Orcas ficam presas sob o gelo no Canadá
Animais sobrevivem respirando através uma única abertura na cobertura de mar congelado no Quebec. (...)

Orcas ficam presas sob o gelo no Canadá
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2013-01-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Animais sobrevivem respirando através uma única abertura na cobertura de mar congelado no Quebec.
TEXTO: Várias orcas estão presas sob uma grossa camada de gelo na baía de Hudson, no Canadá, respirando através de uma única saída para a superfície e em risco de morrerem sufocadas ou por exaustão. As orcas estão a fazer turnos para respirar através de uma pequena abertura no gelo, perto da comunidade Inuit de Inukjuak, no Quebec. Há 25 quilómetros a vencer para que as orcas cheguem a um ponto onde a água não esteja coberta de gelo. “Estão presas”, disse o presidente da câmara local, Peter Inukpuk, citado pela agência Reuters. “Por vezes, parecem entrar em pânico. Ou então desaparecem por um longo tempo, provavelmente à procura de outra abertura, que não conseguem encontrar neste momento”, acrescentou. Os animais foram identificados por um caçador de focas na terça-feira. No mesmo dia, um professor local, Clement Rousseau, publicou um primeiro vídeo nas redes sociais na Internet. Agora, já há uma página no Facebook e uma petição para tentar salvar os animais. Não se sabe o número certo de orcas – que poderão ser entre 11 e 18. Há vários juvenis, o que pode significar tratar-se de uma mesma família. Segundo Peter Inukpuk, não é usual aparecerem orcas na região em Janeiro. As orcas podem ter ficado presas quando estavam mais no interior da baía, enquanto o gelo se formava, o que este ano ocorreu mais tarde. “São animais grandes a competir por um espaço para respirar, num buraco não muito maior do que uma secretária”, disse a bióloga marinha Lyne Morisette, da Universidade de Quebec, ao jornal The Gazette, de Montreal. Sem alternativas, os animais podem vir a morrer por exaustão ou sufocados. Sem recursos para ajudar as orcas, os responsáveis da localidade de Inukjuak – onde vivem cerca de 1500 pessoas – pediram às autoridades que enviassem uma embarcação quebra-gelos, de modo a abrir uma passagem até ao mar aberto. O Departamento de Pescas e dos Oceanos do Canadá ainda estava, na manhã desta quinta-feira, a avaliar o que fazer. Entretanto, o local onde as orcas emergem – a uma hora de viagem da costa – está a atrair muitos curiosos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade pânico
Os reaccionários da modificação genética
Os críticos dos OGM insistem que estes não são seguros, regulamentados, necessários ou desejados. Mas os factos mostram o contrário. (...)

Os reaccionários da modificação genética
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os críticos dos OGM insistem que estes não são seguros, regulamentados, necessários ou desejados. Mas os factos mostram o contrário.
TEXTO: As pessoas em todo o mundo estão cada vez mais vulneráveis ??ao uso daquilo a que o químico vencedor do Prémio Nobel, Irving Langmuir, denominou "ciência patológica" - a "ciência das coisas que não o são" - para justificar a regulamentação governamental ou outras políticas. É uma especialidade de grupos autodesignados de interesse público, cujo objectivo, muitas vezes, não se traduz na protecção da saúde pública ou do ambiente, mas sim numa oposição à investigação, produtos ou tecnologia de que não gostam. Por exemplo, as técnicas modernas de engenharia genética - também conhecidas como biotecnologia, tecnologia de ADN recombinante, ou a modificação genética (GM) - fornecem as ferramentas que permitem que plantas velhas façam coisas novas espectaculares. No entanto, estas ferramentas são constantemente mal apresentadas ao público. Mais de 17 milhões de agricultores em cerca de três dezenas de países em todo o mundo utilizam culturas geneticamente modificadas para produzir maiores rendimentos com menos recursos e com menor impacto ambiental. A maioria dessas novas variedades são concebidas para resistir aos ataques de pragas e doenças, de modo a que os agricultores possam adoptar práticas de plantio directo mais ecológicas e utilizar herbicidas menos nocivos. Os críticos de produtos produzidos a partir de OGM insistem que estes não são submetidos a testes, não são seguros, não são regulamentados, não são necessários nem desejados. Mas os factos mostram o contrário. Para começar, existe um amplo consenso de longa data entre cientistas que consideram que as técnicas de ADN recombinante são essencialmente uma extensão, ou um refinamento, de anteriores métodos de modificação genética e que a transferência de genes com recurso a estas técnicas moleculares precisas e previsíveis não apresenta por si qualquer risco. Na sequência do cultivo de mais de mil milhões de hectares de culturas GM em todo o mundo – e do seu consumo que, só na América do Norte, representa mais de dois biliões de doses de alimentos que contêm ingredientes geneticamente modificados – não se registou um único caso de danos causados a pessoas nem de perturbação de ecossistemas. Entretanto, nos benefícios das culturas GM estão incluídos rendimentos mais elevados, um menor recurso a pesticidas químicos e a produção de biocombustíveis. Benefícios significativosLonge de estarem pouco regulamentadas, as plantas (e outros organismos) geneticamente modificadas foram alvo de uma a sobre-regulamentação dispendiosa, discriminatória e não científica, que limitou o sucesso comercial do milho, do algodão, da colza, da soja e da papaia, entre outras culturas. Na verdade, frequentemente, as opiniões contrárias consideram que o cultivo comercial de culturas GM foi uma decepção, porque ofereceu pouco benefício directo aos consumidores. Mas muitos benefícios foram já conseguidos. E as culturas GM actualmente em desenvolvimento trarão ao consumidor ainda mais benefícios directos e facilmente identificáveis. Considere-se, por exemplo, que, dado que as culturas GM não requerem uma quantidade tão elevada de pesticidas químicos, é menor o risco de toxicidade para os agricultores e respectivas famílias, por via do escoamento para os cursos de água e lençóis freáticos. De 1996 a 2009, a quantidade de pesticidas pulverizados sobre as culturas em todo o mundo sofreu uma diminuição de 393 milhões de kg - 1, 4 vezes a quantidade total de pesticidas aplicados anualmente nas culturas na União Europeia. Além disso, os níveis mais baixos de micotoxinas em milho resistente a pragas significam uma menor ocorrência de malformações congénitas, como spina bifida e menor toxicidade para o gado. Estas culturas de alimentos de consumo geral também podem ser modificadas por forma a conterem nutrientes adicionais. As técnicas agrícolas de plantio directo, nas quais o solo não é arado, implicam menor erosão do solo, menor escoamento de produtos químicos agrícolas e menor consumo de combustíveis e de emissões de carbono por parte dos equipamentos mecânicos agrícolas. De 1996 a 2009, a mudança para as culturas biotecnológicas reduziu as emissões de carbono em 17, 6 mil milhões kg, o equivalente à remoção de 7, 8 milhões de carros das estradas, por um ano. As culturas GM apresentam igualmente benefícios económicos significativos. O aumento dos rendimentos e a redução dos custos de produção provocaram a redução dos preços globais dos produtos de base (milho, soja e derivados), resultando em maiores rendimentos agrícolas, num melhor abastecimento de produtos alimentares e alimentos para animais e numa maior disponibilidade de calorias de alta qualidade. Rendimento elevadoCom efeito, o rendimento da exploração agrícola registou um aumento de cerca de 65 milhões de dólares entre 1996 e 2009, as culturas biotecnológicas aumentaram a produção mundial de milho e soja em 130 milhões e 83 milhões de toneladas, respectivamente, devido ao aumento do rendimento e, no caso da Argentina, em resultado do cultivo da soja de segunda cultura. Como resultado, em 2007, os preços globais do milho e da soja registaram um decréscimo de cerca de 6% e 10%, respectivamente, uma redução que não teria sido possível, se os agricultores não tivessem adoptado este tipo de culturas. Tendo em conta os seus benefícios, o "índice de repetição" das culturas GM (i. e. a proporção de agricultores que, após experimentarem uma variedade GM, optam por plantá-la novamente) é bastante elevado. Estimular os rendimentos agrícolas e a segurança agrícola - que se traduz num aumento do rendimento familiar e em melhores padrões de vida - torna-se particularmente importante nos países em desenvolvimento, que apresentam os níveis de rendimento mais reduzidos, mas onde os benefícios, por hectare, do cultivo de variedades GM foram os mais elevados. Mas as culturas GM não beneficiam somente aqueles que as cultivam e consomem. De acordo com um estudo realizado em 2010, os campos de milho GM resistente a insectos têm um "efeito de supressão de ampla extensão", beneficiando os campos vizinhos que tenham variedades convencionais de milho. Os investigadores calcularam que, entre 1996 e 2010, o cultivo de variedades geneticamente modificadas aumentou os lucros dos agricultores, em três estados dos EUA, em cerca de 3, 2 mil milhões de dólares - dos quais 2, 4 mil milhões reverteram a favor dos agricultores cujos terrenos adjacentes não tinham sido plantados com variedades GM. Os agricultores que cultivam variedades convencionais beneficiam de forma desproporcional, uma vez que não têm que comprar as sementes GM, que são mais caras. As futuras gerações de culturas geneticamente modificadas trarão ainda mais benefícios - mas somente se for permitido que esta prática floresça. Para isso, os consumidores devem entender que as culturas GM têm grande potencial, apresentando riscos negligenciáveis e os governos devem adoptar políticas de regulamentação que se rendam às evidências e que rejeitem a ciência patológica. Tradução: Teresa BettencourtHenry I. Miller, médico e biólogo molecular, é investigador em Filosofia Científica e Políticas Públicas na Hoover Institution da Universidade de Stanford. Graham Brookes é economista e co-director da britânica PG Economics Limited.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Lula gigante filmada pela primeira vez no seu meio natural
Animal com oito metros de comprimento foi localizado por cientistas japoneses a 630 metros de profundidade, no Pacífico. (...)

Lula gigante filmada pela primeira vez no seu meio natural
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.116
DATA: 2013-01-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Animal com oito metros de comprimento foi localizado por cientistas japoneses a 630 metros de profundidade, no Pacífico.
TEXTO: Cientistas japoneses filmaram pela primeira vez uma lula gigante viva no seu habitat natural, a centenas de metros de profundidade. As imagens foram captadas a 10 de Julho passado, mas anunciadas esta segunda-feira pela rede japonesa de televisão NHK, num projecto em conjunto com o Discovery Channel e o Museu Nacional de Ciência e Natureza do Japão. O animal foi localizado a 630 metros de profundidade, a partir de um submersível com três tripulantes a bordo, ao largo da ilha de Chichijima, que cerca de 1000 quilómetros a sul de Tóquio. O corpo da lula tinha aproximadamente três metros. Faltavam-lhe os dois tentáculos principais, mas os cientistas estimam que o comprimento total do animal seria de oito metros. Seguida pelo submersível até 900 metros de profundidade, a lula acabou por desaparecer no fundo do mar. “Brilhava, era muito bonita. Fiquei muito emocionado, quando a vi com os meus olhos”, afirma o zoólogo Tsunemi Kubodera, do Museu Nacional de Ciência e Natureza, citado pela agência de notícias AFP. “Investigadores de todo o mundo já tinham tentado filmar este animal no seu meio natural, mas até agora em vão”, completou. Em 2004, Kubodera já tinha liderado uma equipa que conseguiu fotografar pela primeira vez uma lula gigante no seu habitat, também próximo da ilha de Chichijima, onde aqueles animais são procurados por cachalotes como alimento. Dois anos depois, os cientistas capturaram pela primeira vez uma lula gigante viva, filmando-a à superfície da água. Agora, surgem as primeiras imagens em vídeo do animal no fundo do mar. “Com este documento, esperamos aprender mais sobre a vida desta espécie, que permanece como um mistério até hoje”, disse Tsunemi Kubodera. A NHK e o Discovery Channel farão uma emissão especial com as imagens ainda este mês, segundo a AFP.
REFERÊNCIAS:
Carta aberta a Nuno Crato pede para revogar Acordo Ortográfico
Documento subscrito por mais de 200 pessoas contesta "nova ortografia" e revela disparidades na aplicação do acordo. (...)

Carta aberta a Nuno Crato pede para revogar Acordo Ortográfico
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Documento subscrito por mais de 200 pessoas contesta "nova ortografia" e revela disparidades na aplicação do acordo.
TEXTO: É uma carta aberta e é um estudo comparativo sobre as disparidades na aplicação do Acordo Ortográfico. O documento já chegou ao ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato. O objectivo é revogar o acordo. Depois de o Governo brasileiro ter adiado por três anos a obrigatoriedade de aplicação do Acordo Ortográfico (AO) – para 1 de Janeiro de 2016 –, um grupo de cidadãos portugueses enviou uma carta aberta ao ministro da Educação e Ciência com “um estudo comparativo das incongruências ortográficas existentes entre o texto do AO90 e vários vocabulários e dicionários”. O documento foi enviado no domingo passado, antes de a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura ter aprovado, esta terça-feira, a constituição de um grupo de trabalho para acompanhamento da aplicação do Acordo Ortográfico. E antes de a Sociedade Portuguesa de Autores ter anunciado, esta quarta-feira, que não pretende adoptar o AO. O linguista Rui Miguel Duarte, autor do estudo, começa por considerar “evidente a babilónia em que a ortografia em Portugal foi lançada, a todos os níveis, desde a educação aos meios de comunicação social, passando por toda a administração pública e Diário da República”. E mostra alguns exemplos de substituições incorrectas por mau uso das regras do acordo: “pato por pacto; impato por impacto; reto por repto; intato por intacto; adeto por adepto; oção por opção; invita por invicta; convito por convicto; inteletual por intelectual; compato por compacto, seção por secção; fição por ficção; fitício por fictício. ”Doutorado em Literatura, o investigador pós-doutorando do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa comparou os vocabulários da Academia Brasileira de Letras, coordenado por Evanildo Bechara; da Porto Editora, coordenado por Malaca Casteleiro; do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) e o da Academia das Ciências de Lisboa, e ainda os dicionários da Língua Portuguesa da Porto Editora – com Acordo Ortográfico, da Língua Portuguesa Online da Priberam e também o do conversor ortográfico Lince, desenvolvido pelo ILTEC. A conclusão deste cruzamento de informação é descrita como “caos ortográfico”, pois “estes vocabulários apresentam discrepâncias na grafia dos mesmos vocábulos, em questões em que o AO90 era incongruente, incorrecto ou omisso, resolvidas de formas divergentes, o que configura uma verdadeira certidão de óbito do presente AO90”. Um exemplo, entre vários descritos no documento: o Vocabulário Ortográfico Português (produzido pelo ILTEC) só regista “contacto”; já o da Porto Editora admite “contacto e contato”. Rui Miguel Duarte não compreende também o motivo por que estes dois vocabulários não aceitam “os brasileiros ‘recepção’, ‘recepcionar’, ‘decepção’, ‘concepção’, mas só os (ditos) portugueses ‘receção’, ‘rececionar’, ‘deceção’, ‘conceção’”. InconstitucionalidadesAlém do estudo, o documento invoca a posição de Angola contra a entrada em vigor do acordo e alega “inconstitucionalidades do AO e das resoluções que o implementam”, nomeadamente “a violação do dever estatal de defesa do património cultural”. Defende ainda que o prazo de transição de seis anos deverá ser contado a partir de 17 de Setembro de 2010, altura da publicação da ratificação (“através do Aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros n. º 255/2010”). Ou seja, “o prazo de transição terminará somente em 17 de Setembro de 2016”. E não em 2015. Os subscritores da carta aberta são “cidadãos portugueses opositores do Acordo Ortográfico, conscientes dos seus fracos fundamentos científicos, da nebulosidade que levou à aplicação do mesmo e atentos aos efeitos nefandos que ele está a provocar na literacia dos portugueses”, disse ao PÚBLICO, via email, Rui Miguel Duarte, bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia em França. Tentando decifrar o perfil dos assinantes, acrescenta que serão “pessoas com formação superior, atentas, que lêem jornais, livros, estudantes ou professores, pais preocupados com o tipo de formação ministrada aos filhos, pessoas que lidam com a língua escrita”. A divulgação começou no Facebook e a recolha de assinaturas continua. “Qualquer pessoa que disponha dos links pode ler a carta e subscrevê-la. Poderá até transformar-se em petição”, disse mais tarde, em conversa telefónica. O documento foi enviado por correio electrónico para o ministro da Educação e Ciência, com conhecimento do ministro dos Negócios Estrangeiros e do secretário de Estado da Cultura. Do gabinete do ministro da Educação, chegou a informação de que ordenara reenvio para o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, por “se tratar de assunto da sua competência”.
REFERÊNCIAS:
No cimo da serra da Estrela já não se ouve o coaxar do sapo-parteiro
Em poucos anos, os sapos-parteiros desapareceram da maioria dos locais onde habitavam, a altitudes acima dos 1200 metros. A causa deste declínio é um fungo que tem afectado espécies de anfíbios em todo o mundo. (...)

No cimo da serra da Estrela já não se ouve o coaxar do sapo-parteiro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2013-01-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em poucos anos, os sapos-parteiros desapareceram da maioria dos locais onde habitavam, a altitudes acima dos 1200 metros. A causa deste declínio é um fungo que tem afectado espécies de anfíbios em todo o mundo.
TEXTO: O alerta foi dado em 2009. Ibone Anza passeava-se na serra da Estrela e, numa das zonas do planalto superior, a investigadora do Instituto de Investigação de Recursos Cinegéticos, na Cidade Real, em Espanha, encontrou sapos-parteiros mortos junto a uma lagoa. Quando se analisaram os cadáveres, descobriu-se que estavam infectados com um fungo que causa uma doença - a quitridiomicose - que é responsável pelo declínio de muitas espécies de anfíbios. Nos dois anos seguintes, Gonçalo M. Rosa andou a contar sapos-parteiros na serra da Estrela, num projecto para avaliar o impacto da infecção. Os resultados mostraram um cenário negro: houve uma diminuição de 67% de sapos-parteiros acima dos 1200 metros de altitude, conclui o estudo agora publicado na revista Animal Conservation por uma equipa internacional. É a primeira vez que se documenta em Portugal o declínio de uma espécie de anfíbio devido a esta doença. Em poucos anos, o sapo-parteiro deixou de se ouvir durante a época de acasalamento, quando os machos faziam as suas vocalizações. Nem sequer se encontram sinais da praga. "Não tenho visto grande mortalidade porque simplesmente já não há indivíduos. Está-se ali com o camaroeiro, à procura de girinos, e não se encontra nada", diz Gonçalo M. Rosa, doutorando do Instituto Durrell da Conservação e Ecologia na Universidade de Kent, no Reino Unido, e no Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). "O sapo-parteiro pode desaparecer desta região. "O Alytes obstetricans, o nome científico do sapo-parteiro-comum, existe na Região Centro e Norte de Portugal. Passa a sua vida adulta longe da água, escondido nas rochas. Na serra da Estrela, a espécie reproduz-se a partir da Primavera. Depois, os machos transportam os ovos - daí o nome de sapo-parteiro -, e só quando os girinos estão prestes a sair dos ovos é que os machos os libertam para a água. Quando, finalmente, se completa a metamorfose, os animais saltam para terra. "A Ibone viu os indivíduos mortos depois de terem terminado a metamorfose", diz o investigador de 29 anos. Foi na água que apanharam a infecção. Ainda ninguém sabe a 100% de onde emergiu o fungo Batrachochytrium dendrobatidis. Pensa-se que a doença provém de África e terá sido transportada para o resto do mundo com grande ajuda do homem. Até ao início da década de 1990, não havia registos de mortes. Mas subitamente começaram a aparecer relatos do fungo em todos os continentes. O primeiro foi na Austrália, em 1993. Hoje, já infectou mais de 508 espécies, ameaçando de extinção 30% dos anfíbios e acelerando o declínio geral deste grupo de vertebrados que, antes, já tinha de lidar com a redução drástica do habitat e a poluição. Mas não se sabe há quanto tempo é que o fungo já estava na natureza. Na Península Ibérica, foi identificado pela primeira vez o fungo no sapo-parteiro-comum na serra de Guadamarra, em Espanha, em 1997, por Jaime Bosch, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, um dos autores do novo estudo. "A quitridiomicose está associada aos insectos e esta é a primeira espécie descrita a infectar vertebrados", explica Gonçalo M. Rosa. O estádio adulto deste fungo lança células microscópicas com flagelo, que nadam na água e se agarram a superfícies vivas com queratina. A queratina é uma proteína que está na pele dos mamíferos e na dos anfíbios. Os girinos do sapo-parteiro só têm queratina na boca, e é lá que o fungo se instala. Depois da metamorfose, cresce para a pele. "A pele do sapo-parteiro fica com uma vermelhidão na zona ventral - barriga e pernas. Os animais começam a largar pele com muita frequência e em grande quantidade, o que não é saudável", explica o biólogo. "O fungo começa a causar buracos na epiderme e provoca uma perturbação da função da pele. " No caso dos anfíbios, há uma boa parte da respiração que é cutânea e fica comprometida com a doença. O animal fica prostrado e morre. Regresso em MaioDurante a década de 1990 Pedro Moreira (FCUL) e José Conde (Centro de Interpretação da Serra da Estrela) - outros autores do estudo actual - analisaram a abundância do sapo-parteiro na serra da Estrela. No caso dos girinos, contabilizaram-nos e, nos indivíduos já metamorfoseados, avaliaram a sua presença. Em 2010 e 2011, a equipa voltou aos mesmos locais: riachos, tanques, lagoas e represas acima dos 600 metros de altitude. O objectivo era ter uma comparação da evolução da espécie. Depois, avaliou-se a presença do fungo em sapos-parteiros vivos, mortos e em girinos. Pensa-se que o fungo está mais activo durante mais tempo em temperaturas baixas e o resultado da monitorização revelou-se desastroso para os habitats acima dos 1200 metros. A equipa concluiu que o sapo-parteiro "desapareceu de 67% dos pontos onde foi encontrado no passado, a reprodução está limitada a 16% dos locais e as larvas são menos abundantes e estão muito infectadas pelo" fungo. A altitudes mais baixas, o fungo está presente, mas não existe esta mortalidade. Gonçalo M. Rosa vai voltar à serra em Maio. A seca prolongada de 2012 confundiu a altura de reprodução dos anfíbios e o biólogo não sabe o que o espera no campo. Ao mesmo tempo, tornou-se num detective. Está à caça de espécimes de anfíbios da serra da Estrela que museus portugueses e internacionais possam ter recolhido no passado para tentar saber mais sobre o agente da quitridiomicose. Não se sabe "se o fungo chegou recentemente ou já lá estava há dezenas ou centenas de anos".
REFERÊNCIAS:
Claude Nobs, a última jam session do director do festival de Montreux
Fundou o Festival de Jazz de Montreux e fez dele a sua vida. Claude Nobs, diz quem com ele trabalhou, tinha três paixões: a música, as pessoas e as montanhas. (...)

Claude Nobs, a última jam session do director do festival de Montreux
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fundou o Festival de Jazz de Montreux e fez dele a sua vida. Claude Nobs, diz quem com ele trabalhou, tinha três paixões: a música, as pessoas e as montanhas.
TEXTO: Foi precisamente na sequência de um acidente de ski perto da pequena vila de Caux, onde morava, que Nods morreu, na quinta-feira, num hospital em Lausanne, na Suíça. Tinha 76 anos anos e estava em coma desde o dia 24 de Dezembro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia, segundo a Agência France Press. No site oficial do festival que criou em 1967, com o pianista Géo Voumard e o jornalista René Langel, com o apoio do presidente da norte-americana Atlantic Records, o turco Nesuhi Ertegün, a sua equipa despede-se num texto emocionado: “Como é suposto, partiste de surpresa para nos lembrar que na vida, como na música, cada jam [session] pode ser a última. ”Claude Nobs nasceu em Fevereiro de 1936 e, depois de ter sido aprendiz de cozinheiro, profissão que preferira à do pai, pasteleiro, começou a trabalhar no Turismo de Montreux, o que o levava a fazer muitas viagens. Foi numa dessas ocasiões, em Nova Iorque, que conheceu o patrão da Atlantic. Aos 31 anos, fazia a primeira edição do festival, com o saxofonista Charles Lloyd e o pianista Keith Jarrett como cabeças de cartaz. O sucesso é imediato e, por isso, dirá mais tarde que não foi difícil transformar um pequeno festival de três dias num acontecimento internacional que levou, primeiro ao Casino de Montreux e depois às margens do lago de Genebra (hoje ocupa diversos espaços) grandes nomes do jazz, do blues, do rock e da pop mundiais. Grandes cantoras como Nina Simone, Ella Fitzgerald, Marianne Faithfull e Elis Regina, mas também Miles Davis, James Brown, BB King, Frank Zappa, Santana, Prince, David Bowie, Herbie Hancock, Dizzy Gillespie, Chuck Berry, Pink Floyd, Led Zeppelin, Hermeto Pascoal, Gilberto Gil, Ray Charles, Charles Mingus, Chick Corea e Bob Dylan estiveram em Montreux. O ano de 1971 ficou marcado pelo incêndio durante o concerto de Zappa, que reduziu o casino da cidade a cinzas. Com a generosidade e a coragem que todos lhe reconhecem, o director do festival entrou no edifício em chamas para salvar crianças e jovens. A banda britânica de hard rock Deep Purple, que decidira gravar um álbum no casino depois do concerto do norte-americano, acabou por escrever uma canção sobre o incêndio, Smoke on the water, em que chama a Nobs “funky Claude”: “Funky Claude was running in and out pulling kids out the ground. ”Poucas bandas estão tão associadas a Montreux (o segundo maior festival de jazz do mundo depois do de Montreal) como os Deep Purple. Quincy Jones é outro dos nomes da casa, tendo dividido com Nobs a direcção deste festival que cresceu muitíssimo nos anos 1980 na década seguinte. Lembra o diário The Guardian esta sexta-feira que o músico e produtor norte-americano regressa todos os anos à Suíça para apresentar a secção dedicada aos novos talentos. Foi também pela mão de Nobs, que se manteve na direcção artística mesmo depois de uma operação ao coração, há seis anos, que os Rolling Stones se estrearam na Suíça. Foi por causa dele que Aretha Franklin fez a sua primeira visita à Europa, conta a imprensa internacional. Nobs juntava-se muitas vezes aos músicos nos palcos de Montreux, com os cães e a harmónica. “Tinhas um brilho no olhar sempre que lidavas com pessoas”, escreve a sua equipa na última mensagem que lhe dirige na página oficial do festival. “Para todos nós, que tivemos a felicidade de te encontrar pelo caminho, ficarás sempre como aquele que questionava as certezas, [incutindo às iniciativas um forte sentido de generosidade e partilha]. Obrigada por nos teres levado onde nunca julgámos ser capazes de chegar”, continua a missiva. “Querias uma despedida à imagem da tua vida e conseguiste. ”O festival, que em 2012 fez subir ao palco Dylan, Hancock, Janelle Monae e Lana del Rey, entre muitos outros, realiza-se este ano entre 5 e 20 de Julho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cães
Sven-Goran Eriksson a caminho do 1860 Munique
O antigo treinador do Benfica vai vincular-se ao emblema da segunda divisão alemã. (...)

Sven-Goran Eriksson a caminho do 1860 Munique
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O antigo treinador do Benfica vai vincular-se ao emblema da segunda divisão alemã.
TEXTO: O sueco Sven-Goran Eriksson vai integrar a equipa técnica do 1860 Munique, anunciou nesta terça-feira o clube da Baviera, que se encontra na segunda divisão alemã. Eriksson, de 64 anos, atravessa um período diferente na sua carreira, depois de ter estado em clubes de topo no futebol europeu e de ter chegado também a seleccionador de Inglaterra, na qual esteve cinco épocas. Naquela que será a sua primeira experiência na Alemanha, “Svenis”, como é conhecido, trabalhará ao lado do actual técnico, Alexander Schmidt, informou o director técnico do clube, depois de uma reunião de sete horas para finalizar contrato. O 1860 Munique desceu à II Liga na época 2003-04, e desde então tem atravessado alguns problemas financeiros. Em 2011, acabou por ser salvo da falência pelo empresário jordano Hasan Abdullah Ismaik. Actualmente, a equipa, que chegou a ser campeã da Bundesliga em 1966, ocupa o sexto lugar na segunda divisão, a cinco pontos do terceiro classificado, lugar que permite disputar o play-off de acesso ao principal campeonato. O sueco, que se encontra numa fase descendente da sua carreira, passou por clubes como Benfica, Roma, Fiorentina, Sampdoria, Lazio ou Manchester City, entre outros, mas também foi seleccionador da Inglaterra, do México e da Costa do Marfim. No Benfica, ao qual chegou depois de vencer a Taça UEFA com o Gotemburgo, venceu três campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça, e foi finalista vencido na Taça UEFA e na Liga dos Campeões. Em Itália, onde fez grande parte do seu percurso, chegou a conquistar, ao serviço da Lazio, uma Liga Italiana. Venceu, também com a equipa romana, uma Taça das Taças e uma Supertaça europeia, além de ser, uma vez mais, finalista vencido da Taça UEFA.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave marfim
Quantas gaivotas são precisas para levar um pêssego gigante até à América?
Um livro de um famoso escritor de histórias para crianças, um filme da Walt Disney e algumas fórmulas da Física clássica deram origem… a um artigo científico. (...)

Quantas gaivotas são precisas para levar um pêssego gigante até à América?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2013-01-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um livro de um famoso escritor de histórias para crianças, um filme da Walt Disney e algumas fórmulas da Física clássica deram origem… a um artigo científico.
TEXTO: Até aqui, pensava-se que a força de umas centenas de gaivotas era suficiente para fazer levantar voo a um pêssego do tamanho de uma casa e conseguir assim levá-lo, pelos ares, para o outro lado do Atlântico. Mas, agora, uma equipa britânica mostrou que essa computação inicial, que remonta a 1961, pode ter sido totalmente irrealista. Os seus resultados, que foram publicados no Journal of Physics Special Topics, talvez venham a dar origem, num futuro mais ou menos próximo, à elaboração de algumas erratas editoriais. Alto aí! Parem as rotativas! Estamos a falar de gaivotas, de pêssegos gigantes, de uma travessia aérea do Atlântico em condições demenciais! Mas isto mais parece uma história saída de um livro de Roald Dahl, o maravilhoso escritor britânico de histórias para crianças, do que o tema de um estudo científico…Calma. Na realidade, trata-se das duas coisas ao mesmo tempo. Por um lado, é efectivamente um episódio da história contada por Dahl no seu livro James e o Pêssego Gigante (disponível em Portugal pela Civilização Editora) – uma narrativa mirabolante que mistura fruta, um menino que perdeu os pais e um grupo de insectos de quem se torna amigo e com quem vive momentos mágicos. Mas, por outro lado, também é verdade que esse episódio foi agora alvo de cálculos físico-matemáticos rigorosos, realizados por Emily Watson e seus colegas da Universidade de Leicester (Reino Unido). E que o trabalho lhes valeu uma publicação oficial. Os quatro autores do artigo em causa (disponível para download em https://physics. le. ac. uk/journals/index. php/pst/article/view/519/340) são todos estudantes de mestrado de Merwyn Roy, do Departamento de Física e Astronomia daquela universidade. E a revista, que é editada pela instituição, funciona “exactamente como uma publicação profissional”, incluindo a chamada peer-review, eventualmente seguida da correcção dos textos submetidos, explica Roy em comunicado. “Os estudantes têm assim a oportunidade de desenvolver todas as competências de que irão precisar quando, mais tarde, tiverem de lidar com revistas de alto nível. ”No artigo, os autores dividiram a viagem transatlântica do pêssego em duas etapas, como no livro – e como também, aliás, no filme homónimo de 1996, produzido pela Walt Disney. Uma primeira etapa aquática e uma segunda etapa aérea. “Graças a uma análise dos processos de dinâmica dos fluidos envolvidos”, escrevem no seu artigo, os cientistas começaram por confirmar que, desde que o pêssego gigante fosse suficientemente oco (no livro, é dito que o é parcialmente), ele seria efectivamente capaz de ficar à tona da água e de não se afundar. Mais precisamente, considerando que a fruta descomunal tinha um diâmetro de 12 metros (“o tamanho de uma pequena casa”) e que, “como se depreende [do filme], a parte que ficava fora da água tinha uma altura de 5, 7 metros”, as fórmulas da hidrodinâmica permitiram-lhes concluir que, para conseguir flutuar, o pêssego precisava de ser composto por uma camada de polpa de 1, 24 metros de espessura e um enorme buraco central. Suficiente, portanto, para merecer a designação de peça de fruta. “James teria conseguido navegar no pêssego da forma descrita por Roald Dahl”, escrevem. Pelo contrário, quando modelizaram a aerodinâmica das gaivotas e estimaram o número dessas aves necessário para levantar o pêssego e arrastá-lo, ao longo de milhares de quilómetros, atrelado à “cordas” excretadas por um bicho-da-seda gigante, perceberam que aí as contas não batiam nada certo. O número de 501 gaivotas avançado por Dahl estava completamente errado. “Não seria possível fazer voar um pêssego com as dimensões calculadas (…) com um número tão diminuto de aves”, concluem. James “teria precisado de atrelar 2. 425. 907 gaivotas para voar até a América”. O que deixa em aberto, talvez para futuras investigações, questões como a de saber se o bicho-da-seda e a aranha da história teriam sido capazes de fornecer a quantidade de cordame exigida e dotado da resistência suficiente para não se partir a meio do caminho…
REFERÊNCIAS:
Metade para ti, metade para mim. Há uma noção de justiça nos chimpanzés
O teste utilizado para aferir o sentido de justiça foi aplicado a chimpanzés adultos e a humanos entre os dois e os sete anos. Os resultados são parecidos e mostram que a ideia de justo não é exclusiva da nossa espécie. (...)

Metade para ti, metade para mim. Há uma noção de justiça nos chimpanzés
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2013-01-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O teste utilizado para aferir o sentido de justiça foi aplicado a chimpanzés adultos e a humanos entre os dois e os sete anos. Os resultados são parecidos e mostram que a ideia de justo não é exclusiva da nossa espécie.
TEXTO: O desafio chama-se "o jogo do ultimato". Há uma banca que dá um montante de dinheiro. Um jogador terá de dividir esse dinheiro com um segundo participante que não tem poder de decisão sobre a parte com que fica, mas pode rejeitar a proposta. Se o fizer, os dois jogadores perdem e a banca não liberta o dinheiro. Que prémio é que escolheria para si e para o seu companheiro de jogo? No caso de seis chimpanzés adultos que fizeram este jogo, há uma tendência para dividirem equitativamente o prémio, demonstrando um sentido de justiça que se pensaria ser exclusivo da espécie humana, conclui um estudo publicado nesta terça-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences dos EUA (PNAS). O jogo do ultimato é o desafio por excelência para se determinar o sentido de justiça nas pessoas. Jogadores dos países ocidentais costumam dividir equitativamente o prémio, mas existem variações noutras culturas associadas ao seu modo de viver. "O que ainda não é certo é se outros primatas, incluindo um dos nossos parentes mais próximos, o chimpanzé (Pan troglodytes), reagem a este tipo de situação. Isso pode elucidar-nos sobre a base evolutiva da tendência humana para uma distribuição "justa"", explica a equipa liderada pelo famoso primatólogo Frans de Waal, do Centro Nacional Yerkes de Investigação de Primatas na Universidade de Emory, EUA. Já se observaram macacos-capuchinho a não cooperar em jogos com humanos, quando viam outros macacos receber recompensas que eles não recebiam. Os macacos mostravam assim que percebiam que estavam a ser alvo de uma injustiça. Num estudo mais recente, de 2010, feito por Sarah Brosnan, que também é agora autora do artigo da PNAS, mostrava-se algo mais fascinante. Numa situação em que chimpanzés recebem algo de humanos, mas em que um dos animais tem uma recompensa maior, este indivíduo recusa recebê-la. "É como se não estivessem satisfeitos, enquanto todos não recebessem o mesmo. Parece que estamos a aproximar-nos de um sentido de justiça", comentava Frans de Waal no jornal New York Times. No jogo do ultimato, o teste vai mais longe. Desta vez, o ónus da justiça (ou injustiça) não recai sobre um humano, mas sobre o chimpanzé - que decide se dá ou não metade do seu prémio a um parceiro símio. Em 2010 e 2011, duas experiências tinham testado chimpanzés com o jogo do ultimato, concluindo que eles eram egoístas. Mas a equipa de Frans de Waal põe em causa essas experiências e disse que os resultados não permitem tirar conclusões sobre o sentido de justiça dos chimpanzés. Por isso, a sua equipa voltou ao jogo. Colocou seis chimpanzés adultos juntos aos pares. Um dos chimpanzés teria de escolher entre dois objectos: um daria direito à partilha de seis pedaços de banana, em que o primeiro chimpanzé ficaria com cinco pedaços e o outro com o restante. O outro objecto daria direito a uma partilha equitativa da banana. Depois de escolher o objecto, o primeiro chimpanzé teria de passá-lo ao segundo, que estava numa jaula adjacente e também sabia o valor de cada objecto. Este segundo chimpanzé podia depois dar o objecto ao cientista - nesse caso, o prémio seria repartido. Ou podia deixar-se ficar sem fazer nada durante 30 segundos e, assim, não havia banana para ninguém. Os cientistas fizeram uma experiência paralela com 20 crianças, entre os dois e os sete anos. Neste caso, a recompensa eram autocolantes. Tanto os chimpanzés como as crianças que escolhiam os objectos passaram de uma posição egoísta, quando o prémio ainda não dependia da decisão dos parceiros, para uma escolha mais equitativa quando iniciaram o jogo do ultimato. Perto de 70% das vezes escolheram uma distribuição justa do prémio. "Os chimpanzés não só têm um sentido de justiça muito parecido com o dos humanos, como tomam as mesmas decisões que nós", disse de Waal. Os autores sublinham que, nas experiências, o chimpanzé que recebe o objecto nunca pára o jogo - talvez por falta de consciência deste poder. Ainda assim, o chimpanzé que escolhe o objecto prefere muitas vezes a opção que resulta numa distribuição mais justa do prémio e que poderá ajudar "a recolher os benefícios da cooperação", defende a equipa.
REFERÊNCIAS:
A ideia perigosa da excelência
O último concurso para financiamento de projectos científicos teve uma novidade: a classificação de “excelente” deixou de ser o topo. Agora existem duas mais altas: “marcante” ou “notável” e “excepcional”. Tal inovação não passa de uma forma desonesta de mascarar a austeridade. (...)

A ideia perigosa da excelência
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.6
DATA: 2013-01-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O último concurso para financiamento de projectos científicos teve uma novidade: a classificação de “excelente” deixou de ser o topo. Agora existem duas mais altas: “marcante” ou “notável” e “excepcional”. Tal inovação não passa de uma forma desonesta de mascarar a austeridade.
TEXTO: Dos fracos não reza a história, ou pelo menos daqueles que não têm poder para a influenciar, fracos ou não. Habituámo-nos a ter esta premissa nas nossas vidas e a aceitar com tranquilidade a promoção e distinção da excelência. Em termos gerais estou de acordo, pois nas diversas áreas da sociedade, e partindo do princípio de que os recursos – financeiros ou outros – são finitos, preferimos dar as melhores oportunidades aos melhores, sempre que podemos ter o distanciamento sentimental das pessoas em questão. O discurso perigoso é outro, é o discurso de que só a excelência importa e de que tudo o resto se deve ir reduzindo à sua insignificância numa espécie de darwinismo social, que no limite só ficará com os melhores, o com o melhor, qual Duncan MacLeod, o Highlander da série que por cá passou como Os Imortais nos anos 90 do século passado. No sistema científico nacional, nos concursos para financiamento de projectos, até há pouco tempo o nível mais alto de seriação era “excelente”, acompanhado de uma escala numérica, sendo, regra geral, os projectos “excelentes” recomendados para financiamento. Em tempo de vacas magras, claro que a fasquia sobe e menos projectos são financiados, mas o último concurso teve uma novidade: a classificação de “excelente” deixou de ser o topo. Agora existem duas mais altas: “marcante” ou “notável” (outstanding no original em inglês) e “excepcional”. Um projecto “excelente” está agora longe da fasquia do financiamento, ficando a esperança de que tal epíteto sirva de palmadinha nas costas. Tal inovação não passa de uma forma desonesta de mascarar a austeridade, escudando-se quem decide na excepcionalidade dos eleitos que podem continuar a fazer ciência com o dinheiro de todos, quando do que se trata é de desinvestimento. Já são muito poucos, descansem os mais cépticos. A purga está a funcionar e daqui a poucos anos existirão muitos grupos de investigação sem projectos financiados, e que portanto não servem os fins para que foram criados, devendo fechar. Missão cumprida…O problema será quando um aluno, também ele excepcional, tentar encontrar na sua universidade um grupo com o qual queira travar um primeiro contacto com a investigação e não conseguir. Não porque o que quer é demasiado específico, mas porque aquela área do conhecimento foi reduzida a um único super-mega-espectacular centro de investigação na outra ponta do país fora do seu alcance naquela fase da sua formação. Os seus professores deixaram de fazer investigação porque não eram “excepcionais” e certamente foi este aluno e os colegas quem mais perdeu com isso. Combaterei sempre a promoção da mediocridade, na ciência, como noutra qualquer área, mas o que quero com este exemplo ilustrar é que, a partir de certos limites, a “excelência” ou a “exclusividade” são bem mais nocivas do que benéficas e não é só com estas elites que construímos o futuro. Algumas delas estão tão ocupadas nas suas redes de excelência que se esquecem de fazer escola, deixando um vazio na sua instituição quando o seu tempo físico acaba, muito mais difícil de colmatar do que se se tivesse apostado nalguma redundância e divisão de recursos. Biólogo, professor auxiliar na Universidade Lusófona em Lisboa e colaborador da Fundação Calouste Gulbenkian na Iniciativa Oceanos
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola social espécie