O problema não são os robôs, o problema é a política
Os robôs e a inteligência artificial estão aí, implicando desafios para as sociedades contemporâneas, como reflectiu uma conferência realizada na Assembleia da República esta semana. Para uns os robôs são uma ameaça, conduzindo ao desemprego, para outros são a possibilidade de mais bem-estar. (...)

O problema não são os robôs, o problema é a política
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os robôs e a inteligência artificial estão aí, implicando desafios para as sociedades contemporâneas, como reflectiu uma conferência realizada na Assembleia da República esta semana. Para uns os robôs são uma ameaça, conduzindo ao desemprego, para outros são a possibilidade de mais bem-estar.
TEXTO: Imagine-se por um momento de cama, doente, com febre, sozinho. Dói-lhe a garganta. Sente o corpo dorido. Devia ir ao centro médico mais próximo mas faltam-lhe forças. É então que decide optar por uma vídeo-consulta através do telemóvel numa plataforma de cuidados de saúde na Internet. Ou então escolhe descarregar uma aplicação que utiliza inteligência artificial, com capacidade para processar grandes quantidades de dados em segundos, para fazer triagem e diagnóstico de doenças. É fácil, cómodo, barato, acessível a qualquer pessoa e poupa-se tempo. Já a qualidade do serviço divide opiniões. O mesmo acontecendo com os complexos efeitos sociais, no trabalho e no desemprego, e éticos, ao nível da definição dos limites de acção destas tecnologias, para além das questões de privacidade e segurança, decorrentes da exaustiva documentação pública da vida privada. Num dos painéis da cimeira tecnológica de Lisboa, Web Summit, que juntou em Novembro Gary Mudie, director da Babylon (aplicativo médico para consultas à distância) e Peter Bialo, representante de uma plataforma de cuidados de saúde na rede, a DocPlanner, que permite diagnósticos ou marcar consultas, este foi um dos temas em debate. Ambos reflectiram que os cuidados de saúde estão a sair dos hospitais e clínicas para o mundo virtual, misto de desafios, oportunidades e incertezas. Anteontem, na Sala do Senado da Assembleia da República, questões como esta foram reflectidas na conferência Era Digital e Robótica – Implicações nas Sociedades Contemporâneas, que num primeiro painel contou com especialistas e num segundo com intervenções dos representantes dos grupos parlamentares. O facto de ter sido uma iniciativa conjunta das Comissões de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, da Educação e Ciência, do Trabalho e Segurança Social e de Cultura e da Comunicação, Juventude e Desporto, dão a real dimensão da transversalidade e complexidade do que se discute. Não são questões tecnológicas, mas sim de sociedade. São sobre quais são os nossos desafios civilizacionais no presente e futuro próximo. Como interrogava, na sessão de abertura, Edite Estrela, na condição de presidente da Comissão de Cultura, “a inovação tecnológica vai-nos libertar ou escravizar?”, “o desemprego destruído será substituído por novos empregos?” ou “os robôs vão contribuir para a nossa felicidade ou levar-nos à depressão?”. Uma coisa é certa: ninguém quer perder a marcha tecnológica. A questão é saber se num momento de aceleradas e profundas transformações até que ponto estarão as sociedades contemporâneas, política, social e economicamente, preparadas para se reorganizarem, acolhendo modificações, ao mesmo tempo que garantem equidade sem que obstruam o progresso. Neste momento fica a ideia de que existe mais apreensão que optimismo. Na referida conferência da Web Summit, os dois intervenientes foram prudentes dizendo que, em muitas funções, os médicos ou enfermeiros, não poderão ser substituídos por robôs, sistemas automatizados ou inteligência artificial, mas em muitas delas sim. Ao nível da automação isso já sucede em muitas especialidades. E a tendência é crescente. Em alguns casos estamos a falar de colaboração entre pessoas e máquinas. E noutros de substituição de pessoas por máquinas. Este tipo de medicina à distância, com os nossos telemóveis transformados em clínicas, já uma realidade no Reino Unido onde a Babylon opera. Há semanas, no Financial Times, era referido que a companhia está a tentar criar o maior repositório de conhecimento médico, uma espécie de “super-médico” que faz triagem, diagnósticos e até tratamentos por telemóvel. Prevê-se que a nova versão da aplicação, em Abril, venha a ser o primeiro robô clinicamente certificado para providenciar diagnósticos, baseados nas capacidades de big data e inteligência artificial, que permitem a conexão entre gigantescas bases de dados. E este é apenas um exemplo entre muitos outros do que já está a acontecer. Na percepção pública os sectores laborais afectados nos últimos anos pelas transformações tecnológicas, eram circunscritos a profissões não-criativas. Agora começa a perceber-se que não é assim, com as aptidões de big data e de inteligência artificial, capazes de trabalhar informação em massa e obter conhecimento mais avançado, que pode ser aplicado num robô, mas também num telemóvel, num programa informático ou em qualquer instrumento preparado para interagir com humanos. Desde que a máquina tenha informação para analisar e capacidade para a racionalizar, consegue gerar um plano de trabalho e uma estratégia para o executar. Ou seja, serviços, transportes, ou em emprego qualificado, de áreas tão diversas como a medicina, direito, publicidade, contabilidade, jornalismo, banca, e tantas outras, irão confrontar-se com esta realidade. Demorou para que os políticos acordassem para o fim da velha era industrial. Mas agora o futuro é já o presente. Uma investigação da Universidade de Oxford, de 2013, sugeria que quase metade (47%) dos postos de trabalho existentes na actualidade nos EUA estão em “alto risco” de desaparecer nos próximos dez a 20 anos, enquanto 33% estão em risco e 19% em risco médio. E o motivo é claro: pela primeira vez a tecnologia está a avançar sobre as chamadas tarefas “cognitivas” ou “não-rotineiras. ”Em Janeiro o ex-Presidente Barack Obama tinha avisado que a automatização iria tornar muitos dos trabalhos da classe média obsoletos e há dias o conhecido empreendedor Mark Cuban disse que as políticas de Trump em relação ao emprego (proteccionismo e leis anti-imigração) irão fracassar porque na linha do que já disseram outros (do cientista Stephen Hawking ao magnata Elon Musk) o desemprego em massa veio para ficar. Na sua visão “haverá cada vez menos trabalhos que um robô não saiba fazer melhor do que um humano. ” Foi também com esse raciocínio que Bill Gates propôs a criação de um imposto para robôs. E é também essa a filosofia de quem defende o Rendimento Básico Universal – compensação para os que viram a actividade ficar obsoleta e não tiveram tempo de adaptação. Historicamente as revoluções tecnológicas acabam por tornar ultrapassadas actividades, mas criam muitas outras, embora diferentes. Mas desta vez, a velocidade, a escala e o facto de as máquinas serem cada vez mais inteligentes, gera a sensação de que poderemos estar perante um cenário de desemprego estrutural, como frisou Nuno Teles, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Claro que há quem não se reveja nestes cenários, alegando que a quarta revolução industrial não difere das anteriores. Algumas actividades serão afectadas, mas surgirão outras áreas promissoras que compensarão perdas, fortalecendo o aumento de emprego, o crescimento e o investimento. Um relatório do ano passado (The Future of Jobs) do Fórum Económico Mundial referia que 65% das crianças que estão agora a entrar nas escolas vão ter profissões que ainda nem sequer existem. Da mesma forma existe quem advogue que a inteligência artificial deve ser vista como uma oportunidade de expansão do potencial humano e não como a sua substituição. Um especialista em soluções artificiais, Andy Peart, expõe que a inteligência artificial será tão essencial para os negócios de serviço ao cliente como a Internet há 20 anos ou as aplicações móveis há cinco anos. O que não significa que os humanos sejam afastados do mercado de trabalho. Até porque as máquinas, no caso os robôs, já conseguem fazer muitas coisas (manipulação industrial e tarefas repetitivas, navegação, interacção, próteses), como explicou o professor e investigador Pedro Lima, do Instituto Superior Técnico, mas ainda existem coisas que não fazem bem (reconhecer e compreender o mundo envolvente, dialogar fluentemente, aprender com a experiência, ser versáteis ou caminhar como os humanos). Na verdade a capacidade real dos robôs e da inteligência artificial é algo ainda muito em aberto, com diferentes velocidades de apreensão. Isso mesmo reflectiu o artista Leonel Moura, que inaugurou a exposição Arte Robótica nos Passos Perdidos, dizendo que hoje há máquinas muito avançadas “com capacidade de tomar decisões” e de “conceber outras máquinas. ”Foram algumas dessas máquinas – carros sem condutor, robôs de assistência médica, sistemas de vigilância com inteligência artificial, drones autónomos ou robôs industriais – que estiveram em destaque num recente debate do Parlamento Europeu, que votou uma proposta (não vinculativa) de estabelecimento de regras que considerem o seu impacto. O Parlamento atribuiu aos robôs o estatuto de “pessoa electrónica”, um regime de seguros obrigatórios para os veículos autónomos sem condutor, um código de conduta para os engenheiros de robótica e a criação de uma agência europeia para a robótica e inteligência artificial. Estas são questões jurídicas. Mas a discussão mais vasta que engloba todas as outras é se vamos ter a capacidade de reconstruir as nossas sociedades para que, conforme as máquinas inteligentes se vão tornando mais eficientes, aumentando a produtividade e gerando mais ganhos, a diminuição da procura de trabalho humano resulte em lazer e bem-estar, com rendimentos repartidos de forma mais equitativa. Aliás há uns anos presumia-se que todos iríamos trabalhar menos e ter mais tempo para o lazer, deixando a tarefas mais pesadas para as máquinas, melhorando a qualidade de vida. Hoje a percepção é que a situação da maioria piorou, lucrando uma minoria. Os postos de trabalho parecem diminuir e o mundo parece dividir-se entre os que trabalham de mais, ou em condições precárias, e os que simplesmente não têm trabalho. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas a solução, tal como não parece ser o proteccionismo nem a xenofobia, também não é apontar a culpa aos robôs. Os robôs e a inteligência artificial significam vantagens, desde que em simultâneo sejamos capazes de questionar o modelo de sociedade que temos vindo a edificar, nomeadamente ao nível da redistribuição da riqueza gerada pelo crescimento tecnológico, e também no plano dos novos paradigmas educacionais, exigindo-se novos processos e conteúdos. Seremos capazes de responder a esse desafio? Não existem dúvidas de que nos próximos tempos mais actividades e indústrias serão ultrapassadas. Mas se algumas velhas políticas também se tornarem obsoletas e novas e mais justas forem instituídas, teremos a certeza de que robôs e humanos serão amigos fraternos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
“Pontos sensíveis” de França patrulhados por dez mil militares
Cinco mil polícias vão reforçar segurança nas escolas judaicas do país. Kerry desloca-se a Paris na sexta-feira. Governo calcula que estejam 1400 franceses na Síria e no Iraque. (...)

“Pontos sensíveis” de França patrulhados por dez mil militares
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cinco mil polícias vão reforçar segurança nas escolas judaicas do país. Kerry desloca-se a Paris na sexta-feira. Governo calcula que estejam 1400 franceses na Síria e no Iraque.
TEXTO: Dez mil militares vão reforçar a segurança de “pontos sensíveis” do território francês a partir de terça-feira, anunciou o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, que sublinhou que as “ameaças continuam presentes”. A segurança das mais de 700 escolas judaicas do país e lugares de culto vai ser assegurada por cinco mil elementos das forças de segurança, de acordo com o Ministério do Interior. O anúncio foi feito pelo ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, perante os pais de alunos de uma instituição de ensino judaica nos arredores de Paris, perto do local onde foi morta uma agente da polícia, na quinta-feira. A França continua em alerta máximo depois da morte de 17 pessoas em apenas três dias, vítimas de ataques terroristas perpetrados por extremistas islâmicos. "É a primeira vez que uma mobilização desta amplitude abrange as nossas forças em todo o território", afirmou Le Drian, justificando o carácter inédito da medida com a "amplitude das ameaças" que pairam sobre o país desde a onda de atentados. Um dos ataques teve como alvo uma mercearia judaica, durante o qual morreram quatro pessoas, aumentando o receio junto da comunidade. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que no domingo esteve na marcha antiterrorista de Paris, encorajou os judeus franceses a emigrarem para Israel face à ameaça de “um terrível anti-semitismo”. Netanyahu vai deslocar-se nesta segunda-feira ao local do atentado, perto da Porta de Vincennes, informou a embaixada israelita em Paris. Os quatro judeus mortos durante o sequestro da mercearia vão ser enterrados terça-feira em Israel, revelou à AFP um dirigente da comunidade judaica. O Presidente, François Hollande, preside nesta manhã a uma reunião do gabinete ministerial em que a segurança nacional ocupa o topo da agenda e na qual estão presentes os chefes das forças de segurança. Manuel Valls sugeriu nesta manhã que o isolamento dos presos acusados de crimes de terrorismo nas prisões francesas é uma medida “que é preciso generalizar”. “É necessário fazê-lo com discernimento e inteligência”, defendeu Valls numa entrevista ao canal BFMTV. Para já, o primeiro-ministro recusou a adopção de "medidas de excepção" em resposta às pressões, sobretudo da direita, de que seja implementada uma versão francesa do Patriot Act norte-americano – um pacote legislativo aprovado após o ataque às Torres Gémeas que veio permitir que as agências de segurança pudessem interceptar e escutar pessoas e organizações sem necessidade de uma autorização judicial. As declarações de Valls surgem no actual contexto depois da revelação de que um dos suspeitos pelos atentados, Chérif Kouachi, esteve preso dois anos. Em 2005, Kouachi tentava viajar para a Síria para combater no Iraque, mas foi apanhado numa operação que desmontou uma célula jihadista que recrutava jovens de origem francesa. O debate acerca do papel das prisões no processo de radicalização dos jovens acusados de actividades extremistas reacendeu-se. Foi na prisão que Chérif Kouachi conheceu Djamel Berghal, um dos nomes mais influentes do jihadismo em França. Ao caso de Kouachi juntam-se os de Mohamed Merah, o jovem que matou sete pessoas na região de Toulouse em Março de 2012, e de Mehdi Nemmouche, que em Maio do ano passado atacou um museu judaico em Bruxelas, tendo ambos passado temporadas na prisão antes de terem cometido os atentados. Em 2008, o Instituto de Altos Estudos de Segurança publicou um estudo que revelava a existência de 340 presos considerados “radicais” ou em “processo de radicalização” – um número que é, contudo, de difícil precisão, uma vez que não difere entre extremistas islâmicos e outros, como os membros de grupos separatistas da Córsega ou do País Basco. 1400 franceses na Síria e no IraqueCom o país ainda a digerir os ataques dos últimos dias, as autoridades tentam lidar com o fluxo de franceses que vão para o Médio Oriente e os que pretendem regressar. O Governo francês estima que existam actualmente 1400 cidadãos que se tenham juntado a grupos extremistas na Síria ou no Iraque. O número foi avançado pelo primeiro-ministro, que revelou ainda que cerca de 70 franceses foram mortos durante os combates nos dois países. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, vai visitar Paris na sexta-feira para prestar homenagem às vítimas dos atentados. “Nenhum acto de terror, nem duas pessoas com [metralhadoras] AK-47, nem a tomada de reféns numa mercearia vão impedir aqueles que estão empenhados na marcha da liberdade”, disse Kerry durante uma visita à Índia. Kerry desvalorizou as críticas à ausência de governantes norte-americanos na marcha de domingo. Numa manifestação que contou com mais de um milhão de pessoas em Paris e com a presença de 50 chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, os EUA fizeram-se representar apenas pelo procurador-geral, Eric Holder, e pela embaixadora Jane Hartley.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Procuradores italianos suspeitam que Al-Qaeda preparava ataque ao Vaticano
Polícia disse que foram interceptadas conversas em que os suspeitos diziam ir lançar uma “grande jihad em Itália”. Os diálogos sugeririam que o alvo poderia ser a Santa Sé. (...)

Procuradores italianos suspeitam que Al-Qaeda preparava ataque ao Vaticano
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Polícia disse que foram interceptadas conversas em que os suspeitos diziam ir lançar uma “grande jihad em Itália”. Os diálogos sugeririam que o alvo poderia ser a Santa Sé.
TEXTO: A Justiça italiana anunciou o desmantelamento de uma célula terrorista ligada à Al-Qaeda e a detenção de dez indivíduos de nacionalidade afegã e paquistanesa, suspeitos de envolvimento numa conspiração (falhada) para um ataque-suicida no Vaticano, em 2010. Segundo as autoridades, que realizaram raides de contra-terrorismo nas cidades italianas de Bergamo, no Norte do país, e de Cagliari, na ilha da Sardenha, outros oito suspeitos continuam a monte. A investigação arrancou já há oito anos, e esteve inicialmente ligada a um caso de imigração ilegal – nos últimos meses, a polícia italiana tem estado particularmente atenta à possível “infiltração” de jihadistas nos grupos de imigrantes que chegam ao país em balsas que navegam o Mediterrâneo. Entre os 18 homens suspeitos encontra-se um líder religioso ligado às comunidades muçulmanas de Brescia e Bergamo, dois antigos guarda-costas de Osama Bin Laden e extremistas alegadamente envolvidos num atentado a um mercado de Peshawar, no Paquistão, que fez mais de cem mortos. Esse ataque terá sido planeado e financiado a partir de Olbia, na Sardenha. O grupo, que constituiu uma célula terrorista para “uma grande jihad em Itália”, também se dedicou a outras actividades criminosas, nomeadamente imigração ilegal e possivelmente tráfico humano. A polícia disse que os suspeitos tratavam da entrada de paquistaneses e afegãos em Itália, através de contratos de trabalho fraudulentos, ou como candidatos a asilo. Alguns desses homens ficavam em Itália e outros eram enviados para outras cidades europeias. O ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, elogiou os serviços de segurança por uma “operação extraordinária” que “a partir de uma única investigação de 2009 resultou no desmantelamento de uma rede de traficantes e de uma célula de terroristas”. Numa conferência de imprensa em Cagliari, o procurador Mauro Mura revelou que os suspeitos conspiraram para a realização de vários ataques, nos países de origem e também em Itália. Uma operação gorada teria como alvo o Vaticano: as autoridades acreditam que um bombista-suicida viajou de propósito para se fazer explodir em plena praça de São Pedro. Mario Carta, que dirigiu a investigação pelo lado da polícia, confirmou a existência de escutas telefónicas em que os suspeitos mencionam frequentemente a palavra “baba”, que segundo as autoridades é uma referência ao Papa. Também falavam na “luta armada contra o Ocidente”, informou – além das detenções, a polícia procedeu à apreensão de armamento. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, desvalorizou a ameaça terrorista. De acordo com as informações avançadas pela polícia, a “hipótese de ter existido um plano [para um ataque à bomba] em 2010, que nunca chegou a ocorrer, é prova de que não temos nenhuma razão para preocupações”. As autoridades não sabem por que razão foi abandonado o plano para atacar oVaticano, mas acreditam que o grupo pode ter desconfiado que estava na mira da polícia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens imigração ataque ilegal
EUA anunciam medidas de abertura a Cuba e isto tem a ver com charutos
Viajar para a ilha vai ser mais fácil e enviar mais dinheiro também, já a partir desta sexta-feira (...)

EUA anunciam medidas de abertura a Cuba e isto tem a ver com charutos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Viajar para a ilha vai ser mais fácil e enviar mais dinheiro também, já a partir desta sexta-feira
TEXTO: O levantamento de algumas restrições económicas americanas que visam Cuba vai entrar em vigor já nesta sexta-feira no quadro de uma reaproximação histórica entre os dois países anunciada em meados de Dezembro, informou o Departamento do Tesouro dos EUA. A possibilidade de viajar para a ilha por diversos motivos sem uma autorização especial e o aumento (de 500 para dois mil dólares por trimestre) do valor das transferências fundos de imigrantes cubanos serão autorizadas por Washington, embora o embargo económico decretado contra Cuba em 1962 ainda tenha de ser levantado pelo Congresso dos Estados Unidos. Os cidadãos americanos também ficam autorizados a utilizar cartões de crédito em Cuba e a exportação de alguma tecnologia por parte de empresas americanas será igualmente possível. Os americanos que viajarem até Cuba também ficam autorizados a regressar aos EUA com álcool e tabaco no valor máximo de 100 dólares (no total, poderão levar para casa bens cubanos no valor de 400 dólares). Como escreve a BBC, isto significa o fim da proibição americana quanto aos famosos charutos cubanos. “Este anúncio constitui uma etapa suplementar em direcção ao fim de um sistema que não funciona e à aplicação de medidas que apoiem a liberdade política e económica do povo cubano”, declarou o secretário do Tesouro, Jacob Lew, citado num comunicado. O anúncio dos EUA surge depois de o Governo cubano ter informado oficialmente Washington no início da semana de que libertara 53 presos políticos, tal como os EUA tinham pedido, não como um requisito para as negociações, mas sim como um gesto de boa vontade. Para a semana está marcado o primeiro encontro oficial entre os EUA e Cuba para negociar a normalização das relações diplomáticas entre os dois países, congeladas há mais de meio século. O encontro realiza-se quarta e quinta-feira em Havana e contará com a presença da secretária de Estado adjunta norte-americana, Roberta Jacobson.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Polícia belga neutraliza célula jihadista que preparava “atentado de grande envergadura”
Dois suspeitos foram mortos e um terceiro ficou gravemente ferido. Autoridades actuaram de emergência em função da informação recolhida em escutas telefónicas, que se iniciaram após o regresso dos jihadistas da Síria. (...)

Polícia belga neutraliza célula jihadista que preparava “atentado de grande envergadura”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150429091858/http://www.publico.pt/1682364
SUMÁRIO: Dois suspeitos foram mortos e um terceiro ficou gravemente ferido. Autoridades actuaram de emergência em função da informação recolhida em escutas telefónicas, que se iniciaram após o regresso dos jihadistas da Síria.
TEXTO: Dois indivíduos, suspeitos de constituir uma célula jihadista que estava a preparar “um atentado de grande envergadura”, foram mortos durante uma vasta operação antiterrorismo lançada pela polícia belga esta quinta-feira, na cidade de Verviers e outros pontos do país. O grupo integrava três homens que acabavam de regressar da Síria e a ameaça foi “neutralizada”, informou o procurador Eric van der Spijt, numa conferência de imprensa. Mesmo assim, o Governo da Bélgica decidiu aumentar para o nível três (numa escala de quatro) o alerta de risco de ataque terrorista. As autoridades agiram em função das informações recolhidas em escutas telefónicas e da vigilância que foi iniciada há uma semana, assim que os indivíduos, alegadamente envolvidos com o autoproclamado Estado Islâmico, entraram em território belga, vindos da Síria. Os serviços de informação também detectaram um aumento de ameaças proferidas por jihadistas belgas na Internet. A operação culminou numa acção violenta em Verviers, uma cidade de 56 mil habitantes na província de Liège, a cerca de 110 quilómetros da capital. As autoridades isolaram a zona da estação de comboios, no centro de Verviers, e cercaram um apartamento num edifício onde também funciona uma padaria. O raide foi realizado por um contingente de forças especiais da polícia federal, que contou com o apoio de uma unidade de minas e armadilhas. Testemunhas deram conta de pelo menos três explosões no decurso da operação. Um primeiro estrondo foi seguido por uma rajada de tiros. O tiroteio terá durado cerca de dez minutos; nesse período ouviram-se mais duas explosões. Um morador citado pelo jornal L’Avenir disse que as ruas pareciam um “cenário de guerra”. “Ouvi um primeiro estrondo, que pensei que fosse a explosão de uma bilha de gás, mas logo a seguir comecei a ouvir os tiros e percebi logo que a situação era bem mais séria”, relatou. De acordo com o procurador, os indivíduos estavam “extremamente bem armados”, com espingardas e armas automáticas de tipo militar. Além das duas vítimas mortais, Eric van der Spijt confirmou que um dos suspeitos foi ferido com gravidade. Segundo o Ministério Público, foram realizados dez mandados de busca, em Bruxelas e noutras localidades da área metropolitana da capital, nomeadamente a comuna de Molenbeek-Saint Jean, onde vive uma larga comunidade de imigrantes. Segundo a AFP, a cidade de Verviers é um dos principais centros de radicalização islâmica na Bélgica, com as autoridades a acreditar que seis a dez dos seus habitantes se tenham juntado às fileiras dos grupos jihadistas para combater na Síria. Como assinalaram analistas em segurança, o incidente na Bélgica confirma o perigo representado pelo regresso a casa de cidadãos europeus radicalizados e treinados por organizações islamistas – perigo esse que já tinha ficado claro após os ataques terroristas da semana passada em Paris. A autoridades belgas ressalvaram que “não foi estabelecida para já nenhuma ligação” entre a actividade dos jihadistas de Verviers e os terroristas de Paris. Segundo a agência noticiosa belga, o inquérito que conduziu à operação antiterrorismo de quinta-feira foi aberto antes do ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo, no dia 7 de Janeiro. Numa outra acção, a polícia belga deteve esta quinta-feira um homem acusado da venda ilegal de armas em Charleroi e que é suspeito de ter fornecido o arsenal utilizado por Amedy Coulibaly, o terrorista que matou uma polícia francesa e quatro reféns judeus num supermercado kosher de Paris. “O medo deve mudar de campo”Na sequência destas operações antiterroristas, o Governo belga reuniu-se de emergência. “Isto demonstra a determinação do Governo belga no combate aos que pretendem semear o terror. O medo deve mudar de campo”, declarou o primeiro-ministro belga, Charles Michel, citado pelo porta-voz Frédéric Cauderlier. Vídeo amador mostra o raide policial
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens guerra campo ataque homem comunidade medo ilegal
Krugman e Stiglitz defendem que gregos votem "Não" no referendo
Os dois economistas, distinguidos com o prémio Nobel, criticam a troika e defendem que a Grécia tem mais a perder do que a ganhar se o "Sim" vencer. (...)

Krugman e Stiglitz defendem que gregos votem "Não" no referendo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os dois economistas, distinguidos com o prémio Nobel, criticam a troika e defendem que a Grécia tem mais a perder do que a ganhar se o "Sim" vencer.
TEXTO: Os economistas Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ambos distinguidos com o prémio Nobel, defenderam nesta segunda-feira que os gregos devem votar "Não" no referendo, considerando que, sem mais medidas de austeridade, podem ter esperança no futuro. No artigo de opinião de hoje no The New York Times, Paul Krugman escreve que "a Grécia deve votar 'Não' e o Governo grego deve estar preparado, se necessário, para sair do euro", argumentando que é verdade que o executivo grego "estava a gastar acima das suas possibilidades no final dos anos 2000" mas que, "desde então, cortou repetidamente a despesa e aumentou impostos". "O emprego público caiu mais de 25% e as pensões (que eram de facto demasiado generosas) têm sido cortadas abruptamente. Se a isto se somarem todas as medidas de austeridade, fizeram mais do que o suficiente para eliminar o défice e passarem a ter um amplo excedente", nota Krugman. A explicação para que a correcção não se tenha verificado na Grécia é que "a economia grega colapsou, muito devido às muitas medidas de austeridade, que afundaram as receitas" do Estado, defende o economista norte-americano, acrescentando que este colapso "esteve muito ligado ao euro, que amarrou a Grécia num colete-de-forças económico". Krugman aponta três razões para que os gregos votem "Não" no referendo: "Após cinco anos [de duras medidas de austeridade], a Grécia está pior do que nunca", "o tão temido caos gerado por um 'Grexit' [saída da Grécia da zona euro] já aconteceu", ou seja, os bancos estão fechados e foram impostos controlos de capital e, finalmente, "ceder ao ultimato da troika iria representar o abandono final de qualquer pretensão de independência grega". O Nobel da Economia de 2008 deixa mesmo um apelo aos gregos: "Não se deixem levar pelos que dizem que os oficiais da troika são apenas tecnocratas a explicar aos gregos ignorantes o que tem de ser feito. Estes pretensos tecnocratas são, de facto, fantasistas, que desconsideraram tudo o que sabemos sobre macroeconomia e estiveram sempre errados. Isto não é sobre análise, é sobre poder — o poder dos credores para dispararem sobre a economia grega, que vai persistir enquanto a saída do euro for considerada impensável". Para Krugman, "é tempo de pôr fim" a esta visão de que sair do euro é impensável ou então "a Grécia vai confrontar-se com uma austeridade interminável e com uma depressão sem solução e sem fim". Também Joseph Stiglitz, que foi distinguido com o Prémio Nobel da Economia em 2001, assina hoje um artigo de opinião no jornal britânico The Guardian, intitulado Como eu votaria no referendo grego. Stiglitz reconhece que "nenhuma alternativa, aprovação ou rejeição dos termos da troika, vai ser fácil e ambas implicam riscos" e sublinha que, se ganhar o "Sim", isso vai significar "uma depressão quase sem fim". "Talvez um país empobrecido — que vendeu todos os seus activos e cujos jovens brilhantes emigraram — possa finalmente conseguir um perdão da dívida. Talvez transformando-se numa economia de rendimentos médios, a Grécia possa finalmente aceder à assistência do Banco Mundial. Tudo isto pode acontecer, na próxima década ou talvez na década a seguir a essa", resume o economista ao retratar o futuro da Grécia, caso os gregos aceitem as condições que os credores internacionais estão a pedir. Já num cenário em que os gregos votam "Não" no referendo de 5 de Julho, Stiglitz considera que isso, "pelo menos, ia abrir a possibilidade de a Grécia, com a sua forte tradição democrática, ter a oportunidade de decidir o seu destino por si". "Os gregos podem ganhar a oportunidade de desenhar um futuro que, ainda que não seja tão próspero como no passado é, de longe, mais esperançoso do que a tortura sem consciência do presente", reitera o economista. A crise que opõe o Governo grego aos credores internacionais — Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu — assumiu um rumo inédito depois de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter anunciado, na sexta-feira à noite, a convocação de um referendo sobre o programa apresentado pelos credores para desbloquear a ajuda financeira ao país. No sábado, o Eurogrupo recusou-se a prolongar o programa de assistência financeira à Grécia, que termina nesta terça-feira, dia 30. A Grécia, que enfrenta problemas de liquidez, arrisca-se a entrar em incumprimento, tendo de pagar até terça-feira à noite mais de 1, 5 mil milhões de euros ao FMI.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA FMI
Alemanha divide-se entre manifestações contra e a favor do islão
Líderes do Pegida dizem que acontecimentos em França mostram que têm razão ao avisar para os perigos da religião muçulmana. (...)

Alemanha divide-se entre manifestações contra e a favor do islão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150429092107/http://www.publico.pt/1682002
SUMÁRIO: Líderes do Pegida dizem que acontecimentos em França mostram que têm razão ao avisar para os perigos da religião muçulmana.
TEXTO: Apesar de apelos de vários políticos alemães, milhares de alemães manifestaram-se em Dresden assciados ao movimento Pegida, que tem organizado marchas anti-islão às segundas-feiras. O movimento Pegida continua a crescer em Dresden, cidade da ex-RDA, mas noutras cidades alemãs contra-manifestações têm sido esmagadoras, impedindo as marchas rivais. Depois dos ataques contra o jornal satírico francês Charlie Hebdo que mataram 12 pessoas, o movimento alemão Pegida (acrónimo de Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente) não demorou a reagir. “Os islamistas, contra os quais o Pegida tem vindo a avisar nas últimas 12 semanas, mostraram à França que não são capazes de democracia mas sim de olhar para a violência e morte como resposta”, escreveram os organizadores do movimento, que nasceu em Outubro em Dresden com uma marcha de 500 pessoas. “Os nossos políticos querem que acreditemos no contrário. Terá de acontecer uma tragédia destas na Alemanha?”Após os acontecimentos de França – a chanceler alemã, Angela Merkel, esteve na marcha de domingo em Paris –, vários líderes políticos alemães apelaram ao Pegida para não realizar a sua marcha desta segunda-feira, que na última edição tinha tido 18 mil participantes. Mas os organizadores seguiram com o evento, apelando a uma maior participação. Não havia números oficiais, mas no final da marcha, o organizador Lutz Bachmann reivindicava 40 mil pessoas no protesto. Além dos cartazes “Je Suis Chalie” havia outros dizendo “Islão = carcinoma”. Enquanto isso, no mesmo dia a notícia era que perto, em Leipzig, outra cidade do mesmo estado-federado da Saxónia, a contra-manifestação tinha vastamente superado a manifestação: entre 20 a 35 mil contra o Pegida, cerca de 2500 pelo movimento anti-islão. Como noutras cidades, sucediam-se nas redes sociais os cidadãos dizendo “obrigado Leipzig”, congratulando-se por não haver ali marchas de um movimento que muitos associam à extrema-direita – apesar de os organizadores do Pegida proibirem símbolos neonazis, tem havido relatos de alguns integrantes desses grupos nas marchas e há mesmo suspeitas de que, depois de uma delas, alguns desses indivíduos agrediram imigrantes. Merkel participa em marcha de associações muçulmanas A chanceler, Angela Merkel, tem feito várias declarações contra o movimento Pegida, dizendo que os seus promotores têm “ódio nos seus corações”. Merkel confirmou, tal como o Presidente, Joachim Gauck, que participará nesta terça-feira, na capital, numa marcha organizada pelo Conselho Central de Muçulmanos e pela Associação da Comunidade Turca de Berlim. A manifestação tem como palavras de ordem “Por uma Alemanha aberta e tolerante”, “pela liberdade religiosa e de opinião”, e ainda “terror não em nosso nome”. “O islão faz parte da Alemanha”, disse ainda a chanceler, repetindo uma formulação usada pelo antigo Presidente Christian Wulff. Na Alemanha, país com 80 milhões de habitantes, há cerca de quatro milhões de muçulmanos, a maioria de origem turca. Ainda antes dos ataques de França, 57% dos alemães ouvidos num inquérito disseram sentir-se ameaçados pelo islão. Se apesar disso na Alemanha os apelos à tolerância têm sido maiores em todas as cidades, excepto Dresden, já começam a aparecer spin-offs do Pegida na Áustria, Escandinávia e na Suíça.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte violência comunidade
A um mês das legislativas, UKIP acolhe mais um conservador descontente
Ex-candidato tory passa para o UKIP em plena campanha eleitoral. Sondagens continuam a prever cenário de coligação pós-eleitoral. (...)

A um mês das legislativas, UKIP acolhe mais um conservador descontente
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ex-candidato tory passa para o UKIP em plena campanha eleitoral. Sondagens continuam a prever cenário de coligação pós-eleitoral.
TEXTO: Um ex-candidato a deputado pelo Partido Conservador juntou-se ao Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, na sigla inglesa), a cerca de um mês das eleições gerais britânicas. O líder do partido eurocéptico e anti-imigração, Nigel Farage, descreveu a decisão como “mais um golpe de martelo” nas aspirações dos tories no Norte de Inglaterra. A notícia abriu a segunda semana de campanha eleitoral, logo pela manhã, e depressa os dois partidos tentaram enquadrar o abalo. O UKIP fala em “deserção” do candidato pelo círculo de Hull West e Hessle, no Nordeste, que teve origem em desentendimentos com a direcção do Partido Conservador. Os tories apressaram-se a prestar esclarecimentos, a fim de evitar que o caso fosse apresentado como mais uma deserção – seria a terceira de um conservador para o UKIP em menos de um ano. “O senhor envolvido não era um candidato conservador”, afirmou na BBC o secretário do partido para a Cultura, Sajid Javid. “Ele estava nas listas até à última semana, mas foi afastado, portanto não se trata de uma deserção”, acrescentou. No entanto, até à noite de domingo o nome de Mike Whitehead continuava a figurar como candidato ao círculo de Hull West e Hessle no site do partido, segundo o Guardian. Whitehead admitiu que o seu nome tinha sido retirado das listas de candidatos dos conservadores depois de se ter recusado a apoiar o nome proposto pela direcção do partido para o lugar de conselheiro local – o cargo que era de Whitehead até agora. Mas considerou o seu afastamento como um “ataque preventivo”. “Disse-lhes que sairia se eles me impedissem. Eu ia apresentar-me às duas eleições [gerais e locais]”, disse Whitehead ao Guardian. Depois de saber que tinha sido demitido, na quarta-feira, o então ex-conservador tinha a intenção de concorrer como independente, mas reuniu com o UKIP “para saber quais as suas visões sobre a democracia local”. “Fiquei muito impressionado com o que me disseram. ”A saída de Whitehead foi, portanto, motivada mais por rivalidades pessoais do que por profundas divergências ideológicas e não está ao nível de outras “deserções” célebres entre os dois partidos. Em Agosto, o deputado Douglas Carswell abandonou os tories para se juntar ao UKIP e deu o primeiro lugar em Westminster ao partido de Farage, vencendo as eleições antecipadas no círculo de Clacton – convocadas precisamente por causa da saída de Carswell. O mesmo aconteceu com Mark Reckless, que em Novembro ocupou o segundo lugar do UKIP na Câmara dos Comuns. Não é previsível que Whitehead dê mais um lugar à bancada do partido anti-imigração. O lugar é detido pelo ex-ministro trabalhista, Alan Johnson, desde 1997 e as sondagens apontam para uma recondução. Não é a primeira, nem sequer a segunda vez que acontece, mas a saída de um conservador para as fileiras do UKIP em plena campanha eleitoral é uma dor de cabeça que o primeiro-ministro, David Cameron, não precisava. A sangria de eleitores – e políticos – entre os tories e o UKIP é uma das principais causas apontadas para a baixa votação do partido no poder antecipada pela maioria das sondagens. A oposição quis sublinhar precisamente esse aspecto, com o “ministro sombra” trabalhista, Jon Trickett, a dizer que “o UKIP e os tories partilham cada vez mais as mesmas pessoas e as mesmas políticas”. Conservadores e trabalhistas aparecem praticamente empatados, mas nenhum dos partidos estará em condições de formar um Governo com uma maioria estável no Parlamento, sem recorrer a uma coligação. O cenário para o partido de Cameron complica-se ainda mais pela queda acentuada dos liberais-democratas, que impossibilita a reedição da actual coligação governamental. Um Governo trabalhista seria apenas possível – caso as eleições de 7 de Maio confirmem a tendência actual – num cenário de coligação com o Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla inglesa), que poderá conseguir 40 dos 59 lugares reservados aos deputados escoceses.
REFERÊNCIAS:
Étnia Escoceses
Em campanha, David Cameron anda à procura de fotos fofinhas
Pela primeira-vez em quatro anos,o primeiro-ministro britânico é avaliado positivamente pelas sondagens. Por isso aproveitou e foi dar biberão a um borreguinho. (...)

Em campanha, David Cameron anda à procura de fotos fofinhas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pela primeira-vez em quatro anos,o primeiro-ministro britânico é avaliado positivamente pelas sondagens. Por isso aproveitou e foi dar biberão a um borreguinho.
TEXTO: Nem no domingo de Páscoa a pré-campanha para as eleições legislativas de Maio no Reino Unido parou. O primeiro-ministro David Cameron foi o mais ousado: no dia em que os seus compatriotas se deliciam com pratos de borrego, ele foi a uma quinta alimentar um borreguinho órfão a biberão…A “oportunidade de foto” foi bem aproveitada, o primeiro-ministro conservador até teve direito a uma lambidela de nariz do borreguinho, que encontrou numa quinta de Witney, em Oxfordshire, por onde é eleito para o Parlamento. Depois de demonstrar o seu “lado sensível”, falou em directo para a televisão Sky News, sobre cortes de impostos. Esta muito clara tentativa de “adoçar” a imagem de David Cameron procura aproveitar o efeito que uma sondagem publicada neste domingo revela: pela primeira vez em quase quatro anos de governo, os britânicos estão a ter uma ideia positiva do seu primeiro-ministro antes de umas eleições. Mas o mesmo não acontece em relação ao seu partido, o que aumenta a imprevisibilidade dos resultados nas legislativas de 7 de Maio. A sondagem YouGov, publicada no jornal Sunday Times, foi realizada depois do grande debate entre os líderes partidários na televisão de quinta-feira. Para 47% das pessoas que responderam, Cameron estava a fazer um bom trabalho como primeiro-ministro, embora 46%, quase um valor idêntico, tivesse a opinião contrária. Apesar de tudo, esta foi a sua primeira avaliação positiva desde Maio de 2011, diz a Reuters. Quanto a Ed Miliband, o líder dos trabalhistas, a sondagem YouGov revela que 33% dos cidadãos acham que ele está a cumprir bem as suas funções de líder da oposição – no mês passado, eram 30%. Mas 59% dos seus compatriotas ainda lhe dão nota negativa. No entanto, o debate não teve um vencedor claro – foi o que disseram os analistas e os inquéritos feitos logo a seguir, e o publicado neste domingo pelo Times confirma-o. Trabalhistas e conservadores estão empatados nas preferências dos eleitores britânicos, cada um com cerca de 33%. O UKIP, um partido nacionalista e anti-imigração, tem 17% - mas o seu carismático líder, Nigel Farage, saiu-se mal no debate, e é o político que consegue suscitar mais reacções de rejeição (27%), segundo uma outra sondagem, desta feita Opinium/The Observer. O Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) é que se está a apresentar cada vez mais como o fiel da balança. Não só deverá conquistar muitos lugares de deputado aos trabalhistas na Escócia – pode conseguir 40 dos 59 assentos do Parlamento de Londres que são reservados para eleitos escoceses – como a sondagem YouGov deu a sua líder, Nicola Sturgeon, como a melhor dos sete líderes no debate televisivo, adianta a Reuters. Surgiram boatos de que Sturgeon terá dito que preferia que Cameron continuasse como primeiro-ministro – ela escreveu neste domingo um artigo de opinião no semanário Observer a negá-lo – e apelou a Miliband para que faça uma aliança pós-eleitoral com o seu partido. Mas o líder trabalhista não se tem mostrado aberto a isto, porque o SNP liderou a campanha para o referendo sobre a independência da Escócia.
REFERÊNCIAS:
Étnia Escoceses
Economia é a nova arena da campanha eleitoral britânica
Uma centena de empresários juntou-se para criticar programa económico trabalhista e elogiar Governo conservador. (...)

Economia é a nova arena da campanha eleitoral britânica
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.068
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma centena de empresários juntou-se para criticar programa económico trabalhista e elogiar Governo conservador.
TEXTO: Mais de cem empresários britânicos assinaram uma carta conjunta publicada no jornal Daily Telegraph em que criticam o programa económico do Partido Trabalhista e elogiam o trabalho do Governo conservador em funções. O apoio da elite económica e financeira aos tories não é propriamente uma novidade, mas a forma como foi demonstrado – uma carta publicada em toda a primeira página de um jornal próximo da direita, apenas dois dias depois do início da campanha – evidencia a dureza que irá dominar a vida política britânica até às eleições de 7 de Maio. Nunca o desfecho de umas eleições no Reino Unido foi tão incerto – nenhum dos principais partidos deverá conseguir uma maioria parlamentar e as sondagens apontam para um cenário de coligações pouco comum no sistema político britânico. Na carta, assinada por 103 dirigentes de grupos como a BP, a Bloomberg ou a Primark, os empresários elogiam o executivo de coligação liderado por David Cameron, que consideram “ter sido bom para os negócios e ter seguido políticas que apoiaram o investimento e a criação de emprego”. “Achamos que uma mudança de rumo irá ameaçar o emprego e obstruir o investimento”, concluem. O ministro do Tesouro, George Osborne, sublinhou que a mensagem dos empresários “não podia ser mais clara” e definiu a carta como uma intervenção “sem precedentes em qualquer das eleições gerais recentes”. Porém, em 2010 um grupo de personalidades do mundo empresarial publicou uma carta no mesmo jornal a apoiar os tories que se oponham à promessa trabalhista de aumentar as contribuições para a segurança social, lembra a BBC. Para o Partido Trabalhista, a carta “não é nada de novo”. “Ninguém irá ficar surpreendido por alguns empresários estarem a defender impostos baixos para as grandes empresas”, disse o "ministro-sombra” da Economia, Chuka Umunna, que acusou os tories de terem “encomendado” a publicação da carta. A campanha parece jogar-se no campo económico, contrariando as expectativas de alguns analistas que apontavam para a imigração (por via do sucesso do Partido da Independência do Reino Unido, UKIP na sigla inglesa) e a continuidade do Reino Unido na União Europeia, fruto da promessa de um referendo em 2017 feita por Cameron, como os dois grandes assuntos que iriam dominar as eleições. A carta dos empresários, que a assinaram a título pessoal, aparece dois dias depois da apresentação do programa económico dos trabalhistas, que se comprometem a reverter a promessa dos conservadores de reduzir em 1% o imposto sobre as empresas. As últimas estatísticas mostram uma economia britânica em pleno processo de recuperação, dando a Cameron e a Osborne motivos para sorrir. A economia cresceu cerca de 2, 8% em 2014, acima dos 2, 6% esperados, revelou o Gabinete Nacional de Estatísticas, fazendo do Reino Unido a economia com o crescimento mais acelerado entre os países mais industrializados. “Esperava-se que a Grã-Bretanha crescesse mais rapidamente do que os outros países do G7 [grupo das sete maiores economias do mundo]; agora, parece que a Grã-Bretanha vai a acelerar na frente”, escreve a Economist. A resposta dos trabalhistas tem sido apostar no eurocepticismo crescente dos conservadores – que vêem sectores do seu eleitorado, e até do partido, cada vez mais atraídos pelo programa do UKIP. Na segunda-feira, o partido publicou um anúncio de página inteira no Financial Times no qual apresentava citações de empresários acerca da importância da União Europeia para os seus negócios. As personalidades citadas tentaram afastar-se do anúncio dos trabalhistas e alguns criticaram a utilização de palavras suas para fins políticos. A estratégia passa agora pela aproximação às classes trabalhadoras, também elas cada vez mais seduzidas pelo populismo do UKIP e, na Escócia, pelas posições do Partido Nacional Escocês. Nesta quarta-feira, numa visita a uma fábrica em Huddersfield (Norte), Ed Miliband prometeu que uma das suas primeiras medidas será a obrigação de que os trabalhadores com contratos de “zero horas” – semelhantes aos recibos verdes – tenham direito a um contrato de trabalho ao fim de 12 semanas. Mais tarde, o Labour deu continuidade à troca de correio entre os dois partidos – uma carta assinada por cem pessoas, entre "arrumadores de prateleiras, bombeiros e trabalhadores agrícolas reformados", publicada no Daily Mirror, como revelou o editor Jason Beattie. Mas o contra-ataque trabalhista passa também pela acusação de que a recuperação económica defendida pelos conservadores só foi sentida "pela City [designação dada ao centro financeiro] londrina" e de que Cameron está desfasado das preocupações dos britânicos comuns. Talvez para tentar combater esta percepção, o primeiro-ministro aceitou conceder uma entrevista à revista de entretenimento Heat, num tom bastante mais leve do que o habitual. Durante a conversa, Cameron acabou por protagonizar um dos momentos mais bizarros da campanha, quando afirmou ser "primo em 13. º grau" da celebridade Kim Kardashian.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração campo ataque social