Os morcegos de Portugal continental estão a voar no seu primeiro atlas
Livro compila todas as informações sobre estes mamíferos protegidos em Portugal. O morcego-rato-pequeno e o morcego-ferradura-mediterrânico são dos mais ameaçados. (...)

Os morcegos de Portugal continental estão a voar no seu primeiro atlas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2014-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Livro compila todas as informações sobre estes mamíferos protegidos em Portugal. O morcego-rato-pequeno e o morcego-ferradura-mediterrânico são dos mais ameaçados.
TEXTO: São animais nocturnos que metiam medo, associados até à bruxaria, e que as pessoas expulsavam das suas casas e das igrejas à vassourada. Muito mudou entretanto, agora são protegidos e, nos últimos dois anos, muita gente tornou-se voluntária de um projecto que deu origem ao Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, apresentado ontem e com edição do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este projecto partiu da ideia de um grupo de voluntários que pretendia aglutinar, pela primeira vez, toda a informação dispersa sobre morcegos em Portugal continental. Era importante “conhecer melhor os seus abrigos, para termos mais informação e actuarmos na conservação das espécies”, diz a bióloga Luísa Rodrigues, técnica do ICNF envolvida no projecto, com coordenação nacional de Ana Rainho, também do ICNF. O primeiro trabalho publicado sobre os morcegos de Portugal continental remonta a 1863, quando o naturalista José Vicente Barbosa du Bocage apresentou a primeira lista de espécies no país. Na década de 1960 houve publicações pontuais, mas foi na década de 1970 que a equipa do biólogo Jorge Palmeirim começou a fazer a recolha sistematizada de informação sobre morcegos. O trabalho do atlas surgiu integrado no Ano do Morcego, uma campanha que começou 2011 e terminou em 2012 e incluiu ainda dados de 2010. Participaram 159 pessoas, desde biólogos, técnicos e, também, cidadãos voluntários que desenvolveram trabalho no terreno. Houve ainda quem ajudasse através da Internet, dando informações ou pistas sobre a localização de morcegos. Muitas destas suspeitas resultavam de relatos antigos sobre o paradeiro de morcegos, que mais tarde, com este trabalho, até se confirmaram. Para quem pouco sabia de morcegos, fizeram-se cursos sobre estes animais e os sons que emitem. No fundo, apenas era necessário “ter o gosto e esforçar-se”, diz a bióloga. Sabe-se que existem 25 espécies de morcegos em Portugal continental (nos Açores e na Madeira, além dessas espécies, há mais duas). Durante o projecto, detectaram-se 24 espécies no Continente: ficou por encontrar o morcego-arborícola-grande (Nyctalus noctula), espécie cuja presença tinha sido registada no Norte do país. Consoante a espécie, os morcegos podem alimentar-se de fruta, néctar e pólen das flores, peixe, carne e, claro, sangue. Podem caçar alimentos do chão ou efectuar voos a grandes altitudes, acima da copa das árvores e, nas cidades, indo para lá da altura dos prédios, como é o caso do morcego-rabudo (Tadarida teniotis). Quanto ao peso, os morcegos portugueses têm entre cerca de cinco gramas (como um pacote de açúcar do café) e, no máximo, 45 gramas. Para compilar toda a informação do atlas, que custa oito euros, os participantes observaram morcegos que se encontravam tanto em abrigos como em voo. Nos abrigos, registava-se o número de indivíduos, o número de machos e de fêmeas, o número de fêmeas com crias, a temperatura ambiente e a humidade, se existia alguma ameaça e se era preciso tomar medidas a curto prazo. Quanto aos que estavam a voar, assinalavam-se coordenadas geográficas, mas também características do terreno. Apesar de terem uma grande longevidade — podem viver até 30 anos —, como têm apenas uma cria por ano constituem o “grupo mais ameaçado da nossa fauna”, frisa Jorge Palmeirim, da Faculdade de Ciências da Universidade Lisboa. As mais ameaçadas são as espécies cavernícolas que habitam, por exemplo, grutas ou minas abandonadas: é o caso do morcego-rato-pequeno (Myotis blythii) e do morcego-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale). As ameaças podem ser intencionais mas, também, inadvertidas. Ter visitantes numa gruta com morcegos no período de hibernação ou de maternidade é logo uma perturbação para eles. Mas, em geral, os morcegos estão em risco se os obrigarmos a despender energia em excesso na altura da hibernação, forçando-os a voar, se lhes destruirmos as florestas onde vivem ou se lhes provocarmos alterações na alimentação. Os pesticidas podem ser também um factor de risco, ao diminuírem o número de insectos disponíveis como fonte de alimento e ao comerem animais contaminados. “Não há dados concretos. De vez em quando, encontramos muitos morcegos mortos e calcula-se que os pesticidas sejam a causa”, diz Luísa Rodrigues. O desaparecimento dos morcegos teria consequências para nós próprios. Como diz Jorge Palmeirim, eles são importantes para a “manutenção do equilíbrio dos ecossistemas naturais e humanizados”.
REFERÊNCIAS:
Canhão submarino junto de Portugal é local com mais lixo detectado em estudo
Trabalho internacional liderado pela Universidade dos Açores analisou detritos em vários locais no mar Mediterrâneo e nos oceanos Atlântico e Árctico. Em todos encontrou lixo. (...)

Canhão submarino junto de Portugal é local com mais lixo detectado em estudo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.3
DATA: 2014-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Trabalho internacional liderado pela Universidade dos Açores analisou detritos em vários locais no mar Mediterrâneo e nos oceanos Atlântico e Árctico. Em todos encontrou lixo.
TEXTO: O lixo feito pela civilização viajou mais longe do que o homem. Esta observação é uma conclusão empírica de um estudo feito por uma equipa internacional que analisou vários locais submarinos no mar Mediterrâneo e nos oceanos Atlântico e Árctico à procura de lixo. Do local mais profundo até ao sítio mais longínquo de terra habitada, nas zonas que foram pesquisadas os cientistas encontraram sempre o resultado físico das actividades humanas. Caídos entre os sedimentos do mar, ou já afundados na areia, estão plásticos, redes de pesca, vidro, metal, roupa, madeira, papel, cartão, além de objectos não identificados. A 1602 metros de profundidade, no estreito abrupto conhecido como canhão de Lisboa que fica a sudoeste de Setúbal, os cientistas mediram a maior frequência de lixo, revela o trabalho liderado pela Universidade dos Açores, publicado nesta quarta-feira na revista PLOS ONE. O artigo, que é de acesso livre na Internet, além de divulgar os resultados da pesquisa é também um manual resumido sobre a dimensão do problema que é a acumulação de lixo nos oceanos. Anualmente, 6, 4 milhões de toneladas vão parar ao mar, o que torna este lixo “a ameaça à saúde dos oceanos que mais rapidamente cresce”, lê-se no artigo. E 70% deste material não fica à tona de água mas afunda-se. Há várias consequências negativas do mar servir de lixeira. Além da questão estética, os peixes, mamíferos e outros seres que vivem no mar podem confundir o lixo com alimento. As redes de pesca podem prender e ameaçar a vida de mamíferos marinhos, aves, tartarugas, assim como animais que vivem no leito do oceano. O lixo que se mantém a flutuar no oceano transporta muito mais rapidamente espécies exóticas entre diversos pontos do globo do que as correntes marítimas. Por outro lado, os plásticos que se vão acumulando no mar são uma fonte de químicos tóxicos que podem matar a fauna marinha. Estes “poluentes orgânicos persistentes podem acumular-se nos tecidos dos consumidores e podem ser transferidos na cadeia trófica para os predadores, incluindo os humanos”, explica o artigo. Neste trabalho agora publicado, os investigadores de 15 instituições analisaram, entre 1999 e 2012, o solo marinho de 32 locais em plataformas continentais, taludes continentais, canhões submarinos, bacias oceânicas, dorsais oceânicas e montes submarinos, à procura de lixo. O trabalho esteve associado ao projecto HERMIONE (sigla inglesa para Investigação dos ecossistemas de hotspots e o impacto do homem nos mares europeus), financiado pela União Europeira. “Descobrimos que o plástico foi o lixo mais comum encontrado no chão marinho, enquanto o lixo associado às actividades de pesca (linhas e redes de pesca deitadas fora) eram particularmente comuns nas dorsais oceânicas e nos montes submarinos. A acumulação mais densa de lixo foi encontrada em profundidade nos canhões submarinos”, explicou Christopher Pham da Universidade dos Açores, num comunicado da Universidade de Plymouth, do Reino Unido. Lixo antigoOs canhões submarinos são margens cavadas, como se fossem vales dos rios, que existem nas margens continentais no oceano e acabam por ser uma via de transporte de sedimentos. No canhão de Lisboa, a equipa encontrou 66, 2 objectos por hectare (10. 000 metros quadrados). No canhão de Setúbal foram encontrados 24, 6 objectos por hectare e no canhão de Guilvinec, junto da plataforma oceânica francesa, os cientistas encontraram 31, 9 objectos por hectare. “Os canhões submarinos formam a principal ligação entre as águas costeiras de pouca profundidade e o mar profundo”, explica por sua vez Veerle Huvenne, que fez parte da equipa e pertence à Universidade de Southampton, Reino Unido. “Os canhões que estão localizados perto das maiores cidades e vilas costeiras, como o canhão de Lisboa, ou o canhão de Blanes, na costa de Barcelona, podem dirigir o lixo em direcção a águas com profundidade de 4500 metros ou mais. ”Os cientistas puderam fazer uma contagem destes objectos analisando filmes feitos pelas câmaras transportadas por veículos operados remotamente (ROV, sigla em inglês). Estes veículos permitiram procurar por lixo em zonas do oceano mais profundas. Outra forma de analisar a quantidade de lixo foi através de redes de arrasto que permitiram trazer o lixo até à superfície. Esta técnica dá uma dimensão do peso de cada tipo de lixo, mas mostra também lixo mais antigo, enterrado no chão marinho, como escórias de carvão – resultantes da queima de carvões dos navios entre o final do século XVIII até ao início do século XX, que eram lançados directamente para o mar. “O chão marinho que existe em profundidade é uma área de acumulação passiva do lixo, que integra informação durante longos períodos de tempo”, escrevem os autores.
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Partidos LIVRE
Carcaça de baleia que estava para explodir no Canadá vai afinal para museu
Durante dias uma pequena povoação observou atentamente à espera que o corpo de uma baleia-azul que deu à costa explodisse. Mas a carcaça é valiosa pelo contributo que pode dar à ciência para se conhecer melhor uma espécie em risco de extinção. (...)

Carcaça de baleia que estava para explodir no Canadá vai afinal para museu
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Durante dias uma pequena povoação observou atentamente à espera que o corpo de uma baleia-azul que deu à costa explodisse. Mas a carcaça é valiosa pelo contributo que pode dar à ciência para se conhecer melhor uma espécie em risco de extinção.
TEXTO: Há mais de uma semana que a pequena aldeia costeira numa ilha do Canadá se tornou num pequeno centro turístico devido ao motivo mais inusitado: uma baleia-azul deu à costa morta e inchou, muito. Durante alguns dias, a questão mais repetida era se a baleia explodiria ou não. Entretanto, a carcaça já desinchou e o Museu Real do Ontário vai buscar o cetáceo morto e outra baleia azul, que também deu à costa no país. Depois, irão tornar os esqueletos destes raros cetáceos disponíveis à comunidade científica para os estudar. Normalmente, as baleias morrem em mar alto e acabam por se afundar. No fundo do mar, as suas carcaças tornam-se em alimento e forma-se um ecossistema dinâmico num habitat (o fundo do mar) que é, normalmente, escasso em nutrientes. Mas não é assim tão raro as carcaças mortas dos cetáceos serem arrastadas para a costa e, sendo tão grandes, ficarem presas nas praias. Foi o que aconteceu na povoação de Trout River, na ilha de Newfoundland, no oceano Atlântico, que faz parte da província canadiana de Newfoundland e Labrador. O corpo da baleia que surpreendeu a comunidade de Trout River tem 170. 000 quilos, de acordo com a National Geographic, e mede 25 metros de comprimento, diz a BBC News. Devido à actividade bacteriana dentro da carcaça, associada à putrefacção, houve a produção de substâncias que fizeram inchar a baleia, como o amoníaco, o sulfureto de hidrogénio e gases de metano. O inchaço fez com que se temesse, ou esperasse, consoante o observador, que a baleia rebentasse. Nas redes sociais, apareceram vídeos onde se via o rebentamento de outras carcaças de baleias que deram à costa no passado. No entanto, os rebentamentos aconteceram ou porque explodiram com a baleia, ou porque tentaram dissecar o seu corpo. “A pele da baleia e a sua gordura são rijas”, explicou Andrew David, biólogo autor do blogue Southern Fried Science, num artigo de pergunta-resposta da revista National Geographic. “As massivas pregas na região da garganta que se vêem inchadas em todas as fotografias estão desenhadas para se encherem de água salgada e forçarem a água a sair pelas barbas da baleia [de modo a filtrarem a comida]. Esta estrutura pode aguentar muita pressão. ”Os maiores animaisNo entanto, a atenção gerada pelo fenómeno foi tão grande que fez com que pessoas fossem visitar o objecto. Até se criou um site – Has the whale exploded yet? – que reúne informação sobre o assunto. Mas a entrada que inicia o site, de uma mensagem no Twitter do jornalista Don Bradshaw, mostra uma fotografia de 2 de Maio em que a carcaça da baleia parece minguada. “Quem espera que a #explodingwhale [um hashtag para baleia] rebente vai ficar desapontado. Está a ficar sem gás”, escreveu o jornalista. O que estará a acontecer é que o metano está a ser naturalmente libertado. Apesar do mais provável ser que a baleia não expluda, aconselha-se que as pessoas se afastem da baleia e não subam para cima dela. A pequena comunidade de 600 pessoas não sabia o que fazer com o corpo enorme da baleia. Mas quinta-feira passada, um comunicado do Museu Real do Ontário anunciava que os seus funcionários iriam buscar esta carcaça e o corpo de outra baleia-azul que foi dar à costa em Rocky Harbour, também na ilha de Newfoundland, para ficar com os ossos. A Balaenoptera musculus, o nome em latim para a baleia-azul, é o maior animal que se pensa que alguma vez existiu na Terra. A espécie está ameaçada. Segundo o comunicado, a população de baleias-azul do Noroeste do Atlântico conta com menos de 250 indivíduos adultos. Estas duas carcaças que foram dar à costa morreram em Abril de 2014 com outras sete, por terem ficados presas no gelo a sudoeste de Newfoundland. “Esta perda, que representa até 5% desta espécie em risco de extinção, é extremamente infeliz”, disse Mark D. Engstrom, director do museu, no comunicado. No entanto, acrescenta, “esta é uma oportunidade importante para compreender mais estes animais magníficos e tem um valor incalculável para a ciência e a educação do Canadá agora e no futuro. ”
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Ministro sírio prevê "época próspera" de turismo numa das regiões mais castigadas pela guerra
Fechando os olhos à guerra e à devastação, regime promete investimentos e iniciativas para reanimar o sector. (...)

Ministro sírio prevê "época próspera" de turismo numa das regiões mais castigadas pela guerra
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2014-05-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fechando os olhos à guerra e à devastação, regime promete investimentos e iniciativas para reanimar o sector.
TEXTO: A frase foi dita de forma séria, sem pestanejar. Apesar da guerra que mata todos os dias, da devastação e da insegurança que faz da Síria um dos países mais perigosos do mundo, o Governo prevê “uma época turística próspera” para este Verão na província de Homs, uma das mais castigadas por um conflito que já provocou mais de 150 mil mortos. Propaganda para consumo interno ou fantasia delirante? Não é fácil compreender os motivos por trás das declarações do ministro do Turismo sírio, citadas pela agência oficial Sana e repescadas pela AFP, quando no sábado visitou o Crac des Chevaliers, o castelo construído pelos cruzados numa colina junto à actual fronteira com o Líbano e que era, até ao início da guerra, a fortaleza medieval mais bem preservada do mundo e uma das principais atracções turísticas do país. A classificação pela UNESCO como Património da Humanidade de pouco valeu à fortaleza quando, em Março, o Exército sírio lançou uma grande ofensiva para expulsar a rebelião da zona. As marcas dos combates e os objectos deixados à pressa pelos rebeldes e os civis que ali se refugiaram eram bem visíveis quando, na semana passada, jornalistas da AP visitaram a zona: “As paredes com marcas deixadas pela artilharia pesada, os telhados perfurados pelos ataques aéreos e estilhaços espalhados pelos seus artefactos religiosos”. Na mesma ofensiva, as forças leais a Assad reconquistaram o vizinho Wadi al-Nasara (Vale dos Cristãos), agregado de pequenas aldeias cristãs conhecidas pelas suas igrejas e mosteiros antigos e que foram várias vezes atingidas nos combates. Ganha a batalha, e apesar das centenas de mortos, Bisher Yazagi proclamou que o turismo vai regressar à zona graças “a várias actividades planeadas para o Verão”. Não revelou que iniciativas são essas, mas garantiu que haverá “muitas facilidades para os projectos de investimento turístico na região”. A acompanhá-lo na viagem, o governador de Homs, Talal al-Barazi, assegurou que, “graças ao sacrifício do Exército sírio, a vida regressa à província e o turismo será ressuscitado”. No mesmo dia em que aconteceu a visita, a 40 km de distância, centenas de rebeldes começavam os preparativos para deixar a Cidade Velha de Homs, após quase dois anos de cerco e fome. Muitos dos edifícios históricos que atraiam multidões ao bairro ficaram reduzidos a pó, outros sofreram danos irreparáveis. E apesar de quase toda a cidade estar agora em poder do Exército, os combates prosseguem noutras zonas da província. A situação não é melhor noutras regiões que, até 2011, alimentavam o turismo sírio, um sector que representava 14% do PIB do país, recorda a Reuters. É o caso de Alepo, a maior e uma das cidades mais visitadas da Síria, agora dividida entre o regime e a oposição. Por todo o país, os combates ou o risco de sequestros tornam impraticáveis muitas estradas – quem tem dinheiro opta agora por viajar de avião – e muitos locais históricos não resistiram aos combates e aos saques. E, para lá dos danos a um dos patrimónios mais ricos da região, a guerra continua a ceifar todos os dias dezenas de vidas, em bombardeamentos, ataques e execuções a sangue-frio. Ainda assim, numa entrevista no final de Abril à Reuters, Yazagi dizia que a Síria tinha condições para atrair investimento e turistas estrangeiros. “A situação na Síria não é como o mundo imagina. Há áreas que são 100% seguras”, disse, dando como exemplo as montanhas na costa do Mediterrâneo, região onde é maioritária a seita alauita, a que pertence o Presidente Bashar al-Assad, e que o regime manteve sempre sob o seu controlo. “Em breve teremos legislação que vai facilitar muito o investimento, atraindo investidores de todo o mundo”.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
Sangue novo ajuda a rejuvenescer corpo velho... pelo menos no ratinho
Três estudos concluem que o sangue de ratinhos novos permite reverter os efeitos do envelhecimento em ratinhos idosos. E dois deles identificam a substância que poderá estar por trás destes benefícios. (...)

Sangue novo ajuda a rejuvenescer corpo velho... pelo menos no ratinho
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.02
DATA: 2014-05-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Três estudos concluem que o sangue de ratinhos novos permite reverter os efeitos do envelhecimento em ratinhos idosos. E dois deles identificam a substância que poderá estar por trás destes benefícios.
TEXTO: Duas equipas vão publicar, na revista Science com data da próxima sexta-feira, estudos que indicam, respectivamente, que uma proteína do sangue, a GDF11, pode ajudar a reparar os estragos que o tempo opera nos músculos e no tecido cerebral de ratinhos idosos. Entretanto, na revista Nature Medicine do início desta semana, uma terceira equipa publicou resultados que sugerem que o sangue de ratinhos mais novos permite reverter o declínio das capacidades mentais de ratinhos mais velhos. A proteína GDF11 é um “factor de crescimento” que existe naturalmente no organismo dos ratinhos – e também dos seres humanos. E sabe-se que a concentração de GDF11 no sangue dos ratinhos novos é muito mais elevada do que no sangue de ratinhos de idade mais avançada. Amy Wagers e Richard Lee, do Instituto de Células Estaminais da Universidade Harvard (HSCI), nos EUA, líderes de um dos estudos agora publicados na Science e co-autores do outro, já tinham mostrado, em 2013, o efeito rejuvenescedor do sangue de ratinho jovem sobre o músculo e a função cardíacos de ratinhos mais velhos, lê-se num comunicado do HSCI. E tinham, a seguir, identificado a GDF11 como sendo a potencial responsável deste efeito “anti-idade”. Regenerar os músculosMas agora, eles e a sua equipa descobriram que os benefícios da proteína não parecem limitar-se ao coração. “O nosso trabalho mostra que a GDF11 é activa em múltiplos órgãos e tipos de células”, diz Amy Wagers, citada no mesmo documento. Os cientistas mostraram que a GDF11 vinda de ratinhos mais novos melhora a função das chamadas “células-satélite” dos ratinhos mais velhos, ao contribuir para a reparação do material genético destas células. Ora, são as células-satélite que asseguram a regeneração dos músculos de todo o corpo ao longo da vida – e o seu desempenho diminui com a idade. Pelo seu lado, a equipa liderada por Lee Rubin, também do HSCI, autora do segundo estudo na Science, interessa-se pelas doenças neurodegenerativas ligadas ao envelhecimento. E descobriu agora que a GDF11 dos ratinhos novos também faz aumentar a quantidade de vasos sanguíneos cerebrais que alimentam as células precursoras das células nervosas. O que, por sua vez, estimula a geração de novos neurónios. As duas equipas utilizaram as mesmas duas técnicas experimentais. Por um lado, ligaram o sistema circulatório de um ratinho novo e de um ratinho idoso (com uma idade equivalente, nos seres humanos, a 70 anos), fazendo circular o sangue do animal novo pelo corpo de ambos; por outro, administraram injecções diárias de sangue de ratinho novo a ratinhos velhos. No caso do cérebro, ambos os “tratamentos”, aplicados às áreas cerebrais associadas ao olfacto, devolveram nos ratinhos idosos uma acuidade perdida. “Os ratinhos mais novos têm um faro muito apurado, explica Rubin. "E quando testámos esses ratinhos novos, eles evitavam o cheiro a mentol, ao contrário dos animais mais velhos. Porém, quando expusemos os mais idosos ao sangue dos mais novos, os mais velhos também passaram a discriminar o cheiro a mentol" e a ter a mesma reacção. Todos estes autores acreditam que, se tudo correr como previsto, a GDF11 poderá começar a ser ensaiada no ser humano daqui a três a cinco anos. “Pensamos que, pelo menos em princípio, deve ser possível reverter parcialmente o declínio associado ao envelhecimento com uma única proteína, que poderá ser a GDF11 ou uma molécula semelhante”, declara Rubin, especulando "não estar fora de questão que a GDF11 (ou algo parecido) possa vir a ser útil no tratamento da doença de Alzheimer”. Quanto a Wagers, a investigadora diz-se disposta a “apostar que os resultados destes trabalhos irão dar origem a um ensaio clínico e a um tratamento”. Recarregar o cérebroO artigo publicado na Nature Medicine, quanto a ele – da autoria de Tony Wyss-Coray, da Universidade de Stanford (EUA), e colegas – , não aponta para uma substância em particular. Mas confirma, mais uma vez no ratinho, a existência de factores sanguíneos capazes de combater os estragos do tempo. Estudos anteriores já mostraram que certas substâncias presentes no sangue de ratinhos velhos podem, ao ser injectadas em ratinhos novos, perturbar as suas funções cognitivas. Mas o inverso – o facto de existirem substâncias no sangue dos mais novos que pudessem melhorar o desempenho cognitivo dos mais velhos – não era claro, explica a revista britânica. Agora, a equipa de Stanford administrou repetidas doses de sangue de ratinhos novos (com três meses de idade) a ratinhos idosos (com 18 meses de idade) e observou uma melhoria do desempenho dos mais velhos em tarefas de aprendizagem e de memória. Para mais, este efeito rejuvenescedor também foi visível ao nível estrutural e molecular do cérebro dos animais tratados. Pelo contrário, quando os cientistas administraram sangue jovem, mas previamente aquecido, aos animais mais idosos, nada aconteceu. Segundo eles, isso indica que uma das substâncias do sangue jovem responsáveis pelo efeito terá sido destruída pelo calor.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
A marioneta é uma arte em plena evolução
Até dia 25 de Maio Lisboa volta a receber a diversidade do teatro de marionetas contemporâneo. O FIMFA celebra 14 anos, mostra 13 espectáculos ( e diferentes técnicas) vindos de países tão diversos como Israel ou a Finlândia. (...)

A marioneta é uma arte em plena evolução
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.35
DATA: 2014-05-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até dia 25 de Maio Lisboa volta a receber a diversidade do teatro de marionetas contemporâneo. O FIMFA celebra 14 anos, mostra 13 espectáculos ( e diferentes técnicas) vindos de países tão diversos como Israel ou a Finlândia.
TEXTO: Ao fim de 14 edições do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas de Lisboa (FIMFA), há ainda muito trabalho pela frente e a principal batalha de Luís Vieira e Rute Ribeiro, que o dirigem, continua a ser o equilíbrio entre o impacto do festival e as condições nas quais é feito. O orçamento de 130 mil euros, resultante dos apoios da Direcção-Geral das Artes e da EGEAC, através dos seus equipamentos municipais (os teatros São Luiz e Maria Matos e Museu da Marioneta), consome na quase totalidade os 170 mil euros do orçamento anual da Tarumba, a companhia por detrás da organização do festival. Por fazer fica, por isso, todo o trabalho de pesquisa, residências, formação, extensões para outras cidades e acompanhamento internacional que é a base de um festival. “A determinada altura, pareceu-nos mesmo que seria impossível a sua realização”, dizem. Ao ponto fraco do orçamento responde-se com um ponto forte que caracteriza a prática – mas ainda não a recepção – do teatro de marionetas: a transversalidade artística. É assim há anos e, no entanto, o FIMFA é considerado como um dos mais singulares festivais de marionetas no espaço europeu. A edição deste ano recebe a partir de hoje uma embaixada de novas propostas que resiste, uma vez mais, à ideia de que as marionetas são apenas coisas inanimadas. “Elaborámos um festival que persevera os seus objectivos e que mostra que a marioneta é uma arte em plena evolução”, explicam os directores, falando de uma programação que “continua a explorar terrenos novos e imprevistos, em dialéctica com outras formas de arteA edição deste ano apresenta 13 espectáculos, sendo oito estrangeiros, todos eles em estreia nacional, com excepção do espectáculo de rua do inglês Surreal McCoy, um habitué com o seu cão provocador. São propostas muito diversas no modo como abordam, ou integram, a marioneta na dramaturgia do espectáculo, diversificando as técnicas e a própria relação do marionetista com o espectador. Diz Kalle Nio, director da companhia finlandesa WHS, pela terceira vez no festival, que Lähtö/Départ, o espectáculo de abertura (hoje e sexta, São Luiz, 21h), “dificilmente é um espectáculo de marionetas como habitualmente gostamos de os confinar”. O cinema de Michelangelo Antonioni, as fantasmagorias que são hoje arqueologia da própria história do cinema, a magia e o novo circo juntam-se para uma viagem onírica e sensitiva que tem percorrido vários festivais interessados em “ir mais longe”. Assim é o FIMFA, descreve o director finlândes. “Não há receios de programação, há um risco que é um risco pensado e discutido com os artistas”, diz o encenador, que gosta de aprender nos seus espectáculos “que a relação entre as imagens e as palavras não têm limites”. Assim será ao longo de duas semanas. As propostas vindas da Holanda, Alemanha, França, Israel, Espanha e Reino Unido experimentam um modo de inscrição das marionetas (de papel, de luva, em sombra ou pequenas formas, de fios ou hiper-realistas) no discurso contemporâneo e pós-dramático, através de soluções que adaptam romances fundamentais da literatura universal como Os Buddenbrooks, no Teatro Maria Matos, sexta e sábado (ver Ípsilon da próxima sexta-feira) ou soluções que se constroem a partir da realidade. A holandesa Nicola Hunger, por exemplo, traz ao Museu da Marioneta (13 e 14 Maio, 21h30) Phantom Story, biografia alegórica do seu quase-encontro com o terrorista Carlos, "o Chacal". “A minha linguagem seria mais limitada sem as marionetas”, diz ao PÚBLICO para explicar um espectáculo que cruza diferentes tecnologias para reescrever a própria história. “Percebi que a minha pesquisa era a minha dramaturgia. As escolhas que fazemos, pessoalmente ou profissionalmente, provocam inadvertidamente escolhas nos outros”. Nicola Hunter fala de escolhas pessoais que a levaram a fazer um espectáculo sobre terrorismo e revolução. Mas talvez esteja também a falar de arte, quando fala das diferentes reacções que o espectáculo suscitou. Percebemos então que a sua apresentação no FIMFA se inscreve numa procura de objectos que, mais do que radicalizar, pensam o que pode ser um espectáculo. Sem categorias. A edição deste ano apresenta em estreia as novas criações do Teatro de Marionetas do Porto (Pelos Cabelos, dias 17 e 18) e do Teatro do Ferro (OLO, dia 22), ambos no Museu da Marioneta, para além de apresentar A Caminhada dos Elefantes, de Miguel Fragata e Inês Barahona (Teatro Meridional, dias 24 e 25) e fazer regressar Rio, Rio, Rio, de Luís Hipólito (hoje e amanhã, São Luiz) e Mironescópio (Teatro Taborda, 23 e 24 Maio), dos próprios directores do festival e que tem tido um percurso internacional intenso nos últimos anos.
REFERÊNCIAS:
Tentilhões das Galápagos matam parasitas com bolinhas de algodão
Bastou um grama de algodão embebido num insecticida vulgar para erradicar quase todas as larvas de moscas parasitárias que infestam os ninhos das aves. (...)

Tentilhões das Galápagos matam parasitas com bolinhas de algodão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bastou um grama de algodão embebido num insecticida vulgar para erradicar quase todas as larvas de moscas parasitárias que infestam os ninhos das aves.
TEXTO: Que ninhos são os melhores a eliminar pragas que sugam o sangue das crias e das suas mães? Uma equipa de cientistas que procura ajudar aves ameaçadas das ilhas Galápagos a sobreviver a uma praga de parasitas submeteu essa pergunta a testes – e o resultado é a descrição, na revista Current Biology, de um novo método que ajuda os tentilhões de Darwin a combater as larvas de moscas responsáveis pela morte de numerosas crias das famosas aves que inspiraram Charles Darwin na sua teoria da evolução através da selecção natural. Os cientistas colocaram bolas de algodão tratadas com um insecticida perto do local onde as aves estavam a construir os seus ninhos. As aves apanharam bocadinhos de algodão com os bicos e incorporaram-nos nos ninhos, matando assim as larvas das moscas mas sem que o insecticida fizesse mal às aves ou às suas crias, relataram os investigadores na revista. O insecticida é a permetrina, usado para matar os piolhos e as lêndeas na cabeça das pessoas. Também mata moscas da espécie Philornis downsi, que foi introduzida, aparentemente sem intenção, nas ilhas Galápagos e tem estado na origem do declínio das populações de tentilhões de Darwin, incluindo das duas espécies em risco de extinção. “Historicamente, este parasita não se encontra nas ilhas Galápagos, por isso os tentilhões de Darwin não tiveram tempo de criar defesas contra ele”, diz o investigador sénior do estudo, Dale Clayton, professor de biologia da Universidade do Utah, nos Estados Unidos. “Nalguns anos, 100% das crias morrem como consequência directa dos parasitas. É crucial encontrar uma maneira de ajudar as aves a controlar os parasitas. ”Provavelmente, as moscas vieram a bordo de navios ou aviões que chegam às Galápagos e percebeu-se que eram um problema em 1997, quando começaram a aparecer em grande número. Todas as aves terrestres das Galápagos estão infestadas por estas moscas, incluindo a maioria das 14 espécies de tentilhões de Darwin. As moscas põem ovos nos ninhos das aves. Quando os ovos das moscas eclodem, as larvas alimentam-se do sangue das crias e das suas mães. Encontrar um método que controle as moscas tornou-se uma prioridade para os cientistas estudam as aves das Galápagos. “Actualmente, não existe nenhum método que combata eficazmente os parasitas”, refere Sarah Knutie, estudante de doutoramento da Universidade do Utah e a principal autora do estudo. “Sentada no alpendre”A ideia de ajudar as aves a ajudarem-se a si próprias surgiu de uma observação casual enquanto Sarah Knutie estava no seu dormitório em instalações de investigação nas Galápagos. “Em 2010, estava sentada no meu alpendre na Estação de Investigação de Charles Darwin e reparei que os tentilhões pousavam constantemente em cima da corda de estender a roupa. As aves puxavam da corda as fibras de algodão desgastado e levavam-nas, presumivelmente para as incorporarem nos ninhos”, conta Sarah Knutie. Também levavam papel higiénico e fios das toalhas. “Como sabemos que a permetrina é eficaz a matar parasitas, pensei se os tentilhões de Darwin poderiam ser encorajados a levar para os ninhos bolas de algodão tratadas com permetrina para matar os parasitas”, acrescenta a investigadora. Em experiências na ilha de Santa Cruz, uma das Galápagos, os investigadores colocaram perto dos ninhos 30 pequenas redes com algodão (numas redes, o algodão estava tratado com uma solução com 1% de permetrina e noutras não tinha tratamento). E descobriram que as quatro espécies que nidificavam na zona – o tentilhão-da-terra-de-bico-pequeno, o tentilhão-da-terra-de-bico-médio, o tentilhão-das-árvores-de-bico-pequeno e o tentilhão-vegetariano – começaram a usar prontamente o material nos ninhos. A maioria dos ninhos (22 entre os 26 que estavam a ser utilizados) tinha algodão. Mais: os tentilhões usaram quer algodão com o insecticida quer algodão sem este tratamento. Quando as aves usavam algodão tratado nos ninhos, esta técnica de “auto-fumigação” erradicou pelo menos metade das larvas (ficaram com 15 larvas em média). Nos ninhos que continham pelo menos um grama de algodão tratado, todos, excepto um, ficaram livres de parasitas. O ninho que era a excepção tinha quatro larvas, enquanto os ninhos sem algodão tratado tinham em média 30 larvas. Os tentilhões de Darwin, assim baptizados em homenagem ao naturalista britânico, vivem nas várias ilhas das Galápagos, um arquipélago com 19 ilhas no Pacífico a 1000 quilómetros a Oeste do Equador. Darwin visitou as Galápagos na década de 1830, a bordo do famoso Beagle, e ficou espantado com a diversidade de tentilhões, incluindo algumas das suas características, como bicos que variam consoante o local de alimentação. Darwin achou que isto sugeria que as aves se adaptaram ao seu ambiente, conduzindo à ideia de que as espécies não são imutáveis, mas, em vez disso, evoluem ao longo do tempo. E, em 1859, publicou a sua obra-prima, Sobre Origem das Espécies – Por Meio da Selecção Natural, um dos livros mais influentes de sempre.
REFERÊNCIAS:
Cantinas Sociais podem fomentar a desigualdade e a exclusão, diz estudo
Existem atualmente mais de 800 cantinas. Estudo será apresentado esta sexta-feira durante uma conferência sobre Estado Social no contexto de crise. (...)

Cantinas Sociais podem fomentar a desigualdade e a exclusão, diz estudo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.033
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Existem atualmente mais de 800 cantinas. Estudo será apresentado esta sexta-feira durante uma conferência sobre Estado Social no contexto de crise.
TEXTO: As cantinas sociais, que foram anunciadas como "um modelo de inovação social", podem fomentar a desigualdade e a exclusão social, alerta um estudo a ser divulgado em Lisboa esta sexta-feira. De responsabilidade de Vasco Almeida, do Instituto Superior Miguel Torga/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o estudo, através de uma "metodologia qualitativa" e baseada em entrevistas com funcionários das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), alerta para vários efeitos negativos que podem ter as cantinas. Existem atualmente mais de 800 cantinas. E estas entre Janeiro e Outubro do ano passado serviram mais de 14 milhões de refeições. No entanto o investigador, como explicou à Lusa, olha com desconfiança para a iniciativa, desde logo porque se trata de "um acto isolado, que não vai resolver a pobreza nem contribui para a capacitação das pessoas". É "uma medida temporária, com um destino incerto" e todas as pessoas com quem falei me dizem que se está a ir para onde não se devia, que é "dar o peixe em vez de ensinar a pescar", disse. Vasco Almeida vê méritos na medida e não se esquece que através dela se tira a fome a muitas pessoas, mas adianta que a mesma não é abrangente, porque existem listas de espera, e que é apenas uma refeição por dia e "nem sempre sete dias por semana". Chegar a quem precisa"Há zonas interiores onde não há qualquer IPSS, nem sempre as cantinas chegam a quem precisa, e quem recebe outro tipo de ajuda, como do Banco Alimentar, não tem acesso, sendo que são pontuais as ajudas do Banco", acrescentou o autor do estudo. Vasco Almeida lembrou que o Governo paga a cada IPSS 2, 5 euros por refeição para acrescentar que haverá instituições que não se norteiam por uma acção solidária mas que, ao contrário, poderão estar a ver nesta contribuição "uma forma de arranjar um suplemento financeiro". O investigador não desmerece o papel das IPSS mas salientou que o Estado deve de ser "um financiador e também um regulador". Mas diz peremptoriamente que as cantinas sociais "não resolvem os problemas e trazem dependência". "As cantinas foram anunciadas como um modelo de inovação social. Mas se olharmos para o conceito mais comum pressupõe-se que na inovação social haja capacitação do indivíduo, o que não acontece", disse também. O estudo é apresentado hoje no decorrer de uma conferência sobre Estado Social no contexto de crise, que durante dois dias junta no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) dezenas de académicos de mais de uma dúzia de países.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave exclusão fome ajuda social estudo pobreza
Desemprego baixou ligeiramente no primeiro trimestre para 15,1%
INE estima que haja em Portugal 788,1 mil desempregados. População empregada diminuiu face ao último trimestre de 2013. (...)

Desemprego baixou ligeiramente no primeiro trimestre para 15,1%
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.041
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: INE estima que haja em Portugal 788,1 mil desempregados. População empregada diminuiu face ao último trimestre de 2013.
TEXTO: O desemprego oficial medido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) voltou a recuar, baixando de forma ligeira no primeiro trimestre do ano face aos últimos três meses do ano passado. Com um recuo de 0, 2 pontos percentuais, a taxa passou para 15, 1% da população activa. O INE estima que haja em Portugal 788, 1 mil desempregados, aos quais se somam 25, 8 mil inactivos à procura de emprego mas não disponíveis e outras 276, 6 mil pessoas inactivas disponíveis para trabalhar, mas que não entram na definição de desemprego, porque não procuraram emprego no período de referência utilizado para a estatística de desemprego registado. Dos 788, 1 mil desempregados registados, 86, 4 mil (11%) estão à procura do primeiro trabalho. Entre os 701, 7 mil que estavam à procura de um novo emprego, a maioria tinha trabalhado em actividades de serviços (428, 2 mil), seguindo-se 220, 6 mil pessoas das áreas da indústria, construção, energia e água, somando-se 19, 2 mil da agricultura, floresta e pesca. As estatísticas (mensais) mais recentes do Eurostat – que recorrer a uma metodologia diferente, cruzando as estatísticas do IEFP com a mediação do INE – apontam para uma estabilização do desemprego em 15, 2% da população activa de Janeiro a Março. A queda do desemprego acontece ao mesmo tempo em que se volta a assistir a uma diminuição da população activa, que do período Outubro-Dezembro para Janeiro-Março passou de 5276, 8 pessoas para 5215, uma queda de 1, 2%. Na mesma altura, a população empregada também encolheu, recuando de 4468, 9 para 4426, 9 indivíduos. Na comparação entre trimestres, o número de trabalhadores por conta própria continuou a diminuir (para 891, 4 pessoas), assim como o de trabalhadores familiares não remunerados (22, 5 mil pessoas). A população a trabalhar a tempo completo também diminuiu (para 3840, 1 mil pessoas), somando-se ainda 586, 8 mil pessoas que trabalham a tempo parcial e outras 244, 9 mil na mesma situação que declaram querar trabalhar mais horas. As situações de subemprego registadas pelo INE e os casos de trabalho a tempo parcial representam, juntos, perto de 19% da população empregada.
REFERÊNCIAS:
Entidades IEFP
Produtores de fruta e Governo unem-se para impulsionar investigação científica
Produtos portugueses têm aroma, cor e sabor mas não há dados académicos que ajudem a fileira a promover melhor a fruta. (...)

Produtores de fruta e Governo unem-se para impulsionar investigação científica
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Produtos portugueses têm aroma, cor e sabor mas não há dados académicos que ajudem a fileira a promover melhor a fruta.
TEXTO: Têm aroma, sabor e cor, mas falta a verdade científica para ajudar a vender a fruta portuguesa a clientes estrangeiros e nacionais. Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, diz que o país irá assistir a um expressivo aumento da produção, graças à duplicação da área destinada a alguns tipos de fruta (como a maçã ou a pêra), mas não é cá, em Portugal, que as empresas do sector procuram e obtêm conhecimento científico sobre o produto, garante. “Toda a investigação devia ser feita em consonância com as empresas. É bom ter as universidades a estudar a diferenciação dos produtos portugueses para termos base científica que prove essa diferenciação e podermos mostrá-la aos clientes”, disse, à margem da primeira reunião que, nesta sexta-feira, se realizou no Ministério da Agricultura para discutir a criação de um centro de competência para esta fileira. O encontro juntou cerca de 13 empresas e produtores com Assunção Cristas e Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar. Manuel Évora sublinha que em três anos os produtores da Portugal Fresh aumentaram em 26% as exportações e isso “só é possível com fruta de qualidade”. Falta, agora, juntar as universidades no estudo das características específicas da produção nacional. Assunção Cristas, ministra da Agricultura espera que, até ao final do ano, seja possível ter esta estrutura a funcionar. Será semelhante ao centro de competências do sector do tomate, cujo protocolo foi assinado recentemente pelo ministério, a Associação dos Industriais do Tomate e a Confederação dos Agricultores de Portugal. No caso da fruta, a intenção também é juntar os organismos do Estado que já fazem investigação, as universidades e as empresas e “trabalhar num caderno de encargos para dar respostas essenciais e manter a dinâmica da fruticultura, reforçá-la e lançá-la para o futuro”, adiantou Assunção Cristas. Na prática, ajudar as empresas a melhorar a produção, a conservação e a comercialização dos seus produtos, através de uma relação estreita com o mundo científico nacional. “Trata-se de valorizar a fruta nacional. E explicar por exemplo, por que razão as laranjas do Algarve são melhores do que as de Espanha”, acrescenta a ministra. Depois deste primeiro encontro com os produtores, haverá novas reuniões com as câmaras municipais e as universidades. O Governo quer ainda “aproveitar o próximo quadro comunitário de apoio para obter financiamento”. O Ministério da Agricultura quer ainda alargar a criação dos centros de competência a outras fileiras, como leite, o azeite, as carnes e o mel e alinhar todas as entidades que, de alguma forma, intervêm em cada um destes sectores para partilhar conhecimento. Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação, lembra que o Estado tem um “conjunto de estruturas que necessitam de ser rentabilizadas e transformadas em [unidades de] investigação mais aplicada”. Tratam-se dos laboratórios tutelados pelo Ministério da Agricultura e do Mar que prestam, actualmente serviços ligados à investigação, saúde pública, segurança alimentar, sanidade animal e fitossanidade. O Governo já anunciou, aliás, a reestruturação e encerramento de alguns pólos. Nuno Vieira e Brito defende que a investigação “é um acto de parceria” e a sustentabilidade da agricultura “tem de ser conseguida através do conhecimento partilhado por todos”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo animal