Condutor que matou cinco peregrinos constituído arguido
Automóvel despistou-se de madrugada em Cernache, Coimbra,, atingindo mortalmente dois escoteiros adolescentes e três adultos (...)

Condutor que matou cinco peregrinos constituído arguido
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Automóvel despistou-se de madrugada em Cernache, Coimbra,, atingindo mortalmente dois escoteiros adolescentes e três adultos
TEXTO: O condutor do automóvel que este sábado de madrugada se despistou e atropelou nove peregrinos no IC2, em Cernache, Coimbra, provocando a morte de cinco deles, foi constituído arguido e vai ser ouvido em tribunal na segunda-feira. De acordo com o comandante do Destacamento de Trânsito da GNR de Coimbra, capitão Sandro Oliveira, o homem, com cerca de 25 anos, “foi constituído arguido, prestou termo de identidade e residência e foi notificado para comparecer em tribunal” para ser ouvido por um juiz e determinação de eventuais medidas de coacção. As vítimas, dois adolescentes e três adultos, integravam um grupo de 80 peregrinos, da zona de Mortágua, quando pelas 4h da manhã "nove foram colhidas, quatro faleceram no local e uma morreu a caminho do hospital", contou fonte dos bombeiros. Contactado pela TSF, o capitão Oliveira, da GNR, acrescentou que além dos cinco mortos, há cinco feridos, três em estado grave e que foram transportados para os Hospitais de Coimbra. O militar confirmou ainda que o alerta para o atropelamento foi dado às 4h da manhã deste sábado. A viatura "entrou em despiste, atravessou a estrada para o lado contrário e o grupo foi colhido", explica, acrescentando que os peregrinos seguiam no sentido Coimbra/Condeixa, o mesmo que o automóvel, que os apanhou por trás. De acordo com a GNR, as cinco vítimas mortais têm entre os 17 e os 53 anos. O padre António Correia Alves, da paróquia de Mortágua, contou ao PÚBLICO que entre elas estão dois rapazes, de 16 e 17 anos, que pertenciam a um grupo de escuteiros da mesma localidade cuja missão era ajudar os peregrinos. Tinham-se todos levantado uma hora antes, para aproveitarem o fresco da madrugada para a caminhada, e estavam a começar o segundo dia de peregrinação quando tudo aconteceu. O comandante dos bombeiros de Condeixa, Fernando Gonçalves, explicou ao PÚBLICO que, apesar de o acidente se ter dado num ponto considerado negro pela Estradas de Portugal não terá sido isso a provocar o despiste, uma vez que a sinistralidade costuma ter lugar no sentido ascendente, Condeixa-Coimbra, e neste caso deu-se no sentido descendente. "Pelo facto de se tratar de um ponto negro, a Estradas de Portugal suprimiu uma das faixas, para criar mais condições de circulação para os peregrinos", acrescenta. Foi precisamente nesta "caixa de segurança" devidamente assinalada, como lhe chama o comandante, que as vítimas foram apanhadas, entre duas curvas, por um Audi antigo, conduzido por um imigrante de Leste residente na zona. O automobilista, que entrou em contramão antes de atropelar o grupo, apenas sofreu ferimentos ligeiros - “uma luxação num dedo de uma mão e pequenas escoriações”, segundo informações prestadas pela GNR. Feridos estáveisCerca das 11h permaneciam quatro doentes nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e um no Hospital Pediátrico (HP), acrescentou. Este último é um jovem de 16 anos, que “está clinicamente estável e vai permanecer em observação nas próximas horas“, revelou fonte dos hospitaois à Lusa. Entre os doentes encontra-se “uma mulher de 23 anos com fracturas dos membros inferiores e de um membro superior está neste momento [10h52] a ser operada no bloco operatório”; um homem de 71 anos e um de 64 anos que “são politraumatizados e estão clinicamente estáveis”; e "um outro homem de 24 anos que está clinicamente estável e prevê-se que tenha alta" ainda este sábado. Na missa das 11h deste sábado, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, lembrou as vítimas mortais e os feridos deste acidente, e pediu orações pelos seus familiares. “Na eucaristia deste dia vamos ter particularmente presentes as cinco vítimas mortais do acidente desta madrugada em Cernache, pedir pelos quatro feridos graves que se encontram no hospital”, rezou Carlos Cabecinhas que pediu também aos fiéis para rezar pelos familiares das vítimas que “vivem um momento de dor e se interrogam sobre o porquê de um momento assim”. Três dias de luto em MortáguaA Câmara de Mortágua, no concelho de Viseu, decretou três dias de luto pelos peregrinos que pertenciam àquele município. Também várias associações cancelaram actividades que tinham previstas para estes dias. "Isto é o momento mais negro que um autarca com mais de 20 anos [de funções] pode ter na vida. É uma tragédia que se abateu sobre um grupo de amigos, todos se conhecem", afirmou José Júlio Norte à Lusa.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Como é que os europeus se estão a preparar para o "Brexit"?
A Comissão Europeia apresentou esta quinta-feira um documento com cenários de preparação para o "Brexit". Aqui ficam alguns extractos. (...)

Como é que os europeus se estão a preparar para o "Brexit"?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Comissão Europeia apresentou esta quinta-feira um documento com cenários de preparação para o "Brexit". Aqui ficam alguns extractos.
TEXTO: Onde é que os europeus sentirão de forma mais imediata o impacto do “Brexit”?A partir de Abril de 2019 quem viajar de avião, comboio ou ferryboat para o Reino Unido, ou tentar atravessar o Eurotúnel de automóvel, será confrontado com longas filas devido ao restabelecimento das fronteiras, e o correspondente controlo das autoridades alfandegárias e serviços de imigração, e da entrada em vigor de novas regras de acesso e segurança do transporte aéreo, marítimo ou rodoviário e outros procedimentos de transferência de dados pessoais. Isso quer dizer que os cidadãos europeus que viajarem para o Reino Unido depois do “Brexit” vão precisar de visto?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Essa é uma pergunta ainda sem resposta: tudo dependerá do tipo de acordo de saída que for fechado entre o Reino Unido e a UE. Mas essa possibilidade existe: quando a Grã-Bretanha se tornar um país terceiro, terá de decidir se a entrada no seu território obrigará a uma pré-autorização ou se adopta um programa de isenção de vistos. Normalmente, essas decisões são recíprocas, ou seja, a UE também pode obrigar os cidadãos britânicos a pedir visto antes de viajar para qualquer um dos seus 27 países. E as empresas que exportam para o Reino Unido precisarão de novas licenças, certidões e autorizações para não perder o acesso ao mercado britânico?Sim, e se houver um hard Brexit terão muito pouco tempo para tratar de todas as formalidades burocráticas: licenças de exportação, declarações alfandegárias, certificados fitossanitários, etc. As dificuldades serão maiores para as pequenas e médias empresas, estima a Comissão. As exigências serão diferentes conforme o lugar e responsabilidade de cada agente económico na cadeia de valor (produtor, importador, distribuidor). Muitos profissionais liberais podem também ter de obter reconhecimento das suas habilitações, e de lidar com um novo regime de reconhecimento de direitos de propriedade intelectual.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Cenas da luta de classes em Caracas
A relação entre um homem mais velho e um garoto da rua. As relações de poder entre classes a partir da perspectiva de uma relação de poder sexual. Funde-se tudo, o amor e o comércio, numa pouco ortodoxa paternidade. À Distância, de Lorenzo Vigas, com quem aqui conversamos, é uma das obras mais singulares a chegar aos ecrãs portugueses. (...)

Cenas da luta de classes em Caracas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: A relação entre um homem mais velho e um garoto da rua. As relações de poder entre classes a partir da perspectiva de uma relação de poder sexual. Funde-se tudo, o amor e o comércio, numa pouco ortodoxa paternidade. À Distância, de Lorenzo Vigas, com quem aqui conversamos, é uma das obras mais singulares a chegar aos ecrãs portugueses.
TEXTO: Três anos depois de ter ganho o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2015, chega às salas portuguesas À Distância, primeira longa-metragem do venezuelano Lorenzo Vigas (n. 1967). Não é um cinema muito divulgado, o venezuelano, nem temos, por isso, muitas imagens da Venezuela para contrapor às que chegam da televisão e dos telejornais. É uma das razões do interesse de À Distância, oferece-nos um outro olhar sobre o quotidiano de Caracas, sobre as suas ruas, sobre a sua arquitectura, sobre o modo com as pessoas vivem e se relacionam – e Vigas, que filma muito bem (o ecrã largo, cheio de “campo” mesmo quando é para “cortar” o horizonte, os planos fixos), capta com notável intensidade uma respiração quotidiana que parece bastante credível, seja nos ambientes da classe média seja nos bairros pobres e marginalizados. Realização: Lorenzo Vigas Actor(es): Alfredo Castro, Luis Silva, Jericó MontillaNo centro do filme, uma relação entre um homem mais velho, Armando (Alfredo Castro, o bem conhecido actor chileno revelado no Tony Manero de Pablo Larraín) e um garoto da rua, Élder (Luis Silva), violento e turbulento, de allure com o seu quê de fassbinderiano ou pasoliniano – provavelmente os últimos cineastas europeus a filmarem consistentemente as relações de poder entre classes a partir da perspectiva de uma relação de poder sexual. Funde-se tudo, o amor e o comércio (é também uma relação “comercial”), uma espécie de pouco ortodoxa paternidade (a que se acrescenta a figura, fisicamente ausente mas sempre presente no espírito da personagem, do pai de Armando), e uma ferocidade psicológica entre a dependência e manipulação: quem depende de quem, quem manipula quem, quem tem, afinal, o poder – respostas que o filme sugere mas apenas revela praticamente na última sequência. Em fundo, não podemos esquecer mesmo que o filme não faça alusão directa a esse contexto, um país e uma sociedade que desde há anos parecem configurar uma situação de crise e conflituosidade permanentes. As personagens são lançadas contra esse fundo mas, no que é outro aspecto assinalável de À Distância, não há sobre ele um discurso de superfície, “legível”, feito de A + B. Em conversa com Lorenzo Vigas, ele explica-nos que o filme começou a nascer muito antes desse contexto, justamente. Tudo começou com a personagem de Armando. “Interessava-me uma personagem com este recorte: um homem solitário, a viver em isolamento, aparentemente indiferente ao ambiente circundante, incapaz de resolver as suas emoções”. Era, diz, uma “reflexão sobre a alienação contemporânea, esta solidão e falta de ligação em que cada vez mais vivemos”, exposta através de um “estudo de personagem”. Só depois veio a ideia de colocar esta personagem num diálogo com a tensão da sociedade venezuelana. Vigas era amigo de Guillermo Arriaga (o argumentista mexicano que durante anos colaborou regularmente com Iñarritu e que é creditado como co-argumentista de À Distância), contou-lhe a ideia, Arriaga apoiou-o, e o venezuelano passou três anos no México a desenvolver o guião, até voltar à Venezuela para filmar, em 2014, no ano seguinte à morte de Hugo Chávez, e portanto já no tempo de Nicolás Maduro. As coisas ainda estavam “contidas”, nessa altura. “Havia muita tensão no ar, evidentemente, mas essa tensão ainda não se tinha transposto para o dia a dia nas ruas”. Os primeiros tumultos e confrontos sérios “começaram exactamente uma semana depois de terminada a rodagem, foi quando houve as primeiras manifestações de estudantes”. Vigas concorda que o lado político do filme não está na sua epiderme, não vive de sinais exteriores, e nunca pretendeu “um comentário político directo”. Mas é obvio “que é um filme inteiramente político, lida com uma sociedade profundamente dividida, mostra as pessoas com dinheiro e as pessoas sem dinheiro, que são praticamente todos os jovens de famílias pobres – a única solução para eles é emigrar, não há empregos a sério, uma vida normal é impossível”. O tema do dinheiro, justamente, está por todo o lado em À Distância. O dinheiro com que Armando “compra” os miúdos na rua, o dinheiro com que eles são comprados. É como se fosse a grande fractura social: uma classe compra, a outra é comprada. “Quando Chávez chegou ao poder”, diz, “houve entusiasmo: ele tinha um discurso de coesão, de aproximação, de integração, e isso foi emotivo e esperançoso”. Mas a decepção veio quando “toda essa conversa, na prática, se revelou o contrário: toda aquela retórica caminhou mais e mais no sentido do afastamento entre classes e, pior ainda, na inoculação de um ódio entre as classes”. Isto era o que já se respirava quando o realizador filmou, o filme acaba por o representar, mesmo que isso não fosse a ideia essencial de Vigas – “mas quando somos honestos connosco, com o país em que vivemos, é impossível não deixar incluir uma afirmação de carácter político”. Há também essa personagem misteriosa que é o pai de Armando, aparentemente um homem de posses ainda maiores de que ele próprio, com quem ele se recusa a contactar mas observa à distância, numa espécie de obsessão furtiva. É a chave, diz Lorenzo Vigas, para o comportamento de Armando: a partir desses pormenores e da relação com o miúdo, “podemos imaginar o relacionamento dele com o pai e o carácter emocionalmente mal resolvido desse relacionamento”. Não é “metáfora social”, não pretende dizer que a Venezuela tem uma fixação por resolver com o seu passado histórico, mas Vigas diz esperar que o país possa pacificar-se e aprender com esse passado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A escolha de Alfredo Castro não surpreende, é um intérprete perfeito dum olhar vazio, dum semblante que é como uma parede a barrar o acesso à psicologia. Mas o miúdo, Luis Silva, é uma descoberta. “Tive muita sorte, porque é um actor natural”, conta Vigas, “e aliás hoje vive nos EUA, acabou por ficar lá numa das vezes que fomos apresentar o filme a festivais”. Era mesmo um miúdo da rua, de uma família “muito pobre e muito violenta, ligado a gangs – aliás, entretanto, desde que o filme foi feito, os primos dele foram todos assassinados, o que é uma boa razão para continuar a viver nos EUA”. Aquela violência interior, que às vezes explode de forma muito perturbante, é “encenação” ou já estava nele, foi questão de a “dirigir”? “Sim e não”, responde Vigas, “não creio que seja naturalmente violento, mas a questão é que hoje qualquer pessoa que viva em Caracas tem que incorporar a violência, ela está por todo o lado: ir comprar pão pode implicar ficar três dias à espera à porta da padaria e andar à bulha para conservar o lugar na fila”. Esta violência no “ar”, mais do que apenas em “acto”, é que se vê, “à distância”, no filme de Lorenzo Vigas, por certo uma das obras mais singulares a chegar aos ecrãs portugueses em 2018.
REFERÊNCIAS:
O regresso dos extremos na Europa?
A direita e a esquerda democráticas fariam bem em parar para reflectir. (...)

O regresso dos extremos na Europa?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A direita e a esquerda democráticas fariam bem em parar para reflectir.
TEXTO: Enquanto o discurso da esquerda continua a investir contra a “direita neoliberal”, uma velha direita autoritária, antiliberal e xenófoba reemerge paulatinamente em vários países europeus. No próximo domingo, nas eleições locais em França, a Frente Nacional de Marine Le Pen pode inclusivamente sair vencedora, com cerca de 30% de intenções de voto. Daí às eleições presidenciais pode faltar apenas um passo. Mas a França não é caso único. Na Grécia, em Itália, na Áustria, Hungria, Holanda e até, em grau menor, na Alemanha, crescem partidos que fazem ressuscitar o discurso antiliberal da velha direita europeia dos anos 1930 — quando a democracia “fechou para obras” no continente europeu. Este fenómeno é intrigante a vários títulos. Antes de mais, porque coincide com a radicalização do discurso da esquerda contra o chamado “neoliberalismo da direita”. Ora a direita de Marine Le Pen e associados é em primeiro lugar contra a liberdade — seja esta de esquerda ou de direita, seja esta neoliberal, ou socialista, ou social-democrata, ou conservadora, ou democrata-cristã. Essa velha direita, chamemos-lhe assim, discursa contra os mercados, a concorrência, o comércio livre. Reclama a intervenção do Estado na economia, a protecção dos produtos nacionais contra a concorrência externa… e até a garantia de reforma aos 60 anos. Depois, vem o discurso contra os imigrantes, que começa por ser contra o islamismo mas acaba invariavelmente no ataque aos “judeus-capitalistas”. Uma outra dimensão muito instrutiva é o elogio da Rússia de Putin. O partido de Le Pen recebeu mesmo um empréstimo de 9 milhões de euros de um banco russo com alegadas ligações a Putin. E as referências elogiosas a Putin são frequentes. Tal como a extrema-esquerda do Syriza, também a extrema-direita de Le Pen e associados — na Hungria, por exemplo — partilha de grande admiração pública pelo estatismo autoritário de Putin. Perante estes sinais muito preocupantes, a direita e a esquerda democráticas fariam bem em parar para reflectir. E, em vez de se atacarem mutuamente por dá-cá-aquela-palha, fariam melhor em recordar o seu compromisso comum com a liberdade e a democracia. E poderiam talvez iniciar uma reflexão comum sobre as origens do crescimento dos extremos na Europa — da extrema-direita em França, ou da extrema-esquerda na Grécia e em Espanha, por exemplo. Em meu entender, uma dessas origens é cultural, a outra económica — mas ambas emergem de excesso de rigidez uniformizadora. No plano cultural, um excessivo consenso politicamente correcto insiste na equivalência entre todas as tradições culturais, políticas, religiosas, estéticas ou outras. É o novo dogma do multiculturalismo. Bem interpretado, o multiculturalismo deveria apenas querer dizer diálogo crítico e livre entre diferentes culturas e convicções. Mas a interpretação autoritária dominante quer dizer o contrário: silenciamento do diálogo crítico, em nome da absoluta igualdade e equivalência das chamadas “identidades particulares” — sobretudo se elas “pertencem” a culturas que o politicamente correcto descreve como tendo sido “oprimidas”, ou colonizadas, ou “exploradas” pelo Ocidente. Se estes dogmas politicamente correctos forem espalhados em doses maciças por um sistema de ensino estatal centralizado que não permite às famílias a escolha das escolas e dos projectos educativos; se esses mesmos dogmas forem reproduzidos uniformemente por um sistema universitário e de investigação também eles profundamente estatizados e centralizados; se, ao mesmo tempo, crescer significativamente a presença de imigrantes com fortes identidades culturais não europeias; se tudo isto acontecer simultaneamente, como está a acontecer, estão criadas as condições para uma revolta das comunidades nativas — sobretudo em zonas mais desfavorecidas em que a presença de comunidades imigrantes é mais patente. Nestas condições, os partidos extremistas, sobretudo de direita, terão o terreno fértil para crescer, apresentando-se como os únicos defensores das raízes europeias das populações nativas. Este será, tem sido, o resultado da rigidez politicamente correcta que dificulta a respiração livre e pacífica das várias tradições. A outra rigidez, receio ter de dizer, resulta do desenho uniformizador do projecto da moeda única europeia, o euro. Em vez de ter sido apresentado como uma entre várias opções no seio da União Europeia, o euro foi apresentado como moeda única (quando podia ter sido apenas uma moeda comum, em pacífica concorrência com as moedas nacionais). Todos os países da UE teriam por fim de aderir ao euro. E este, como era natural, requeria políticas orçamentais comuns, centralmente confirmadas. A saída ordeira do euro não foi prevista nos tratados.
REFERÊNCIAS:
Religiões Islamismo
A progressão nas carreiras “está por resolver”
Quando se iniciam as negociações do OE2019, o líder parlamentar do PCP garante que os comunistas vão agir como sempre, um “trabalho de exame comum com o Governo” e apresentar propostas de aumento de pensões, de salário mínimo e de investimento na saúde e na educação. Quanto ao voto, avisa: “Decidirmos livremente, não cedendo a pressões nem a chantagens.” (...)

A progressão nas carreiras “está por resolver”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando se iniciam as negociações do OE2019, o líder parlamentar do PCP garante que os comunistas vão agir como sempre, um “trabalho de exame comum com o Governo” e apresentar propostas de aumento de pensões, de salário mínimo e de investimento na saúde e na educação. Quanto ao voto, avisa: “Decidirmos livremente, não cedendo a pressões nem a chantagens.”
TEXTO: A contagem de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira dos professores é um tema central para o PCP, bem como de outros trabalhadores e carreiras especiais no sector público, afirma o líder parlamentar João Oliveira, lembrando que no caso dos professores, o Executivo já disse que ia “refazer as contas”. Mas a necessidade de investimento público existe também no sector da saúde, em contratações, equipamentos e infra-estruturas. E garante que a legislação laboral não será “moeda de troca” no Orçamento. Quem seguiu o debate sobre o Estado da Nação ficou com a sensação de que o PCP vai aprovar o Orçamento do Estado para 2019, não há grande tensão. É verdade?A tensão com o Governo mantém-se na medida em que há problemas para resolver e eles não se resolvem. O Governo faz opções de colocar como prioridades aquelas que não são as do país. O Orçamento de 2019 é uma discussão em que continuamos a dizer aquilo que temos dito. Não há Orçamentos aprovados nem chumbados à partida, há um exame comum que é preciso fazer. E há uma posição e uma decisão que o PCP tomará com toda a liberdade, como de resto acontece sempre, em função da proposta que for apresentada pelo Governo. Admitem, no domínio das hipóteses, poder fazer cair o Governo, chumbando o Orçamento?O Governo, pelo menos, admite a possibilidade de se demitir se o Orçamento não for aprovado, foi isso que de resto foi dito. A nossa perspectiva é exactamente aquela que lhe estava a dizer e corresponde à postura que temos assumido. Temos a perspectiva de fazer o trabalho de exame comum com o Governo do Orçamento e em função da proposta que for apresentada decidirmos livremente, não cedendo a pressões nem a chantagens. O PCP não é pressionável nem chantageável. Acha que foram pressionados e chantageados pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República?Tem havido, aqui e ali, uma tentativa de colocar a discussão do Orçamento num plano mais abstracto do que propriamente preocupados com as questões concretas. De sobrevivência do Governo?Aquilo que é verdadeiramente decisivo em relação ao Orçamento do Estado é saber que resposta é que dá ao aumento das pensões, aos salários e às carreiras da administração pública. A abordagem que tem sido feita do Orçamento é uma bordagem mais abstracta para procurar encontrar no Orçamento um elemento político de desestabilização, como já tem acontecido nos últimos anos. A nossa perspectiva é fazer exactamente o trabalho que temos feito nos últimos anos. Exame comum do Orçamento e posicionamento perante a proposta que seja apresentada. Simultaneamente com as negociações finais do OE a legislação laboral vai estar em comissão, nomeadamente o acordo de concertação social. Os dois assuntos podem ser discutidos em conjunto?Não. São duas matérias completamente distintas, que têm até um quadro de discussão completamente distinto. Nós não misturamos uma coisa com a outra, nem faríamos agora aquilo que nunca aceitámos fazer, utilizar umas coisas como moeda de troca para as outras, aceitar uma má legislação laboral em torno do Orçamento assim ou assado. Nós, isso não fazemos. Travamos as batalhas, cada uma por si, com a convicção que temos em relação àquilo que é decisivo em relação a cada uma das batalhas. Na legislação laboral estamos a tratar de questões decisivas de defesa dos direitos dos trabalhadores que têm de ficar assegurados. E parece-nos que a proposta de lei do Governo não vai nesse sentido. No Orçamento do Estado, há um conjunto de matérias que não se cruzam com a legislação laboral e cuja importância nós não desvalorizamos. Há alguma coisa ainda pendente das negociações do OE2018 ou o Governo cumpriu tudo?Há um conjunto de matérias do OE2018 cuja concretização ainda está por fazer. As matérias que têm a ver, por exemplo, com a deficiência, com as questões relacionadas com as acessibilidades das pessoas com deficiência, um conjunto de outras questões que têm a ver com os trabalhadores da administração pública, nomeadamente a progressão nas carreiras que continua a ser uma matéria que está por resolver. E a lei do OE2018 deixou claro aquilo que é preciso fazer e aquilo que está decidido. Mas isso é para concretizar em 2019, não é?Não consigo perceber em que medida. O OE2018 fixou as regras do descongelamento da progressão nas carreiras e fixou também que em relação a carreiras que têm regras específicas - professores, militares, forças de serviços de segurança, outros profissionais da administração pública -, o Governo tem de negociar o modo e o prazo como faz o pagamento da valorização remuneratória. Sendo que ficou clara uma questão que tem sido levantada como estando em dúvida e, para o PCP, não há dúvida nenhuma. O OE2018 fixou o critério de que todo o tempo de serviço prestado tem de ser considerado para efeitos de progressão na carreira. Aquilo que o Governo tem de discutir é o modo e o prazo em que vai pagar a valorização remuneratória que resulta dessa progressão na carreira. Isso entra directamente na questão dos professores, que está em negociações, essa questão para o PCP é central?Naturalmente, que ela tem uma importância grande, mas não é uma questão de carência de decisão, as decisões que havia a tomar estão tomadas pela Assembleia da República na lei do Orçamento do Estado para 2018. O que é preciso é que o Governo cumpra. Aliás, seria muito mau dar-se a ideia que é preciso outra decisão qualquer para que este problema se possa resolver, estas decisões estão tomadas. O primeiro-ministro tem alegado que não há dinheiro, nomeadamente para os professores. Bem aquilo que resulta da última reunião com a plataforma de sindicatos aponta no sentido de o Governo ir refazer as contas que inicialmente tinha apresentado. Mas, independentemente disso, há um compromisso que resulta da lei do Orçamento do Estado, não sabemos como o Governo não ia agora cumprir depois do Orçamento ter sido aprovado. Há uma opção de fundo que tem que ser feita, mas em relação a todo o Orçamento. Qual é?É saber se é prioritário resolver os problemas do país ou satisfazer Bruxelas em relação às metas do Orçamento. E é saber se, num conjunto de outras opções que podem ser feitas, se as opções são feitas a favor do país ou a favor de outros interesses. Temos o exemplo da tributação das grandes empresas. O Governo está comprometido a um défice de 0, 7%. Bem, é uma opção que o Governo tem que fazer que é de saber se a meta do défice que é imposta por Bruxelas vale mais do que os portugueses e as necessidades dos portugueses. Na nossa perspectiva, aquilo que é prioritário é o país, é a resposta aos problemas do país, é a resolução dos problemas estruturais que o país continua a enfrentar. E é em função desse objectivo, dessa prioridade e desse compromisso que temos com os trabalhadores e com o povo, que temos a nossa intervenção. Vão voltar a apresentar propostas sobre tributação de grandes empresas?Essa continua a ser uma das questões decisivas do nosso país, particularmente quando se fala de não haver dinheiro. Ainda há pouco tempo o primeiro-ministro dava aquele exemplo de que para haver investimento no IP3 não pode haver valorização das carreiras da administração pública. Não nos parece que isso seja um bom critério, porque isso coloca os direitos das populações em confronto com os direitos dos trabalhadores, portanto, isso é retomar a lógica que o anterior Governo utilizou de virar uns contra os outros para depois acabar tudo cortado. O que nos parece é que se deve ir buscar dinheiro onde ele existe e, sobretudo, fazer pagar impostos a quem não os paga ou a quem foge a eles. O facto de as vinte maiores empresas do país, que são as empresas do PSI20, nenhum delas pagar impostos em Portugal, porque tem sede todas na Holanda ou noutros sítios. Mas o Governo não pode obrigar as empresas a trazerem para cá as sedes. Mas porquê? Se os outros países fazem isso, por que é que nós não fazemos? Há outros países que têm na sua legislação fiscal um princípio, que o PCP tem andado a insistir para que seja aplicado também em Portugal, de que o sítio onde é criada a riqueza, onde essas empresas desenvolvem a sua actividade, é o sítio onde têm de pagar os seus impostos. Se o Pingo Doce, se o Continente, se outras grandes empresas fazem a sua actividade em Portugal por que é que vão pagar impostos à Holanda? Por que é que é a Holanda que beneficia desses impostos?Na sequência do Comité Central também, o secretário-geral do PCP falou na defesa de uma política diferente para a Saúde. Toda a gente fala da falta de investimento no SNS. Para o PCP esse investimento é só em salários?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não. É investimento que tem de passar pelos equipamentos que faltam, nos edifícios e estruturas hospitalares e nos centros de saúde, no alargamento da rede dos cuidados de saúde, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, em particular nos continuados. E é necessariamente um investimento que tem de ser feito nos profissionais de saúde, não apenas nos salários, mas nas contratações, na valorização das condições de trabalho. O SNS tem hoje problemas de duas naturezas distintas. Por um lado, problemas reais que têm a ver com a falta de profissionais, há hoje uma carência de médicos, de enfermeiros de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que impedem que o SNS dê a resposta necessária, que nalguns casos resultam de anos acumulados de desinvestimento, de cortes, de desvalorização profissional. Tivemos uma sangria de médicos e enfermeiros, entre 2011 e 2015, que emigraram. Com essa falta de pessoal, como é que o PCP tem defendido o regresso das 35 horas?Porque um dos problemas essenciais que se verifica no SNS é a exaustão dos profissionais. Estes profissionais de saúde, que foram obrigados a trabalhar às vezes duas vezes mais do que o seu horário de trabalho, porque faltavam colegas, estão numa situação de exaustão. Portanto, reduzir o horário de trabalho de profissionais de saúde é contribuir para a melhoria da qualidade do SNS. Tem é de ser acompanhado das medidas de contratação. E a par disso medidas de investimento nos equipamentos e infra-estruturas. Quando temos hospitais onde faltam equipamentos para fazer exames de diagnóstico, o SNS acaba por pagar duas, três, quatro, cinco vezes mais para fazer isso no sector privado. E acrescenta-se a isto a campanha fortíssima que está a ser desenvolvida contra o SNS pelos grupos privados de Saúde, com o suporte do PSD e do CDS. Estão a procurar descredibilizar o SNS, para favorecer o negócio privado.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD PCP
Democratas exigem investigação à Casa Branca após demissão de Flynn
Nunca houve um início de uma presidência nos EUA tão confuso e conturbado como a de Trump. (...)

Democratas exigem investigação à Casa Branca após demissão de Flynn
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nunca houve um início de uma presidência nos EUA tão confuso e conturbado como a de Trump.
TEXTO: Em menos de um mês, a nova Administração norte-americana já contabiliza a primeira baixa de peso. Há vários dias que a demissão do conselheiro para a Segurança Nacional, Michael Flynn, era uma notícia pronta para ser dada. Agora que aconteceu, os democratas exigem uma investigação aprofundada, e querem saber se há mais ameaças à segurança nacional na Administração Trump. O líder da minoria democrata no Senado, Charles Schumer, apelou a uma investigação das violações "potencialmente criminais" em que incorre Michael Flynn. "Estou a apelar a uma investigação independente, com autoridade executiva para poder conduzir processos criminais", afirmou Schumer, dizendo que uma tal acção não poderia ser liderada pelo Procurador-Geral dos EUA, Jeff Sessions, ou por advogados da Casa Branca. A forma atabalhoada como o processo foi conduzido foi parte do início mais conturbado de uma presidência na história recente dos EUA. A saída prematura de Flynn ficagistada como um recorde para o cargo, embora poucos esperassem que o antigo general batesse a longevidade do influente Henry Kissinger, que ocupou o posto seis anos. O caso de Flynn seguiu um padrão recorrente noutras polémicas que já fazem parte do curto historial da Administração de Donald Trump — proliferação de fugas de informação, manifesta falta de experiência governativa e declarações contraditórias aos media. A posição de Flynn tornou-se insustentável a partir do momento em que o vice-presidente, Mike Pence, se viu vinculado publicamente à negação do conselheiro de que não abordou as sanções nos contactos que manteve com o embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak. Mas o alerta vinha de trás. A ex-procuradora-geral, Sally Yates, demitida por Trump depois de se ter recusado a defender a ordem executiva que limita a imigração para os EUA, tinha manifestado há um mês, junto da Casa Branca, a sua preocupação em relação aos contactos entre Flynn e Kisliak, chegando ao ponto de sugerir que o conselheiro poderia ser vulnerável a chantagem pelo Kremlin, revela o Washington Post. Nada foi feito até segunda-feira, quando Flynn acabou por pedir demissão, já por volta da meia-noite (hora de Washington). Esta terça-feira, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump já estava a analisar a situação de Flynn "há várias semanas". Mas a decisão final foi tomada com "base na confiança", disse Spicer. "O nível de confiança foi diminuíndo, até ao ponto em que o Presidente sentiu que era preciso fazer mudanças", afirmou. Trump considerou que Flynn tinha mentido ao vice-presidente Mike Pence e a outras pessoas, e por isso pediu-lhe que apresentasse a sua demissão, explicou. Os democratas do Congresso pediram ontem esclarecimentos e a abertura de uma investigação à conduta de Flynn. “Precisamos de saber quem mais na Casa Branca continua a ser um risco para a segurança nacional”, afirmou um grupo de congressistas, numa carta conjunta. A grande questão é saber por que demorou Trump tanto tempo a agir, quando já era público o teor das conversas entre Flynn e Kisliak. Não é preciso ser um observador de longa data da política americana, nem um frequentador dos corredores do poder em Washington para perceber que o arranque da Administração Trump está longe de ser suave. A face mais visível é a quantidade invulgar de fugas de informação: desde a publicação de pormenores sobre as chamadas telefónicas de Trump com outros líderes mundiais até rumores sobre demissões, passando pela divulgação de pormenores sobre a elaboração de ordens executivas, é raro o dia em que os jornais não tenham notícias baseadas em “fontes internas da Casa Branca”. “A demissão, com a era Trump ainda com menos de quatro semanas, é a mais recente e mais dramática convulsão no início mais caótico de uma Administração na história moderna dos EUA”, escreve o editor diplomático do Guardian, Julian Borger. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Nada disto é normal. A incompetência, a inaptidão e a fuga de informação é sem precedentes”, disse ao Washington Post o estratega republicano Steve Schmidt. A instabilidade na Administração Trump ajuda a explicar a demora no preenchimento de alguns lugares importantes. Na Segurança Nacional estão, por exemplo 60 lugares por ocupar, segundo o Washington Post. O mesmo se passa no Pentágono, diz a Foreign Policy, por causa da falta de acordo entre a Casa Branca e o secretário da Defesa, James Mattis, que diz estar a ser impedido de escolher o próprio staff. Outro dos casos mais flagrantes é no Departamento de Estado, onde ainda só foram anunciados quatro embaixadores. O caos organizacional da Administração reflecte sobretudo uma Casa Branca dividida em dois grupos opostos, que lutam para garantir as boas graças de Trump. De um lado estão os elementos mais radicais e que defendem uma estratégia de maior confronto com o establishment, e do qual o conselheiro estratégico da Casa Branca, Steven Bannon, é o principal rosto; do outro, está um grupo de conselheiros e secretários mais institucionais, que preferem uma maior articulação com o Partido Republicano e o Congresso e receiam a degradação da imagem internacional dos EUA.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
A instrumentalização do “trumpismo” para efeitos de “política caseira”
Em três matrizes fundamentais do projecto de Trump, o PCP e o Bloco estão muito mais próximos dele do que qualquer outro partido português, aí incluída a alegada direita. (...)

A instrumentalização do “trumpismo” para efeitos de “política caseira”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em três matrizes fundamentais do projecto de Trump, o PCP e o Bloco estão muito mais próximos dele do que qualquer outro partido português, aí incluída a alegada direita.
TEXTO: 1. Sou um leitor habitual de Pacheco Pereira, de há larguíssimos anos a esta parte, muito antes de eu ter entrado na vida política. O contrário, natural e compreensivelmente, não será verdade, pois decorre expressamente do seu texto de sábado último que não leu o artigo que aqui escrevi, em que se condena Trump e o “trumpismo” de um modo categórico e incondicional. A não ser que ache – e acharia bem, mesmo muito bem – que não sou de direita e, por conseguinte, não caibo no rol dos ali visados. Mas como a noção de direita que, de uns anos a esta parte, Pacheco Pereira tem usado é de tal modo abrangente que parece abarcar todo e qualquer cidadão que esteja à direita do PS, fico na dúvida se não estarei efectivamente ali incluído. Não hesito em dizer que, apesar de dele discordar muito frequentemente, e às vezes, como será aqui o caso, radicalmente, José Pacheco Pereira é decerto um dos cronistas do espaço público português com que mais aprendo e que mais me estimula a pensar. 2. Não pode, porém, em caso algum, aceitar-se a tese desse seu último artigo sobre o ascenso do “trumpismo” nacional. Nele vem sustentar que a direita portuguesa – que, mais uma vez, presumo, salvo correcção futura, será composta pelas pessoas que navegam na área do PSD e CDS – se revê em muitas das causas de Trump, partilha com ele os inimigos e vai acabar encostada a Trump nessa luta contra esses inimigos. 3. Antes do mais, embora Trump seja um político autoritário e populista de direita, há muitas áreas em que, fazendo jus a que a distinção direita/esquerda carece de revisão, ele não parece ser de direita. E porquê? Porque o que verdadeiramente identifica Trump é o seu perfil autoritário, iliberal e populista e não já a sua marca de direita ou de esquerda. Efectivamente, políticos autoritários, iliberais e populistas tanto podem ser de esquerda como de direita e o que os une é mais do que o que os separa dos políticos democratas e liberais de centro, de esquerda ou de direita. Na Europa, e falando de forças políticas no Governo, temos democratas iliberais de direita na Hungria e na Polónia e de esquerda na Eslováquia e na Roménia (para não falar do Presidente checo). 4. Pacheco Pereira acaba por o reconhecer quando, como se isso fosse um simples pormenor, excepciona das simpatias da tal direita três traços da política “trumpista”: “isolacionismo”, “proteccionismo” e “fidelidade à NATO”. Pois bem, se alguém acha que isto são traços menores do programa de Trump, estamos conversados. Nestes três traços está o coração da política externa e interna de Trump. Aliás, vale a pena perguntar: quem em Portugal defende a saída da NATO? O Bloco e o PCP, esquerda portanto e logo a mais extrema e radical. Quem, entre nós, defende o proteccionismo e está sistematicamente contra os acordos de comércio livre? O PCP e o Bloco. Quem advoga por aqui a saída da União Europeia e do euro? O PCP e o Bloco. Ou seja, em três matrizes fundamentais do projecto de Trump, o PCP e o Bloco estão muito mais próximos dele do que qualquer outro partido português, aí incluída a alegada direita. O que não espanta nem surpreende ninguém. O PCP e o Bloco são forças populistas, pouco conhecidas pelo seu amor aos princípios da democracia ocidental. Leia-se o programa de Marine Le Pen, aliada e admiradora de Trump, anunciado este fim de semana, e veja-se – tirando a não negligenciável política de imigração – quantos pontos tem em comum com as teses sufragadas pelo PCP. 5. Na questão dos costumes, não haja ilusões: Trump, casado três vezes e proveniente dos meios liberais nova-iorquinos, nem sequer é um conservador convicto. Mais: nas primárias, varreu pura e simplesmente o Tea Party e a agenda evangélica fundamentalista. Agora, por razões tácticas de convivência com a sua maioria no Congresso, vai com toda a certeza ceder a essa linha. Mas a verdade é que ganhou abstraindo dela. E sejamos razoáveis, a nossa suposta direita, em matéria de agenda de costumes, é plural e tolerante, nada tendo a ver com o fundamentalismo evangélico ou puritanismo protestante. 6. E quanto ao estilo – factor decisivo na identificação da tendência autoritária de Trump e mais do que comprovado na relação com a liberdade de expressão e com a independência dos tribunais –, não vejo o que tem a dita direita a ver com Trump. Aliás, o PSD é muito mais aberto e tolerante com os seus críticos – mesmo os mais duros – do que o PS, como se viu no recente episódio de Francisco Assis. Isto para não lembrar os infaustos tempos de Sócrates, que, ainda na semana passada, recusou resposta a um jornalista. De resto, quando temos um primeiro-ministro que, em pleno debate quinzenal, diz que “o maior partido português é um partido irrelevante e que não conta para nada”, esta frase está bem mais perto de Trump do que qualquer uma que tenhamos ouvido ao líder da oposição. É tão ao estilo “trumpista” que poderia mesmo figurar num dos seus emblemáticos tweets…7. Pacheco Pereira está a ver mal. Mas à sua tese pode sempre replicar-se com uma outra, de idêntico calibre, já que quer pôr as coisas no plano da política doméstica. Afinal quem é capaz de estar a precisar de um “inimigo comum” como o pão para a boca é o tripé que segura a geringonça. É visível que já se esgotaram as metas programáticas e as fragilidades vêm cada vez mais à tona. O único cimento que a mantém unida é justamente o tal factor de agregação que apelida de inimigo comum e que, no caso, vem a ser o arco PSD-CDS. Ora, tentar identificar o “arco de direita” PSD-CDS com o “trumpismo” é uma maneira engenhosa de tentar unir as hostes e alimentar um inimigo comum. E de assim arranjar um argumento de último recurso, para salvar a frustre argamassa da geringonça: o PSD e o CDS seriam os aliados úteis e idiotas do “trumpismo”. Este argumento é tão inverosímil que de uma coisa estou certo: não fará curso. SIM e NÃOSIM. Isabel II. A celebração de 65 anos de reinado é um feito histórico. A chefe de Estado britânica, nas mais diversas conjunturas, não falhou nunca no seu papel constitucional e tem sido um fortíssimo factor de unidade e identidade. NÃO. Boicote ao inquérito da Caixa. Depois do desrespeito por uma decisão judicial, acresce agora a obstrucção ao inquérito feita por PS, BE e PCP. Afinal de que é que se tem medo?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD LIVRE PCP BE
Líder de marchas anti-islão demitiu-se depois de se ter mascarado de Hitler
"Temos que poder brincar connosco de vez em quando", tinha dito anteriormente o alemão Lutz Bachmann. (...)

Líder de marchas anti-islão demitiu-se depois de se ter mascarado de Hitler
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Temos que poder brincar connosco de vez em quando", tinha dito anteriormente o alemão Lutz Bachmann.
TEXTO: O líder do movimento anti-islão da Alemanha demitiu-se, depois da publicação de uma fotografia sua mascarado de Hitler se ter tornado viral na Internet e de ser levantada a questão da relação do grupo com os neo-nazis. "Sim, deixo a direcção" do movimento, disse Lutz Bachmann ao jornal popular Bild. A informação foi confirmada à AFP pela porta-voz do movimento Pegida, Kathrin Oertel. A fotografia de Bachmann, de 41 anos, co-fundador do Pegida terá sido tirada depois de uma ida ao cabeleireiro. Mostra-o de cabelo pintado de negro, com o risco à direita e um bigodinho. A imagem foi publicada na página de Bachmann no Facebook com a legenda: "Er ist wieder" (Ele está de volta), o título do romance satírico de 2012 sobre Hitler, de Timur Vermes. Pouco depois de a fotografia ter aparecido, o jornal Dresden Morgenpost contactou Bachmann que, rapidamente, apagou o seu perfil na rede social. Foi um leitor quem descobriu a foto, alertando o jornal para ela e para um diálogo que Bachmann manteve com um dos seus amigos na rede social em que chama "gado", "canalhas" e "lixo" aos imigrantes. A conversa teve lugar no dia 19 de Dezembro. Bachmann explicou que a fotografia foi tirada no cabeleireiro para ser usada na promoção do audiolivro do romance de Vermes. "Temos que poder brincar connosco de vez em quando", disse. Sobre o que chamou aos imigrantes, disse que não fazia comentários "sobre matérias privadas". Lutz Bachmann, filho de um talhante de Dresden, já foi condenado diversas vezes por roubo e posse de droga. Segundo os serviços secretos alemães, é um alvo para o terrorismo islâmico - os jihadistas já publicaram nas redes sociais que o querem matar. Por isso, a 13. ª marcha anti-islão, que estava marcada para a segunda-feira passada, foi cancelada. O grupo, que tem cada vez mais seguidores em várias cidades, conseguiu reunir 25 mil pessoas na sua última marcha; remarcou a próxima, para a semana que vem. Até lá, espera reunir esta quarta-feira, em Leipzig, cem mil pessoas.
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Palavras-chave filho negro social
EUA e Cuba vão restabelecer relações diplomáticas
Cinco décadas de sanções, disse Barack Obama, não ajudaram nem os cubanos nem os interesses norte-americanos. "A mudança é difícil, principalmente quando carregamos o peso da história nas costas. Mas estas mudanças são necessárias”, afirmou. (...)

EUA e Cuba vão restabelecer relações diplomáticas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cinco décadas de sanções, disse Barack Obama, não ajudaram nem os cubanos nem os interesses norte-americanos. "A mudança é difícil, principalmente quando carregamos o peso da história nas costas. Mas estas mudanças são necessárias”, afirmou.
TEXTO: “Hoje, os Estados Unidos estão a mudar a sua relação com o povo de Cuba. ” Assim começou o Presidente Barack Obama a intervenção em que anunciou aos norte-americanos uma mudança radical nas relações com Havana que deverá conduzir nos próximos meses ao “restabelecimento total das relações diplomáticas” interrompidas desde Janeiro de 1961. Afirmando que o embargo em vigor há cinco décadas “falhou em todos os seus objectivos”, Obama disse não poder permitir que as “sanções norte-americanas sejam mais um peso para os cidadãos” de Cuba. Estas sanções, afirmou Obama, também “fracassaram em fazer avançar” os interesses norte-americanos em Cuba. “Hoje, Cuba ainda é governada pelos Castros e pelo Partido Comunista que tomou o poder há cinco décadas”, disse. Depois, lembrou outros países governados por comunistas com os quais os EUA têm relações: a China ou o Vietname, este um caso especialmente significativo por causa da guerra mortífera que opôs os dois países. “Há muito tempo que eu estou preparado para mudar de políticas”, afirmou o líder norte-americano. No caminho, mantinha-se “um importante obstáculo”, a “detenção do norte-americano Alan Gross”, um trabalhador humanitário que aterrou numa base militar perto de Washington meia-hora antes de Obama começar a discursar. Obama disse que já instruiu o secretário de Estado, John Kerry, para “começar imediatamente discussões para reestabelecer relações diplomáticas”, “reabrir uma embaixada em Havana” e “rever a designação de Cuba como um Estado que apoia o terrorismo”. “Esta decisão do Presidente Obama merece o nosso respeito e o reconhecimento do nosso povo. Quero reconhecer o apoio do Vaticano, especialmente do Papa Francisco, para melhorar as relações entre Cuba e os EUA. “Agradeço igualmente ao Governo canadiano por ajudar a realizar conversações de alto nível entre os dois países”, dizia, em simultâneo, em Havana, o Presidente Raul Castro. “O embargo que impusemos há cinco décadas está codificado em legislação”, disse ainda Obama, que espera “iniciar com o Congresso um diálogo honesto e sério para o levantamento do embargo”. Castro não deixou naturalmente de falar do embargo, notando que “apesar de este se ter tornado lei, o Presidente dos EUA pode modificá-lo através de acções executivas. ”O papel do Papa Francisco foi fundamental para assegurar a libertação de Gross, explicou também Obama. O chefe da Igreja Católica trabalhou igualmente para conseguir que Washington libertasse três ex-agentes dos serviços secretos cubanos, Luis Medina, Gerardo Hernandez e Antonio Guerrero, os três que sobravam do grupo conhecido como os Cinco de Cuba (um foi libertado em 2011, outro em Fevereiro deste ano). “A sua transferência para Cuba está completa”, confirmou pouco depois do discurso de Obama o porta-voz do Departamento da Justiça, Brian Fallon. As negociações dos últimos meses, que tiveram lugar no Canadá e envolveram “um grupo bipartidário de membros do Congresso”, resultaram ainda na libertação de um antigo agente dos serviços secretos norte-americanos “que reuniu informação crucial para o Governo” e que se encontrava detido na ilha há 20 anos. “Felicitamo-nos ainda com a libertação dos presos políticos cubanos”, disse. Havana decidiu libertar 53 prisioneiros que os EUA consideram presos políticos. Enumerando as aberturas realizadas pelo regime cubano desde que Raul Castro substituiu Fidel no poder em Cuba, Obama felicitou-se “pelo maior acesso à Internet por parte dos seus cidadãos e por aumentar as suas relações com organizações internacionais, como a ONU e o Comité Internacional da Cruz Vermelha”. “Orgulhosamente, os EUA apoiaram a democracia e a defesa dos direitos humanos em Cuba”, disse o Presidente norte-americano, avisando que se mantêm divergências difíceis de ultrapassar. “Os cubanos dizem ‘no es facil’, não é fácil. A mudança é difícil, principalmente quando carregamos o peso da história nas costas. Mas estas mudanças são necessárias”, afirmou. Por outro lado, há muitas áreas onde os dois governos podem trabalhar, disse Obama, enumerando “a saúde, a imigração ou o combate ao tráfico de droga”, entre outras. “Não espero que as mudanças que estou a anunciar levem a uma mudança da noite para o dia na sociedade cubana”, disse ainda. O essencial, sublinhou, é perceber que “os últimos 50 anos mostraram que o isolamento não funciona”.
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Entidades ONU EUA
UKIP elege primeiro deputado na Câmara dos Comuns
Um ex-conservador tornou-se no primeiro representante do partido eurocéptico em Westminster. (...)

UKIP elege primeiro deputado na Câmara dos Comuns
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um ex-conservador tornou-se no primeiro representante do partido eurocéptico em Westminster.
TEXTO: Depois da grande vitória nas eleições europeias, o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, eurocéptico e anti-imigração) conseguiu eleger pela primeira vez um deputado para o Parlamento britânico. Douglas Carswell é já um nome histórico para o partido que tem abalado a política britânica, mas está longe de ser um estreante em Westminster. O deputado pertencia ao Partido Conservador, pelo qual foi eleito em 2005 e em 2010 para o Parlamento, até ter abandonado os tories no final de Agosto para ingressar nas fileiras do UKIP. A sua saída deu origem a novas eleições para o círculo de Clacton, na costa leste do Reino Unido. A mudança de partido não prejudicou Carswell que venceu as eleições desta quinta-feira com 60% dos votos, sete pontos acima do que tinha alcançado em 2010. O novo deputado do UKIP pulverizou a concorrência, com uma vantagem de 35 pontos em relação ao candidato conservador Giles Watling, um antigo actor de sitcoms. “Algo de grandioso está a acontecer aqui, as pessoas querem mudança, estão fartas dos políticos de carreira dos três partidos”, afirmou o líder dos eurocépticos, Nigel Farage. Mas para Farage, que tem na mira as eleições gerais do próximo ano, houve um resultado “ainda mais significativo” do que a vitória em Clacton. Na outra eleição desta quinta-feira, no círculo de Heywood e Middleton, o Partido Trabalhista conseguiu eleger a sua candidata Liz McInnes, que sucede a Jim Dobbin, deputado que morreu este ano. No entanto, nesta região do Norte de Inglaterra – considerada um bastião trabalhista – o candidato do UKIP alcançou o segundo lugar, a uma curta distância de 600 votos da vencedora. “Toda a política britânica foi abanada”, dizia Farage, que vê no UKIP “um verdadeiro partido nacional”. O correspondente da BBC, Chris Mason, escreveu que “o UKIP nunca tinha tido uma noite assim”. “Se Clacton deu a manchete, Heywood e Middleton deu a surpresa: o UKIP quase ganhava”, disse Mason. Os eurocépticos tornam-se numa dor de cabeça para os partidos tradicionais, mas quem tem sofrido principalmente são os tories do primeiro-ministro David Cameron. Para além das derrotas nas urnas, o UKIP tem constituído um apelo crescente para os próprios deputados conservadores. Carswell foi o primeiro, mas o UKIP espera conseguir um segundo lugar em Westminster nas eleições intercalares de 6 de Novembro em Rochester e Strood à custa de outro ex-conservador, Mark Reckless, que já lidera as intenções de voto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração