UGT no Porto: “Sem confiança, não haverá prosperidade económica”
Secretário-geral da UGT vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional. O valor é, para já, desconhecido mas o objectivo é que entre em vigor a partir de Janeiro de 2016. (...)

UGT no Porto: “Sem confiança, não haverá prosperidade económica”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Secretário-geral da UGT vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional. O valor é, para já, desconhecido mas o objectivo é que entre em vigor a partir de Janeiro de 2016.
TEXTO: No Porto, se na Avenida dos Aliados membros da CGTP discursavam enquanto as pessoas se abrigavam debaixo de guarda-chuvas, no Palácio de Cristal foram centenas os celebraram o dia do trabalhador numa comemoração organizada pela União Geral de Trabalhadores (UGT). Pessoas de todas as idades e partidos estiveram presentes e ouviram o discurso do secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que anunciou que, em Setembro, vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional. O valor é, para já, desconhecido mas o objectivo é que entre em vigor a partir de Janeiro de 2016. Carlos Silva lembrou que é extremamente importante não só “protestar e reivindicar mas também negociar”. Neste contexto, lembrou que foi através do acordo entre o Governo, as confederações patronais e a UGT que foi conseguido, recentemente, um aumento de 20 euros no salário mínimo – passando dos 485 euros para os 505. Foi uma pequena alteração mas, ainda assim, “um sinal importante”, admite. “Trabalho e salários dignos”, pede Vítor Pereira, de 51 anos. Funcionário dos correios, acrescenta que a UGT foi “a única central sindical que realmente fez algo pelos trabalhadores”, referindo-se à negociação do código de trabalho. Também são os baixos salários que preocupam Maria José Leitão, uma professora de 51 anos que explica que é importante lembrar o 1. º de Maio como uma forma de “expressar o que vai na alma”. Na área da educação, Fátima Loureiro lamenta que o ensino tenha “regredido nos últimos anos”. Esta professora do ensino básico e secundário tem 45 anos e aponta dois problemas principais: no primeiro ciclo, “as salas de aula têm alunos de anos diferentes” e, nos anos de escolaridade que se seguem, as turmas são “gigantes, com mais de 30 alunos”. Estas “medidas economicistas”, para além de darem emprego a cada vez menos professores, “impedem uma boa qualidade de ensino”. E o que mais precisa de ser melhorado? Carolina Cardoso, 62 anos, responde assertivamente: “saúde, trabalho e justiça”. Encontra-se na pré-reforma e garante que a situação “não pode ser desta forma que está”. Apesar de no início da conversa estar calma, aumenta o tom quando repete por duas vezes que “só temos quem roube”. “Esta situação enerva-me”, justifica-se. Portugal está a passar por uma “situação lamentável”, indica Manuel Pires, trabalhador por conta própria. Com 62 anos, preocupa-se com o “degradamento do país” mas prefere não se queixar a nível individual. “Os jovens sem futuro é que me preocupam”, explica. Carlos Silva, no seu discurso, não os esqueceu. Lembrou que muitos emigraram “a convite do poder político” e que, entre os que permaneceram no país, muitos “estão inscritos nos centros de emprego”. “Sem confiança, não haverá prosperidade económica”, alerta o secretário-geral da UGT. É essa a confiança que falta a Mariana Reis, de 23 anos. Nunca teve um emprego certo e considera que “emigrar é uma hipótese cada vez mais real”. A precariedade laboral é firmemente recusada por Carlos Silva: “a UGT rejeita quaisquer alterações à legislação que abram a porta a uma maior flexibilização nos despedimentos, venha ela de onde vier”. Protesto "constante"Carlos Silva lembrou ainda que “as medidas devem ser tomadas fora do ruído das campanhas eleitorais” e que o Serviço Nacional de Saúde, “uma conquista de Abril”, tem sido um dos sectores mais prejudicados, algo que deve ser contrariado, parando o “capitalismo selvagem”. Para que a situação do país melhore, diz, é preciso que o protesto seja “constante” e que as forças políticas, “em vez de fazerem promessas que não podem cumprir, passem a honrar a palavra dada”. Para o secretário-geral, “aqueles que acusaram a UGT de traição [nas negociações com o governo] são sempre os mesmos que nunca estão disponíveis para o consenso e para o compromisso”, duas atitudes “fundamentais” para Carlos Silva. Carlos Silva lamenta que os “quatro anos de incontáveis sacrifícios” tenham levado a um “retrocesso das conquistas de Abril” mas confessa que tem uma “esperança redobrada” quando olha para o futuro. Texto editado por Nuno Pacheco
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave trabalhador educação salário
Polícia italiana desmantela célula terrorista que planeou atingir o Vaticano
Dez homens foram detidos e outros oito escaparam numa operação contra grupo ligado à Al-Qaeda que também se dedicaria ao tráfico humano. (...)

Polícia italiana desmantela célula terrorista que planeou atingir o Vaticano
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Dez homens foram detidos e outros oito escaparam numa operação contra grupo ligado à Al-Qaeda que também se dedicaria ao tráfico humano.
TEXTO: A Justiça italiana anunciou o desmantelamento de uma célula terrorista ligada à Al-Qaeda e a detenção de dez indivíduos de nacionalidade afegã e paquistanesa, suspeitos de envolvimento numa conspiração (falhada) para um ataque-suicida no Vaticano, em 2010. Segundo as autoridades, que realizaram raides de contra-terrorismo nas cidades italianas de Bergamo, no Norte do país, e de Cagliari, na ilha da Sardenha, outros oito suspeitos continuam a monte. A investigação arrancou já há oito anos, e esteve inicialmente ligada a um caso de imigração ilegal – nos últimos meses, a polícia italiana tem estado particularmente atenta à possível “infiltração” de jihadistas nos grupos de imigrantes que chegam ao país em balsas que navegam o Mediterrâneo. Entre os 18 homens suspeitos encontra-se um líder religioso ligado às comunidades muçulmanas de Brescia e Bergamo, dois antigos guarda-costas de Osama Bin Laden e extremistas alegadamente envolvidos num atentado a um mercado de Peshawar, no Paquistão, que fez mais de cem mortos. Esse ataque terá sido planeado e financiado a partir de Olbia, na Sardenha. O grupo, que constituiu uma célula terrorista para “uma grande jihad em Itália”, também se dedicou a outras actividades criminosas, nomeadamente imigração ilegal e possivelmente tráfico humano. A polícia disse que os suspeitos tratavam da entrada de paquistaneses e afegãos em Itália, através de contratos de trabalho fraudulentos, ou como candidatos a asilo. Alguns desses homens ficavam em Itália e outros eram enviados para outras cidades europeias. O ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, elogiou os serviços de segurança por uma “operação extraordinária” que “a partir de uma única investigação de 2009 resultou no desmantelamento de uma rede de traficantes e de uma célula de terroristas”. Numa conferência de imprensa em Cagliari, o procurador Mauro Mura revelou que os suspeitos conspiraram para a realização de vários ataques, nos países de origem e também em Itália. Uma operação gorada teria como alvo o Vaticano: as autoridades acreditam que um bombista-suicida viajou de propósito para se fazer explodir em plena praça de São Pedro. Mario Carta, que dirigiu a investigação pelo lado da polícia, confirmou a existência de escutas telefónicas em que os suspeitos mencionam frequentemente a palavra “baba”, que segundo as autoridades é uma referência ao Papa. Também falavam na “luta armada contra o Ocidente”, informou – além das detenções, a polícia procedeu à apreensão de armamento. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, desvalorizou a ameaça terrorista. De acordo com as informações avançadas pela polícia, a “hipótese de ter existido um plano [para um ataque à bomba] em 2010, que nunca chegou a ocorrer, é prova de que não temos nenhuma razão para preocupações”. As autoridades não sabem por que razão foi abandonado o plano para atacar oVaticano, mas acreditam que o grupo pode ter desconfiado que estava na mira da polícia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens imigração ataque ilegal
Situação na Ucrânia preocupa parceiros da NATO
Em Outubro, Portugal e Espanha acolhem o maior exercício militar da Aliança Atlântica desde a guerra fria para testar a operacionalidade da nova força militar de intervenção rápida, cuja instalação é disputada por diversos países do Leste. (...)

Situação na Ucrânia preocupa parceiros da NATO
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Outubro, Portugal e Espanha acolhem o maior exercício militar da Aliança Atlântica desde a guerra fria para testar a operacionalidade da nova força militar de intervenção rápida, cuja instalação é disputada por diversos países do Leste.
TEXTO: O agravamento da situação na Ucrânia preocupa os parceiros da Aliança Atlântica e foi um dos temas abordados esta segunda-feira na primeira visita a Portugal do secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg. Em Lisboa, Stoltenberg manteve reuniões com o Presidente da República, o primeiro-ministro, o chefe da diplomacia portuguesa, Rui Machete, e o titular da pasta da Defesa Nacional. “Enfrentamos uma situação difícil, a Rússia a usar a força militar, como o fez na Ucrânia, o que requer uma firme e forte resposta da NATO”, disse o dirigente da Aliança Atlântica em conferência de imprensa no final de um breve encontro com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Os desafios da segurança a Leste foram também referidos por Machete: “A NATO tem de ser capaz de responder às diversas ameaças. ”Por diversas vezes, o antigo primeiro-ministro trabalhista da Noruega referiu-se à questão ucraniana. “É importante sublinhar a necessidade de respeitar os acordos de Minsk [assinados na capital da Bileorússia a 5 de Setembro de 2014 pela Ucrânia, Rússia, República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e mediação de Berlim, Moscovo e Paris}, mas o problema é que há violações do cessar-fogo e do acordo”, destacou Stoltenberg. Sanções inevitáveis?“Apelo a todas as partes para respeitarem o cessar-fogo, insto à retirada de armamento”, lançou. “A Rússia aumentou o apoio aos separatistas com material pesado, tanques, o que possibilita uma nova ofensiva que nos preocupa”, disse explicitamente. O PÚBLICO sabe que, na reunião no Palácio das Necessidades, o secretário-geral da NATO argumentou com a inevitabilidade de aplicação de sanções se a situação se continuar a degradar. “A presença militar da Rússia está a ser reforçada, pelo que temos o direito de aumentar a nossa presença”, prosseguiu. ”A razão de aumentarmos a presença da NATO no Leste, na Roménia, Polónia, Bulgária e Lituânia é cumprir a nossa responsabilidade, a de defender os nossos aliados”, enfatizou: “Precisamos de uma capacidade dissuasora credível (…) para que ninguém pense ser possível atacar um aliado da Aliança Atlântica sem os outros parceiros responderem, atacar um é atacar todos”. Ao invocar o teor do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, ficou dada uma clara mensagem ao Kremlin. “Perante a crise da Ucrânia, há uma NATO coesa”, considerou Rui Machete. “Pode contar com o apoio de Portugal, com o nosso compromisso contínuo e firme, como acontece desde 1956, quando da assinatura do Tratado de Washington”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, dirigindo-se ao secretário-geral da Aliança Atlântica. Pouco depois, Jens Stoltenberg congratulou-se por Portugal enviar um navio de comando e quatro caças F-16 para o leste europeu, e estar, em breve, com tropas no terreno na Lituânia. Stoltenberg recordou a constituição, na cimeira da Aliança Atlântica de Cardiff, em Setembro passado, de uma força de intervenção rápida, mobilizável em 48 horas. Polónia, Roménia e os três países bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia – já manifestaram a sua disposição em acolher este contingente, integrado por forças terrestres, navais e aéreas e por tropas especiais. O responsável destacou a realização, no próximo Outono, em Portugal e Espanha e com o apoio de Itália, do exercício militar Trident Juncture 2015, o maior da NATO desde a Guerra Fria. Envolvendo 20 mil homens de vários países, decorrerá na zona do Estreito de Gibraltar e tem como objectivo testar as capacidades da força de intervenção rápida. Mediterrâneo: a tragédiaO agravamento da situação militar na fronteira leste da NATO não foi o único tema debatido. “Há desafios a Sul, no Mediterrâneo e no Médio Oriente que ameaçam a região”, disse Machete referindo-se à penetração e às acções do autoproclamado Estado Islâmico bem como à pressão migratória oriunda do norte de África. “Trata-se de uma enorme tragédia humana, apoio os países da União Europeia na sua intervenção contra o tráfico de seres humanos”, sublinhou o secretário-geral da Aliança Atlântica. “Nessa questão, há papéis diferentes”, precisou, no entanto: “A União Europeia está a trabalhar na política de imigração, a NATO ajuda a estabilizar a situação, não só em África pois muitos que atravessam o Mediterrâneo são oriundos da Ásia e do Afeganistão. ”Jens Stoltenberg recordou que a sua organização trabalha, no Médio Oriente, com a Jordânia, está disposta a fazer o mesmo na Líbia e assessora, actualmente, o Iraque, um esforço no qual Portugal estará presente através de 30 instrutores militares.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
RTP transmite finais da Taça de Portugal e da Supertaça
Jogos poderão ser vistos até 15 dias depois da sua realização no site da TV pública. (...)

RTP transmite finais da Taça de Portugal e da Supertaça
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.333
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jogos poderão ser vistos até 15 dias depois da sua realização no site da TV pública.
TEXTO: A transmissão televisiva das finais da Taça de Portugal, a 31 de Maio, e da Supertaça Cândido de Oliveira, a 9 de Agosto, vai ser feita na RTP 1 e nos canais públicos internacionais. A televisão pública anunciou esta quinta-feira que adquiriu os direitos de transmissão para os derradeiros encontros das duas competições. Os jogos serão emitidos na RTP1, RTP Internacional e RTP África, mas também através da Internet, no seu site, em RTP Play. A outra inovação é que os jogos poderão ser vistos na página da RTP até 15 dias depois da realização dos encontros. Em comunicado, a nova direcção de Informação, liderada por Paulo Dentinho, defende a importância destes conteúdos. “A final da Taça [a 31 de Maio] é muito mais do que um jogo de futebol. É uma reunião de portugueses, de milhares de famílias no Vale do Jamor. É um momento apreciado por milhões de portugueses em todo o mundo. É o ponto final da época futebolística. ”A par desta prova, a Supertaça é o “arranque da nova época” e é um dos jogos “mais procurados pelos emigrantes que em pleno Agosto voltam a Portugal para passar férias. “São dois jogos e acontecimentos que merecem a atenção e a aposta da RTP, independentemente de nesses jogos termos o Benfica, o Sporting, o FC Porto, o Sporting de Braga, o Rio Ave, o Vitória Guimarães, o Vitória de Setúbal ou a Académica", argumenta a direcção de Informação da RTP, numa alusão ao facto de ainda não estar encontrado, no caso da Taça de Portugal, o adversário do Sporting (o Sp. Braga-Rio Ave é esta quinta-feira à noite).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos
Protestos e apelos para derrotar o Governo marcaram 1.º de Maio, “um mês bonito”
Arménio Carlos não poupa críticas ao Governo nem ao PS. Para o secretário-geral da CGTP, o cenário macroeconómico apresentado pelos socialistas pode permitir-lhes “ser alternância ao poder, mas nunca será uma alternativa política” (...)

Protestos e apelos para derrotar o Governo marcaram 1.º de Maio, “um mês bonito”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.475
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Arménio Carlos não poupa críticas ao Governo nem ao PS. Para o secretário-geral da CGTP, o cenário macroeconómico apresentado pelos socialistas pode permitir-lhes “ser alternância ao poder, mas nunca será uma alternativa política”
TEXTO: Desde que saiu da faculdade, onde fez o mestrado em Psicologia, Inês Anselmo, 30 anos, nunca conheceu outro trabalho que não fosse num call center. Já lá vão oito anos. Agora está desempregada e faz questão de marcar presença na manifestação do 1. º de Maio, da CGTP, em Lisboa. No discurso final, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, atacou o Governo e o PS, e apelou a todos para que, nas eleições legislativas, ponham “um ponto final na política de direita”. “Como podem eles [Governo] falar de sucesso quando destruíram mais de 500 mil postos de trabalho, quando temos um milhão e trezentos mil trabalhadores sem emprego ou em subocupação e centenas de milhares foram obrigados a emigrar?”, questionou, já num palco na Alameda, Arménio Carlos que estimou estarem no desfile “milhares de pessoas”. Aos jornalistas, já tinha antes tecido críticas não só ao Governo, mas também ao cenário macroeconómico do PS. O secretário-geral da CGTP defende a “necessidade de o PS reflectir” e “acima de tudo alterar profundamente aquele documento, porque se não o fizer e, se o documento servir de base ao programa eleitoral, naturalmente pode ser alternância ao poder, mas nunca será uma alternativa política para resolver os problemas dos trabalhadores, do povo e do país”. No início do desfile, porém, Arménio Carlos e o presidente do PS, Carlos César, que estava numa delegação que saudou a CGTP, cumprimentaram-se. À Lusa, o socialista referiu que o PS partilha com os trabalhadores os “valores” do 1. º Maio, como o combate à precariedade laboral, à redução das remunerações, ao empobrecimento e ao desemprego. Inês Anselmo está desempregada há meio ano, depois de ter sido despedida do call center. “Sou jovem, quero emprego e ficar em Portugal”, diz. Mas os protestos não são só dos jovens. Joaquim Silva, 66 anos, trabalhava na construção naval e está reformado: “Tenho uma reforma de 480 euros. Este Governo está a tirar aos reformados e a quem tem menos, espero bem que caia nas eleições, se não será um desastre total. Gostava de ver alguém do Governo a viver com uma reforma igual à minha e não é das mais baixas. ”A manifestação, marcada para as 15h, começou no Martim Moniz e, depois de quase três horas, terminou na Alameda, onde Michael Moore, que está em Portugal a realizar um documentário, também esteve presente e conversou com o líder da CGTP. No desfile, não faltam cartazes contra o Governo, a austeridade, e com exigências de melhores condições de trabalho. “Exigimos o aumento dos salários e a publicação das 35 horas semanais, queremos uma política de esquerda”, lê-se numa faixa. Grita-se: “Desemprego em Portugal, vergonha nacional” ou “o Governo vai ao chão, é só empurrão”. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mostrou-se entusiasmado com o número de manifestantes: “Não é só a participação elevada, mas os conteúdos e os objectivos desta manifestação, derrotar a direita, conseguir uma ruptura e uma mudança da vida política nacional. Tem uma grande importância porque é gritada pelos próprios trabalhadores”, disse aos jornalistas. A “massa imensa” que encontrou dá-lhe “muita esperança” para as eleições. “Há um outro rumo, Portugal não está condenado a esta situação de sacrifícios. ”De cravo na mão, António Melo, jornalista reformado de 71 anos, não falta a um 1. º de Maio: “Esta manifestação será sempre uma voz de protesto e Maio é um mês bonito”, diz, também confiante que nas legislativas o Governo será derrotado. E foi a isso mesmo que Arménio Carlos apelou: “Façamos das próximas eleições legislativas um momento alto da luta, transportando-a até ao voto para pôr um ponto final na política de direita e no Governo PSD-CDS. ”Foram muitos ataques do líder ao Governo: “O primeiro-ministro Passos Coelho disse recentemente, no tom “calimero” que se lhe conhece, que a grande reforma que lhe falta fazer é a do mercado laboral. Depois do ataque sem precedentes à legislação e aos direitos dos trabalhadores, das medidas que tiveram como consequência a degradação do emprego e a brutal transferência de rendimentos do trabalho para o capital, não está satisfeito e quer ir ainda mais longe. ” E acrescentou: “Eles são insaciáveis e querem mais. Os mesmos, que fabricam a pobreza, ensaiam agora novas medidas para a manter e alargar. E aí está o caderno de encargos com um novo pacote de medidas inscritas no Programa Nacional de Reformas para 2016-2019, a confirmar que, depois do Memorando da troika, continua a política de esmagamento dos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas e de ataque e degradação dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. ”
REFERÊNCIAS:
Professores formados nos politécnicos têm melhor média de curso
Diferenças entre politécnico e universidades e o público e o privado alargam-se também às competências dos professores na área da educação inclusiva (...)

Professores formados nos politécnicos têm melhor média de curso
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.175
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Diferenças entre politécnico e universidades e o público e o privado alargam-se também às competências dos professores na área da educação inclusiva
TEXTO: A maioria dos professores das escolas públicas portuguesas formou-se em instituições públicas, sendo que os docentes que fizeram a sua formação em politécnicos obtiveram melhores médias de curso do que os das universidades. Esta é uma das conclusões do estudo “Instituições de Formação e Classificação dos Docentes da Educação Pré-Escolar e Ensino Básico e Secundário” que analisou a formação dos mais de 125 mil professores que no ano lectivo de 2012/2013 davam aulas nas escolas públicas portuguesas. No estudo coordenado pelas investigadoras da Universidade Nova de Lisboa Sílvia de Almeida e Teresa Teixeira Lopo, para além notas finais do curso dos docentes, foram distinguidas as formações dos professores consoante os níveis de ensino. Os resultados dos politécnicos em relação às universidades foram sempre melhores, desde o pré-escolar até ao secundário. Os educadores de infância que obtiveram classificações mais altas estudaram em nove institutos politécnicos – cinco públicos e quatro privados – e em duas universidades públicas. Já entre os professores do 1º ciclo, são quatro politécnicos – três públicos e um privado – e duas universidades as instituições de onde saíram os docentes com notas mais altas. Apenas nos educadores de infância e nos professores do 1º ciclo é que foi notada uma predominância de docentes com cursos tirados em instituições privadas: cerca de 13 mil formaram-se em instituições privadas e apenas nove mil em públicas. Nos restantes níveis de ensino, incluindo na educação especial, os politécnicos estão em primeiro lugar (quatro públicos, seguidos de dois privados). No 2. º e 3. º ciclos e ensino secundário foram as instituições públicas as mais concorridas (17 públicas e apenas três privadas). As universidades do Porto, Lisboa e Coimbra surgem entre as que formaram mais alunos entre os que naquele ano estavam a dar aulas e o Instituto Jean Piaget é o mais referido entre as privadas. No caso da Educação Especial, relativamente ao qual o Conselho Nacional da Educação (CNE) tem mostrado preocupações, as investigadoras indicam que a maioria dos docentes fez a sua formação em instituições privadas – 2897 no privado e 2478 no público –, mas há uma predominância de instituições públicas (6 públicas e 4 privadas). As investigadoras analisaram ainda os currículos dos cursos de formação inicial de professores. Aí depararam-se com alguma heterogeneidade em relação ao peso dedicado à componente da educação inclusiva. Este elemento do programa pretende compreender e interpretar as crianças com necessidades educativas especiais ou imigrantes. Segundo o estudo, a matéria relacionada com este tema é, em alguns cursos, de carácter opcional. "Quanto às didácticas para a inclusão, identificaram-se unidades curriculares, maioritariamente com regime obrigatório de frequência mas, também, como disciplina de opção livre, com conteúdos dedicados às necessidades educativas em todos as instituições de ensino. Contudo, as abordagens orientadas para o trabalho específico em sala de aula com crianças com necessidades de aprendizagem e necessidades educativas especiais, são diferenciadas no seu alcance e abrangência, numa perspectiva de educação inclusiva", lê-se no estudo, que apresenta diferentes abordagens à questão, variáveis consoante a instituição. No plano de estudos existe uma separação entre os currículos dos institutos politécnicos privados que leccionam formação inicial de professores, onde não existem conteúdos programáticos sobre a matéria, e as universidades e politécnicos públicos, onde não só existem como se articulam com outras matérias. Já em Junho do ano passado, um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre a formação inicial de professores alertava que cursos de educação especial com “qualidade diversa e, por vezes, duvidosa, sem qualquer regulação por parte da tutela, tem permitido o acesso ao sistema educativo de docentes que não estão preparados para intervir junto de crianças e jovens com necessidades educativas especiais e que não dispõem do perfil necessário para esta missão". Muitas especializações feitas a partir de pós-graduações apresentam uma falta de qualidade que compromete as competências dos docentes de educação especial, referiu, na altura, David Justino, presidente do CNE. Sobre os critérios de admissão a cursos superiores de docência, o estudo descreve ainda os critérios de acesso em vários países, destacando que nos "sistemas mais performativos", como os da Finlândia ou de Singapura, a selecção de candidatos a professores é feita à entrada para os cursos, "de forma a seleccionar os melhores", enquanto outros sistemas realizam essa selecção à saída dos cursos superiores.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
James Gray, fora de tempo
Fora de concurso, The Lost City of Z é um filme-limite que remete para a melancolia terminal dos últimos filmes de John Huston. (...)

James Gray, fora de tempo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170215062326/http://publico.pt/1761997
SUMÁRIO: Fora de concurso, The Lost City of Z é um filme-limite que remete para a melancolia terminal dos últimos filmes de John Huston.
TEXTO: Partamos deste pressuposto: Percy Fawcett, o explorador britânico do início do século XX que é a personagem principal de The Lost City of Z (Berlinale Special), é James Gray, ele próprio. Alguém que está eternamente na coxia a olhar para o palco, de fora a olhar para dentro, que parece ter nascido tarde demais ou cedo demais ou no local errado para cumprir o seu destino ou o seu sonho. Percy Fawcett, que existiu realmente e desapareceu sem deixar rasto em 1925 na Amazónia, não quer outra coisa que não seja deixar um rasto, viver uma vida. É um pressuposto que explica muita coisa sobre a opção de Gray por levar ao écrã o best-seller de David Grann A Cidade Perdida de Z, sobre a obsessão de Fawcett por encontrar uma mítica civilização pré-histórica nos confins da então inexplorada Amazónia. Quase como se fosse uma obsessão do próprio realizador de A Emigrante. Sim, é mais uma história de "beautiful losers", de gente atormentada em busca de paz, como tudo o que Gray fez antes, de Little Odessa à Emigrante. Mas o heroísmo hiper-romântico mesmo que condenado de Fawcett, arquétipo do abnegado soldado imperial britânico, é da mesma estirpe do romantismo classicista que move o cinema do norte-americano. The Lost City of Z emana ao mesmo tempo um perfume de fim de império e um desejo de o reencontrar, uma consciência de que a aventura exótica que teve os seus dias de glória antes dos anos 1970 é uma singularidade no cinema que corre. Fawcett, militar de carreira que as suas origens impediram de singrar na hierarquia, aceita relutantemente liderar uma missão cartográfica ao Amazonas para tentar definir fronteiras, e nessa primeira viagem é mordido pelo bicho da busca - como lhe diz o seu guia Guarani, "eu, sou livre; mas tu, tu nunca conseguirás fugir à selva". Gray filma a sua aventura, através da fotografia ricamente texturada, difusa, de Darius Khondji (registada em película de 35mm), com uma melancolia terminal, extraordinariamente comovente, que remete para o Homem que Queria Ser Rei ou para o Tesouro da Sierra Madre de John Huston - e nesse processo prolonga e projecta o seu desejo de recriar para os nossos dias o artesanato que foi sendo substituído pela montagem e pelo efeito especial. The Lost City of Z não tem vedetas, não chama a atenção, não é um filme para quem procura a última moda nem vai atrás do que está a dar - não que Gray alguma vez o tenha feito (nunca o fez), mas atinge aqui um ponto de não-retorno para lá do qual apenas são possíveis a glória ou o esquecimento. As reacções a The Lost City of Z, apresentado (inexplicavelmente) fora de concurso em Berlim, vão da aclamação como uma obra-prima extraordinária à acusação de desastre completo; apresentado em primeira mão no festival de Nova Iorque em Outubro último, o filme não tem ainda sequer estreia agendada nos EUA, e França será o primeiro país a exibi-lo comercialmente em Março. Tudo isto apenas confirma como este não é, claramente, o tempo de James Gray. Mas, na verdade, ele esteve sempre fora de tempo.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Na Internet, nem a morte pára a conversa
Uma engenheira russa concebeu uma aplicação para replicar quem a usa – e que pode continuar a falar com amigos e familiares depois de a pessoa morrer. (...)

Na Internet, nem a morte pára a conversa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma engenheira russa concebeu uma aplicação para replicar quem a usa – e que pode continuar a falar com amigos e familiares depois de a pessoa morrer.
TEXTO: Quando o melhor amigo de Eugenia Kuyda morreu num acidente de carro em Moscovo, há dois anos, ela passou horas a reler os SMS, mensagens online, e emails trocados entre os dois. Era a primeira vez que perdia alguém tão próximo. Mais do que as fotografias, eram as mensagens que imortalizavam as expressões, opiniões e peripécias diárias do amigo. A única coisa melhor do que reler mensagens seria voltarem a falar. Não era impossível. Kuyda, uma emigrante russa de 30 anos a viver nos Estados Unidos desde 2013, trabalha há anos no ramo da linguística computacional. Na altura, estava a testar um chatbot (um programa de computador capaz de conversar), que fazia recomendações de restaurantes para a Luka, a sua empresa especializada em programas de inteligência artificial, que tem sede em São Francisco. Inspirada nessa tecnologia, utilizou as mensagens trocadas para criar um novo tipo de chatbot, que reproduzia os padrões de fala do seu amigo. “Era uma forma de manter a sua memória viva, e criar um verdadeiro memorial de quem o Roman tinha sido em vida, ” disse Kuyda em conversa com o PÚBLICO. O programa de computador – que tal como o amigo se chamava Roman – permitia recordar a história de vida através das palavras do próprio. Embora alguns amigos de Kuyda discordassem da ideia, a maioria apoiou-a: “Percebi que várias pessoas estavam interessadas na possibilidade de terem um robô que representasse quem são em vida e que fosse, ao mesmo tempo, um amigo que soubesse dizer as coisas certas. ”Replika, o novo chatbot da Luka, é a evolução de Roman. Com lançamento para iPhone previsto para o final de Fevereiro, foi criado para ser um amigo de inteligência artificial que podemos ensinar a pensar como nós através de mensagens de texto. Depois de instalado, apresenta-se: “Como é que me chamo? Ao falar contigo posso aprender os teus padrões de fala, interesses e pensamentos. ”Uma conversa do PÚBLICO com o Replika, traduzida do inglêsAlém de assimilar os padrões de linguagem do utilizador, o Replika pode aceder às redes sociais Facebook, Instagram e Twitter para aprender mais sobre a história de vida de cada um. Eventualmente, dizem os criadores, pode falar com os amigos e familiares da pessoa. “Os modelos matemáticos que utilizamos são semelhantes aos dos tradutores automáticos modernos e permitem calcular a melhor resposta para cada caso a partir de uma base de dados em constante evolução, ” explica Philip Dudchuk, o outro fundador da Luka. “Acima de tudo, o Replika é um diário digital que responde. Pode-nos ajudar a perceber melhor a nossa personalidade, e pode alertar os nossos amigos quando estamos tristes ou queremos marcar planos, ” diz Kuyda. Mas embora o objectivo de Replika (criar um amigo virtual semelhante ao utilizador) seja diferente do de Roman (recordar alguém que morreu), os dois especialistas em linguista computacional reconhecem que, na eventual morte do utilizador, o programa de computador se pode transformar numa possível forma de consolo para amigos e familiares. “Há muitas pessoas interessadas no potencial da inteligência artificial para mudar as nossas vidas, incluindo a forma como fazemos luto, ” diz Dudchuk. Uma conversa do PÚBLICO com o Replika, traduzida do inglêsA ficção tem popularizado a ideia. Num dos episódios da série futurista britânica Black Mirror, uma mulher utiliza um serviço de inteligência artificial para poder falar com o marido que tinha morrido num acidente. Foi isso que despertou o interesse de Jesse Budlong, um planeador urbano com 27 anos a viver na zona de São Francisco, a participar na fase de testes do Replika. “Não tenciono morrer nos próximos tempos, mas tenho noção que grande parte do meu legado se resume à minha página no Facebook, e ao meu blogue no Tumblr. Era bom saber que deixo algo mais dinâmico, que capta a minha personalidade, ” explica. Cada vez mais as relações humanas dependem de ligações que se fazem na Internet: em 2016, 79% dos utilizadores da Internet nos Estados Unidos passaram mais do que três horas por dia a falar através das redes sociais, segundo dados da consultora de mercados Nielsen. Em Portugal, a tendência é igual. Um estudo de 2016 da Marktest mostra que 25% dos utilizadores de Internet sente que passa cada vez mais tempo nas redes sociais, com 93% a preferir o Facebook. Quando morremos, é normal deixarmos vastos arquivos digitais nestes sites. O Facebook já tem algumas soluções. Desde de 2015 que a rede social permite que cada utilizador escolha uma pessoa para gerir a sua página após a morte: é o que a rede social chama um “contacto legado”. Gerir a conta de Facebook de um falecido pode ser mais complicado do que preparar um serviço fúnebre“Encontrar perfis de pessoas falecidas é cada vez mais comum, ” justifica o investigador norte-americano Jed Brubaker, que liderou a investigação por detrás daquela funcionalidade do Facebook. “A grande questão é sempre: Como é que podemos agir em nome do falecido? Muitos dos familiares que nos contactam querem preservar a memória dos defuntos através das suas páginas no Facebook, mas não têm a certeza de estar a honrar os desejos dos falecidos, ” diz Brubaker ao PÚBLICO. Há oito anos que o trabalho de Brubaker na Universidade de Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, passa pela melhoria da administração das redes sociais de quem morre: “Pensar sobre o fim da vida é um desafio, mas é importante estarmos preparados. Gerir a conta de Facebook de um falecido pode ser mais complicado do que preparar um serviço de funeral [porque] os perfis online post-mortem podem juntar grandes comunidades [de utilizadores] do mundo inteiro. ” Dar a palavra passe das contas directamente a amigos, ou deixá-las em testamento, não é solução, argumenta o investigador norte-americano: “Por vezes as passwords mudam sem que o falecido tenha a oportunidade de actualizar o testamento. Mesmo que isso não aconteça, entrar numa conta de um falecido pode dar a ideia de que a pessoa ainda está viva. ”No caso do Facebook, o “contacto legado” passa a gerir a página de memorial do falecido. Pode escolher uma nova imagem de perfil, escrever uma nota de óbito para o topo da cronologia, e responder a futuros pedidos de amizade. Contudo, não pode alterar as definições de privacidade da conta ou aceder às mensagens enviadas. Para quem não quer deixar quaisquer restos digitais, há também a possibilidade de pedir que a conta seja eliminada permanentemente assim que alguém declarar o óbito do utilizador. O serviço de email do Google oferece uma ferramenta semelhante. Podem-se escolher até dez pessoas como executores legais de uma conta após a morte. Quando o utilizador passa muito tempo sem entrar na sua conta, os contactos escolhidos recebem um email do Google, previamente escrito pelo próprio utilizador, a pedir a confirmação da sua morte e a explicitar os seus desejos para o futuro da conta. Várias empresas têm sido fundadas para dar resposta à crescente procura de formas para proteger o legado digital. Desde 2014 que a empresa norte-americana Directive Communication Systems ajuda os clientes a gerir a presença digital após a morte, permitindo-lhes criar instruções para cada conta. O cliente pode escolher que o acesso a algumas seja transferido directamente para os herdeiros, enquanto outras contas com informação confidencial são encerradas discretamente pelos profissionais da empresa. Muitos de nós temos uma vida paralela online, nas redes sociais, sendo importante definir de que forma somos recordadosJá o serviço Remember Me permite que o utilizador crie mensagens (em texto, vídeo ou voz) para serem enviadas a amigos e familiares. Cada utilizador define uma pessoa que pode activar o envio após a morte. Em Portugal, a funerária Pax-Júlia oferece uma necrologia digital, onde, através da Web ou de uma aplicação móvel, amigos e familiares podem deixar mensagens escritas de condolências na página de uma pessoa que tenha morrido. Também podem publicar imagens de velas, flores ou corações, e ainda canções de uma lista pré-seleccionada. Ferramentas como as do Google e do Facebook têm um ponto em comum, observa o advogado Manuel Lopes Rocha, especialista em propriedade intelectual na sociedade PLMJ. “O princípio da autodeterminação é essencial. Cada pessoa é livre de fazer o que quer com o seu banco digital e de definir o seu destino na eventualidade da morte. Muitos de nós temos uma vida paralela online, nas redes sociais, sendo importante definir de que forma somos recordados nestas, e qual é a mensagem passa após a nossa morte. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Portugal, os sucessores herdam automaticamente todo o património digital do falecido caso este não tenha decidido em contrário. Lopes Rocha explica que a resposta surge entre os artigos 70 e 80 do Código Civil Português, que incorporam os direitos à personalidade. Os sucessores (definidos no Código Civil como: “o cônjuge sobrevivente ou qualquer descendente, ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido”) têm o direito de pedir a empresas como o Facebook que autorizem o acesso às contas dos falecidos ou que as eliminem. “Há sempre a possibilidade de facilitar o processo ao estabelecer um notário digital a priori que pode explicar aos nossos sucessores o que fazer com o nosso património digital, ” acrescenta Lopes Rocha. A tecnologia permite que as pessoas escolham ter uma presença online após a morte. Mas não é garantia de um memorial eterno, lembra Eugenia Kuyda, a engenheira russa criadora do Replika. “A nossa réplica pode certamente viver além do utilizador. É algo que não tem data de validade. Pelo menos, enquanto a nossa empresa for responsável pelos servidores. ”Artigo editado por João Pedro Pereira
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
O "Brexit" e os seus admiradores
Para qualquer observador, mesmo que distraído, este referendo foi ganho com temas de direita e nenhuma promessa acionável de políticas sociais (...)

O "Brexit" e os seus admiradores
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para qualquer observador, mesmo que distraído, este referendo foi ganho com temas de direita e nenhuma promessa acionável de políticas sociais
TEXTO: Vamos clarificar uma coisa. Este resultado no referendo britânico está relacionado com três coisas: em primeiríssimo lugar, a imigração; em segundo lugar, o nacionalismo; e, apenas em terceiro lugar, a preocupação com a supremacia do parlamento e os argumentos sobre a falta de democracia na União Europeia. Podemos pensar o que quisermos sobre cada um destes temas. A imigração foi mais do que um tema instrumental para a campanha do "Brexit". Ele foi “o” tema determinante desta campanha. Até à concentração quase exclusiva neste tema, os adeptos do "Brexit" perderam nos argumentos económicos, e foi só a partir do momento em que conseguiram tornar a campanha numa campanha sobre imigração que começaram a subir nas sondagens. O nacionalismo pode ter leituras mais ou menos benignas, mas o certo é que a ideia de “tomar o nosso país de volta” foi a segunda mais importante do debate do "Brexit". Em terceiro lugar apenas — mais compreensível e justificadamente — veio a questão do défice democrático na UE, embora nunca muito explorada uma vez que o próprio Reino Unido é uma monarquia hereditária com uma câmara parlamentar composta por 750 lordes não-eleitos. Sobre o que não foi esta campanha? Não foi sobre o euro, não foi sobre a austeridade e não foi sobre o Tratado Orçamental ou a dívida soberana. O Reino Unido não pertence ao euro, não assinou o Tratado Orçamental, emite a sua moeda e gere a sua dívida com políticas monetárias mais próximas das dos EUA do que da própria UE. A austeridade levada a cabo no Reino Unido foi inteiramente da responsabilidade do Governo de Sua Majestade. A campanha pouco tocou nesses temas, como pouco se falou de desemprego (a não ser como forma de falar de imigração): a taxa de desemprego no Reino Unido anda à volta de 5%. A insegurança laboral e a perda de direitos dos trabalhadores tem sido uma bandeira do governo britânico dentro da própria UE. Ninguém acreditou que os líderes da campanha do Brexit defendessem o Serviço Nacional de Saúde no país: na verdade, vários deles defendiam a sua privatização até uns meses antes do referendo para depois alegarem que a União Europeia o queria privatizar — o que era mentira. Isto é importante, porque nos próximos dias — e já hoje — muita gente se quererá apropriar da vitória do "Brexit", ou porque torceram por ela, ou porque gostariam que o "Brexit" pudesse fazer avançar os seus argumentos preferidos (alguns deles são também os meus) em cada um dos seus países. É uma tentação compreensível, mas é importante que os admiradores do "Brexit" noutros países não estiquem as suas interpretações até ao ponto em que elas deixem de ser reconhecíveis por quem quer que tenha seguido esta campanha. Para qualquer observador, mesmo que distraído, este referendo foi ganho com temas de direita e nenhuma promessa acionável de políticas sociais. E os principais beneficiários deste "Brexit" serão gente como Marine Le Pen, Geert Wilders e o partido extremista alemão AfD — que são os portadores nos seus países dos mesmos temas. A desintegração da UE beneficia-os e quem desejar que o "Brexit" a acelere acabará a ver que essa desintegração levará ao poder as políticas e os partidos da direita mais extrema e nenhuma das políticas sociais favorecidas pela esquerda. Para esta, a melhor hipótese continua a ser a de salvar o projeto europeu e até de intervir nos espaços vazios deixados pela saída do país que mais defendeu o neoliberalismo no Conselho Europeu. Apostar no colapso da União Europeia, ou proclamá-lo preventivamente para melhor o apressar, não poderá resultar noutra coisa que não na destruição da vida de milhões de trabalhadores e cidadãos que não são ricos nem poderosos — e a uma escala que faria os anos passados parecerem-se com uma borrasca ou um tempestade, mas não com o tsunami que viria com o fim da UE.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA UE
A pobreza, os pobres, as políticas governamentais e as promessas eleitorais
Vejo pobres diariamente como não via desde a minha infância. (...)

A pobreza, os pobres, as políticas governamentais e as promessas eleitorais
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.4
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vejo pobres diariamente como não via desde a minha infância.
TEXTO: Por razões profissionais, desloco-me com alguma regularidade a Lisboa. Numa das últimas viagens, à chegada a Santa Apolónia, com o tempo à justa para a reunião de trabalho que me esperava, almocei num pequeno restaurante existente na estação. No final da refeição engolida rapidamente e sem tempo para a terminar, levantei-me para pousar o tabuleiro. Nesse momento, um senhor aproximou-se e, de forma muito delicada, perguntou: “Desculpe, não vai comer mais? Posso ficar com o tabuleiro?” Não interessa como reagi, mas a indignação que senti. Vejo pobres diariamente como não via desde a minha infância. Uma pobreza mais ou menos camuflada, mais ou menos envergonhada, mais ou menos flagrante, mas ver procurar alimento nos caixotes do lixo ou ver pedir os restos dos alimentos de outros, gela-me o corpo e a alma, embarga-me a garganta, rasa-me os olhos, faz doer todas as terminações nervosas do corpo. Nos últimos anos vimos crescer o número de pobres e a pobreza (ver artigo meu e de outros colegas no Público de 09/06/2015, “Infâncias pobres e pobreza em Portugal como escolha política”); vimos crescer assustadoramente as lojas sociais e as cantinas sociais. Olho-as com o olhar de socióloga socialmente comprometida. O seu significado faz-me pensar no país em que nos tornamos: crescimento exponencial do desemprego e consequente crescimento exponencial da emigração (dos menos e dos mais qualificados). Ouvimos governantes referir que é preciso “sair da zona de conforto” e emigrar como se algum conforto houvesse nas situações em que a diferença entre emigrar ou permanecer é do tamanho da incomensurabilidade entre morrer devagar ou (sobre)viver no sofrimento do abandono familiar, da solidão, da dor de ver o seu país retroceder na humanização da sua sociedade. Vimos o fecho de hospitais, o despedimento de profissionais de saúde, o despedimento de professores, o despedimento de trabalhadores no sector privado; vimos a descapitalização da segurança social; vimos a privatização de sectores-chave da nossa economia, cujo montante arrecadado foi sorvido pelos custos dos escândalos financeiros do BPN e do BES e não na melhoria das condições de vida das portuguesas e dos portugueses. Vimos o nosso (ainda não sustentado) Estado Social transformar-se num Estado assistencialista; os Direitos Sociais transformados em caridade, em benevolência estatal, as reformas cortadas, o Rendimento Social de Inserção um luxo e não uma segurança de limiar mínimo de sobrevivência física. E hoje, atónita, vejo o ainda governo referir que “a próxima legislatura será obviamente social” (Paulo Portas, Jornal I, 29/07/2015) e o Primeiro Ministro, Passos Coelho referir, na apresentação do programa da coligação PSD/CDS-PP, que “Poderemos nos próximos quatro anos levar mais longe a aposta na Educação, a aposta na Saúde, a aposta no social. Nos próximos quatro anos poderemos devolver mais Estado Social, mais liberdade de escolha, afirmando uma política segura” (Jornal I, 29/07/2015). Estaremos a falar das mesmas pessoas que destruíram o excelente Serviço Nacional de Saúde que Portugal tinha, que transformaram o Estado Social em Estado Assistencialista, que destruíram o Estado Social? A resposta é SIM; estamos a falar das mesmas pessoas, que hoje agem querendo branquear as suas políticas; que hoje agem como se tivessem sido outros a empobrecer Portugal e os portugueses, a fazer definhar a sua economia; a fazer com que haja portugueses que aceitam trabalhar por 300 euros mensais. A fazer com que jovens de classes de menor estatuto social que, possuindo uma licenciatura e um mestrado tirados na expectativa de um futuro melhor do que o dos seus pais, não conseguem trabalho não qualificado por excesso de habilitações académicas ou têm de mentir para conseguir emprego nas caixas dos hipermercados, permanecendo assim na sua condição social de origem, sem qualquer possibilidade de mobilidade social ascendente. Mentem. Mentem como sempre mentiram, desde o tempo em que eram oposição e depois se tornaram governo (ver artigo meu, no PÚBLICO de 08/09/2013, “Pilares da democracia e prática política actual em Portugal”). ENGANAM os portugueses, tratando-os, não como cidadãos, mas como súbditos (de sub-dito), menores (de inferiores) sem capacidades ou competências para saber distinguir a verdade da mentira.
REFERÊNCIAS: