Série Mar Português: O que (não) fizemos para voltar ao mar
Desde 1974, os portugueses tentaram regressar ao mar duas vezes. Há 40 anos que fugimos do mar. Mas vem aí a reabertura do canal do Panamá e a extensão da plataforma continental. Mesmo sem estratégia, a economia do mar vale 10 mil milhões de euros. (...)

Série Mar Português: O que (não) fizemos para voltar ao mar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-09-28 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20120928151910/http://www.publico.pt/1564758
SUMÁRIO: Desde 1974, os portugueses tentaram regressar ao mar duas vezes. Há 40 anos que fugimos do mar. Mas vem aí a reabertura do canal do Panamá e a extensão da plataforma continental. Mesmo sem estratégia, a economia do mar vale 10 mil milhões de euros.
TEXTO: Ter três mil quilómetros de costa projectada sobre o Atlântico na encruzilhada de três continentes, à porta da bacia do Atlântico Sul e, em simultâneo, uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa, seriam razões de sobra para Portugal ser um país marítimo. Mas não. Portugal é um país com mar, mas hoje não é um país marítimo. Em termos económicos e geopolíticos, vive há mais de 40 anos com as costas viradas para o mar. Sem estratégia a longo prazo, dizem muitos especialistas. Ciclicamente - e em ondas sem continuidade - o discurso público concentra-se no mar e no seu potencial. Houve ímpetos e alguns passos concretos. A Exposição Universal (1998), o Livro Branco para a Política Marítimo-Portuária (1999), a criação da Estrutura de Missão para preparar a proposta à ONU para duplicar a extensão da plataforma continental portuguesa (2005), e a entrega da candidatura à ONU (2009). Houve também sinais de acção recentes. O Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo, há muito esperado, foi aprovado este Verão. Na vida das empresas ligadas à economia do mar, no entanto, o mar parece não sair do papel. É hoje comum ouvir-se que o mar "é estratégico" e o próprio Presidente da República, Cavaco Silva, fala do mar como "prioridade nacional", mas disse também num discurso que "falta largar do cais". Significa isso que falta tudo? "O que nós precisamos é de dar um mergulho fundo", diz a ministra Assunção Cristas com ar convicto. "Um mergulho fundo é termos projectos económicos concretos a funcionar no mar. "Eles existem, mas são casos mais ou menos isolados. "Nestes últimos 30 a 40 anos, Portugal não se tem perspectivado como país marítimo. Esquecemos a nossa geografia. Os decisores económicos, políticos, académicos e os media perderam essa visão", diz Tiago Pitta e Cunha, o jurista que defende há uma década o regresso dos portugueses ao mar e hoje é conselheiro do Presidente para esta área. O contributo da economia do mar para o PIB "é um desastre nacional porque o país não a aproveita", diz José Poças Esteves, presidente da Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco (SaeR), que desenvolveu o primeiro grande estudo sobre o valor da economia do mar. Os números impressionam. O estudo de 2010 da SaeR, fundada pelo economista Ernâni Lopes, calcula que a economia do mar vale 10 mil milhões de euros e identifica-a como um hipercluster (grande aglomerado de indústrias) composto por 12 clusters independentes mas que se ajudam entre si (a pesca e a energia offshore são diferentes, mas precisam da indústria e da reparação naval). O potencial de exploração do fundo do mar, com a extensão da plataforma continental portuguesa, aponta para cálculos ainda mais sonoros. Segundo o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, a exploração de cobalto, níquel e cobre pode render 60 mil milhões de euros anuais. Por enquanto, parece ficção. Como agarrar o marA ministra discorda das visões pessimistas e sublinha o potencial: produção de peixe, ostras ou bivalves para a alimentação; ómega 3 (abundante na cavala) para a farmacêutica e cosmética; algas para os biocombustíveis de segunda geração; minério no fundo do mar e no subsolo; energias limpas como a energia das ondas; turismo náutico como o surf; actividade portuária e transporte marítimo (quando 70% do comércio mundial se faz por mar). . . a lista é longa. Perante o "muito trabalho invisível feito no passado" e o conhecimento acumulado, "este é o momento" de se dar "o passo para a acção", mesmo que não haja ainda "o desenho todo para avançar", diz a ministra. Cristas defende uma "estratégia incremental" - "a melhor maneira de agarrarmos o mar". Ou seja, "agora conseguimos fazer isto, fazemos; amanhã conseguimos fazer mais aquilo, fazemos".
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Série Mar Português: Pode Portugal ser um imenso país do surf?
"O investimento está feito. Os estádios estão aí - e movem-se", diz Tiago Pires, o único português entre os grandes do circuito mundial do surf. Os "estádios" são as ondas, que, em Portugal, têm uma diversidade excepcional, reconhecida por todos. Há uma estratégia nacional para o surf? (...)

Série Mar Português: Pode Portugal ser um imenso país do surf?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.400
DATA: 2012-09-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: "O investimento está feito. Os estádios estão aí - e movem-se", diz Tiago Pires, o único português entre os grandes do circuito mundial do surf. Os "estádios" são as ondas, que, em Portugal, têm uma diversidade excepcional, reconhecida por todos. Há uma estratégia nacional para o surf?
TEXTO: Portugal tem a maior (até agora) onda surfável do mundo, na Nazaré, com direito a referência no Guinness. Tem uma costa com ondas de excepcional qualidade e variedade. Tem, na Ericeira, uma das raras reservas mundiais de surf. E um número cada vez maior de praticantes (só a Federação Portuguesa de Surf tem 11 mil inscritos). Os estrangeiros chegam também cada vez mais, com as pranchas debaixo do braço. E as escolas multiplicam-se - são já perto de 150. De Verão e de Inverno, o mar português enche-se de figuras vestidas de negro a surfar as ondas. O surf é um negócio que cresce - e tem potencial de crescer muito mais. Mas sabemos o que fazer com ele? Estava prevista a construção de sete Centros de Alto Rendimento para preparar atletas nesta modalidade. Só deverão avançar quatro. Tiago Pires, o "Saca", único português no circuito mundial, acha que mesmo assim são muitos. Fomos tentar perceber o que o país pode fazer com as suas ondas. É preciso descer até à praia de Ribeira de Ilhas e esperar que termine a aula de surf, para conseguir falar com Ulisses Reis, surfista há muitas décadas e hoje proprietário de uma escola de surf, uma guest house e uma loja de aluguer de equipamento na Ericeira. Sai da água, rodeado pelos alunos, muitos dos quais estrangeiros, carregando as suas pranchas, e enquanto despe o equipamento propõe uma conversa na sua guest house. Aí fala das mudanças a que assistiu nos últimos 34 anos na Ericeira. "Deixou de ser uma vila piscatória para se transformar numa cidade de surf, devido à qualidade das suas ondas", conta. "Nós começámos com a escola no surf camp de Ribeira de Ilhas, e, no início, muito com os portugueses. Hoje temos um nível elevadíssimo de turistas noruegueses, franceses, espanhóis, finlandeses. Entre Junho e fins de Setembro, temos um turismo mais de famílias, de pessoas que vêm aprender. A partir de Setembro, já é um nível mais avançado, desde holandeses a alemães, que já querem ondas maiores e uma qualidade de surf superior. "De uma coisa, Ulisses não tem dúvidas: "A Ericeira é actualmente um dos melhores sítios para o surf da Europa". As pessoas que hoje vêm para aqui - e sobretudo agora, que a zona foi classificada como Reserva Mundial de Surf -, vêm sobretudo por causa das ondas. "Podem vir passear, mas vão ter sempre uma aula, alugar uma prancha, comprar alguma coisa nas lojas de surf. Já não é o "vamos ver o barquinho de pesca e os pescadores". Isso acabou. "Negócio pode render três mil milhões de euros por anoOs estrangeiros já sabem que Portugal é um excelente destino para os surfistas: boas ondas, muita diversidade, praias a pouca distância umas das outras, o que permite que, se as condições não forem as ideais numa, se mude para outra. O número de escolas de surf também não tem parado de aumentar, e com elas as lojas e todo o negócio em torno deste desporto, que, diz um estudo elaborado em 2009 por Pedro Bicudo e Ana Horta, ambos do Instituto Superior Técnico, poderia render três mil milhões de euros por ano no sector do turismo. E até surgiu, este ano, um festival de cinema de surf, o SAL, que, durante alguns dias de Junho, encheu o Cinema São Jorge, em Lisboa, de pranchas de surf e imagens de ondas. "Lisboa é uma capital europeia com proximidade do mar. Fazia todo o sentido que tivesse um festival como este", dizem os organizadores, Luís Nascimento e Ricardo Gonçalves, eles próprios surfistas há muitos anos. Num dos vídeos de apresentação do festival, um rapaz viaja por Lisboa, de eléctrico, e acaba no Cais das Colunas, no Terreiro do Paço, de prancha debaixo do braço.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola negro estudo
Crise faz consumo de papas aumentar 7%
A facturação da Nestlé caiu 6% no primeiro semestre, mas a marca de papa que o grupo comercializa viu a facturação aumentar. (...)

Crise faz consumo de papas aumentar 7%
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A facturação da Nestlé caiu 6% no primeiro semestre, mas a marca de papa que o grupo comercializa viu a facturação aumentar.
TEXTO: Uma refeição que custa 23 cêntimos ganha outro significado quando o orçamento familiar está em derrapagem. Por isso, a Nestlé já sabia que as vendas da sua histórica marca Nestum iriam crescer com a crise. Contudo, o gigante alimentar não contava com uma subida tão expressiva, em total contraciclo com a quebra geral do negócio da multinacional em Portugal: mais 7% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado, que corresponde a um acréscimo de 140 toneladas. António Reffóios, director-geral da Nestlé, não esconde a surpresa. "Já contávamos com esta tendência porque em 2003, um ano também difícil, o consumo de Nestum cresceu. Mas não esperava que o aumento atingisse este nível. Nos tempos que correm um mercado que cresce mais de 5% é dinâmico", resume. Há nove anos, Portugal estava em recessão e a economia caía 0, 9%. O país estava "de tanga", vaticinava Durão Barroso quando chegou ao Governo em 2002. As vendas desta marca de papa também cresceram mas, hoje, a diminuição do rendimento das famílias é maior. Não são só as crianças entre os três e os 10 anos que estão a comer mais Nestum. Também os mais velhos, acima dos 60, substituem o jantar ou o almoço por um prato de papa que "custa menos do que um café e é nutricionalmente equilibrado", sublinha António Reffóios. A mudança dramática dos hábitos dos consumidores, impulsionada pela crise, trouxe surpresas para a indústria do grande consumo, cujo mercado está a cair 0, 5% (dados Nielsen citados pela Nestlé). As marcas de fabricante recuaram 4, 1% e as da grande distribuição, pelo contrário, dispararam 7%. Em Portugal, as vendas líquidas da multinacional Suíça desceram 5, 7%, para 230 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2011, abaixo das estimativas iniciais. "Prevíamos um ano que poderia estar entre uma quebra de 2% ou 0% de evolução", revela o director-geral. O desempenho, pior do que o esperado, tem múltiplas explicações. Um quarto das famílias começou a ter dificuldades em pagar as suas despesas correntes e os portugueses passaram a consumir mais em casa, poupando nos gastos com cafés e restaurantes. No caso da Nestlé, que detém as marcas Buondi ou Sical, as vendas no canal horeca pesam 40% no negócio. Depois, o aumento dos custos com matérias-primas, combinado com a subida do IVA em Janeiro fizeram disparar os preços ao consumidor entre 8 a 10% no mercado global, retraindo ainda mais o consumo. As vendas dos produtos abrangidos pela alteração das taxas do imposto – que vão desde um simples puré de batata, às pizzas congeladas ou frutos secos e fiambre – desceram em geral 8%. Na Nestlé, sentiu-se ainda uma descida de 1, 7% das exportações. "Há mercados para onde exportamos que também estão a sofrer, sobretudo na Europa, o destino principal dos nossos produtos", explica António Reffóios. Com as atenções viradas para o preço mais baixo, os portugueses passaram a fazer mais refeições em casa e, por isso, o leite condensado e as tabletes de chocolate de culinária da Nestlé cresceram nos primeiros seis meses do ano. A empresa de origem suíça tem vindo a adaptar-se aos novos tempos e deu prioridade a produtos acessíveis a todas as bolsas, denominados internamente de "produtos de posicionamento popular". Nesta lista com mais de 30 referências está a papa Nestum, os chocolates Rajá, os mini KitKat, embalagens de 20 gramas de Nescafé (e não de 50 gramas) ou o Directo ao Forno, da Maggi, que depois do sucesso inicial, registou descidas neste primeiro semestre. Os mais resistentes ao contexto são os chocolates (cujas vendas se mantiveram iguais) e o mercado de comida para animais, que aumentou 3% e já pesa 10% (40 milhões de euros) nas receitas globais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo
Centro de Artes Culinárias luta pela sobrevivência e procura apoios num jantar da vindima
Aninhadas dentro dos cestos, em cachos perfeitos, as uvas parecem todas iguais. A única diferença aparente é o facto de umas serem brancas e outras pretas. Mas é muito mais o que as distingue, é isso que a exposição das várias castas nacionais, no Centro de Artes Culinárias do Mercado de Santa Clara, em Lisboa, nos mostra, para começarmos a entender como é que de uvas como estas saem vinhos tão diferentes como um moscatel ou um vinhão. (...)

Centro de Artes Culinárias luta pela sobrevivência e procura apoios num jantar da vindima
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2012-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aninhadas dentro dos cestos, em cachos perfeitos, as uvas parecem todas iguais. A única diferença aparente é o facto de umas serem brancas e outras pretas. Mas é muito mais o que as distingue, é isso que a exposição das várias castas nacionais, no Centro de Artes Culinárias do Mercado de Santa Clara, em Lisboa, nos mostra, para começarmos a entender como é que de uvas como estas saem vinhos tão diferentes como um moscatel ou um vinhão.
TEXTO: Domingo à noite foi o jantar da Vindima de Portugal - Grande Adiafa (adiafa é a refeição dada aos trabalhadores depois de terminada a vindima), com que o Centro, ligado à Associação Idade dos Sabores, dirigida por Maria Proença, assinalou a época das vindimas e também o seu primeiro aniversário. A refeição, com o apoio do restaurante Casanostra, foi inspirada nas uvas: depois de uma sopa da vindima, houve risotto de uvas, língua de vaca com uvas, porco com uvas e vinho do Porto, e várias sobremesas à base de uvas. O anúncio do jantar vinha acompanhado de uma informação, explicando que este se destinava à "angariação de fundos que permitam dar continuidade às actividades". O ano que passou não foi fácil, reconhece Maria Proença, embora faça um balanço positivo. Mas, com um apoio inicial de cinco mil euros, há ainda despesas de investimento que não foram pagas e iniciativas como este jantar destinam-se a isso mesmo. Há um ano, na altura da inauguração do Centro com uma exposição intitulada Alfacinhas, o vereador da Câmara de Lisboa com o pelouro dos mercados, José Sá Fernandes, afirmava que este antigo mercado de Santa Clara, cedido pela câmara à Idade dos Sabores, constituía a primeira experiência de recuperação e renovação de um espaço que deixou de cumprir a sua função original de venda de frutas e legumes. A ideia era criar aqui um centro de artes culinárias, com actividades ligadas à gastronomia e à divulgação dos produtos nacionais. Sá Fernandes esteve domingo no jantar. Que balanço faz desta experiência? "O que esperamos, e acho que vamos conseguir, é que isto seja um dos sítios de referência da gastronomia e do produto português. Ainda não está em velocidade de cruzeiro, mas já aconteceram coisas que nos dão sinais de que é possível. "Para além da crise, a maior dificuldade, segundo Maria Proença, é conseguir visibilidade. "Os nossos meios são tão restritos, é tudo voluntariado e somos tão poucos que muitas vezes não fazemos metade do que queríamos". O balanço feito com a CML permitiu identificar alguns dos problemas, que Sá Fernandes promete ajudar a colmatar: sinalética que identifique o local e maior divulgação das actividades. Mas, sublinha o vereador, é necessário também que o centro tenha "actividades diárias, que atraiam um público português e estrangeiro". No último ano, o Centro organizou várias exposições com temas relacionados com os produtos da estação, das laranjas às castanhas, e utilizando a importante colecção de objectos ligados às práticas e tradições gastronómicas pertencente a Maria Proença. O objectivo principal é divulgar o trabalho dos produtores nacionais. "Não fomos atrás do lado gourmet", explica a responsável, "fomos à procura daquelas coisas que estavam em vias de desaparecer. O exemplo máximo são as peras passas, que estavam quase perdidas, porque só se pode fazer com uma qualidade de pêra que não se cultiva. Foi um sucesso enorme e foi o valorizar de um produto que pode voltar a ter alguma expressão. Isso é o mais gratificante. "O que não correu tão bem foram os cursos de cozinha. "As pessoas normalmente vão aos cursos dos grandes chefes, e a nossa aproximação às questões da culinária tem mais a ver com o conhecimento dos produtos, a sua diversidade, as tradições onde esses produtos se integram, as práticas e ritos alimentares", diz Maria Proença. E depois há o problema da disponibilidade financeira. "Os show cooking, que não são pagos, atraem imensa gente. " Outra expectativa que não se cumpriu foi a da investigação em torno dos produtos e tradições. "Isso pressupõe disponibilidade das pessoas, e não é fácil. "
REFERÊNCIAS:
Alunos e pais em choque com alterações aos exames do 12.º ano
"Total desagrado." É assim que alunos do 12.º ano e pais reagiram quarta-feira à notícia de que, ao contrário do que tem sido norma desde 2007, os exames nacionais para a conclusão do ensino secundário irão incidir sobre os programas dos três anos deste nível de ensino. Os alunos já agendaram uma manifestação para o próximo dia 27, em Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal. (...)

Alunos e pais em choque com alterações aos exames do 12.º ano
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.7
DATA: 2012-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Total desagrado." É assim que alunos do 12.º ano e pais reagiram quarta-feira à notícia de que, ao contrário do que tem sido norma desde 2007, os exames nacionais para a conclusão do ensino secundário irão incidir sobre os programas dos três anos deste nível de ensino. Os alunos já agendaram uma manifestação para o próximo dia 27, em Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal.
TEXTO: Nos últimos anos, os exames das chamadas "disciplinas trienais", entre os quais figuram os de Português e Matemática, só têm abrangido os programas do 12. º ano. Entre os alunos, a informação divulgada na terça-feira pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), o organismo responsável pela elaboração dos exames, assemelhou-se mesmo a uma bomba, com estragos ao retardador. "É-nos imposto mais um obstáculo ao ingresso no ensino superior", desabafa Miguel Moura, da Delegação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico. Miguel está no 12. º ano e sabe do que fala: "Estamos mal preparados para fazer face a esta mudança. Foi isso também que os nossos professores nos disseram hoje [ontem]. Que fomos mal preparados porque eles também não sabiam que ia acontecer esta mudança. "A alteração às normas dos exames do 12. º ano, que consta de uma portaria publicada em Agosto, não foi anunciada e, por isso, passou praticamente despercebida. Na prática, diz Elsa Barbosa, presidente da Associação de Professores de Matemática, a informação só chegou às escolas quando, na terça-feira, o Gave publicou, na sua página da Internet, uma nota dando conta desta mudança. Mas, frisa esta docente, mesmo que a informação tivesse sido, de facto, recebida em Agosto, não resolveria o problema que agora se põe aos alunos e aos seus professores. Esta medida, explica, vai ser aplicada a alunos que fizeram os dois primeiros anos do secundário na convicção de que os exames do 12. º ano só incidiriam sobre os programas deste ano de escolaridade. "Os alunos e professores não estão preparados" para a alteração imposta pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), corrobora. "Uma vergonha"Miguel Moura lembra que, em 2012, as médias de exame já "desceram abruptamente", em parte devido a uma outra alteração das normas, já que os alunos passaram a ser obrigados a realizar todos os exames na 1. ª fase. Com esta nova medida, acrescenta, os resultados podem ainda ser piores, para além de resultar numa "nova sobrecarga financeira para as famílias", que terão de comprar "mais livros e pagar mais explicações". Miguel Moura conta que no Facebook já existem vários grupos de alunos a propor a organização de manifestações e até greves contra esta alteração. A primeira está já marcada para dia 27, em Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal. "O aumento da matéria a estudar para os exames de Matemática e Português, após dois anos sem contar com tal, vai obrigar-me a repescar matérias de anos anteriores que foram esquecidas. Desconfio que resultará numa baixa tremenda nos resultados dos exames", testemunha Tiago Ferreira, que também está no 12. º ano"É uma vergonha", reage Rui Martins, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação. A CNIPE não tem dúvidas de que a entrada em vigor desta medida, já este ano lectivo, "prejudicará imenso os [seus] filhos e educandos que frequentam o 12. º ano". É uma medida que "revela grande irresponsabilidade", denuncia a confederação. "Não tenho memória de, num espaço tão curto, ter recebido tantos protestos dos pais como agora, com esta situação", conta Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação vergonha
NOC, a baleia branca que tinha uma voz quase humana
Os papagaios imitam a fala humana, mas isso nunca fora observado numa baleia. Os cientistas que estudaram estas vocalizações quase humanas, produzidas por uma beluga, ou baleia branca, especulam que o cetáceo estava a tentar comunicar com os seus tratadores. (...)

NOC, a baleia branca que tinha uma voz quase humana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os papagaios imitam a fala humana, mas isso nunca fora observado numa baleia. Os cientistas que estudaram estas vocalizações quase humanas, produzidas por uma beluga, ou baleia branca, especulam que o cetáceo estava a tentar comunicar com os seus tratadores.
TEXTO: Tudo começou em 1984, quando, ao pé do tanque das baleias e dos golfinhos da Fundação Nacional dos Mamíferos Marinhos (NMMF, entidade norte-americana dedicada à protecção e ao estudo destes animais), vários especialistas tiveram a impressão de ouvir conversas entre duas pessoas, mas sem chegar a ver ninguém por perto. Não percebiam as palavras, porque o som parecia vir de longe, mas ficaram intrigados pelo inédito fenómeno. Algum tempo depois, um mergulhador emergiu do mesmo tanque e deixou os seus colegas ainda atónitos ao perguntar: “Quem é que me disse para sair da água?” É que nenhum deles lhe tinha dado qualquer instrução nesse sentido. Rapidamente, conseguiram então identificar o “falador” inveterado. Era uma baleia branca, uma beluga chamada NOC, que vivia lá e estava habituada a contactos frequentes com pessoas. Sam Ridgway e a sua equipa da NMMF, que já tinham ouvido falar de episódios semelhantes, decidiram então estudar de mais perto as características acústicas das produções sonoras de NOC. “As vocalizações eram semelhantes à voz humana e diferentes dos sons habitualmente emitidos pelas baleias”, diz Ridway, citado por um comunicado da revista Current Biology, onde o surpreendente achado foi publicado esta terça-feira. “Não só o ritmo era semelhante ao da fala humana, como as frequências sonoras situavam-se várias oitavas abaixo das típicas vocalizações das baleias e muito mais perto do espectro acústico da voz humana. ”Para os investigadores, o facto de uma baleia conseguir imitar uma voz humana é tanto mais surpreendente quanto o aparelho vocal destes animais é muito diferente do nosso – e que não lhe terá sido nada fácil imitar-nos. “As nossas observações sugerem que a baleia teve de alterar a sua mecânica vocal para emitir sons semelhantes à fala”, explica ainda Ridgway. “Ora, esforços tão claros e desta magnitude sugerem uma motivação para o contacto [com os humanos]. "NOC morreu há cinco anos e a sua voz calou-se para sempre. Mas se quiser, pode ouvi-la aqui.
REFERÊNCIAS:
Os dinossauros com penas chegaram ao Canadá
Já se sabe, há mais de 15 anos, que as penas também embelezaram os dinossauros, mas quase todas essas descobertas têm estado confinadas à China. Agora, três esqueletos com penas, encontrados na província canadiana de Alberta, colmatam algumas lacunas sobre o aparecimento das penas e das asas nas aves. Os dinossauros emplumados acabam pois de chegar ao Canadá, revela a revista Science desta semana. (...)

Os dinossauros com penas chegaram ao Canadá
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já se sabe, há mais de 15 anos, que as penas também embelezaram os dinossauros, mas quase todas essas descobertas têm estado confinadas à China. Agora, três esqueletos com penas, encontrados na província canadiana de Alberta, colmatam algumas lacunas sobre o aparecimento das penas e das asas nas aves. Os dinossauros emplumados acabam pois de chegar ao Canadá, revela a revista Science desta semana.
TEXTO: Os três fósseis, dois juvenis e um adulto, são de dinossauros ornitomimídeos, um grupo de bípedes que terão sido omnívoros. Podiam até não ser esquisitos e comer tanto plantas como animais, mas os seus braços longos e mãos estavam bem adaptados para chegar às folhas das árvores, enquanto com o bico arrancavam as folhas. No formato do corpo, fazem lembrar as avestruzes, só que supunha-se, até recentemente, que os ornitomimídeos estavam cobertos por escamas. Era assim, escamosos, que surgiam no filme Parque Jurássico, a correr à frente de um temível T-rex, que os queria para refeição. Engano, pelo menos na parte das escamas. Afinal, nos três fósseis do Canadá, guardados no Museu Tyrrell, mantiveram-se preservadas penas durante os 75 milhões de anos que passaram envoltos nos depósitos de um antigo rio até serem encontrados. "É uma descoberta entusiasmante, porque representa o primeiro dinossauro com penas do hemisfério ocidental [as regiões para lá do meridiano de Greenwich]", frisa a principal autora do artigo, Darla Zelenitsky, da Universidade de Calgary. "Apesar de se conhecerem muitos esqueletos de ornitomimídeos, estes exemplares são os primeiros a revelar que estavam cobertos de penas, tal como outros grupos de dinossauros terópodes [bípedes carnívoros e omnívoros]", diz a paleontóloga, numa nota da universidade canadiana. Ao encontrar-se o primeiro dinossauro com penas, na China, em 1996 - e depois dele muitos outros -, as provas da ligação entre dinossauros e aves, tendo as penas como fio condutor, tornaram-se arrasadoras. Suspeitando-se há muito dessa ligação, aves são agora consideradas dinossauros. Evoluíram a partir deles. Mas se as aves são dinossauros, nem todos os dinossauros eram aves. Os três exemplares, da espécie Ornithomimus edmontonicus, não eram aves, mas tinham penugem no corpo todo. Só o exemplar adulto tinha penas mais longas, com os eixos mais duros no centro, como as penas que vemos hoje nas asas das aves voadoras. "Este dinossauro tinha penugem toda a vida, mas só os indivíduos mais velhos desenvolviam penas maiores nos braços, formando estruturas parecidas com asas. Este padrão difere do das aves, que geralmente desenvolvem as asas muito novas, logo após a eclosão dos ovos. " Como este dinossauro era grande de mais para voar e só nos mais velhos havia as estruturas em forma de asa, pensa-se que as penas tinham outras funções. As primeiras penas da história, surgidas antes de alguns animais levantarem voo, podem ter servido mais para decoração. "Como surgiam em indivíduos mais maduros, podem ter estado ligadas a comportamentos reprodutivos, como a exibição [no acasalamento] e a incubação dos ovos", diz François Therrien, do Museu Tyrrell.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie corpo aves
Escaravelho usa a bola de estrume como aparelho de ar condicionado, com sauna incluída
Já se sabia que as bolas de estrume transportadas pelos escaravelhos são usadas como alimento, fertilizante e incubadora de ovos. O que não se sabia, e um grupo de cientistas descobriu agora, é que os escaravelhos do estrume também usam as bolas para se refrescarem, como um aparelho de ar condicionado portátil. (...)

Escaravelho usa a bola de estrume como aparelho de ar condicionado, com sauna incluída
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já se sabia que as bolas de estrume transportadas pelos escaravelhos são usadas como alimento, fertilizante e incubadora de ovos. O que não se sabia, e um grupo de cientistas descobriu agora, é que os escaravelhos do estrume também usam as bolas para se refrescarem, como um aparelho de ar condicionado portátil.
TEXTO: Oriundos de regiões onde as temperaturas atingem os 50 graus Celsius, como o Senegal, Moçambique ou Zimbabwe, estes animais desenvolveram técnicas para se manterem frescos e suportarem o calor. O transporte das bolas de estrume é feito quase sempre pelos machos, que as encaminham até à toca escavada pela fêmea. Ela é importante para a sua sobrevivência, mas a caminhada não deixa de ser uma tarefa difícil, se pensarmos no esforço que têm de fazer para transportar uma bola maior do que eles, de cabeça para baixo e com as patas da frente a tocar o chão, que está muito quente. As bolas chegam a atingir quatro centímetros de diâmetro, enquanto este escaravelho tem três, no máximo. Usando a técnica de termografia infravermelha, que permite determinar a temperatura de um corpo sem ser necessário tocar-lhe, o grupo de cientistas liderado por Jochen Smolka, da Universidade de Lund, na Suécia, mostrou que os escaravelhos do estrume também usam a sua bola como refugio térmico portátil, subindo para ela quando a temperatura do solo é muito alta. Feito com escaravelhos da espécie Scarabaeus Lamarcki, o estudo foi dividido em três partes. Na primeira, os cientistas analisaram o comportamento dos escaravelhos a empurrar a bola pelo chão, que atingia primeiro 51, 3 graus Celsius e depois 57 graus. Na segunda parte, repetiram a experiência no chão mais quente (com os 57 graus), mas calçaram aos escaravelhos umas botas de silicone, para não sentirem o calor. Na última parte, os escaravelhos foram convidados a empurrar primeiro uma bola de estrume que tinha estado no frigorífico e depois outra que tinha sido aquecida. No primeiro caso, quando o chão estava menos quente (51, 3 graus), os escaravelhos empurraram a bola sem parar, mas quando estava mais quente paravam frequentemente e iam para cima dela. No segundo teste, apesar de a temperatura do chão ser elevada, como os escaravelhos tinham as botas calçadas não sentiam o calor do chão e, por isso, subiram menos vezes para a bola do que quando estavam descalços. Já no terceiro teste, subiam menos para as bolas arrefecidas no frigorífico do que para as que tinham sido aquecidas, porque a evaporação ocorrida nestas bolas ajudava-os a refrescarem-se. Tinham assim uma sauna privada. Publicado na revista Current Biology, este estudo permitiu concluir que os escaravelhos sobem mais para as bolas, quando o calor aperta, e fazem-no sete vezes mais depressa, quando chão está mais quente. “Os escaravelhos usam a bola para se refrescar, porque aquecem com facilidade a empurrar uma enorme bola de estrume sobre a areia ardente de África”, diz Smolka, num comunicado. Registadas em vídeo, as imagens do transporte do estrume permitiram ainda ver que os escaravelhos ficam algum tempo a passar as patas pela cara quando sobem para bola, como se estivessem a lavá-la. Para a equipa, este comportamento é semelhante ao das formigas do deserto, que regurgitam um líquido para as patas para as refrescarem. O caso dos escaravelhos e das suas bolas de estrume mostra, no final, como os seres vivos são versáteis. “Através da evolução, estruturas já existentes adaptam-se a novas finalidades — neste caso, é o uso de uma fonte de alimento para termorregulação”, remata o cientista.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo espécie corpo
Cordeiro Mirandês e Cabrito do Alentejo são produtos protegidos
A decisão é da Comissão Europeia. O Cordeiro (Canhono) Mirandês e o Cabrito do Alentejo, passam a integrar respectivamente a lista de Denominação de Origem Protegida (DOP) e a de Indicação Geográfica Protegida (IGP). (...)

Cordeiro Mirandês e Cabrito do Alentejo são produtos protegidos
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DATA: 2012-11-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: A decisão é da Comissão Europeia. O Cordeiro (Canhono) Mirandês e o Cabrito do Alentejo, passam a integrar respectivamente a lista de Denominação de Origem Protegida (DOP) e a de Indicação Geográfica Protegida (IGP).
TEXTO: O Cordeiro Mirandês, da raça Churra Galega, é criado no Planalto Mirandês (concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro) e, sublinha o caderno de especificações para a denominação DOP, “é desde há muitos anos o garante da sobrevivência das populações da região”. Para um produto ser considerado DOP é necessário, precisamente, que seja provado que é originário de um determinado local, que lhe deu o nome, e que tem uma forte ligação com essa região – ou seja, que as suas características estão intimamente ligadas ao clima, tipo de alimentação e formas de produção locais. É no Planalto Mirandês, refere o caderno, que existem “as culturas agrícolas que são a base de sustentação dos rebanhos, assim como os factores humanos necessários à boa condução e maneio dos animais”. Condições às quais se soma “o saber cortar e a forma de manusear a carne e de realizar a desmancha da carcaça”. O documento salienta ainda que esta carne é apresentada em vários pratos tradicionais da região, como o Ensopado de Cordeiro Mirandês, o Cordeiro Mirandês assado na brasa, e a Caldeirada de Cordeiro Mirandês. Quanto ao Cabrito do Alentejo, foi-lhe reconhecida a Indicação Geográfica Protegida, o que significa que “pelo menos uma parte do seu ciclo produtivo tem origem no local que lhe dá o nome”, o que permite ligar algumas das características do produto “aos solos, ao clima, às raças animais, variedades vegetais ou saber fazer das pessoas” da região. Tratam-se de animais (neste caso o cabrito de leite) de raça Caprina Serpentina, que deverão estar inscritos no Livro de Registo Zootécnico ou no Livro Genealógico de Raça Caprina Serpentina. A Qualifica, entidade que certifica produtos tradicionais portugueses, descreve a carne como tendo “um baixo teor de tecido adiposo”, que permite aos animais mais jovens terem uma “gordura de cor branca e carne pálida”. Para limpar as matasAinda segundo a Qualifica, não é fácil determinar a origem destes caprinos portugueses. A existência de caprinos no Alentejo é conhecida “desde sempre”, apesar de muitas vezes não se lhes atribuir grande valor, sendo utilizados sobretudo para manter a limpeza das matas. “A referência mais antiga ao consumo de cabrito encontra-se no Livro de Cozinha da Infanta D. Maria, datado da época de quinhentos”, refere. O nome Serpentina tem a ver com o território original da Serra de Serpa, de onde estes caprinos se estenderam depois para todo o Alentejo. Portugal já tem uma série de produtos reconhecidos como DOP pela legislação europeia, entre os quais azeites de diferentes regiões, carne de bovinos, caprinos, suínos e ovinos, frutos frescos, secos, queijos e doces. Entre os IGP destacam-se muitos enchidos. Para além dos produtos portugueses agora integrados nas listas DOP e IGP, a Comissão Europeia acaba também de reconhecer os espargos alemães da região de Abensberg (IGP); as cerejas italianas Ciliegia di Vignola (IGP); os mariscos (vieiras) de ilha britânica de Man (DOP); e a kraska panceta, produto tradicional de charcutaria seca da Eslovénia (IGP).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos carne consumo raça
A baleia mais rara do mundo deu à costa e foi vista pela primeira vez
Ao fim de quase um século e meio em que os seus vestígios se limitavam a alguns ossos – uma mandíbula encontrada em 1872 e dois crânios em 1950 e 1986 –, dois exemplares da espécie de baleia mais misteriosa deram à costa. E que baleia é esta? É a baleia-bicuda da espécie Mesoplodon traversii. (...)

A baleia mais rara do mundo deu à costa e foi vista pela primeira vez
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2012-11-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao fim de quase um século e meio em que os seus vestígios se limitavam a alguns ossos – uma mandíbula encontrada em 1872 e dois crânios em 1950 e 1986 –, dois exemplares da espécie de baleia mais misteriosa deram à costa. E que baleia é esta? É a baleia-bicuda da espécie Mesoplodon traversii.
TEXTO: Ainda não foram divulgadas imagens dos dois exemplares, uma baleia adulta, com 5, 3 metros de comprimento, e a sua cria, um macho de 3, 5 metros. Ao início, quando os encontraram numa praia da Nova Zelândia em Dezembro de 2010, foram identificados erradamente como Mesoplodon grayi, uma espécie bastante mais comum de baleias, pelos técnicos do Departamento de Conservação da Nova Zelândia, através de medições e fotografias. Os técnicos recolheram ainda tecidos e só aí, depois de o ADN das amostras ter sido submetido a análises, ficou revelado que os dois exemplares completos que ficaram presos na praia de Opape pertenciam à espécie Mesoplodon traversii. Mãe e cria acabaram por morrer, mas os investigadores conseguiram fazer a primeira descrição completa desta espécie, num estudo coordenado por Kirsten Thompson, da Universidade de Auckland, e que foi publicado na revista Current Biology. “Pela primeira vez, fazemos a descrição morfológica e fornecemos imagens desta espécie enigmática”, dizem os cientistas no artigo. Como se lê ainda no artigo, é difícil identificar a espécie apenas pela sua morfologia, por isso este estudo destaca a importância da recolha de ADN como ferramenta de classificação de espécies raras. Esta baleia-bicuda habita as águas do Pacífico Sul e passa a maior parte do tempo submersa. Além disso, tendo em conta que o Pacífico Sul se estende por cerca de 85 milhões de quilómetros quadrados, cobrindo aproximadamente 14% da superfície terrestre, tudo isso torna muito difícil avistar estes animais. Repleto de zonas muito profundas, o Pacífico esconde numerosas espécies raras. A Nova Zelândia está entre os países com maior biodiversidade. Com uma zona litoral extensa, muitas baleias dão às costas neozelandesas, havendo aí uma das maiores taxas de diversidade de cetáceos. Excelente mergulhadora, a Mesoplodon traversii alimenta-se de lulas e peixes pequenos, tem dentes e um focinho semelhante ao dos golfinhos, daí o seu nome comum. Os escassos ossos que se conheciam dela tinham sido descobertos sobretudo na Nova Zelândia: a mandíbula no arquipélago das Chatham e um dos crânios na ilha Branca. No Chile, na ilha Robinson Crusoe, encontrou-se o segundo crânio em 1986. Os esqueletos dos dois animais agora descobertos foram levados para o Museu de Nova Zelândia Te Papa Tongarewa, em Wellington, para mais estudos morfológicos. Esta descoberta lembra que ainda há muito que desconhecemos sobre a vida no oceano. Notícia corrigida às 17h28 de 8 de Novembro: é o Pacífico Sul, e não o Pacífico, que tem 85 milhões de quilómetros quadrados
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