As 350 figuras do maior dos presépios do Museu Nacional de Arte Antiga já recuperaram o seu fulgor
Os técnicos de restauro ainda estão a trabalhar no móvel que serve de casa a este conjunto monumental, mas no Dia de Reis tudo deverá estar no seu lugar. Foram cinco meses de trabalho e de descoberta, mas o museu ainda quer saber mais sobre esta obra de Barros Laborão e o coleccionador que a encomendou. (...)

As 350 figuras do maior dos presépios do Museu Nacional de Arte Antiga já recuperaram o seu fulgor
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os técnicos de restauro ainda estão a trabalhar no móvel que serve de casa a este conjunto monumental, mas no Dia de Reis tudo deverá estar no seu lugar. Foram cinco meses de trabalho e de descoberta, mas o museu ainda quer saber mais sobre esta obra de Barros Laborão e o coleccionador que a encomendou.
TEXTO: Sobre uma das mesas dos bastidores do museu, perto dos laboratórios de conservação, repousam ainda um anjo delicado, em veneração, e um tocador de sanfona a lembrar que cabia a estes músicos, muitas vezes cegos, vender cânticos de Natal nas ruas da Lisboa dos finais do século XVIII. Uma mulher jovem de olhar terno abraça uma criança, um pastor ajoelha-se, em recolhimento. Em todos parece haver uma naturalidade no gesto, no movimento. São figuras do Presépio dos Marqueses de Belas (1796-1806), o maior do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), e estão entre as 350 que nos últimos cinco meses concentraram as atenções e os esforços de sete técnicos de restauro. A umas faltavam braços, a outras dedos e elementos diversos. Alguns destes pedaços estavam guardados nas reservas mas não se sabia, até aqui, de onde vinham. “Foi como fazer um puzzle. Quanto mais mexíamos nas figuras do presépio, mais fácil se tornava reconhecer os fragmentos que havia nas reservas e pô-los no lugar. Isto porque vamos ganhando a mão à medida que trabalhamos, compreendendo melhor o artista”, diz Conceição Ribeiro, conservadora-restauradora do museu, acrescentando que desde que a intervenção começou a equipa apercebeu-se de que há nas colecções em reserva outras peças de Joaquim José de Barros (1762-1820), o escultor conhecido como Barros Laborão e autor deste presépio. O trabalho dos restauradores e outros conservadores do MNAA é apresentado ao público esta sexta-feira, embora o presépio totalmente montado nos vários patamares de cortiça que constituem o “torrão” (assim se chama a estrutura que cria o cenário em que as peças são encaixadas) só fique visitável no Dia de Reis, a 6 de Janeiro. Algumas das principais figuras ficarão até lá expostas nas vitrinas que separam a sala onde se encontra o grande armário que lhes serve de casa e a Capela das Albertas, que em breve se verá transformada num laboratório de restauro visitável. A ideia, explica José Alberto Seabra Carvalho, subdirector do MNAA, foi fazer desta galeria um prolongamento “natural” da sala de presépios do museu e uma “antecâmara” das Albertas, já que a capela “ajuda a explicar” algumas das peças – esculturas e alfaias litúrgicas – que se encontram no novo espaço concebido por Manuela Fernandes, a que se acede por uma escada marcada por uma estrutura laminada que depois se repete junto ao grande armário do Presépio dos Marqueses de Belas. “Esta solução das escadas com lâminas lembra que aqui houve um convento de clausura e, ao mesmo tempo, permite-nos manter um pé-direito generoso e não revelar o espaço todo de uma vez”, argumenta a arquitecta. “Junto ao presépio, as lâminas fazem com que possamos ver a parte de trás do armário, perceber como foi construído. ” E acrescentado. “Acrescentar” é palavra-chave quando se fala deste presépio encomendado a Barros Laborão por José Joaquim de Castro – empresário que fez fortuna com a comercialização da chamada “Água de Inglaterra”, um “antepassado da água tónica” usado sobretudo no tratamento da malária – e comprado em 1937 para o MNAA pelo seu primeiro director, José de Figueiredo, a um descendente do Marquês de Pombal. Passado quase meio ano de estudo e restauro, uma das principais conclusões a que a equipa do museu chegou é que este presépio cresceu entre o projecto original de Barros Laborão e a versão que chegou aos nossos dias. “Sempre achámos estranho que o primeiro plano do presépio estivesse tão vazio. Parecia que faltavam figuras. Mas agora sabemos, através do estudo material do móvel e da documentação, que ele a dada altura foi acrescentado a pedido do coleccionador”, diz Maria João Vilhena, conservadora de escultura do MNAA e responsável por esta intervenção. “Este acrescento pode explicar o diferendo que houve entre o encomendador e o Barros Laborão, que foi acusado de sobrefacturar a obra, mas também a participação de outros artistas [como Pedro Alexandrino e Joaquim António de Macedo] e até a existência de figuras avulsas. ”Hoje não há dúvidas de que o armário deste presépio foi ampliado nos três eixos – altura, largura e profundidade –, assegura Tiago Dias, o técnico encarregue do seu restauro, apontando para os locais onde se torna evidente esse acrescento, como o arco de volta perfeita que se transformou num arco abatido para que esta monumental cena da natividade pudesse avançar 30 centímetros. “Agora a nossa principal preocupação é o torrão, composto por placas de cortiça, quase todas coladas. Como não tem muitos encaixes, a estrutura é frágil”, diz. Nas figuras centrais houve trabalhos de recomposição de elementos, com colagens e reconstituições, acrescenta Vilhena, mas o trabalho não apresentou grandes dificuldades e o restauro permitiu perceber quais as que saíram das mãos de Barros Laborão, porque há “matrizes que se repetem e que ajudam a descobrir afinidades entre peças”. É dele a cena central do nascimento de Jesus, como seria de esperar, mas também a do anúncio aos pastores, a da matança do porco, o impressionante grupo das cavalgadas, com o elefante, e o menino que brinca entre colunas, “que é como uma ‘assinatura’ na obra de Barros Laborão”. Para Conceição Ribeiro, a “mão” deste artista passa pelo facto de ele chegar a trabalhar em três escalas, o que de início causou estranheza mas, depois, se tornou evidente entre os vários núcleos do presépio. “Este tratamento por escalas é próprio do presépio português porque ele é construído numa lógica pictórica”, explica António Filipe Pimentel, historiador de arte e director do MNAA. “As escalas permitem dar-lhe um tratamento de profundidade. ”Entre os núcleos atribuídos a Barros Laborão está o “grupo do mouro” em que se encontra o casal nobre que, durante muito tempo, e de acordo com a tradição popular, se julgou representar os marqueses de Belas, mecenas do escultor. “Hoje sabemos que o casal que deu nome a este presépio que nunca foi dos marqueses de Belas é recorrente na obra de Barros Laborão, é mais um ‘tipo’ da grande crónica social que ele aqui faz, ao mesmo tempo que representa o nascimento de Jesus”, acrescenta Maria João Vilhena. “O outro mito que caiu definitivamente em relação a este presépio – e que é recorrente sempre que há uma peça de grande qualidade deste período – é o que o atribuía a Machado de Castro. Não há qualquer dúvida de que é um projecto de Barros Laborão. ”Entre o que ainda não se sabe está a participação que nele terá tido Pedro Alexandrino de Carvalho (1729-1810), o pintor mais activo da Lisboa pós-terramoto de 1755, que já tinha trabalhado com Barros Laborão no Paço da Bemposta e que terá expostos na sala dois desenhos em fac-símile feitos a partir do presépio. A equipa vai continuar a estudar a documentação existente acerca desta obra. Para saber mais sobre o empresário que a encomendou, um coleccionador de autómatos, gravura e pintura a quem se perdeu o rasto e que terá estado até envolvido em episódios de espionagem industrial, conta a conservadora. E também sobre o autor das figuras mais antigas, Joaquim António de Macedo, que se revelou um “escultor muito qualificado”, “belíssimo na representação naturalista”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Apesar dos anúncios de modernidade, presentes nalguns elementos que parecem já apontar para o neoclássico, esta é uma obra que, condensando toda a tradição do presépio português, está ainda muito presa ao passado”, diz Villhena. “É também uma obra em que a qualidade escultórica de cada figura, que podia muito bem apresentar-se só por si, é muito boa. Saiu das mãos de escultores que são exímios a trabalhar e a experimentar na pequena escala. ”Entre os núcleos em que essa qualidade é evidente está o do anúncio aos pastores, “com uma dinâmica de composição e um movimento muito pouco comuns”, e a cavalgada, com o seus “cavalos espantados”, de uma “erudição de execução notável”. O restauro deste presépio, lembra Pimentel, está longe de ser o ponto de chegada para a equipa do MNAA no que toca a esta obra de Barros Laborão: “Vamos continuar a aprofundar o estudo porque um museu é antes de tudo um centro de investigação e não uma montra. ” E o que se vier a saber será para partilhar em livro.
REFERÊNCIAS:
Foi igreja de carmelitas e em breve será um laboratório de restauro que se pode espreitar
Para devolver à chamada Capela das Albertas o brilho de outros tempos, o Museu Nacional de Arte Antiga lança esta sexta-feira nova campanha de angariação de fundos. Objectivo: 300 mil euros e a obra concluída até ao final de 2020. (...)

Foi igreja de carmelitas e em breve será um laboratório de restauro que se pode espreitar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para devolver à chamada Capela das Albertas o brilho de outros tempos, o Museu Nacional de Arte Antiga lança esta sexta-feira nova campanha de angariação de fundos. Objectivo: 300 mil euros e a obra concluída até ao final de 2020.
TEXTO: A separar a Capela das Albertas da sala contígua, onde estão a ser instaladas as vitrinas que hão-de receber as peças que farão companhia ao Presépio dos Marqueses de Belas, há agora umas cortinas de plástico. Mas em breve a vista estará desafogada para que quem chega possa acompanhar ao vivo e em tempo real o trabalho dos técnicos de restauro. “A ideia é fazer da Capela das Albertas um laboratório de restauro que recebe visitas, não interrompendo a dinâmica que começou pelos azulejos”, diz o director do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), António Filipe Pimentel. “É importante que o nosso público perceba como é que vamos valorizando as colecções, como é fundamental o trabalho dos conservadores-restauradores. E é ainda mais importante quando estamos a pedir-lhe que comparticipe esta intervenção com os seus donativos. ”O restauro desta pequena igreja do Convento de Santo Alberto (1585), a primeira casa feminina da Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal, começou em Março pelos painéis de azulejos historiados, com cenas das vidas de Cristo e de Santa Teresa de Ávila. A estes trabalhos entretanto concluídos — executados graças a um apoio de 25 mil euros da TEFAF, a feira de arte e antiguidades de Maastricht, uma das mais importantes do mundo no seu género — deverão seguir-se intervenções nos altares, nas paredes e nos tectos, onde há talha dourada, escultura, pintura e mais azulejo (mas desta vez de padrão). E isto sem esquecer a minúscula sacristia que fica por trás do altar-mor e a estreita passagem que nele dá acesso ao trono, a precisar dos cuidados de um conservador, como quase tudo o resto. O ambicioso programa de revalorização, orçado em 300 mil euros, que até ao final de 2020 quer devolver aos visitantes esta capela considerada uma jóia do barroco — uma das “peças” mais singulares do museu, fechada há 11 anos por motivos de segurança — será objecto de mais uma das campanhas de mecenato a que o MNAA já habituou os portugueses. Depois do sucesso do envolvimento de particulares, empresas e instituições na compra de Adoração dos Magos (Domingos Sequeira, 1828, 600 mil euros) e do retrato de José Maria da Fonseca Évora, frade que foi embaixador de D. João V em Roma e bispo do Porto (Maria Tibaldi, c. 1730, dez mil euros), assim como no restauro do Presépio dos Marqueses de Belas (Barros Laborão, 1796-1806, 40 mil euros), o MNAA e o seu Grupo de Amigos voltam a lançar o repto à participação cívica. “A generosidade dos portugueses para com o museu tem ajudado a enriquecer as nossas colecções e a chegar onde não poderíamos chegar com o financiamento do Estado”, diz o director, lembrando que a nova campanha conta já com a participação de dois artistas que doaram obras — Jorge Molder e Alexandre Farto (Vhils). O primeiro é o autor da fotografia Cão, objecto de uma edição limitada a 19 exemplares que serão vendidos a mil euros cada. O segundo assina 6 de Maio, obra feita para a exposição Do tirar polo natural, que até 14 de Outubro mostrou no MNAA a evolução do retrato em Portugal. Esculpida em baixo-relevo numa parede que resultou das demolições do Bairro 6 de Maio, na Amadora, e mostrando parte do rosto de três moradores de gerações diferentes, poderá ser licitada até esta sexta-feira no site da leiloeira Palácio do Correio Velho, tendo uma base de licitação de 30 mil euros (60% do produto da venda reverterá para o museu, a Associação 6 de Maio ficará com os restantes 40%). “Tivemos de definir uma verba para a campanha de restauro da capela, mas é natural que os 300 mil euros não cheguem porque quando se trata de património desta natureza, que durante séculos não foi mexido, as surpresas podem ser mais do que muitas”, acrescenta Pimentel. “Sabemos como começamos, mas não sabemos como vamos acabar. ”Conceição Ribeiro, restauradora do museu, dá um exemplo de como as coisas se podem complicar: “A talha assente no lado da parede exterior da capela está cheia de enfolamentos. Para a tratarmos teremos de a apear, o que é sempre uma operação arriscada. Essa parede ainda é a original, nunca foi mexida. Não sabemos como está, que problemas tem. ” A estimativa de custos é, por isso, a mais rigorosa possível de acordo com as necessidades de intervenção que hoje se conhecem. “Só quando começarmos a mexer podemos ter uma noção mais exacta das infiltrações, da integridade dos materiais. . . ”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A construção da Capela das Albertas terminou no final do século XVI, mas a decoração do interior só foi dada por concluída cem anos mais tarde. Só que depois veio o terramoto de 1755 e a pequena igreja, assim como o convento, foi seriamente afectada. O que chegou até à actualidade é o resultado, no plano ornamental, de “sucessivas campanhas de obras que documentam três séculos de evolução de arte portuguesa”, pode ler-se num texto de sala que está já colocado na igreja para que o visitante compreenda melhor o espaço que está a ser objecto de restauro. “Esta capela, que faz parte do museu desde 1911, é uma jóia em si mesma, mas ajuda também a contextualizar muitas peças que temos espalhadas pelas nossas salas”, conclui Pimentel. “Não podia continuar fechada. Faz parte da história do próprio museu, vem nos guias turísticos, os portugueses e os estrangeiros perguntam por ela. "
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Hóquei no gelo: “dilúvio” de peluches solidários bate recorde do mundo
Tradição natalícia faz parte da campanha Teddy Bear Toss, que angaria brinquedos para instituições de solidariedade. No domingo, foram atirados quase 35 mil peluches para o ringue de um jogo de hóquei no gelo, nos EUA. (...)

Hóquei no gelo: “dilúvio” de peluches solidários bate recorde do mundo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tradição natalícia faz parte da campanha Teddy Bear Toss, que angaria brinquedos para instituições de solidariedade. No domingo, foram atirados quase 35 mil peluches para o ringue de um jogo de hóquei no gelo, nos EUA.
TEXTO: O primeiro golo de Riley Barber, jogador dos Hershey Bears, equipa de hóquei no gelo do estado da Pensilvânia, foi o ponto de ignição para uma “chuva” de animais de peluche destinados a instituições de solidariedade que trabalham com crianças carenciadas. No domingo, 2 de Dezembro, a campanha solidária, que faz parte da iniciativa Teddy Bear Toss, registou a maior recolha de sempre no jogo entre os Hershey Bears, que saíram vitoriosos, e os Binghamton Devils. Foram angariados quase 35 mil peluches e, assim, estabelecido um novo recorde do mundo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os bonecos vão ser, ao longo do mês de Dezembro, distribuídos por hospitais e instituições de solidariedade da região. Para além dos brinquedos, a Community Aid — organização sem fins lucrativos que patrocina a iniciativa — prometeu doar 50 cêntimos por cada peluche recolhido e 15 mil dólares extra, caso se batesse um novo recorde do mundo, como se acabou por verificar. A iniciativa natalícia Teddy Bear Toss ("lançamento do ursinho de peluche", em português) teve início em 1993 e, com o passar dos anos, foi atraindo cada vez mais adeptos. Depois de contagiar a América do Norte, este evento já se estendeu ao continente europeu, com o Lulea HF, equipa de hóquei sueca, a adoptar a tradição em 2017.
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Tempo Dezembro
Os maiores coleccionadores de Lego de Bragança construíram uma “cidade Natal”
Foram precisas 400 mil peças de Lego de duas gerações diferentes de coleccionadores para montar uma "cidade Natal", no Mercado Municipal de Bragança. Pode ser vista a partir de 1 de Dezembro, no sábado (...)

Os maiores coleccionadores de Lego de Bragança construíram uma “cidade Natal”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 1.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram precisas 400 mil peças de Lego de duas gerações diferentes de coleccionadores para montar uma "cidade Natal", no Mercado Municipal de Bragança. Pode ser vista a partir de 1 de Dezembro, no sábado
TEXTO: A "cidade Natal em Lego", construída com quase 400 mil peças de duas gerações de coleccionadores, é uma das atracções das festividades natalícias de Bragança. O mundo imaginário está pronto para ser visitado a partir de sábado, 1 de Dezembro, no Mercado Municipal de Bragança. A exposição pode ser vista todos os sábados até aos Reis, integrada no programa do evento Bragança Terra Natal e de Sonhos. A paixão pelos Legos contagiou em criança Fernando Pimparel, agora com 48 anos, que passou o entusiasmo à filha Maria João, de 12 anos, e que o juntou a Miguel Miranda, que aos dez anos conquistou o título de legoman, tal é a colecção de peças. Miguel já fez uma exposição no Museu Terras de Miranda, em Miranda do Douro. Pimparel já tinha recebido convites para expor as suas construções noutras zonas do país, mas resolveu esperar para se estrear na cidade natal, Bragança, e a oportunidade surgiu este Natal. Os três foram convidados pela Câmara para mostrar as suas criações e, em duas semanas, instalaram apenas uma amostra do que têm acumulado. Com quase 400 mil peças construíram uma cidade ideal, onde não falta nada: desde a livraria ao hospital, cabeleireiro, cinema, shopping, o comboio que não há em Bragança, avião, espaços verdes, diversões. Acrescentaram-lhe uma vila Natal com as atracções da quadra, onde sobressai a roda gigante, a preferida de Miguel que levou também réplicas de modelos de carros emblemáticos e dos edifícios mais conhecidos do mundo, desde a Casa Branca à Torre Eiffel. Nas construções não faltam pormenores: desde a mobília nas casas, aos motores nos automóveis ou a lancheira na bagagem para um piquenique. Os animais e os bonecos "da cabeça quadrada" são os que Maria João mais gosta de construir, além de casas, a preferência também do pai Pimparel, que fotografa moradias reais para replicar em lego. E é um edifício, que também está exposto, o preferido de Pimparel por uma questão sentimental. Construiu com Legos a Casa do Trabalho de Bragança, a instituição para crianças e jovens que acolheu e onde trabalha há 25 anos. Para quem vê estas construções, tudo parece pequeno, mas é de grandezas que são feitas estas obras daqueles que são os maiores coleccionadores de Legos de Bragança — horas incontáveis de trabalho com este brinquedo "dispendioso", que não conseguem traduzir em investimento. "Cada pecinha custa dez a 12 cêntimos", contou à Lusa Pimparel, ao mesmo tempo que aponta para alguns exemplares desta exposição. Um comboio ficou em 120 euros, um hospital em 100 euros, o edifício do teatro em 150 euros, um barco 200 euros e numa moradia foram gastos quase 300 euros. Entre todos, a expectativa é agora ver a reacção da comunidade com quem decidiram partilhar esta paixão, que despertou cedo nos três. Aos seis anos, a mãe ofereceu uma caixa de Legos a Fernando Pimparel e, desde então, brinquedos ou presentes são "sempre Lego, Lego, Lego". Continua a juntar peças e guarda as que recebeu desde criança "tudo bem cuidadinho", em vitrinas, por causa do pó, num compartimento em casa exclusivamente para ter as peças expostas. As dele e as da filha, que cedo começou a fazer construções com o pai. Não consegue precisar quantos Legos tem: "Sei que tenho cerca de meio milhão de peças, a passar. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Começou a construir seguindo as instruções de manuais e depois passou a transformar as peças naquilo que imagina. "Isso é o que é o interessante do Lego: podermos fazer aquilo que a nossa imaginação nos permitir fazer", sustentou. "Nunca pensei ter assim tantos Legos com esta idade e espero continuar", diz por sua vez Miguel, agora com dez anos, que fez a primeira construção com dois. Tudo começou numa espera hospitalar por uma cirurgia a que a mãe foi sujeita. Para passar o tempo, o pai comprou um lego num quiosque e o Miguel começou a montar. Achou piada: "É divertido construir e bonito de se ver. " Tem muitos Legos em casa, não sabe bem quantos. "São muitos, que eu já perdi a conta", resumiu. "Esta vai ser a minha segunda [exposição], era o meu sonho fazer aqui (em Bragança) uma exposição com o Pimparel, que é o meu amigo", contou à Lusa. Os Legos são muito mais do que brinquedos, para ele. Para ele são amigos, uma família que espalhada por toda a casa. Além de ajudar "a melhorar o cérebro, a sonhar, os Legos são divertidos", garante.
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“Ljubomir-Cooper-Stanisic” e “Alexandre-Clooney-Silva” à volta dos tachos e da sustentabilidade
O mediático chef jugoslavo, consultor no hotel de Samodães, Lamego, está a convidar os amigos para irem cozinhar com ele. Os jantares a quatro mãos são experiências gastronómicas marcantes que promovem uma alimentação saudável e sustentável. (...)

“Ljubomir-Cooper-Stanisic” e “Alexandre-Clooney-Silva” à volta dos tachos e da sustentabilidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O mediático chef jugoslavo, consultor no hotel de Samodães, Lamego, está a convidar os amigos para irem cozinhar com ele. Os jantares a quatro mãos são experiências gastronómicas marcantes que promovem uma alimentação saudável e sustentável.
TEXTO: Ljubomir Stanisic já despiu a jaleca há umas horas. Está agora de calções e t-shirt sentado a uma mesa do bar do Six Senses Douro Valley, o hotel nas margens do rio onde é chef consultor, a fazer a retrospectiva do jantar da noite anterior. “Sou amigo do Alexandre há mais de dez anos e nunca tínhamos cozinhado juntos”, reflecte. Alexandre é Alexandre Silva, o chef do Loco, em Lisboa, uma estrela Michelin. “Não gosto muito desta coisa de partilhar cozinhas. Na verdade, não gosto muito de pessoas”, atira, imperturbável. Alexandre, sentado numa cadeira ao lado, também ele de calções e t-shirt, ri-se. Quem conhece a personalidade de Ljubomir, chef jugoslavo de 40 anos, sabe que ele é assim, provocador. E quem não conhece é capaz de o achar arrogante, às vezes desagradável. Que o diga a hóspede do Dubai com quem partilhámos a mesa na véspera. Foi ela, aliás, que deu o mote para o título desta reportagem: na Open Kitchen do hotel, os dois cozinheiros, atarefados, ultimavam o desfile de 18 pratos que iriam servir dali a pouco e a hóspede, desinibida, cirandava por ali. Ljubomir pediu-lhe que se sentasse. “Você parece o Bradley Cooper [no filme Burnt, de 2015, no qual o actor interpreta um chef de cozinha que caiu em desgraça e procura depois redimir-se conquistando uma terceira estrela Michelin para um restaurante de Londres] e o seu colega, que é um gentleman, parece o George Clooney. ”Não é à toa que a hóspede é para aqui chamada. Nesta tarde de domingo, quando estamos à conversa com os dois chefs, ela continua a rondar. Quando terminamos dirige-se de novo a Ljubomir, pede-lhe desculpa pela noite anterior e diz-lhe isto: “A comida foi incrível. Foi uma das melhores experiências que já tive. ” Tudo está bem quando acaba bem: não é esse o melhor elogio que podem dar um chef?Voltemos à noite anterior e sentemo-nos à mesa, para provar o que Ljubomir e Alexandre Silva prepararam para nós. Ainda não sabemos, mas esperam-nos quatro horas, quatro, a ver desfilar os pratos dos chefs. Começamos com o “mata-bicho” de Ljubomir, uma sanduíche de bacon com alcatra e caviar de lima: primeiro apontamento crocante da refeição e um dos poucos que incluirá carne na sua confecção. Nas próximas horas, andaremos sobretudo à volta do peixe e dos vegetais. À mesa, onde se acomodam 14 comensais, entre hóspedes do hotel e jornalistas, chega agora Alexandre Silva, que serve um rolo de alga nori com fígado de tamboril, um dos momentos mais gabados da noite. Seguimos para ostra com caril verde, depois para berbigão com gelatina, haveremos de passar por camarão e mexilhão, até que chegamos ao ravioli com carbonara de queijo da Serra e trufa. E vão sete pratos, mas este, para já, leva a taça. No dia seguinte, quando nos explica que estes jantares a quatro mãos nunca envolvem grande combinação entre os dois chefs que partilham a cozinha, Ljubomir revela que o ravioli não estava no plano inicial. “Tínhamos pensado fazer oito pratos, quatro cada um. Mas depois, com os produtos que eu tinha pedido ao meu chef executivo para comprar, acabámos por fazer mais. O pregado, por exemplo, deu para três pratos. ” Lá chegaremos, chef, ao pregado, para já ainda nos deliciamos com a textura delicada do queijo da Serra e o sabor pronunciado da trufa. Em boa hora levaram o ravioli para o menu!Prosseguimos com sashimi de salmonete e depois divertimo-nos com um chupa-chupa de foie gras com cereja e flores de funcho — não é só fun, é um concentrado de sabores. Já perdemos a conta aos pratos que nos passaram pela frente, mas ainda há várias surpresas na manga. A sopa de sardinha com sardinha fumada e alho francês fica na memória, mas mais ainda a carne fermentada, pregado e flor de alho francês. Ljubomir avisa que a carne tem um “sabor muito forte” e não nos engana: é forte, sim, mas inesquecível. Com o peixe-galo, cerejas e espinafres vem para a mesa um vinho muito especial: um Porto da Quinta Vale de D. Maria de 1870, resultado de uma provocação de Ljubomir a Cristiano van Zeller. “Primeiro achei que ele estava louco, depois comecei a pensar que podia resultar”, comenta o enólogo. A reacção dos comensais revela que Stanisic tinha razão. Ainda não se vislumbra o fim do jantar — ainda servirão a bochecha de porco bísaro com moscatel, trufa, cogumelos e legumes da horta, mais as duas sobremesas, sorbet do jardim e morangos — mas este vinho é uma espécie de fecho com chave de ouro. O jantar que juntou Ljubomir e Alexandre Silva foi o segundo a quatro mãos que o hotel de Samodães, Lamego, organizou este Verão. O primeiro levou o espanhol Patricio Fuentes à cozinha de Ljubomir — “Somos amigos há muitos anos, como sou amigo do Alexandre [Silva] há muitos anos. Aliás, os chefs que vão passar por aqui são todos meus amigos, porque para mim isso é que faz sentido”, explica Stanisic. O próximo encontro está marcado para o último fim-de-semana de Agosto, e trará ao Douro Hugo Nascimento, da Tasca, Peixaria e Padaria da Esquina (todos de Vítor Sobral). E em Outubro haverá mais, embora o elenco ainda não esteja fechado. O preço é de 120€ por pessoa. Quinta Vale de Abrão, Samodães, Lamego Tel. : 254 660 600 SiteSubjacente a cada um destes jantares está a filosofia “Eat with Six Senses”, replicada em vários hotéis do grupo em todo o mundo e que, em traços largos, promove uma alimentação saudável e sustentável. Explica Ljubomir: “Sustentabilidade em primeiro lugar. Nós trabalhamos com produtores que respeitam esse princípio, investimos neles para que os produtos sejam os melhores possíveis. Não usamos químicos, mas sim pesticidas naturais, temos as nossas próprias hortas, tentamos que o peixe que usamos seja todo pescado no anzol. Obviamente de vez em quando saímos da linha: a sardinha não se pesca no anzol e nem sempre recebemos o peixe em caixas de madeira, como preferimos, mas sim em recipientes de esferovite. Mas temos cuidado com o produto, com o produtor, com o planeta e connosco próprios. ”Alexandre Silva partilha deste pensamento e foi também por isso que “Ljubo” o convidou: “‘Eat with Six Senses’ é completamente a cara do Alexandre. ” O chef do Loco acena com a cabeça. “Eu interesso-me muito por essa questão. Nós, os chefs, temos um dever social e a sustentabilidade é fundamental. Claro que ainda não consegues ser 100% sustentável, tudo o que está ao teu redor não te deixa. Estas preocupações encarecem muito as experiências”, comenta. E dá um exemplo: “O preço de um quilo de açúcar de coco, sem químicos, é de mais de 600% face a um quilo de açúcar refinado. E o cliente nem sempre entende por que é que uma mousse de chocolate pode ser tão cara: é cara porque o cacau não foi apanhado por uma criança de cinco anos, porque não leva açúcar refinado, porque a gordura é uma gordura como deve ser. As pessoas querem que lhes saiba bem e querem pagar três euros. Agora quando lhes pedem oito, ou dez ou doze euros… Soube-lhes bem à mesma, fez-lhes menos mal, mas isso já não querem pagar. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há um longo caminho a percorrer nesta matéria, concordam os dois chefs. “A população mundial aumentou e a observação sobre a alimentação é uma coisa muito preocupante. Dentro de alguns anos, não vai haver comida suficiente. E o papel dos grandes cozinheiros é saberem reinventar-se”, declara Ljubomir. Pela parte que lhe toca, garante que já está a fazê-lo. “Tive um problema de saúde e passei realmente a preocupar-me com comer saudável. E atenção que, para mim, comer um porco de 160 quilos é comer saudável. É preciso é sabermos o que estamos a comer. Um animal gordo, que teve um pasto bom, que não comeu farinhas, como um bom porco mangalitsa ou bísaro, é um alimento saudável. Já 99% do que vemos nos supermercados…”Reticências, longas reticências, que só terminam quando lhe perguntamos pelo Terroir, o restaurante vegetariano que abriu há um ano no Six Senses. “Estou apaixonado por ele. Abrimos quatro dias por semana, os hóspedes adoram, é um verdadeiro sucesso, porque é um restaurante vegetariano que serve comida com sabor. Aproveitamos os produtos da nossa horta, criámos o nosso quilómetro 20, com mais duas hortas e sítios fantásticos de onde saem produtos fantásticos. Foste lá comer? Não? Como não?”A Fugas esteve alojada a convite do Six Senses Douro Valley
REFERÊNCIAS:
Na Cantareira, com o poder de São Bartolomeu, o mar desfaz os trajes e cura as maleitas
Neste domingo, pela 76.ª vez, as ruas da Foz Velha encheram-se de gente para assistir ao Cortejo do Traje de Papel. Esta tradição nascida em 1942 e parte das Festas de São Bartolomeu terminou mais uma vez com o tradicional mergulho no mar. (...)

Na Cantareira, com o poder de São Bartolomeu, o mar desfaz os trajes e cura as maleitas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Neste domingo, pela 76.ª vez, as ruas da Foz Velha encheram-se de gente para assistir ao Cortejo do Traje de Papel. Esta tradição nascida em 1942 e parte das Festas de São Bartolomeu terminou mais uma vez com o tradicional mergulho no mar.
TEXTO: Mestre Eduardo Xavier, de 73 anos, nasceu e foi criado na Cantareira, onde se fez pescador. Neste domingo encarnou a personagem de São Bartolomeu, nas festas do santo com o mesmo nome. Fê-lo no Cortejo do Traje de Papel, tradição com 76 anos, parte de outra mais antiga – centenária –, que termina com um banho no mar da praia do Ourigo, na Foz, Porto, para que as maleitas dos participantes sejam curadas. Conhece esta tradição desde sempre e toda a vida participou nela. Este ano não mergulhou, mas foram muitos os que o fizeram depois do desfile para se libertarem dos males e dos trajes que se desfizeram na água. Todos os anos, na última semana de Agosto, as ruas da Foz velha enchem-se de gente para assistir ao cortejo. Participam nele algumas associações locais, que durante meses a fio preparam a festa. Cada uma trabalha um tema para a ocasião. A Associação de Moradores do Bairro de Aldoar escolheu a lenda da Fonte da Moura, a Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira optou pelas personagens do mundo artístico. O Orfeão da Foz fez um tributo à flor. A União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde fez uma homenagem ao Porto e recordou a segunda Invasão Francesa. Precisamente na Cantareira, a meio da manhã ouve-se o som da Banda Marcial da Foz, que, à frente, abre caminho para o cortejo que segue pelo Passeio Alegre até à praia do Ourigo. Há uma diversidade de cores e sons que preenchem todo o percurso. O papel serviu para dar vida a um Freddy Mercury, a uma Marilyn Monroe ou a um Charlie Chaplin, vestiu um exército napoleónico inteiro, desenhou papoilas e outras flores que serviram de motivos para alguns dos trajes e moldou uma fonte que servia de cenário à lenda trazida por Aldoar. Nos passeios há quem esteja a repetir a experiência. Muitos voltam todos os anos. Sentado numa cadeira próximo da berma está Manuel Ribeiro, 63 anos, que vem de Rio Tinto pela quarta vez consecutiva para ver passar a romaria. Voltou por admirar a capacidade de trabalho das costureiras que executam os modelos que os participantes usam. “Aprecio o pormenor dos trajes”, diz. Também gosta da animação. Desde que experimentou pela primeira vez em 2015 não faltou a mais nenhum cortejo. Veterana nestas andanças é Manuela Amaro, que nasceu há 60 anos e desde sempre viveu na Cantareira. Já participou no cortejo, mas este ano estava só para ver, como começou a fazê-lo quando tinha cinco anos. “Toda a minha vida me lembro de conhecer esta festa”, afirma. Desde essa altura, a romaria foi sofrendo algumas alterações. “Dantes era a festa de todas as famílias daqui. Havia mais animação e mais gente que vinha de fora em camionetas”, recorda. Havia quem assentasse arraias nos jardins das imediações em modo piquenique. Personagem assídua nesta festa era o senhor Almeida que fazia questão de trazer sempre o seu cavalo, o Castelo. “Vinha todos os anos e entrava sempre com o cavalo no mar”, conta, aludindo para uma das figuras emblemáticas do Porto – o último agricultor da Foz. Este ano não o viu por lá. Não sendo da Foz, é do Viso, o marido, Flávio Azevedo, também volta sempre. Começou a fazê-lo depois de conhecer Manuela. “Vinha pescar para esta zona e pesquei mais do que peixe. Saí daqui casado”, diz em tom de brincadeira. Agora vive na Cantareira. É quando o cortejo chega ao Passeio Alegre que concentra mais gente. Parado na frente do desfile, espada numa mão e bíblia na outra, está o mestre Eduardo ou devemos dizer São Bartolomeu? Conhece aquele percurso melhor do que ninguém. Já o percorre por altura da festa de São Bartolomeu “desde miúdo”. Este ano diz-nos que não vai à água. Não tem medo do mar. Mal seria se tivesse. Ainda continua a exercer a actividade de pescador. Tem dois barcos na Cantareira baptizados com o seu nome. Tem outro mais pequeno que tem o seu e o da esposa. “Foi o primeiro barco que tive depois de casar”, recorda. É com ele que sai atrás da lampreia. Motivo maior para não ir à água é a lesão que tem na perna. Ainda que a precisar de cura para aquele mal, prefere ver os mergulhos de terra. Outro motivo é não querer estragar o traje que usa. Depois do desfile segue para a Escola 85, onde até hoje decorre a exposição dos trajes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sente-se bem na pele de São Bartolomeu. Aos 73 anos já tem estatuto para ser figura de proa do cortejo. Começou a participar nele ainda com um dos fundadores, Joaquim Picarote, que em 1942 o organizou pela primeira vez com o banheiro da praia do Ourigo da época, José Padeiro. Na altura os trajes ainda eram feitos em papel de jornal. Hoje são feitos em papel crepe. Perto das 13h era este o material que se desfazia nas águas da praia do Ourigo. Os mais audazes, que mergulharam, atiram o papel para terra para não se perder no mar. António Rafael, aos 57 anos, repete a façanha todos os anos e é um dos que se atira às ondas. “Faço-o pela tradição. Não sou supersticioso”, diz. Recorda um ano em que a maré estava vaza e não houve santo que lhe valesse para os ouriços que calcou. “Este é o melhor banho do ano”, afirma sem dúvidas o presidente da junta local, Nuno Ortigão, que este ano entrou no cortejo como sargento-mor do Forte de São João Baptista da Foz. Diz-nos que o desfile, que conta com cerca de 450 participantes, demora cinco meses a ser preparado. Considera que todo o tempo que leva a ser montado vale o esforço: “É a nossa maior aposta em termos de investimento na freguesia e continuaremos a trabalhar para que não se perca a tradição. ”
REFERÊNCIAS:
Tomada de posse de Bolsonaro: 500 mil pessoas, segurança reforçada e boicote do PT
Jair Bolsonaro toma posse como Presidente do Brasil a 1 de Janeiro. Por razões de segruança, não está decidido se desfila em Brasília num carro aberto. (...)

Tomada de posse de Bolsonaro: 500 mil pessoas, segurança reforçada e boicote do PT
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181229194006/https://www.publico.pt/1856216
SUMÁRIO: Jair Bolsonaro toma posse como Presidente do Brasil a 1 de Janeiro. Por razões de segruança, não está decidido se desfila em Brasília num carro aberto.
TEXTO: A cerimónia de posse de Jair Bolsonaro, que se torna na terça-feira o 38. º Presidente do Brasil, deverá reunir meio milhão de pessoas em Brasília e terá um forte esquema de segurança, segundo o Gabinete de Segurança Institucional. De acordo com o gabinete, ligado à defesa da Presidência do Brasil, cerca de 500 mil pessoas devem participar nos programas de posse de Bolsonaro, que ocorrem na Esplanada dos Ministérios, zona central da capital do país. Ainda não há uma decisão sobre se Bolsonaro desfilará da granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República do Brasil, num carro aberto ou fechado. Nas cerimónias de posse é normalmente usado um Rolls-Royce que serve a Presidência da República desde 1952, em que o chefe de Estado fica exposto e acena para o público. No entanto, a preocupação com a segurança é maior este ano porque Bolsonaro sofreu um atentado em Julho de 2018 quando ainda disputava as presidenciais e o uso do carro não foi confirmado. Os organizadores das cerimónias anunciaram que farão também uma revista com detector de metais e divulgaram uma lista de proibições para o público. Aqueles que pretendem acompanhar o cortejo de Bolsonaro não poderão ter mochilas, bolsas, carrinhos de bebé ou guarda-chuvas, bebidas alcoólicas, garrafas, fogo-de-artifício, apontadores de laser, animais, máscaras, produtos inflamáveis, armas de fogo, objectos cortantes e drones. Estas restrições aplicam-se numa extensa área de segurança. A tomada de posse tem várias cerimónias. A primeira é na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, onde costuma ser dada uma missa mas que este ano não acontecerá. Ali haverá apenas um encontro entre Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão, marcada para as 14h30 (16h30 em Lisboa). Em seguida, Jair Bolsonaro segue para o Congresso Nacional, onde será recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados (câmara baixa), Rodrigo Maia, e do Senado (câmara alta), Eunício Oliveira. É no Congresso que Bolsonaro se torna Presidente do Brasil. Terá honras militares e o primeiro-secretário da Mesa do Congresso faz a leitura do termo de posse e o Presidente do Congresso, Eunício Oliveira, declara a posse. Já como Presidente, Bolsonaro fará o primeiro discurso à nação perante os deputados. Em seguida, segue para o Palácio do Planalto, onde é recebido por seu antecessor, Michel Temer. No alto da rampa do palácio, Temer entrega a faixa presidencial ao novo Presidente e Bolsonaro faz um segundo discurso à população. Os membros do Governo são empossados no Palácio do Planalto. O dia termina com um jantar no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, com uma recepção para as missões estrangeiras e as altas autoridades da República brasileira. O Itamaraty estima que a recepção contará com a presença de 12 chefes de Estado, incluindo os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal, Sebastian Piñera, do Chile, Iván Duque, da Colômbia e Mario Abdo, do Paraguai e ainda o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. A China confirmou a presença de Ji Bingxuan, vice-presidente do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo (o órgão legislativo) como enviado especial do Presidente Xi Jinping. O Governo dos Estados Unidos será representado pelo secretário de Estado, Mike Pompeo. Também confirmaram presença na cerimónia de posse de Bolsonaro o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na qualidade de presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e o secretário executivo da organização, Francisco Ribeiro Telles, que inicia funções nesse dia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Partido dos Trabalhadores (PT), que governou Brasil entre 2003 e 2016, o Partido Socialismo e Liberdade e o Partido Comunista anunciaram que vão boicotar a tomada de posse. O PT, que teve como primeiro candidato Lula da Silva - antigo Presidente brasileiro a cumprir uma pena de prisão - e depois Fernando Haddad, que pôs em causa o processo eleitoral depois de apurados os resultados, o Partido Socialismo e Liberdade e o Partido Comunista do Brasil têm 75 dos 513 deputados na Câmara Baixa.
REFERÊNCIAS:
País quer fazer mais pela natureza, mas falta-nos um bom retrato da biodiversidade
Recuperação de atrasos na monitorização será essencial para o sucesso da nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade, que vai para discussão pública. (...)

País quer fazer mais pela natureza, mas falta-nos um bom retrato da biodiversidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.466
DATA: 2017-07-06 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170706181057/https://www.publico.pt/n1775103
SUMÁRIO: Recuperação de atrasos na monitorização será essencial para o sucesso da nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade, que vai para discussão pública.
TEXTO: Portugal vai ter até ao final do ano uma nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade. O documento, que entra em discussão pública na segunda-feira, coloca o país perante um compromisso mais exigente do que as metas internacionais de curto prazo, que propõem o estancar da extinção de espécies vulneráveis e da degradação dos habitats, e ambiciona conseguir, até 2025, “uma recuperação e valorização do património natural”. Um caminho difícil, tendo em conta o desconhecimento, assumido, do estado em que se encontram muitas das espécies a proteger e os respectivos habitats. Portugal não tem uma Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ENCNB) desde o final de 2010. E se, no relatório de avaliação final desse primeiro documento, as falhas assumidas eram muitas, sete anos depois o Governo continua a não esconder que parte para uma nova ambição com debilidades ao nível do conhecimento do terreno. “Os últimos anos foram tempos muito duros para a conservação da natureza em Portugal”, nota o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, assinalando que só recentemente foram lançados os concursos para a elaboração da cartografia dos habitats e dos planos de gestão dos 60 sítios da Rede Natura 2000, abrangendo 22% do território e 90% das áreas protegidas. Estes trabalho é essencial para a definição de prioridades, metas específicas de curto e longo prazo e modelos de gestão destes espaços. Segundo a ENCNB, o quadro de referência na caracterização dos habitats naturais em Portugal tem cerca de 20 anos, e pelo meio o país investiu muito pouco na monitorização, o que significa que os dados estão desactualizados. A gestão das áreas protegidas assenta em instrumentos de planeamento também com mais de duas décadas, e Portugal já leva um atraso de seis anos na constituição das Zonas Especiais de Conservação, um novo estatuto de protecção para os Sítios de Interesse Comunitário identificados na Rede Natura 2000. A ENCNB 2025 assenta em três eixos estratégicos, a partir dos quais são sistematizados 30 objectivos que se desdobram numa centena de medidas. Tem como propósito fundamental a melhoria do estado de conservação de habitats e espécies, mas considera que tal será difícil de atingir sem “a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade pela sociedade, aos mais diferentes níveis” e sem o reconhecimento do valor do património natural. Na estratégia europeia para a diversidade, de 2011, estimava-se, por exemplo, que os serviços ambientais prestados pelas zonas da Rede Natura 2000, cuja manutenção custava 5, 8 mil milhões de euros por ano, podiam chegar aos 300 mil milhões de euros por ano. Matos Fernandes argumenta que o país não pode centrar-se em visões do passado e continuar a articular o verbo conservar, isoladamente. “É preciso cuidar e valorizar também”, insiste, considerando que sem investimento na designada Economia Verde, sustentada nos recursos existentes nas áreas protegidas, o país dificilmente conseguirá estancar o processo de despovoamento do interior que, insiste, acaba por ter consequências negativas na biodiversidade. Portugal perdeu 10% da população nos chamados territórios de baixa densidade, mas nas áreas sob protecção, essa perda foi de 20%, argumenta Matos Fernandes. Entre os 30 objectivos da futura estratégia Nacional contam-se, no primeiro eixo a consolidação do sistema nacional de áreas classificas e da sua gestão; a melhoria do estado de conservação dos habitats e a tendência populacional das espécies protegidas; a aprovação de intervenções de âmbito nacional nesse sentido; o reforço do controlo de invasoras; a promoção da diversidade genética animal e vegetal; o reforço da regulamentação legal e das condições para o seu cumprimento; o reforço da investigação orientada para os objectivos anteriores; a monitorização continuada do estado de conservação dos valores naturais e o aumento da visibilidade destes, bem como da percepção pública dos serviços prestados pelos ecossistemas. No segundo eixo, o do reconhecimento do valor do património natural, a ENCNB prevê o mapeamento e avaliação dos ecossistemas e medidas para melhorar a sua capacidade de fornecer serviços de forma durável. Abre-se a projectos que ajudem a pôr em evidência a economia da biodiversidade, assume a necessidade de um maior investimento público na conservação deste património natural e da criação de instrumentos fiscais que incentivem a sua exploração sustentável. Estes, propõe, terão de ser contrabalançados com o fim de apoios a actividades que possam ter um impacto negativo para os valores naturais a proteger. No terceiro e último eixo, que procura fomentar a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade, entram todas as medidas que permitam aprofundar os contributos da agricultura, da silvicultura, das pescas e outras actividades que utilizam os recursos marinhos e os recursos em rios e águas interiores para a conservação da natureza e a preservação das espécies. Inclui também medidas que, permitindo ao país cumprir as metas do clima, mitiguem o impacto estimado das alterações climáticas nos ecossistemas, e pretende assegurar que a exploração de recursos minerais respeita a biodiversidade. Esta incorporação dos valores naturais na actividade humana não deixa de lado a aposta no turismo de natureza e o aumento da oferta de produtos e serviços integradores do património natural e cultural. E abarca também a necessidade de assegurar a sustentabilidade da utilização de recursos genéticos marinhos ou terrestres por sectores da biotecnologia ou a investigação científica. Neste eixo, o plano aborda também a necessidade de mitigar a ausência de conectividade entre habitats (adaptando, se necessário, as vias de transporte que cortam o território) e a cobertura adequada, em termos de telecomunicações, das áreas protegidas, como forma de dinamizar a visitação e assegurar um rápido socorro em caso de acidentes. Um projecto em linha com este objectivo está a ser levado a cabo no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A nova estratégia vai para discussão pública, mas alguns dos instrumentos que contribuem para o seu sucesso estão em fase mais adiantada. O Conselho de Ministros aprovou ontem, numa reunião com uma agenda dedicada ao ambiente, o Plano de Acção para a Economia Circular, que, visando incentivar práticas de reutilização de produtos e a incorporação de resíduos na produção de novos bens diminui a necessidade de matérias-primas e a pressão sobre os ecossistemas. O Governo aprovou também a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica e o Plano de Acção para a produção e promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios biológicos, tendo em vista um aumento do consumo e o fomento da exportação. Ao mesmo tempo é criado o Observatório Nacional da Produção Biológica que tem como principais funções avaliar e apresentar propostas de revisão da estratégia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outro diploma que saiu desta reunião do Conselho de Ministros foi a Estratégia Nacional para a Educação Ambiental (ENEA), com um pacote de investimento de 18, 2 milhões de euros, até 2021. O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, destacou o facto de a ENEA incluir a possibilidade de realização de actividades destinadas a empresas e respectivos funcionários, não se quedando pelas medidas destinadas ao público escolar. Os três grandes eixos temáticos da ENEA são a descarbonização da sociedade (com implicações em sectores como os transportes ou a energia), a economia circular e a questão da valorização do território. A maior parte das verbas disponíveis são do Prograqma Operacional para a Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, sendo o restante alocado a partir do Fundo Ambiental. Segundo o ministro as organizações não governamentais e os privados vão poder candidatar-se já em Julho a uma linha de apoio a projectos, no valor de 1, 5 milhões de euros, provenientes deste fundo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação consumo extinção animal
Valor da produção agrícola em Portugal sobe acima da média da UE
Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros (...)

Valor da produção agrícola em Portugal sobe acima da média da UE
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.07
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros
TEXTO: O valor da produção agrícola em Portugal aumentou 7%, para os 7, 5 mil milhões de euros em 2017 face ao ano anterior, acima da média da União Europeia (6, 2%), segundo o Eurostat. Considerando as componentes da produção agrícola, a produção vegetal nacional aumentou 9% face a 2016, a produção animal 4, 5%, os serviços agrícolas 2, 2% e as actividades secundárias inseparáveis 4, 4%. O valor da produção agrícola aumentou em quase todos os Estados-membros, com especial relevo para a Estónia (18, 2%), a Irlanda (13, 6%), a Roménia (13, 2%), o Reino Unido (12, 6%) e a Polónia (11, 1%). A Eslovénia (com um decréscimo de 4, 7%) e Malta (com uma diminuição de 3, 1%) viram o valor da produção agrícola recuar de 2016 para 2017 e na Croácia e Eslováquia manteve-se estável. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre os Estados-membros com maior produção agrícola total, o indicador progrediu 8, 6% na Alemanha, 4, 5% em Espanha, 3, 2% em França e 2, 2% em Itália. Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432, 6 mil milhões de euros a preços de base de 2017, um aumento de 6, 2% face a 2016. A França é o país com maior peso na produção agrícola (72, 6 mil milhões de euros, 17% do total da UE), seguindo-se a Alemanha (56, 2 mil milhões de euros, 13%), a Itália (55, 1 mil milhões de euros, 13%), a Espanha (50, 6 mil milhões de euros, 12%), o Reino Unido (31, 8 mil milhões de euros, 7%), a Holanda (28, 9 mil milhões de euros, 7%), a Polónia (24, 9 mil milhões de euros, 6%) e a Roménia (17, 7 mil milhões de euros, 4% da UE).
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Produção de vinho em Portugal em mínimos de 20 anos
Calor excessivo causou escaldões nos bagos das uvas. Chuvas mais fortes em dois dias de Outubro precipitaram o fim das vindimas, num ano em que apenas Portugal e a Grécia deverão ter menos produção que em 2017 (...)

Produção de vinho em Portugal em mínimos de 20 anos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Calor excessivo causou escaldões nos bagos das uvas. Chuvas mais fortes em dois dias de Outubro precipitaram o fim das vindimas, num ano em que apenas Portugal e a Grécia deverão ter menos produção que em 2017
TEXTO: As elevadas temperaturas deste ano causaram prejuízos em quase todas as regiões vitivinícolas e as consequências são visíveis nas colheitas: a produção de vinho deverá recuar este ano 20% em relação a 2017 e ficar no valor mais baixo das últimas duas décadas. É para esse cenário que apontam os primeiros números do Instituto Nacional de Estatística (INE), que contabiliza a produção deste ano em 5, 2 milhões de hectolitros. Nas previsões agrícolas divulgadas nesta terça-feira, o INE afirma que a produção será “uma das menores produções de vinho” das últimas duas décadas, prevendo mesmo que o valor seja o mais baixo daquele período. “As condições meteorológicas até meados de Outubro permitiram que as vindimas, que decorreram com atrasos significativos face ao habitual, se efectuassem sem incidentes e com as uvas a chegarem aos lagares em bom estado sanitário e com teores de açúcar regulares”. Mas, explica o INE, assim que ocorreram as primeiras chuvas mais intensas nesse mês – nos dias 13 e 14 de Outubro – a qualidade baixasse, o que precipitou a conclusão das vindimas. “Para a produção, e face ao atraso do ciclo, as condições meteorológicas de Agosto foram determinantes e verificou-se que o calor excessivo causou escaldões nos bagos, embora com reflexos distintos em função da casta, da exposição e da idade da vinha”. Só o Alentejo e Algarve são excepção. De resto, em todas as regiões vitivinícolas haverá um recuo na quantidade de vinho produzido. “A extensão dos prejuízos causados pelas elevadas temperaturas foi variável, mas estendeu-se por quase todas as regiões vitivinícolas”. O Alentejo deverá ter uma produção idêntica à do ano passado e o Algarve um aumento na ordem dos 5%. Para as outras regiões, o INE não especifica as variações na produção. Para o conjunto das regiões, espera-se que a quebra chegue aos 20%, comparando os 5, 2 milhões de hectolitros deste ano com os 6, 5 milhões registados em 2017. Os dados do INE divulgados nesta terça-feira referem-se às previsões agrícolas com data de 31 de Outubro. A recolha da informação divulgada pelo INE é assegurada regionalmente pelas Direcções Regionais de Agricultura e Pescas em articulação com o instituto estatístico. A 26 de Outubro último, contudo, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) já tinha alertado para o facto de a produção portuguesa em 2018, previsivelmente, estar em risco de ser "a mais fraca dos últimos seis anos", apontando aquele organismo inter-governamental para 5, 3 milhões de hectolitros. "Em Portugal", apontava então a OIV, "as condições meteorológicas propícias ao aparecimento de míldio e oídio impactaram fortemente na produção de 2018, que terá uma queda de 22% face a 2017". Portugal e a Grécia (para onde está estimada uma perda de 15% e a mais baixa produção desde 2003), acabam por destoar da média da união europeia, onde a OIV aguarda uma produção 19% superior a 2017, para 168, 4 milhões de hectolitros. No total, prevê a OIV, a produção mundial de vinho deverá alcançar 282 milhões de hectolitros (mais 31 milhões de hectolitros do que em 2017), e será "uma das das mais elevados desde 2000", graças sobretudo à Itália, França e Espanha, com um contributo também da Argentina (mais 23%) e do Chile (mais 36%). Não é apenas no vinho que se esperam quebras. O mesmo deverá acontecer com a campanha da azeitona e com a produção nas fruteiras. A produtividade da azeitona para azeite, afirma o INE, “deverá reduzir-se em 15%, resultado de uma grande variabilidade de produção nos olivais tradicionais de sequeiro”. “A maturação da azeitona para azeite encontra-se atrasada mais de um mês face à campanha anterior. A carga nos olivais tradicionais de sequeiro (que representam cerca de três quartos da área total desta cultura) é bastante heterogénea, tendo, duma forma generalizada, beneficiado da precipitação ocorrida ao longo de Outubro, verificando-se um aumento do calibre da azeitona”, refere o INE. “Nos olivais intensivos e super-intensivos de regadio não se registaram restrições à utilização de água de rega, se bem que a carga de frutos também seja inferior à do ano anterior. Globalmente estima-se uma produtividade 15% inferior à alcançada em 2017, mas bastante acima da média dos últimos cinco anos”. Na maçã e na pêra, há recuos de 15% e 20%, respectivamente, em relação à campanha anterior. A causa, diz o INE, está na “conjugação de fracas polinizações, problemas fitossanitários e da onda de calor” do mês de Agosto. No kiwi, a carga de frutos é heterogénea registando-se danos em alguns pomares devido à passagem da tempestade Leslie, estimando-se uma produção inferior à de 2017 (menos 5%)”, afirma o INE. Nas culturas anuais, o INE também aponta para uma redução de 10% na produção de girassol em relação ao ano passado e prevê uma descida de 26% no tomate para a indústria, neste caso “devido exclusivamente à diminuição da área instalada”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A tempestade Leslie também teve consequências nas searas, levando a que as campanhas de Primavera e Verão do milho não conseguissem crescer apesar do aumento da área semeada – os ventos fortes causaram estragos nas searas do Baixo Mondego e Pinhal Litoral, diminuindo o rendimento unitário e fazendo com que a produção se mantenha nos níveis da campanha anterior. No arroz, acrescenta o INE, os campos do Baixo Mondego “sofreram danos que conduziram a uma diminuição de 5% na produção”. Positiva é a produção de castanha, onde se espera uma subida de 5%, para 31, 1 mil toneladas. No amendoal, os investimentos recentes do Alentejo - que já ultrapassou o Algarve em 2015 como segunda maior região nesta cultura -, nomeadamente em torno do complexo de regadio de Alqueva, deverão compensar as quebras previstas para o Interior Norte. Nesta última região - onde se localizam quatro quintos (80%) da área total de amendoais do país - a "precipitação na plena floração dificultou a polinização, conduzindo a reduções significativas na produtividade regional", explica o INE. Tudo contado, acrescenta o gabinete estatístico nacional, a produção deverá ser de 15, 1 mil toneladas, "44% acima da média do último quinquénio", acrescenta.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura