Chefs juntam-se e criam o Manifesto para a Cozinha Portuguesa
Partilhar ideias, conhecimentos, produtores. Discutir. Investigar. Há nos cozinheiros a vontade de ir mais longe. Vai nascer um manifesto, que será revelado em Maio, para unir as pessoas “em torno de uma bandeira gastronómica”. (...)

Chefs juntam-se e criam o Manifesto para a Cozinha Portuguesa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180621174349/https://www.publico.pt/1769843
SUMÁRIO: Partilhar ideias, conhecimentos, produtores. Discutir. Investigar. Há nos cozinheiros a vontade de ir mais longe. Vai nascer um manifesto, que será revelado em Maio, para unir as pessoas “em torno de uma bandeira gastronómica”.
TEXTO: Nunca até agora os chefs portugueses se tinham juntado desta forma para discutir aquilo que têm em comum: o passado, o presente e o futuro da cozinha que fazem. A iniciativa partiu dos organizadores do festival Sangue na Guelra, Ana Músico e Paulo Barata, e o resultado será o Manifesto para a Cozinha Portuguesa 0. 0, a apresentar no simpósio que marca o primeiro dia do festival, a 5 de Maio. Nesse dia, um grupo de chefs portugueses subirá ao palco e dirá ao que vem. Ana e Paulo esperam que seja o princípio de um movimento. “O que nos mobiliza é perceber que vivemos um momento único na nossa gastronomia, que tem vindo num crescendo nos últimos dez anos”, diz Ana. “Percebemos que há uma vontade de as pessoas se unirem em torno de uma bandeira gastronómica. ”As muitas conversas que tiveram com cozinheiros ao longo dos cinco anos em que organizam o Sangue na Guelra — um festival que se assumiu sempre como alternativo e que veio dar visibilidade aos “número dois” dos grandes chefs — levaram Ana Músico e Paulo Barata a perceber que uma das coisas que mais preocupam este grupo é “a desunião”. Daí a proposta de criar espaços de encontro e momentos que lhes permitam trabalhar em conjunto. Depois surgiu a ideia de um manifesto, tal como aconteceu noutros países — o mais famoso é, provavelmente, o da Nova Cozinha Nórdica, que consolidou a revolução que estava a acontecer nos países escandinavos, muito impulsionada pelo restaurante Noma e pelo seu chef, Rene Redzepi. Nesse documento, que afirmou um novo momento numa cozinha até aí quase totalmente ignorada pelo resto do mundo, os chefs comprometiam-se, entre outras coisas, a trabalhar com ingredientes da estação, a promover os produtos nórdicos, a “expressar a pureza, frescura, simplicidade e ética” que queriam associar à sua região. O conteúdo do manifesto português só será divulgado a 5 de Maio, mas passará também por alguns desses pontos — a relação com os produtores, por um lado, mas também com os investigadores em diversas áreas, da história da alimentação à nutrição — e acrescentará outros que reflictam mais o debate em Portugal, nomeadamente o equilíbrio entre tradição e inovação. “A nossa gastronomia tradicional é tão forte que para a maior parte das pessoas a nova gastronomia é ainda uma coisa muito estranha. Muitos chefs sentem-se limitados na sua criatividade porque as pessoas esperam deles uma cozinha reconhecível”, explica Ana Músico. Que sublinha: “Este manifesto é dos cozinheiros, nós limitámo-nos a absorver as ideias deles. ” E porquê o “0. 0” no nome do manifesto? “Zero de origem e zero por ser um número que não vale sozinho, que precisa dos outros”, responde Ana Músico. Não será um documento de ruptura, de corte com o passado ou com o tradicional. Para Hugo Brito, do Restaurante Boi-Cavalo, por exemplo, o que está em causa é afirmar uma cozinha que respeita “e faz perdurar uma memória histórica”. E sublinha: “As nossas tradições não são tão claramente marcadas por um território com uma cozinha tão específica como a nórdica [que tem menos ingredientes por depender de um clima muito mais difícil]. Temos falado da ideia de Lisboa como uma cidade porosa, generosa, aberta. Além disso, somos menos regionalistas do que outros países, sempre tivemos migrações internas e isso também nos caracteriza. ”Sangue, sal, pão, frituras — os temas escolhidos para os chefs trabalharem foram os básicos da cozinha. Divididos em grupos, começaram a explorá-los para perceber até onde os podiam levar. Luís Barradas, do Tago’s, em Almada, diz estar “muito entusiasmado” com o que seu grupo já aprendeu sobre sal desde que começaram a visitar as salinas nas diferentes zonas do país. “Só chegámos até Rio Maior. Ainda temos muitas salinas para visitar. ”É por isso que, defende, encara o manifesto como um ponto de partida. “Sou uma pessoa mais de acção”, explica. “É importante pôr as ideias no papel, mas mais importante é a acção, é o que temos estado a fazer no grupo do sal, criar interesse por um ingrediente, explorá-lo, encontrarmo-nos regularmente, criar uma rede. ”Não é fácil arranjar tempo para tudo, mas assegura que está determinado a continuar a reunir-se uma vez por mês com os seus companheiros de grupo para estudar, aprender, trocar ideias. Hugo Brito diz o mesmo: “Para mim, o manifesto é uma óptima desculpa para começarmos a falar de nós como comunidade, para promover um diálogo. E obriga-nos a criar um discurso com alguma coerência e consistência, que é uma coisa que até agora tem existido pouco. ”Mas não são apenas os chefs que chegaram mais recentemente à actividade que estão entusiasmados. Os grupos de trabalho integram também, por exemplo, José Avillez, que com o Belcanto já conquistou duas estrelas. “Gosto muito de partilhar e acho que tenho essa obrigação”, diz Avillez. “Além disso, mesmo com chefs mais novos, podemos aprender sempre. A partilha faz-nos crescer e querer ser melhores. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não lhe agrada a ideia de associações formais. “As coisas vão surgindo naturalmente. E estamos cada vez mais próximos. ” O grupo de Avillez, que está a trabalhar o pão para o simpósio do Sangue na Guelra, reuniu-se em casa dele para fazer pão no forno a lenha e, apesar de ter sido muito difícil conciliar todas as agendas, gostaram muito da experiência. Avillez recorda que no passado houve iniciativas de encontro, como os pequenos-almoços de chefs (e continua a haver, com sucesso, a Rota das Estrelas), mas acredita que hoje estão reunidas outras condições. “No fundo, vai ter tudo ao mesmo sítio: a economia. Com os restaurantes cheios, temos mais possibilidades de nos juntarmos. Há mais público, há mais dinheiro, logo, mais disponibilidade. ” Hoje existe “uma partilha maior”, diz, por seu lado, Luís Barradas. “Nas gerações anteriores havia mais rivalidade. ”Da “bolha de criatividade”, nas palavras de Ana Músico, que se criou para este simpósio, deve nascer algo mais consequente. “O manifesto não são ideias atiradas para o papel por meia dúzia de pessoas apaixonadas. Ele não será nada sem um contexto político, de acção. Tem que haver consequências e estamos já a planear uma série de iniciativas, que serão depois anunciadas, para lhe dar continuidade. ”
REFERÊNCIAS:
Agências patrocinam eleições de associações de estudantes para garantirem viagens de finalistas
Apoios das agências garantem festas e celebridades nas campanhas eleitorais dos alunos das escolas secundárias. Em troca, ficam com a organização das viagens de finalistas. (...)

Agências patrocinam eleições de associações de estudantes para garantirem viagens de finalistas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-04-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apoios das agências garantem festas e celebridades nas campanhas eleitorais dos alunos das escolas secundárias. Em troca, ficam com a organização das viagens de finalistas.
TEXTO: Algumas agências de viagens usam estudantes do ensino secundário, uma grande parte menores, como angariadores de clientes para viagens de finalistas dando-lhes em troca viagens de graça ou trocando essa colaboração por dinheiro. É igualmente prática corrente agências patrocinarem listas concorrentes à direcção das associações estudantes (AE) de variadas formas, de modo a garantirem a organização da viagem de fim de curso. Uma das agências que angariam estudantes como relações públicas dá-lhes o nome de dealers. O Ministério da Educação “desconhece” esta prática. A “colaboração” dada pelas agências durante a campanha eleitoral para a eleição das AE passa, por exemplo, pela contratação de artistas, cantores, dj’s e actores de séries e telenovelas. Também fornecem brindes e instalam insufláveis. O acordo com as listas candidatas às associações é feito de forma verbal, com os candidatos a darem como garantia optarem pelo programa da viagem de finalistas proposto pela agência caso ganhem as eleições. Os eleitos podem ter ainda outras regalias: por cada 25 viagens garantidas ganham uma viagem de oferta. Essa viagem é atribuída a quem a direcção da associação de estudantes entenda. Esta é, pelo menos, a prática descrita por duas das agências contactadas pelo PÚBLICO. As viagens ganhas podem ser trocadas por dinheiro. “Há eleições em que cada lista é apoiada por uma agência de viagens. É um apoio logístico”, conta Nuno Dias, sócio gerente Slide In Travel. Este empresário afirma que hoje em dia a agência tem mesmo “dificuldade” em garantir a “colaboração” que lhe é pedida pelas listas candidatas às AE devido às muitas solicitações que lhe são feitas. Admitindo que está prática possa “ser estranha”, o sócio gerente da Slide In diz ser difícil fugir a ela porque “são as próprias listas” que concorrem às AE que a exigem. “Eles querem é ganhar as eleições. Quem lhes garanta os artistas mais conhecidos ou as melhores actividades durante a campanha. E nós tivemos de nos adaptar a isto. ”Nuno Dias, que há 20 anos trabalha no mercado das viagens de finalistas, diz lamentar que as coisas se passem assim. “Eles já nem analisam quem lhes apresenta o melhor programa de viagem, o melhor hotel ou a melhor proposta”, diz. “Eles [candidatos às associações] querem ao seu lado quem lhes garanta o melhor apoio durante a campanha. ”Mas também já aconteceu à sua agência e a outras “darem o apoio a uma lista candidata” e esta, depois de ganhar as eleições, “escolhe outra agência”. Este tipo de apoios é igualmente dado a outras organizações responsáveis pelas viagens, como comissões de finalistas que, muitas vezes, se autonomeiam para organizar a viagem, com a participação de artistas ou os brindes a servirem para angariar fundos para ajudar a custear as deslocações. O tema das viagens de finalistas regressou às notícias depois de no fim-de-semana um grupo de alunos portugueses ter sido acusado de causar danos de milhares de euros num hotel em Torremolinos. Já a agência de viagens diz que o grupo não cometeu qualquer acto de vandalismo. O sócio gerente da Slide In defende, contudo, que a organização deste tipo de experiências “devia ter uma participação mais activa dos pais”, lamentando que na maioria dos casos “eles não querem saber de nada”. “A maior parte dos pais quer que o seu filho vá na viagem para não ser a ovelha negra da escola, mas querem que tudo passe depressa. Quando marcamos reuniões de planeamento, na maior parte dos casos aparece um ou dois. ”Há agências que nomeiam “RP” (relações públicas), ou dealers — estudantes que, de forma individual, conseguem clientes para as viagens e que, tal como as associações, ganham viagens grátis ou as trocam por dinheiro. Nuno Dias diz que o “primeiro contacto” para apresentar os programas de viagens é sempre feito com as associações de estudantes, embora também aceitem a colaboração dos chamados “RP”. Na agência Megafinalista esta prática é fortemente incentivada. “We Want You” (“nós queremos-te”), lê-se no seu site. “Queres ser o próximo dealer da tua escola? Envia os teus dados. ” Depois, vêm as explicações mais detalhadas: “Um dealer é aquele que vai convencer e influenciar os amigos e conhecidos a participar numa das viagens que está a organizar”, prossegue. “Imagina o que é ganhares viagens para ti, para os teus amigos. . . ou então podes trocar por €€€. Ganhas uma comissão por cada inscrição que fazes, portanto quantos mais inscreveres mais ganhas!”A agência incentiva ainda os jovens a recrutar e a gerir “uma rede de dealers”. “Afinal não conheces só malta da tua Escola. Imagina o que é teres uma rede de amigos/conhecidos a vender as viagens e tu a ganhares por cada inscrição que eles conseguem! O Céu é o limite. ”A Megafinalista garante que trata os seus dealers “como VIPP’s (Very Important Party People). ” E diz que os “dealers” ganham também “experiência profissional na área de eventos, marketing, relações públicas e social media”. No que respeita ao apoio a candidatos a comissões de estudantes garantem “material que nunca mais acaba”: “Tens uma lista ou conheces alguém que vá concorrer à AE e queres fazer parte? Nós podemos ajudar, temos material que nunca mais acaba bem como parceiros”, dizem, citando várias empresas que “ajudam com brindes, materiais, etc. ” Em suma: “Só tens de garantir que os membros da lista inscrevem 5 pax na tua viagem para teres o nosso apoio!” Uma das imagens que acompanha o texto no site mostra uma jovem com um maço de notas de dólar nas mãos, que parece usar como se fosse um leque. Tomás Linhares de Andrade, sócio gerente da Megafinalista, diz que este tipo de “práticas são correntes”, recusando a ideia de que os estudantes trabalhem para as agências de viagens. “Nós ajudamos os estudantes e eles ajudam-nos a nós”, afirma ao PÚBLICO. Nota, porém, que a “principal prática da agência é a realização de Road Shows [apresentações]” pelas escolas do país, onde revelam os seus programas de viagens. “Temos patrocínios de empresas que nos ajudam e são os alunos que nos pedem ajuda. ”Sobre a escolha do nome dealer para os angariadores de viagens, explica: “Todos lhe chamavam RP e nós quisemos inovar, ser diferente. É uma palavra popular que também está, por exemplo, associada aos vendedores de carros nos Estados Unidos. ”O representante da Megafinalista diz que, este ano, a sua agência terá oferecido “cerca de 100 viagens” graças a este tipo de angariações individuais e colectivas. Um número que representa “15 a 20% de viagens vendidas”. A viagem mais popular e acessível pode ir dos cerca de 300 euros a pouco mais de 500. Já Nuno Dias, da Slide In, diz que a sua empresa terá oferecido entre 30 a 40 viagens. João Rosa, sócio da agência XTravel, que por esta altura também organiza uma viagem que envolve finalistas — embora lhe prefira chamar “festival” —, diz condenar este tipo de práticas. E conta que quando ele e alguns dos seus sócios criaram, há sete anos, esta agência, deixando de trabalhar para outras, o fizeram “por não concordarem com a forma como elas actuavam”. Tinham vontade de “fazer diferente”. Aliás, este empresário não quer que o seu “festival” seja “associado a uma viagem de finalistas. “É um festival de música, num resort de praia, que se realiza na altura das viagens de finalistas, mas que vai muito para lá disso. ”João Rosa diz que “o mundo das viagens de finalistas tem melhorado muito”, mas "ainda hoje há práticas muito pouco recomendáveis". "É um mundo complexo onde há muito experimentalismo. ”“Não é por acaso que quase todos os anos há notícias pouco positivas sobre as viagens de finalistas”, continua. “Desordens, destruições, jovens a quem são prometidos hotéis de quatro estrelas e acabam em parques de campismo, ou agências que recolhem dinheiro para viagens e depois desaparecem com ele. Todos os anos aparece um pato bravo a meter-se no negócio. ”Por isso, defende “que as autoridades e os governantes deviam estar mais atentos” a esta actividade. João Rosa admite que a sua agência também apoia listas candidatas às AE, garantindo, porém que apoiam “sempre todas as listas concorrentes da mesma maneira”, não optando “nunca por uma individual”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Vários pais e alunos ouvidos pelo PÚBLICO dizem que estes procedimentos estão generalizados. Rui Teixeira, presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Almeida Garrett, em Gaia, afirma que acontecem “em quase todas eleições de estudantes do secundário no país”. “São como o apoio que dá o café ao lado da escola ou a empresas x ou y. Eles dão-nos apoio e nós devolvemos dando-lhes a organização da viagem de finalistas. Mas para nós o que conta é o programa que apresentamos aos alunos, é isso que nos elege, não é a viagem de finalistas. Se o programa da associação for só a viagem de finalistas, ou os artistas que vão às escolas, isso é que é grave”, afirma admitindo, contudo, que “algumas eleições podem ser condicionadas pelos apoios das empresas”. Rui Teixeira está a organizar, com o apoio do Conselho Nacional da Juventude, um Encontro Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Básico e do Secundário, que terá lugar em Maio, onde este tema estará em debate.
REFERÊNCIAS:
Governo prevê défice de 0,2% em 2019 e crescimento de 2,2%
Mário Centeno revelou ao PAN que o desemprego deverá descer até aos 6% e a dívida pública poderá ficar nos 117% do PIB. O líder da bancada do PSD mostrou-se satisfeito com a redução do défice, mas afirmou estar preocupado com a subida das taxas de juro (...)

Governo prevê défice de 0,2% em 2019 e crescimento de 2,2%
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181224204334/https://www.publico.pt/n1846667
SUMÁRIO: Mário Centeno revelou ao PAN que o desemprego deverá descer até aos 6% e a dívida pública poderá ficar nos 117% do PIB. O líder da bancada do PSD mostrou-se satisfeito com a redução do défice, mas afirmou estar preocupado com a subida das taxas de juro
TEXTO: O défice estimado pelo Governo para 2019 é de 0, 2%, confirmou aos jornalistas o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares Pedro Nuno Santos, no final de uma ronda com os partidos para a apresentação das linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019). Pedro Nuno Santos disse ver alguma “preocupação” com o facto de se considerar que o próximo Orçamento “poder vir a ser bom”. “Os nossos orçamentos têm sido sempre bons”, afirmou, lembrando que “têm permitido uma melhoria de vida das famílias”. Sobre a redução da dívida pública, o secretário de Estado aproveitou para lançar uma farpa aos partidos da oposição: “Este Governo investiu no Estado social, melhorou rendimentos e tem bons resultados na dívida e no défice. Ainda está por aparecer o primeiro Governo PSD/CDS com melhores resultados que nós em matéria orçamental. "Sem comentar medidas concretas que estão nas negociações da geringonça, Pedro Nuno Santos criticou os “comentadores” que alegam que o Orçamento não tem medidas para as empresas. “Esta separação entre portugueses e empresas não existe”, afirmou, lembrando que este é o OE que “elimina o pagamento especial por conta”. Questionado sobre se dá o OE2019 por aprovado no Parlamento, o governante disse não poder “garantir nada”. “Nós, Governo, PS e restantes bancadas estão a trabalhar e vão trabalhar até ao último minuto para ter um Orçamento aprovado”, afirmou. Durante a manhã, o valor do défice de 2019 previsto pelo Governo gerou alguma confusão. Depois de o deputado do PAN, André Silva ter dito que o ministro das Finanças Mário Centeno – presente nas reuniões desta manhã - tinha admitido que o défice de 2019 podia ficar “entre 0% e 0, 2%”, ou seja, abaixo do previsto no Programa de Estabilidade enviado a Bruxelas em Abril, a deputada do PEV, Heloísa Apolónia, afirmou aos jornalistas que o valor confirmado pelo ministro aos Verdes é de 0, 2%. Quando o PÚBLICO questionara a assessoria do PAN, esta confirmara a tese do intervalo entre 0 e 0, 2%, mas agora - depois da pressão do Governo - o deputado André Silva já admite que possa ter percebido mal e que o valor seja mesmo de 0, 2%. Para além disso, a expectativa é que em 2019 a economia deverá crescer 2, 2% - uma revisão em baixa de 0, 1 pontos em relação ao estabelecido no programa enviado à Comissão Europeia. E também que a taxa de desemprego baixe para 6% e que a dívida pública fique em 117% do PIB. Mário Centeno comunicou estes números ao deputado André Silva, do PAN - Pessoas, Animais, Natureza, o primeiro a ser recebido pelo ministro no Parlamento. Um défice "entre zero e 0, 2%. Nessa ordem de grandeza, foi o que o ministro das Finanças referiu", diria o deputado aos jornalistas, à saída, que acabaria por deixar em dúvida duas horas depois quando admitiu que possa ter percebido mal. 85% das pensões aumentadas acima da inflaçãoO ministro das Finanças adiantou ainda que as pensões serão aumentadas pela lei, ou seja, ligeiramente acima da inflação mas não mencionou qualquer aumento extraordinário de dez euros, como reclamam os partidos à esquerda do PS. "O ministro das Finanças não falou num aumento extraordinário mas disse que 85% das pensões vão ser aumentadas num valor superior à inflação", contou André Silva aos jornalistas. "É, de facto, um orçamento de fim de legislatura, que segue a mesma linha orçamental de anos anteriores: mantém a trajectória de redução da dívida, a reposição de rendimentos e um aparente equilíbrio na medida em que doseia a satisfação das necessidades com a contenção", descreveu André Silva. Ou seja, é um orçamento "claramente virado para os grandes grupos sociais". O que leva o deputado do PAN a lamentar que "continue a não priorizar áreas tão importantes como o ambiente e a inclusão". "Não há medidas de fundo para a protecção e conservação da natureza; não há medidas que visem travar a expansão da área do eucalipto que continua a grassar; e não há medidas que visem corrigir o deficiente tratamento de resíduos em Portugal. As metas de reciclagem não estão a ser cumpridas e a maior parte dos resíduos urbanos continua a ser aterrada ou incinerada com elevados custos ambientais. "Mas o deputado congratulou-se com a "aproximação do PS" ao PAN por a proposta inicial do OE2019 incluir o fim da isenção da taxa do IVA para os artistas tauromáquicos. André Silva realçou que vai continuar a insistir com o Governo para que "introduza também algumas medidas no âmbito da mobilidade eléctrica, da inclusão no SNS e no ensino superior (com a criação de gabinetes de apoio aos estudantes com necessidades educativas especiais), com a contratação de intérpretes de língua gestual portuguesa". Apesar de admitir que este é um orçamento que "agrada" à função pública, aos pensionistas e a uma "fatia muito grande da população", em especial a quem reside nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto (por causa dos passes sociais), e a Bruxelas, André Silva não quis dizer se lhe agrada o suficiente para votar a favor - como fez no deste ano. "Ainda não está fechado; até ao final da semana queremos introduzir mais medidas", afirmou o deputado. Na ronda com os partidos ao abrigo do estatuto da oposição, o PSD foi o segundo a ser recebido. No final da reunião, de cerca de uma hora, Fernando Negrão revelou estar preocupado com a subida das taxas de juro e que o "próprio ministro [das Finanças] reconheceu isso". Questionado sobre se o PSD está satisfeito com a redução do défice e com a taxa de desemprego, o líder da bancada social-democrata respondeu positivamente. No caso da redução do défice, Negrão lembrou que se "trata de uma exigência da União Europeia", mas que no caso do emprego "tem um problema de qualidade". Fernando Negrão manteve em aberto o sentido de voto do PSD, lembrando que o presidente do partido só decide depois de "analisar a proposta" de OE. Mas garantiu que a bancada irá apresentar propostas de alteração que não quis detalhar. Já com a posição definida quanto ao OE2019, a vice-presidente da bancada do CDS Cecília Meireles disse ver na proposta “uma linha de continuidade” e que o partido “disse desde o primeiro Orçamento discordar deste rumo”. A deputada lamentou que o Governo “tenha perdido a oportunidade que era única de investir na economia e defendeu medidas como a eliminação da sobretaxa do imposto sobre combustíveis. A deputada ecologista Heloísa Apolónia congratulou-se com a perspectiva do descongelamento dos salários da função pública mas defendeu que deve ser um "aumento real e que abranja todos os funcionários", acrescentando acreditar ser possível ir além dos 50 milhões de euros, valor que o Governo já admitiu. Sobre as pensões, a deputada dos Verdes contou que Mário Centeno apenas falou no aumento pela lei, mas acredita que a questão do aumento extraordinário é matéria para a discussão na especialidade. Questionada sobre os limites do défice nos 0, 2%, Heloísa Apolónia realçou que "os Verdes não são a favor do descontrolo das contas públicas". "Mas não temos que estar obcecados com os números concretos porque o país precisa estruturalmente de investimento", defendeu, argumentando que o investimento "é relevante para a dinamização da economia e para a capacidade de criação de emprego e riqueza - através das quais também se ajuda a controlar as contas públicas". Como exemplos das medidas que os Verdes querem ver consagradas no OE2019, Heloísa Apolónia enumerou o investimento na Cultura, na ferrovia, no apoio à cultura de espécies autóctones, na atribuição de médico de família para todos os utentes e da disponibilização de cuidados de saúde oral em todos os centros de saúde. À saída da reunião com Mário Centeno e Pedro Nuno Santos, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda salientou que o "objectivo comum" do BE e do Governo é "baixar o custo da energia", embora se dividam no caminho para o conseguir. Se o Bloco insiste na redução do IVA, as Finanças preferem medidas alternativas mas "que o Bloco não exclui". Entre as prioridades dos bloquistas está também o aumento das pensões já em Janeiro. Questionado sobre se o Bloco tenciona votar a favor da proposta de orçamento do Governo, Pedro Filipe Soares diz que o partido nunca começou um processo orçamental impondo condições e salientou que o processo é longo, que um dos pontos é a votação na generalidade mas “só fica fechado no final de Novembro”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Insistindo que os aumentos da função pública têm que ser discutidos com os sindicatos, o líder parlamentar do PCP considerou que os 50 milhões são um valor escasso para distribuir por todos os funcionários - o partido defende que o aumento seja para todos. Mas João Oliveira continua a não adiantar valores unitários. Questionado sobre a necessidade de o valor global ter que estar previsto na proposta de orçamento, o líder parlamentar comunista replicou que mesmo que não esteja há sempre margem nas dotações provisionais do Ministério das Finanças onde se ir buscar dinheiro. À saída da reunião com Mário Centeno, o deputado comunista desfiou as propostas da sua bancada, do aumento extraordinário de 10 euros em todas as pensões em Janeiro (para evitar acusações de eleitoralismo) ao novo escalão no IRC para lucros das empresas entre 20 e 35 milhões de euros, passando pelo aumento do abono de família ou da criação de um novo patamar do adicional ao IMI, o aumento dos escalões do IRS ou ainda do englobamento dos rendimentos imobiliários na tributação do IRS. Questionado sobre o sentido de voto do PCP, o líder parlamentar vincou não haver "orçamentos aprovados ou rejeitados à partida" e prometeu que o partido continuará a bater-se até às votações na especialidade pelas suas medidas.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD PCP BE PEV
Herman José: “Ter piada em 15 segundos é fascinante”
O humorista e apresentador esteve na Lisboa Games Week para se voltar a mostrar como apresentador de um concurso — num videojogo. Do Instagram às consolas, retira do público jovem um alívio da “tristeza de assistir à passagem do tempo”. (...)

Herman José: “Ter piada em 15 segundos é fascinante”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.7
DATA: 2018-12-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O humorista e apresentador esteve na Lisboa Games Week para se voltar a mostrar como apresentador de um concurso — num videojogo. Do Instagram às consolas, retira do público jovem um alívio da “tristeza de assistir à passagem do tempo”.
TEXTO: Herman José esteve a jogar PlayStation. Está bem-disposto mas ligeiramente frustrado. “Mais valia não ter nascido!”, brinca sobre os novos truques que não domina do jogo de quiz Saber É Poder: Gerações, do qual é anfitrião pela segunda vez para o gigante das consolas. Depois da sua apresentação na Lisboa Games Week, fala ao PÚBLICO de como o jogo o devolve ao passado dos concursos e de como o Instagram é parte importantíssima do seu presente — ambos criaram novos públicos. Acumula esses novos fãs com os que o vêem na RTP, e admite: “Isso alivia-me imenso a inevitável tristeza de assistir à passagem do tempo e de estar a viver o terceiro acto da minha vida. ”Para 2019 prepara “um grande espectáculo em Lisboa, acompanhado da regravação de algumas músicas e com algumas novas”. Herman José está num evento a transbordar de miúdos, mas tem sempre em pano de fundo o envelhecimento — de um humorista, do verdadeiro artista. Falamos de Madonna, do Instagram e do prazer de depurar piadas ao segundo. Voltar a este papel, numa consola, é exercitar o músculo de apresentador de concursos de A Roda da Sorte (1990-94) ou Com a Verdade me Enganas (1994-95)?Está a repetir na RTP Memória o Com a Verdade me Enganas e às vezes dou por mim a olhar para aquilo e a ter uma inveja daquele tempo, e daquele tipo que ali está. Com 40 anos, on top of the world, sem problemas de nenhuma espécie, felicíssimo, montado naquela dinâmica de sucesso, de felicidade, de juventude. Estes acontecimentos, neste mundo colorido dos videojogos, essa deliciosa inconsciência das pessoas novas, devolvem-me um bocadinho a esse tempo. Tem saudades de ser mais feliz?Não é uma saudade bacoca, é uma saudade saborosa porque ainda estamos vivos, de saúde. O que mais me espanta é ter dos miúdos e miúdas de 15, 16, 17, 18 anos o mesmo olhar de admiração incondicional — porque a juventude tem essa coisa, gostamos porque gostamos — e isso faz-me sentir tão útil. Hoje, também muito graças ao Instagram e ao YouTube, tenho os espectáculos cheios de pessoas novas. Que riem das coisas certas. As pessoas são muito mais informadas do que há 20 ou 30 anos. Isso alivia-me imenso a inevitável tristeza de assistir à passagem do tempo e de estar a viver o terceiro acto da minha vida. No Com a Verdade me Enganas já tinha as suas “Porcazinhas”, um grupo de jovens no público que o acompanhava. Estar nas consolas, e no Instagram, como tem feito de forma militante, foi estratégico da sua parte para encontrar novos públicos?Não tem verdadeiramente nada de estratégico. Há uma coisa que acontece muito, sobretudo com os humoristas: o processo interior de envelhecimento é muitas vezes retardado porque se está a lidar com material que não envelhece. Por dentro temos sempre a mesma idade. Quando estou a fazer disparates para fazer os outros rir, tenho a mesma idade quando na escola fazia disparates para fazer rir os professores. Essa criança interior estava sempre lá. Quando se tem essa característica, a parte intelectual e interior está sempre fresca. Em Portugal houve imensos exemplos desses, como o do locutor Fernando Pessa. Isso ajuda-nos a combater as inevitáveis chatices que a passagem do tempo traz. Por que é que foi no Instagram, e não antes no Facebook, que começou esta nova faceta do seu humor?O Facebook é uma coisa muito séria. As pessoas precisam de discutir coisas muito importantes, andam à procura do politicamente incorrecto. O Facebook é um bocadinho formal. O Instagram é de uma grande leveza. E é muito infantil. Os bonequinhos do SnapChat, os timings. Isso obrigou-o a ajustar timings de comédia? Há décadas já fazia coisas curtas na rádio ou na TV. Ter piada em 15 segundos é fascinante. Muito pouca gente sabe fazer. É um desafio giríssimo, mesmo estando a fazer televisão tenho de fazer o bypass do que estamos a fazer se quiser fazer uma instastory. Estivemos a gravar a [Maria] Rueff a fazer de Cinha Jardim e eu a fazer de Lili [Caneças]. Numa instastory só temos tempo para três frases. A Lili diz: “Estive noutro dia com o ministro das Finanças e disse-lhe que estar rico é o contrário de estar pobre. ” Diz a Cinha: “Mas isso não é de La Palice?” “Não, querida, isto é João Rolo. ” Em três frases o sketch está feito. A maior parte dos miúdos também não tem mais pachorra para além dos 15 segundos. É muito engraçado porque é quase como uma disciplina, uma escola. Na verdade não tive de me adaptar muito. Sempre tive a mania dos timings. O Tal Canal é um programa com 35 anos e tem um timing mais rápido do que a maior parte dos programas de humor feitos hoje. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Tem uma equipa a trabalhar nas suas redes sociais?Sou eu. Noutro dia, o Tony Carreira fez-me o maior elogio involuntário, queria convidar a minha equipa a trabalhar com ele. Tenho uma ajuda na página oficial do Face, que está muito ligada à contratação de espectáculos, mas o resto sou eu que faço a gestão. É o meu passatempo. Quando se meteu com a Madonna e com as suas raízes do cabelo no Instagram, por exemplo, isso teve muito eco — alguma vez obtém respostas dos visados nas redes sociais?A Madonna não dá confiança a ninguém. Acho que ela até faz gala em não comunicar com ninguém em Portugal, tirando as pessoas que a servem, ou porque vai alugar cavalos, ou músicos. . . É horrível de dizer, mas ela não sente Portugal como país verdadeiramente, é como um sítio muito giro onde está. Como os miúdos que vão para Lloret de Mar, Portugal está para a Madonna como Lloret de Mar está para os putos. Isso chateia-me imenso. Mas tenho tido reacções muito giras de outras figuras, como o grande cantor alemão Max Raabe ou uma ou outra figura que passou pelos meus programas, como a Joan Collins ou o Lionel Richie. Tenho tido umas surpresas agradáveis.
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Palavras-chave escola ajuda criança espécie infantil
Parados após acidente fatal, carros sem condutor da Uber voltam às estradas
O projecto esteve suspenso durante nove meses, depois de um automóvel ter atropelado uma mulher nos EUA. (...)

Parados após acidente fatal, carros sem condutor da Uber voltam às estradas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O projecto esteve suspenso durante nove meses, depois de um automóvel ter atropelado uma mulher nos EUA.
TEXTO: Depois de uma pausa de nove meses, os carros autónomos da Uber vão voltar às estradas norte-americanas. A empresa suspendeu todos os testes com estes carros, depois de um acidente em Março ter morto uma mulher que estava a atravessar uma estrada no estado do Arizona, nos EUA. Aquele não foi o primeiro acidente com veículos em que a inteligência artificial controla o volante, mas foi o primeiro caso de uma morte por atropelamento causada por um veículo sem condutor – o que levou a Uber a ser alvo do escrutínio da polícia, investidores e legisladores. O programa vai agora recomeçar na cidade de Pittsburgh, depois de a empresa ter obtido autorização do estado da Pensilvânia. “Está na hora de seguir em frente”, lê-se num comunicado da Uber, publicado esta quinta-feira (não está acessível a partir de Portugal, porque o site foi bloqueado por decisão judicial em 2015). A mensagem da empresa é assinada por Eric Meyhofer, que gere o programa de veículos autónomos da Uber. O projecto recomeça com apenas cinco carros na estrada, mas o objectivo é aumentar o número gradualmente. “Nos últimos nove meses, pusemos a segurança o centro de tudo aquilo que fazemos”, notou Meyhofer. Diz que o objectivo é trabalhar num “sistema que cumpra a promessa de transformar os transportes num sector mais seguro e acessível a todos. ”Os carros autónomos da Uber também vão voltar a circular nas estradas de São Francisco, nos EUA, e Toronto, no Canadá. Nestas cidades, porém, os carros não vão poder circular unicamente no modo autónomo. Em vez disso, cada veículo vai seguir com dois condutores humanos preparados para assumir o controlo a qualquer momento. Não vão existir passageiros. Imagens divulgadas pela polícia de Tempe, no estado do Arizona, mostravam que o acidente fatal da Uber podia ter sido evitado pela “condutora de segurança”. Porém, na altura do impacto, esta não estava a prestar atenção à estrada. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em 2016, uma colisão entre um Tesla Model S e um camião resultou na primeira morte que envolveu veículos sem condutor. O aumento da segurança nas estradas é das maiores promessas dos carros autónomos, mas vários investigadores, engenheiros e profissionais de ética também têm alertado que é fundamental programar as máquinas para o inesperado, como um peão que corre para a frente de um carro. Um estudo global recente, publicado em Outubro, revelou as preferências mais pronunciadas entre as pessoas em relação ao comportamento dos carros quando o acidente é inevitável: poupar vidas humanas face a animais, escolher salvar o maior número vidas possível, e dar a prioridade aos mais novos.
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Entidades EUA
Portugal afastado do Rugby Europe Championship
Sem ter que fazer um bom jogo, a Roménia não teve qualquer dificuldade para derrotar uma inexperiente selecção nacional de râguebi. (...)

Portugal afastado do Rugby Europe Championship
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sem ter que fazer um bom jogo, a Roménia não teve qualquer dificuldade para derrotar uma inexperiente selecção nacional de râguebi.
TEXTO: A exibição da Roménia foi medíocre, mas chegou e sobrou para vencer com facilidade Portugal no play-off de acesso ao Rugby Europe Championship. Em Baia Mare, na Transilvânia, a selecção nacional de râguebi apresentou-se num jogo importante - estava em causa o regresso ao principal escalão das provas organizadas pela Rugby Europe -, com uma equipa inexperiente e a diferença final de 30 pontos (36-6) acaba por ser um resultado muito simpático para o conjunto liderado por Martim Aguiar. A missão era quase impossível e, sem surpresa, Portugal terá que competir no próximo ano mais uma vez no Rugby Europe Championship, prova na qual terá pela frente a Holanda, a Suíça, a Polónia, a Lituânia e a República Checa, selecções com pouca qualidade e que não vão permitir que o râguebi português tenha jogos internacionais a um nível competitivo elevado. 1 - José Lupi, 2 - Nuno Mascarenhas, 3 - Diogo Hasse Ferreira, 4 - Salvador Cunha, 5 - José D’Alte, 6 - Salvador Vassalo, 7 - David Wallis, 8 - Francisco Sousa, 9 - João Belo- 10 - Jorge Abecasis (3), 11 - Pedro Silveiro, 12 - Tomás Appleton, 13 - Vasco Ribeiro, 14 - Rodrigo Freudhental, 15 - Nuno Sousa Guedes (3). Suplentes 16 – José Sarmento, 17 – João Melo, 18 – José Roque, 19 – Rui D’Orey, 20 – Francisco Vieira, 21 – António Vidinha, 22 – Rodrigo Marta, 23 – Francisco Bruno. Após ter falhado em Junho o acesso ao torneio de repescagem para o Mundial 2019 que se iniciará neste domingo em Marselha – a Alemanha será o representante europeu -, Portugal voltou a competir cinco meses depois, apresentando uma equipa com jogadores jovens e inexperientes que, em condições normais, actualmente dificilmente teriam lugar num "XV" da selecção nacional. Apesar de ter uma mão-cheia de atletas promissores que recentemente estiveram em evidência nas selecções jovens, casos de Nuno Mascarenhas, David Wallis, Vasco Ribeiro ou Rodrigo Freudhental, a selecção portuguesa voltou a ser formada por segundas, terceiras ou até quartas escolhas. Colocando a nu o amadorismo e as dificuldades financeiras que a modalidade atravessa, Portugal viajou para a Roménia sem os atletas profissionais que alinham nos campeonatos estrangeiros (mais de uma dezena) e viu-se privado de alguns dos melhores jogadores que alinham no campeonato português, em alguns casos devido a divergências entre a federação e clubes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em resultado de tudo isto, o jogo na Roménia não teve história. Apesar da meritória prestação dos jovens portugueses, os romenos marcaram dois ensaios nos dez primeiros minutos e rapidamente baixaram o ritmo. A jogar devagar e a cometer muitos erros, a Roménia, que ao contrário do que é habitual não procurou jogar sempre através de um jogo fechado pelos seus avançados, foi dominando territorialmente a partida e, com quatros ensaios (todos concluídos por jogadores das linhas-atrasadas) chegou ao intervalo a vencer por 22-3 – Jorge Abecasis, com um pontapé de ressalto, fez os únicos pontos portugueses. A segunda parte começou com uma penalidade convertida por Nuno Sousa Guedes (22-6), mas a partir daí Portugal não voltou a entrar no meio campo romeno, valendo a inépcia e desinspiração da equipa treinada pelo francês Thomas Lièvremont que, apesar de dominar por completo a partida, apenas conseguiu chegar por mais dois vezes ao ensaio.
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Palavras-chave campo
As árvores ensinam-nos a viajar
No mais antigo jardim botânico do país, cada planta esconde uma história. (...)

As árvores ensinam-nos a viajar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: No mais antigo jardim botânico do país, cada planta esconde uma história.
TEXTO: “Tem a certeza que é na Calçada da Ajuda? Olhe que sempre vivi entre Belém e Algés, sou taxista há mais de 30 anos e não sabia que existia aqui um jardim botânico”. É o mais antigo do país, criado há 250 anos, e ainda assim o Jardim Botânico da Ajuda permanece um segredo na cidade, escondido para lá dos muros altos de amarelo desbotado. Vizinho do palácio, mas arredado dos centros turísticos que circundam os outros dois jardins botânicos lisboetas – no Príncipe Real e em Belém – são poucos os alfacinhas que parecem conhecê-lo. E poucos os visitantes com quem nos cruzemos esta manhã, a maioria estrangeiros. O Jardim Botânico da Ajuda não tem tido uma vida fácil e da mata exótica que habitualmente se cola ao conceito não restam muitos exemplares. Mas o que perde em sombra e exuberância ganha em vistas largas: sobre o rio Tejo, que agora se esconde atrás de uma neblina passageira; e sobre as particularidades de cada espécie e das suas histórias. É nestas que Susana Neves, especialista em etnobotânica, e Dalila Espírito Santo, agrónoma e directora do jardim há 16 anos, se prendem a cada passo da visita. Susana escolhe a alameda de jacarandás sobre a balaustrada para início de conversa. “Gosto imenso porque é das poucas árvores cujo nome se diz da mesma maneira em todo o mundo. Vem do tupi-guarani e quer dizer ‘árvore do centro duro’”, conta. A variedade que vemos é a mimosifolia, que dá flores lilases e castanholas. “Se levarmos para casa e esperarmos que ela se abra sozinha, vamos encontrar lá dentro umas sementes muito engraçadas: têm um centro sépia e uma saia à volta que tem um tom lilás muito próximo das flores, mas que muda rapidamente de cor porque oxida. ” Os enigmas da Natureza são caprichosos. Apenas se desvendam a quem tiver paciência e atenção. “É isso que as árvores ensinam a um investigador: a esperar. ”Natural das Américas, o jacarandá é hoje uma árvore comum nos jardins e passeios públicos. “O Brotero [botânico português e director do jardim em 1811] dava sementes de jacarandá a quem quisesse, dizendo que era uma árvore ornamental lindíssima”, recorda Dalila Espírito Santo. “Estou convencida de que a dispersão dos jacarandás em Lisboa começou aqui, com as recomendações dele. ” Curiosa coincidência: um dia Susana conheceu um japonês, guia turístico em Lisboa, que às tantas lhe mostrou um desenho: “era um mapa de Lisboa, mas em função da floração dos jacarandás. ”Três jardins botânicos portugueses celebram aniversários redondos este ano, incluindo o mais antigo do país. Acrescentámos mais dois e demos uma volta de Norte a Sul. Porque todas as desculpas são boas para redescobrir a biodiversidade das suas histórias. Jardim Botânico da Ajuda As árvores ensinam-nos a viajarJardim Botânico de Lisboa Dragões e imperadores numa “enciclopédia viva”Jardim Botânico do Porto Um jardim que divide dois mundosJardim Botânico de Coimbra Os tesouros do botânico cobrem uma encostaJardim Botânico da UTAD Quando uma universidade brinca às escondidas com um jardimMais à frente, de volta ao jardim, admiramos as flores rosas da schotia afra, debruçada sobre uma grande estrutura circular em ferro. É o único exemplar presente num jardim botânico na Europa, assegura a directora. Antes, os ramos formavam uma copa até ao chão. “Uma senhora que agora deve estar com os seus 80 anos, e que era filha do chefe dos jardineiros, lembra-se de brincar às escondidas pondo-se debaixo desta árvore. ” Da ceiba pentandra, a dois passos, é que não deveria querer aproximar as brincadeiras. O tronco forma uns bicos, “os acúleos”. Por isso, “havia histórias sobre amarrarem os escravos a estas árvores”. Deverá dar flores em Novembro - “parecem as das orquídeas, rosas, enormes, lindas” - e depois os frutos – “parecidos com uma pêra-abacate, que depois secam e estalam”. Lá dentro, descreve Susana, há “uma granada de sumaúma, com aquelas protuberâncias a lembrar um cérebro”. São, na verdade, centenas de pêlos brancos acocorados, a proteger as sementes. Outrora eram utilizados para o enchimento de almofadas e Susana ainda se lembra de ter uma quando era pequena. Em algumas zonas de Portugal Continental, no entanto, eram usados os pêlos dos “foguetes” da taboa, acrescenta Dalila. “É uma planta aquática que está representada ali em baixo, na fonte das 40 bicas, junto aos cavalos-marinhos. ” E da qual existe um exemplar no “pântano barroco”, como Dalila apelida o lago central do patamar superior, agora aos nossos pés. Aproveitamos a deixa para pedir a Dalila que nos apresente o jardim. Está actualmente “dividido em quatro partes principais”: o tabuleiro inferior – um “jardim de buxo, romântico, onde as damas passeavam e os príncipes brincavam”; o patamar superior – a “escola”, com canteiros geométricos onde a colecção botânica se divide pelas diferentes regiões fito-geográficas; uma zona de mata, junto ao portão para a Calçada do Galvão; e o jardim dos aromas, com plantas aromáticas, medicinais, tintureiras e sabonificadoras dispostas em canteiros elevados, acessíveis a invisuais. Foi a “única coisa introduzida na colecção” com o restauro liderado por Cristina Castel-Branco, antiga directora do Jardim Botânico da Ajuda e a principal impulsionadora da recuperação do espaço, em meados dos anos 1990. Desenhado pelo naturalista italiano Domenico Vandelli a pedido D. José I, o jardim destinava-se à educação dos netos do rei, o príncipe José, que viria a falecer novo, e o futuro D. João VI, que haveria de abri-lo pela primeira ao público, uma vez por semana, e que mais tarde fundaria o Jardim Botânico no Rio de Janeiro, Brasil. “Dizem todas as crónicas que por ter saudades deste”, recorda Dalila. Integrando o jardim, um museu de história natural, a casa de risco e os laboratórios de química e de física, o complexo constituiu o “primeiro núcleo científico de Lisboa”. E deu, mais tarde, origem à Academia das Ciências, integrando o Instituto Superior de Agronomia desde 1910. A história do jardim, no entanto, tem conhecido episódios trágicos. Como o saque durante as invasões napoleónicas. O general Junot terá pedido que viessem buscar as colecções de mineralogia, zoologia e botânica que existiam aqui, enviadas por naturalistas das “várias possessões portuguesas”, muitas delas ainda encaixotadas. Diz-se que com o “compadrio” de Vandelli. E ainda hoje estão expostas no Jardin des Plantes. “D. Pedro V, a certa altura, vai a Paris e há um texto onde ele basicamente diz que ‘ao menos estão a salvo’”, conta Susana. A partir daí, o jardim há-de passar por sucessivos períodos de abandono e decadência. Até que, em 1941, um ciclone deitou abaixo muitas das árvores que restavam. “Quando o Vandelli fundou o jardim, [um escrito] refere que chegou a ter aqui cerca de cinco mil exemplares. Neste momento temos 1578”, compara Dalila Espírito Santo. Já é “um bocadinho mais” do que o número que Brotero terá encontrado quando dirigiu o jardim (1330). E certamente mais do que as 120 espécies que persistiam quando foi restaurado, entre 1994 e 1997. É por isso que, quando Susana pergunta se os gingko biloba que temos à nossa frente são macho ou fêmea, Dalila não pode responder. “Ainda não deu flor, por isso não sabemos. Mas acredito que haja as duas, porque foram plantadas ao mesmo tempo e aquela está mais pequena do que esta. ” Diz a teoria que começam a florir aos 20 anos. “Portanto, devia dar este ano, mas ainda não há nada”. E sobre o gingko biloba, espécie do tempo dos dinossauros, conte-se mais duas histórias: foi uma das árvores que sobreviveu ao bombardeamento atómico em Hiroshima e é na forma da sua folha que termina o penteado dos lutadores de sumo. “Prestam o culto a esta árvore pela sua longevidade”, conta Susana. Sentamo-nos à sombra de uma ficus macrophylla e o relógio parece desacelerar ao ritmo do tique-taque dos pequenos figos castanhos a baterem na terra, perdido na conversa. Ao nosso lado, alunas do ISA andam a recolher os frutos e as folhas do chão. “Suja tudo, principalmente nos canteiros, porque entra em competição com as plantinhas que semeámos”, justifica Dalila. Para onde quer que olhemos, há histórias para contar. Como a dos pavões omnipresentes, alguns com crias pequenas. “D. Maria I era fã de aves exóticas e os pavões deverão ter sido trazidos na altura em que o jardim foi criado”, recorda Dalila. “Agora devem ser uns 16, mas damos pavões a quem quiser, seis chegam perfeitamente. ” Ri-se quando conta que devem ter aprendido a cruzar a estrada de geração para geração porque, actualmente, “cumprem as regras de trânsito como ninguém”. Mas comem muitas plantas. Por isso, as mais apetitosas estão cercadas por redes de plástico ao longo do jardim. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já o dragoeiro à nossa esquerda veio adulto para Portugal. Dalila estima que tenha “perto de 400 anos”. Mas aconteceu-lhe uma “coisa horrível” em 2006, quando um fungo apodreceu parte das raízes e a zona da frente desabou. Era “o maior do país”, agora parece um enfermo dilacerado, suspenso por uma teia de cordas e ferro. Se preferir, desça até ao patamar inferior, onde um dragoeiro mais jovem exibe um chapéu redondo e sublime. “Venho aqui muitas vezes vê-lo, tem uma copa muito densa”, há-de contar Susana quando passamos por ele. Depois, gosta de ir espreitar os branquiquitos ou admirar as iritrinas quando estão em flor. “São de um cor-de-laranja muito intenso”, descreve a especialista em etnobotânica e autora do livro Histórias que fugiram das árvores, cuja apresentação foi neste mesmo jardim. No entanto, quando aqui regressa, há-de confessar-nos, é a balaustrada virada ao jardim de buxo e ao Tejo que mais a atrai. Porquê? “Permite-me ter todo o tipo de sonhos”, diz, em tom suave, recuperando um “episódio muito engraçado” que contou há pouco. Em 1784, o padre João Faustino lançou a máquina aeroestática a partir daqui. A história aparece relatada na Gazeta de Lisboa e descreve tudo ao pormenor: como o balão foi feito em papel colorido segundo um modelo francês, como foi enchido, se elevou nos céus e como acabou por cair em Cacilhas. “Quando venho aqui, vejo aquela máquina aeroestática a subir aos céus, os reis a assistirem. Também funciona como uma espécie de impulsionador de sonhos e de ficção. ” As plantas de um jardim botânico cumprem muitas funções, da transmissão de conhecimento à preservação das espécies. Mas também permitem-nos “viajar com elas”. No tempo e no espaço.
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Palavras-chave filha escola educação ajuda espécie japonês aves
Estes é que são os azuis do Restelo. Os outros são só azuis
Depois da separação da SAD, o Belenenses iniciou com uma vitória por 4-0 a sua campanha nos campeonatos distritais com o objectivo de chegar ao topo do futebol português em cinco ou seis anos. (...)

Estes é que são os azuis do Restelo. Os outros são só azuis
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois da separação da SAD, o Belenenses iniciou com uma vitória por 4-0 a sua campanha nos campeonatos distritais com o objectivo de chegar ao topo do futebol português em cinco ou seis anos.
TEXTO: Os domingos à tarde são a hora sagrada do futebol, consagrada nos tempos em que só se via o futebol nos estádios (ou se ouvia na rádio), tempos em que não havia transmissões televisivas. Alguns dirão que era um futebol mais puro, mais de acordo com o associativismo popular que lhe deu origem, no caso do Clube de Futebol Os Belenenses, um grupo de rapazes num banco de jardim a decidir criar um clube para as pessoas de Belém. Tem-se um pouco essa sensação nas bancadas do Estádio do Restelo no último domingo de Setembro de 2018, em que o Belenenses defrontou o Clube Desportivo Olivais e Moscavide-Parque das Nações para a primeira jornada da Série 2 da I Divisão Distrital da Associação de Futebol de Lisboa, um clube de regresso às origens. Não é um começar de novo. Foram vários passos atrás dados de uma só vez para ir dando um passo em frente de cada vez. Depois de muitos conflitos com a SAD liderada por Rui Pedro Soares (ver texto nestas páginas), o clube, por iniciativa do seu presidente Patrick Morais de Carvalho e sustentado pelos sócios, decidiu separar-se da sociedade que gere o futebol profissional e tentar a sorte no fundo da cadeia alimentar do futebol português, inscrevendo uma equipa numa divisão em que também está outro histórico (o Clube Desportivo Estrela, que carrega as cores e a história do Estrela da Amadora). O objectivo é chegar ao topo em cinco ou seis anos. Estão mais de duas mil pessoas na bancada central do Restelo para assistir ao primeiro jogo desta equipa construída em mês e meio — na bancada oposta estão cerca de 20 adeptos do clube visitante. Não há números oficiais, mas é uma bancada bem composta, onde estão a ruidosa claque Fúria Azul, com as suas mensagens de incentivo e os cânticos habituais — há uma novidade, um cântico ao ritmo de “Bella Ciao”, uma canção italiana de resistência antifascista, recuperada para os tempos modernos pela série “A Casa de Papel”. É uma escolha adequada, porque esta também é uma história de resistência e isso é um tema recorrente nas mensagens que a central do Restelo passa para o campo. “Ultras contra o futebol moderno”, é o que diz uma das tarjas exibidas pela claque. Há fumo azul e há aplausos quando o “onze” do Belenenses entra no relvado do Restelo nesta tarde de sol e calor. Ouve-se o hino oficial do clube, o árbitro dá o apito inicial e todos os olhos seguem a bola, que está quase sempre nos pés dos jogadores vestidos de azul a representar um emblema que foi campeão nacional em 1946. Aos 32’, a primeira grande celebração. Ricardo Viegas, avançado de 26 anos, marca o primeiro golo e, antes do intervalo, faz o 2-0. Viegas é o único desta equipa que foi profissional do Belenenses antes da separação, utilizado em sete jogos em 2011-12, quando a equipa estava na II Divisão. Com a formação dividida entre Benfica e Belenenses, Viegas ainda viria a marcar mais um golo no jogo, que seria o 4-0, isto já depois de Evandro Barros, um defesa, ter feito o 3-0 num certeiro golpe de cabeça. O resultado final até pareceu pouco para a enorme diferença de andamento entre este Belenenses e o CDOM-Parque das Nações, a equipa secundária do Olivais e Moscavide. Sem favor, podia ter sido o dobro. Os adeptos ainda estão a adaptar-se a esta nova vida longe da ribalta da I Divisão e muitos, para não dizer quase todos, nem sabem quem são os jogadores. É o caso de Jorge Pinto, um adepto que veste uma camisola com mais de 30 anos. O azul está um pouco desbotado, a cruz vermelha no peito já tem as pontas descoladas e o 2 nas costas já quase não se vê. Jorge Pinto, sócio 1884, explica que é a camisola de jogo de Paulo Monteiro, antigo defesa dos “azuis”, numa final da Taça de Portugal em 1986 (derrota com o Benfica). É um daqueles adeptos que sabe tudo do clube e segue tudo (e pediu desculpa por estar rouco, mas tinha estado na noite anterior a gritar num jogo de andebol frente ao ABC), mas ainda não sabe quem são os jogadores que tem à frente. Rui Rodrigues, que está ao lado, também ainda não os conhece, mas já tem nomes para eles enquanto não se habitua. “O guarda-redes é o Marco Aurélio, o lateral-direito é o Marcelo”, e assim por diante, diz este antigo guarda-redes de andebol dos “azuis”. Rui Rodrigues é um dos que se recusa a tratar a equipa da SAD por Belenenses. É “aquela equipa”. “Nós é que somos o Belenenses. Mas há dúvidas?”, lança, referindo-se em termos pouco elogiosos ao líder da SAD. E não vai sequer ver o jogo que o Belenenses SAD iria ter ao princípio da noite, no Jamor, frente ao Sporting de Braga. “Até apostei contra eles”, revela, referindo-se aos “50 ou 60” que apoiam a equipa da SAD em tom pejorativo, “os sadistas”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nem todos os adeptos que andavam pelo Restelo pensavam assim. Um que não quis ser identificado, disse que iria ao Jamor ver o “outro” Belenenses, mas que nem ele, nem a família, iriam levar qualquer adereço que os identificasse como adeptos do Belenenses. Também o senhor Firmino, que se fez adepto do Belenenses a ouvir na rádio, em tabernas de pescadores, os relatos da equipa de Matateu e Vicente Lucas. “Para mim é tudo Belenenses, não consigo ser contra”, diz este adepto, dono do Volkswagen Carocha dos antigos decorado com as cores e o símbolo do Belenenses que esteve estacionado na relva do Restelo durante o jogo. É também esta a visão de António Filipe, deputado do Partido Comunista Português, sócio “de nascença” e até agora, com uns anos de interrupção pelo meio. “Lamento que se tenha chegado a este ponto. Em relação à equipa da SAD só posso ter respeito porque é uma equipa que tem as cores e o nome do Belenenses, diz o deputado. A divisão, refere o deputado, é um sinal do que tem acontecido nos últimos anos no futebol e que do qual o Belenenses não é o único exemplo. “Perdeu-se o nexo com as origens populares dos clubes”, disse. Mas ele, tal como os outros dois mil adeptos, saíram com um sorriso porque algum desse espírito começou a ser resgatado naquela tarde de sol num estádio com vista para o Tejo.
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FC Porto mostrou quem manda em noite de estabelecer recordes
Schalke não pediu licença para entrar e despertou a fúria de um “dragão” que decidiu o jogo e o grupo, com dois golos em três minutos. Apuramento e triunfo no Grupo D assegurados. (...)

FC Porto mostrou quem manda em noite de estabelecer recordes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Schalke não pediu licença para entrar e despertou a fúria de um “dragão” que decidiu o jogo e o grupo, com dois golos em três minutos. Apuramento e triunfo no Grupo D assegurados.
TEXTO: O FC Porto vergou o Schalke 04 (3-1) e garantiu o primeiro lugar do Grupo D, com Sérgio Conceição a igualar o feito de Jesualdo Ferreira ao colocar os “dragões” nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões em dois anos consecutivos, fazendo ainda o pleno de triunfos em casa, apenas obtido por Vítor Pereira (2012-13). A noite era propícia a recordes e deixou a formação portuguesa a uma vitória de igualar a marca de 1996-97, sob a batuta de António Oliveira, quando atingiu os 16 pontos na fase de grupos. Retardou ao máximo o golo do FC Porto. O Schalke deve-lhe o facto de ter saído do Dragão com um resultado lisonjeiro. Fundamental no arranque tímido do FC Porto, agigantou-se e abanou a barra com um exímio pontapé de bicicleta. Pegou na equipa pelos colarinhos, virando a lógica dos minutos iniciais com três remates à bomba. O Schalke não tinha nada a perder, mas foi impotente, consentindo num jogo o triplo dos golos desta fase, mais uma vez frente ao FC Porto. À margem desta contabilidade, o jogo arrancou com FC Porto e Schalke a entrarem em campo qualificados, por força da derrota do Galatasaray em Moscovo. . . O que aliviou um pouco a carga emocional das equipas, que passaram a estar exclusivamente concentradas na questão da liderança do grupo. Uma vez mais, o FC Porto jogava com dois resultados, embora a questão financeira e o prestígio fossem demasiado aliciantes para deixar correr o marfim. Os alemães, mesmo com a segunda linha avançada — sem o peso dos lesionados Burgstaller, Uth e Embolo — entraram pujantes, cortando o acesso dos “dragões” à sua zona de conforto, na tentativa de explorar um erro que Felipe não autorizou, repelindo as investidas do Schalke. Daí que só depois de esgotados os primeiros 15 minutos o FC Porto se tenha encontrado, fruto de um acto de puro ilusionismo de Brahimi, a transformar a bola num punhal que Danilo usou para tentar ferir Färhmann, a que o guarda-redes alemão respondeu com a primeira de uma mão-cheia de enormes defesas. A partir daí, os portistas não mais permitiram que o Schalke controlasse o ritmo, sucedendo-se os lances de golo iminente. Felipe passava o testemunho a Danilo, que emergiu como autêntico bombardeiro, desafiando Färhmann, que voltou a brilhar e a adiar ainda os festejos de Marega. O Schalke entrava em modo de sobrevivência, consciente de que as cinco unidades do meio-campo eram ainda insuficientes para condicionar a dinâmica da equipa de Sérgio Conceição. Apesar de sair vencedor do primeiro assalto, aos pontos, o FC Porto precisava de um KO técnico, que o Schalke procurou evitar a todo o custo, regressando para a segunda metade com mais um médio e menos um avançado. Insensível às inquietações dos germânicos, o FC Porto intensificou a chama e autorizou Herrera a tentar a sorte no primeiro lance de golo iminente da segunda parte. A ameaça seria cumprida por Militão, em estreia a marcar pelos “azuis e brancos”, com um golpe de cabeça a concluir um serviço de luxo de Óliver, após um canto de Corona. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para o Schalke era o toque a reunir, com Konoplyanka a ocupar o lugar da frente ao lado de Di Santo e a obrigar Casillas à primeira intervenção da noite. Mas esse foi o canto de cisne dos alemães, que viram esgotar-se as probabilidades de sucesso com o segundo dos portuenses, uma gentileza de Corona, que voltou a incorporar o ataque, com o mexicano a dar expressão ao futebol irresistível do campeão português (55’). Até final, enquanto o Schalke se reposicionava e debatia em busca de um novo fôlego, mudando inclusive de sistema, a equipa de Sérgio Conceição explorava todas as combinações possíveis, com Felipe a enviar uma bola à barra, à boleia de uma bicicleta todo-o-terreno. A exibição imaculada acabaria, contudo, manchada por um penálti involuntário de Óliver (mão na bola), a permitir que o Schalke, por Bentaleb (89’), criasse a ilusão de algum equilíbrio, que nunca existiu. Mas a noite só ficaria completa depois de Marega igualar a marca de Mário Jardel — quando tudo parecia indicar que o maliano ficaria mesmo em branco (teve um golo bem anulado aos 90+3’) —, ao picar o ponto na Champions pelo quarto encontro consecutivo.
REFERÊNCIAS:
Espelho meu, haverá cromo mais cromo do que eu?
É uma das exposições que mais corações divide em Arles. Nunca ninguém tinha olhado assim para o enamoramento entre fotografia e a cultura do hobby (...)

Espelho meu, haverá cromo mais cromo do que eu?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: É uma das exposições que mais corações divide em Arles. Nunca ninguém tinha olhado assim para o enamoramento entre fotografia e a cultura do hobby
TEXTO: O som até nem está muito alto, mas o monitor velhinho e as peças creme de um PC rebentado espalhadas pela alcatifa azul chamam imediatamente a atenção de quem entra na igreja da Ordem da Trindade. Para ver o vídeo que passa no ecrã é preciso inclinar um pouco a cabeça (está de lado). A qualidade da imagem é má. Das colunas vão saindo sons de teclado numa calma aparente, até que surge um palavrão ou outro, aqui e ali esgares de raiva. E, de repente, o rapaz filmado pelas costas começa aos murros ao teclado, fazendo saltar peças por todo lado. Colado a este trecho que acaba aos berros, surge logo a imagem desfocada de um adolescente de aparelho nos dentes que liga uma câmara oculta e que, antes de desaparecer, diz ofegante: “A minha mãe acabou de cancelar a conta de World of Warcraft do meu irmão e ele está a passar-se completamente – oh, meu Deus!” Nisto, entra o irmão que começa um espectáculo difícil de descrever, mas que inclui gritos guturais, a tentativa de enfiar um comando de televisão pelo ânus e auto-agressões na cabeça com tudo o que está por perto. O PC que jaz no chão é na verdade uma peça de videoarte (My Generation, 2010) da dupla italiana Eva e Franco Mattes, pioneiros na reflexão da imagética ligada ao mundo da net. É um trabalho sobre viciados em jogos de ecrã, pessoas muito voláteis e psicologicamente afectadas que estão mergulhadas num mundo onde “o hobby se tornou uma adicção, e o próprio jogo uma realidade amarga” (Doris Gassert). Claro que nem tudo o que está relacionado com a cultura dos hobbies tem esta carga negativa nem envolve este grau de violência – muito pelo contrário. Na antecâmara de The Hobbyist – Un quête de passion, uma das exposições que este ano mais corações divide nos Encontros de Fotografia de Arles, uma enorme captura de ecrã de um vídeo tutorial retirada do YouTube ensina truques de maquilhagem para tonar os lábios mais macios. Em várias molduras digitais sobrepostas a este rosto gigante de olhar abonecado, o pescador Alexander Hall exibe entre o eufórico e o pueril trutas acabadas de pescar em vários lugares do mundo. Cumprindo um caminho que vem incorporando a imagem vernacular nos discursos curatoriais da fotografia, os Encontros dão agora um passo em frente nessa reflexão programando uma exposição cujos curadores tiveram a perspicácia de cruzar a torrente imagética ligada aos hobbies com o trabalho mais “hobista” de autores canónicos (Alberto García-Alix e as motos; Diane Arbus e o nudismo; Mike Mendel e os cromos de basebol; Bruce Davidson e os caravanistas), que neste contexto de suposto amadorismo e de algum anonimato parecem estar paradoxalmente muito mais entre pares do que nunca. Com uma montagem em jeito patchwork, a exposição tem sido recebida com algumas reticências muito por causa do esfuziante amontoado de imagens das cinco secções que investigam a forma como os passatempos (e muitas obsessões) foram sendo vertidos para a fotografia desde os anos 1960. Não sendo de consumo rápido, uma das forças de The Hobbyist é precisamente a forma idiossincrática e pouco ortodoxa que encontrou para comunicar cada um dos universos “hobistas” escolhidos ou as obras dos artistas que decidiram trabalhar sobre eles. E neste campeonato quem leva a taça é talvez The Molem Collective (2013), da belga-croata Hana Miletic, que apresenta um mosaico de fotografias da colecção de 24 pares de ténis que o marroquino Zakaria Haddou, morador de Sint-Jans-Molenbeek, Bruxelas, comprou ao longo de 18 meses. Ao lado das fotografias rudemente captadas, um LP de vinil branco roda sobre um gira-discos, onde “Zak” vai cantarolando, em modo rap, as características dos seus ténis e partilhando as histórias sobre a sua colecção. Para quem padece de overdose rápida de imagens, The Hobbyist é capaz de provocar muito mais do que tonturas, mas também não é caso para haver alarmes ou sinalética com contra-indicações à porta. Por outro lado, há que dar pelo menos o benefício da dúvida a quem se lança numa empreitada pioneira como o fizeram os curadores Pierre Hourquet, Anna Planas e Thomas Seeling, ao escolherem problematizar um fenómeno tão escorregadio quanto uma enguia acabada de sair da água. Em muitos casos, trata-se de questionar universos visuais não do presente, mas do agora. Sondar mundos que estão em mutação permanente, como aquele que resulta do uso de uma ferramenta tão presente quanto fugaz como o YouTube, que hoje se pode considerar o templo da partilha do hobby, o ninho onde se reconfortam todos os correligionários de uma miríade de actividades para ocupar o tempo-livre, desde a pesca – hobby por excelência – à columbofilia, dos mergulhos com roupa vestida à história do futebol, das colecções de borboletas às colecções de cromos, do bodybuilding ao skateboarding dentro de piscinas vazias. Clamando pioneirismo no pensamento da relação entre a fotografia e cultura de passatempos, abarcando tanto a fotografia de hobbies como a fotografia como hobby, a tripla de curadores navega entre as múltiplas camadas deste fenómeno onde coexistem “esferas aparentemente contraditórias de lazer e trabalho, ideologia e consumismo, amadorismo e profissionalismo. ” Das culturas hippies e vanguardistas dos sixties, ao do-it-yourself (DIY) dos anos 80, ao movimento maker de hoje, The Hobbyist explora a coexistência inevitável da fotografia com uma ampla variedade de obsessões, muitas vezes peculiares, outras tantas esquisitas. Do fim para o princípioNa igreja da Ordem da Trindade, a viagem começa do fim para o princípio, como um exercício de afunilamento rumo a “hobistas” que foram, afinal, responsáveis por ferramentas que hoje ajudam a agigantar a cultura do hobby – falamos dos computadores, nas suas mais diversas encarnações, e do software, nos seus mais intrincados níveis de sofisticação. Estão lá “hobistas” de garagem como Steve Jobs e Steve Wozniak (Apple), ou “hobistas” organizados em clubes com olho para o que ia ser o negócio. Homens como Bill Gates, que, em 3 de Fevereiro de 1976, escreve já como general partner da então Micro-Soft uma carta aberta a todos os hobbyists, barafustando com aqueles que roubam software e acenando com a sua expulsão do clube. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Seja do fim para o princípio, seja do princípio para o fim a história da cultura do hobby e da sua dinâmica nas imagens vídeo e fotográficas não se conta de uma maneira simples nem linear. Em The Hobbyist também há buracos, como a falta de um vislumbre que fosse da fotografia dita “amadora” com pretensões salonistas, talvez um dos principais passatempos das classes médias de meados do século, que só se esboroou nos anos 70. Em contrapartida, há muitas surpresas e enormes descobertas, como a de Mike Mandel e o seu seminal The Baseball – Photographer Trading Cards (1975), que parte de um hobby pessoal – coleccionar cromos de jogadores de basebol – para fazer uma sátira mordaz quer sobre a pouca relevância dada à fotografia no contexto das belas-artes de então, quer sobre a domesticação da obra de fotógrafos considerados referenciais para novos talentos. Num rasgo sagaz e original, Mandel decidiu retratar fotógrafos da época (mais ou menos famosos) como se fossem jogadores de basebol imprimindo essas imagens em formato cromo, algo que pode soar como uma chamada de atenção para um suporte com plasticidade infinita, onde os seus autores são ao mesmo tempo o objecto da sua arte. Resultado: muitos aceitaram ser fotografados para a colecção de 134 cromos (de Ansel Adams a Manuel Alvarez Bravo, de Imogen Cunningham a Elliott Erwitt), num gesto de unidade a favor da paixão por um meio que vinha sendo desprezado. Olhar para estes cromos agora, onde para além dos dados pessoais, cada autor escrevia uma frase sobre a sua participação, é como dar um mergulho numa aula de história da fotografia. Isto para quem tiver tempo livre e gostar muito de fotografia, claro.
REFERÊNCIAS: