Já não se incineram vitelos nos Açores a troco de subsídio da UE
Prática denunciada há quatro anos está extinta. (...)

Já não se incineram vitelos nos Açores a troco de subsídio da UE
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Prática denunciada há quatro anos está extinta.
TEXTO: O presidente da Federação Agrícola dos Açores garantiu nesta quarta-feira que os produtores açorianos já não procedem ao abate e incineração de centenas ou milhares de vitelos para receberem um subsídio comunitário. Jorge Rita, também presidente da Associação Agrícola de São Miguel, garantiu ao PÚBLICO que a situação “neste momento não ocorre” no arquipélago. “Na altura [2009] era justificada por regulação do mercado”, reconhece. O caso do abate de bezerros nos Açores voltou a ganhar expressão, com a partilha nas redes sociais de uma peça da RTP de 2009, que o PÚBLICO, por erro, reproduziu. “Agora apenas são efectuados abates e incinerações de bezerros, a partir dos 30 dias de vida”, determinados por razões sanitárias, “nomeadamente devido a más formações congénitas e outras deformações”, frisou Jorge Rita. Em tais casos, “em número reduzido, as patologias diagnosticadas são confirmadas pelos serviços de inspecção, acrescentou. Contra a incineração de bezerros nos Açores foi feita há dois anos uma petição à Assembleia Legislativa dos Açores, subscrita por cerca de dois mil cidadãos e apoiada pelo Partido pelos Animas e pela Natureza (PAN) regional. O documento denunciava que centenas de animais eram “mortos e incinerados por semana”. O processo, repudiado na petição, era assim descrito: “Para que as vacas produzam leite provoca-se-lhes ciclos repetidos de inseminação-gravidez-parto. Estes vitelos normalmente seriam vendidos aos criadores de gado de carne. Contudo o número de bezerros é de tal forma elevado, decorrente da produção leiteira, que para não baixar o preço da carne, a Comunidade Europeia e o governo regional dos Açores atribui aos produtores de leite um subsídio de 75 euros a quem entregar bezerros recém-nascidos para serem mortos e incinerados”. NOTA DA DIRECÇÃO: Por erro nosso, foi publicada inicialmente uma notícia feita com base numa reportagem da RTP emitida em 2009, que induzia os leitores em erro. As nossas desculpas. Notícia corrigida e actualizada às 15h39. Foi feito o ponto de situação actual sobre o abate de vitelos nos Açores.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Taxa de segurança alimentar pode render mais cinco milhões até Novembro
Sem avançar com o nome da empresa, Assunção Cristas, ministra da Agricultura, adiantou no parlamento que uma das grandes superfícies já pagou a taxa. (...)

Taxa de segurança alimentar pode render mais cinco milhões até Novembro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sem avançar com o nome da empresa, Assunção Cristas, ministra da Agricultura, adiantou no parlamento que uma das grandes superfícies já pagou a taxa.
TEXTO: A taxa de segurança alimentar poderá render cerca de cinco milhões de euros ao Governo ainda este ano, já que uma das grandes cadeias de grande distribuição decidiu avançar com o pagamento da taxa, muito contestada pelo sector. Respondendo a uma questão do deputado socialista Miguel Freitas, e depois de Helena Pinto, do BE, durante a apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2014, Assunção Cristas, adiantou que até agora foram pagos três milhões de euros, mas o montante pode chegar aos cinco milhões ainda em Novembro. “Temos a indicação de que uma das grandes superfícies vai pagar”, adiantou a ministra, sublinhando que tem a expectativa de arrecadar mais verba por via da taxa. Tal como o PÚBLICO tinha adiantado, a Taxa de Segurança Alimentar Mais, criada em 2012, ainda só rendeu três milhões de euros à Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, menos de metade do valor inicialmente previsto. Até agora, apenas as empresas de menor dimensão do retalho alimentar pagaram a taxa, criada para financiar o Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais (FSSA+). Ainda não foram aplicados nem juros de mora nem cobranças coercivas a quem insiste em não pagar a taxa. De acordo com a portaria 215/2012, publicada a 17 de Julho do ano passado, as empresas são notificadas a pagar até ao final do mês de Março de cada ano e a taxa é liquidada em duas prestações, uma em Maio e outra em Outubro. A Direcção-Geral de Veterinária deveria ter recebido 6, 9 milhões de euros relativos a 2012 e 12 milhões relativos a 2013, mas, perante a contestação da grande distribuição, tarda em arrecadar o montante. Além de não pagarem, algumas das maiores empresas avançaram para os tribunais em contestação da medida. “A grande distribuição não pagou, tem acções judiciais e nós vamos litigar e responder a estas acções judiciais. [Até agora] foi a pequena distribuição que pagou”, disse Assunção Cristas. A medida abrange lojas de dimensão superior a 2000 metros quadrados, ou que tenham vários estabelecimentos que, no seu todo, somem uma área de venda a partir de 6000 metros quadrados. E a contribuição foi criada para financiar o Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais, que também servirá para compensar os produtores agrícolas na erradicação de doenças dos animais e plantas, apoiar as explorações pecuárias e incentivar o desenvolvimento da qualidade dos produtos. João Ramos, deputado do PCP, criticou a postura no Governo nesta matéria. "A grande distribuição não paga a taxa mas continua a vender a carne", lamentou, acrescentando que o Executivo "é forte com os fracos e fraco com os fortes". Os pagamentos referentes a 2012 às Organizações dos Produtores de Pecuária pelo controlo sanitário estão quase concluídos, apesar de a totalidade da taxa de segurança alimentar não ter sido liquidada. Assunção Cristas disse que há a intenção de pagar “quatro milhões de euros se não em Dezembro, em Janeiro”. Sem a taxa, “tem sido feito um esforço muito grande” para pagar às organizações de produtores. Abertos dossiês para exportar mais 60 produtosAos deputados da Comissão do Orçamento, Finanças e Administração Pública, Assunção Cristas disse que a prioridade “número um” do Ministério da Agricultura é o investimento com verbas comunitárias. Na lista está o reforço das exportações e a abertura de novos mercados. Nesta matéria, a ministra adiantou que estão actualmente abertos dossiês para a certificação de 60 produtos em 20 países diferentes, processo essencial para a exportação. “Há um esforço muito grande de acompanhar este trabalho e um esforço político de intensificar contactos bilaterais”, afirmou. Quanto às verbas comunitárias, Assunção Cristas recordou que a prioridade é a “boa execução” dos fundos. As taxas de cumprimento do PRODER, o Programa de Desenvolvimento Rural, atingiram os 72% no terceiro trimestre de 2013, que se traduziu em mais de três mil milhões de euros. O PRODER encerrou este período com uma taxa de aprovação de 106%, correspondente a mais de quatro mil milhões de euros de financiamento, alavancando mais de sete mil milhões de euros de investimento. Este ano há ainda “uma descativação total das verbas”. Comparando com outros ministérios, 61% dos fundos do ministério vêm de Bruxelas e apenas 20% são oriundos do Orçamento do Estado, disse a ministra. Eficiência do uso da água na agricultura aumentou 30% nos últimos dez anosA ministra disse ainda que a eficiência do uso da água na agricultura aumentou 30% nos últimos dez anos, atribuindo a melhoria à evolução do regadio. Este uso eficiente da água por hectare de rega "tem a ver com o conhecimento e a tecnologia". Assunção Cristas defendeu, por isso, que apoiar a reconversão de sistemas antigos de regadio, para os tornar mais eficientes, é também uma forma de promover um desenvolvimento mais sustentável. O Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA), aprovado no ano passado, contempla 87 medidas para uso eficiente da água, prevendo uma poupança de 38, 5 milhões de euros no sector urbano, de 47, 3 milhões no sector agrícola e de 15, 2 milhões no sector industrial.
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP BE
Conselho Superior da Magistratura abre processo disciplinar a juiz Rui Teixeira
Processo não é justificado pela recusa do juiz em aplicaro novo Acordo Ortográfico mas por causa das consequências processuais decorrentes do despacho do magistrado, que obrigou os serviços prisionais a reescrever relatório. Caso também foi participado ao Ministério Público. (...)

Conselho Superior da Magistratura abre processo disciplinar a juiz Rui Teixeira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.7
DATA: 2013-11-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Processo não é justificado pela recusa do juiz em aplicaro novo Acordo Ortográfico mas por causa das consequências processuais decorrentes do despacho do magistrado, que obrigou os serviços prisionais a reescrever relatório. Caso também foi participado ao Ministério Público.
TEXTO: O Conselho Superior de Magistratura decidiu nesta terça-feira abrir um processo disciplinar ao juiz Rui Teixeira, que dirigiu a instrução do processo Casa Pia e agora se encontra colocado no Tribunal de Torres Vedras. Em causa está um despacho em que o magistrado obriga os serviços prisionais a reescrever um relatório social de um recluso que estava escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico, atrasando o processo. A informação foi confirmada ao PÚBLICO por duas fontes, apesar de oficialmente o Conselho Superior de Magistratura só adiantar que na terça-feira foi tomada uma deliberação sobre o caso. Esta, explicou uma porta-voz da instituição, só deverá ser divulgada pelo órgão que tutela os juízes quando os intervenientes forem notificados da decisão. As duas fontes explicaram ao PÚBLICO que o processo foi aberto não por causa da recusa do juiz em aplicar o novo Acordo Ortográfico mas por causa das consequências processuais decorrentes do despacho do magistrado que, sob a ameaça de aplicação de uma multa, obrigou os serviços prisionais a reescrever um relatório obrigatório, o que terá atrasado uma decisão judicial num caso com arguidos detidos. Aliás, o CSM já emitiu uma deliberação no sentido de os tribunais não estarem, por enquanto, vinculados à aplicação das novas regras de escrita. Defendendo que os tribunais não estão obrigados a cumprir a resolução do Conselho de Ministros que determina a adopção das novas regras em todos os serviços da administração pública, Rui Teixeira escreveu na altura: "Nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso, e a língua portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário. "Quem não gostou do despacho foi o director-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rui Sá Gomes, que participou o caso ao órgão disciplinar dos juízes e ao Ministério Público, imputando três crimes ao magistrado: denegação de justiça, abuso de poder e coacção de funcionário. Sá Gomes lembrou que os seus funcionários foram coagidos a desobedecer à lei que os obriga a aplicar o novo Acordo Ortográfico. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar Rui Teixeira, que há dias se escusou a falar sobre o assunto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei tribunal social abuso
E o Argentinosaurus voltou a andar 94 milhões de anos depois
Investigadores ingleses, em colaboração com um museu argentino, recriaram os passos de um dos maiores dinossauros herbívoros que alguma vez caminhou sobre o nosso planeta. (...)

E o Argentinosaurus voltou a andar 94 milhões de anos depois
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Investigadores ingleses, em colaboração com um museu argentino, recriaram os passos de um dos maiores dinossauros herbívoros que alguma vez caminhou sobre o nosso planeta.
TEXTO: Conseguir que um animal de 40 metros de comprimento e 83 toneladas “andasse” foi um desafio assumido pela equipa de William Sellers, da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Num artigo na revista PLOS ONE, os cientistas demonstraram, pela primeira vez, num modelo digital, como poderia ser a locomoção do Argentinosaurus. O Argentinosaurus huinculensis é um dos maiores saurópodes que alguma vez pisou a superfície da Terra, com pegadas de um metro de diâmetro nas patas dianteiras, e um metro e meio nas patas traseiras. Este herbívoro quadrúpede de pescoço e cauda bastante longos viveu durante o período Cretácico, há cerca de 94 milhões de anos. Deve o seu nome ao local onde foi encontrado – Plaza Huincul, uma cidade na Argentina. Não existe, actualmente, nenhum animal com o qual os investigadores pudessem comparar os movimentos do enorme saurópode, mas os padrões de vários animais existentes podem ser testados para avaliar quais os que fazem mais sentido biológica e mecanicamente para este animal. Desta forma, é possível criar uma simulação por computador suficientemente fiável e que permita testar as hipóteses que forem sendo propostas. “Se queremos descobrir como é que os dinossauros andavam, a melhor abordagem é através de simulações de computador”, afirma William Sellers, no comunicado de imprensa da universidade. “É a única forma de juntar todas as informações diferentes que temos sobre este dinossauro para conseguir reconstruir os seus movimentos. ”A primeira fase da construção do modelo baseou-se na digitalização de um esqueleto da espécie, uma reconstrução presente no Museu Municipal Carmen Funes, da cidade onde foi encontrado o fóssil. Apesar de a reconstrução do “Argentinosaurus huinculensis” se basear apenas em alguns ossos e fragmentos, foi calculado que teria um peso estimado entre as 60 e as 88 toneladas. Definiram-se três segmentos de movimento para cada perna, e assumiu-se que a cauda, o pescoço e a cabeça teriam um comportamento semi-rígido, neste modelo. “É possível modelar cada osso como um segmento independente, mas fazê-lo aumenta bastante o tempo de cálculo”, referem os autores no seu artigo. Passada tranquilaA recriação dos músculos também foi simplificada para reduzir o tempo de computação. “[Mesmo assim] usámos o equivalente a 30 mil computadores pessoais para que o Argentinosaurus desse os seus primeiros passos”, reforça Lee Margetts, investigador neste projecto. Os músculos foram reduzidos a cilindros ligados estrategicamente aos ossos, com indicação das possíveis acções funcionais e das articulações principais. O mais importante para a modelação do movimento é, neste caso, a massa muscular que existe no animal. O modelo tridimensional tinha uma massa estimada de 83 toneladas. Com o dinossauro virtual pronto, os cientistas só precisavam de lhe dar o impulso inicial para o pôr em marcha. Apesar de não conseguir manter uma marcha contínua e de alguns parâmetros necessitarem de ser afinados, o certo é que este dinossauro voltou a andar. Para lá do andar robótico e das limitações da simulação (a cauda e o pescoço não mexem), podemos ver num vídeo como a caminhada do Argentinosaurus é tranquila. E como primeiro se mexem as patas do lado direito e depois as do esquerdo. “Para conseguir uma melhor simulação, foi definido uma passada com cerca de três metros de comprimento, e o animal seguia a uma velocidade de sete quilómetros por hora”, revelou ao PÚBLICO William Sellers. O software utilizado, o GaitSym, é de acesso livre e já foi usado na reconstrução de outros vertebrados, como grandes primatas (homem, chimpanzé e orangotango) e no dinossauro com bico-de-pato Edmontosaurus, garantindo um elevado nível de qualidade anatómica. A equipa da Universidade de Manchester prepara-se agora para, utilizando este método, recriar os passos de outros dinossauros como o Triceratops, o Brachiosaurus e o Tyrannosaurus rex.
REFERÊNCIAS:
Cientistas contam a história do bólide vindo do céu que abalou Cheliabinsk em Fevereiro
Uma análise pormenorizada do que aconteceu em Cheliabinsk leva os especialistas a especular que eventos como este — que põem em perigo as populações e as construções — poderão ser bastante mais frequentes do que se pensava. (...)

Cientistas contam a história do bólide vindo do céu que abalou Cheliabinsk em Fevereiro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma análise pormenorizada do que aconteceu em Cheliabinsk leva os especialistas a especular que eventos como este — que põem em perigo as populações e as construções — poderão ser bastante mais frequentes do que se pensava.
TEXTO: Imagine um prédio de seis andares a cair do céu e a explodir por cima da sua cabeça. Foi essa a experiência que terão vivido, há nove meses, os habitantes de Cheliabinsk — cidade da região dos Montes Urais, na Rússia —, quando um bocado de asteróide com 19 metros de diâmetro se abateu sobre eles sem pré-aviso. Com base numa diversidade de informações recolhidas na altura, três estudos — dois publicados na revista Nature de quinta-feira e um outro na revista Science de sexta-feira — contam com grande pormenor a história do bólide de Cheliabinsk. E os resultados sugerem que o que lá aconteceu poderá voltar a acontecer noutro sítio mais cedo do que previsto. Recorde-se que, por volta das 9h00 (5h00 em Lisboa) de 15 de Fevereiro, um rasto de fogo cruzou o céu e explodiu numa bola incandescente. Segundos depois, ouviu-se um forte estrondo e uma onda de choque percorreu o ar, partindo vidros, abanando automóveis. No fim do dia, contavam-se 1200 feridos. O estado de emergência foi declarado. Muitas pessoas filmaram na altura o fenómeno com telemóveis ou câmaras instaladas nos tabliers dos carros. E foi em parte graças a estes vídeos que foi possível reconstituir a sequência de eventos assustadores que tiveram lugar naquela gélida manhã de Inverno. O que se sabe hoje: uma rocha de 12 mil toneladas entrou na atmosfera terrestre a cerca de 70 mil quilómetros por hora; desfez-se a uns 30 quilómetros de altitude, dando origem a uma bola de fogo cerca de 30 vezes mais brilhante do que o Sol, numa explosão de potência equivalente à de 500 mil toneladas de TNT que deixou rastos de poeira incandescente no céu. Um fragmento gigante, com cerca de 650 quilos, atingiu o solo, abrindo um buraco de sete metros de diâmetro no gelo do vizinho lago Chebarkul (de onde foi pescado em Outubro). Foi, ao que tudo indica, o maior meteoro a atingir a Terra desde 1908, quando um corpo celeste se desintegrou sobre Tunguska, uma zona não povoada da Sibéria. Olga Popova, da Academia russa das Ciências, e Peter Jenniskens, da NASA, que assinam o artigo na Science juntamente com 57 colegas de nove países, contam que, nas semanas que se seguiram, visitaram mais de 50 aldeias e descobriram que os estragos se estendiam até a 90 quilómetros do “epicentro”. Já em Cheliabinsk, foram registados casos de escaldões e problemas oculares (devidos à intensa radiação ultravioleta emitida pela explosão); e de concussão, confusão mental e sinais de stress causados pela onda de choque. A força da explosão foi aliás suficiente para deitar pessoas ao chão. Esta equipa também analisou a composição dos meteoritos recuperados no solo e conclui que o bólide de Cheliabinsk era uma rocha celeste da classe mais frequente: a dos “condritos comuns”. Os seus cálculos sugerem ainda que esta rocha provém da cintura de asteróides do sistema solar, mas Jenniskens especula, em entrevista à Science, que fazia inicialmente parte de um asteróide maior, que se terá fragmentado há cerca de 1, 2 milhões de anos, provavelmente num anterior “encontro do terceiro grau” com a Terra. Peter Brown, da Universidade do Ontário Ocidental, no Canadá — que assina ambos os estudos na Nature —, e colegas canadianos e checos confirmam esta ideia com base em vídeos da trajectória do meteoro de Cheliabinsk, que indicam que a sua órbita é semelhante à de um asteróide próximo da Terra, podendo isso significar que, a dada altura, os dois faziam parte do mesmo asteróide. Mas os resultados mais inquietantes vêm do outro estudo assinado por Brown, que com uma outra equipa internacional tira duas conclusões do evento de Cheliabinsk: por um lado, que os modelos actuais de previsão dos estragos causados por este tipo de explosão aérea não correspondem às observações; e por outro, que o número de objectos com diâmetros da ordem das dezenas de metros que colidem com a Terra poderá ser até dez vezes maior do que se pensava. “Os modelos actuais prevêem que um evento como o de Cheliabinsk poderia acontecer com intervalos de 120 a 150 anos, mas os nossos dados mostram que essa frequência poderá estar mais próxima dos 30 ou 40 anos”, diz Brown em comunicado. “Isso é uma grande surpresa”, acrescenta. “Os nossos cálculos da frequência dos impactos baseiam-se numa década de registos, vindos de sensores de infrassons e outros, dos impactos energéticos na atmosfera terrestre, incluindo Cheliabinsk”, disse ao PÚBLICO Margaret Campbell-Brown, co-autora deste estudo. “Ora, esses registos revelam mais objectos com umas dezenas de metros de diâmetro do que as observações dos telescópios. ”Segundo ela, isso poderá dever-se ou ao facto do número desses objectos próximos da Terra ser maior do que se pensa; ou ao facto de a probabilidade de colisão com esse tipo de objecto, e não o seu número, ser maior; ou ainda a um enorme azar, que fez com que, nas últimas décadas a Terra fosse mais atingida do que é costume. “Não sabemos qual é a resposta”, conclui a cientista, “mas na minha opinião é uma combinação dos dois primeiros cenários; o terceiro é pouco provável”.
REFERÊNCIAS:
Entidades NASA
Renovação do Jardim Botânico vence Orçamento Participativo de Lisboa
A instalação na cidade de uma estátua de Cosme Damião, fundador do Benfica, foi outro dos vencedores. (...)

Renovação do Jardim Botânico vence Orçamento Participativo de Lisboa
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DATA: 2013-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: A instalação na cidade de uma estátua de Cosme Damião, fundador do Benfica, foi outro dos vencedores.
TEXTO: O projecto de renovação do Jardim Botânico, orçado em 500 mil euros, foi o grande vencedor do Orçamento Participativo de Lisboa, com 7553 votos. Os projectos mais votados daquela que foi a sexta edição do Orçamento Participativo foram anunciados nesta quarta-feira, numa cerimónia que decorreu no salão nobre da Câmara de Lisboa. Ao todo, registaram-se 35. 922 votos, num conjunto de 208 propostas apresentadas pelos cidadãos. Aquela que mais votos arrecadou foi a renovação do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, que prevê a renovação de caminhos e do sistema de circulação de água, a criação de um jardim mediterrânico, a instalação de esplanadas e quiosques, a criação de uma zona de relvado para lazer e a abertura do portão do jardim que dá acesso à Praça da Alegria. Houve um outro vencedor na categoria dos projectos com valor entre os 150 mil e os 500 mil euros: o "Mobilidade para Todos em Benfica", que prevê o rebaixamento de passeios junto às passadeiras da freguesia. Esta proposta teve 1375 votos. Já nos projectos de valor inferior a 150 mil euros houve 14 eleitos, que a Câmara de Lisboa se compromete agora a executar. Entre eles a construção de uma estátua de D. Nuno Álvares Pereira e de outra de Cosme Damião, fundador do Sport Lisboa e Benfica. Os vencedores incluem também a construção de dois parques infantis, um na Ajuda e outro em Carnide, e a reabilitação da Rua Eduardo Malta, em Campolide. Entre os mais votados está também o projecto "Na volta, cá te espero", que pretende criar "um hub de microempresas ligadas a ofícios tradicionais" em lojas devolutas numa rua de Benfica. No domínio da mobilidade, foi eleita uma proposta que prevê a instalação de "infra-estruturas de apoio para transporte de bicicletas nas escadas de Lisboa". Também eleitos foram a criação de um banco de manuais, que permita o empréstimo de livros universitários, e a realização de um conjunto de "workshops de arte urbana para a população idosa". Nesta sexta edição do Orçamento Participativo de Lisboa, incluem-se ainda, entre as propostas mais votadas, a criação de uma rede wi-fi de acesso público e a dinamização de um conjunto de eventos desportivos com o lema "Juntos, vamos caminhar e correr pela cidade de Lisboa". Por decisão dos cidadãos que votaram neste processo, a Câmara de Lisboa vai também realizar uma campanha para a promoção da adopção de animais e um projecto intitulado "Páteo Ambulante", que prevê a abertura ao público de um conjunto de pátios e vilas da cidade. Por fim, vai ainda sair do papel a proposta "Com Arte", que visa "promover as artes de todos os povos e culturas", através de um conjunto de iniciativas junto da comunidade escolar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda comunidade
Tsipras quer perdão da dívida de Portugal e Grécia semelhante ao dado à Alemanha em 1953
Candidato do Partido da Esquerda Europeia à presidência da Comissão Europeia reuniu-se neste sábado com Mário Soares no Porto e criticou as políticas de austeridade. (...)

Tsipras quer perdão da dívida de Portugal e Grécia semelhante ao dado à Alemanha em 1953
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2014-04-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Candidato do Partido da Esquerda Europeia à presidência da Comissão Europeia reuniu-se neste sábado com Mário Soares no Porto e criticou as políticas de austeridade.
TEXTO: O mais jovem dos candidatos à presidência da Comissão Europeia, o grego Alexis Tsipras, reuniu-se neste sábado no Porto com um dos decanos da esquerda da Europa, Mário Soares, e defendeu que Portugal e Grécia devem beneficiar de um perdão de dívida semelhante àquele que foi concedido à Alemanha a seguir à II Guerra Mundial. O encontro com Soares na Biblioteca Almeida Garrett do Porto, onde o ex-Presidente da República acabara de participar numa conferência sobre o 25 de Abril, decorreu na presença do coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo e da eurodeputada Marisa Matias, a cabeça de lista do BE às eleições europeias. No Parlamento Europeu, o BE integra o Partido da Esquerda Europeia, que propõe Tsipras, líder da coligação de partidos gregos de esquerda Syrisa, para a presidência da Comissão Europeia. Os jornalistas não assistiram à conversa e Mário Soares não prestou declarações sobre o encontro, mas não é arriscado supor que os dois políticos – um nascido em Julho do ano em que Portugal fez a Revolução dos Cravos e outro à espera de Dezembro para comemorar 90 anos – terão convergido na crítica das políticas de austeridade impostas a Portugal e Grécia. “Foi uma honra para mim ter-me reunido com uma personalidade emblemática da social-democracia europeia, com um estadista marcante da esquerda portuguesa e não só. Discutimos a situação actual nos nossos países e concordámos que a única saída é parar com a austeridade e reconquistar a democracia, nos nossos países e em toda a Europa”, disse Tsipras. O dirigente político que no ano passado defendeu “uma Primavera Mediaterrânica” espera ver nas europeias de Maio as andorinhas que prenunciam esse sobressalto político. “Acredito que a única forma de ultrapassarmos a crise actual é os nossos povos votarem contra as forças políticas que apoiam as medidas de austeridade. Após quatro anos consecutivos de austeridade na Grécia e Portugal, mas também em Espanha e Itália, a situação deteriorou-se ainda mais, e agora estamos a braços com uma crise humanitária nos nossos países”. Por isso, defendeu o político grego, horas antes de participar num comício do BE com Marisa Matias no Porto, é preciso “alterar a relação de forças nas próximas eleições europeias”. “Sabemos que na Grécia é possível termos uma grande vitória das forças de esquerda, pela primeira vez na nossa história política, o que significa que teremos desenvolvimentos vindos daí. Claro que o nosso objectivo é ganhar, além das europeias, as próximas legislativas na Grécia e formar um governo de esquerda (…) Isso terá um ‘efeito dominó’, que levará a mudanças quer na Grécia quer em toda a periferia do Sul da Europa”, previu. De resto, Alexis Tsipras não acredita que a conclusão dos programas de assistência e a partida dos “homens dos fatos escuros da troika” signifique o fim do “drama” de Portugal e Grécia. E alerta que o problema não se resume aos memorandos celebrados pelos governos destes países com a troika, porque, na sequência deles, foi implantado um regime de austeridade destinado a vigorar durante “anos e anos”. “Não será fácil esmagar esse establishment, mas só com o voto do povo poderemos tentar fazê-lo”. Alexis Tsipras não se diz contra a Europa, mas apenas contra a“Europa das forças políticas conservadoras e do poder dos mercados financeiros e dos bancos”. “Acreditamos na Europa dos povos e na reconquista dos valores fundacionais da coesão social e da solidariedade”, sublinha. E para o líder da coligação Syrisa, essa solidariedade tem que passar por um perdão de dívida nos casos da Grécia e Portugal. “Não há outra alternativa senão tentar renegociar a nossa dívida em conjunto, numa cimeira europeia como a Conferência [de Londres, a de 27 de Fevereiro] de 1953, que perdoou grande parte das dívidas da Alemanha após a II Guerra Mundial. Isso não seria apenas bom para os países endividados, mas para toda a Europa e é a única saída realista”, acrescentou Tsipras, para quem já nem merece a pena falar de eurobonds e mutualização da dívida: “Já é uma discussão velha, agora precisamos de soluções mais radicais”. Antes, noutra sala da Biblioteca Almeida Garrett, Mário Soares acusara o Governo e o Presidente da República de preferirem o 28 de Maio ao 25 de Abril e elogiou o Papa Francisco, por este "lutar pelos pobres" e por dizer que "a austeridade mata". "A austeridade que estamos a ter mata. É certo que as pessoas protestem", disse o socialista.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Cientistas afirmam ter desvendado grandes mistérios da gripe espanhola
De onde saiu o vírus que causou a pandemia de gripe de 1918? E sobretudo, por que foi tão mortífero? Novos resultados sugerem que a chave pode residir em ter ou não ter sido exposto, em criança, a um vírus semelhante. (...)

Cientistas afirmam ter desvendado grandes mistérios da gripe espanhola
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2014-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: De onde saiu o vírus que causou a pandemia de gripe de 1918? E sobretudo, por que foi tão mortífero? Novos resultados sugerem que a chave pode residir em ter ou não ter sido exposto, em criança, a um vírus semelhante.
TEXTO: Em finais de 1918, a pandemia de gripe humana que se abateu sobre o mundo vitimou 50 milhões de pessoas (mais de 60 mil em Portugal). E até aqui, tanto as suas origens como a excepcional letalidade do vírus responsável pela chamada “gripe espanhola” constavam da lista dos grandes mistérios biomédicos do século XX. Mas um novo estudo, realizado nos EUA e publicado online segunda-feira ao fim da tarde, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, traça uma árvore genealógica muito precisa do vírus em causa e fornece respostas concretas. “Desde a grande pandemia de gripe de 1918 que a origem e a severidade do vírus são misteriosas – e também a razão por que matou tantos jovens adultos”, diz o líder do estudo, Michael Worobey da Universidade do Arizona, em comunicado. A gripe costuma ser mais grave nos bebés e nas pessoas idosas. “Um dos grandes problemas é perceber quais foram os ingredientes na base dessa calamidade e se é expectável que o mesmo venha a novamente a acontecer – ou se, pelo contrário, ela foi provocada por uma situação particular”, acrescenta. A gripe de 1918 era um vírus dito de tipo A e de subtipo H1N1, tal como o da recente pandemia de gripe de 2009. O subtipo é definido por duas proteínas do invólucro viral: a hemaglutinina, HA, e a neuraminidase, NA, dando-se aos vírus da gripe A nomes como H1N1 (que existe nos humanos e nos suínos), H2N3 ou H5N1 (o mais letal vírus da gripe das aves). Para remontar até às origens do vírus de 1918, Worobey e os seus colegas analisaram o ADN deste vírus, do vírus H1N1 dos suínos e do vírus H1N1 sazonal humano (os dos surtos gripais de Inverno). Utilizaram um “relógio” molecular – uma técnica que permite, conhecendo a taxa de mutações que se acumulam no ADN ao longo do tempo, calcular quando e como o vírus surgiu. Os geneticistas das populações também utilizam estes “relógios” para construir a árvore genealógica das espécies. Mas a ferramenta agora utilizada é “mais precisa”, escrevem os autores, porque “permite considerar diferentes taxas de mutação nas diversas espécies de hospedeiros” do vírus. Segundo as teorias hoje mais aceites, das duas uma: ou o vírus H1N1 de 1918 surgiu directamente de um vírus das aves pouco tempo antes de 1918, ou foi o resultado de uma troca de genes entre vírus suínos e humanos que já circulavam há décadas nas respectivas espécies. Mas não foi isso que a equipa de Worobley descobriu. A análise permitiu concluir que, embora o vírus da gripe espanhola tenha de facto “nascido” pouco antes de 1918, surgiu quando um vírus da gripe humana – que já naquela altura, circulava nos humanos há dez a 15 anos – “capturou” um gene de gripe aviária. Não foi um vírus das aves que “saltou” inteirinho das aves para os humanos nem resultou de uma mistura com um vírus suíno. Esta nova visão permite perceber o insólito padrão etário de mortalidade da gripe espanhola, explicam os cientistas. “Parece um pequeno e modesto pormenor, mas pode ser a peça que faltava no puzzle”, diz Worobey. “Com base neste indício, muitos outros dados sobre a gripe de 1918 encaixam uns nos outros. ”Combinados por exemplo com o que se sabe dos subtipos de vírus em circulação na viragem do século XX, os resultados sugerem uma explicação para a elevada mortalidade da gripe de 1918 entre os adultos com 20 a 40 anos: ela poderá ser devida ao facto de essas pessoas nunca terem sido expostas, até à pandemia, a um vírus semelhante ao da gripe espanhola, mas sim a um vírus H3N8, totalmente diferente, presente de 1889 a 1900. Por isso, quem nascera entre 1889 e 1900 pode não ter tido qualquer imunidade contra o vírus de 1918, enquanto quem nascera antes ou depois estava mais protegido contra esse vírus porque já se tinha cruzado com outro vírus da gripe – portador, tal como o da gripe espanhola, da proteína H1 (ou N1) . Os autores concluem que através de estratégias de imunização que simulem a imunidade adquirida na sequência de uma exposição precoce a diversos vírus da gripe, talvez seja possível reduzir a mortalidade não só da gripe sazonal, mas também a dos novos vírus da gripe que vierem a surgir.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Ratos domésticos chegaram à Madeira 400 anos antes dos portugueses
Estudo espanhol sugere que os primeiros humanos podem ter chegado à Madeira no século XI, quatro séculos antes da sua descoberta pelos portugueses. Terão os vikings sido os primeiros a visitar a ilha? (...)

Ratos domésticos chegaram à Madeira 400 anos antes dos portugueses
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DATA: 2014-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo espanhol sugere que os primeiros humanos podem ter chegado à Madeira no século XI, quatro séculos antes da sua descoberta pelos portugueses. Terão os vikings sido os primeiros a visitar a ilha?
TEXTO: Os humanos podem ter chegado ao arquipélago da Madeira quatro séculos antes da ocupação portuguesa da ilha, iniciada no fim do primeiro quartel do século XV – segundo um estudo espanhol, noticiado esta terça-feira pela agência Lusa, e que datou ossos antigos de ratos domésticos descobertos na Ponta de São Lourenço, na ilha da Madeira. O estudo, liderado pelo Centro Superior de Investigações Científicas (CSIC) espanhol, indica que a datação por radiocarbono de ossos do rato doméstico (Mus musculus) encontrados na Ponta de São Lourenço sugere que estes animais chegaram à ilha ainda antes de 1036. Os ratos teriam sido levados a bordo de um navio, segundo o estudo publicado na revista britânica Proceedings of the Royal Society B. Até agora, as investigações sugeriam que a chegada dos humanos à Macaronésia (as ilhas dos Açores, da Madeira, Canárias e Cabo Verde) teria ocorrido em dois períodos sucessivos: uma chegada limitada às Canárias, há dois milénios; e outra chegada a partir do século XIV, com a colonização de todos as ilhas macaronésias. No caso da ilha da Madeira, essa chegada ter-se-á dado em 1420, ano da sua descoberta (ou redescoberta) por Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco, que no ano anterior já teriam chegado à ilha de Porto Santo. A colonização da ilha da Madeira começou a partir de 1425. Agora, a equipa do CSIC, composta por cientistas alemães e espanhóis, analisou ossos antigos de ratos domésticos encontradas na Ponta de São Lourenço, descobertos em 2010 e 2011. Ainda que não tenha sido possível datar os primeiros ossos descobertos, porque a amostra era pequena de mais, nos segundos ossos os resultados da datação indicaram que os ratos morreram num período compreendido entre o ano 903 d. C. e o ano 1036 d. C. , sendo assim o testemunho mais antigo da presença de ratos domésticos na ilha. Estes resultados, lê-se no artigo científico, “sugerem que os humanos podem ter chegado à Madeira antes de 1036 d. C. , o que é cerca de quatro séculos antes de Portugal ter tomado oficialmente posse da ilha”. Além da datação, dados genéticos também apontam no mesmo sentido, em particular o ADN das mitocôndrias, as chamadas “baterias das células” e cujo material genético é transmitido apenas pela mãe. “O ADN mitocondrial das actuais populações de ratos domésticos da Madeira tem mais semelhanças com o das [populações de ratos domésticos] da Escandinávia e do Norte da Alemanha, mas não com o das de Portugal”, refere um comunicado de imprensa do CSIC. Se se juntar esta informação genética com a datação por radiocarbono da segunda amostra de ossos antigos do rato doméstico, uma hipótese parece ganhar força: “A segunda amostra analisada permite pensar que foram os vikings que levaram o rato doméstico para a ilha. No entanto, esta conclusão deve ser confirmada com novos estudos morfológicos e genéticos dos fósseis da Ponta de São Lourenço, já que até agora não há referências históricas de viagens de vikings para a Macaronésia”, explica um dos autores do estudo citado no comunicado de imprensa, Josep Antoni Alcover, do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados, pertencente ao CSIC e à Universidade das Ilhas Baleares. A hipótese dos vikingsOra, o período compreendido entre os anos 903 e 1036 está dentro da Era Viking, entre os séculos VIII e XI, e há relatos de que os vikings levavam ratos domésticos para os sítios onde iam, refere ainda o artigo científico. “Todos estes dados sugerem, mas não provam, uma relação entre as viagens dos vikings e a presença de Mus na Madeira”, lê-se. Seja como for, pensa-se que a chegada dos ratos domésticos à Madeira teve impactos ecológicos importantes, senão mesmo catastróficos. Uma vez estabelecidos na ilha, começaram a reproduzir-se e a atingir grande densidade, principalmente na ausência de ratazanas, que limitariam o seu número. “A sua actividade predadora ter-se-ia centrado em ovos e crias de aves pequenas e de tamanho médio, como as codornizes e galinhas-de-água”, refere o comunicado, acrescentando que o registo fóssil do Holoceno, época geológica iniciada há cerca de 11 mil anos e que se estende até à actualidade, indica que pelo menos dois terços das aves nativas (endémicas) da ilha se extinguiram. Ou seja, os efeitos dos humanos na ilha começaram a fazer-se sentir muito antes da sua própria instalação, no século XV. “A introdução dos ratos resultou provavelmente numa catástrofe ecológica, com a extinção de aves endémicas e a modificação da ecologia da ilha 400 anos antes do que se pensava até agora”, sublinha Josep Antoni Alcover. Em contrapartida, os ratos tornaram-se mais uma fonte de alimento para as corujas – e estas, no equilíbrio sempre periclitante da natureza, passaram a prosperar quando os ratos domésticos assentaram arraiais na Madeira.
REFERÊNCIAS:
Células estaminais humanas regeneram corações de macacos após enfarte
Cientistas utilizaram mil milhões de células musculares cardíacas derivadas de células estaminais embrionárias humanas. Testes em pessoas poderão iniciar-se dentro de quatro anos. (...)

Células estaminais humanas regeneram corações de macacos após enfarte
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DATA: 2014-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas utilizaram mil milhões de células musculares cardíacas derivadas de células estaminais embrionárias humanas. Testes em pessoas poderão iniciar-se dentro de quatro anos.
TEXTO: Uma equipa de cientistas aplicou células musculares cardíacas derivadas de células estaminais embrionárias humanas na região de uma lesão do coração de sete primatas que sofreram enfartes. As células regeneraram em média 40% da região do coração afectada pelo enfarte, segundo os resultados publicados nesta quarta-feira na edição online da revista Nature. “Antes deste estudo, não se sabia se seria possível produzir um número suficiente destas células e usá-las com sucesso para voltar a produzir músculo em corações com lesões, num animal grande cujo tamanho e fisiologia do coração é parecido com o coração humano”, disse em comunicado Charles Murry, médico e cientista do Centro para a Biologia Cardiovascular da Universidade de Washington (EUA), que liderou esta experiência. Segundo o investigador, a aplicação desta técnica em ensaios em pessoas poderá acontecer dentro de quatro anos. Um enfarte acontece quando há um bloqueio das artérias que levam sangue e oxigénio às células do coração, provocando a morte de milhões e milhões de cardiomiócitos. Estas células musculares que compõem o coração são responsáveis pelos batimentos que levam o sangue a todo o corpo, e morrem quando deixam de ser alimentadas. Normalmente, o coração não consegue regenerar o tecido muscular na região onde há um enfarte, que fica com uma cicatriz. É por isso que há complicações cardíacas após um enfarte: as pessoas acabam por ficar com uma insuficiência cardíaca, o coração não bombeia como deve de ser o sangue. Nesta experiência, os cientistas começaram por provocar o enfarte em sete primatas da espécie Macaca nemestrina. O enfarte foi produzido enquanto os macacos estavam anestesiados. Depois, passadas duas semanas, a equipa tratou os sete macacos com mil milhões de células musculares cardíacas humanas na região da lesão do coração de cada um dos primatas. Estas células tinham sido produzidas a partir de células estaminais embrionárias humanas, vindas de embriões humanos usados para a investigação científica. Em laboratório, usando estímulos químicos, as células estaminais foram forçadas a diferenciarem-se em células musculares cardíacas e só depois é que foram aplicadas nos macacos. Os primatas receberam medicamentos imunossupressores para o sistema imunitário não atacar as células humanas. Ao longo de três meses, estas células integraram-se na região lesionada do coração dos macacos: diferenciaram-se em cardiomiócitos, começaram a contrair-se e a região foi invadida por artérias e veias – um fenómeno muito importante, pois permite que a região seja naturalmente alimentada por nutrientes e oxigénio. Desafios futuros O tecido foi regenerado em média em 40%. Os macacos sofreram inicialmente algumas arritmias – perturbações que alteram o ritmo cardíaco –, que, ao fim de três semanas, deixaram de acontecer. Usando ecografias, os cientistas verificaram ainda que a capacidade dos macacos de bombear sangue tinha melhorado nalguns deles, mas não em todos. “Os resultados mostram que podemos produzir o número de células necessário para a terapia humana e provocar a formação de novo músculo cardíaco numa escala que é relevante para melhorar o funcionamento do coração humano”, explicou por sua vez Michael Laflamme, investigador da Universidade de Washington, e um dos autores do estudo. Há, contudo, alguns desafios. Por um lado, os cientistas têm de compreender se, de facto, há uma melhoria no bombeamento do coração. Os cientistas já tinham feito a mesma experiência em animais mais pequenos, com sucesso. “Estas células melhoraram a função mecânica em todas as outras espécies que foram testadas, por isso estamos optimistas que vão fazer o mesmo neste modelo [os macacos]”, referiu Charles Murry. Depois, é necessário conseguir evitar as arritmias que foram registadas nos macacos e que poderão ser mais graves em humanos, cujo coração é maior e em que as lesões provocadas pelos enfartes são também maiores. “Os enfartes maiores, nos corações humanos, podem manifestar mais arritmias. Como as arritmias ventriculares podem ameaçar a vida [de quem as tem], elas têm de ser compreendidas a nível mecânico e têm de ser controladas” para que a terapia seja segura, lê-se na conclusão do artigo. “No entanto, a extensão do músculo produzido e a ligação electromecânica observada agora encoraja o desenvolvimento da transplantação de cardiomiócitos humanos na terapia clínica de insuficiências cardíacas. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA