Levar a escola até ao cão para tentar perceber o seu ponto de vista
No dia em que entra em vigor uma nova legislação que endurece a pena para donos e criadores de cães perigosos, o PÚBLICO mostra outra realidade para quem sempre quis ter um cão. (...)

Levar a escola até ao cão para tentar perceber o seu ponto de vista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: No dia em que entra em vigor uma nova legislação que endurece a pena para donos e criadores de cães perigosos, o PÚBLICO mostra outra realidade para quem sempre quis ter um cão.
TEXTO: Tem apenas cinco meses mas já se sabe sentar e deitar sozinho, nunca precisou de fraldas e (às vezes) responde pelo nome. Contudo, por enquanto, ainda não consegue conter os pulos, uns latidos com som de choro e umas lambidelas quando chegam visitas – mas está no bom caminho com ajuda de aulas. A escola vem a sua casa. O aluno chama-se Baruch e é um Schnauzer Miniatura. Pede festas durante a entrevista ou dorme. Quanto a falar, não se importa de passar a palavra. A sua história é contada pela dona, Raquel Alves, e pela treinadora de cães Alexandra Santos. Raquel Alves vive em Lisboa há dois anos e sempre quis ter um cão. Prestes a terminar o seu doutoramento em Paris achou que seria a altura de dar o passo. “Escolhi o Baruch, um Schnauzer Miniatura porque não tenho um apartamento assim tão grande e pelo que me informei antes de o adquirir é um cão muito sociável tanto com adultos como com crianças e que se adapta muito bem a espaços pequenos. Para quem tem alergias, que não é o meu caso, não larga pêlo praticamente nenhum”, explica Raquel, enquanto segura no cachorro enfeitado com um laço vermelho ao pescoço e uma chapa com o seu nome e contactos para o caso de se perder. Para a treinadora Alexandra Santos, que está agora a ajudar o Baruch a aprender mais depressa o que é esperado de um cão no mundo dos humanos mas sempre “tentando perceber o seu ponto de vista”, esta é a situação ideal: olhar para o nosso estilo de vida e para a nossa casa antes decidir que cão comprar ou adoptar e, depois, trabalhar com os animais antes de surgirem problemas mais sérios. Uma vocação encontrada com a boxer PeggyAlexandra tem 52 anos e desde a década de 80 que começou a treinar cães. “Tinha seis anos quando os meus pais me ofereceram a minha primeira cadelinha, a Peggy, uma boxer. Senti logo uma grande afinidade e até me dava melhor com cães do que com pessoas”, conta. Chegou a passar por Psicologia Clínica na universidade, ainda quando vivia na África do Sul, mas rapidamente percebeu que esse não era de todo o caminho. Especializou-se em formação e treino de obediência no Boxer Club da África do Sul e depois aprofundou os conhecimentos no Animal Care College, no Reino Unido, e no Companion Animal Sciences Institute, no Canadá. Dá aulas particulares, sempre na casa do cliente ou no espaço combinado. Agora, perante a falta de informação fidedigna que considera haver na Internet para quem quer escolher um cão e, depois, treiná-lo por conta própria, Alexandra deu um novo passo e acaba de publicar o livro “O meu cão e eu” (Ed. A Esfera dos Livros). O livro passa por vários temas. A escolha do cão, as características de algumas raças, os cuidados a ter em termos de veterinário e alimentação, a preparação para a chegada de um bebé ou para quando o cão é sénior, alguns princípios relacionados com o treino, as recompensas e o castigo, ou os brinquedos, entre muitos outros. “Infelizmente na Internet há muita informação pouco fidedigna e as pessoas ficam sem saber o que fazer. Muita coisa não tem fundamento científico nenhum porque a ciência é uma coisa chata de se ler”, diz a treinadora, que lamenta que as pessoas acabem por se guiar pelos mitos e “histórias de encantar de que o cão descende do lobo e é um animal de matilha que chega a casa e tenta mandar no dono”. Cães que mordiscam ou que mordem mesmo, que são desobedientes, que saltam para as pessoas, que puxam muito a trela, que ladram demasiado, que não conseguem estar sossegados ou que têm ansiedade quando se separam do dono são os problemas mais comuns para quem procura a ajuda de Alexandra Santos, que prefere que sejam sempre os donos a dizer porque querem as aulas e o que pretendem ver resolvido. Mas também já teve pedidos “ridículos”, como tentar que um cão de interior se habituasse a viver na rua e a não pedir atenção às pessoas. Deu uma aula e não quis mais. As recompensas de Baruch na quarta aulaBaruch está na quarta aula. As duas primeiras foram em casa, para aprender a fazer as necessidades no sítio certo. Agora treina na rua. O PÚBLICO assistiu à quarta aula, em que o Schnauzer está a aprender a andar ao lado da dona sem puxar a trela, a parar antes das passadeiras e a obedecer sempre que é chamado pela dona – mesmo que esteja a ser distraído com comida por outra pessoa. Quando recebe uma ordem de Alexandra ou de Raquel (que deve ser sempre dada da mesma forma e com palavras simples) e passa a prova com sucesso, logo no momento é feito um barulho com a ajuda de um aparelho chamado “clicker” e dada uma guloseima como recompensa. Quando falha, fecha-se a recompensa na mão e mostra-se a Baruch o que perdeu. O aparelho serve apenas para tornar mais rápida a associação do cumprir a ordem à recompensa. “É um trabalho de equipa. O que faço na realidade é ensinar as pessoas a treinarem os seus cães”, diz Alexandra. Isto porque Alexandra é adepta da escola pavloviana em que se recompensa e em que mostra ao cão o que pretendemos em vez de o castigarmos. “Quando damos um castigo um cão não está necessariamente a aprender o que deve fazer. Quanto muito aprende o que não deve fazer. Então vai por tentativas e vai sendo castigado até acertar na coisa certa. Muitas vezes o castigo não tem a função de educar mas de aliviar a nossa própria frustração e é preferível focarmo-nos naquilo que queremos que o cão aprenda e recompensar tudo o que ele faz bem feito. Quando já sabe, na fase de manutenção de um comportamento, só damos a recompensa de forma aleatória até deixar de haver recompensa”. Um truque está em ter muitos brinquedos, para redireccionar a atenção do cão e evitar o tédio porque, brinca a treinadora, ele “não sabe ligar a televisão ou limar as unhas” para se entreter. Mito do “líder da matilha”A especialista não concorda, por isso, com o mito de haver um líder da matilha que se espalhou ainda mais com alguns programas de televisão, nomeadamente com o famoso “Encantador de Cães”, de Cesar Milan. Para Alexandra Santos a metodologia da matilha é um “paradigma perigoso”. E dá um exemplo: quando um cão se encurrala porque está com medo e o dono o arrasta corre o risco de numa segunda ou terceira repetição de ser mordido e não é por o cão estar a ser dominante, mas simplesmente por estar com medo. “Fizemos o que não devíamos ter feito. Forçar. Até um ser humano nesta situação seria assim e não poderíamos dizer que estava a ser dominante. Porque é que há essa fixação da dominância com os cães? O cão doméstico já não é lobo, é cão. Tem comportamentos e um cérebro diferente”, acrescenta. Aliás, segundo a especialista, “as hierarquias não são estabelecidas entre membros de espécies diferentes. Em qualquer programa nunca vemos crocodilos a estabelecer hierarquias com hipopótamos e um cão sabe perfeitamente que nós não somos cão. Mas como tem um sistema de comunicação muito mais limitado comunica connosco como comunica com os outros cães”. Além disso, Alexandra defende que muitas vezes são os humanos a dar os sinais errados. “Se um cão é agressivo e nós fugimos ele aprende que a agressividade resolve os problemas todos, mas isso não significa que esteja a ser dominante”. Apesar destes propósitos gerais, a treinadora defende que a decisão de ter um cão deve ser muito ponderada, assim como o animal a escolher. O primeiro passo a dar é decidir se queremos um cão de exterior ou de interior. “Partindo do princípio que queremos que seja de interior temos de saber o nível de energia daquele cão. Um Jack Russell é pequenino mas é uma pilha eléctrica e as coisas podem não correr tão bem como com um São Bernardo que é mais pachorrento e que, no entanto, é enorme. A escolha tem a ver não tanto com o tamanho mas mais com o tipo de energia do cão”, explica. Conhecer a história dos pais ou confiar nas associaçõesA treinadora aconselha que os donos tentem sempre conhecer os pais e a história do cachorro e, nos casos de quem adopta, que confiem nos conselhos das associações e canis, já que as pessoas tendem a guiar-se apenas pelo aspecto físico do cão. Destaca também a importância de não tirar os cães muito cedo da mãe, pois a dependência que tinham pode ser transferida para o dono e gerar, no futuro, problemas como ansiedade em relação à separação. “Claro que uma boa sociabilização desde o início e uma boa educação acaba por contornar muitos dos problemas iniciais, mas não podemos esquecer a carga genética de um cão”, defende, sublinhando que a regra é para qualquer cão e não apenas para as raças ditas potencialmente perigosas, como se tende a pensar. “Eu não consigo pôr um cão de pastoreio a guardar e muito dificilmente conseguirei treinar um cão de guarda para fazer pastoreio”, ironiza. E acrescenta que deve haver especial cuidado quando há crianças, sendo importante escolher um cão com “temperamento equilibrado” e que “tolere muito o toque”. Porém, alerta que há uma coisa a que chama a “lua-de-mel” e que são as duas primeiras semanas do cão em casa, em que normalmente não revela totalmente a sua personalidade, pelo que é importante que os donos estejam atentos a todos os sinais. Já quando está para chegar um bebé à família, é importante que o cão não seja excluído e que cheire as coisas do bebé e o quarto ainda antes do nascimento e que comece a ver alguns gestos como embalar ou mudar fraldas, nem que seja com treinos num boneco. Questionada sobre se todos os cães precisam de um treinador especializado, Alexandra diz que apesar de ser a situação ideal que “os donos fazem muita coisa bem por intuição”, e lembra que antes de haver treinadores as pessoas já tinham cães. O único alerta que deixa é que na hora de escolher alguém, que se veja bem o currículo, pois há muitos amadores. E apela a que as pessoas não adiem demasiado as decisões, pois é mais difícil educar um cão com vícios de muitos anos. No caso de Raquel e de Baruch a opção foi precisamente antecipar problemas e garantir que vai poder aproveitar a companhia do seu cão da melhor forma. Por agora o pequeno de cinco meses está no ensino mais “básico”, mas Raquel diz que quando tiver tempo gostaria que o seu cachorro fosse mais longe dos estudos. Baruch parece gostar das brincadeiras e aprende rápido a conquistar as recompensas. Mas, no final de cada aula, procura uma zona fresca e não resiste a uma soneca. Se for acompanhada de festas na barriga, melhor.
REFERÊNCIAS:
Arrotos de vaca: uma fonte de energia alternativa
Mochila nas costas das vacas criada para recolher os gases produzidos durante a digestão, permitindo a produção de biocombustível. (...)

Arrotos de vaca: uma fonte de energia alternativa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.13
DATA: 2013-10-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mochila nas costas das vacas criada para recolher os gases produzidos durante a digestão, permitindo a produção de biocombustível.
TEXTO: Já imaginou uma vaca de mochila às costas? E com um tubo ligado directamente a um dos seus quatro “estômagos”? É precisamente isso que uma equipa de cientistas argentinos pretende fazer, para recolher os arrotos das vacas. Tudo para ajudar a reduzir os gases com efeito de estufa emitidos pelos bovinos. A produção de energia, para a indústria ou para os transportes, é a principal responsável pela emissão de gases com efeito de estufa, por estar ainda demasiado dependente da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão. Mas a produção animal representa também um dos grandes factores de emissão destes gases, contabilizando já 14, 5% dos gases de efeito estufa devido às actividades humanas, segundo um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). “Como os bovinos libertam gases com efeito de estufa para a atmosfera, propomos uma forma económica e prática de sequestrar essas emissões e utilizá-las como substituto energético”, anuncia Guillermo Berra, coordenador do grupo de Fisiologia Animal do Instituto Nacional de Tecnologia Agro-pecuária (INTA), em Castelar (na Argentina), num comunicado do instituto. A retenção e o aproveitamento dos gases, em particular do metano, produzido pelas vacas, foram testados pelos investigadores do INTA, para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e contribuir para a produção de biocombustível, uma fonte de energia alternativa aos combustíveis fósseis. Solução de particular importância num país como a Argentina, um dos maiores consumidores e exportadores de carne de vaca do mundo. Dispositivo experimentalO relatório da FAO reforça a importância de mitigar a emissão de gases com efeito de estufa na produção animal: 45% são emitidos durante a produção de alimento para os animais e 39% dizem respeito aos gases libertados pelos próprios animais como resultado dos processos digestivos. A produção de carne de vaca e de leite representam 65% dos gases da produção animal total. Durante a digestão nas vacas, e restantes animais ruminantes, o alimento é forçado a passar em vários compartimentos, de forma a optimizar a digestão das fibras alimentares. No primeiro compartimento, o rúmen, inicia-se a digestão da celulose (açúcar complexo, constituinte das plantas), onde vários microrganismos degradam as paredes celulares vegetais. Resultam compostos essenciais ao animal, que serão absorvidos ou passarão ao próximo compartimento, o retículo. Gases como metano e dióxido de carbono são então libertados. O INTA desenvolveu um dispositivo experimental, que canaliza os gases directamente do rúmen para um reservatório, noticiou a agência Reuters. É composto por um sistema de válvulas, bombas e tubos ligados a uma mochila de plástico, que está presa no dorso do animal. O tubo de ligação ao rúmen implicou uma incisão de apenas dois milímetros, com anestesia, e a mochila não pesa mais de 500 gramas. 300 litros de metano por dia“Dependendo da alimentação e do tamanho do animal, uma vaca adulta poderá produzir 1200 litros de gases por dia, dos quais 250 a 300 são metano”, refere Guillermo Berra. Estes gases assim obtidos serão sujeitos a um processo de purificação: retira-se o dióxido de carbono e o ácido sulfídrico, ficando um gás enriquecido em metano, que por sua vez poderá ser comprimido e engarrafado. “Naqueles lugares onde as redes [de energia] não chegam, os produtores teriam uma alternativa para cozinhar, iluminar as suas casas e, inclusivamente, abastecer os veículos”, afirma Guillermo Berra. Ricardo Bualo, outro investigador do projecto, exemplifica o que se pode fazer com os cerca de 300 litros de metano libertados todos os dias pelas vacas: “Podem ser utilizados para pôr a funcionar, durante um dia, um frigorífico de 100 litros de capacidade, a uma temperatura entre os dois e os seis graus. ”Quando interrogado sobre as questões éticas e de bem-estar animal, o veterinário Guillermo Berra garante que todos os cuidados e respeito pelos animais foram tidos em consideração e que as vacas terão uma vida perfeitamente normal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave carne vaca animal
Assunção Cristas não quer portugueses com mais de dois cães por apartamento
Ministério da Agricultura apresentou aos parceiros sociais projecto de Código do Animal de Companhia que várias associações do sector contestam, embora outras aplaudam. (...)

Assunção Cristas não quer portugueses com mais de dois cães por apartamento
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.5
DATA: 2013-10-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ministério da Agricultura apresentou aos parceiros sociais projecto de Código do Animal de Companhia que várias associações do sector contestam, embora outras aplaudam.
TEXTO: O Ministério da Agricultura prepara-se para fazer aprovar um diploma legal sobre animais de companhia em que limita a dois o número de cães permitidos por apartamento. No caso dos gatos, esse número sobe para quatro, não sendo porém permitido ter mais do que quatro animais por fogo, a não ser que haja um quintal ou que os bichos morem numa quinta. Apesar de se limitar, neste aspecto, a actualizar a lei em vigor, que já proibia a existência de mais de três cães ou quatro gatos por apartamento, o projecto de diploma do ministério de Assunção Cristas traz grandes alterações à actual situação. Desde logo, explica uma docente da Universidade de Coimbra, Sandra Passinhas, porque quem hoje em dia quiser apresentar queixa por um vizinho ter mais animais do que o estabelecido deve invocar problemas sanitários ou relacionados com ruído. "É uma lei fraca", observa a especialista. Já o futuro diploma "é uma lei forte: basta haver uma queixa para a respectiva câmara ter o dever de retirar do apartamento os animais em excesso", independentemente dos incómodos que eles causem ou não à vizinhança. "Se o texto legal for por diante nestes termos, iremos lutar para que seja revogado", promete o presidente da Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia, Jorge Cid, que teme as "gravíssimas implicações" que a proibição poderá acarretar para quem gosta de animais. "Imagine que possuo um casal de cães e que gostava de ter um filho deles. Tenho de matar o pai ou a mãe para poder ter um cachorro?", interroga. A excepção à regra são os detentores de raças nacionais puras registadas, que podem alojar até dez animais nos prédios rústicos ou mistos para melhorarem o património genético. Uma prerrogativa que indigna a presidente da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, Maria do Céu Sampaio: "Discordamos que um criador possa alojar dez animais desde que salvaguarde a saúde pública e o bem-estar animal e qualquer pessoa que goste de animais e reúna as mesmas condições esteja proibida de o fazer. "A Liga contesta o facto de não ter sido ouvida pela tutela para a elaboração deste código. Entre os parceiros consultados pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, entidade responsável pela elaboração do Código do Animal de Companhia, está o Clube Português de Canicultura. Aqui elogia-se o resultado obtido, até porque esta associação ajudou a tutela a definir algumas das linhas mestras do diploma. Quando ouviu falar no limite de dois cães por domicílio, o advogado Victor Veiga, consultor jurídico do clube e autor de dois livros sobre raças caninas, admite que a sua primeira reacção foi de rejeição. Hoje defende a opção como forma de reduzir as querelas entre vizinhos. "Em zonas de grande densidade urbana é evidente que esta limitação se justifica", observa, acrescentando que não serão muitas as pessoas afectadas pela medida: "Dificilmente se vê na rua alguém com mais de três cães à trela. " Depois, sublinha, as novas restrições não se aplicam a quem já tiver um número superior de animais registados ao abrigo da anterior lei. A jurista da Universidade de Coimbra tem, porém, muito menos certezas neste capítulo: "O código não o esclarece. E se a intenção fosse a de permitir essas situações a formulação do texto legal seria outra. "O facto de ter conseguido fazer o Ministério da Agricultura aumentar o número de animais permitidos até seis no caso de raças não registadas, se a habitação dispuser de pelo menos de um quintal, é considerado uma vitória pelo representante dos canicultores. "Quem quer mais cães arranja maneira de ter uma casinha na província", sintetiza. As limitações são também aplaudidas pela Associação dos Médicos Veterinários dos Municípios, que entende que mesmo a manutenção do número de animais preexistentes deve, quando ultrapassar os limites da futura lei, ser sujeita a parecer vinculativo do veterinário municipal. "O limite do número de animais é fundamental no que respeita à segurança e bem-estar de pessoas e animais", sublinham. O Ministério da Agricultura recusou-se a explicar as suas intenções ao PÚBLICO, tendo um dos seus assessores de imprensa, Daniel Pessoa e Costa, alegado que o diploma ainda não foi a Conselho de Ministros, não sendo, portanto, um documento fechado. Seja como for, já em Junho passado a Assembleia dos Açores lhe deu o seu voto favorável, em sede de apreciação da subcomissão de economia. "Só no prédio onde moro, junto à Quinta das Lágrimas, há seis cães, que pertencem a dois apartamentos", contabiliza Sandra Passinhas, que não põe, porém, em causa a legitimidade do Estado para aplicar estas restrições e admite a existência de casos em que uma imposição legal deste tipo possa fazer falta. Para a associação Animal, que não compreende como é possível os regulamentos de condomínio passarem a poder estabelecer limites ao número de animais inferiores aos da lei, tudo deve depender da dimensão da habitação e das condições económicas dos donos. Também a Ordem dos Veterinários se mostra absolutamente contrária à forma como o Ministério da Agricultura quer restringir o número de animais por domicílio. "Se houvesse uma limitação do número de animais por metro quadrado eu percebia. Desta forma é patético", observa a bastonária, Laurentina Pedroso, para quem a lei em preparação não traz nenhuma melhoria em relação aos diplomas que se encontram actualmente em vigor. A mesma responsável deixa uma pergunta: "Alguém impede alguém de ter dez filhos?"
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Palavras-chave direitos lei filho cães animal
História de criança atacada por cão termina com gata heroína e cão eutanasiado
Jeremy foi mordido por Scrappy numa perna. Após quarentena, o cão foi abatido por decisão do dono. (...)

História de criança atacada por cão termina com gata heroína e cão eutanasiado
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jeremy foi mordido por Scrappy numa perna. Após quarentena, o cão foi abatido por decisão do dono.
TEXTO: O vídeo de uma gata a salvar um rapaz de quatro anos de um cão correu o mundo e tornou-se viral. A rapidez da felina Tara impediu que Jeremy Triantafilo sofresse mais ferimentos — a criança foi mordida numa perna — e valeu-lhe o título de heroína. O cão Scrappy continuou a ter um comportamento considerado agressivo depois do incidente e acabou por ser abatido, apesar dos protestos de defensores dos direitos dos animais. No vídeo captado por câmaras de vigilância em Bakersfield, Califórnia, Jeremy brinca com uma bicicleta no passeio, quando é atacado por um cão. Mordeu-lhe na perna esquerda e arrastou-o violentamente, até que Tara, a gata da família Triantafilo, entrou em acção, atirando-se contra Scrappy, que rapidamente fugiu. O vídeo (que contém imagens que podem ser consideradas sensíveis) foi colocado por Roger Triantafilo no YouTube, com o título: “Um gato salvou o meu filho”. O rapaz sofreu uma mordedura numa perna e foi suturado com dez pontos. Quanto ao cão, que pertencia a um vizinho da família, foi colocado sobre vigilância animal durante dez dias após o incidente e acabou eutanasiado. Segundo funcionários do abrigo para animais onde esteve após o ataque, Scrappy eram agressivo com o pessoal e tentou morder pelo menos dois deles em algumas ocasiões. “O animal poderia talvez ser reabilitado pela família mas, pelo que percebi, seria um longo e difícil processo colocar de novo o cão sob os seus cuidados”, disse a mãe de Jeremy, Erica Triantafilo, à NBC. Durante os dez dias de quarentena, foi lançada uma petição por defensores dos direitos dos animais a pedir que o cão fosse poupado à eutanásia. O principal alvo de críticas foi o abrigo para animais que recebeu Scrappy. “Recebemos ameaças e e-mails dos que pensavam que tinha sido nossa a decisão de abater o cão. Esse não foi o caso. Temos 300 cães para quem estamos a tentar encontrar famílias e que nunca morderam ninguém. Neste caso, o dono [do cão] tomou uma decisão. Seguimos os desejos do dono”, explicou um dos elementos do abrigo, sublinhando que foi o homem que pediu que o cão fosse eutanasiado. O destino de Scrappy contrasta com o de Tara. A gata heroína tornou-se tão conhecida que foi mesmo a estrela num jogo de basebol em Bakersfield, onde teve a honra de lançar a primeira bola da partida. A família Triantafilo criou também uma página no Facebook de homenagem à sua gata - Tara Hero Cat. com agências
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Polícias salvaram 245 aves na maior feira de passáros do país
PSP e Instituto da Conservação da Natureza fiscalizaram o mercado de aves no Porto. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram devolvidos à liberdade. E sete pessoas foram detidas. (...)

Polícias salvaram 245 aves na maior feira de passáros do país
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.7
DATA: 2014-07-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: PSP e Instituto da Conservação da Natureza fiscalizaram o mercado de aves no Porto. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram devolvidos à liberdade. E sete pessoas foram detidas.
TEXTO: Cinco minutos foi quanto bastou para que a maior feira de pássaros do país, no Porto, visse substancialmente diminuído o número de aves à venda. Trinta e dois agentes da PSP levaram, numa acção relâmpago realizada de manhã cedo, 245 aves que estavam a ser comercializadas ilegalmente. A operação, neste domingo, acompanhada pelo PÚBLICO, provocou alvoroço entre as centenas de clientes do mercado improvisado na Cordoaria e os vendedores ganharam pressa. Alguns deixaram os carros e fugiram. A acção permitiu salvar as espécies que, em cativeiro, morreriam numa semana. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram depois devolvidos à liberdade no Parque Biológico de Gaia, enquanto os sete vendedores apanhados foram levados para a esquadra e responderão brevemente em tribunal. Arriscam uma pena que pode ir até um ano de prisão por crime de dano contra a natureza. Em oito anos, a Brigada de Protecção Ambiental da PSP do Porto (que existe desde 2006), já aplicou mais de três milhões de euros em coimas por infracções ambientais, entre as quais a venda ilegal de aves, derrame de resíduos e poluição atmosférica. “A PSP tem dado maior atenção a estes crimes que cada vez mais ocorrem”, disse o chefe daquela brigada, Rui Amaral, naquela que garantiu ser “a maior feira” do tipo. “Vim de Águeda de propósito comprar dois pássaros para oferecer. Já ia embora para apanhar o comboio e acontece-me isto. E agora?”, lamentava Raul Ribeiro, 64 anos, com dois tentilhões escondidos num saco. Garantia que era a primeira vez que ali tinha ido, mas a polícia já o conhece. “É um vendedor. Está cá sempre”, afirmou o chefe Amaral. O ardil é conhecido e usado por muitos naquela feira. Já não convence a PSP que ali estivera pela última vez em Dezembro. Há muito que os agentes memorizaram as caras dos vendedores ilegais do mercado que tem também uma parte substancial de comerciantes com licença do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Facilmente os quatro biólogos do ICNF, que acompanharam a operação também seguida pela Polícia Municipal do Porto, detectaram as ilegalidades. As aves tinham sido capturadas recentemente na natureza, explicou um dos especialistas, e aqueles comerciantes não estavam registados no ICNF. Um travesso, ali vendido por seis euros, custa numa loja autorizada mais de 150 euros. “Não posso criar pássaros em casa para os vender?”, perguntava um comerciante à PSP. O ICNF sustenta que não. O pânico das aves que um dos biólogos via numa gaiola era a garantia de que tinham sido apanhadas na natureza, de outro modo estariam habituadas ao cativeiro. “Muitas morrem de stress aqui, de tanto tentarem fugir”, dizia um especialista. Viam-se gaiolas mais pequenas do que uma caixa de cereais. E as minúsculas garras das aves, que respiravam aflitas, agarravam-se às grades de madeira. Alguns vendedores escaparam. Ao primeiro sinal da polícia largaram as gaiolas e os carros onde as tinham expostas, na mala. A PSP apreendeu três viaturas. “Este carro é meu. Não estou a vender nada. Não vai levar carro nenhum nem me vai levar a mim. Vocês têm deveres e eu tenho direitos”, dizia um homem, um velho conhecido da polícia. Quando vê que a astucia não o salva recorre à ira. “Aldrabões!”, chamava aos polícias agitando a feira. Acabou, também por isso, manietado e detido por injúrias. Nestas operações da PSP, diz Rui Amaral, os agentes enfrentam sentimentos contraditórios. Se por um lado ficam “satisfeitos por conseguirem libertar estas aves”, por outro, há uma “insatisfação inicial” quando “se detectam aves presas em tão más condições”. As que este domingo tiveram a sorte de se cruzarem com polícias na feira foram soltas pelas 13h00 no Parque Biológico de Gaia. Algumas dezenas, que estavam doentes e não conseguiam voar, serão tratadas na instituição durante uns dias até voltarem à liberdade na natureza.
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Entidades PSP
Drogba regressa ao estágio da Costa do Marfim
O avançado Didier Drogba, operado no sábado a uma fractura no braço direito, regressa hoje ao estágio que a Costa do Marfim está a realizar na Suíça, mas continua em dúvida para o Mundial 2010. (...)

Drogba regressa ao estágio da Costa do Marfim
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O avançado Didier Drogba, operado no sábado a uma fractura no braço direito, regressa hoje ao estágio que a Costa do Marfim está a realizar na Suíça, mas continua em dúvida para o Mundial 2010.
TEXTO: Drogba, que se lesionou nos primeiros minutos do jogo particular de preparação para o Mundial frente ao Japão, na última sexta-feira, foi depois operado "com sucesso", em Berna. Os costa-marfinenses disputam amanhã à noite o último encontro de preparação com uma equipa de Lausanne, sendo que no dia seguinte partem para a África do Sul. A Costa do Marfim defronta Portugal no próximo dia 15, naquele que será o primeiro jogo do Grupo G da fase final da competição - a Coreia do Norte e o Brasil completam o grupo.
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Palavras-chave marfim
Silves aprendeu com as mortes dos primeiros linces-ibéricos
O que se esconde para lá dos portões do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-Ibérico (CNRLI), na Herdade das Santinhas em Silves, é a luta pela sobrevivência da espécie de felino mais ameaçada do planeta, o Lynx pardinus. Passados seis meses de trabalho, Silves aprendeu a ganhar e a perder as suas primeiras crias de lince-ibérico. (...)

Silves aprendeu com as mortes dos primeiros linces-ibéricos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.25
DATA: 2010-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O que se esconde para lá dos portões do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-Ibérico (CNRLI), na Herdade das Santinhas em Silves, é a luta pela sobrevivência da espécie de felino mais ameaçada do planeta, o Lynx pardinus. Passados seis meses de trabalho, Silves aprendeu a ganhar e a perder as suas primeiras crias de lince-ibérico.
TEXTO: O desafio conservacionista começou na tarde de 26 de Outubro, quando Azahar, fêmea com cinco anos, chegou do Zoobotânico de Jerez de la Frontera e inaugurou os cercados daquele centro, uma das peças do Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (2008-2012). Até 1 de Dezembro, chegaram os restantes 15 linces, de forma faseada. "Estes meses correram bem e todos os linces se adaptaram rapidamente à situação", contou Rodrigo Serra, director do centro. "No espaço de 15 dias a um mês, os animais já encaravam os tratadores como aliados". Hoje, passados mais de seis meses da chegada de Azahar, os 16 linces "apresentam todo o espectro de comportamentos naturais, a julgar pela forma como usam os cercados", acrescentou. Nada mais seria de esperar para o ano de arranque em Silves do que uma boa adaptação dos animais. Acontece que o felino das barbas e dos pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas surpreendeu a equipa do centro. Da primeira tentativa de reprodução em Silves e dos quatro casais escolhidos - Azahar e Drago, Erica e Enebro, Era e Calabacín e Espiga e Daman - nasceram duas crias, a 4 de Abril. "Esta foi a terceira vez que Azahar engravidou, mas, pela primeira vez, conseguiu levar a gravidez até ao fim", sublinhou Rodrigo Serra. "Ficámos muito entusiasmados. Foi a primeira reprodução comprovada em Portugal nos últimos 30 anos". Mas Abril não trouxe só alegrias. Nesse mesmo mês, a equipa de técnicos de Silves viu-se obrigada a saber como ultrapassar a perda destes animais. A primeira cria morreu a 11 de Abril e a segunda a 18 de Abril. De acordo com os resultados das autópsias realizadas no Centro de Análises e Diagnóstico de Málaga, em Espanha - centro que realiza as autópsias dos linces que morrem em cativeiro -, as crias estavam bem formadas e com as proporções correctas, mas "nasceram com problemas congénitos incompatíveis com a vida", explicou Serra. "Por aquilo que percebíamos através das câmaras de vigilância, as crias estavam a mamar. Mas, quando morreram, tinham um terço do peso que seria normal". A primeira cria morreu com 117 gramas, quando devia ter 382 gramas; a segunda tinha 144 gramas, em vez de algo entre 560 e 520 gramas. Apesar de apresentar um "comportamento exemplar", a progenitora Azahar, com 8, 5 quilos, nunca duplicou a quantidade de alimento ingerida diariamente, como seria normal. "Ao contrário do que acontece com os outros animais, a Azahar tinha comida disponível durante todo o dia, e de diferentes variedades. Mas enquanto esteve grávida comeu sempre o mesmo, o que não era suficiente". Crias não tinham hipóteseDevido ao nanismo e ao mau desenvolvimento fetal congénito - uma das crias apresentava má formação da tiróide, responsável pela hormona do crescimento -, as crias estavam mais fragilizadas, menos imunes e mais atreitas a complicações. À segunda cria foi diagnosticada uma ruptura de intestino. Mas, para ambas, a gota de água terá sido uma infecção bacteriana aguda. "Nenhuma tinha hipóteses de sobrevivência, nem mesmo se fosse alimentada à mão", disse Rodrigo Serra. Na verdade, os dois primeiros meses de vida das crias são cruciais. No ano passado, 40 por cento das crias que nasceram em cativeiro em Espanha morreram nesse espaço de tempo. De 28 animais, sobreviveram apenas 17. Os técnicos do centro estão agora a estudar a compatibilidade genética dos progenitores. "Foi uma surpresa muito grande", comentou Rodrigo Serra, referindo que tudo foi feito pelas crias. "Assim que nos apercebemos de problemas, entrámos imediatamente em contacto com o centro de El Acebuche, em Doñana (Espanha)". Segundo o responsável, ainda que a intervenção dos técnicos nos cercados seja reduzida ao essencial, para não perturbar os animais, quando se aperceberam de problemas com a segunda cria, tomaram a opção de agir. "Decidimos intervir com a segunda cria quando nos apercebemos que esta estava a perder actividade. Entrámos no cercado e retirámo-la. Mas acabou por morrer passadas duas horas. Não havia nada a fazer". "O impacto na equipa técnica e nos funcionários foi grande", admite. "Mas conseguimos refrear o desespero esforçando-nos por lembrar as coisas boas que já conseguimos alcançar". Hoje, a "equipa continua coesa", a trabalhar nos detalhes e já está a preparar a próxima época de cria. "Estamos lançadíssimos para a época de reprodução de 2010/2011", garantiu.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cativeiro
Multinacional condenada por exportação ilegal de resíduos para a Costa do Marfim
A empresa Trafigura, uma das maiores multinacionais do comércio de petróleo, foi ontem multada em um milhão de euros por ter, em 2006, exportado ilegalmente resíduos perigosos para a Costa do Marfim, onde a sua deposição sem controlo afectou milhares de pessoas. A multa foi decidida por um tribunal holandês, que julgou os factos relacionados com a passagem do navio Probo Koala, fretado pela Trafigura, por Amesterdão. (...)

Multinacional condenada por exportação ilegal de resíduos para a Costa do Marfim
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.35
DATA: 2010-07-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A empresa Trafigura, uma das maiores multinacionais do comércio de petróleo, foi ontem multada em um milhão de euros por ter, em 2006, exportado ilegalmente resíduos perigosos para a Costa do Marfim, onde a sua deposição sem controlo afectou milhares de pessoas. A multa foi decidida por um tribunal holandês, que julgou os factos relacionados com a passagem do navio Probo Koala, fretado pela Trafigura, por Amesterdão.
TEXTO: O caso envolve um alegado carregamento de gasolina contaminada com enxofre, que terá sido tratada a bordo do Probo Koala. Daí resultaram resíduos contaminados, que a Trafigura tentou entregar a uma empresa no porto de Amesterdão, dizendo que se tratava de produtos resultantes da lavagem de tanques. Depois de identificada a verdadeira a natureza do material, porém, os resíduos voltaram para o navio. Sem solução a custo baixo na Europa, os resíduos acabaram por ser despejados a céu aberto ao redor de Abidjan, capital da Costa do Marfim, em Agosto de 2006. Depois disso, milhares de pessoas procuraram auxílio médico, com vómitos, diarreias, queimaduras e problemas respiratórios. Segundo o Governo, 16 pessoas morreram. Um relatório da ONU atribuiu os problemas de saúde aos resíduos. Mas a empresa diz que o produto não terá causado mais do que ansiedade e sintomas parecidos com a gripe. O Tribunal de Amesterdão condenou a Trafigura por infracção à legislação europeia. A empresa "exportou os resíduos (. . . ) sem ter realizado uma investigação aprofundada para saber se a cidade portuária de Abijan tinha instalações adequadas para tratar de maneira responsável" aquele material, segundo o juiz Frans Bauduin, citado pela agência AFP. A empresa também foi penalizada por ter ocultado a natureza dos resíduos, quando os descarregou em Amesterdão. Mas foi absolvida da acusação de falsificação de documentos. Também um funcionário da Trafigura, Naeem Ahmed, e o capitão do navio, o ucraniano Sergiy Chertov, foram condenados a penas suspensas de cinco e seis meses de prisão, respectivamente. "Apesar da Trafigura estar satisfeita por ter sido absolvida da acusação de falsificação, está desapontada pela decisão dos juízes nas outras duas, que julga ser incorrecta", reagiu a empresa, num comunicado no seu site na Internet. "É o princípio da justiça. A próxima etapa lógica é que a Trafigura seja processada pelo despejo na Costa do Marfim", comentou uma porta-voz da associação ambientalista Greenpeace, Marietta Harjono, à AFP. Em 2007, a Trafigura pagou ao Governo da Costa do Marfim 153 milhões de euros, num acordo extrajudicial que afastou a possibilidade de o país processar a empresa. Nenhuma das partes assumiu qualquer responsabilidade no episódio. Noutro acordo extrajudicial, no ano passado, a empresa desembolsou mais 39 milhões de euros, para compensar cerca de 30 mil pessoas que alegaram ter sido afectadas pelos resíduos. No ano anterior, a empresa tinha tido um lucro de 340 milhões de euros, segundo o jornal britânico The Guardian. O seu volume de negócios em 2009 foi de 36 mil milhões de euros, segundo a agência Reuters.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Charneca da Caparica: dezenas de pessoas em protesto contra canil ilegal
Mais de 30 pessoas manifestaram-se hoje em frente a um canil ilegal onde existe mais de uma centena de cães, na Charneca da Caparica, em Almada, contra aquilo que dizem ser “uma violação grave dos direitos dos animais”. (...)

Charneca da Caparica: dezenas de pessoas em protesto contra canil ilegal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.5
DATA: 2010-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais de 30 pessoas manifestaram-se hoje em frente a um canil ilegal onde existe mais de uma centena de cães, na Charneca da Caparica, em Almada, contra aquilo que dizem ser “uma violação grave dos direitos dos animais”.
TEXTO: Com um saco de plástico preto vestido por cima da roupa, onde podia ler-se numa folha branca colada a denúncia dos manifestantes, Mário Prol, da organização, falava ao final da manhã de hoje para cerca de 30 pessoas. Na perspectiva do organizador do protesto, aquilo que acontece no canil de Vale Cavala, na Charneca da Caparica, “é uma grave violação dos direitos dos animais”: “Não podemos ficar de braços cruzados. Estamos aqui para chegar ao diálogo com o proprietário do canil, para que ele nos deixe ajudar na limpeza do espaço, e encontrar associações que procurem lares para os cães”, disse. Helena Fraga, também membro da organização, contou à Lusa que o cenário a que assistiu quando entrou no canil foi “um verdadeiro filme de terror”: “Sabemos desta situação desde o dia 14 deste mês. Entrei, vi uma quantidade imensa de lixo pelo chão, os animais fechados em espaços exíguos, muito mal tratados, magros, com pouca comida e com pouca água”, afirmou. De acordo com a organização, desde 2006 que a Câmara Municipal de Almada recebe denúncias sobre esta situação. Aos manifestantes a autarquia confirmou, por escrito, que tinha conhecimento do caso, afirmou que o veterinário municipal visitou várias vezes o local e que tinha encaminhado a questão para a Divisão de Serviços Veterinários de Lisboa e Vale do Tejo. Para a autarquia, “a situação que se verifica é não só ilegal mas também atentatória da saúde animal e da própria salubridade”. De acordo com o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, da Guarda Nacional Republicana, que visitou o local, “os cerca de 100 animais que vivem no canil em questão têm os boletins de vacinas em dia”. Antes de os manifestantes começarem a marcha de protesto até à porta do canil, Carlos Antunes, o veterinário que assiste os cães que ali vivem, quis fazer declarações à comunicação social. O médico garantiu que “ninguém gosta mais de cães do que o senhor Zé da Burra”, proprietário do canil: “Os animais têm o mínimo de condições, estão bem alimentados e estão em boa condição corporal”, disse. Em frente aos portões de ferro do canil, os manifestantes trocaram argumentos com o proprietário, que rejeitou todas as críticas, exaltou-se e cuspiu na cara de um membro da organização do protesto. José garantiu aos jornalistas que os animais são bem tratados, estão bem alimentados e que tudo o que os manifestantes alegam é mentira. Disse ainda que na segunda-feira abre as portas do canil “a quem vier por bem” porque “não tem nada a esconder”. Os manifestantes sublinham que “este protesto é apenas o princípio”, garantem que “não vão desistir até que a situação se resolva”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos social violação cães animal ilegal canil
Documentário mostra o lince-ibérico como já não o víamos há décadas
Na qualidade de espécie em vias de extinção, o lince-ibérico passou de animal de carne e osso a um ser de fantasia. Não se vê, não se ouve. Há quem duvide que o mítico felino das barbas e dos pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas ainda exista. Nos últimos 20 anos, as populações de lince-ibérico (Lynx pardinus) registaram uma quebra de 90 por cento por causa da caça e da perda de habitat e de presas. (...)

Documentário mostra o lince-ibérico como já não o víamos há décadas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na qualidade de espécie em vias de extinção, o lince-ibérico passou de animal de carne e osso a um ser de fantasia. Não se vê, não se ouve. Há quem duvide que o mítico felino das barbas e dos pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas ainda exista. Nos últimos 20 anos, as populações de lince-ibérico (Lynx pardinus) registaram uma quebra de 90 por cento por causa da caça e da perda de habitat e de presas.
TEXTO: Mas amanhã estreia em Portugal, em dois milhões de lares, no National Geographic Channel, um documentário que mostra o que já não víamos há décadas. Durante 27 minutos, ficam abertos os portões da casa onde vivem 16 linces, no Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-Ibérico, na Herdade das Santinhas, em Silves. Aqui há linces que espreitam meio escondidos entre a vegetação dos cercados, momentos de brincadeira e de descanso e estratégias de caça, imagens acompanhadas pelas vocalizações deste felino. Em Portugal: A última esperança do lince-ibérico foi filmado entre Outubro de 2008 e Março de 2010 com a ambição de mostrar o lince mas também quem são as pessoas que se esforçam para travar o seu desaparecimento. Desde as primeiras crias, conseguidas em 2005, até este ano, o programa ibérico de reprodução já contribuiu para um reforço da população em cativeiro de 50 animais. O documentário conta o dia-a-dia de tratadores, veterinários, investigadores de laboratórios clínicos e as dificuldades de construção do centro de reprodução de Silves, inaugurado a 23 de Maio de 2009, com uma área total de cinco a seis hectares. O transporte dos animais dos centros de reprodução espanhóis para Silves - seis viagens ao todo, entre 26 de Outubro e 1 de Dezembro do ano passado -, a chegada dos linces aos cercados e os primeiros cuidados clínicos são momentos que fazem parte do documentário, o quarto já produzido para o National Geographic Channel Portugal. A equipa de produção esteve em Silves mas também em dois centros de reprodução em Espanha (El Acebuche e La Olivilla, ambos na Andaluzia) e nos laboratórios clínicos da Faculdade de Veterinária da Universidade de Vetsuisse de Zurique, onde trabalha Hans Lutz, um dos maiores especialistas mundiais em felinos. "Existe uma evolução positiva na sociedade portuguesa em relação ao lince. Dantes, a conservação da espécie era um tema irrelevante ou só para especialistas, um alvo de chacota ou fantasia. Hoje já ninguém faz chacota", comentou Humberto Rosa, secretário de Estado do Ambiente, depois da apresentação do documentário à imprensa, no mês passado. "O lince precisa de ser mostrado, precisamos sentir afinidade com a espécie para conseguir conservá-la. E, nesse sentido, este documentário surge como uma ferramenta fundamental", sublinhou ao P2. Além da estreia do documentário amanhã, às 21h30, a Fox International Channels Portugal pretende repetir o documentário 11 vezes até Novembro. Assunção Loureiro, gestora dos canais Fox em Portugal, explicou que a intenção é "dar maior visibilidade ao discurso de conservação da espécie e ao que já se faz em Portugal". "Quisemos contar uma história única, que retrata a luta pela sobrevivência do lince, capaz de levar as pessoas a agir", acrescentou. Mas a história do lince não acaba aqui. Ficam por contar outros desafios, como a preparação do terreno para a devolução destes animais à natureza. E agora, que redescobrimos o lince, vamos ficar de olho nele.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie desaparecimento cativeiro