Laranja Mecânica, Die Hard ou Até à Eternidade: 45 guiões para download gratuito
Associação de guionistas disponibiliza gratuitamente argumentos de filmes clássicos e blockbusters, de Armageddon a Heat - Cidade Sob Pressão, passando por Matrix ou Indiana Jones. (...)

Laranja Mecânica, Die Hard ou Até à Eternidade: 45 guiões para download gratuito
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.054
DATA: 2018-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Associação de guionistas disponibiliza gratuitamente argumentos de filmes clássicos e blockbusters, de Armageddon a Heat - Cidade Sob Pressão, passando por Matrix ou Indiana Jones.
TEXTO: O cinema é o meio dos realizadores, diz-se, mas os seus guiões são parte essencial da sua história e agora 45 argumentos de filmes populares, de culto ou de géneros tão variados quanto o terror e a animação estão disponíveis online de forma gratuita. A Shore Scripts, uma associação de guionistas norte-americanos e britânicos, oferece agora gratuitamente parte da sua biblioteca para ajudar a “fazer crescer a voz” dos argumentistas que queiram ler os originais de Laranja Mecânica, Die Hard, Goodfellas, Até à Eternidade, Matrix ou mesmo Armageddon e Comando. “A única forma de nos tornarmos em escritores verdadeiramente bons é aprender com os mestres”, escreve a associação no seu site, apresentando a iniciativa que disponibiliza cinco guiões de cada género – terror, animação, drama, crime, romance, acção, ficção científica, thriller e comédia – no âmbito da sua oferta mais alargada de dicas e vídeos sobre como promover um guião, como ser mais produtivo ou melhorar diálogos. Os géneros que escolheram são categorizados como “pilares” e justificam a diversidade que vai de filmes aclamados pela crítica ou clássicos até blockbusters e filmes de culto mais ou menos comerciais. A ideia é que estes guiões sejam usados como “recurso”, “referência”, “inspiração e motivação” para que os argumentistas ou estudantes possam com isso melhorar a sua voz individual e escrita própria. Entre os guiões agora disponibilizados no seu inglês original estão obras de Stanley Kubrick, Lawrence Kasdan e George Lucas (Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida), Nicholas Pileggi e Martin Scorsese (Goodfellas - Tudo Bons Rapazes), Tina Fey (Giras e Terríveis) ou Michael Mann (Heat). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A lista completa faz-se então de Capote, O Último Samurai, Munique, 8 Mile, Diamante de Sangue no drama, Tudo Bons Rapazes, Anatomia de um Crime, Brick , Heat - Cidade Sob Pressão e À Beira do Abismo no crime e Armageddon, Comando, Assalto ao Aeroporto, O Fugitivo e Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida na acção. No romance figuram Alguém Tem que Ceder, Guarda-Costas, Até à Eternidade, O Amor é um Lugar Estranho, Um Amor Inevitável e na ficção-científica Equilibrium, Robocop, Laranja Mecânica, Matrix e Regresso ao Futuro II. O thriller preenche-se com Sala de Pânico, Colateral, O Candidato da Verdade, Jogo de Lágrimas e Hotel Ruanda e o terror com Os Pássaros, Poltergeist, o Advogado do Diabo, The Omen - O Génio do Mal e O Renascer dos Mortos. Os filmes de animação cujos guiões estão disponíveis são O Gigante de Ferro, O Rei Leão, Toy Story 3, Pateta - o Filme e A Tartaruga Vermelha e a comédia faz-se de O Virgem de 40 Anos, A Família Addams, Kiss Kiss Bang Bang, Legalmente Loira e Giras e Terríveis.
REFERÊNCIAS:
Cinema King, em Lisboa, deve fechar no domingo
Actualização do valor da renda ditou encerramento do espaço. Os postos de trabalho estão garantidos. (...)

Cinema King, em Lisboa, deve fechar no domingo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Actualização do valor da renda ditou encerramento do espaço. Os postos de trabalho estão garantidos.
TEXTO: O cinema King, em Lisboa, deverá encerrar no domingo e os sete trabalhadores serão colocados noutras duas salas de cinema da mesma exibidora, disse à agência Lusa fonte sindical. Contactado pela Lusa, o exibidor e produtor Paulo Branco, da Medeia Filmes, remeteu esclarecimentos para segunda-feira, numa conferência de imprensa nas instalações do cinema. No início de novembro, Paulo Branco tinha admitido que a decisão de encerramento do cinema estava em cima da mesa, por causa de uma proposta de actualização do valor da renda por parte do proprietário do espaço, mas que os postos de trabalho estavam garantidos. Fonte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual disse nesta quinta-feira que os trabalhadores foram informados que o cinema irá fechar no domingo e que serão recolocados nos cinemas Fonte Nova e Nimas, também da Medeia Filmes, ambos em Lisboa. O cinema King, que integra duas salas - chegou a ter três em funcionamento - para exibição sobretudo de cinema de autor, é gerido desde 1990 pela exibidora de Paulo Branco, no espaço onde antes funcionou o cinema Vox, inaugurado em Abril de 1969. Além do Fonte Nova e Nimas, a Medeia Filmes detém ainda o cinema Monumental, também em Lisboa, e tem programação no Cine Estúdio Teatro do Campo Alegre, no Porto, Auditório Charlot, em Setúbal, no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, no Theatro Circo de Braga e no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De acordo com dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, até Outubro a exibidora Medeia Filmes contabilizou 186. 367 espectadores. Em 2011, Paulo Branco encerrou os cinemas Saldanha Residence, que funcionavam praticamente em frente ao cinema Monumental, deixando nove pessoas sem trabalho. Este ano, a rede de exibição de cinema em Portugal sofreu uma mudança depois da exibidora Socorama ter aberto falência, fechando algumas das salas que detinha (mais de cem) de norte a sul do país, incluindo o cinema Londres, em Lisboa. Algumas dessas salas de cinema, em particular as que estão localizadas em centros comerciais, têm estado a reabrir gradualmente por iniciativa da exibidora brasileira Orient.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo circo
Novo filme de Godard e integral Straub-Huillet abrem temporada da Cinemateca
Milos Forman, Ermanno Olmi e Nelson Pereira dos Santos, mas também António Loja Neves e Joana Pimentel, todos desaparecidos este ano, serão outros nomes a homenagear a partir do dia 1 de Setembro. (...)

Novo filme de Godard e integral Straub-Huillet abrem temporada da Cinemateca
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.068
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Milos Forman, Ermanno Olmi e Nelson Pereira dos Santos, mas também António Loja Neves e Joana Pimentel, todos desaparecidos este ano, serão outros nomes a homenagear a partir do dia 1 de Setembro.
TEXTO: O mais recente filme de Jean-Luc Godard, O Livro de Imagem, em Lisboa, vai abrir a próxima temporada da Cinemateca Portuguesa, no próximo dia 1 de Setembro, anunciou a instituição esta quarta-feira. A "retrospectiva integral" dos cineastas Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, a evocação do trabalho dos realizadores Milos Forman, Ermanno Olmi e Nelson Pereira dos Santos, que morreram recentemente, Histórias do Cinema, em sessões com o crítico e historiador Bernard Eisenschnitz, o centenário de Rita Hayworth e parcerias com os festivais Queer e Motelx dão corpo à programação do primeiro mês da temporada 2018-19 da Cinemateca. Esta, no entanto, define-se também com as homenagens ao crítico e realizador António Loja Neves, que morreu em Maio, e à investigadora Joana Pimentel, do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), que morreu em Junho, e conta ainda com a edição dos textos sobre cinema escritos pelo antigo director da Cinemateca João Bénard da Costa para a instituição e para os ciclos da Fundação Calouste Gulbenkian. A temporada abre no sábado, 1 de Setembro, com uma única sessão, dedicada a O Livro de Imagem, o novo filme de Godard, "uma reflexão sobre o cinema e o estado do mundo", sob a ameaça da guerra. Palma de Ouro Especial no último Festival de Cannes, onde foi estreado, em Maio, o filme teve ainda poucas projecções públicas, segundo a Cinemateca, e esta é a primeira portuguesa. As sessões regulares da Cinemateca começam na segunda-feira, 3 de Setembro, com os primeiros filmes dos ciclos dedicados a Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, Milos Forman, Ermanno Olmi e Nelson Pereira dos Santos, assim como a Rita Hayworth. Da actriz serão exibidos Gilda, de Charles Vidor, Paraíso Infernal, de Howard Hawks, Salomé, de William Dieterle, A Dama de Xangai, de Orson Welles, e Uma Loira com Açúcar, de Raoul Walsh, em sessões que se estendem até dia 14. A homenagem a Milos Forman, Ermano Olmi e Nelson Pereira dos Santos atravessa o mês, com testemunhos de cerca de 50 anos de cinema, dos primeiros filmes do realizador de Amadeus, rodados ainda na antiga Checoslováquia, como O Concurso e Amores de Uma Loira, ao mais recente do mestre do neo-realismo italiano, Vedete, suono uno di voi, concluído no ano passado, sem esquecer "títulos fundamentais" do cinema brasileiro como Vidas Secas. Os Amores de Uma Adolescente, Voando Sobre Um Ninho de Cucos e Hair são outros filmes de Milos Forman a exibir, a que se juntam O Emprego, Os Noivos e A Árvore dos Tamancos, de Olmi, Rio Zona Norte, Boca de Ouro e Como Era Gostoso o Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos. A retrospectiva dedicada a Jean-Marie Straub e Danièle Huillet (1936-2006) – "uma das mais radicais [obras] do cinema moderno" – prolongar-se-á pelo mês de Outubro, e abre no dia 3 de Setembro, com Sicília. O filme é mostrado com 6 Bagatelas, de Pedro Costa, seis cenas que o realizador português captou, durante a montagem de Sicília, e que constitui o primeiro de seis documentários sobre o trabalho de Straub-Huillet a exibir na retrospectiva: Onde Jaz o Teu Sorriso?, também de Pedro Costa, Une vie risquée, de Jean-Claude Rousseau, Straub e Huillet a Trabalharem num Filme, de Harun Farocki, Scicilia si gira, de Jean-Charles Fitoussi, e Defesa do Tempo, de Peter Nestler. Dos filmes iniciais de Straub – Não reconciliados ou só a violência ajuda onde a violência reina e O Noivo, a Actriz e o Proxeneta –, a Les Gens du Lac, concluído este ano, serão mostrados mais de 50 filmes, num percurso de mais de meio século de cinema. A Pequena Crónica de Anna Magdalena Bach, sobre o compositor alemão, Os olhos não querem estar sempre fechados (citação de Othon, de Corneille, que é um filme de Straub e o título da mostra), Introdução à 'Música de acompanhamento para uma cena de cinema' de Arnold Schoenberg, Os Cães do Sinai, Trop Tôt, Tro Tard, Operários-Camponeses e a sua continuação (e final) Humilhados. . . estão entre os filmes de Straub-Huillet a exibir em Setembro, assim como Relações de Classe e Europa 2005. O ciclo Histórias do Cinema vai decorrer nos dias 24 a 27, com filmes de Jean Vigo (O Atalante), Robert Bresson (O Carteirista), Ingmar Bergman (Na Presença de um Palhaço), Orson Welles (Othello) e Charles Laughton (A Noite do Caçador), a par de documentários que localizam a história destas produções. Sessões deste ciclo serão acompanhadas por Bernard Eisenschitz, crítico e historiador ligado à Cinemateca Francesa e aos Cahiers du Cinéma, que também apresenta Tournage d'Hiver, no qual reconstrói a concepção de O Atalante. A homenagem a Joana Pimentel tem lugar no dia 6 de Setembro, com a exibição de Viagem a Angola, de Marcel Borle, um filme de 1929, restaurado pela instituição portuguesa. António Loja Neves é recordado no dia seguinte, com a projecção de O Silêncio, documentário concluído no ano passado, sobre a resistência dos habitantes de Cambedo da Raia, perto de Chaves, às ditaduras de Espanha e do Estado Novo, de Salazar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Setembro, a Cinemateca retoma a double-bill das tardes de sábado – com filmes de Joseph Losey, Josef von Sternberg, Joshua Logan, Frank Borzage, Jean Renoir e Jorge Silva Melo – e as sessões na esplanada, com o Motelx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, em torno de Frankenstein, nos 200 anos do romance de Mary Shelley. Em colaboração com o Queer Lisboa, a Cinemateca programou um ciclo em torno do vírus da sida, com títulos como Kids, de Larry Clark, e E agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel. A apresentação dos textos de João Bénard da Costa (1935-2009) realiza-se no dia 29 de Setembro, quando passam 60 anos sobre a primeira sessão da Cinemateca, no Palácio Foz, em Lisboa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra violência ajuda adolescente corpo cães
PS quer primárias nos grandes municípios onde não haja consenso sobre candidato
Sociais-democratas afastam adopção desta solução aberta a simpatizantes. (...)

PS quer primárias nos grandes municípios onde não haja consenso sobre candidato
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.207
DATA: 2017-03-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sociais-democratas afastam adopção desta solução aberta a simpatizantes.
TEXTO: O PS pondera estender aos municípios com mais de 100 mil habitantes onde não haja consenso quanto à escolha dos seus candidatos nas autárquicas do próximo ano a solução das primárias que usou para eleger o seu candidato a primeiro-ministro. Matosinhos é um dos concelhos onde pode haver primárias, abertas a simpatizantes. Já o PSD - outro grande partido autárquico – afasta a possibilidade de primárias para a escolha de candidatos autárquicos, mostrando-se fortemente empenhado em mobilizar o partido para o combate das eleições locais que Pedro Passos Coelho já disse querer vencer, para reconquistar a liderança da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP). “Tenho muita expectativa que, finalmente, seja possível transferir para a esfera local um modelo que foi usado na escolha do candidato do PS a primeiro-ministro. Acho que, depois de termos dado o primeiro passo, não faz sentido que não sejamos capazes de dar passos subsequentes”, afirma o dirigente nacional e líder do PS-Porto, Manuel Pizarro. A pouco mais de um ano das autárquicas, o PS prepara uma estratégia que evite quaisquer deslizes a nível do processo eleitoral, porque tem consciência de que este combate terá sempre leituras nacionais. Mas evitar que as autárquicas se convertam num referendo à governação é a grande aposta do secretário-geral socialista e primeiro-ministro, António Costa. Empenhado numa vitória eleitoral que “será essencial para a estabilidade política e para a consolidação do programa de mudança que o PS lidera no país”, Manuel Pizarro sublinha que “não deve ser o PS a gerar a instabilidade. Isso não será compreensível pelos eleitores e não terá nenhuma vantagem nem para o PS nem para as comunidades locais”. Ao mesmo tempo, o dirigente nacional acentua que “gostaria de ver consagrado o princípio de, em algumas circunstâncias, poder recorrer a eleições primárias para escolher candidatos ou soluções políticas que o PS venha a consagrar”. Pizarro explica, em declarações ao PÚBLICO, por que razão defende primárias para os municípios com 100 mil habitantes. “Muitas vezes a realização de eleições deste tipo em municípios de menor densidade populacional serve mais para estimular conflitos locais do que para encontrar verdadeiramente uma solução galvanizadora do conjunto das pessoas e vencedora”, diz o também vereador da Câmara do Porto, afastando qualquer “vantagem” de primárias nestes concelhos. Questionado se o partido se inclina para fazer primárias em Matosinhos, Manuel Pizarro é taxativo: “Acho que era uma bela solução, que houvesse uma legitimação de primárias de um candidato à Câmara de Matosinhos”. “Era uma solução que me agradaria muito”, acentua, sem fazer nenhuma alusão a nenhum dos possíveis candidatos que se perfilam para avançar. A deputada Luísa Salgueiro, o presidente da concelhia do PS-de Matosinhos, Ernesto Páscoa, e António Parada, adjunto do secretário de Estado das Pescas, são os três nomes na calha para disputar a presidência da Câmara de Matosinhos, um concelho que foi um bastião do PS até às últimas eleições autárquicas, em que o socialista Guilherme Pinto, sem apoio do partido, foi reeleito como independente. Mas a probabilidade de as eleições primárias abertas a simpatizantes poderem estender-se também ao Porto não está completamente afastada. Há socialistas que defendem uma candidatura própria em nome do partido, mas há quem entenda que o PS deve apoiar o independente Rui Moreira com quem tem um entendimento político. É aqui que as primárias podem fazer sentido. O líder da maior distrital argumenta que o “PS foi o único partido da sociedade portuguesa que realizou primárias” e que isso é vantajoso. “Nós podemos reproduzir nessas primárias o essencial das regras que foram validadas nas eleições para a escolha do primeiro-ministro. Manifestamente funcionaram bem do ponto de vista da correcção dos procedimentos e do ponto de vista da participação das pessoas”. Sublinhando que os “procedimentos servem para resolver e não para criar problemas”, Manuel Pizarro declara ainda que “um partido como o PS não pode ter medo das pessoas quando se trata de escolher os seus candidatos”. E remata com uma ideia em jeito de desafio: “Não vejo que ninguém possa querer ser candidato do PS a uma qualquer autarquia de grande dimensão e ter medo de enfrentar a escolha dos cidadãos numas primárias”. Em vésperas do congresso nacional do PS, agudizam-se as fracturas internas nas concelhias socialistas de Barcelos e de Vizela, no distrito de Braga. O clima de crispação que se vive nestas duas concelhias tem a ver com as eleições autárquicas. O até agora vice-presidente da Câmara de Vizela, Vitor Hugo Salgado, que se incompatibilizou com o actual presidente, Dinis Costa, apresentou esta terça-feira à noite a sua candidatura à câmara. A seu lado, estava o actual presidente da Assembleia Municipal de Vizela, o independente Fernando Carvalho, que será o candidato àquele órgão na lista de Vitor Hugo Salgado, em 2017. O autarca, de 39 anos, a quem o presidente da câmara retirou há três semanas a confiança política e os pelouros, quer avançar com o apoio do partido, mas admite ir a votos como independente, caso o PS não tome uma posição favorável em relação à sua candidatura. “Vou aguardar que o PS se pronuncie sobre esta matéria até ao segundo semestre deste ano. Se o PS não o fizer, avanço como independente”, declarou ao PÚBLICO. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Vitor Hugo Salgado aponta duas razões para se candidatar à câmara: “O descontentamento generalizado dos vizelenses e a perda de influência do PS no concelho”. “Há dez anos, o PS tinha resultados na casa dos 60% nas legislativas e nas autárquicas; agora nas últimas eleições legislativas ficou-se pelos 37% e a nível das autárquicas pelos 48%”, contabiliza o vereador sem pelouros, afirmando que, se “não houver uma candidatura alternativa à do actual presidente, o PS perde as eleições”. Em Barcelos, a fractura é também entre o actual presidente, Miguel Costa Gomes, e o seu ex-vice-presidente e líder da concelhia do PS, Domingos Pereira. O também deputado queixa-se que o presidente da câmara lhe retirou os pelouros, comunicando-lhe a decisão por email. Para já não quer falar das razões que estão por detrás desta decisão, mas garante que ela tem a ver com as eleições locais do próximo ano. “Isto aconteceu quando estava a ser desencadeado o processo de escolha do candidato às próximas eleições na concelhia”, sublinha, afastando o cenário de eleições intercalares. A federação distrital de Braga do PS, liderada, por Joaquim Barreto, mantem o silêncio sobre o clima de guerrilha que se vive nas concelhias de Barcelos e Vizela.
REFERÊNCIAS:
“Vi uma pessoa sair do carro com a roupa a arder. Por que é que eu me fui salvar?”
Mário mandou a mulher e as filhas fugir do fogo e viu-as morrer. Em Várzeas, Pedrógão Grande, há uma casa com a mesa posta para nove pessoas que ninguém sabe onde estão. E há quilómetros e quilómetros de terra carbonizada e sobreviventes desorientados. (...)

“Vi uma pessoa sair do carro com a roupa a arder. Por que é que eu me fui salvar?”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mário mandou a mulher e as filhas fugir do fogo e viu-as morrer. Em Várzeas, Pedrógão Grande, há uma casa com a mesa posta para nove pessoas que ninguém sabe onde estão. E há quilómetros e quilómetros de terra carbonizada e sobreviventes desorientados.
TEXTO: Mário Pinhal, um dos poucos sobreviventes da “estrada da morte”, onde o fogo de Pedrógão Grande deixou dezenas de pessoas carbonizadas, recua até ao momento em que tomou a pior decisão da sua vida. “Quando me apercebi que o incêndio era muito violento e que os eucaliptos estavam a tombar e a serem sugados pelo fogo, disse para a minha mulher: ‘Prepara as miúdas e agarra no carro que têm que sair daqui para fora’. ”Este “daqui para fora” refere-se a uma casa nova, no lugar das Várzeas, com vista privilegiada sobre um monte reduzido a cinzas ainda fumegantes. O eucaliptal tombado, a vegetação seca do calor, casas e carros ardidos. Mas a casa de Mário, da mulher e das filhas, Margarida e Joana Pinhal, não chegou a ser tocada pelas chamas. “Por que é que não as mandei fecharem-se na cave? A casa é nova e teria aguentado. ” A mulher obedeceu e saiu com as filhas, de 12 e 15 anos, Mário seguiu noutro carro, com os pais e uma tia. O que aconteceu a seguir foi o inferno em meia dúzia de metros. “A Suzana, a Joana e a Margarida morreram na estrada. A mesma onde andei também eu para a frente e para trás ao longo de uns 500 metros. Vi carros desfeitos, fiz marcha atrás, mas abalroaram-me. Vi uma pessoa a abandonar o carro com o cabelo a arder, a roupa a arder. O carro que nos tinha abalroado ficou em chamas. No carro onde estava, os retrovisores começaram a derreter. Quando conseguimos sair, já estavam os carros todos a arder. Os pneus explodiam. Acho que fomos os únicos quatro sobreviventes daquele monte de carros ardidos. Infelizmente. . . Devia tê-las fechado dentro de casa. ”Enquanto Mário recua até ao momento em que tomou a pior decisão da sua vida, o seu pai, braço enfaixado e cabeça coberta por um enorme adesivo, vai balbuciando. “Tinham uma vida linda, feliz. ” Mário concorda. “Já só faltava construir uma piscina para termos aqui uma casa como queríamos, para as férias e os fins-de-semana. As minhas filhas adoravam vir para cá. ” E agora? “Estou a pensar cremar — acabar de cremar — a minha mulher e as minhas filhas para ficar com os restos mortais. Aqui ou na Póvoa de Santa Iria, onde morávamos, estarão sempre perto de mim. ”Está Mário a remoer os seus mortos, sozinho entre as oliveiras chamuscadas do seu quintal, e estão os outros todos a chorar o mesmo. A terra ainda queima. Sobe-se pela Rua do Quebra-Costas, onde há uma casa de xisto esventrada pelo fogo, e vai-se dar a um largo onde jaz uma carcaça de uma carrinha ardida. Há silêncio a agravar o manto negro que cobre quase tudo, casas que escaparam impunes e outras que ficaram completamente destruídas. Liliana Coelho, rabo-de-cavalo, top preto, ar de não ser daqui, assoma à porta da sua casa e explica. “Não foi um incêndio de propagação normal. Havia setas de lume e só depois é que veio o fogo. Por volta das 19h30, ficou de noite. Ouviu-se um barulho, tipo furação, e começou a rebentar tudo. Foi como um tornado que levava coisas a arder lá dentro. ” Numa das casas parcialmente ardida está uma mesa posta para nove pessoas. Ontem à tarde, ainda ninguém sabia onde estariam. “Tivemos cá cinco mortos confirmados e estas nove pessoas desaparecidas que ainda ninguém sabe onde estão. ”A GNR já por cá passou a perguntar nomes e moradas. A contabilidade deste fogo continuará a fazer-se ao longo dos próximos dias. Por enquanto, o que se vê quando se percorre estes lugares são quilómetros de árvores carbonizadas. Terra preta, ainda a fumegar, ainda a queimar os pés, gado queimado em currais reduzidos a escombros. Vinhas com folhas que se desfazem em pó, quando apertadas entre as mãos. No caminho que conduz a Nodeirinho, onde terão morrido 11 pessoas, Amadeu Gomes olha ensimesmado as duas carcaças automóveis que cortam a estrada. Num dos carros, que chegou a ser seu, seguiam o genro e um sobrinho deste, com quatro anos. Morreram, tal como o casal que seguia no outro carro. “Um deles ficou ali muitas horas. Um bocadinho de pessoa. Só se reconhecia o osso das costas. O meu genro vinha de cima, a fugir do fogo, o outro carro vinha de baixo, também a fugir do fogo; bateram ali. ”Nenhum escapou. O genro, Cid Belchior, e o seu sobrinho, Rodrigo, tinham ido vigiar o andamento do fogo para avaliar se partiam ou se ficavam. “Eles viviam em Lisboa, na freguesia de Santa Clara, mas tinham vindo passar uns dias. Os pais do menino tinham ido de lua-de-mel para S. Tomé e Príncipe e o menino preferiu ficar com o tio. Eram muito amigos. Para onde ia um ia o outro também. A minha filha tinha casado há três anos e estavam a fazer tudo para me dar um neto. E agora acontece isto. . . ”, situa. Explica ainda que os pais do menino chegaram esta manhã, de emergência. “A minha filha salvou-se porque ficou em casa, mas está diminuída. ”Daqui a nada chega um reboque para levantar os carros e desimpedir a estrada. “Já é o quarto”, atira o condutor do reboque. “Vão aí 23 mil euros”, responde Amadeu Gomes, apontando o carro. A tarde mal começou. O PÚBLICO pergunta ao condutor do reboque se tem mais pedidos. “Ai, Jesus”, despacha, perante a redundância da curiosidade. Basta andar por estas estradas para perceber. Na casa de José Carlos, 46 anos, arderam o camião de transporte de madeira, o tractor, “as ferramentas todas do trabalho”, como conta o empresário que, há um ano, investiu o que tinha e o que não tinha numa empresa de exploração florestal. Estão sentados, empresário e filho, no degrau de acesso à casa. E a casa é uma construção cinzenta no meio de um manto negro. Os vidros das janelas partiram com o calor. “O que as salvou, à minha mulher e à minha filha, foi que tiveram cabeça para se enfiar na cave. ” José Carlos, que saíra para recolher um tractor e que ficou ele próprio cercado pelas chamas durante várias horas, ainda aproveita para perguntar se sabemos se haverá ajudas financeiras a quem ficou sem nada. Depois, envergonha-se. “Bem, aquilo que eu mais temia que acontecesse não aconteceu. Outros estarão pior. . . ”. Na Travessa Hortas da Adega, no lugar de Mosteiro, António Rosa e Carminda Bernardes recolhem água de um regato com um balde sem se perceber muito bem para quê. O gado que tinham morreu. Uma mula, éguas, ovelhas. O tractor, o motor de rega, a debulhadora arderam. Onde havia tronchudas, feijões e espigas há cinzas fumegantes. Não há comida para os animais que escaparam nem para o casal que julgou não sobreviver para contar esta história. “Não acreditava que o mundo podia acabar em chamas mas agora vejo que pode acontecer”, diz António Rosa, 77 anos. “O fogo saltava que metia respeito e a gente nem água tinha para lhe pôr a mão em cima. Um fumo negro, negro, negro que a gente queria mexer-se e não era capaz. Estou toda queimadinha, mas nem senti o fogo a agarrar-se a mim”, recorda Carminda Bernardes. E arregaça mangas e calças para mostrar as pernas e os braços a pedirem olhar médico. A aflição maior do casal foi não saber da sua filha que, por não aguentar o fumo, tinha sido mandada para casa. “Fiquei maluca de todo. Até o frigorífico comecei a esvaziar para ver se ela não se teria metido lá dentro. E a gente não tinha a quem perguntar. ” Foram horas a desafiar chamas e cortes de estrada até conseguirem localizá-la, em Avelar, no concelho de Ansião, para onde fora conduzida pelos bombeiros. “É que a gente nem telefone tinha para perguntar. ” O marido, ensimesmado, procura olhar para a frente e não consegue. “Como é que vamos reerguer isto tudo? É uma vida inteira toda estragadinha. . . ”No lugar das Troviscas, na freguesia de Pedrógão, ainda não passaram bombeiros. Apenas umas carrinhas das misericórdias a oferecer água e bolachas e a procurar sinalizar pessoas que precisem de assistência hospitalar. “Está tudo bem”, despacha Margarida Crespo. Está com o marido, o filho e a sogra no largo a dar de beber aos cães. O marido, que passou a noite preso num barracão rodeado por chamas, escapou à força de apagar as chamas que ameaçavam os fardos de palha e as alfaias agrícolas com panos molhados. “Foi a noite toda nisso. ” E chora. Com ele chora o filho também que julgara ficar sem pai. Abraçam-se todos, a sogra a ameaçar soçobrar. É Margarida que trata de os mandar procurar as ovelhas que não morreram. “É preciso dar-lhes água. A comida. . . não sei. Não há. ” E, voltada para a equipa do PÚBLICO: “Se não aproveitarmos esta tragédia para juntar os terrenos e fazer um ordenamento, daqui a dez anos estaremos de novo a lutar contra o fogo. E aí não sei se escaparemos. Mesmo agora, se forem por aí fora. . . ”Por aqui fora houve gente a fazer-se às brasas de pés descalços. Sem telefones. Sem bombeiros. “O fogo andava aí e ninguém aparecia para ajudar. O velhote ali de cima apareceu aqui já com a roupa a arder. Os pés descalços, queimados. ” Terá sido encaminhado, muitas horas depois, para o hospital em Coimbra. “Gritava ‘Acudam-me, acudam-me que me deixam aqui a morrer. Mas a gente não lhe conseguia deitar a mão”, desculpa-se Silvinda Antunes. Tem 87 anos, “um aparelho plantado na coluna que se fendeu”, mexia-se o suficiente apenas para tratar da horta. “Agora fiquei sem uma folhinha verde para botar na panela. É uma dor na alma. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na cabeça do alemão Gunnar Pfabe, fixado há oito anos em Troviscais, as fronteiras vão muito além de Pedrogão Grande. As preocupações, porém, não são menores. “Comprámos um terreno para vender, perto do rio, mas agora tudo isto perdeu valor. Tinha holandeses e ingleses interessados, mas agora a zona vai ficar com muito má reputação”, lamenta-se o promotor imobiliário. Anda num carro, de mala aberta para o cão poder respirar, a fazer o reconhecimento dos estragos. “As televisões na Alemanha e na Áustria estão a falar deste fogo. Agora, cada estrangeiro que ouça falar de Pedrogão Grande tem a imagem do fogo. Isto era um paraíso, quase a única região de Portugal onde se podia comprar um terreno a preços humanos. Agora. . . Tantos mortos. Porra. . . ”, pragueja, deixando no chão a placa de madeira com o seu número de telemóvel sob a inscrição “Vende-se”. Não se há-de vender tão cedo. Até porque as contas mais urgentes para fazer por estes lugares são ao número exacto de mortos e desaparecidos: 64 e 135, segundo o último balanço. Sem mulher nem filhas ao lado, Mário Pinhal não esconde que não se importava de estar neste rol. “Vi uma pessoa a abandonar o carro com a roupa a arder, o cabelo a arder. Por que é que eu me fui salvar?”Nota do director: A entrada deste texto foi alterada, face às críticas que gerou entre muitos leitores. Como o texto da Natália conta extraordinariamente bem, a dor de Mário com a morte da sua família não é mensurável - e nunca lhe poderia ser atribuída uma responsabilidade pelo que aconteceu. Como o texto da Natália explica, Mário tentou salvar a mulher e filhas até ao último segundo das suas vidas. Por respeito a estas vítimas, por respeito à dor que todos sentem, não quisemos deixar qualquer dúvida sobre isto. As nossas desculpas a quem tenhamos ofendido.
REFERÊNCIAS:
Um grão das artes de Ângelo de Sousa à conquista da Europa
A Fundação Gulbenkian em Paris inaugura esta terça-feira a primeira exposição monográfica deste artista em França. Meia centena de obras a mostrar ao circuito internacional das artes a importância de um criador e experimentador obsessivo. (...)

Um grão das artes de Ângelo de Sousa à conquista da Europa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Fundação Gulbenkian em Paris inaugura esta terça-feira a primeira exposição monográfica deste artista em França. Meia centena de obras a mostrar ao circuito internacional das artes a importância de um criador e experimentador obsessivo.
TEXTO: A meio da semana passada, ultimavam-se os trabalhos de montagem da nova exposição da delegação da Gulbenkian em Paris, e no verso das telas podiam ler-se indicações expressas de Ângelo de Sousa (1938-2011) sobre o modo correcto da sua instalação. Só que, em algumas delas, o “boneco” tanto estava virado para cima como para baixo; e noutras ainda, a seta não corresponde ao sentido que o próprio artista lhes deu em mostras anteriores!…Era assim Ângelo de Sousa, para quem o humor e a ironia eram parte integrante da sua arte, além do seu carácter aberto, em permanente busca e experimentação. A Fundação Calouste Gulbenkian inaugura esta terça-feira na capital francesa aquela que é a primeira exposição individual neste país deste artista que é uma referência fundamental da arte portuguesa da segunda metade do século XX até à primeira década do novo milénio, mas que permanece desconhecido no resto do mundo. Tem por título Ângelo de Sousa. La couleur et le grain noir des choses [A cor e o grão negro das coisas], e como comissário Jacinto Lageira, português radicado na capital francesa desde criança, e que é professor de Estética na Universidade Paris 1 - Panthéon-Sorbonne, além de curador e crítico de arte. “Esta é uma pequena apresentação, de cerca de meia centena de trabalhos, de uma obra gigantesca e que está cheia de peças fantásticas, não só do ponto de vista da invenção e da imaginação, e que pode verdadeiramente ser comparada com aquilo que na mesma época se ia fazendo nos outros países da Europa”, diz Jacinto Lageira, lamentando o seu desconhecimento nos circuitos internacionais da arte. De facto, antes da presente chegada a Paris com esta mostra monográfica, só por escassas ocasiões Ângelo de Sousa teve trabalhos seus exibidos fora de Portugal – e foram sempre em colectivas de arte portuguesa –, desde que, em 1970, se apresentou com o grupo Os Quatro Vintes (com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues), numa galeria também na capital francesa. E em 1975 foi distinguido com o Prémio Internacional da Bienal de São Paulo. Paris pode ser agora um ponto de partida para o reconhecimento de um autor que “merece visibilidade internacional como artista” e não apenas enquanto “uma manifestação do meio artístico português”, diz ao PÚBLICO Miguel Magalhães, o recém-nomeado director da delegação francesa da Gulbenkian. Anunciada na entrada da delegação da Gulbenkian – e também numa série de cartazes na estação de metro Concorde – com a reprodução de uma obra que parece uma secção do arco-íris e denota o persistente trabalho de pesquisa da cor por parte de Ângelo de Sousa, a exposição abre precisamente, ao cimo da escadaria de entrada, com um vídeo que reproduz a série Slides de cavalete (1977-79). “Representa pinturas que ele nunca fez, que projectou apenas num ecrã, representando formas geométricas e um aturado trabalho sobre a cor e a memória”, diz Jacinto Lageira na visita em que guiou o PÚBLICO pela exposição em final de montagem. A sala maior do primeiro piso da delegação dá espaço às grandes telas, e as mais conhecidas, com que Ângelo expressa essa sua obsessão pela cor, com destaque para as pinturas amarelas pertencentes à Colecção Gulbenkian (as outras obras tendo origem nas colecção de Serralves e do filho do artista, Miguel Sousa). “Não é pintura abstracta no sentido mais literal do conceito”, explica o curador, fazendo notar que “Ângelo ultrapassa a dicotomia tradicional real-abstracto”. “Ele é formal, mas não é um formalista; presta sempre uma grande atenção à materialidade do quadro, da cor, do pigmento, do pincel”, acrescenta. Mas antes das três salas centrais dominadas pelos grandes quadros, o visitante é convidado a “espreitar”, numa divisão mais pequena, uma primeira selecção de fotografia. É a série A mão, a cores (mas Ângelo cultivou-a também a preto-e-branco), que remonta aos anos 70, e que teve também desenvolvimentos em desenho, pintura e filme. “A mão como parte do corpo, como órgão, mas também como uma coisa no meio de outras coisas”, diz Lageira. No seguimento do percurso de La couleur et le grain noir des choses, três vitrinas dão a ver um conjunto das pequenas esculturas em alumínio e em aço pintado – a expressão mais notória desta vertente do trabalho do artista sendo a escultura monumental associada à arquitectura de Eduardo Souto de Moura do edifício Burgo, no Porto –, mas também as famosas “orelhas” criadas a partir de embalagens de iogurte distorcidas por efeito do calor. E a fotografia regressa na parte final da exposição, com a sucessão das séries Epifanias, O sensível e Os umanistas. “É o lado mais negro e inesperado do trabalho do Ângelo”, diz o curador perante as imagens chocantes das “epifanias”: uma sucessão de animais mortos e em decomposição. São “revelações” de um mundo imprevisto, em que as coisas e os fenómenos triviais do quotidiano são transformados em experiência estética. Uma démarche que Ângelo também estendeu à captação de imagens menos chocantes, mas igualmente, à partida, desprovidas de aura artística: uma parede, o chão da rua, uma corda de secar roupa, um cabelo…E chegamos aos “umanistas” – “Gosto muito da ideia dele de escrever sem o ‘h’, à italiana, retirando aquela ideia naïf do ‘humanismo’, com aquele sentido sempre muito irónico que ele colocava na sua arte”, diz Lageira –, uma pequena selecção feita a partir de mais de um milhar de fotografias a preto-e-branco de cenas do quotidiano na cidade do Porto, muitas delas captadas a partir da própria janela do artista: uma mulher dentro de casa, duas crianças a brincar na rua, homens a trabalhar, pessoas na paragem do eléctrico com parte de uma inscrição sobre as suas cabeças: “Os serviços funcionam provisoriamente na rua…”. “Não se trata de realismo ou de uma variante neo-realista da época”, escreve o comissário no roteiro que elaborou para o percurso da exposição. “É apenas porque nos interessa a humanidade do humano, num sentido quase antropológico – o que faz com que ele seja aquilo que é, do mesmo modo que as coisas são aquilo que são”, acrescenta. E Ângelo de Sousa estava lá para o registar, e reinventar. A exposição Ângelo de Sousa. La couleur et le grain noir des choses, que é acompanhada por um catálogo com textos de vários críticos e historiadores de arte, vai ficar patente até 16 de Abril. O que poderá acontecer depois de Paris? “Nunca se sabe; espero que a exposição seja uma descoberta, e que as galerias, francesas e europeias, peguem depois na sua obra”, diz Jacinto Lageira. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A operação Ângelo de Sousa em Paris vai prolongar-se, em Fevereiro, com a edição – e lançamento numa livraria da cidade, ainda a especificar – de uma parte da criação fotográfica do artista. Trata-se de uma caixa com oito cadernos de fotografia, com curadoria do professor e investigador Sérgio Mah, que documentam outros tantos capítulos, ou séries, que Ângelo foi desenvolvendo praticamente ao longo da sua vida, desde o final da década de 60 até à primeira década do ano 2000 – desde Os umanistas aos ensaios sobre a mão, dos auto-retratos aos Slides de cavalete, das janelas às procissões. . . Miguel Sousa, filho e responsável pela gestão da herança artística de Ângelo, explica ao PÚBLICO que o seu pai, já perto do final da vida, tinha manifestado o desejo de “editar sete livros de fotografia dedicados apenas ao tema Os umanistas”, e que gostaria que essa edição “fosse comissariada por Sérgio Mah”. O projecto é agora concretizado, com o patrocínio da Gulbenkian, mas tanto Sérgio Mah como Miguel Sousa decidiram abrir o leque da selecção às várias séries que Ângelo foi realizando ao longo de décadas. A nova edição vem assim acrescentar-se ao catálogo da exposição Encontros com as formas. Fotografia e vídeos, realizada pela Fundação EDP no Porto em 2014, e já também com curadoria de Sérgio Mah. Será mais uma nova oportunidade para desvendar o património de uma criação torrencial, que é constituído por mais de 80 mil imagens. O PÚBLICO viajou a convite da Fundação Calouste Gulbenkian - Delegação em França
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Os Smashing Pumpkins regressados voltam a Portugal em Julho
Concerto no Nos Alive junta-se ao dos The Cure e Bon Iver para começar a construir o cartaz do festival. A banda que se destacou na década de 1990, agora sem a baixista D'Arcy, lançou um novo álbum, Shiny and Oh So Bright. (...)

Os Smashing Pumpkins regressados voltam a Portugal em Julho
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Concerto no Nos Alive junta-se ao dos The Cure e Bon Iver para começar a construir o cartaz do festival. A banda que se destacou na década de 1990, agora sem a baixista D'Arcy, lançou um novo álbum, Shiny and Oh So Bright.
TEXTO: Os Smashing Pumpkins, banda formada em Chicago em 1988, vão voltar para mais uma actuação em Portugal e no festival Nos Alive, desta feita no dia de encerramento do evento, a 13 de Julho do próximo ano. Fazem-no numa altura em que lançam um novo álbum depois de anos de hiato, Shiny and Oh So Bright. A banda liderada por Billy Corgan, que se estreou em Portugal num concerto na Praça de Touros de Cascais em Maio de 1996, já passou pelo Nos Alive em 2007, precisamente na edição inaugural do festival. Junta-se agora aos The Cure, o primeiro grande nome anunciado para a edição de 2019 (os britânicos actuam dia 11), parecendo reforçar a opção da organização por bandas consagradas das décadas de 1980 e 1990 como cabeças de cartaz. Nos últimos anos, o festival que decorre no Passeio Marítimo de Algés teve as suas maiores enchentes com nomes como Pearl Jam, Radiohead ou Depeche Mode, mas também noites cheias para os mais jovens The xx ou Alt-J. Billy Corgan, James Iha e Jimmy Chamberlin trarão consigo o novo disco, de nome completo Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun. , mas vêm, depois de anos de disputa entre o vocalista e a baixista D'Arcy Wretzky, com Jeff Schroeder a substituí-la no alinhamento. O músico está com a banda desde 2007 (entrou na altura para substituir Iha). São apenas duas de várias mudanças na formação da banda, que esteve também alguns anos em pousio. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O seu segundo álbum, Siamese Dream, de 1993, foi passaporte para o sucesso nas rádios, precedendo o êxito mais global de Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995). Em Portugal, a banda passou também pelo Festival Imperial ao vivo (1997), pela Aula Magna de Lisboa (1998), pelos Coliseus de Lisboa e Porto, pelo Campo Pequeno (2011), e pelo Rock in Rio (2012). Os Smashing Pumpkins actuam no festival num dia em que já estava confirmada a presença dos Bon Iver.
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Ilhéu das Rolas: no centro do mundo mora um cenário paradisíaco
O ilhéu das Rolas, a sul da ilha de São Tomé, é um pequeno pedaço de muito verde e praias de sonho cristalino. (...)

Ilhéu das Rolas: no centro do mundo mora um cenário paradisíaco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ilhéu das Rolas, a sul da ilha de São Tomé, é um pequeno pedaço de muito verde e praias de sonho cristalino.
TEXTO: Junto à ardósia da sala de aula, está pendurada uma composição dos alunos do 4. º ano. Intitula-se “a localidade”. No ilhéu das Rolas, escrevem as crianças, “vivem cerca de cento e cinquenta habitantes”, que se dedicam “à pesca, à pecuária e ao negócio”. Tem “as praias mais lindas do nosso país” e “um hotel que recebe muitos turistas”.
REFERÊNCIAS:
Desportos Pesca
Por que é que devíamos estar todos a ler o 1984?
É hoje muito mais importante para ler nas democracias do que nas ditaduras, porque o que ele diz para as democracias, para a defesa das democracias das investidas autocráticas dos dias de hoje, cada vez o sabemos menos. (...)

Por que é que devíamos estar todos a ler o 1984?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: É hoje muito mais importante para ler nas democracias do que nas ditaduras, porque o que ele diz para as democracias, para a defesa das democracias das investidas autocráticas dos dias de hoje, cada vez o sabemos menos.
TEXTO: Poucos livros são tão importantes para os nossos dias do que o 1984, de George Orwell. É hoje muito mais importante para ler nas democracias do que nas ditaduras, porque o que ele diz sobre as ditaduras totalitárias já todos o sabemos (e o sabem os que lutam contra elas), mas o que diz para as democracias, para a defesa das democracias das investidas autocráticas dos dias de hoje, cada vez o sabemos menos. O reducionismo do 1984 a um panfleto antiestalinista, ou mais genericamente anticomunista, e o seu esquecimento como uma distopia datada de há já quase 25 anos são um erro e reduzem o património escasso de grandes obras literárias e políticas, de que precisamos, mais do que nunca, nos dias de hoje. Orwell percebeu o caminho para o mundo actual de fake news, de relativização da verdade e dos factos, da “verdade alternativa”, do tribalismo, do combate ao saber a favor da ignorância atrevida das redes sociais, da crise das mediações a favor de uma valorização da pressa, do tempo instantâneo, do fim do tempo lento, do silêncio, e da pseudopresença num mundo de comunicações vazias, ideal para o controlo afectivo, social e político. Orwell sabia que o Big Brother estaria feliz nos dias de hoje com o permanente ataque a toda a espécie de delegação de poder pelos procedimentos das democracias, ou pelas hierarquias da competência e do saber, a favor de um falso empowerment igualitário, que enfraquece os mais débeis, os mais incultos, e os mais pobres, mas dá mais poder aos poderosos, aos ricos, aos que estão colocados em lugares decisivos por nascimento, herança, ou amoralidade. Descreveu, pela primeira vez no 1984, o mundo da manipulação e geral degenerescência da linguagem, das palavras e das ideias. Um mundo onde quem manda reduz as palavras em circulação a uma linguagem gutural, a preto e branco, sem capacidade expressiva e criadora, mas também desprovida da capacidade de transportar raciocínios e argumentos lógicos, mas apenas banhar-nos em pathos. Ele escreveu uma distopia, nós vivemos nessa distopia. Uma das fontes do 1984 foi o conhecimento que tinha do totalitarismo comunista e em particular a sua experiência na Guerra Civil espanhola, que lhe serviu também para escrever Animal Farm. Mas a outra fonte importante do livro foi a sua experiência na BBC, na comunicação social em tempo de guerra e no papel que esta tinha na própria guerra como arma. Arma de propaganda, mas também arma de manipulação, através da chamada “propaganda negra” ou daquilo a que mais tarde os serviços soviéticos deram o nome de “desinformação”. Orwell conjugou estas duas fontes, de origem muito diversa, numa interpretação do valor da verdade, e da ideia de que quem controla as palavras controla as cabeças e o poder. A isto Orwell acrescentava algo que sabia estar ausente do mundo da ideologia, uma genuína compaixão pelos “danados da terra”, pelos que nada tinham, e é a eles que dá a capacidade de revolta: “If there is hope, it lies in the proles. ”Dois exemplos mostram a manipulação das palavras, que é hoje uma actividade especializada e lucrativa de agências de comunicação e publicidade, de assessores de imprensa e de outros amadores de feiticeiros na Internet, já para não falar dos serviços secretos: um, de há uma semana na América de Trump, o grande laboratório do Big Brother; e outro dos nossos anos do lixo, entre a troika e o Governo PSD-CDS. No primeiro caso, trata-se do interrogatório do candidato a juiz do Supremo Tribunal Ben Kavanaugh, em que as mesmas armas, espingardas de tiro automático ou semiautomático, são descritas como “armas de assalto” (“assault weapon”), pelos que defendem o seu controlo, ou como “espingardas de desporto modernas” (“modern sporting rifles”), como entendem os defensores da interpretação literal da Segunda Emenda, para quem o direito de ter, transportar e exibir armas é intangível. O exemplo português é um entre muitos dos anos do Governo da troika-PSD-CDS, que começam a ser perigosamente esquecidos. Quando começaram os cortes em salários, pensões, reformas, despesas sociais, durante dois ou três dias, mesmo os membros do Governo usavam a expressão verdadeira de “cortes”. Depois, de um dia para o outro, e de forma concertada, deixaram de falar de “cortes” para falar em “poupanças”. O mais grave é que, como no mundo do Big Brother, a expressão começou a impregnar a linguagem comum, a começar pela da comunicação social, que nesses dias e nalguns casos até hoje mostrou uma especial capacidade de ser manipulada pelo “economês”. Leia-se pois o 1984, ou “releia-se”, que é a forma politicamente correcta de se dizer que se leu sem se ter lido, até porque é um livro que não engana ninguém logo à primeira frase: “Era um dia de Abril, frio e cheio de sol, e os relógios batiam as treze horas. ”
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Partidos PSD
Ilha de Jaco: quando o sagrado se junta a estradas esburacadas
A leitora Ana Vargas partilha a sua experiência por Timor-Leste. (...)

Ilha de Jaco: quando o sagrado se junta a estradas esburacadas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A leitora Ana Vargas partilha a sua experiência por Timor-Leste.
TEXTO: Este ano, as férias foram passadas em Timor-Leste. Uma viagem em família há muito sonhada e até agora adiada. Como seria impossível conhecer o país todo, elegemos alguns locais que, para nós, eram visita obrigatória, entre eles a ilha de Jaco. Saímos de Díli no dia seguinte ao da nossa chegada, a conduzirmos um carro com o volante à direita e mudanças automáticas. Tudo diferente do que estamos habituados, pelo que, concentrados na condução, ignorámos os avisos de que a estrada estava em mau estado. Baucau fica a pouco mais de 120 quilómetros de Díli, contudo, demorámos cerca de quatro horas a chegar. A estrada era pior do que esperávamos, estreita e cheia de buracos. Motas e microletes (camionetas de transporte de passageiros) passavam por nós a velocidades que nos pareciam vertiginosas. Nas motos seguem famílias inteiras. O pai, que conduz, uma criança à frente e outra entalada entre o pai e a mãe, esta, por vezes, montada à amazona. Não conseguimos deixar de nos surpreender com a decoração das microletes, com representações diversas, desde as Spice Girls a Jesus Cristo. Por vezes, no topo seguem passageiros e malas e, mais raramente, cabritos. A cada curva ou solavanco tememos que caiam e aterrem na estrada à nossa frente, mas voltam sempre a equilibrar-se. Revezamo-nos ao volante do carro e os outros passageiros vão assinalando os obstáculos: buraco, berma, mota, pedras, galo, cão, búfalo…Chegamos a Baucau, almoçamos no restaurante Amália e retomamos a viagem. O nosso guia avisa-nos que a distância agora é menor, embora a estrada esteja em pior estado. Custa-nos a acreditar, mas é verdade. Quando chegamos à Pousada de Tutuala já está escuro. Estamos tão cansados que jantamos e vamos dormir. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No outro dia, acordamos cedo e, quando saímos dos quartos, sustemos a respiração com a vista: a pousada está situada num promontório e, à volta, estende-se o mar enquadrado por encostas verdejantes. O jardim tem várias árvores por onde passeiam pequenos macacos. A custo partimos. A distância agora é bastante mais curta e a estrada, em terra batida, faz-se bem. Chegamos à frente da ilha de Jaco, onde pescadores aguardam os visitantes. Peixes de vários tamanhos e cores estão pendurados nas árvores. Escolhemos dois, um vermelho e outro a lembrar um robalo, e logo depois somos levados por um dos pescadores à ilha de Jaco. Um estreito canal separa Timor desta ilha que parece terminar num extenso areal branco que circunda o centro, de um verde luxuriante. Somos as primeiras pessoas a lá chegar. Ao longo do dia os pescadores trarão outras pessoas, pequenos grupos que se dispersam ao longo do areal. A areia é muito fina e a água é azul opala, transparente e morna. Quando mergulhamos, vemos corais e peixes de várias cores e tamanhos. Por volta do meio-dia, o pescador regressa. Traz os dois peixes grelhados, temperados apenas com sal e pousados em folhas de palmeira sobre um rectângulo de plástico. Comemos os peixes com as mãos, acompanhados por pão e água que tínhamos trazido. O sol queima. Procuramos a sombra das árvores, mas o calor aperta. Mergulhamos e voltamos a surpreender-nos com a cor dos peixes e a forma dos corais. A meio da tarde, os pescadores regressam para levar as pessoas de volta. É com pena que percebemos que o dia está a acabar e que temos de regressar. Sabemos que é a mistura da estrada esburacada, do carácter sagrado e da proibição de pernoita na ilha que a mantém deserta e selvagem. Única. Esperamos um dia lá voltar e encontrá-la assim. Ana Vargas
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