Num ano, mais de 40 crianças foram devolvidas por candidatos a pais adoptivos
Das 43 crianças que já viviam em casa dos candidatos à adopção e que acabaram devolvidas, 20 tinham até dois anos de idade. Período de pré-adopção estende-se por seis meses. (...)

Num ano, mais de 40 crianças foram devolvidas por candidatos a pais adoptivos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Das 43 crianças que já viviam em casa dos candidatos à adopção e que acabaram devolvidas, 20 tinham até dois anos de idade. Período de pré-adopção estende-se por seis meses.
TEXTO: Em pouco mais de um ano, 43 crianças que tinham iniciado o processo de adopção acabaram devolvidas às instituições ou famílias de acolhimento em que se encontravam. Este número, que consta da resposta que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSS) deu ao grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), que pedira dados nacionais sobre adopção de crianças, traduz um aumento substancial relativamente aos anos anteriores. “Ou há aqui um engano, ou alguma coisa vai muito mal no matching que é feito entre os candidatos e as crianças”, reagiu a deputada bloquista Sandra Cunha, que adiantou ao PÚBLICO a intenção de pedir a Vieira da Silva novos esclarecimentos sobre a questão. No requerimento, o BE perguntava qual o número de crianças cujo projecto de vida de adopção tenha sido interrompido, entre 1 de Agosto de 2015 e 31 de Agosto de 2016, e que tenham por isso regressado à instituição ou família de acolhimento durante o período de pré-adopção. O MSTT explica que, das 43 crianças que acabaram por ser devolvidas por candidatos a pais adoptivos, apenas duas apresentavam problemas graves de saúde. Havia ainda seis com “problemas ligeiros”, não tendo as restantes 35 quaisquer problemas deste foro. A caracterização do ministério permite ainda concluir que 20 das crianças devolvidas tinham até dois anos de idade. Os dados adiantados pelo MSTT não permitem extrapolações directas relativamente ao universo total de crianças em situação de pré-adopção naquele período temporal. Permitem, contudo, lembrar que, em mais de ano e meio que decorreu entre 1 de Janeiro de 2015 e 31 de Agosto de 2016, 329 crianças que estavam institucionalizadas foram inseridas em famílias em período de pré-adopção. Por outro lado, no relatório CASA 2015 – Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens, o Instituto de Segurança Social dá conta de 26 crianças que reentraram no sistema de acolhimento após processos que correram mal na fase de pré-adopção. O relatório similar de 2014 aponta, por seu turno, a reentrada no sistema de 36 crianças que tinham sido confiadas a pessoas seleccionadas com vista a futura adopção. O período de pré-adopção corresponde à fase em que, concluídos os contactos para garantir que os envolvidos se conhecem e aceitam, a criança é confiada à família candidata a adoptar por um período experimental que pode chegar aos seis meses. A partir daí, consuma-se a adopção e, como explica o juiz António José Fialho, do Tribunal de Família e Menores do Barreiro, “já não se pode tecnicamente falar em devolução mas em abandono, porque a criança passou entretanto a ser filha dos adoptantes”. Considerando que 43 é um número “demasiado elevado, porque está sempre em causa a rejeição de uma criança”, o magistrado admite que estes números possam ser uma demonstração de que o sistema funciona. “No campo das relações humanas muita coisa pode falhar, sem que isso corresponda necessariamente a uma falha na avaliação dos técnicos”, diz. E acrescenta: “Há projectos adoptivos que são frustrados por iniciativa das próprias crianças que nunca perderam o laço com a família biológica e há acontecimentos traumáticos, como uma ruptura no casal, que não são antecipáveis. ” A este leque o especialista em direito da família Guilherme de Oliveira soma possibilidades como “o desemprego ou mesmo a morte de um dos membros do casal”. Ambos os especialistas conhecem, porém, casos em que a adopção não avança por motivos menos defensáveis. “Há oito ou dez anos ouvi um responsável da Segurança Social contar um caso em que uma criança viveu em casa dos candidatos, mas que a certa altura foi devolvida porque o cão não gostava da criança”, recorda Guilherme de Oliveira, para ilustrar a tese de que por detrás destas 43 desistências – 33 das quais correspondiam a candidaturas conjuntas e dez a singulares – poderão estar razões “muito subjectivas, escondidas e inesperadas”. É igualmente verdade que, em muitos destes casos, como acrescenta António José Fialho, “as pessoas fazem determinada projecção relativamente à adopção de uma criança e depois percebem que não estavam preparados para a acolher”. Para estes casos, “e porque há dano moral para as crianças, sendo que as feridas da rejeição nem sempre são visíveis”, o magistrado admite que poderia ser útil a adaptação à realidade portuguesa de uma prática já disseminada nos tribunais brasileiros. “Quando o Ministério Público [brasileiro] conclui que há responsabilidade na devolução por parte dos adultos – aquilo a que chamam a 'devolução imotivada' –, instaura uma acção cível de indemnização que pretende ser uma forma de castigo para uma atitude leviana. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas, ressalva, “no Brasil havia demasiados casos de pura leviandade que não têm paralelo em Portugal, onde os processos são muito demorados, chegam a levar anos, e onde a Segurança Social se tem mostrado cada vez mais criteriosa, e com regras cada vez mais apertadas, no processo de selecção e do matching, que até levou a uma redução do número de adopções”. Notícia actualizada às 16h00 com a referência às 329 crianças que entraram em situação de pré-adopção entre 1 de Janeiro de 2015 e 31 de Agosto de 2016.
REFERÊNCIAS:
O Benfica foi melhor que o Paços no jogo dos suplentes
Triunfo na Luz, por 2-0, sobre o líder da II Liga deixa os “encarnados” a um ponto do apuramento para a final a quatro da Taça da Liga. Decisão será frente ao Desportivo das Aves. (...)

O Benfica foi melhor que o Paços no jogo dos suplentes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.049
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Triunfo na Luz, por 2-0, sobre o líder da II Liga deixa os “encarnados” a um ponto do apuramento para a final a quatro da Taça da Liga. Decisão será frente ao Desportivo das Aves.
TEXTO: A Taça da Liga continua a ser aquela competição que está longe das prioridades dos clubes participantes, que usam os jogos para dar descanso às primeiras opções e rodagem às segundas. Foi o que fizeram nesta quarta-feira, na Luz, Benfica e Paços de Ferreira, a relativizarem a importância da competição com equipas muito alternativas. Mas a ordem natural manteve-se. Os “encarnados” triunfaram por 2-0 e ficaram mais perto da qualificação no Grupo A, bastando um empate em casa do Desportivo das Aves para garantirem o seu lugar na final a quatro. Cumprido mais ou menos um terço da época, o Benfica está mais preocupado em manter-se perto dos primeiros na I Liga, enquanto o Paços quer manter-se confortável na liderança da II Liga e garantir o mais depressa possível um lugar entre os “grandes”. Por isso, tanto Rui Vitória como Vítor Oliveira foram pelo caminho das segundas escolhas, com tudo o que isso implicava em termos de qualidade e competitividade do jogo (ambas baixas), a corresponder à baixa audiência na Luz. Seja quem estivesse em campo, seria expectável uma superioridade do Benfica e foi isso que aconteceu. Se houve alguém que aproveitou da melhor maneira a oportunidade, foi o jovem do Benfica, que marcou um belo golo e esteve em quase todas as melhores jogadas dos “encarnados”. De dispensado quase certo no início da época, o suíço vai-se tornando indispensável graças aos golos que vai marcando. Marcou mais um e já vai em seis na época, tantos quantos Jonas. Quando duas equipas jogam com suplentes é sinal de que nenhuma ?delas dá grande importância ao jogo e têm coisas melhores em que pensar. Se ganharem, tanto melhor. Se não ganharem, tanto faz. Foi assim que Benfica e Paços olharam para este encontro ?da Taça da Liga. Com as primeiras opções quase todas na defesa (Jardel, Rúben Dias e André Almeida), o Benfica mostrou-se naturalmente preso de movimentos e com um domínio não esmagador, mas mais que suficiente para se colocar em vantagem aos 11’. Alfa Semedo avançou por um flanco, fez o cruzamento para a pequena área e Seferovic encaminhou a bola para o fundo da baliza. O avançado suíço pareceu estar ligeiramente adiantado em relação à linha defensiva pacense, mas não o suficiente para a equipa de arbitragem liderada por António Nobre assinalar fora de jogo. Não sendo um início espectacular, era um início eficiente dos homens de Rui Vitória, que se iam limitando a controlar, o suficiente para o seu visitante da segunda divisão se aventurar um pouco lá mais para a frente. Foi o que aconteceu aos 40’, com um arranque de Fatai pela direita — o nigeriano conseguiu fazer o cruzamento para a área, mas Andrezinho falhou completamente o remate e a jogada perdeu-se. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mesmo em cima do intervalo, os “encarnados” aumentaram a vantagem, aproveitando da melhor maneira uma falha de comunicação da defesa do Paços. João Félix (o melhor em campo) iniciou a jogada, meteu a bola em Zivkovic e recebeu-a de volta em posição frontal à baliza, terminando com um remate indefensável para Carlos. Para a segunda parte, Vítor Oliveira lá se convenceu a meter dois jogadores com mais rodagem (entraram Pedrinho e Uilton), e o Paços melhorou ligeiramente, mas não inverteu a tendência de jogo. E, logo aos 50’, os “encarnados” tiveram uma dupla oportunidade por Seferovic: primeiro um belo remate ao poste, depois um fraco remate que saiu ao lado. Com a tendência de jogo a manter-se, o jogo foi-se arrastando, com Douglas Tanque a criar perigo relativo em dois momentos, num livre directo rasteiro que Svilar defendeu aos 66’ e num remate de pouca pontaria aos 86’. Alfa Semedo também esteve perto de marcar numa jogada individual, aos 68’, mas Carlos impediu o golo do médio. Quando o árbitro apitou pela última vez, foi alívio para ambas as equipas: para o Benfica porque vai passando por esta obrigação (onde é, de longe o recordista de títulos) sem grandes percalços (duas vitórias em dois jogos), e para o Paços que vai poder concentrar-se no que verdadeiramente lhe interessa, o regresso à I Liga. Sábado, em Setúbal, e domingo, em Oliveira de Azeméis. Era nestes jogos que Rui Vitória e Vítor Oliveira estavam a pensar.
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Partidos LIVRE
Bombeiros perderam o controlo do fogo na serra de Monchique. Chamas voltam a ameaçar a vila
Fogo volta a aproximar-se da sede do município. Fora da vila, as populações foram evacuadas por precaução, mas houve quem tivesse resistido às ordens da GNR. Terão ardido pelo menos meia dúzia de habitações. Número de feridos ligeiros chega às três dezenas. (...)

Bombeiros perderam o controlo do fogo na serra de Monchique. Chamas voltam a ameaçar a vila
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fogo volta a aproximar-se da sede do município. Fora da vila, as populações foram evacuadas por precaução, mas houve quem tivesse resistido às ordens da GNR. Terão ardido pelo menos meia dúzia de habitações. Número de feridos ligeiros chega às três dezenas.
TEXTO: Desta vez não houve vítimas mortais, mas a descoordenação entre forças de segurança e agentes de protecção civil repetiu-se. O fogo, que lavra desde sexta-feira na serra de Monchique estava, na noite de segunda-feira, incontrolável. “O quadro geral da operação continua bastante complexo”, afirmou ao final do dia o 2. º comandante da Protecção Civil Distrital Abel Gomes, sublinhando o agravamento das condições meteorológicas. As chamas trocaram as voltas aos bombeiros, instalou-se a confusão e houve pessoas que tiveram de ser retiradas à força das suas casas. O alto da Fóia transformou-se num vulcão de chamas a derramar calor e fumo negro sobre a costa algarvia. Cerca das 22h40 desta segunda-feira, o fogo rodeava novamente a vila de Monchique como um pequeno presépio. Ali, e após 40 minutos de ataque intensivo às chamas, os bombeiros voltaram a controlá-las. Uma casa de madeira pertencente a cidadãos estrangeiros foi destruída. O fogo também andou perto do Convento de Nossa Senhora do Desterro, mas não chegou a atingi-lo. Os peritos tinham avisado: Monchique está na linha da frente das zonas de alto risco de incêndio. O perigo de voltar a repetir-se uma tragédia semelhante ao ano de 2003, quando ardeu quase todo o concelho, estava escrito. O primeiro-ministro, António Costa, foi no início do Verão ao terreno avaliar as acções de prevenção lançadas pelo Governo e os meios disponíveis de ataque ao fogo. “Prontos”, garantiram-lhe os operacionais, exibindo os meios de combate. Falharam na primeira prova. “Não esperava voltar a ver uma coisas destas”, comentava António José Santos ao princípio da manhã desta segunda-feira, enquanto distribuía alimentos aos bombeiros, no quartel de Monchique — uma oferta da paróquia de Marmelete, de que faz parte. Depois de uma noite em luta contra as chamas, os bombeiros faziam na altura uma pausa para retomar forças. Na zona estão 1105 operacionais de várias zonas do país, apoiados por 341 veículos e mais de uma dezena de aeronaves — incluindo três aviões Canadair disponibilizados pelo Governo espanhol. A ameaça das chamas, durante a noite de domingo, tinha obrigado à evacuação da vila de Monchique, ficando a população mais idosa a receber assistência na escola EB 2, 3 da vila. Ao final da manhã de ontem, a Protecção Civil dava o fogo como praticamente dominado, mas à tarde já estava fora do alcance dos bombeiros. À noite descarrilou por completo. Além da Fóia, Odelouca, a zona de Caldas de Monchique e o sítio do Cascalheiro eram os pontos mais críticos. “As chamas reactivaram e com grande intensidade”, disse Abel Gomes. O vento aumentou de intensidade, surgiram projecções que “ultrapassaram a capacidade de extensão dos combatentes”, acrescentou. Foram disponibilizadas 24 máquinas de rasto, mas na fase inicial apenas duas estiveram a trabalhar. Faltou ordens superiores para avançar. No Centro de Meios Aéreos, a cerca de duas centenas de metros de distância do quartel dos bombeiros voluntários de Monchique, cinco helicópteros não chegaram a levantar voo durante toda a manhã, por falta de visibilidade. “Estão em jogo questões de segurança”, justificou Abel Gomes. O presidente da câmara, Rui André, viu arder tudo em volta da sua casa e anda no terreno desde sexta-feira, quando começou o incêndio: “Tenho conhecimento de algumas casas de primeira habitação ardidas e bastantes de segunda habitação e apoios agrícolas. “Houve pessoas que ficaram nas suas casas, escondendo-se ou fugindo das forças de segurança, para ajudar no combate”, garantiu. O presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil, Jorge Botelho (também presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve — Amal) desdramatizava ao final da manhã: “Noventa e cinco por cento do perímetro do fogo está considerado dominado. ” Entretanto, o número de pessoas feridas subia de 25 para 29, entre as quais, uma mulher de 72 anos, que teve de ser transportada para o Hospital de São José, em Lisboa. Marmelete foi uma das aldeias evacuadas à força. As pessoas resistiram até não mais poder às ordens de abandono das casas, dadas pela GNR. Pela estrada fora, rumo ao alto da Picota, são quilómetros e quilómetros de terra cor de cinza, com árvores negras por todo o lado. “Aqui está uma casa de primeira habitação ardida, ali abaixo estão mais duas”, diz Márcio Oliveira, à porta do restaurante do pai, na Malhada Quente, a quatro quilómetros da freguesia de Marmelete: “Se não fôssemos nós a ter resistido, ficando aqui, isto tinha ardido tudo”, disse: “O fogo apareceu, de repente, por volta das quatro e meia, bombeiros zero, só pelas 22h é que surgiu um carro a passar. ” Numa habitação próxima do restaurante, acrescenta, “arderam patos, galinhas, perus, pavões — salvou-se só uma cadela e dois ou três pombos”. Garcindo Barradas, do sítio da Nave Redonda, junta-se à conversa e acrescenta mais críticas à falta de assistência: “Tanto bombeiro, aviões e sei lá mais anda por aí, mas não se percebe o que andam a fazer. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O presidente da câmara acha que houve “melhoria nas medidas de prevenção e nos meios de defesa, mas falta fazer o essencial”. O ordenamento da floresta, no entender do autarca social-democrata, é a questão central que continua por resolver. E a descentralização de competências para as autarquias, sublinha, é uma “velha reivindicação que tenho vindo a fazer, mas ainda não teve resultados”. Na aldeia de Marmelete, Maria Fernanda, de 76 anos, diz que tinha uma casa arrendada a uns estrangeiros, não sabe o que lhes aconteceu. “A habitação ardeu, eles devem ter fugido”, presume. O marido, mais velho, sofre de uma doença cardíaca: “Acho que ele ainda não tem noção desta tragédia — trabalha uma pessoa a vida inteira, desaparece tudo em minutos. ” Em Monchique, um antigo funcionário da Telecom foi impedido de ir defender a hortinha que possui nos arredores da vila. José Firme teve de se conformar. Havia razões para todos os cuidados — na noite de segunda-feira, a vila de Monchique voltava a estar ameaçada pelas chamas, tornando o ar irrespirável para os que se encontravam na localidade. O fogo continuava incontrolável.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Campo, de Tiago Hespanha, vence prémio na secção First Look do Festival de Locarno
Estavam seis obras portuguesas em fase de pós-produção a concurso. Viveiro, de Pedro Filipe Marques recebeu os prémios de serviços de publicidade e de design do cartaz internacional do filme. (...)

Campo, de Tiago Hespanha, vence prémio na secção First Look do Festival de Locarno
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.275
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estavam seis obras portuguesas em fase de pós-produção a concurso. Viveiro, de Pedro Filipe Marques recebeu os prémios de serviços de publicidade e de design do cartaz internacional do filme.
TEXTO: O documentário português Campo, de Tiago Hespanha, venceu o principal prémio do programa First Look do Festival de Locarno, dedicado a filmes em fase de pós-produção, no valor de 65 mil euros, revelou a organização. A oitava edição do First Look, que decorreu entre 3 e 5 de Agosto, apresentou seis obras portuguesas em fase de pós-produção. Cada filme foi apresentado pelo seu produtor a uma audiência composta apenas por profissionais, entre programadores, exibidores, distribuidores e produtores. Ao filme Campo, realizado por Tiago Hespanha e produzido por João Matos, da Terratreme, foi atribuído um prémio no valor de 65 mil euros em serviços de pós-produção, patrocinados pelo Cinelab Bucareste, de acordo com informação no site do festival. "Campo é um filme-ensaio na maior base militar da Europa, onde os militares treinam com todo o tipo de armas missões que irão desenvolver em lugares distantes. Misturadas neste cenário de guerra acontecem actividades lúdicas e científicas e vêem-se animais selvagens a correr livremente entre armazéns de bombas", pode ler-se no sítio da produtora, Terratreme. Viveiro, de Pedro Filipe Marques, produzido por Luis Urbano e Sandro Aguilar, de O Som e a Fúria, recebeu os prémios de serviços de publicidade, no valor de 5. 600 euros, e de design do cartaz internacional do filme, avaliado em 5. 000 euros. O júri desta edição do First Look dedicada ao cinema português foi composto por José Luis Rebordinos (director artístico do Festival de San Sebastian, Espanha), Janet Pierson (responsável pela área do cinema do festival SXSW, Estados Unidos) e Eva Sangiorgi (directora da Viennale, Áustria). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No total, foram seis os filmes portugueses seleccionados pela organização do First Look para serem apresentados. Além dos dois premiados, fizeram ainda parte da lista Gabriel, de Nuno Bernardo (beActive Entertainment), Golpe de Sol, de Vicente Alves do Ó (Ukbar Filmes), Hálito Azul, de Rodrigo Areias (Bando à Parte, Oktober Film e Gladys Glover Film), e Terra, de Rossana Torres e Hiroatsu Suzuki (Associação Entre Imagens). Este programa é uma parceria conjunta com o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), com que tem por objectivo garantir a finalização e a internacionalização dos filmes a seleccionar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra campo
O No Noise mudou-se para um convento abandonado para continuar a ser o “menor festival de Verão”
O festival organizado pela Sonoscopia mudou-se à quarta edição para o Convento de Francos, soltando amarras naquele espaço abandonado desde o início do século para um programa composto por instalações sonoras e 15 actuações dentro do espectro da música experimental nacional e internacional. (...)

O No Noise mudou-se para um convento abandonado para continuar a ser o “menor festival de Verão”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O festival organizado pela Sonoscopia mudou-se à quarta edição para o Convento de Francos, soltando amarras naquele espaço abandonado desde o início do século para um programa composto por instalações sonoras e 15 actuações dentro do espectro da música experimental nacional e internacional.
TEXTO: Numa tarde de calor abrasador há um refúgio com seis mil metros quadrados que resguarda 15 projectos musicais do circuito da música experimental nacional e internacional numa sombra partilhada por cerca de duas centenas de pessoas que ali estão para os ver, ouvir e sentir. Estamos num convento abandonado, em Francos, longe da Baixa do Porto, no “menor festival de Verão” (chama-lhe assim a organização) que já tinha arrancado da parte da manhã deste último sábado com programação direccionada para os mais novos – futuros candidatos a questionarem todas as possibilidades que os sons oferecem enquanto matéria-prima para a música. É a quarta edição do No Noise, também catalogado como “um não-festival”, que em oposição ao nome faz-se também de ruído, mas igualmente de silêncios e, acima de tudo, de qualquer som emitido pelo quebrar de fronteiras e preconceitos associados a padrões de composição. Organizado pela Sonoscopia, sai pela primeira vez das instalações da associação com base no Carvalhido e cresce em área, conservando o epíteto de “festival” fora do circuito onde se movem as grandes massas. É um facto, o perímetro alcançado por esta forma de construção musical – talvez o mais correcto seja dizer várias formas de construção – nunca foi e não é o mais largo. Porém, prova este colectivo ao longo dos sete anos de actividade que há massa crítica com expressão suficiente para justificar o trabalho diário que desenvolve na sua sede. E é onde outrora viviam em clausura as irmãs Carmelitas Descalças que se soltam as amarras ao som. É impossível passearmos pelos jardins da quinta do convento abandonado há mais de uma década sem as imaginarmos a circular por ali no desempenho das tarefas diárias. É também impossível não questionarmos como é que espaços com esta dimensão e potencial ficam entregues ao abandono. Já este ano foi anunciado que existe para ali um projecto para transformar o espaço num centro espiritual e cultural. Diz quem lá esteve nas últimas semanas a limpar o recinto engolido pela vegetação que o lugar está agora irreconhecível. As três cabras e o bode que ali vivem com três galinhas não chegam para executar a tarefa que se esperava que desempenhassem quando para ali foram. O aparelho digestivo dos quatro não tem espaço para tanto alimento. Foram os membros da associação e alguns voluntários que levaram a cabo os trabalhos de limpeza. Aberto o caminho para que o som pudesse espalhar-se a partir dos dois palcos do jardim e dos outros três no interior do edifício do convento, reuniam-se as condições para que este espaço se transformasse durante um dia num microcosmos representativo do que a música experimental tem para oferecer. A primeira das 15 actuações a que assistimos arrancou no jardim com o trio Thea Soti, Mike McCormick & Mascha Corman, que junta uma sérvia, uma alemã e um canadiano. Apostaram numa narrativa assente numa linha de base electrónica traçada por McCormick a servir de cenário para um diálogo cacofónico, ora esquizofrénico, ora de tranquilidade, entre o duo de vocalistas que apenas por breves momentos se serviram da palavra. Jogaram bem com os silêncios e conseguiram tirar o melhor partido da paisagem sonora da envolvente – uma quinta no meio da cidade. No final da noite voltaram ao mesmo palco para um set que contou com João Pais Filipe na bateria. Foi precisamente o baterista portuense que se seguiu. Noutro sector do jardim, apresentou o seu novo solo – um mantra de meia hora com bombos e um timbalão num loop quase xamânico, cortado pelo som dos pratos (que o próprio constrói), por vezes mais contidos e noutros momentos mais expansivos. João Pais Filipe, que já há muito tempo descobriu a sua linguagem, tem-se afirmado de há uns anos para cá como um dos nomes mais prolíferos do cenário portuense. No início do ano lançou com o saxofonista berlinense baseado no Porto, Julius Gabriel, o álbum homónimo dos Paisiel, onde não foge ao seu cunho e sai beneficiado pelo saxofone frenético do colega, que o catapulta para outra dimensão. No mesmo dia, ainda serviu de base rítmica para a electrónica minimal de Stereoboy. A meio da tarde entravamos pela primeira vez no Oratório, dentro do edifício principal, para espreitar o duo português e francês RRR. Apresentaram numa sala onde cabem apenas umas dezenas uma experiência sonora de contrabaixo suspenso em uma ou duas notas que se apoiam numa base noise manipulada em tempo real. Pela mesma sala passaram o alemão Ignaz Schick e o britânico Paul Abbott, que se divide entre Londres e o Porto. O primeiro apresentou um noise que recorre ao vinil e a outros materiais que vai manuseando. Actuou em dose dupla. À segunda vez, no Refeitório, voltou com o português Pedro Serrano. Paul Abbott terá assinado uma das actuações mais consistentes do dia. Apoiada num diálogo entre a sua bateria e uma linha pré-programada, também de percussão, apresentou uma narrativa sonora assente no preenchimento dos silêncios de cada um dos emissores, sendo o seu kit de bateria o protagonista. De apreensão mais imediata, tendo em conta o contexto onde estavam inseridos, os Parpar e os dUAS sEMI cOLCHEIAS iNVERTIDAS garantiram as actuações mais enérgicas do evento. Os primeiros, com palco montado no Jardim, por vezes a pisar o terreno do free jazz, e os segundos, que tocaram no Claustro, mais matemáticos, foram ao No Noise representar a ala de atitude mais roqueira. Veterano nas lides da música experimental nacional, David Maranha juntou-se a João Alves para nos contar uma história de mar. A paisagem sonora criada pela sua bateria e pela parafernália electrónica do parceiro levaram-nos para tempestades marítimas seguidas de momentos de bonança. Qualquer apreciação crítica sobre o trabalho que foi apresentado pode facilmente transportar-nos para um território que desvirtua o próprio princípio da música experimental, que por si só não tem balizas. Por esse prisma, não há bom nem mau. Ou nos serve ou não nos serve. Neste caso, serviu-nos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De outras actuações que nos serviram destacamos a do português Krake, que apresentou um solo de bateria competente com recurso a cordas instaladas no kit de percussão para serem tocadas pelo próprio com um arco. A figura mítica que é Paulo Eno, um carismático que palmilhou os caminhos do punk até chegar a Ibiza onde deu vida a uma personagem que anima as festas do Bora Bora Beach Bar (Spider Man do Bora Bora), apresentou aos “58 anos e meio” um set marcadamente político com os seus Rantanplónicos – neste caso era só uma rantanplónica –, que tinha força suficiente para valer por si só. Optou por queimar meia hora com um discurso enaltecedor do seu passado musical. Serviu apenas para atrasar o início solo de bateria do austríaco Will Guthrie, por quem já muitos esperavam no Claustro. Valeu a consistência da viagem rítmica patrocinada pelo músico. Transformou a sua bateria num veículo capaz de passar por várias paragens emocionais em crescendo e em direcção ao tumulto e ao caos contido desenhado pelas suas baquetas, momentos antes do trio Thea Soti, Mike McCormick & Mascha Corman regressar com João Pais Filipe para encerrar o evento cuja receita reverte na totalidade para os artistas.
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Tempo sábado
A tradição foi quebrada e o Sporting perdeu o Cinco Violinos
Empoli leva o troféu que foi decidido no desempate por penáltis. Mesmo perdendo, os “leões” deixaram boas indicações. (...)

A tradição foi quebrada e o Sporting perdeu o Cinco Violinos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empoli leva o troféu que foi decidido no desempate por penáltis. Mesmo perdendo, os “leões” deixaram boas indicações.
TEXTO: O insólito continua a fazer parte do quotidiano de Alvalade neste final de pré-temporada. Depois dos extraordinários acontecimentos dos últimos meses, que redundaram em eleições antecipadas e numa inédita chuva de candidatos à presidência do Sporting, a equipa perdeu pela primeira vez, em sete edições, o Troféu Cinco Violinos. O Empoli impôs-se no desempate nas grandes penalidades. José Peseiro despediu-se do Sporting há 13 anos depois de uma derrota caseira com a Académica, por 1-0, para o campeonato. Na altura, a sua saída precipitou uma crise no clube e arrastou consigo o presidente Dias da Cunha. Neste regresso a Alvalade, o treinador encontra o emblema de novo em crise, mas desta vez sem qualquer envolvimento seu. Um grande golo do médio croata que se estreou a marcar pelo Sporting. Trouxe justiça ao marcador, mas não foi suficiente. Um jovem prometedor que o Empoli foi buscar ao Palermo. Apontou o golo do empate e esteve muito perto de fazer o segundo. A equipa até convenceu, mas a sorte continua a não querer nada com ele. Sofreu o empate logo após mudar meia equipa. Não teve propriamente uma noite atarefada, mas também não conseguiu apagar o erro que permitiu ao Marselha o golo do empate na apresentação da equipa. O único denominador comum entre estes dois momentos foi mesmo a derrota. Apesar de tudo, a equipa lisboeta deixou boas indicações, naquela que terá sido a sua exibição mais consistente nesta fase de preparação, na antecâmara do arranque oficial da temporada. Depois de ter dominado por completo a primeira metade, construindo as mais variadas oportunidades e até alguns momentos de bom futebol — nomeadamente na sintonia entre o regressado Nani e Bruno Fernandes —, o Sporting chegou à vantagem no arranque da segunda metade. Um belo golo do improvável Misic (51’), num remate de belo efeito à entrada da área adversária, dava alguma justiça à partida. Até então já se tinham acumulado mais alguns erros na finalização que fizeram a diferença no final do tempo regulamentar. O Empoli, que praticamente não causara preocupações defensivas até então (um remate em todo o primeiro tempo e não enquadrado com a baliza) acordou e reagiu ao golo. E numa altura em que Peseiro acabara de promover seis substituições na equipa, os italianos empataram o encontro na sua melhor jogada na partida. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um toque de calcanhar do jovem Traoré, internacional sub-19 pela Costa do Marfim, isolou o também jovem La Gumina. O futebolista, de 22 anos, por quem o Empoli pagou quase 10 milhões de euros começou a mostrar serviço num remate cruzado que bateu Viviano, que voltou a merecer a confiança de Peseiro e alinhou durante todo o encontro. Já sem a grande maioria dos prováveis titulares frente ao Moreirense, no jogo de arranque do campeonato, no próximo domingo, em Moreira de Cónegos, os “leões” não foram capazes de voltar a marcar. A decisão ficou adiada para as grandes penalidades. Na “lotaria” que se seguiu, Matheus Pereira falhou na primeira série de cinco remates, ficando tudo novamente empatado (4-4). Na “negra” Jefferson permitiu a defesa de Terracciano e o Empoli não falhou a oportunidade de ser o primeiro conjunto a bater a desviar de Alvalade o troféu.
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Palavras-chave negra marfim
Com mais dez milhões de investimento, DefinedCrowd tem o desafio de duplicar a equipa
Empresa tem uma plataforma com 45 mil pessoas que ajudam a melhorar a informação usada em sistemas de inteligência artificial. EDP, Mastercard e Amazon estão entre os investidores. (...)

Com mais dez milhões de investimento, DefinedCrowd tem o desafio de duplicar a equipa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresa tem uma plataforma com 45 mil pessoas que ajudam a melhorar a informação usada em sistemas de inteligência artificial. EDP, Mastercard e Amazon estão entre os investidores.
TEXTO: Amanhã vai estar calor? Como estará o tempo amanhã? Qual é a previsão de temperaturas? A máxima vai ser de quanto? Em princípio, um humano é capaz de compreender múltiplas formas de perguntar sobre o estado do tempo. Mas um computador pode ficar confuso se não forem usadas palavras específicas. O mesmo é válido para uma imagem de um animal numa fotografia: uma pessoa distingue com facilidade um gato de uma cabra; um computador, nem sempre. Os sistemas de inteligência artificial têm-se tornado cada vez mais capazes de entender o que “ouvem” e o que “vêem”. Em muitos casos, para que isso aconteça, as máquinas são treinadas com grandes quantidades de dados: muitos ficheiros áudio com perguntas sobre o estado do tempo ou muitas fotografias de gatos e cabras. Mas este tipo de dados nem sempre estão disponíveis com a quantidade e a qualidade necessárias, argumenta a empresária Daniela Braga. Foi isto que a levou criar a DefinedCrowd, em 2015. Braga estava então a trabalhar nos EUA, numa empresa de inteligência artificial especializada em voz. “Mesmo com um grande orçamento disponível, apercebi-me que não existia nenhuma empresa que oferecesse dados com a qualidade necessária, em tempo útil, e com escalabilidade”, explicou ao PÚBLICO, por email. Na altura, Braga – que é licenciada em língua e literatura portuguesa e tem uma tese de doutoramento na área do processamento de linguagem natural – começou a dar aulas na Universidade de Washington. “Foi aí que percebi que existia uma grande oportunidade de mercado numa área que de repente estava a ter uma grande adopção: a inteligência artificial. ” A DefinedCrowd foi criada em Seattle, mas a maior parte da empresa funciona em Portugal, onde estão cerca de 30 dos 40 funcionários. Esta semana, a startup conseguiu 11, 8 milhões de dólares (10, 2 milhões de euros) de investimento, numa ronda liderada pela firma de capital de risco Evolution Equity Parters, e na qual participaram também a EDP, a Portugal Ventures (que gere o capital de risco público), a Mastercard, a Amazon e a Sony, entre outros. Em 2016, alguns destes investidores, incluindo a Portugal Ventures, já tinham participado numa ronda de investimento mais pequena, em que a empresa conseguira 1, 1 milhões de dólares. E outros, como acontece com a Mastercard e a EDP, também estão na lista de clientes da startup. Uma parte do trabalho da DefinedCrowd implica analisar e catalogar dados para clientes. Em alguns casos, estas tarefas são feitas por pessoas que se inscrevem numa plataforma online da empresa e que são pagas por cada tarefa desempenhada. Tem cerca de 45 mil pessoas inscritas e é uma espécie de Amazon Mechanical Turk, a plataforma de biscates da Amazon, numa versão para serviços na área da inteligência artificial. A DefinedCrowd disse não conseguir quantificar quanto recebe cada uma destas pessoas, explicando que os valores variam consoante o tipo de tarefa. Mas frisou que tenta fazer com que os pagamentos fiquem ligeiramente acima do salário mínimo dos países dos utilizadores. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Numa era em que a inteligência artificial se está a alastrar, este é um mercado com concorrência. A rival Figure Eight, por exemplo, que também se dedica a melhorar os sistemas de aprendizagem usados em tecnologias de inteligência artificial, foi fundada em 2007 em São Francisco, e conseguiu até agora 58 milhões de dólares de investimento, segundo a base de dados Crunchbase. Com a entrada de quase 12 milhões de dólares na conta da DefinedCrowd, Daniela Braga planeia duplicar o tamanho da empresa. E admite que o recrutamento, num sector onde a competição por pessoas é acesa, não será uma tarefa fácil: “Um dos nossos grandes desafios é a contratação de talento, uma vez que temos um plano de recrutamento bastante ambicioso – planeamos dobrar a equipa até ao final do ano. ”A empresa continuará a ter boa parte dos seus funcionários em Portugal, nota Braga. “Vamos focar grande parte deste recrutamento em Portugal, com cerca de 30 das 40 vagas entre os escritórios do Porto e Lisboa. ”
REFERÊNCIAS:
Como medicar-se com um ice cold toddy, filho da poncha e da cancha
Foi na Madeira que descobri que era impossível encontrar uma bebida mal feita ou mal servida. Todos os profissionais de hotelaria orgulhavam-se de servir bem e quase sempre a preços muito mais baixos do que em Lisboa. (...)

Como medicar-se com um ice cold toddy, filho da poncha e da cancha
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.6
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi na Madeira que descobri que era impossível encontrar uma bebida mal feita ou mal servida. Todos os profissionais de hotelaria orgulhavam-se de servir bem e quase sempre a preços muito mais baixos do que em Lisboa.
TEXTO: A primeira vez que provei whisky não sabia o que era. Sabia a fumo e a remédio. “O que é?”, perguntei à minha mãe. “Just drink it!”, respondeu com um sorriso, conselho que tenho seguido à letra toda a minha vida. Eu era uma criança constipada e aquele era o meu primeiro cocktail: um hot toddy, uma mistura de sumo de limão, mel e whisky, às vezes com uma aspirina dissolvida. Fast forward até 1985 e estou numa venda de Câmara de Lobos. Estava à espera de uma taberna mas estou numa loja com um grande balcão. Não está mais ninguém. Quando pergunto se posso beber uma poncha, o senhor ri-se para mim. É um pedido estranho. Agora a poncha não podia estar mais na moda, mas em meados dos anos 1980 era raro ver-se um turista do continente fora do vasto circuito de hotéis e bares do Funchal. Foi, aliás, na Madeira, porventura por ter mais um século de experiência turística do que Portugal continental, que descobri que era impossível encontrar uma bebida mal feita ou mal servida. Todos os profissionais de hotelaria estavam imbuídos do que só posso chamar brio — orgulhavam-se de servir bem e quase sempre a preços muito mais baixos do que em Lisboa. Na venda, o senhor não era excepção. Que poncha é que eu queria? A poncha de pescador, feita com aguardente de cana da Madeira. Enquanto fazia a poncha — leva tempo a dissolver o mel —, o senhor começou a ganhar balanço e a explicar-me que a verdadeira poncha leva água quente e é servida quente para aquecer a tripa nas madrugadas frescas. Orgulhava-se muito de usar só “mel de abelhas”, mostrando-me o frasco e tudo. Quando provei a poncha, a primeira coisa que me ocorreu foi a lembrança daquele hot toddy da minha infância. Este era um room temperature toddy mas a semelhança era evidente. É do mel de abelhas. Nos livros de cocktails é raro aconselhar-se trabalhar com mel, por causa do tempo que leva a dissolver. É por isso que se sugere fazer-se um xarope de mel. Pesa-se o mel e acrescenta-se o mesmo peso de água acabada de ferver. Pode fazer-se com metade do peso de água para ficar com um xarope de mel duas vezes mais concentrado. Mas não fica tão bem como o mel, nem de longe. Não sei porquê. Se calhar as bebidas beneficiam de serem mexidas durante tanto tempo. “Tanto tempo” é para aí um minuto e meio. As receitas que conheço aconselham a usar mel muito líquido (runny honey) mas, mais uma vez, isso é para poupar tempo e poder atender mais clientes e vender mais bebidas. O mel de que eu mais gosto cristalizou e não podia ser mais espesso. Claro que se dissolveu maravilhosamente. Deve-se sempre usar o mel mais saboroso que se tem. Há por aí mel muito líquido, muito barato e muito suspeito, adulterado com açúcar: compre o mel a um apicultor perto de si. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi nos anos 1980 que em Havana uma equipa de estudiosos redescobriu a canchánchara, uma bebida quente que os soldados cubanos bebiam de madrugada durante a Guerra dos Dez Anos contra os espanhóis (1868-1878). É o antepassado dos daiquiris e de todos os sours porque mistura aguardente de cana, lima e mel. Sim, é uma poncha. Sim, é um hot toddy. Claro que quando está calor a versão fria é mais deliciosa. A versão de que mais gosto é a canchánchara proposta pela Havana Club para o seu rum de sete anos. Este ano consegui comprar dois estojos desta marca que incluíam um copo especial (pesado e bulboso) para esta bebida. O nome da bebida foi sabiamente reduzido para cancha, sem acento. Estou a pesar os ingredientes porque permite maior precisão e melhor consistência (o número de gramas é igual ao número de mililitros). Eis os ingredientes:50 gramas de rum. Fica bem com o rum em questão mas também com outro rum envelhecido pelo menos três anos. Se o rum não for bom sozinho, acancha também não fica boa. 10 gramas de mel (ou xarope de mel, aguamiel)5 gramas de sumo de lima1 cunha de lima4 pedras de geloHá uma versão em que a bebida é esticada com água com gás mas eu gosto mais da versão original. Como o copo é robusto, mais parecendo um frasco, gosto de cortar uma lima inteira em quatro e, usando um pilão de caipirinha, amasso a lima (sobretudo a casca) no mel. Também gosto de aumentar a quantidade de sumo de lima (para 10 gramas) e baixar o mel (para 7 gramas). Mas isso são afinações. Embora asafinações sejam tudo, obviamente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra criança
A metáfora do crescimento em economia
Onde é que está o problema? É na metáfora do crescimento quando utiliza os números. (...)

A metáfora do crescimento em economia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2015-10-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Onde é que está o problema? É na metáfora do crescimento quando utiliza os números.
TEXTO: 1. O problema do desemprego não é apenas económico, custos, descontos, subsídios, sustentabilidade. É antes disso, chaga maior das sociedades, um problema político que tem a ver com o direito à vida de cidadãos, iguais a todos os outros perante a Lei, com o mesmo peso de voto em eleições. Esta consideração sobrepõe-se à primeira e é tida em conta na Constituição que propõe o pleno emprego (art. 58). Mas não passa dum desejo piedoso pela simples razão do discurso económico ser determinado por uma metáfora fatal que se impõe como uma evidência, tipo “não há dinheiro, qual destas palavras não compreende”? (Vítor Gaspar, ao tempo de ministro). Ora, a palavra que eu não compreendo é ‘crescimento económico’, quando ela é usada por toda a gente, à direita como à esquerda como condição essencial para criar emprego. 2. Nascer e crescer são as manifestações mais aparatosas da espantosa propriedade dos vivos que é a fecundidade, a generosidade da vida, o que os Latinos chamaram natura, de nascer, e os Gregos phusis, de phuô, crescer. Foi o que provocou o espanto dos seus pensadores, como do menos resulta o mais, que Aristóteles teorizou com a noção de ousia, substância e essência, dando assim o conhecimento de que a Europa se fez. É que tudo nasce pequenino e frágil (semente, ovo, embrião, bebé), arriscado, e depois crescem (livremente as plantas, os animais em proporção harmoniosa dos seus órgãos) até ganharem uma dimensão adulta, muito variável com as espécies (ervas, arbustos, árvores, animais sem e com vértebras) e nas mais complexas também com os indivíduos, mais altos ou baixos, fortes ou magros. O crescimento chega aos seus limites em extensão, nos humanos foi tempo de aprender os usos sociais, em seguida passa a ser de maturidade, densidade, para se exercer como adulto, ganhando experiência, conhecimento do mundo. 3. Do ponto de vista do crescimento social, nós Europeus temos duas tradições diferentes. A romana é um princípio antropológico de expansão e de conquista, é o princípio imperial cujas fronteiras dependem apenas da capacidade dos exércitos; também os princípios civis, o direito, a cidadania e a língua se estenderam aos povos bárbaros ocupados, os nossos antepassados lusitanos perderam a sua língua substituída pelo latim. A tradição grega é inversa, é um princípio antropológico de restrição às cidades, ‘naturais’ (Aristóteles contra Platão), sem Estado grego, criando no exterior colónias de cidadãos gregos que imitam a metrópole (Mileto, Éfeso, Siracusa), a sua língua vingou até hoje, apesar duma longa sujeição ao império otomano. Mas fecundou os bárbaros que não falavam grego, a começar pelos Romanos, com a cultura que resultou justamente desse princípio antropológico de restrição: duas invenções deles foram decisivas para a nossa modernidade: uma, juntamente com a do laboratório de Galileu, Newton e outros, foi a da definição, que estabelece limites a um só sentido essencial das palavras com que se argumenta, essências sem contexto nem tempo nem lugar nem sujeito, é aquilo a que chamamos razão. A outra, a democracia, foi o estabelecer limites políticos de razão à expansão das casas ricas em detrimento das pobres, cada uma tinha um voto na assembleia. 4. A terra, planeta de rochas, mares e atmosfera, de minerais inertes, não cresce; ora é de minerais que são constituídas as tecnologias, que têm assim os limites ecológicos de serem recursos da terra. Natureza de vivos tem como regra primeira a alimentação deles, as sociedades humanas têm como primeiro dever ecológico assegurar a alimentação dos seus cidadãos, os salários, o pleno emprego e o estado social, hoje também a preservação do ambiente dos vivos. Estas duas vertentes, a técnica dos engenheiros e os mercados dos economistas, ditam os limites ecológicos e sociais: se se entender o emprego como questão ecológica (à maneira da encíclica de Francisco), digamos que a economia e a ecologia deveriam fundir-se numa só ciência ‘eco’, a do crescimento económico e dos seus limites. 5. Onde é que está o problema? É na metáfora do crescimento quando utiliza os números. Estes servem para medir e contar, o tamanho dum garoto, 70 ou 90 cm, a idade, 4 ou 5 anos: é o garoto que cresce, uns números são maiores do que outros, mas nenhum cresce. E não têm limites, desde o zero ao oito deitado sem fim, como tem o crescimento, cujos limites são os daquilo que os números contam ou medem, vêm-lhes de fora, donde também vem o querer sempre números maiores. E como a economia só se conhece através de números, tratados metaforicamente, foi na sua vertente financeira, regulada por Roosevelt na crise dos anos 30 e desregulada por Reagan quando acelerou a electrónica e o respectivo desemprego (operários e escriturários), que a coisa se agravou com as novas velocidades: perdeu a sua relação às economias concretas e jogou a fundo com a busca de números maiores, com a cumplicidade dos actores sociais, especuladores e economistas, políticos e jornalistas, de todos os que se fascinam com números grandes ligados a dólares ou euros. Os números crescem nas imaginações, numa metáfora que serve de evidência ao paradigma dominante. Como também ‘crescem’ as coisas negativas, o desemprego, a pobreza, as desigualdades. Que serão ‘resolvidas’ com o crescimento da economia, dizem, sabendo ou não que nunca se chega ao patamar em que se acha que se cresceu, enfim. É esse o logro. 6. Se se partilhassem os empregos que há pelos que não o têm e se se levasse a sério as alterações climáticas, diminuiria eventualmente o PIB, aumentaria o emprego e a sustentabilidade das actividades humanas. As contas a fazer serão complicadas, mas para que é que serve a ciência ‘eco’nomia/logia?Filósofo
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei humanos cultura social pobreza desemprego
Fotógrafo consegue novas imagens de tribo amazónica isolada
Sabe-se muito pouco sobre esta tribo, estudada quase exclusivamente a partir de fotografias. Estas novas imagens vão ser analisadas por peritos e podem trazer mais informação sobre a tribo. (...)

Fotógrafo consegue novas imagens de tribo amazónica isolada
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-12-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sabe-se muito pouco sobre esta tribo, estudada quase exclusivamente a partir de fotografias. Estas novas imagens vão ser analisadas por peritos e podem trazer mais informação sobre a tribo.
TEXTO: Um fotógrafo brasileiro conseguiu fotos inéditas de uma tribo da Amazónia que vive em completo isolamento. Estas fotos mostram detalhes sobre estes índios até aí desconhecidos, como as pinturas corporais que usam e a maneira como cortam o cabelo. Esta tribo foi encontrada porque o helicóptero em que seguia Ricardo Stuckert, fotógrafo brasileiro, com destino ao Peru teve de fazer um desvio para evitar uma tempestade. Sobrevoando a floresta amazónica a baixa altitude, o fotógrafo conseguiu identificar um conjunto de cabanas de colmo – e o seu primeiro instinto foi fotografar: “Peguei na câmara e comecei a fotografar”, disse ao Guardian “Não tive muito tempo para imaginar o que estava a acontecer”. “Fiquei surpreendido”, contou Ricardo Stuckert ao PÚBLICO: "Em pleno século XXI, temos homens que já foram à Lua, mas ainda existe um povo que nunca esteve com o homem branco ou com índios de outras aldeias, com um mundo que não fosse o seu”. As fotografias, em alta resolução, mostram uma tribo que vive em total isolamento no estado do Acre. “Esta tribo já tinha sido fotografada, mas não com a qualidade das imagens que eu fiz por conta do alcance da lente que eu usava”, explica o fotógrafo. Ricardo Stuckert fotografa índios desde 1996 e estava em viagem para retratar outra tribo para o livro Índios Brasileiros. Seguia no helicóptero com um especialista em tribos indígenas brasileiras, José Carlos Meirelles. O especialista, que estuda estas tribos há 40 anos, identificou esta em 1980, enquanto sobrevoava o local, num voo da BBC. Sobre eles, não se sabe muito e estas novas imagens, em alta definição, vão ser estudadas por peritos. Para já, sabe-se que a forma elaborada como pintam os corpos e cortam os cabelos são novidade: “Pensávamos que cortavam o cabelo todos da mesma maneira”, disse José Carlos Meirelles à National Geographic. “Não é verdade. Pode ver-se que têm vários estilos diferentes. Alguns são muito alternativos”. Caçam, pescam e cultivam bananas, batata-doce, mandioca e amendoins. Usam alguns utensílios de metal para cozinhar e preparar a terra. No entanto, não se sabe em que língua falam nem quem são. “Quando fiz o registo dos isolados estava acompanhado do sertanista [nome dado a quem participa em expedições para explorar o território brasileiro] José Carlos Meirelles que ressaltou, em diversos momentos, a importância de divulgar tais imagens. Como disse em diversas ocasiões: ‘o mundo precisa saber que eles existem e que precisamos de políticas para conservá-los’”, lembra Stuckert. O fotógrafo conta que Meirelles defende essa tese devido às constantes ameaças que as tribos isoladas sofrem na região: os madeireiros e garimpeiros invadem o seu espaço em busca de lucro e matérias-primas. No entanto, para Meirelles, saber onde essas tribos estão localizadas e divulgar essa informação já é meio caminho andado para dissuadir esse tipo de comportamentos. “Quando as pessoas sabem que esses índios existem, esses madeireiros, cocaleiros e garimpeiros não invadem o território dos índios por medo de represálias”, explica o fotógrafo. “Não penso fotografá-los novamente”, afirma Ricardo Stuckert. Apesar do seu fascínio pela “beleza, brasilidade, pureza e inocência dos índios” o fotógrafo diz que só está a pensar nas imagens que foram feitas agora. Quanto à repercussão destas imagens, Stuckert diz que foram “diversas”: “Muitas pessoas elogiaram, outras nem tanto. Faz parte”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas a importância destas fotografias, para ele, é enorme: “Eles foram os primeiros povos que habitaram o meu país. Devemos-lhes tudo. Os índios são os guardiões da floresta, da terra, dos rios, dos mares. A nossa dívida para com eles é imensa”. Esta tribo começou a ganhar atenção mediática quando a Fundação Nacional do Índio brasileira divulgou, em 2008, imagens deles tiradas de outro avião que os sobrevoou a baixa altitude. Texto editado por Hugo Daniel Sousa
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens homem medo