"Em Fevereiro, o país terá um choque quando olhar para a folha de ordenado"
Leonardo Mathias, sócio e administrador da gestora de activos Dunas Capital, defende que o Governo devia aproveitar a visita de Merkel, não para pedir mais dinheiro ou tempo, mas para negociar juros iguais aos do Norte da Europa e mais investimento estruturante. Ou seja: várias Autoeuropas. (...)

"Em Fevereiro, o país terá um choque quando olhar para a folha de ordenado"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-11-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Leonardo Mathias, sócio e administrador da gestora de activos Dunas Capital, defende que o Governo devia aproveitar a visita de Merkel, não para pedir mais dinheiro ou tempo, mas para negociar juros iguais aos do Norte da Europa e mais investimento estruturante. Ou seja: várias Autoeuropas.
TEXTO: O ex-responsável da Schroders para a Península Ibérica, membro do Conselho Nacional do CDS/PP, considera que falta ao OE para 2013 “um choque vitamínico” que relance o crescimento económico e lembra que os mercados “são muito espertos” e estão mais preocupados com a queda continuada do PIB do que com a consolidação orçamental, ainda que esta seja importante. Administrador da APAF (Associação de Analistas Financeiros), Leonardo Mathias, 47 anos, entende que os bancos deixaram de ser parceiros dos clientes para serem “alguém com quem se for possível não se fala, nem se tem relações” (Versão integral da entrevista publicada na edição de segunda-feira, 12 de Novembro de 2012)Em 2010, em entrevista ao PÚBLICO, disse: “se o crédito continuar estagnado, podemos entrar em recessão”. Portugal entrou em recessão. A realidade foi pior do que esperava?Infelizmente sim. Conseguimos passar de uma recessão para uma depressão, geralmente definida ou como uma queda continuada do PIB durante dois anos ou, então, como uma queda acumulada de 6% do PIB. Para mal dos nossos pecados cumprimos os dois critérios. Quando isto acabar vamos ter uma queda de 5, 7%, aproximada a uma depressão. As orientações gerais do Orçamento do Estado (OE) para 2013 estão em linha com as suas expectativas?O OE para o próximo ano tem uma estratégia clara de redução do défice público, da chamada consolidação orçamental, de certa forma imposta pela troika, mas também como forma de tentar cumprir o que foi declarado pelo Estado português em termos de metas a atingir nos parâmetros macroeconómicos. O que aparentemente falta é um choque vitamínico para relançar o crescimento económico e principalmente manter e aumentar das exportações. Por isso, há que ter cuidado com os 10% de IRC anunciados para os investimentos, e que aparentemente é a medida inovadora do Governo, pois o mercado é muito esperto. O que quer dizer com “o mercado é muito esperto"?Não conheço a fundo esta medida. Mas quando se chega a um ponto tão alto de impostos, o mercado torna-se inteligente. Será que alguém fecha uma empresa em Portugal, a monta em Espanha, que abre uma sucursal cá e alega que é um novo investimento? E quando falo em choque vitamínico este é o aspecto mais importante. . . Acredita que o Governo vai conseguir cumprir as metas acordadas com a troika em termos de défice [5% em 2012, 4, 5% em 2013, 2, 5% em 2014]?Não conheço os OE de 2012 e 2013 a fundo, mas o que hoje sabemos é que houve surpresas. E as surpresas foram em 2012 nos gastos sociais por via do muito superior desemprego, da queda do rendimento disponível das famílias e das ajudas do rendimento social de inserção, das rescisões antecipadas e amigáveis, e da queda da receita de certos impostos que não tiveram o comportamento esperado. O lado positivo veio do programa de privatizações e da seriedade e frontalidade com que o Governo tem abordado a crise. Mas podem surgir de novo surpresas, como há sempre em todos os orçamentos, até no familiar. O que é óbvio é que são os pressupostos de base que estão a ser questionados. Tem confiança nos parâmetros definidos no OE de 2013 que garantam uma boa execução, tendo em conta a derrapagem registada este ano?Como português tenho uma confiança cega na nossa capacidade para ultrapassarmos os desafios. E como empresário tenho consciência de que uma forte convicção, resiliência e trabalho rigoroso e disciplinado trazem resultados, isto, sem esquecer a inteligência e a habilidade de negociação. É o que espero de Portugal. Os agentes económicos que fazem as suas previsões e decisões de investimento com base em números, em expectativas. . . . . . E logo não investem em Portugal. . . . acreditam num ministro, Vítor Gaspar, que se enganou nas contas [o défice de 2012 deveria ficar em 4, 5%]? Não ligam tanto ao ministro. Os que menos conhecem a realidade ligam mais, infelizmente, ao que a comunicação social diz. E eu teria muita pena, se não conseguíssemos chegar ao défice de 5% fixado para este ano com as receitas extraordinárias provenientes da concessão da ANA [proposta que ainda não foi autorizada por Bruxelas]. O Governo não sairá bem. Têm surgido muitas vozes a criticar o OE alegando que a economia real vai sucumbir a tanta austeridade. Qual é a sua opinião?Já quase tudo foi dito, mas entre os aspectos mais significantes vai ser sem dúvida a quebra no consumo derivado do impacto do aumento de impostos. Na economia real o que me assusta é que o rendimento disponível das famílias tem caído sistematicamente nos últimos anos, mas a generalidade dos preços tem-se mantido. As propinas escolares, o preço do pão, dos automóveis, da água, da electricidade se não se manteve, até aumentou, tal como o custo do dinheiro (via spreads). Para o cidadão comum esta equação complicada está a ser muito difícil de resolver. E o seu impacto é em todo lado e diário. Digo-lhe que estou muito preocupado com o dia 2 de Fevereiro. Porquê?Tivemos um milhão de pessoas na rua quando anunciaram que os custos sociais iam aumentar em 7%. Agora temos tido manifestações, não da sociedade civil, mas mais organizadas e sectoriais. E ninguém ainda fez contas ao que é que vão ser os salários líquidos no final de Janeiro. As pessoas só vão realizar o que vão perder no dia a seguir à população activa receber o salário líquido. E aí vai haver um choque. Do seu ponto de vista, e tendo em conta que é um “homem dos mercados”, como acha que os mercados vão reagir às medidas do OE para 2013?Os mercados têm uma visão diferente. No final do dia, querem, sem dúvida, que as contas públicas estejam em equilíbrio e que as balanças sejam positivas. Mas o aspecto verdadeiramente essencial para um investidor com risco Portugal (obrigações, acções) é o potencial de crescimento económico. Esta é que é a questão. E acreditam numa queda do PIB nacional de apenas 1% em 2013?É esse o ponto: como é que vão investir num país que nos próximos três anos não crescerá. . . . . . e daí a sua preocupação pela ausência de medidas destinadas a relançar o crescimento económico e a necessidade de um choque vitamínico?Como já referi, o potencial de crescimento, a visibilidade desse crescimento económico são o factor crítico de confiança e de investimento num país. Temos agora uma visita da Angela Merkel e, para mim, seria um desperdício que a senhora viesse cá para tirar umas fotografias de ocasião e comer um peixe grelhado à beira mar num dia de sol. Espero que este Governo esteja empenhado em a garantir investimento directo alemão em Portugal. Não deve pedir mais tempo e dinheiro?A crise não vai desaparecer com mais tempo ou dinheiro emprestado, mas sim com investimento estruturante na nossa economia. É a velha fábula do pescador: “Não me dêem mais peixes emprestados, mas sim uma cana para eu poder pescar. ” Ou seja, quero mais três Autoeuropas, quero níveis de financiamento iguais ou parecidos com os dos Norte da Europa e quero tudo isto já, não daqui a cinco anos. O Governo devia, portanto, pedir aos parceiros internacionais redução de juros?Temos primeiro que perceber qual o tipo de crises que enfrentamos. Se é uma crise de liquidez ou se é uma crise de solvência (capacidade de responder perante os nossos compromissos financeiros). Ou se estamos perante ambas. Se a crise é de liquidez, temos que garantir que o mecanismo de compra de títulos por parte do BCE seja credível e que funcione. Se a crise é de solvência, então há que batalhar forte e duro para que as condições do empréstimo [da troika] sejam razoáveis. Um spread ou um diferencial de cerca de 200 pontos, entre o custo médio do empréstimo cedido pela troika e a dívida alemã é alto de mais. Mas este é um aspecto sobretudo político, pois Itália e a Espanha não se podem estar a financiar a 4% e 5% e ceder a Portugal a 3, 6% (custo actual português). Segundo as nossas contas, de forma aproximada, uma redução de 3, 6% para 1, 6% corresponderia a 0, 8% do défice. As condições inicialmente negociadas, pois tratou-se de uma negociação e não de uma imposição, terão de ser flexibilizadas, dado que alguns dos choques na economia não podiam ter sido antecipados. Há metas e agendas que terão, assim, de ser adaptadas à realidade e não vice-versa. Mas também acho que a ligação entre os prejuízos do sector bancário e a dívida pública terá de ser cortada. Não se vê ninguém por parte do Governo a negociar com os parceiros internacionais. Paulo Portas, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, devia estar mais activo no terreno a negociar, nomeadamente, com o FMI a revisão dos termos do memorando de Abril de 2011?Não só com o FMI, mas também com a UE e o BCE. E mantendo negociações bilaterais com os nossos parceiros europeus, bem como com os nossos aliados por esse mundo fora. A nossa posição deve ser claramente explicada e exposta. Tenho a certeza que o ministro Paulo Portas está a actuar, bem como outros membros do Governo. Não são assuntos que possam ser seguidos na esfera pública. Envolvem argúcia e discrição até ao fecho da negociação. Mas ele tem andado por esse mundo fora como o grande vendedor de Portugal com a finalidade de continuar a diversificar as nossas exportações o que vai no sentido certo. Qual é o maior bloqueio à concessão de financiamento à economia real, às empresas exportadoras?A “desalavancagem” e, principalmente, o custo do dinheiro. Também não podemos esquecer que o inventário dos bancos tem preços que hoje em dia são muito baixos. Lembra-se dos créditos à habitação com spreads inferiores a 1%? Agora veja com se estão a financiar os bancos. Julgo também haver um problema estrutural que é a falta de ratios de capital das empresas portuguesas, mas não podemos esquecer que o modelo de negócio do Portugal S. A, (desde a liberalização dos mercados nos anos 80) assentava na parceria entre bancos e empresas. O difícil é que de um dia para o outro o parceiro banco, não só não quer, ou não pode ser accionista, como não pode, ou não quer, fornecer crédito. Warren Buffet tem dito que o crédito é como o oxigénio, quando se respira livremente nem se nota, quando não se consegue respirar não se pensa noutra coisa…. Tenho pensado no que tem dito Fernando Ulrich [CEO do BPI] e ele tem razão. O que é que Ulrich tem dito?Que não há procura de crédito. Independentemente de ser caro investir, como há uma total falta de confiança, e como há uma visibilidade tão grande da quebra da procura interna, quem é que vai investir em Portugal? Nem os portugueses. Por outro lado, todos temos informações de amigos, ouvimos depoimentos, de que o A foi tentar negociar com o banco e ficaram-lhe com a casa. De que o B foi tentar negociar com o banco e teve de tirar os filhos da escola. Os bancos “executam” o cliente quando entra em incumprimento por cinco euros sem olharem ao seu historial. E deixaram, e isto é preocupante, de ser o parceiro para ser o papão. Como se fossem alguém com quem se for possível não se fala, nem se tem relações. É o cunhado chato que se coloca no Natal do outro lado da mesa. O que pensa da criação de um banco de fomento, sustentado, ou não na CGD, para promover o crescimento?Um banco não, mas sim um veículo da esfera pública, via CGD, com um mandato claro. Será que se poderia envolver por baixo de uma só instituição a Cosec, o Aicep, os fundos QREN?Defendeu que a CGD devia funcionar como o BCE, devia ser um emprestador de último recurso?Aí está um exemplo do que a CGD poderia ser. O BES antecipou em um ano a ida ao mercado de dívida a médio e longo prazo, sem garantia do Estado, pagando juros de 5, 8%, com a procura a exceder em 5 vezes a oferta. Surpreendeu-o? Foi um êxito?Sim, pode falar-se em coragem, astúcia e em êxito por parte do BES. Também não tenho dúvidas que merece melhores taxas, mas é muito importante para o sistema bancário e para Portugal que um dos seus principais operadores demonstre a bondade dos seus argumentos além fronteiras e consiga cativar investidores internacionais num momento tão fluido como o actual. A isto chama-se “benchmarks” ou referências de mercado e que podem e devem ser seguidas por outros. O caso do BES é ainda mais relevante pois é muito activo no mercado internacional e tem a confiança dos investidores internacionais. Sei disso, trabalhei mais de dez anos num dos maiores investidores europeus.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA UE FMI
A família dos dinossauros com cornos tem um novo elemento
Os dinossauros com cornos já são nossos conhecidos, mas, pelos vistos, ainda não se apresentaram todos, como mostra a descoberta de uma nova espécie de dinossauro cornudo na província de Alberta, no Canadá. (...)

A família dos dinossauros com cornos tem um novo elemento
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2012-11-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os dinossauros com cornos já são nossos conhecidos, mas, pelos vistos, ainda não se apresentaram todos, como mostra a descoberta de uma nova espécie de dinossauro cornudo na província de Alberta, no Canadá.
TEXTO: Passados 65 milhões de anos desde a extinção de grande parte dos dinossauros, ainda continuamos a ser surpreendidos pelos fósseis destes animais que, em tempos, dominaram a Terra. O novo animal que acaba de ser identificado – o Xenoceratops foremostensis – não só é de uma espécie, mas de um género novos. Faz parte da família dos ceratopsídeos, os dinossauros com cornos. Viveu há 78 milhões de anos, sendo por isso um dos primeiros dinossauros munidos de cornos. Era herbívoro, tinha cerca de seis metros de comprimento e mais de duas toneladas. A sua descoberta pode oferecer mais informação sobre a evolução dos dinossauros com cornos, já que, até agora, os dados sobre esta família têm sido muito escassos. O ceratopsídeo mais conhecido é o Triceratops. O artigo científico, que tem como principal autor Michael Ryan, conservador de paleontologia de vertebrados no Museu da História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos, foi publicado na revista Canadian Journal of Earth Sciences. O dinossauro foi descrito com base em restos do crânio de pelo menos três exemplares encontrados da formação geológica de Foremost, em Alberta. Recolhidos em 1958, estes fósseis tinham ficado guardados no Museu Canadiano da Natureza, em Otava. “Os dinossauros com cornos de grande porte da América do Norte deram um salto evolutivo há 80 milhões de anos”, explica Michael Ryan, num comunicado de imprensa. “O Xenoceratops mostra-nos que mesmo os dinossauros com cornos geologicamente mais antigos tinham espinhos maciços no escudo do crânio e que esse ornamento só se tornou mais elaborado à medida que as novas espécies foram evoluindo. ”O Xenoceratops foremostensis possuía dois longos cornos logo por cima dos olhos, um grande escudo projectado da parte de trás do crânio com dois espinhos enormes e uma boca parecida com a de um papagaio. “O registo fóssil dos primeiros ceratopsídeos continua escasso e esta descoberta mostra o quanto há ainda por conhecer sobre a origem deste grupo tão diverso”, sublinha outro dos autores do trabalho, David Evans, do Real Museu do Ontário. Notícia corigida às 17h50 de 12 de Novembro: o dinossauro tinha seis metros de comprimento
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género espécie extinção animal
Morreu Zeca do Rock, pioneiro do rock'n'roll português
Foi um dos pioneiros do rock português e, no início da década de 1960, um verdadeiro caso de popularidade. Não por acaso, ficou conhecido como "o Elvis Presley português". É dele o primeiro e sonoro “yeah!” registado em disco no nosso país, em Sansão foi enganado (1961), grito que era resumo da atitude rebelde do som chegado dos Estados Unidos através de Bill Haley, Little Richard ou Elvis Presley. José das Dores, imortalizado como Zeca do Rock, morreu ontem no Brasil, na zona de Campinas, onde vivia há mais de três décadas, na sequência de uma pneumonia viral. Faria 69 anos em Dezembro. (...)

Morreu Zeca do Rock, pioneiro do rock'n'roll português
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-11-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi um dos pioneiros do rock português e, no início da década de 1960, um verdadeiro caso de popularidade. Não por acaso, ficou conhecido como "o Elvis Presley português". É dele o primeiro e sonoro “yeah!” registado em disco no nosso país, em Sansão foi enganado (1961), grito que era resumo da atitude rebelde do som chegado dos Estados Unidos através de Bill Haley, Little Richard ou Elvis Presley. José das Dores, imortalizado como Zeca do Rock, morreu ontem no Brasil, na zona de Campinas, onde vivia há mais de três décadas, na sequência de uma pneumonia viral. Faria 69 anos em Dezembro.
TEXTO: Conotado com a emergência do rock’n’roll em Portugal, incluído nessa primeira vaga que incluía Joaquim Costa, a quem pertence o primeiro registo gravado de rock em Portugal (Rip it up e Tutti Frutti, 1959), Daniel Bacelar e os Os Conchas (partilharam o EP Os Caloiros da Canção, estreia discográfica do rock’n’roll português, em 1960), José das Dores já era músico de ouvidos atentos à música latino-americana, ao blues e à country quando algo de novo surgiu no horizonte. Little Richard, Chuck Berry, Roy Orbison, Buddy Holly e, principalmente, Elvis Presley foram uma força irresistível, como contava em entrevista ao PÚBLICO em 2010: “O aparecimento do rock constituiu mais um passo dentro de uma sequência evolutiva natural”, mas “foi uma tomada de poder da geração dos baby boomers, uma tomada de poder pela força da música e não das armas”. Representou uma mudança de mentalidades, um desejo de libertação do puritanismo imposto pelo Estado: “A sensualidade é a mola real da vida adolescente. Agora e sempre. Por que acha que nos lançámos nesta carreira? Para agradar ao Senhor Prior ou para levar umas centenas de garotas ao 'castigo'?”No período pré-Beatles, Zeca do Rock foi uma estrela à escala de um país de cultura pop imberbe e controlada pelo puritanismo do Estado Novo. Fazia a ronda dos clubes recreativos, teatros e liceus lisboetas, tocava em palcos instalados em praças de touros, surgia nas escolas, “num Triumph Herald descapotável”, nos horários de intervalo das aulas e distribuía autógrafos entre os fãs. Factor relevante: Zeca do Rock tocava as canções das estrelas americanas, mas não pretendia imitar ninguém. “Tentava fazer uma ponte entre diversos géneros musicais, mas sempre com uma característica pessoal, inovadora”, contava em 2010. De voz forte e com gosto pelo rock mais “swingado”, compôs canções como a supracitada Sansão foi enganado ou Nazaré Rock e foi filmado em 1964 para Pão, Amor. . . E Totobola, de Henrique Campos. A parca produção de material gravado justifica-se pelos constrangimentos e, afirma, vistas curtas da indústria musical de então. “As gravadoras impunham-me o que queriam que gravasse. Daí a minha escassa discografia. [A maioria do que compunha] Somente existia em gravações particulares em fita feitas nos estúdios das rádios privadas. ”A sua carreira, como acontecia à maioria dos músicos do período, foi interrompida pela chamada ao serviço militar e subsequente destacamento para a Guerra Colonial. No regresso a Portugal, Zeca do Rock voltou rapidamente a ser José das Dores, iniciando a carreira empresarial que o levou, anos depois, ao Brasil. O seu breve percurso musical foi porém suficiente para o inscrever na história do rock português. “O nome de Zeca do Rock faz parte da história musical do nosso país. Muita gente se lembra dele”, acentuava. ” É o caso dos conimbricenses Bunnyranch, uma das grandes bandas rock’n’roll portuguesas da última década, que assinaram em 2008, no álbum Teach Us Lord. . . How To Wait, uma versão de Sansão foi enganado. Termina com "yeah!" bem gritado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cultura adolescente
ASAE deteve 848 pessoas até Setembro em quase 8000 fiscalizações
Jogo ilícito, solários, ginásios, bares e discotecas foram algumas das áreas mais visadas pelas acções. (...)

ASAE deteve 848 pessoas até Setembro em quase 8000 fiscalizações
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-11-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jogo ilícito, solários, ginásios, bares e discotecas foram algumas das áreas mais visadas pelas acções.
TEXTO: Os inspectores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizaram nos primeiros nove meses do ano 7629 acções de fiscalização, das quais resultaram 848 detenções e a apreensão de material avaliado em quase 9, 7 milhões de euros. Nestas operações, que decorreram entre Janeiro e Setembro deste ano, estiveram envolvidas 13. 105 brigadas de inspectores, que fiscalizaram 35. 693 operadores e encerraram 840 estabelecimentos, segundo dados da ASAE. Os dados indicam ainda que foram detectadas 9406 infracções e instaurados 1481 processos-crime e 5835 contra-ordenações. Março foi o mês que registou o maior número de operações (947), seguindo-se Maio (925), Fevereiro (912), Julho (899), Janeiro (878), Agosto (784), Junho (773) e Abril (683). Os dados que divulgam a actividade operacional da ASAE entre 2006 e 2012 demonstram que o número de operações aumentou todos os anos até 2010, tendo mais do que quadruplicado entre 2006 e 2010, passando de 2212 operações para 8994. Em 2011 foi registada a primeira quebra, tendo sido realizadas 8298 acções de fiscalização, menos 696 do que no ano anterior (menos 8, 3%). Apesar de o número de operações de fiscalização ter vindo a aumentar nos últimos anos, a taxa de incumprimentos diminuiu, passando de 38% em 2006 para 24% em 2011. Nos primeiros nove meses deste ano, a taxa se incumprimento baixou para os 20%. Fazendo uma análise estatística mais pormenorizada, a ASAE refere que nos primeiros sete meses do ano foram fiscalizados 547 bares e discotecas, 42 dos quais viram suspensa a sua actividade, e detidas 45 pessoas. Foram ainda alvo de fiscalização 81 solários e ginásios, cinco dos quais viram a sua actividade suspensa, uma pessoa foi detida e instaurados 23 processos de contra-ordenação. Os dados indicam ainda que até Julho foram inspeccionados 821 operadores de jogo ilícito, tendo sido detidas 348 pessoas e apreendido material no valor de cerca de 1, 5 milhões de euros. A acção de fiscalização incide sobre estabelecimentos de abate, preparação, tratamento e armazenamento de produtos de origem animal e estabelecimentos que laboram produtos da pesca, incluindo os de aquicultura, navios fábrica, embarcações, lotas, armazéns e mercados grossistas. Os inspectores fiscalizam também a cadeia de comercialização dos produtos de origem vegetal e animal, a circulação e comércio de uvas destinadas à produção de vinho, os lagares de azeite, recintos de diversão ou de espectáculos, infra-estruturas, equipamentos, espaços desportivos, portos, gares e aerogares. A usurpação de direitos de autor, a contrafacção, o jogo ilícito, solários, ginásios, bares, discotecas, lojas de produtos orientais e padarias são outras actividades fiscalizadas pela ASAE.
REFERÊNCIAS:
Entidades ASAE
Seguros só cobrem uma parte dos prejuízos causados pelo tornado
Relatório sobre danos causados pela tempestade, no valor de "alguns milhões", foi terça-feira entregue ao Governo pelos autarcas de Silves e Lagoa. Vento deixou polvos em terra e um caiaque numa varanda (...)

Seguros só cobrem uma parte dos prejuízos causados pelo tornado
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-11-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20121124160209/http://www.publico.pt/1573327
SUMÁRIO: Relatório sobre danos causados pela tempestade, no valor de "alguns milhões", foi terça-feira entregue ao Governo pelos autarcas de Silves e Lagoa. Vento deixou polvos em terra e um caiaque numa varanda
TEXTO: Boa parte das marcas do tornado que passou pelo Algarve no final da semana passada já se esbateu, com a ajuda de grupos de voluntários que se atiram a limpar ruas, remover árvores e reconstruir habitações. Mas há pessoas que não conseguem dormir sem a ajuda de comprimidos, e outras que só agora descobriram que a apólice do seguro da casa não cobre o recheio. O ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, receberam ontem, das mãos dos autarcas de Silves e Lagoa, o relatório preliminar dos prejuízos, avaliados em milhões de euros. Deste encontro, em que participaram também o secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio, o secretário de Estado adjunto da Economia, Almeida Henriques, e o Secretário de Estado da Solidariedade, Marco António Costa, os autarcas saíram com a promessa de que o Governo não deixará de apoiar os respectivos municípios e que o assunto será objecto de uma resolução do Conselho de Ministros. Ao Governo, os autarcas de Silves, Rogério Pinto, e de Lagoa, José Inácio Eduardo, levaram as estimativas de prejuízo. Em Silves, os prejuízos nos bens públicos ascendem a 1, 6 milhões de euros e nos privados aos 2, 1 milhões de euros. No município de Lagoa, os danos totalizam 350 mil euros no público e 1, 1 milhões de euros no privado. Após o encontro com os autarcas, o Governo emitiu um comunicado onde reiterou “a intenção de apoiar no mais curto prazo possível as famílias e os municípios afectados, através dos instrumentos legais apropriados”. Para já, não indicação de quais serão os apoios e os valores dos mesmos à população afectada. Os autarcas estão preocupados com o “enquadramento jurídico” para “responder” aos prejuízos dos privados, nomeadamente nos casos das “viaturas e das habitações”, como sublinhou José Inácio Eduardo, citado pela Lusa. O autarca de Lagoa alertou para os casos em que as vítimas “não têm seguro” e outras, que mesmo “tendo seguro, por qualquer circunstância, este não responde a situações destas”. A centenas de quilómetros da sede do Conselho de Ministros, o jardineiro desempregado Duarte Ferreira sobe ao cimo do bloco de apartamentos do empreendimento LagoaSol, para substituir as telhas que o vento levou. "Não sou pedreiro, mas dou uma ajuda ao meu irmão - temos de ser uns para os outros, principalmente nestas ocasiões. " Estes gestos de solidariedade repetem-se um pouco por toda a área atingida pelo tornado. Enquanto em Lagoa os prejuízos incidiram mais nas habitações, em Silves foram os equipamentos municipais e espaços públicos os mais atingidos. Os peritos das companhias de seguros deixaram, à entrada dos blocos de apartamentos, os números de telefone de contacto, só que boa parte dos prejuízos não estão cobertos pelas apólices. "A companhia de seguros só me vai pagar as portas e janelas, e eu tenho o apartamento todo destruído", diz o pescador Ruben Silva. Pelas contas que fez, e os orçamentos que pediu, pensa que, para recuperar a casa, vai precisar dos 15 a 20 mil euros, que não tem. "Foram-se dez anos de trabalho", desabafa. A mulher, Sandra Grade, funcionária administrativa, viveu sozinha o momento da passagem do tornado "Estava em casa, a dar de mamar ao bebé de três meses. " O outro filho, de quatro anos, estava na escola. "Enrolei o bebé numa toalha e fugi para a casa de banho. " As paredes do apartamento, picadas pelos estilhaços dos vidros, retratam a violência da tempestade. O apartamento está ser pago, a prestações, ao banco, "mas o recheio não estava coberto". Os brinquedos da criança, conta a mãe, "foram encontrados debaixo de uma figueira, e alguns dos móveis que desapareceram porta fora ainda não apareceram". No posto da GNR, 90 pessoas relataram prejuízos, mas também houve quem tentasse aproveitar-se da desgraça alheia. "Registaram-se tentativas de furto de perfis de alumínio, mas actuámos de imediato", relata um graduado da GNR, acrescentando que foi "reforçada a vigilância nas ruas, dia e noite". Na avaliação da câmara, os prejuízos de particulares atingem 1, 127 milhões e a reparação dos equipamentos públicos vai custar 350 mil euros. Ao fundo da rua, no pára-brisas partido de um carro, está um papel com um anúncio de alguém que viu no tornado uma oportunidade de negócio: "Compro todo o tipo de carros, com ou sem inspecção ou avariados. " A seguir ao número de telemóvel, em letras garrafais, uma informação complementar: "Pago na hora. "Com passos lentos, aproxima-se Albertina Raposo. "Não consigo dormir sem a ajuda de comprimidos", desabafa. Desde sexta-feira, a idosa, viúva, passa os dias a reviver a tragédia. "Pensei que seria o fim do mundo", confidencia. Em Silves, a cabeleireira Teresinha está à porta do salão, no rés-do-chão do complexo de piscinas municipais que ficou sem cobertura. "Estamos abertos, mas não temos clientes. "A vida tende a regressar à normalidade. O presidente da Câmara de Silves, Rogério Pinto, exalta a solidariedade dos munícipes: "Formou-se um cordão humano, telha a telha, reconstruiu-se o telhado da câmara. " Assim, o que julgava improvável aconteceu. Os serviços camarários reabriram, em pleno, na segunda-feira. O valor dos prejuízos, não concretiza, estão avaliados em "alguns milhões". Teresinha foi um dos cerca de mil voluntários envolvidos na limpeza da cidade. "Encontrei três polvos, aqui no parque, que vieram do mar com o vento", relata, surpreendida. E acrescenta: "Tenho uma cliente que ficou com um caiaque no terraço. " No mercado municipal - um dos edifícios públicos sem cobertura - os vendedores temem que a chuva, prevista para hoje, obrigue ao encerramento do espaço.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Quanto custa desinvestir em ciência?
A investigação científica é a melhor caixa de ferramentas que temos para agarrar o futuro de frente. Tenhamos por isso o bom senso de não lhe cortar as pernas. (...)

Quanto custa desinvestir em ciência?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2012-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: A investigação científica é a melhor caixa de ferramentas que temos para agarrar o futuro de frente. Tenhamos por isso o bom senso de não lhe cortar as pernas.
TEXTO: Em tempos de vacas magras, e tal como qualquer outro assunto do nosso quotidiano, também a ciência é confrontada com cortes, restrições e cancelamentos de investimento. Explicam-nos por a+b que o esforço toca a todos, e que a austeridade deve ser equitativa, porque só assim é justa. As folhas de cálculo que respaldam as decisões dos cortes, com muitas colunas, mostram claramente o que se ganha no próximo orçamento no que não se gasta, mas ocultam sempre o que se perde com o que não se fará. Estas contas são bem mais inconvenientes e difíceis de fazer, mas certamente mais estruturantes a longo prazo se se fizerem. A questão é válida tanto para um qualquer orçamento nacional, como para o orçamento da União Europeia, que recentemente foi motivo de uma carta aberta encabeçada por 44 laureados com o Prémio Nobel, alertando para o risco do desinvestimento em ciência proposto para os próximos anos. Este risco é de facto muito maior do que tão só expectativas profissionais goradas de quem se preparou para ser cientista, pois o conhecimento científico insiste em não deixar de ser um bem perecível que não aguenta uns anos em banho-maria à espera que as vacas engordem. Aqui os atrasos medem-se em gerações, fazendo com que os investimentos anteriores valham cada vez menos. Um dos mais notórios casos a nível mundial do que custa “não fazer” talvez seja o do relatório de Nicolas Stern sobre a economia das alterações climáticas. Apresentado em 2006, procurou demonstrar que não fazer nada, ignorando pura e simplesmente que o fenómeno existe, sairá bastante mais caro à economia global do que começar já a gastar dinheiro a sério para melhor se preparar para os impactos que daí podem advir. Só a partir daí é que as alterações climáticas passaram a ter o destaque na política mundial que julgo merecerem. Já a perda da biodiversidade, por exemplo, em que se tentou o mesmo caminho, ainda não encontrou o mesmo destaque, muito por falta de critérios mensuráveis claros e facilmente perceptíveis (quanto vale uma espécie em euros?), sem com isso deixar de ser um grave problema económico à escala global. Estes dois exemplos juntam-se ao investimento em ciência num círculo de desígnios da humanidade que não deveriam ter preço, se essa condição não fosse ainda pior do que a de ter. Se como nos filmes de ficção científica estivéssemos à beira de um ataque extraterrestre ou da colisão de um asteróide com perspectiva de aniquilação total da humanidade tal como a conhecemos, não nos poríamos à espera das mesmas vacas gordas para aumentar as dotações orçamentais que permitissem fazer alguma coisa que contrariasse tais catástrofes em tempo útil. Facilmente todos teríamos a noção de que se não o fizéssemos, não seria apenas a economia – essa mesma que nos trava – que seria afectada, mas tudo o que nos rodeia. Mesmo com os maus usos nas guerras e outras aplicações, a investigação científica terá dado à humanidade mais bem-estar que qualquer implementação de estado social e é a melhor caixa de ferramentas que temos para agarrar o futuro de frente. Tenhamos por isso o bom senso de não lhe cortar as pernas. Devemos isso às próximas gerações. Biólogo, professor auxiliar na Universidade Lusófona em Lisboa e colaborador da Fundação Calouste Gulbenkian na Iniciativa Oceanos
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ataque social espécie
A fotografia pode ser uma arma pela natureza
João Nunes da Silva, um dos fundadores da Quercus, fala sobre 22 anos de fotojornalismo da natureza. (...)

A fotografia pode ser uma arma pela natureza
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DATA: 2012-12-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: João Nunes da Silva, um dos fundadores da Quercus, fala sobre 22 anos de fotojornalismo da natureza.
TEXTO: Quando abriu a máquina para tirar o rolo e revelar as imagens, percebeu que. . . não tinha colocado rolo. Tinha passado um dia. Disparar, anotar velocidade e abertura do diafragma, disparar, anotar velocidade e abertura do diafragma. Um dia de trabalho deitado fora. João Nunes da Silva lembra o episódio com um sorriso. Passaram muitos anos, o rolo acabou e agora há máquinas que avisam quando o cartão de memória fica esquecido em casa. Esse problema não se repete (mas há outros que persistem, já lá vamos). A máquina de João Nunes da Silva é uma arma pela natureza, um contributo pela conservação das espécies. Porque, para ele, ser fotojornalista da natureza também é isso: "Uma forma de activismo. "Foi ainda em adolescente, quando fazia parte de um grupo de pessoas que observava aves, que percebeu que queria fazer mais pelas espécies. E fez: foi um dos fundadores da Quercus, envolveu-se em vários projectos de conservação das espécies, fez da máquina fotográfica companheira fiel do trabalho de campo. Coleccionar espécies"Isso permitiu-me coleccionar uma série de imagens, de várias espécies. " A ideia de que existia em Portugal alguém que tinha imagens de natureza começou a colar. E João Nunes da Silva foi sendo solicitado. Criou um banco de imagens da natureza, a Ilustranatur, é colaborador da National Geographic em Portugal, faz tours e workshops fotográficos desde 2005, tem livros publicados – o último é Fotografar Natureza em Portugal e Espanha. Foi um longo caminho até chegar aqui. Vinte e dois anos de fotojornalismo são muitas fotografias, são muitas viagens (agora menos, "por questões económicas"), dentro e fora do país, são inúmeras lições e outros tantos contratempos. Requisito fundamental para a profissão: paciência. "Fotografar natureza não é 100% garantido, às vezes as coisas falham. " Aconteceu-lhe num dia gelado, em Lisboa, numa altura em que estava a fazer um trabalho sobre o estuário do Tejo e queria fotografar alfaiates com a maré baixa. Tudo montado, um barco como apoio e esperar pelo momento perfeito. Ele chegou. "Na altura em que os alfaiates estavam optimamente posicionados para os fotografar, fui disparar, e a bateria estava gasta. " Plano B: a bateria extra, sempre à mão. Problema número dois: "Tinha-me esquecido [das baterias] noutra mochila, dentro do carro. O momento passou à história", lembra. Conhecer os habitatsUm fotógrafo de natureza não pode ser um fotógrafo de moda ou de guerra. O que os define é diferente. As exigências também: "Temos de saber o que vamos fazer e o que vamos fotografar. Não posso ir para um campo fotografar flamingos sem saber qual é o comportamento de um flamingo, qual é a altura em que cá estão, qual é a melhor aproximação para os fotografar. "Mas há mais: uma boa imagem de natureza pode não ser o mesmo que uma boa imagem de outra área. "Convém ser uma imagem diferente, convém que não seja um bilhete postal do animal, o cromo. "Para o conseguir são precisas muitas horas, muitos dias, às vezes meses. Para ver coisas que mais ninguém vê. Há tempos, João Silva investiu sete meses num trabalho sobre o peneireiro- cinzento, uma espécie pouco comum. Num dos dias, depois de muitas horas de trabalho, João começou a arrumar o material no carro para ir embora. "Já tinha arrumado tudo quando o vi peneirar; ficou ali durante dez minutos. " Tinha de fotografar. Mas, ao fim do dia, a 600 milímetros com telecompressor que o fotojornalista de 48 anos queria usar dificilmente funcionava sem tripé. "Não tinha tempo. Apoiei a lente em cima do tejadilho do carro e fotografei. Quando editei as imagens, vi que algumas tinham ficado espectaculares". Foi uma "imagem de sorte", admite, mas também de muita persistência. E tudo vale a pena – as horas de acampamento, o estudo antes de ir para o terreno, o "disfarce" vestido – quando alguém aprende alguma coisa com o trabalho dele. "Já tive vários comentários de pessoas que se mostraram surpreendidas e disseram que não sabiam que existiam determinadas espécies [em Portugal]. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra campo adolescente estudo espécie animal aves
Arqueólogos investigam naufrágio e querem fazer dele um museu em Tróia
Restos de um veleiro de madeira estão a seis metros de profundidade, em bom estado de conservação. Mas a história deste navio ainda tem pontas soltas (...)

Arqueólogos investigam naufrágio e querem fazer dele um museu em Tróia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Restos de um veleiro de madeira estão a seis metros de profundidade, em bom estado de conservação. Mas a história deste navio ainda tem pontas soltas
TEXTO: Terá sido um dos últimos navios à vela portugueses em funções, provavelmente do final do século XIX, e antes de naufragar ao largo da península de Tróia, no distrito de Setúbal, deveria transportar sal ou ser usado para a pesca. Ainda não há certezas sobre a história deste barco, baptizado de Tróia 1, mas uma equipa de investigadores está perto de desvendar o mistério. Um grupo de arqueólogos, conservadores, biólogos, geólogos e mergulhadores está a analisar os “restos mortais” deste navio que jaz no mar a seis metros de profundidade, encontrado no ano passado por dois pescadores. Após cinco mergulhos e alguns meses de pesquisas, os investigadores já têm algumas pistas: o Tróia 1 aparenta ser um lugre – um veleiro, com velas latinas quadrangulares, construído em madeira com cavilhas em bronze. Teria 30 a 35 metros de comprimento, com capacidade para uma tripulação de 20 a 40 pessoas. “É um tipo de barco robusto, de casco alto, que pode ter quatro ou cinco mastros, e é polivalente – podia servir para a pesca ou para transporte de bens. O mais conhecido do género é o Creoula, da Marinha Portuguesa”, explica Adolfo Miguel Martins, arqueólogo e director do projecto. A investigação, iniciada em Maio, está a ser feita no âmbito de uma pós-graduação em Arqueologia Subaquática e de um mestrado em História, Arqueologia e Património, do Instituto Politécnico de Tomar e da Universidade Autónoma de Lisboa. Dispersos no fundo do mar, numa zona de areia já fora do estuário do Sado, virados para Sul, os restos do navio dividem-se em quatro núcleos: estrutura do barco, com duas âncoras e a amarra; uma âncora e o cepo em madeira; um grupo de cavernas; e por último a quilha (parte inferior do casco, onde se fixam as peças curvas do barco). “Definimos um ponto central. A partir daí, o núcleo a Sul está a 80 metros, o núcleo a Norte está a 40 metros e o que está a Este dista 50 metros”, explica o arqueólogo. Da análise feita pelos conservadores conclui-se que grande parte da estrutura está bem preservada. “Por ser de madeira e por ser periodicamente coberto de areia, devido à hidrodinâmica do local, se se mantiverem as condições actuais teremos o barco por muitos anos”, espera Adolfo Miguel Martins. Entre as peças encontradas está, por exemplo, uma chaleira de ferro (ou o que resta dela), uma placa de chumbo e sete âncoras. Muitos navios naufragadosA cada mergulho aumentam as dúvidas sobre a história do naufrágio. “No arquivo municipal de Setúbal encontrámos documentos que remetem para naufrágios de navios de transporte de sal e de pesca, naquele período – final do século XIX ou mesmo início do século XX – e naquele local”, explica o coordenador do projecto. “Na zona de Tróia há muitos navios naufragados. Este é o Tróia 1 mas certamente haverá mais”, acrescenta. O local onde o navio afundou é uma zona de abrigo natural para os navios. “A costa deixa de ser direita e os barcos que se aproximam têm de se desviar para Oeste para entrar na barra de Setúbal. Se não houver marcos ou referências visuais, podem fazer uma aproximação errada e naufragar”, explica o investigador. Terá sido o que aconteceu com o Tróia 1? “O navio parece ter encalhado em dia de mar violento, ter batido na areia e com a corrente forte da zona acabou por naufragar. ” Mas como ainda não há certezas, os mergulhos vão continuar até Março. Assim que for resolvido o enigma, o próximo passo é criar um museu e fazer do naufrágio um ponto de mergulho recreativo. “Queremos definir um circuito subaquático, como se fosse um museu. É como entrar numa sala, que neste caso é o mar, e depois ir visitando os vários núcleos, onde estarão placas identificativas”, explica Adolfo Miguel Martins, que destaca ainda a riqueza do local em termos de fauna marinha. “É um mergulho absolutamente deslumbrante”, sublinha. Em dias de boa visibilidade, o naufrágio é mesmo visível à tona da água, garante o arqueólogo, referindo-se ao “enorme potencial turístico” do local, além do interesse para investigação científica. Devido à baixa profundidade, “será um local ideal para fazer baptismos de mergulho junto aos vestígios”, garante. Segundo o coordenador, o projecto, que inclui estagiários dos dois estabelecimentos de ensino superior, está a ser feito sem qualquer tipo de financiamento, com recurso apenas ao apoio logístico de algumas entidades e empresas locais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género
E a natureza aqui tão perto, na cidade de Almada
Livro de Ricardo Guerreiro é um álbum de fotografias da vida selvagem às portas, senão mesmo dentro, do espaço urbano. A cobra-de-ferradura, o golfinho-comum, o sapo-corredor são algumas das personagens. (...)

E a natureza aqui tão perto, na cidade de Almada
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Livro de Ricardo Guerreiro é um álbum de fotografias da vida selvagem às portas, senão mesmo dentro, do espaço urbano. A cobra-de-ferradura, o golfinho-comum, o sapo-corredor são algumas das personagens.
TEXTO: As fotografias do guarda-rios, uma ave de aspecto exótico pelo seu azul metálico, surpreendem. “Ah, que lindo azul!”, dizem a Ricardo Guerreiro, fotógrafo da natureza, quando vêem as imagens. “É de onde? Da América do Sul?” Mas quando ele responde que é possível encontrar esta ave aqui muito perto, no concelho de Almada, onde cresceu e vive, o espanto é evidente. Ricardo Guerreiro, 35 anos, que frequentou a licenciatura de física mas que se dedica à ornitologia e à fotografia da natureza, observou o guarda-rios no Parque da Paz, um local onde as pessoas costumam ir passear e correr no Feijó. “O guarda-rios encontra-se na Europa e Ásia”, explica o fotógrafo, que já obteve o segundo lugar no concurso Europe’s Countryside Alive, em 2005, e em 2010 foi finalista do concurso internacional de fotografia de aves marinhas Save Our Birds da associação Birdlife da África do Sul. Agora quis revelar a toda a gente a natureza de Almada, num projecto iniciado em Abril do ano passado, e o resultado é o livro Almada Natureza Revelada, de 224 páginas e capa dura, à venda por 15 euros, que teve o apoio da câmara municipal e da Sciaena — Associação de Ciências Marinhas e Cooperação. “Como fotógrafo da natureza freelancer, o que conheço bem são portas fechadas. Tive a sorte de ter uma associação e um município que contribuiu para este projecto numa altura em que só se fala da crise”, sublinha. “A minha ideia é que as pessoas apreciem o que lhes é próximo e, muitas vezes, banal. Esta beleza não salta logo aos olhos. ”Como muitos de nós vivem na cidade, onde passamos grande parte da vida, Ricardo Guerreiro quis mostrar que não é apenas em África, no Alasca ou noutros sítios exóticos ou na televisão que se pode ver vida selvagem. “No sítio onde vivo há muitas coisas para ver. Podemos desfrutar aqui da natureza. Às vezes, o ser humano não presta atenção ao que está próximo. ”Não havia nenhum livro fotográfico sobre a vida selvagem no concelho de Almada, sublinha o fotógrafo, deixando no entanto uma ressalva: “É essencialmente um álbum fotográfico, com um texto introdutório em cada capítulo. Não é um guia, nem faz um inventário. ”Que natureza aparece então no livro? Exemplos não faltam: a cobra-de-ferradura, captada no mesmo Parque da Paz e ainda nas Terras da Costa, na Costa da Caparica; o peneireiro e o falcão-peregrino a sobrevoarem o rio Tejo; o sapo-corredor e o sardão na Mata dos Medos, também na Costa da Caparica; ou a salamandra-de-pintas-amarelas no Seminário de São Paulo, em Almada. Ou ainda o golfinho-comum ao largo da Praia do Rei, novamente na Costa da Caparica, ou as cagarras, aves marinhas mais associadas à Madeira e aos Açores: “São comuns na nossa costa, embora desconhecidas de muitas pessoas. ”Nos jardins urbanos, o número de cogumelos surpreendeu-o. “No mesmo dia, cheguei a contar oito a dez espécies diferentes. ”As fotografias da vida selvagem de Almada também chegaram a Lisboa, à estação de metro da Baixa-Chiado, onde até 30 de Dezembro as imagens que resultaram deste projecto podem ser apreciadas. Nestas aventuras atrás da natureza, o fotógrafo acabou por acumular algumas peripécias dignas de nota. E há logo uma que lhe vem à cabeça: estava um dia na Cova do Vapor, na Trafaria, onde tinha descoberto ninhos de uma ave, o borrelho-de-coleira-interrompida, nas dunas perto da praia. Deixou a câmara fotográfica perto de um dos ninhos e afastou-se, com binóculos e um disparador pronto a carregar, à espera da chegada da fêmea. Um pescador avistou-o entretanto e quis saber o que andava ele a fazer de binóculos: “Ó amigo, o que está a fazer a olhar para as dunas?”Receando revelar que havia ali borrelhos-de-coleira-interrompida e o que estava realmente a fazer, Ricardo Guerreiro foi vago. “Estou a tirar fotografias, têm de ser à distância. . . ”Não ficou sem uma resposta do pescador, no mínimo desconcertante. “Tem de fotografar o borrelho, que faz o ninho nas dunas. E tem de ir mostrar isso à câmara municipal, para haver protecção dos animais!”Tudo porque estas aves, quando deixam os ninhos e há agitação à sua volta, ficam imóveis na praia como estratégia de protecção. O problema é que, não estando alertado para este comportamento, quem vai com máquinas limpar as praias acaba assim por matá-las inadvertidamente. “O pescador deu-me duas lições: uma por saber estas coisas sobre os animais; e outra por ir contra a minha ideia pré-concebida. ”
REFERÊNCIAS:
Ser alguém no futuro, e o presente?
De forma que considero inquietante e provavelmente fruto dos estilos de vida e das dificuldades genéricas que enfrentamos, tem vindo a instalar-se de mansinho em muitos pais, frequentemente acompanhados pelas instituições educativas, uma atitude e um discurso de exigência e de pressão para a excelência no desempenho dos miúdos. (...)

Ser alguém no futuro, e o presente?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: De forma que considero inquietante e provavelmente fruto dos estilos de vida e das dificuldades genéricas que enfrentamos, tem vindo a instalar-se de mansinho em muitos pais, frequentemente acompanhados pelas instituições educativas, uma atitude e um discurso de exigência e de pressão para a excelência no desempenho dos miúdos.
TEXTO: Esta pressão começa cedo e desde logo dirigida aos resultados escolares. No entanto, é extensível a todas as áreas em que as crianças se envolvem, esperando-se, exigindo-se, que sejam excelentes a tudo. Este entendimento assenta, implícita ou explicitamente, na ideia de que só assim se será “alguém no futuro”. Uma primeira consequência, para além do tempo infindo que os mais novos passam na escola é a construção de uma orientação educativa obsessivamente centrada em resultados, exames, aliás acompanhada pelo discurso do próprio Ministério da Educação. Por outro lado, emerge uma oferta de experiências educativas com uma diversidade espantosa que tornará as crianças fantásticas, excelentes, em “montanhas” de coisas, todas contributivas para a seu sucesso no futuro. Instalou-se um pouco a convicção de que é fundamental para o desenvolvimento e bem-estar futuro das crianças a sua participação em inúmeras actividades, todas imprescindíveis à excelência e que só os excelentes serão alguém. Encontramos oficinas, ateliers, playcenters, workshops, espaços lúdicos, etc. , destinados à música, do jazz à clássica, à dança ou à literatura, contos e histórias, às actividades expressivas, plásticas ou artísticas e mesmo a filosofia para crianças, destinada, eventualmente, aos mais reflexivos. Temos as actividades desportivas, várias modalidades, “indoor” ou de ar livre em diferentes versões e natureza, quintas pedagógicas, contacto com animais e espaços de aventura, campos de férias, etc. Ainda não há muito tempo, a imprensa noticiava várias experiências de ensino do mandarim. Existe uma autarquia, S. João da Madeira, que anunciou para Janeiro de 2013 o ensino do mandarim em todas escolas do 1º ciclo, pretendendo estender o seu ensino até ao 12º ano. Tal como alguns pais afirmaram tratar-se de uma “língua que terá grande impacto a nível mundial", a autarquia justifica a decisão como uma forma de antecipar futuros contactos comerciais com "o maior mercado da humanidade". Saber mandarim pode, assim, também ser algo de muito importante para se ser alguém no futuro. Sei bem que em todo este universo existem iniciativas de excelente qualidade, e que em muitas destas actividades estará presente uma genuína preocupação dos seus responsáveis pela qualidade e adequação do trabalho que realizam com os miúdos. No entanto, creio que devemos adoptar uma atitude de alguma cautela. Entende-se, muitos pais, mas não só, o afirmam, que a realização de todas estas actividades é imprescindível aos miúdos pois promovem níveis fantásticos de desenvolvimento intelectual e da linguagem, desenvolvimento motor, maturidade emocional, criatividade, interacção social, autonomia e certamente de mais um vasto conjunto de competências e capacidades que agora não recordo. A vida de muitas crianças transforma-se assim num espécie de agenda, passando o dia, incluindo férias e fins-de-semana, a saltar de actividade fantástica em actividade fantástica, numa agitação sem fim. Acontece que algumas crianças, por questões de maturidade ou funcionamento pessoal, suportam de forma menos positiva esta pressão o que poderá gerar o risco de disfuncionamento, rejeição escolar e social e, finalmente, insucesso, ou seja, a pressão para ser alguém no futuro, transforma o seu presente num pesadelo, pelo que, naturalmente, o seu futuro também estará ameaçado. A melhor forma de preparar as crianças para o futuro é cuidar bem deles no presente, desejavelmente sem faltas, mas também sem excessos. O futuro começa em cada dia do presente. Dito de outra maneira, ser alguém no futuro é ser alguém no presente. José Morgado, professor no ispa Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA)
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE