Prendas de Natal para amigos do ambiente — e para os que queres que sejam
Escolher presentes de Natal não é fácil, principalmente se quisermos poupar o ambiente. Por isso, quisemos ajudar-te e juntamos algumas prendas "verdes", desde escovas de dentes de bambu a livros para alertar consciências. (...)

Prendas de Natal para amigos do ambiente — e para os que queres que sejam
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Escolher presentes de Natal não é fácil, principalmente se quisermos poupar o ambiente. Por isso, quisemos ajudar-te e juntamos algumas prendas "verdes", desde escovas de dentes de bambu a livros para alertar consciências.
TEXTO: Se gostas de oferecer presentes ecológicos e ainda não compraste todos os que tens que dar no Natal, este texto é para ti. Preparamos uma lista de prendas para ofereceres aos amigos que gostam de viver um estilo de vida sustentável e até para os que não têm tantas preocupações ecológicas — talvez assim os consigas alertar. Abrimos a lista com prendas para os amigos estudiosos. Todos conhecemos alguém que gosta de escrever tudo e mais alguma coisa: para esse amigo, há um lápis especial na Planetiers que, quando acaba, faz nascer ervas aromáticas ou flores comestíveis. Como? Basta enterrar a parte final do lápis num vaso e cuidar dele: entre uma a duas semanas, a semente vai germinar. Para oferecer este lápis, só precisas de 3, 5 euros. Mas se o teu orçamento te permitir gastar mais 20 euros, podes juntar ao lápis um calendário com provérbios que também pode ser semeado. Não há como esquecer: para fechar o mês, rasga-se a folha, que é constituída por papel de algodão e sementes e, tal como o lápis, coloca-se num vaso. Depois, é só regar. Andas há muito tempo a tentar convencer aquele amigo a gastar menos plástico mas não consegues? Podes começar por ajudá-lo a dar o primeiro passo: oferece-lhe escovas de dentes de bambu. A The Bamboo Toothbrush permite que ofereças um cheque-prenda que, por cerca de 20 euros, garante a subscrição de um ano. Isto significa que, de três em três meses, uma escova de dentes (ou mais, se assim desejares) vai parar à caixa de correio de quem receber o cheque-prenda. Desta forma, não vão mesmo haver desculpas para não usar estas escovas compostáveis. Um livro é um clássico que não falha e pode ajudar a fazer a diferença. A Vaca Que Não Ri – Animais, Carne e Leite Bovino na Cultura Dominante, do sociólogo Pedro Fonseca, explora as práticas de exploração patentes no sistema agropecuário. Pode ser um bom presente para alguém que queira saber mais sobre os processos "violentos" desta indústria. Mas se a tua luta é mesmo contra o plástico, oferece o Plasticus Maritimus, Uma Espécie Invasora e junta um convite para uma saída onde possam pôr em prática os ensinamentos deste livro, da autoria da bióloga marinha Ana Pêgo. Identificar, recolher, coleccionar e ajudar a eliminar o plástico marinho: com este guia de campo ilustrado, os passeios à beira-mar podem ganhar uma nova dimensão. Ambos custam cerca de 15 euros. Também há opções para os amigos vaidosos. Peças de roupa ecológicas e minimalistas, que podem ser encontradas na LUS, uma marca de vestuário criada por Carolina Moreira, cujas peças são produzidas nos Açores, com materiais biológicos e reciclados. A colecção de Outono é inspirada na cor e textura da madeira açoriana. Como não gostar?Contudo, se achares que roupa é um presente pouco original, podes oferecer uma caixa de chocolates… que não são chocolates. Na loja ecológica Pegada Verde, há uma caixa presente, que custa 20 euros, e contém champô e manteiga de cacau com aroma a chocolate. Zero plástico, vegan e aprovado pela PETA. É caso para dizer: é de cheirar e chorar por mais. Caso tenhas aptidão para DIY, podes optar por oferecer presentes personalizados. Um retrato pintado, uma camisola feita à mão, uma almofada bordada ou uma caixinha cheia de biscoitos feitos por ti — presentes que, além de não prejudicarem o ambiente, têm um toque especial que vai com certeza agradar a quem os recebe. Lembra-te: todos os gestos contribuem para um Natal ainda mais verde. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um Natal e um 2019 mais verdes com #p3_antiplasticoComo ter um Natal mais verde e livre de plástico? Um réveillon feito à mão? Dá-nos as tuas dicas. Durante o mês de Dezembro, fotografa e partilha os teus exemplos no Instagram com a etiqueta #p3_antiplastico ou envia-nos imagens e pequenos depoimentos para [email protected] O que aprendermos, partilhamos nesta galeria.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Coleccionar lixo também é biologia
A história de Ana Pêgo faz-se no areal. Foi lá que deu os primeiros passeios e é nas praias que procura lixo para juntar à sua colecção, utilizada para alertar sobre a poluição dos oceanos (...)

Coleccionar lixo também é biologia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180702194157/https://www.publico.pt/n1828966
SUMÁRIO: A história de Ana Pêgo faz-se no areal. Foi lá que deu os primeiros passeios e é nas praias que procura lixo para juntar à sua colecção, utilizada para alertar sobre a poluição dos oceanos
TEXTO: As colecções de selos, carros em miniatura ou cromos da bola não são a especialidade de Ana Pêgo. Mas se a conversa se mudar para a beira-mar, uma bela amostra do lixo encontrado nas praias de Cascais pode ser descoberto na própria casa da bióloga marinha. “É mesmo em casa, está assim um bocado caótico. ” Pode acontecer que, no meio de objectos antigos, garrafas coloridas e escovas de dentes que deram à costa e se refugiam em casa da bióloga, se dê de caras com uma baleia feita de plásticos devolvidos pelo oceano à terra. Foi com estes elementos poluentes que Ana Pêgo, de 46 anos, criou um dos seus projectos, o Balaena Plasticus, trabalho conjunto com Luís Quinta. A arte de coleccionar e reutilizar o lixo que encontra na praia fez com que o passatempo de Ana se tornasse, nos últimos dois anos, numa ocupação a tempo inteiro. No início de Dezembro de 2015 surgiu a página de Facebook Plasticus Maritimus, com o objectivo de “retirar o lixo da página pessoal” e apostar num espaço só para o tema da poluição dos oceanos. Era ali que relatava o que encontrava pelos areais de Cascais ao longo das suas maratonas. Mas a história destas caminhadas que a transformaram numa beachcomber — já lá vamos — é bem mais antiga. “Toda a vida fiz grandes caminhadas pela praia, com o meu pai. Tive a sorte de viver mesmo ao lado da praia desde miúda, portanto para mim é normal fazer passeios durante a maré vazia”, conta a bióloga. A "sua" praia é na Parede, a praia das Avencas, mas agora, a viver em Cascais, ajusta o passeio aos materiais. Ou o lixo às suas necessidades. Não se pode dizer que a veia de acumuladora de objectos seja nova. Sempre foi juntando o que encontrava pela praia, mas à medida que começou a ver mais lixo começou também a ficar mais preocupada com a questão ambiental. A formação também deu uma ajuda. Depois da licenciatura em Biologia Marinha e Pescas — e antes de se dedicar em definitivo a esta tarefa de pedagoga — passou uns anos na área piscatória e no Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais. Ser beachcomber é limpar e recolher o lixo encontrado nas praias, que é depois reutilizado. Ana usa algum do lixo que vai juntando para mostrar o que está nos nossos oceanos e acaba nas praias. As apresentações de lixo da bióloga servem para demonstrar a mensagem que está a tentar passar: o lixo marinho é uma preocupação. Sem ser professora, utiliza o que recolhe para ensinar que não deveria ser normal chegar-se à praia no Inverno e ver lixo — e que é errado pensar “o mar trouxe, o mar leva”. “A educação ambiental não deveria ser só para as crianças, mas também para os adultos", defende. "Quem vai às compras são os adultos, quem toma decisões são os adultos. ” Considera também que existe uma grande falta de informação sobre a poluição dos oceanos: há pessoas que lhe enviam mensagens para a página do Plasticus Maritimus ou dizem nas exposições que nunca tinham pensado no assunto. “Nem sequer sabem que existe um problema chamado lixo marinho”, explica. Balaena plasticus by Baleia Salgada & Kinta from Kinta Image on Vimeo. Além das exposições, as colecções são a base da bióloga marinha para a criação de palestras e sessões educativas com crianças — às quais, por vezes, os adultos se juntam —, onde fala não só de lixo marinho, mas também de fauna marinha e dos animais que habitam os oceanos. “Se não soubermos o que há de bom, não percebemos o que estamos a proteger. ”Exposição Plasticus Maritimus até 16 Maio no CIAPS, em S. Pedro do Estoril from Quercus on Vimeo. O que chega aos areaisOs oceanos guardam coisas inimagináveis, que acabam por ser descobertas nos passeios de Ana Pêgo pelas praias banhadas pelo Atlântico. Aliás, seria mais fácil perguntar à bióloga marinha o que é que nunca encontrou nos areais que percorre. Bonecos que saíam nos gelados dos anos 70? Colecção quase completa. As palhinhas que usamos para beber um refrigerante? É do lixo mais comun trazido pelas ondas. Isqueiros? De qualquer cor. A conclusão de Ana é contundente: “Há estudos que indicam que, se não fizermos nada, em 2025 vamos ter tanto plástico como peixe nos oceanos. " "Em 2050, vamos ter mais plástico do que peixe”, atenta. A questão principal está em como mudar os hábitos. “As pessoas não têm consciência de que alguns dos seus hábitos diários têm impacto no ambiente e ajudam a este estado de coisas. " Prova disso são "as beatas de cigarros atiradas para o chão" e que não são biodegradáveis. "Estima-se que, em Portugal, sejam atiradas sete mil beatas por minuto para o chão”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A obra Balaena Plasticus é um exemplo desta espécie de dever que Ana diz ter em informar e mostrar aos outros o lixo marinho acumulado nos oceanos. E acrescenta: “É um bom representante, como um dos maiores animais do mundo, de um dos maiores problemas que temos. ”Apesar de todos os problemas que envolvem este assunto, Ana Pêgo admite que há mais pessoas atentas à poluição marítima. Mas faltam medidas mais duras e alguma consciencialização. “As crianças podem ficar mais conscientes, mas se depois o pai ou o professor não tiverem a mesma opinião, isso fica por aqui, não muda nada”, diz, apontando a necessidade de educar não só os mais novos como os mais velhos. As suas caminhadas regulares já não são aleatórias. Depois de tantos anos a percorrer estas praias, já sabe que se procura microplásticos ou peças mais pequenas tem de se deslocar às zonas ocidentais, enquanto os objectos maiores estão nas praias mais a sul. O trabalho de Ana Pêgo não se esgota na limpeza das areias e do mar que percorre — quem limpa são os beachcleaners. A bióloga aproveita para criar obras artísticas, apresentar as colecções de bonecos que saíam nos gelados dos anos 70 ou mostrar a diversidade do que se encontra nos areais. Foi assim há um ano, quando a Câmara Municipal de Cascais a convidou a criar uma exposição. Depois disso já passou por Aveiro e Pedra do Sal, entre entrevistas. Os próximos passos serão dados na Fábrica das Artes, a convite do Centro Cultural de Belém, em 2018.
REFERÊNCIAS:
Aplicação ajuda a conhecer onda de poluição nas praias
Desde 2016, pode registar o tipo de lixo que apanha nas praias e em que quantidades no Clean Swell. (...)

Aplicação ajuda a conhecer onda de poluição nas praias
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180702194157/https://www.publico.pt/n1776951
SUMÁRIO: Desde 2016, pode registar o tipo de lixo que apanha nas praias e em que quantidades no Clean Swell.
TEXTO: Foi à praia e apanhou 10 palhinhas, quatro sacos de plástico e duas beatas da areia para as meter no lixo. Será esta informação revelante para alguém? É. A Ocean Conservancy, uma organização não-governamental preocupada com o futuro dos oceanos, teve a ideia de reunir estes dados numa aplicação móvel. A Clean Swell está disponível para Android e iTunes e pretende envolver os cidadãos na luta contra a poluição dos oceanos através da recolha do lixo apanhado nas praias (em terra ou debaixo de água). Na altura do registo, o utilizador pode distribuir o que encontrou por 20 categorias diferentes – como microplásticos, palhinhas, brinquedos, sacos de plástico ou balões. Toda a informação é armazenada no histórico do utilizador e pode ser partilhada com os amigos. A meta desta iniciativa é “alimentar”, de forma colaborativa e instantânea, a base de dados que esta organização criou para a identificação das áreas mais afectadas pela poluição e quais os itens mais problemáticos. Além disso, também poderá ser uma ferramenta útil para investigadores e entidades governamentais na busca de soluções para este problema. O balanço de 2016 foi divulgado recentemente e revela que os cigarros foram o grande campeão (quase 1, 9 milhões recolhidos das praias), seguidos das garrafas de plástico. Além disso, os resultados deste trabalho voluntário permitiram que, só no ano passado, fossem recolhidos das praias de todo o mundo oito milhões de quilos de lixo. Um valor que a Ocean Conservancy diz exceder a soma do peso de 300 crocodilos, 600 rinocerontes, 700 elefantes, 200 zebras e 400 girafas, 500 hipopótamos e 100 leões. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Hong Kong é das zonas mais activas do globo, com mais de 76 mil pessoas envolvidas nesta iniciativa, mas os Estados Unidos assumem a liderança, com 183. 321 participantes. Em declarações ao Daily Mail, Allison Schutes, líder sénior da Ocean Conservancy, conta que, na recolha de todo este lixo, já foi percorrida uma distância superior a duas voltas à Lua. Texto editado por Ana Fernandes
REFERÊNCIAS:
Cidades Praia
Uma questão civilizacional
Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez. (...)

Uma questão civilizacional
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez.
TEXTO: A verdade e a mentira são as duas faces de uma moeda há muito jogada no confronto político. As guerras de contrainformação, a manipulação de massas, a distorção de factos e da realidade são antigas. Qual a novidade, então, das chamadas fake news e porque são uma ameaça tão grande para as nossas democracias?O espaço público mudou. Já não são só as ruas, os cafés, praças e jardins. É o nosso telemóvel ou o computador que se tornaram parte dos nossos processos de construção de relações sociais. Desse ponto de vista, as redes sociais como o Facebook, Twitter, WhatsApp ou Instagram passaram a ser pilares fundamentais para o relacionamento com os outros. A forma como apreendemos a informação sofreu, nos últimos anos, enormes transformações. A Internet torna todo o mundo mais plano e próximo, dispondo informação de qualquer lugar na ponta dos nossos dedos numa questão de microssegundos. E as redes sociais, das quais o Facebook é o recordista, já ocupam mais tempo na nossa vida do que a leitura de jornais, como reportam as últimas análises comportamentais da população nacional. É neste caldo tecnológico e comportamental que bots e trolls invadiram as nossas vidas de rompante, mesmo sem darmos por isso. Que bichos estranhos são estes? Os bots são perfis falsos das redes sociais, completamente automatizados, usados para difundir massivamente informação (muitas vezes falsa). Os trolls são pessoas com um comportamento propositadamente desestabilizador das discussões nas redes sociais, frequentemente provocadoras e insultuosas. Juntos formam um exército que ataca concertadamente os nossos regimes democráticos. A munição principal deste ataque são os sites de notícias falsas, as tais fake news. Textos que contêm informação falsa, construídos como se fossem notícias genuínas, apresentando um título bombástico e uma fotografia apelativa e chocante. Há um outro aspeto fundamental nesta tática de difusão de informação falsa: os sites não têm informação de responsáveis e estão sediados em países onde não há regras de transparência. É o ditado “atira a pedra e esconde a mão” transposto para o século XXI. Não se engane, quem faz isto não são engraçadinhos com muito tempo livre, são criminosos altamente organizados e principescamente financiados. Estudaram a fundo o modo de funcionamento das redes sociais, os seus algoritmos, as suas regras e utilizam essa informação para potenciar o alcance das mentiras que partilham. Têm, até, acesso à informação das pessoas, como demonstrou o caso da empresa Cambridge Analytica, que tendo as “portas abertas” do Facebook roubou dados de 50 milhões dos seus utilizadores. Quem financia estes ataques? A lista é longa, vai desde a nomenklatura russa até aos mais obscuros movimentos de extrema-direita. Já chegaram cá a Portugal, onde circularam notícias falsas sobre a Catarina Martins ou sobre António Costa, e que uma investigação do Diário de Notícias permitiu identificar como apoiantes de Trump ou ex-dirigentes do CDS. A calúnia é a arma de arremesso destes extremistas, com mensagens de ódio e violência. Esta mistura de informação falsa e odiosa está a minar o debate público. Tiveram impacto direto em resultados eleitorais como foi o caso nas presidenciais norte-americanas, o referendo do "Brexit" ou a última eleição presidencial brasileira. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Como a distinção entre o que é real e o que é falso é cada vez mais difícil, cria-se uma desconfiança generalizada. Essa desconfiança retira a discussão política do debate sobre a realidade para um debate sobre as percepções de cada um, novamente distorcidas pela informação falsa difundida pelas redes sociais. É um ciclo vicioso que tem de ser rompido e perante o qual não podemos ser indiferentes. Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez. Em nome da verdade, não serei cúmplice da mentira quando esse momento vier. Não podemos trocar os nossos Estados de direito democráticos pela ditadura do algoritmo. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Os pormenores da educação e os “pormaiores” da economia
Como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse. (...)

Os pormenores da educação e os “pormaiores” da economia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse.
TEXTO: António Costa disse, no lançamento da empreitada de requalificação do troço entre Penacova e Lagoa Azul, que ao fazer obra no IP3 “estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos”. Deixou, assim, bem claro que o dinheiro para as estradas origina a falta de dinheiro para as carreiras e salários e que o não reconhecimento de todo o tempo de serviço prestado pelos professores não é uma questão de dinheiro mas, outrossim, uma questão de prioridades. A adesão inicial dos professores de esquerda ao vazio do programa político do PS para a educação ficou a dever-se às chagas que o “ajustamento” deixou e à habilidade de António Costa para se entender com o PCP e com o BE. Agora que esse entendimento abana (se não acabou já), António Costa reduziu o PS ao que sempre foram os figurões incompetentes que propôs para a educação. O significado político da retórica pelintra do IP3 ilustrou-o bem. Dizendo o que disse, António Costa deixou implícito que a negociação que hoje vai recomeçar não pode ser mais que a repetição da coreografia do costume, para tentar desmobilizar uma greve que dura há cinco semanas, com uma eficácia que surpreendeu. Com efeito, os textos das cartas trocadas entre os sindicatos e o ministério, como preâmbulo do tango (para usar a metáfora do próprio ministro) que a partir de hoje vão dançar, enlaçados num faz de conta de desfecho já escrito (a plataforma mortinha por suspender a greve e uma vez mais sair de cena sem resultados, quando a hora era de cerrar fileiras e dizer não, e o ministério decretando previamente quem comanda o baile) são confrangedores: o dos sindicatos por mendigar a retomada de uma negociação que o ministério interrompeu quando chantageou; o do ministério por começar logo (ponto 1 da missiva) com a perfídia de sempre. Com efeito, como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse, que separou a carreira geral dos funcionários públicos das carreiras especiais dos militares, polícias, magistrados, médicos, enfermeiros e professores, ou um doutor em bioquímica (Tiago Brandão Rodrigues) afirmar que 70% de 10 é igual a 70% de 4?Foi com este pano negro de fundo que a avaliação dos alunos, legalmente definida em termos circunstanciais precisos, enquanto decisão colegial de um conselho de turma, foi substituída por um expediente escabroso, ilegalmente determinado num lance golpista, impróprio de um Estado de direito. Foi com este pano negro de fundo que a reflexão e a ponderação pedagógicas deram lugar a simples números, onde 50% mais um dos professores, arregimentados não importa com que critério, foram coagidos a fazer o que os pequenos chefes da choldra ministerial determinaram. Definitivamente, só apetece dizer-lhes, com José de Almada Negreiros, que são “uma resma de charlatães e de vendidos, que só podem parir abaixo de zero”!Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esta leitura, válida para as políticas de educação, assentes em romarias, foguetório, burocracia sem fim, precarização e medidas desgarradas e ocasionais, será igualmente feita para a economia quando a denominada sociedade civil emergir da falácia que a propaganda bem orquestrada lhe vendeu. Como é possível falarmos de milagre económico quando no cotejo europeu a nossa economia é a quarta a contar do fim, em termos de crescimento? Que milagre económico é esse, quando as estatísticas europeias mostram que o nível de vida dos portugueses está em regressão há 15 anos e que o rendimento per capita português em 2018 é 78% do europeu, quando era 84% em 1999?A falência dos partidos tradicionais em Espanha, Itália França e Grécia e as vocações autoritárias nascentes na Polónia, Hungria e República Checa deviam levar António Costa a confiar menos na vaca voadora da sua alegre casinha. Até às eleições de 2019, espero que os eleitores percebam que o establishment político que a geringonça gerou, pese embora tímidas melhorias pontuais, foi criado a partir de “realidades” ficcionadas. “Realidades” manhosamente construídas à margem do que é importante, que nos fizeram aceitar uma nova servidão, apenas menos triste.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PCP BE
A Finlândia viajou até Bruxelas com os seus sabores (e não só) de Natal
Mais do que um tradicional mercado, os "Prazeres de Inverno" da capital belga são uma experiência abrangente das sensações e tradições associadas à época da natividade. Este ano a organização convidou a Finlândia a assumir o lugar de destaque do festival e ocupar o centro das celebrações. É por isso que há salmão e glögi, vinho quente onde dominam as notas do mirtilo selvagem. (...)

A Finlândia viajou até Bruxelas com os seus sabores (e não só) de Natal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais do que um tradicional mercado, os "Prazeres de Inverno" da capital belga são uma experiência abrangente das sensações e tradições associadas à época da natividade. Este ano a organização convidou a Finlândia a assumir o lugar de destaque do festival e ocupar o centro das celebrações. É por isso que há salmão e glögi, vinho quente onde dominam as notas do mirtilo selvagem.
TEXTO: Houve chuva em vez de neve na inauguração, mas não a suficiente para encharcar o entusiasmo, desmanchar o cenário e comprometer o ambiente dos “Prazeres de Inverno” preparados pela cidade de Bruxelas para a quadra festiva. Muito mais do que um mercado de Natal, o que a capital belga oferece aos mais de dois milhões de visitantes esperados até 6 de Janeiro é uma experiência abrangente, até mesmo exorbitante, das sensações e tradições associadas à época da natividade. Para isso, este ano a organização foi beber a inspiração directamente à fonte, convidando a Finlândia a assumir o lugar de destaque do festival e ocupar o centro das celebrações. Ao longo da Rue Auguste Ors, encontramos uma pequena aldeia finlandesa que, garantem-nos, representa na perfeição o “espírito Kalevala”, exportado das florestas de Kajaani, na região de Kainuu, para os arredores do enorme edifício da Bourse, epicamente engalanada com luzes natalícias, como de resto todas as fachadas monumentais e as ruas do centro de Bruxelas. Ali, no epicentro das festividades, a lenha é utilizada para fumar lentamente o salmão, que pode ser consumido em prato, em pão ou em sopa; os alces e as renas dão o nome às salsichas e as bagas vermelhas não são decorativas, mas antes o ingrediente principal do glögi, a receita de vinho quente onde as notas do mirtilo selvagem dominam e fazem esquecer os sabores cítricos e carregados de especiarias do doméstico vin chaud ou glühwein. Preparado por monges do mosteiro de Valamo, com os frutos silvestres amadurecidos pelo sol da meia-noite, podem experimentar-se duas variedades de glögi branco ou tinto. Feito o teste, é difícil escolher um favorito: mais seco (o primeiro) ou mais robusto (o segundo), ambos são merecedores dos três euros pedidos por cada dose individual. Além dos artigos artesanais feitos com os produtos naturais do país — a madeira, a lã, a pele e a pedra —, da gastronomia tradicional e do folclore, o que os finlandeses prometeram trazer até Bruxelas foi o “respeito pela natureza”, o “espírito de convivialidade e partilha” e o “calor” da sua cultura polar. E mesmo só uma observação fugaz da multidão ruborescida que se deliciava com o salmão bastava para concluir que a missão foi cumprida. Sentados em bancos de madeira em redor de um fogo aberto, num gigantesco tipi que aprendemos se chama kota em finlandês, dezenas de pessoas protegiam-se da chuva e chocavam animadamente os seus copos de glögi fumegantes (e também, mas menos, de gin napue), embalados pelas tentativas de um apreciador da música de David Bowie de replicar as canções do seu ídolo numa versão mais ou menos acústica. Além do tipi, também existe o Tikku, o protótipo de uma casa com dez metros de altura e a largura e comprimento de um lugar de estacionamento. Desenhado pelo gabinete de arquitectura Casagrande Laboratory, o edifício experimental serve para transportar — virtualmente — os seus visitantes até ao Parque Nacional Hossa. Quem entra, deixa para trás todo o burburinho da rua e depara-se com as maravilhas da Lapónia em estado selvagem. Como está escrito na fachada, trata-se de uma “Maison du Silence”, pelo que o bulício das luzes, dos sinos e dos guizos fica do lado de fora: uns óculos de realidade virtual e de repente a aurora borealis está à nossa frente, a dançar por cima das copas das árvores. (Outras luzes do Norte correm as magníficas fachadas da Grande Place num espectáculo de luz e som que começa a partir das cinco da tarde, cada vez que o relógio marca a hora certa). A experiência natalícia finlandesa não ficaria completa sem a visita do Pai Natal, que virá directamente da Lapónia, não num trenó puxado por renas voadoras, mas num voo patrocinado pela Finnair. A sua chegada a Bruxelas coincide com a celebração preferida das crianças belgas, o Saint-Nicolas ou Sint-Niklaas, que durante a madrugada de 6 de Dezembro deixa presentes a quem se portou bem, geralmente na forma de chocolates e biscoitos de speculoos, que são ubíquos na Bélgica — pelo menos desde 1650, data da primeira referência escrita a esta iguaria feita com manteiga, açúcar mascavado e especiarias (canela, noz moscada, gengibre, cravinho, cardamomo), no molde do simpático bispo que viveu no século III. Não há como negar as semelhanças entre o cristão Sint-Niklaas e o pagão Pai Natal: as longas barbas brancas, as vestes vermelhas, os ajudantes que se encarregam de distribuir os presentes, e, claro, o nome. Mas isso seria assunto para outro artigo e não este — voltemos, por isso, a explorar as maravilhas de Inverno de Bruxelas, e concentremo-nos agora no mercado de Natal. Com mais de 250 cabanas (chalets, como se diz por estas partes), distribuídas num percurso que toca quase todos os pontos obrigatórios do turismo do centro da cidade, num triângulo que abarca a Grande Place, a Bourse e Sainte-Catherine, o mercado reproduz a natureza cosmopolita e internacional da capital belga, com produtos provenientes dos quatro cantos do mundo — bebidas e comidas, claro, mas também têxteis, jóias, brinquedos, cerâmica, velas, sabonetes, e inúmeros artigos decorativos. Ao mesmo tempo, expõe orgulhosamente as paixões dos belgas aos visitantes estrangeiros, principalmente pela cerveja, o que explica o enorme pavilhão da cerveja Leffe no meio do percurso. A lógica dos patrocínios a isso obriga, mas o palco não parece desajustado: pelos vários pontos do mapa, há chalets ocupados por produtores de cervejas artesanais e outras bebidas mais ou menos alcoólicas consumidas na época natalícia: abundam os especialistas em vin chaud e em genebras, e nenhuma das bancas onde se vendem ostras ou escargots dispensam o cliente sem um copo de champanhe. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quem estiver interessado em conhecer as outras delícias natalícias belgas, encontrará os famosos cuberdons (uma espécie de gomas de fruta com uma capa cristalizada em formato de cone), o tradicional cougnou (um pão de leite tipo brioche, que pode ter diferentes recheios como passas, chocolate ou caramelo salgado) ou o boeuf fumé séché, especialidade conhecida como o filete de Antuérpia. Num percurso pelo movimentado "boulevard” instalado no Marché aux Poissons, damos de cara com o casal Milena Araújo e Daniel Portelo, de passeio por Bruxelas e pelos recém-inaugurados “Prazeres de Inverno”. A visita foi marcada há meses, e embora Daniel desconfiasse que “era muito provável” encontrar um mercado de Natal, não foi essa a razão que os atraiu à capital belga. Mas foi seguramente um bónus no seu programa — “uma feliz coincidência”, disseram. Depois de umas boas horas a espreitar as cabaninhas, Milena destacava a “grande variedade” de produtos que viu em exposição: recordando uma visita feita noutro ano ao mercado de Natal de Bruges, preferiu a experiência bruxelense. “Gosto de passear, de picar, de experimentar sabores de vários países, e aqui há uma grande diversidade. Bruges tem um ambiente mais idílico, mais romântico, mas penso que aqui é melhor para passear, comer e procurar prendas para oferecer”, comparou. Pelo seu lado, Daniel “adorou” o carrossel da praça de Sainte-Catherine, onde as crianças pequenas esperam impacientemente uma oportunidade para rodopiar em cima de animais fantásticos ou máquinas mirabolantes. Uma corrida no “Manége de Andrea” custa dois euros e meio, mas o verdadeiro prazer, que é o de apreciar a felicidade infantil naquele mundo bizarro, é de borla. E vale mesmo a pena.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura espécie infantil
Com as mãos na massa do bolo-rei mais saloio de Lisboa
Na Pastelaria Batalha, no Chiado, um jovem pasteleiro admirador de Beatriz Costa ensina os segredos de um bolo-rei premiado. (...)

Com as mãos na massa do bolo-rei mais saloio de Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na Pastelaria Batalha, no Chiado, um jovem pasteleiro admirador de Beatriz Costa ensina os segredos de um bolo-rei premiado.
TEXTO: Na jaleca de João Batalha espreita do rosto de Beatriz Costa, franja negra a aparecer por baixo do lenço azul às bolinhas, lábios pintados de vermelho. João, pasteleiro de 27 anos, é saloio e orgulhoso de o ser, por isso apresenta a sua pastelaria – que nasceu na Charneca, a “Aldeia da Roupa Branca”, abriu depois uma segunda loja na Venda do Pinheiro e, por fim, há pouco mais de um ano, chegou ao Chiado, em Lisboa – como “a mais famosa das saloias”. Em cima da mesa cheia de doces de Natal que nos espera na loja do Chiado há também algumas especialidades da região saloia, incluindo aquele que, garante, era o bolo favorito da famosa actriz, o parrameiro, “feito para os romeiros, que andavam a cavalo ou de burro, e que, por isso, tem a forma de ferradura”. Mas o que nos traz aqui não é o parrameiro, nem a deliciosa queijada de Lisboa (uma receita da mãe de João), a premiada rabanada feita com pão de Mafra, nem sequer o já famoso workshop de pastel de nata, muito procurado pelos turistas e destacado pelo TripAdvisor (o próprio pastel de nata da Batalha conquistou o terceiro lugar no concurso que se realiza durante o festival Peixe em Lisboa). Hoje viemos pelo bolo-rei. Vamos passar as duas horas seguintes na cozinha da Pastelaria Batalha para aprender com João a fazer este bolo, que chegou a Portugal nos finais do século XIX, através da Confeitaria Nacional, vindo de França onde terá nascido durante o reinado de Luís XIV. Aqui fazem-se muitos bolos-rei e por isso temos a vida de alguma forma facilitada pela ajuda de máquinas como o poderoso forno e a amassadeira. É para aí que deitamos os dois quilos de farinha sem fermento tipo 55, mais os 300 gramas de margarina (a ideia é fazer uns oito bolos, diz João), 50 gramas de sal, quatro ovos, 400 ml de leite. Depois vêm os ingredientes que tornam especial este rolo-Rei, vencedor da medalha de Melhor Bolo-Rei 2016/17 no concurso Wonderland Lisboa. Um dos segredos é a calda de laranja, feita na casa com as cascas de laranjas do Algarve, as mesmas que serão, no final, usadas para a decoração. Colocamos os ingredientes na amassadeira e deixamos que os braços mecânicos façam o trabalho, inicialmente dois a três minutos numa velocidade mais lenta, “para homogeneizar”, explica o pasteleiro, e depois cerca de seis minutos em ritmo mais rápido. É depois disso que se deitam os licores, que lhe vão dar um tom mais escuro, e o fermento para crescer, antes de ser amassada mais quatro minutos – a mistura de licores fica mesmo um segredo, guardado por João, mas percebemos pelo menos que leva anis e vinho do Porto. “A qualidade da fruta seca e da cristalizada é o que faz a diferença”, afirma. “Compramos os pinhões de Alcácer do Sal, tentamos ter amêndoa e noz nacionais, embora nem sempre seja fácil. ” A fruta cristalizada, já cortada em quadradinhos, é comprada, mas João garante que é de óptima qualidade, sem excesso de açúcar e com a frescura necessária para conferir alguma humidade à massa do bolo. Os pais de João (as pastelarias são um negócio familiar) passam pela cozinha quando estamos todos literalmente de mãos na massa e o pai explica que “é preciso mexer na farinha para se ficar viciado”. Foi, de certa forma, o que aconteceu com João, que nasceu “dentro do restaurante” dos pais, em 1991, e que quando era mais jovem ainda pensou seguir informática. “O meu pai perguntou-me ‘é mesmo isso que tu queres, estar sentado a uma secretária?’”. Hoje, sabe que não era isso e que é na cozinha que se sente feliz. Foi no ano passado, no seu 27. º aniversário, que surgiu a oportunidade de adquirir este espaço em pleno Largo de Camões. É a partir daqui que hoje faz toda a produção, não só o que vende na casa mas a que se destina a hotéis de Lisboa, como o Corpo Santo ou o Martinhal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Conversamos e provamos as azevias com amêndoa e grão, os coscorões, os sonhos, as broas castelares e as trouxas-de-ovos, enquanto esperamos que a massa do bolo descanse. Depois chega a parte que exige mais habilidade manual: enrolar a massa, criando primeiro uma bola, depois abrindo um buraco no centro (com o cotovelo) e por fim dando-lhe o formato de coroa. Os bolos-rei que saem das nossas mãos não ficam perfeitos, como os que João faz, mas ele garante que é uma questão de prática e que, se formos persistentes, lá chegaremos. De preferência, antes da noite de Natal. Nota: o workshop de bolo-rei destinou-se apenas à imprensa. No entanto, a Pastelaria Batalha faz workshops de pastel-de-nata todos os dias às 17h (também em inglês) para grupos até 10 pessoas – mais informações em www. pasteldenataworkshop. com. Preço: 50€Rua da Horta Seca, 1, LisboaTel. : 214 019 117Horário: todos os dias das 7h30 às 20hPreço bolo-rei: 14, 90€/kg
REFERÊNCIAS:
Não estrague o seu Natal com um mau azeite
Não há ceia de Natal sem azeite. Mas nem todo o azeite está à altura da importância desta refeição. Se gosta desta época e se aprecia o que é bom e faz bem à saúde, escolha apenas azeite Virgem Extra, de preferência com origem em olivais tradicionais. (...)

Não estrague o seu Natal com um mau azeite
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.69
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não há ceia de Natal sem azeite. Mas nem todo o azeite está à altura da importância desta refeição. Se gosta desta época e se aprecia o que é bom e faz bem à saúde, escolha apenas azeite Virgem Extra, de preferência com origem em olivais tradicionais.
TEXTO: Não há forma de fugir à tradição: sem um bom bacalhau, umas boas batatas, umas boas couves e um bom azeite, o Natal não é Natal. Mas o que é, afinal, um bom azeite?Se nos guiarmos pela nossa memória emocional, o bom azeite era aquele que comíamos em casa da família, grosso e de sabor intenso, que se sumia nas batatas Kennebec ou Arran Banner (em Trás-os-Montes chamavamos-lhes “Rambene”) e ensopava as lascas do bacalhau curado ao sol na zona de Aveiro depois de pescado nas águas frias e longínquas da Terra Nova. Não o sabíamos, mas muito desse azeite “saboroso” estava cheio de defeitos, com aromas, por exemplo, a ranço (típico dos azeites velhos), terra (provocado por azeitonas colhidas já no chão) ou vinagre (azeitona que entra em fermentação antes de ser processada). Sabia-nos bem porque não conhecíamos outro. Acontecia o mesmo com o vinho. Sem referências e termos de comparação, o vinho caseiro era o melhor do mundo, mesmo que já tivesse um “piquinho” (meio avinagrado). Nesse tempo - ainda assim, de felicidade -, o azeite só era feito quando a azeitona estivesse pretinha e caísse bem ao varejo dos homens. Quase sempre, a apanha ocorria já depois do Natal, e em muitos lugares era costume colocar a azeitona em água durante vários dias ou guardá-la em sacos de plásticos fechados à espera de vez no lagar. Tudo o contrário do que se deve fazer para se conseguir um azeite sem defeitos e de boa qualidade. Como acontece com as uvas, também as azeitonas dão um melhor azeite se forem colhidas no tempo certo (quando começam a ficar roxas) e processadas imediatamente a seguir à apanha com extracção a frio (rende menos, mas preserva o melhor das azeitonas). Nas zonas de olival tradicional, a cultura do azeite ainda é marcada por algum arcaísmo, mas é também nesses lugares, povoados de oliveiras centenárias tratadas quase naturalmente de forma biológica e onde o olival hiper-intensivo e regado ainda não chegou, que se continuam a fazer os melhores azeites do país. Não há milagres: os olivais modernos, sobretudos os que estão a nascer como cogumelos no Alentejo do Alqueva (um dia haveremos de chorar sobre os seus elevadíssimos custos ambientais), servem, sobretudo, para obter grandes produções. Nos olivais tradicionais, as produções são muito mais baixas, mas a qualidade é melhor (quanto mais concentrado for o fruto, mais rico é). Em regra, claro, porque não basta ter boas azeitonas para fazer um bom azeite. Como no vinho, também no azeite há centenas de substâncias químicas que interferem na sua qualidade. Esta também varia de cultivar para cultivar e de região para região; e depende também da natureza do solo e do clima, do estado de maturação das azeitonas na altura da colheita, do método de apanha da azeitona e de transporte para o lagar, do tempo de espera para o processamento da azeitona, da higiene, do equipamento, da temperatura de extracção e das condições de armazenamento e acondicionamento. São demasiados factores críticos para continuarmos a olhar para a olivicultura com a mesma negligência e desconhecimento de antigamente e para o azeite como uma gordura mais ou menos saborosa. Antes de ser uma gordura, o azeite é primeiro um condimento. Uma das melhores definições sobre as virtudes e os tempos do azeite é aquela que situa a sua durabilidade nestes termos: até um ano, o azeite é um condimento; de um ano a 18 meses é um alimento; a partir daí, passa a ser uma gordura. Por lei, o tempo recomendado de consumo para um azeite é de 18 meses após ser engarrafado. Findo este limite não quer dizer que o azeite fique estragado. Apenas perde qualidades e pode desenvolver defeitos desagradáveis. Se forem bem acondicionados (em recipientes escuros, para não oxidarem com a luz), há azeites que ao fim de três, quatro anos continuam bons. Porém, até esses - e são raros os que aguentam tanto tempo -, já não apresentam o mesmo fulgor aromático de um bom azeite novo. Aquele frescor verde, aquele cheirinho a azeitona pouco madura, a erva cortada e a rama de tomate, três exemplos de atributos positivos na avaliação sensorial de um azeite. Os bons azeites podem ter também sabores a fruta (maçã, banana), a ervas aromáticas, a especiarias e deixar no final um travo amargo e picante que por vezes até nos faz tossir. A forma como todas estas sensações se integram, o nível de complexidade e, muito importante, a sua harmonia, é que determinam a qualidade global do azeite. Os melhores azeites não podem, desde logo, ter qualquer defeito sensorial. Só esses é que podem usar a chancela Azeite Virgem Extra. De cheiro e sabor intenso a azeitona sã, conservam o aroma, vitaminas, antioxidantes e todas as propriedades da azeitona. É o azeite obtido na primeira prensagem. O parâmetro da acidez não pode ser superior a 0, 8%. Já agora: a acidez do azeite não se detecta no nariz e no paladar. É “apenas” um parâmetro químico que nos indica o nível de deterioração do azeite. Quanto mais alta for a acidez, maior é o grau de deterioração do azeite. Se for baixa, significa que o azeite tende a durar mais tempo. Num nível de qualidade inferior, vêm logo a seguir o Azeite Virgem (pode ter defeitos muito ligeiros de cheiro e sabor e a acidez não poderá ser superior a 2%) e o Azeite (contém mistura de azeite refinado). Tanto o Azeite Virgem como o Azeite podem ser boas opções, por serem mais baratas, para frituras e refogados. Mas, para usar em cru, o melhor, o mais saboroso e o mais saudável é, sem dúvida, o Azeite Virgem Extra. É só deste que devemos usar na sopa, em saladas e nos temperos de carnes e peixes. Por maioria de razão, não deveria haver lugar para mais nenhum outro na ceia de Natal, porque nem o melhor bacalhau resiste a um mau azeite. Se somos cada vez mais exigentes com o que bebemos, devemos sê-lo ainda mais com o que comemos. E nem sequer podemos queixar-nos do preço. Pelo preço de um vinho banal compramos uma garrafa de um grande azeite. Mais: a garrafa de vinho bebe-se numa refeição e uma garrafa de um bom azeite pode dar para várias refeições. Também já não nos podemos queixar de escassez de oferta. Hoje, já há lojas só de azeite e basta irmos a qualquer grande superfície para encontrarmos dezenas de opções. Há preços e embalagens para todos os gostos e até azeites com designações que conhecíamos só dos vinhos, como “Grande Escolha”, “Superior”, “Selecção” ou “Premium”. Na verdade, começa a ser difícil escolher. Como nos vinhos, a origem pode ser um bom critério. De uma forma genérica e simplista, podemos dizer que os azeites transmontanos se distinguem pela aliança entre o frutado da azeitona e os aromas dos frutos secos e por um peculiar toque amargo e picante; que os do Alentejo sobressaem pelo frutado e aroma fresco; que os do Ribatejo são mais redondos e doces; e que os das Beira são mais neutros. O problema é que mesmo dentro de cada região os azeites variam muito. O melhor remédio é mesmo ir comprando e testando. Para facilitar, aqui ficam algumas sugestões que podem tornar ainda mais saboroso o seu Natal e também o daqueles de quem mais gosta. Coma e ofereça azeite. Por alguma razão lhe chamam “óleo santo”. Rosmaninho Azeite Virgem Extra Premium D. O. PA Cooperativa de Olivicultores de Valpaços faz um dos melhores azeites do país. Situa-se na chamada Terra Quente transmontana, com forte tradição oleícola. Neste Premium, com o selo DOP (Denominação de Origem Protegida), entra a santíssima trindade das variedades de azeitona daquela região: Madural, Cobrançosa e Verdeal. É um azeite com um aroma a puxar para o verde mas também com notas amendoadas. Na boca, é intenso e encorpado, terminando com um bom amargor e picante, mas nada de sufocar. O que se destaca neste azeite é mesmo a sua excelente harmonia. Cooperativa de Olivicultores de ValpaçosRegião: Trás-os-MontesPreço: 7, 49€ (50cl)Casa Anadia Virgem Extra Private ColectionEsta pode ser uma boa escolha para quem não aprecia azeites muito intensos e picantes. Trata-se de um azeite de aroma e sabor mais maduro, embora no final pareça ganhar uma vivacidade insuspeita, mostrando um picante mais do que tolerável mas interessante. Quinta do Bom SucessoRegião: RibatejoPreço: 6, 49 € (50cl)Moura Azeite Virgem Extra DOPOutra cooperativa com pergaminhos na produção de azeite de qualidade. O que surpreende neste caso é o preço: 3, 69 euros para uma garrafa de 75cl (comprada numa loja Continente). É muito barato, ainda mais tratando-se de um azeite DOP. Tem um gosto muito distinto, mais fresco do que é habitual encontrar até noutros azeites do Alentejo. Invoca-nos rama de tomate e até o molho que sobra nas saladas de tomate. No final sobressai o sabor a azeitona, mais concretamente a azeitona curtida, ainda com um ligeiro toque amargo. Cooperativa Agrícola de Moura e BarrancosRegião: AlentejoPreço: 3, 69 € (75cl)Oliveira Ramos Premium Virgem ExtraJoão Portugal Ramos é um dos muitos produtores de vinho que nos últimos anos entraram também no negócio do azeite, um fenómeno transversal a todo o país e que a está a puxar a qualidade do azeite nacional para patamares nunca vistos. Este seu Oliveira Ramos está entre os melhores do Alentejo. Feito com azeitonas das variedades Cobrançosa, Galega e Picual, tem um aroma muito frutado, a azeitona verde, e é bastante intenso de sabor, mostrando um bom equilíbrio amargo/picante no final. João Portugal RamosRegião: AlentejoPreço: 9, 90€ (50cl)Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Casa de Santo Amaro Virgem Extra PremiumFrancisco Pavão é um dos herdeiros desta casa transmontana e, como divulgador do azeite e provador renomado, é também um dos grandes responsáveis pelo boom dos azeites de quinta no Douro. Os azeites que produz têm geralmente uma cor pouco verde (a cor no azeite não tem importância, razão pela qual a prova se faz em copos escuros), mas basta cheirá-los e prová-los para se perceber a sua delicadeza, riqueza e complexidade. Invocam maçãs verdes e erva acabada de cortar. Na boca, são muito expressivos de sabor, terminando sempre com notas amargas e picantes de grande qualidade. É o caso deste Premium. Casa de Santo AmaroRegião: Trás-os-MontesPreço: 10€ (50cl)
REFERÊNCIAS:
Orcas partilham traços de personalidade com humanos e chimpanzés
Investigação analisou estes mamíferos e concluiu que são semelhantes aos humanos e chimpanzés na brincadeira e no sentido gregário e social. (...)

Orcas partilham traços de personalidade com humanos e chimpanzés
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181219185505/https://www.publico.pt/n1851274
SUMÁRIO: Investigação analisou estes mamíferos e concluiu que são semelhantes aos humanos e chimpanzés na brincadeira e no sentido gregário e social.
TEXTO: As orcas exibem características de personalidade semelhantes aos humanos e chimpanzés, como a brincadeira, a alegria e o afecto, de acordo com uma nova investigação divulgada esta quinta-feira pela Associação Americana de Psicologia (AAP). Investigadores em Espanha analisaram os traços de personalidade de 24 orcas em cativeiro, nos Estados Unidos e nas Canárias — seis foram capturadas na natureza, enquanto as restantes já nasceram em cativeiro — e utilizaram questionários preenchidos por treinadores e outros funcionários que trabalham de perto com os animais para classificar cada orca estudada numa lista de 38 traços de personalidade, incluindo a brincadeira, a independência, a teimosia, a coragem, a sensibilidade e a proactividade. Estas características foram analisadas e comparadas com estudos anteriores sobre os mesmos traços de personalidade nos chimpanzés e nos humanos, refere um comunicado da AAP sobre o estudo, publicado esta quinta-feira no boletim científico Journal of Comparative Psychology. "Este é o primeiro estudo a examinar as características de personalidade das orcas e de como estão relacionadas com os humanos e outros primatas", explicou a autora principal do estudo, Yulán Úbeda, estudante de doutoramento na Universidade de Girona, em Espanha. "Estes traços similares de personalidade podem ter sido desenvolvidos porque foram necessários para formar as complexas interacções sociais em grupos bem unidos que vemos nas orcas, humanos e outros primatas", precisou. O estudo usa um marcador comum de personalidade designado Modelo dos Cinco Factores — extroversão, consciencialização, cortesia, dominância e cuidado. O modelo, que foi desenvolvido nos anos 30, descreve características de personalidade usando uma combinação de adjectivos isolados ou frases descritivas. Os investigadores descobriram que alguns traços de personalidade das orcas eram semelhantes aos dos humanos e chimpanzés. "As orcas foram semelhantes aos humanos e chimpanzés no factor extroversão (brincadeira, sentido gregário e social)", lê-se no comunicado. As orcas e os chimpanzés partilham também uma combinação de traços de personalidade na consciencialização (constância, teimosia e proactividade) e amabilidade (paciência, pacificação e não agressão), juntamente com algumas características relacionadas com a dominância. De acordo com a AAP, as descobertas podem sugerir alguma evolução convergente, em que as características de personalidade das orcas e dos primatas se assemelham devido às avançadas capacidades cognitivas necessárias a interacções sociais complexas. As orcas podem viver até aos 90 anos em grupos unidos que caçam juntos e partilham a comida, demonstrando avançadas capacidades de comunicação e coordenação. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Estes traços receberam cobertura noticiosa internacional quando uma orca de 20 anos, conhecida como J-35 ou Tahlequah, começou a empurrar a cria recém-nascida morta, em Julho, na costa da Ilha de Vancouver, no Canadá. Com a ajuda de outros membros do clã, manteve a cria morta a flutuar durante 17 dias, enquanto nadou centenas de milhas, num esforço exaustivo que interferiu com a capacidade do grupo para caçar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos ajuda social estudo morta cativeiro
Baleia encontrada morta com mais de 1000 objectos de plástico no estômago
Animal foi encontrada na Indonésia, com 5,9 quilos de plástico no estômago. (...)

Baleia encontrada morta com mais de 1000 objectos de plástico no estômago
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.15
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Animal foi encontrada na Indonésia, com 5,9 quilos de plástico no estômago.
TEXTO: Uma baleia com nove metros e meio foi encontrada morta esta segunda-feira, na costa sudeste da Indonésia, com 5, 9 quilos de plástico no estômago. Entre os objectos de plástico encontrados dentro da baleia estão 115 copos, quatro garrafas, sacos, chinelos e um milhar de outros objectos, concluiu a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla inglesa), diz a agência Associated Press, citada pelo jornal The Guardian. Ainda não foi confirmado se o consumo de plástico foi a causa da morte do animal porque já estava em estado de decomposição no mar. No entanto, “os factos são verdadeiramente horríveis”, disse a coordenadora da WWF na Indonésia Dwi Suprapti. A baleia foi encontrada por habitantes a passar no local e mais tarde foi levada para o parque nacional de Wakatobi, onde continua em observação. Um estudo publicado em Janeiro pela revista científica Science, citado pelo Guardian, realça o facto de a Indonésia ter sido o segundo país que polui mais com o plástico, estando apenas abaixo da China. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Com cerca de 260 milhões de habitantes, este arquipélago produz cerca de 3, 2 milhões de toneladas de desperdício plástico por ano e mais de metade, 1, 29 milhões, vai parar aos mares. O ministro dos Assuntos Marítimos da Indonésia disse que este acontecimento deve aumentar a “consciência pública” sobre o uso do plástico, que deve ser reduzido. Luhut Binsar Pandjaitan apela também para que o governo continue a fazer esforços de protecção do oceano, algo que tinha prometido em campanha política. O governo indonésio tem como meta reduzir o uso do plástico em 70% até 2025. Em Junho, uma baleia morreu na Tailândia por ter engolido 80 sacos de plástico.
REFERÊNCIAS: