não pense que com ele o país seria outro. "Estamos numa fase que não vivemos nem nos piores momentos da construção nacional. Temos conflitos que se transformam em guerras e golpes. Estávamos longe, mas longe, de pensar em qualquer coisa parecida", diz Mário Cabral, de 72 anos, que participou na proclamação de Lugadjol, a 24 de Setembro de 1973, oito meses após o assassínio de Amílcar Cabral por militantes do seu próprio partido, o PAIGC (Partido Africano da Guiné e Cabo Verde). " Não conseguimos uma verdadeira independência. Persiste um grande sentimento de frustração, de amargura e de desânimo", diz Yasmine Cabral, de anos, conselheiro de direitos humanos do Uniogbis, missão da ONU para a consolidação da paz. Rappers denunciam "traição" Letras de música rap crioula têm denunciado o que apresentam como "traição" dos dirigentes dos ideais de Amílcar Cabral. Muitos jovens, observa Miguel Barros, de 33 anos, sociólogo que estudou essas narrativas, encaram os antigos combatentes "não com dignidade e orgulho, mas como foco dos problemas". "Começaram-se a matar uns aos outros e perderam crédito juntos dos mais novos", diz o também director executivo da organização não-governamental Tiniguena - Esta Terra é Nossa. A situação foi agravada pelo envolvimento de alguns dos antigos combatentes no narcotráfico. É o caso de Bubo Na Tchuto, que se juntou à luta armada aos 14 anos e mais tarde se tornou chefe da Marinha, que foi capturado em Abril por agentes norte-americanos, em alto mar. Casos como o de Bubo ou as acusações dos EUA contra António Indjai, o líder do último golpe e actual homem forte do país, suspeito de tráfico de droga, reforçam a ideia de que a Guiné é um narco-Estado. Yasmine Cabral, ex-professor na Faculdade de Direito de Bissau, acha que há exagero neste retrato: "O Estado não é um narco-Estado, a sua fragilidade torna-o incapaz de controlar o tráfico. O Estado é vítima do narcotráfico. Mesmo que decidisse combatê-lo, não tem recursos para o fazer". O Estado forte, de partido único, que a Guiné conheceu nos primeiros anos da independência, com ambiciosos projectos de industrialização, deu lugar à incapacidade de assegurar o "mínimo necessário" à população. Após a guerra interna de 1998-1999, acentuou-se a desagregação do Estado e a insubordinação do poder militar. Algo impensável para alguns dos que combateram o colonialismo e conheceram Cabral. Amílcar "insistiu muito que não tínhamos militares, mas militantes armados", diz Mário Cabral, junto à sede do partido, na Praça dos Heróis da Independência, a que quase todos em Bissau chamam ainda Praça do Império. "O militar estava subordinado ao poder político. Nem "Nino"nem alguns dos seus colaboradores foram capazes de entender isso e também não foram capazes de manter uma liderança capaz de unir e de criar estruturas para o desenvolvimento. " Amílcar - recorda Filinto Vaz Martins - dizia aos combatentes: "Vocês não pensem que vão governar a Guiné. Vocês têm o estatuto de libertadores da nossa pátria". Mas "as pessoas não se sentiam bem só nisso, queriam ser os primeiros governantes e não tinham capacidade de gestão. Nem eu", diz este engenheiro electrotécnico, de 76 anos, formado em Lausanne que, nos anos 1970, foi subcomissário da Indústria, Energia e Hidráulica. Poucos anos após a independência, "começaram os golpes, as ambições pessoais de quem estava nas fileiras e que não tinha a dimensão para perceber quanto valia o passado", acrescenta, lamentando opções como o "grande disparate" que considera ter sido a separação de Guiné e Cabo Verde. "Se o Amílcar não morresse, não haveria isso", diz Carmen Pereira, de 77 anos, veterana da luta contra a presença colonial, comissária política na frente Sul, à data da independência, mais tarde presidente da Assembleia Nacional Popular. Dos golpes não quer falar. Mas, sentada na sua casa do centro de Bissau, recorda que antes "os militares submetiam-se ao Governo, agora é o Governo que se submete aos militares". Lúcio Soares, de 71 anos, que, na altura da proclamação da independência chefiava os guerrilheiros do PAIGC no Norte, reconhece que as coisas "não correram como estava previsto". Acredita que, com Cabral, teria sido "muito e muito diferente". "Não haveria essas histórias de golpes, golpes, golpes, golpes, ou haveria um atentado contra ele também, para tentar eliminá-lo. " "Uma Suíça em África" Nhaga Mané, enfermeira que em 1973, ainda adolescente, estava em Quitafne, no Sul, numa zona controlada pelos independentistas, é particularmente crítica do trajecto do país. "Tudo isso fez a Guiné- -Bissau voltar para trás. " Também ela, aos 56 anos, mantém "a certeza" de que com o líder fundador "teria sido muito e muito diferente". "Faltou-nos o Cabral e faltou num momento importante da luta", quando os desafios eram de desenvolvimento, considera Mário Cabral. O desencanto é verbalizado nas conversas com mais ou menos veemência. Mas ninguém o esconde. Armando Ramos, de 77 anos, militante do PAIGC desde os primeiros tempos da guerra, mais tarde ministro do Comércio, ainda se recorda do que o animava. "O ideal, a ideia do partido, era fazer da Guiné a Suíça de África", diz o ainda hoje membro do comité central. "O que correu mal foi o golpe de Estado que se deu; os valores inverteram-se e o país tornou-se incontrolável. " "A Guiné que nós sonhávamos não é esta que temos. Temos um território, mas a ideia que tínhamos não é esta, infelizmente", concorda Lúcio Soares, um dos signatários dos acordos de Argel, onde, em Agosto de 1974, foram definidos os termos da transmissão de poder no território. "As coisas não correram como estava previsto. " "Falta muita coisa do que sonhámos. Sonhámos com um país independente, próspero, de progresso, de paz e segurança", diz Carmen Pereira. "No princípio estava tudo bem. Depois começaram a aparecer problemas", reconhece a mulher que se tornou num dos símbolos da luta pela independência, lamentando - como "tragédia total" - desvios como a morte por fuzilamento, no pós-independência, de comandos africanos que tinham integrado o Exército colonial. "Sonhávamos com uma Guiné que avançasse rapidamente na senda do desenvolvimento, sobretudo da população rural, de que o PAIGC era devedor", afirma Filinto Vaz Martins, a quem Cabral, em resposta à sua disponibilidade para integrar a luta armada, lhe disse para continuar a estudar: "Fica, podes ser muito mais útil na Guiné independente". Hoje, ao falar do seu país, numa conversa no Instituto Francês de Bissau, não hesita em contar o que já ouviu em melodias como as que foram estudadas por Miguel de Barros: "Há os que cantam que, se Cabral se levantasse hoje, morria imediatamente". Filinto, que aderiu ao PAIGC na década de 1960, continua a pensar que a luta pela independência "valeu a pena no aspecto do nacionalismo", mas está desiludido. "Se se tivesse galvanizado a população para o desenvolvimento, teria valido a pena completamente. " Guerra é "muito mais leve" Amílcar Cabral, a língua crioula e o 24 de Setembro são, para Miguel Barros, "elementos de agregação" dos guineenses. Mas o desgoverno, a incapacidade do Estado em garantir serviços básicos e as privações deram lugar à decepção. O salário com que, em média, os guineenses têm de se governar varia entre os 50 mil e os 75 mil francos CFA (75 a 100 euros). Muitos recebem abaixo disso. Comer um shawarma e beber um refrigerante custa em Bissau, dependendo do local, uns dois mil francos. "A independência tal como foi concebida em Boé, que era ter não só liberdade mas também desenvolvimento, escola, pão, educação - o programa maior, o objectivo principal -, ficou pelo caminho", diz Yasmine Cabral. "Somos um povo pacífico, as cíclicas crises vividas na Guiné dariam, noutras paragens, lugar a uma guerra civil, mas continua a reinar o sentido de unidade, apesar de alguma classe política fomentar o tribalismo. " Nhaga Mané acha que "valeu a pena" ter aderido à luta anticolonial quando ainda era criança, depois de ter visto uma coisa que a chocou - os soldados portugueses entrarem na sua aldeia e "quebrarem o pote de água e espalharem o arroz". Não se arrepende, mas conclui que, afinal, a independência não acabou com os abusos, só "com os abusos dos brancos". "A guerra era muito mais leve. Trabalhar, fazer bem, é mais pesado", considera esta mulher que recebeu formação na União Soviética, admira o Cabral que conheceu e teve a primeira desilusão quando conheceu Bissau, após a independência. Imaginava uma cidade "tipo Moscovo, tipo Egipto". Maior foi a decepção com as divisões que depois ocorreram, que a levaram a emigrar para Portugal, onde viveu 24 anos. Só regressou a pedido de Malam Bacai Sanhá, o primo eleito Presidente em 2009, cuja morte, no início de 2012, deixou campo aberto ao mais recente golpe de Estado. "O mal, para mim, foi abrirem as fileiras, deixarem entrar esse pessoal", considera Nhaga, que há 40 anos estava integrada num grupo liderado por Pedro Pires, dirigente do PAIGC que veio a ser Presidente de Cabo Verde. Não identifica "esse pessoal", mas diz que "se preocupam em ter postos" e que quando não os têm "arranjam guerra". O modo desassombrado com que Nhaga Mané fala - ou as afirmações, mais contidas no tom, embora também críticas, de Carmen Pereira, Armando Ramos, Mário Cabral ou Lúcio Soares - não são a regra, considera Carlos Schwarz Silva, director executivo da organização não-governamental Acção para o Desenvolvimento. "Questionar o passado, certos aspectos da luta, e sobretudo do pós-independência, acaba por cair em cima deles próprios. Preferem remeter-se a lugares-comuns para sua própria defesa. São prisioneiros de uma conjectura em que são os protagonistas. Nunca se demarcaram nem tiveram espírito crítico. " Carlos Silva acha que declarações como as Manuel Saturnino, vice-presidente do PAIGC, que, apesar do que os separa, chegou ao ponto de defender António Indjai, que derrubou o Governo do seu partido, por ser um antigo combatente, mostram que muitos veteranos pensam ter "de se defender uns aos outros para se justificarem a si próprios". Em 1973, Indjai tinha 18 anos. Identidade versus poder No documentário sobre os 40 anos da independência que está a preparar, Flora Gomes deparou-se, ao entrevistar antigos combatentes, com o verso e o reverso dos olhares guineenses sobre o caminho percorrido desde a independência. Em Morés, no interior, encontrou uma mulher que, no tempo da guerra, cantava para animar e disfarçar a fome dos combatentes. Esquecida, sem pensão, contou-lhe que "valeu a pena porque tem bilhete de identidade, bandeira, hino e muitos sobrinhos e familiares que andam pelo mundo". A independência valeu, para ela, pela afirmação de identidade e pela abertura ao mundo. Em Bissau, outra mulher que esteve no Sul durante a guerra, e cozinhava para Amílcar Cabral quando ele ia à sua zona, não hesitou em dizer ao cineasta que "se houvesse mais luta não estaria disponível para se envolver, seria colaboradora do colonialismo, porque", explicou, "os que colaboraram estão mais bem servidos na actual Guiné". Carlos Silva, de 63 anos, estará mais de acordo com a mulher de Morés. "Há uma coisa que ninguém nos tira - é que a independência nos deu uma identidade própria e isso já a justifica", diz. Mas para muitos guineenses, reconhece, hoje "independência é igual a desemprego, fome, ensino desorganizado". "Pepito", como todos o conhecem em Bissau, vê nas primeiras decisões dos dirigentes do PAIGC, chegados a Bissau, em 1974, o prenúncio do que viria depois: "O ministro da Agricultura foi viver na casa do director de Agricultura do tempo dos portugueses, o ministro da Justiça foi ocupar a casa do juiz. . . Tinha de dar nisto. " Sem a memória nem a vivência desses primeiros anos, Yasmine Cabral tem um olhar igualmente crítico sobre o trajecto do país. "Os libertadores não conseguiram interpretar bem os objectivos da luta e começaram a instalar um Estado violento, de perseguição de adversários", afirma. "Os libertadores actuam como proprietários do Estado. " Luís Martins, de 41 anos, presidente da Liga dos Direitos Humanos, está entre os que entendem que a independência "trouxe de bom a identidade" guineense. Mas alinha no tom de críticas ao rumo tomado. "O Estado falhou redondamente e as aspirações que conduziram a luta de libertação nacional e os propósitos da luta, também", diz. Preocupa-o viver "num país onde reina a impunidade" e também o que vai ouvindo em Bissau: "Os mais ousados chegam a dizer que havia mais Estado na época colonial. Havia um regime muito duro, mas havia instituições a que se podia recorrer e não uma propensão para o recurso à justiça privada. " Declarações nostálgicas e as que atribuem aos antigos combatentes a responsabilidade pela actual situação da Guiné-Bissau são, para Lúcio Soares, que já foi chefe das Forças Armadas, "um desabafo dos jovens que, quando estão cansados, dizem: "Eh, pá, esses combatentes. . . ". Acho que é mais isso. Não há ninguém que não queira a independência. " Militares "são incitados" Quem é responsável pela situação a que o país chegou? Agnelo Regalla, de 61 anos, membro do PAIGC entre os anos 1960 e o início da década de 1990, primeiro director da rádio nacional, poeta, político, dá a sua resposta: "Somos todos. Há uma tendência para dizer que a responsabilidade cabe exclusivamente aos militares, mas eu diria que também se prende com a classe política que, em vez de pensar nos interesses globais do país, pensa nos seus interesses, o que dá origem ao clientelismo político e à corrupção". Regalla, agora líder da União para a Mudança, um partido que aspira a recuperar a representação parlamentar , não quer, "de forma alguma, branquear o papel dos militares, que desde a independência detêm um poder real". Mas, do seu ponto de vista, o que acontece é que "se usam os militares para alcançar objectivos políticos". Para ele, os sucessivos golpes e actos de violência decorrem da "incapacidade de solucionar as contradições provenientes da luta armada". Yasmine Cabral não pensa de modo diferente no que diz respeito ao papel dos militares: "Nunca houve uma intervenção meramente militar. Têm sempre por trás razões políticas. São incitados pela classe política para atingirem fins não-militares. O principal elemento de acesso ao poder não são as eleições, mas o uso indevido das Forças Armadas". Flora Gomes olha para o problema da mesma forma: "Quando as pessoas dizem que são os militares. . . Tu não sabes onde começam os militares e acabam os políticos. Esse é um grande problema. Temos uma fragilidade de ligações. " Aos 40 anos, a Guiné-Bissau vive formalmente uma fase de transição tutelada pelos militares - ou por quem os controla - com um Presidente da República e um Governo caucionados pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). O Parlamento, em que o PAIGC tem maioria, voltou a funcionar. No início do mês chumbou mesmo uma proposta de amnistia para os golpistas. "É a Guiné. . . ", comenta quem conhece bem a realidade e as singularidades do país. As eleições gerais continuam previstas para Novembro, como há meses foi anunciado . Só que ninguém acredita que o calendário seja mantido. Desde logo porque nem o recenseamento feito em 2008 foi ainda actualizado. "Toda a gente sabe que é uma falsa questão falar em 24 de Novembro, só agora estamos a discutir a reforma eleitoral", comenta Miguel de Barros. Mesmo com toda a turbulência, sofrimento e dor, apesar da distância entre os sonhos e a realidade, quem lutou pela independência e a protagonizou acha, como Flora Gomes, que "valeu a pena essa grande aventura". Lúcio Soares, outro dos veteranos de Lugadjol, acredita que o momento de viragem não pode estar distante. "Um dia vamos acertar, penso que falta pouco para conseguirmos endireitar a máquina", afirma no pátio da sua casa, perto do bairro militar, quando a noite começa a cair. Até esse dia, Bissau e a Guiné continuam às escuras. Mesmo durante o dia.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
A Líbia, próximo território do Estado Islâmico?
Governo diz saber que os novos recrutas recebem ordens para se dirigir para território líbio e já não para a Síria. (...)

A Líbia, próximo território do Estado Islâmico?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Governo diz saber que os novos recrutas recebem ordens para se dirigir para território líbio e já não para a Síria.
TEXTO: Políticos e analistas estão de acordo: depois da Síria e do Iraque, a Líbia pode ser o novo terreno de expansão dos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico. A presença do grupo no país já é bastante considerável – e ao contrário do que acontece noutros lugares, aqui muitos combatentes integram o movimento original, não são grupos soltos que declararam aliança ao Daash (também os há) por estratégia ou conveniência. Transformado num estado falhado desde o derrube de Muammar Khadafi, em 2011, a Líbia tem dois governos concorrentes e está dividida em regiões sob controlo de diferentes grupos armados. O Estado Islâmico, que surgiu com força em Fevereiro, controla a cidade de Sirte (Norte) desde Maio e entretanto espalhou-se por uma zona de 200 quilómetros entre Sirte e Nawfaliyah, ao longo das fronteiras do chamado “Crescente Petrolífero”, onde se concentram os maiores terminais do país. Da população inicial de 70 mil habitantes, sobrarão em Sirte 10 a 15 mil pessoas. As restantes fugiram para as regiões de Misurata e Trípoli. “Temos informações fiáveis a indicar que o comando do Daash pede aos seus novos recrutas que se dirijam para a Líbia e já não para a Síria, sobretudo desde os ataques russos”, que começam a visar o grupo na Síria no fim de Setembro, diz à AFP o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo reconhecido internacionalmente (e com sede no Leste do país), Mohamed Dayri. Dayri falou à agência francesa de passagem por Paris e na ressaca dos atentados que na sexta-feira fizeram 129 mortos na capital francesa. “Associamo-nos aos apelos franceses e outros para uma acção internacional e uma determinação real contra o Daash, na Síria e no Iraque, mas também na Líbia, que temo venha a tornar-se no próximo território seguro do grupo”, afirmou o ministro. Estimando que o número de combatentes do grupo no seu país esteja entre os quatro e os cinco mil, principalmente “tunisinos, sudaneses e iemenitas”, Dayri felicitou-se com a primeira operação aérea dos Estados Unidos contra o Daash na Líbia, no sábado. Mas ao contrário do que foi avançado por Washington, o alvo, morto nestes ataques, Abu Nabil, era chefe do grupo na região de Derna, capital da Cirenaica (Leste do país), não “o seu mais alto responsável” no país. O ministro recorda que um marroquino que saíra da Líbia em embarcações com emigrantes foi detido na Primavera em Itália e é suspeito de ser um dos autores do atentado contra o Museu Bardo de Tunes, que fez 23 mortos em Março. Um tunisino por trás do ataque num hotel de Port El Kantaoui, igualmente na Tunísia, a 26 de Junho, tinha, por seu turno, treinado na Líbia. Este ataque matou 38 turistas estrangeiros na praia do hotel. À conquista do SulSegundo Dayri, o Estado Islâmico pode estar a conquistar território na direcção do Sul da Líbia, o que pode permitir ao grupo coordenar operações com movimentos extremistas que actuam nos países do Sahel (Senegal, Mauritânia, Níger, Mali, Burkina Faso, Nigéria, Chade e Sudão). “Precisamos de uma estratégia que envolva o Exército líbio em conjunto com os países árabes e os países ocidentais”, defende o ministro. Esta foi a semana em que chegou ao fim o mandato de um emissário da ONU para a Líbia, o espanhol Bernardino Léon, e começou o de outro, o diplomata alemão Martin Kobler. O anterior conseguiu a aceitação por todos de um plano para existência de um só governo que tente unificar a Líbia partida, mas está muito por fazer. Kobler tomou posse na terça-feira, após um ano de negociações mediadas por Léon e pela Argélia. “O plano [de Léon] não era perfeito, mas era uma forma de unir os líbios, falta encontrar uma solução permanente que permita aos líbios conduzir o seu país nesta fase difícil”, disse numa entrevista ao Le Monde o ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ramtane Lamamra. Uma situação que a crescente presença do Daash só vai dificultar. Junta-se agora como conselheiro a esta missão o general italiano Paolo Serra, que comandou a força das Nações Unidas no Líbano de 2012 e 2014.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU