A fábula de uma luta de classes que já acabou
A recordação dum país, a Itália, a recordação dum cinema que interpretou esse país: Feliz como Lázaro, de Alice Rohrwacher. (...)

A fábula de uma luta de classes que já acabou
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-13 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181013140819/http://publico.pt/1846734
SUMÁRIO: A recordação dum país, a Itália, a recordação dum cinema que interpretou esse país: Feliz como Lázaro, de Alice Rohrwacher.
TEXTO: É um mundo estranho, aquele para onde Feliz como Lázaro nos convoca. É a Itália, indubitavelmente, a Itália que se reconhece da realidade, e também a Itália que se reconhece de algumas memórias do cinema italiano, mas é como se sobre essa Itália Alice Rohrwacher lançasse um manto de fantasia e alegoria, e tudo se passasse num lugar à parte, criado pelo cinema e para o cinema, entre os contos de fadas clássicos (até um pouco Disney reflectido num espelho fosco, como a personagem da Marquesa interpretada por Nicoletta Braschi) e, por exemplo, as peculiares fábulas de Pasolini, como Passarinhos e Passarões (do protagonista Lázaro, a cargo do não-actor Adriano Tardioli, Rohrwacher extrai um tipo de ingenuidade vitalista que não fica longe de lembrar Ninetto Davoli). Mas é bem a Itália que se encontra no fim destes cruzamentos todos, e na parte final do filme, já na cidade, vemos mesmo alusões a um das questões candentes da cena política italiana contemporânea, a presença dos emigrantes africanos ou árabes. Seja o espectador, então, bem-vindo à aldeia de Inviolata (nome que é, como se costuma dizer, “todo um programa”), onde os habitantes, “operários e camponeses” (como no título do filme de Straub e Huillet), são mantidos num suave cativeiro, cortado do resto do país, pelos dotes “prestidigitadores” da Marquesa Alfonsina, que assim os mantém docilmente ao seu serviço. Depois, o filho dela, Tancredi, quer ir conhecer a cidade, e com a ajuda do cândido Lázaro congemina um plano de fuga – e aí começa a aventura. Realização: Alice Rohrwacher Actor(es): Adriano Tardiolo, Agnese Graziani, Luca Chikovani, Nicoletta BraschiQue é muito diferente de O País das Maravilhas, o precedente filme de Alice Rohrwacher, também a sua introdução ao público português. História de uma família, de evidentes inspirações autobiográficas, e já piscando o olho a um realismo mágico, o mundo de O País das Maravilhas dá lugar, em Feliz como Lázaro, a outra coisa. “Não gosto de ficar no que já tenho”, diz Alice ao telefone com o Ípsilon, “para mim o cinema como uma pesquisa contínua tem que se ir sempre um passo adiante rumo ao desconhecido”. Para ela, desde o princípio que o ponto fulcral passava pelo encontro entre a realidade e a fantasia, o realismo e o conto de fadas, e narra-nos o estímulo essencial da sua visão: “Perto de minha casa há um jardim público onde há uma escultura peculiar: uma casa, completamente realista, onde inclusive se pode entrar, mas que está suspensa na diagonal; é assim que penso no filme, um ‘conto social inclinado’, que é também uma maneira de desassossegar o espectador”. Se pensamos no realismo mágico da literatura, ou nas alegorias semi-fantasiosas no centro de muitos dos filmes em que Otar Iosseliani contou a história da Geórgia, pensamos também, obviamente, na rica tradição das “fábulas sociais” que encheram o cinema italiano, de de Sica a Pasolini. “Não há uma inspiração precisa”, diz, “mas há uma inspiração profunda”. Há um reconhecimento, o reflexo duma memória – “não pretendo deliberadamente inscrever-me numa tradição, mas fazendo essa tradição parte da minha memória, é óbvio que ela acaba por aparecer, como uma recordação”. Mas, precisa, é “a recordação dum país, a Itália, e a recordação dum cinema que interpretou esse país e dele construiu uma imagem que lhe sobrepôs”. Justamente, a Itália, e a Itália contemporânea. Na violência discreta mas intrínseca (ou simbólica), nas alusões à organização social, aos fenómenos da imigração, Feliz como Lázaro favorece uma aproximação à actualidade, sempre em espelho distorcido. Quando Alice escreveu o argumento, há dois anos, ainda não havia Salvini no governo mas agressividade social (mormente face à imigração) já se verificava. “Foi por isso que quis centrar o filme na migração doméstica, algo que sempre aconteceu em grande escala na Itália, e é um fenómeno que a Marquesa, que personifica uma espécie de ‘grande enganadora’, esconde do seu povo”. “É um filme”, continua, “sobre as prisões que existem hoje, prisões mentais, não evidentes, como o rio que os camponeses têm medo de cruzar, e um filme que tenta reagir contra ‘o medo do outro’, que está na raiz da violência total e assustadora que verificamos hoje em Itália”. Há qualquer coisa na Marquesa, na sua “prestidigitação” vulgar e barata, que lembra a televisão – esse velho tema que assombra o cinema italiano desde os anos 70 (quando apareceram as cadeias privadas de Berlusconi), tão bem estampado nos últimos Fellinis, em quase todo o Moretti, em muito do Bellocchio. Mesmo em O País das Maravilhas havia essa presença, nefasta, da televisão. De modo que perguntamos directamente: a Marquesa é a televisão? Alice também responde directamente: “sim, representa uma posição que na realidade é desempenhada pela televisão”. É o engano, a manutenção dum statu quo, mas também a legitimação dos sentimentos, como se “o único drama legítimo” fosse o “drama da burguesia”. A televisão italiana, diz, “não existe para legitimar os sentimentos dramáticos dos camponeses, existe para os fazer espectadores dos dramas da burguesia”. E dá um exemplo de uma cena do filme em que pensou em expor isto visualmente: “a cena em que a filha de Nicola foge, com gestos e gritos muito dramáticos, a que os camponeses assistem como se estivessem a ver televisão”. São os camponeses prostrados perante a única dramaturgia aceitável, a da burguesia. O que dá, finalmente, um retrato de uma Itália bastante feudal. É nesse feudalismo que Alice reconhece, ainda hoje, o seu país? “Sim, estou convencida de que sim. Quer dizer, a luta de classes já acabou, e acabou porque alguém a ganhou – foram as Marquesas”. E a luta foi ganha, continua, “pela neutralização do próprio espírito de classe, pela desactivação de qualquer aspiração colectiva, trocadas por um amontoado de aspirações individuais”. Frisa que, no filme, mesmo as personagens mais simpáticas à câmara (Lázaro, Tancredi) agem em nome e interesse próprio, não há altruísmo: “Lázaro não vai ao banco buscar dinheiro para as pessoas que precisam dele, Tancredi chora por si, não pelos outros”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De algum modo, todo este risco de sobrecarga simbólica entra em diálogo com a constante oscilação do tom do filme – do real para a fantasia e vice-versa, do humor para a gravidade e em caminho contrário. “É como ser um funâmbulo”, diz Alice, “andar sobre um fio correndo o risco de cair”. Inclusive, o risco de cair no ridículo. É assim que concebe o seu métier: “Queria voluntariamente chegar a um ponto de contacto com o ridículo, mas parar um passo antes; aliás, com o trágico também, chegar lá perto mas ficar a um passo”. Foi a ideia que a guiou, e que partilhou com a equipa com os actores. Os actores, que configuram outro encontro, na coexistência de profissionais e amadores sem experiência prévia. “A luta do cinema”, diz Alice, é sempre “feita de encontros perigosos e difíceis”. Entre o argumento e a sua transfiguração pela mise en scène, mas também “entre pessoas muito diferentes, no perfil e na experiência”, que é o que gosta de fazer acontecer quando junta profissionais a não-actores. Nem Adriano Tardioli (que encontrou na escola técnica, e foi difícil de convencer a trabalhar no filme) nem Luca Chikovani (que, conta Alice, é uma “estrela do YouTube italiano, estava habituado a dirigir-se a si próprio mas totalmente inexperiente na posição de ser dirigido por outrem”) possuíam qualquer experiência prévia. Pelos seus rostos e pelas suas presenças passa também muita da estranheza deste filme e deste mundo, desta dramaturgia alegórica que corre alegremente, e corajosamente, o risco de “cair” – um risco que, valha a verdade, não se vê com muita frequência.
REFERÊNCIAS:
Os populismos do nosso tempo
Infelizmente, há mais confusão do que certezas sobre a natureza do fenómeno a que chamamos populismo. (...)

Os populismos do nosso tempo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Infelizmente, há mais confusão do que certezas sobre a natureza do fenómeno a que chamamos populismo.
TEXTO: Não há dia que passe sem que ouçamos a palavra “populista”. Trump é “populista”. Os "coletes amarelos" em Paris são “populistas”. O "Brexit" só podia ter existido em resultado de uma campanha de desinformação “populista”. É verdade que existe hoje um mal-estar na democracia que não existia há poucos anos atrás. Mas se queremos perceber as causas do que se está a passar diante dos nossos olhos em Paris, Washington, Brasília ou Manila, temos que começar por fazer luz sobre a natureza do fenómeno a que chamamos populismo. Infelizmente, há mais confusão do que certezas neste momento. Há dias, o jornal Guardian avançava com a seguinte definição: “Um partido é considerado populista se apresenta a vida política como uma luta entre uma massa de cidadãos virtuosos e uma elite mal-intencionada e venal. Os partidos populistas, obviamente, assumem-se como representantes do bem ('nós', 'o cidadão comum') contra o mal ('eles', 'as elites'). "Uma definição mais vaga era difícil. Este mínimo denominador comum populista é insuficiente, e aumenta a confusão. Não explica, por exemplo, se os “populistas” são os políticos que usam a oposição entre “nós” e “eles”, se os eleitores que neles votam, ou se ambos. Daqui à vilipendiação daqueles que insistem em votar de forma “errada” (os “deploráveis” de Hillary Clinton) é um pequeno passo. A falta de precisão e clareza pode levar a que se ignorem as causas do atual descontentamento com as nossas democracias. Na realidade, se continuarmos a ignorar a natureza do fenómeno político mais importante do nosso tempo, o mais provável é que acabemos por agravar os problemas que lhe deram origem. A única alternativa realista é tentar compreender porque é que as pessoas insistem em protestar e votar nos candidatos “errados” ou “perigosos”. Para isso, é necessário perceber a natureza do populismo. O populismo não é uma cor partidária, como a ideologia. Dizer-se que “o partido A é populista” ou que “o partido B não é populista” é um erro, tal como é espúrio contar o número de vezes que o político C usa a palavra “povo”. O populismo é uma forma de fazer política. Significa isto que todos os partidos e políticos, de A a Z, podem comportar-se de forma populista, dependendo das circunstâncias. E quanto melhor percebermos como o populismo funciona, melhor perceberemos as suas causas e se devemos estar preocupados. Um político age de forma populista se falar às emoções e aos interesses de um eleitorado que se sinta, por exemplo, indignado com a crescente desigualdade de distribuição de rendimentos. É injusto que assim seja, e basta que alguém o diga com todas as letras para levar as pessoas que se sentem injustiçadas a sair de casa para votar ou protestar. Mas a lógica populista não acaba aqui. Se acabasse, nada distinguiria populismo de movimentos como o Black Lives Matter e a sua justa indignação contra o racismo. O populismo nasce daqui, mas só se desenvolve quando se decide apontar as responsabilidades por esta situação a um certo grupo. Quem este grupo é ao certo não interessa. O que importa é assacar a responsabilidade, quando não mesmo a culpa, quer seja à caravana de emigrantes ou à elite capitalista, pelos problemas reais que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia. Os “emigrantes” ou os “ricos” são alvos fáceis porque ambos podem ser vistos como rivais na procura de emprego, no acesso à saúde, ou no aumento do rendimento: é porque “eles” ficam com tudo e não sobra nada que “nós” estamos a passar mal. É neste ponto que o populismo ameaça a democracia. Se nos opormos a “eles” se torna mais importante do que sabermos o que “nós” queremos vir a ser, a cooperação e o compromisso tornam-se muito difíceis, se não mesmo impossíveis. Paradoxalmente, é exatamente aqui que reside a virtude do populismo. Democratas e populistas falam a mesma linguagem. Ser-se democrata é falar e agir em nome do “povo”. É igualmente em nome do povo, um novo povo a construir a partir do cumprimento das promessas democráticas de igualdade e respeito próprio, que um político age de forma populista. Nem uns nem outros são saudosistas. Ambos falam ao futuro. Mas se os democratas aceita projetos coletivos a médio e longo prazo, à luz dos quais tornam aceitáveis sacrifícios “aqui e agora”, os populistas propõem-se cumprir as promessas democráticas num futuro imediato, com fórmulas simplistas quando não demagógicas. Isto sucede porque a indignação, o desespero, por vezes mesmo a inveja, alimentam-se de circunstâncias reais da vida de todos os dias. Este sofrimento vive no presente, não nas memórias de erros passados ou oportunidades perdidas; promessas a longo-prazo, sobretudo as tecnicamente muito complexas, são vistas com desconfiança. É “aqui e agora” que se tem que pôr termo a este sofrimento imerecido. É por isto que o populismo é um barómetro da saúde da democracia e, simultaneamente, um dos seus mais perigosos inimigos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Até por esta relação ambivalente que o populismo tem com a democracia é fundamental tentar compreender melhor como funciona. Podemos começar precisamente por evitar perguntar se há partidos populistas entre nós – uma pergunta não só errada, como estéril – e tentar perceber antes em que circunstâncias certos partidos, movimentos ou políticos tentam conquistar votos convencendo os seus eleitores de que os problemas que estes enfrentam se devem a outro grupo de eleitores – e não à ação de quem os governa ou representa. O facto desta lógica populista de fazer política ser feita, por norma, em nome de um novo Portugal “mais moderno”, “mais justo” e “mais solidário” torna a destrinça entre populismo e democracia muito difícil. Mas confundi-los acarreta custos elevados. Continuar a ignorar o sofrimento imerecido da maioria da população, em particular os mais desfavorecidos e sem voz. Continuar à procura de “partidos populistas”, à medida que no nosso sistema político a forma populista de ganhar votos se reforça sem que alguém se pareça dar conta. Continuar a minar a confiança em projetos coletivos com fôlego e rasgo, quase sempre postos de lado entre nós em favor de remendos habilidosos só porque se atenta nos custos político-financeiros a curto prazo e se desvaloriza os seus benefícios a longo prazo. Não será que estas razões bastam para começarmos um debate sério sobre os populismos do nosso tempo?O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave racismo igualdade
Esta América não é um filme
Num momento em que os EUA se fecham sobre si, os Encontros de Fotografia de Arles provocam a reflexão com o ciclo America great again! À boleia dos 60 anos da publicação do poema visual The Americans, de Robert Frank, cinco exposições de autores “estrangeiros” ensaiam o que pode ser toda a América (...)

Esta América não é um filme
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Num momento em que os EUA se fecham sobre si, os Encontros de Fotografia de Arles provocam a reflexão com o ciclo America great again! À boleia dos 60 anos da publicação do poema visual The Americans, de Robert Frank, cinco exposições de autores “estrangeiros” ensaiam o que pode ser toda a América
TEXTO: A imagem vem de um dos “melhores capítulos” de Moby Dick, de Herman Melville, e foi dada por Paul Graham ao Libération como metáfora sobre o que é estar na América, como ele está desde 2002. Dentro da barriga da besta refere-se ao sentimento de ter sido engolido por um “ser” tão indizível quanto indomável, uma “entidade” tão mastodôntica quanto complexa; um cosmos e um caos que se movimentam num labirinto sem centro, para usar outra imagem, desta vez do escritor Jorge Luis Borges para definir a tensão irresolúvel e em crescendo que percorre “página a página” Moby Dick, mas que aqui também se pode colar à marcha errática de um país enleado nos seus medos, esbracejante, desnorteado. Formatado pelo fotojornalismo humanista da Europa, quando Raymond Depardon chega ao EUA, no final dos anos 60, descobre uma abordagem à fotografia mais instintiva. Deslumbra-se com o trabalho de Gary Winogrand, Lee Friedlander, Leon Levinstein e Harry Callahan e começa a seguir-lhes as pisadas, da Costa Leste à Costa OesteA brancura da baleia que no tal capítulo aterrorizava Ismael, o narrador da obra-prima de Melville, é também o título da trilogia que o artista inglês apresenta este ano nos Encontros de Arles, naquela que é uma das melhores exposições do festival, um vislumbre sereno sobre as profundas contradições que marcam o quotidiano das muitas Américas que co-existem, tantas vezes lado a lado, sem nunca se cruzarem. São Américas dentro de uma América que nas fotografias de Graham parece um lugar cada vez mais alienado, um mundo ligado por uma teia de referências frugais, de reflexos condicionados e mensagens subliminares – os dog whistle do jargão inglês, como o já célebre e ainda fresco Make America great again!, de que os Encontros se apoderaram para uma pequena provocação, subtraindo-lhe o “make”. A ironia é fina, mas está lá. Sem o verbo, a carga propagandística arrebanhadora do slogan fica enfraquecida e quem ganha é a ambiguidade. Embora exista também grandiloquência, símbolos de poder e algo que lembra o american way of life como um produto de sucesso, a grande maioria das imagens das cinco exposições alinhadas no ciclo America great again! mostra o lado B do país, as margens, os pequenos nadas e, sobretudo, os desequilíbrios sociais e a discriminação — entre outras, a racial — como fonte permanente de tensão, um estado de nervos colectivo. Embora abarcando um arco de seis décadas, estes cinco olhares podem ser entendidos também como um diagnóstico actualizado tanto das feridas que estão por sarar, como daquelas que, entretanto, foram sendo abertas. À boleia dos 60 anos da publicação do seminal The Americans (Delpire, 1958), de Robert Frank (Zurique, 1924), o director artístico dos Encontros, Sam Stourdzé, meteu no carro mais quatro viajantes com olhares “estrangeiros” sobre o país, Raymond Depardon, Paul Graham, Taysir Batniji, Laura Henno, num critério que não deixa de ter uma carga provocadora face a tudo o que tem sido o discurso anti-imigração da presidência de Donald Trump. É uma escolha tão diversificada quanto certeira, na medida em que convoca alguns dos olhares mais familiares da imagética ligada aos EUA (Frank, Depardon); como outros menos conhecidos, mas igualmente empenhados nas profundezas (Graham); ou ainda os que, mais recentemente, se dedicaram a investigar a singularidade de certas comunidades (Batniji, Henno). Os ingredientes deste caldeirão formam um retrato denso e informado, um panorama que nos demonstra como são fundamentais os olhares dos outros sobre nós. Quando Taysir Batniji chegou à América para reencontrar primos que não via há décadas, as famílias que encontrou tinham incorporado outras nacionalidades e origens que não a da sua família palestiniana. Ainda assim, descobriu que muitos rituais e símbolos continuam a apelar às origensQualquer país, espaço ou comunidade precisa do confronto com a imagem que dela fazem os que chegam de fora. E se houver disponibilidade para um olhar sobre si pelos olhos dos outros, é muito provável que se descubram os pormenores mais profundos, os traços menos óbvios, os sinais mais mitigados, “ainda que esse olhar possa devolver coisas que queremos esquecer, ou o que ficou gravado no lado sombrio da memória”. “Muitas vezes os visitantes reflectem a imagem que nos esforçamos por construir, o atavismo mais enraizado. Outras vezes, no entanto, conseguem que a idiossincrasia do seu olhar revele o que, pela proximidade, não vemos. ” (Delfim Sardo)Sam Stourdzé não esconde a alfinetada: “Neste período de retrocesso [nos EUA], convém mostrar que os estrangeiros também ajudaram a moldar a imagem do país. ” A sequência de exposições America great again! é reveladora de uma postura atenta e activa da liderança artística de Stourdzé que nos últimos anos tem sabido olhar para o desenrolar dos acontecimentos mais imediatos de uma forma crítica, propondo pela via da imagem fotográfica pistas para descodificar e melhor compreender os dias que correm. O sentimento de ambiguidade em que se move alguém que muda de um país para outro, ou mais simplesmente a condição de estrangeiro num lugar que se habita, terão sido parte do combustível para a determinação e curiosidade sem preconceitos com que Robert Frank partiu para retratar a América e os americanos. Quis descobrir “como eles vivem no presente”, o “seu quotidiano e os seus domingos, o seu pragmatismo e os seus sonhos, a aparência das cidades, vilas e estradas”, desejos que de tão simples, e depois de termos visto toda a sensibilidade poética que passou para The Americans, ressoa hoje desconcertante. Em Home Improvements (1985, espécie de confessionário filmado sobre os momentos mais marcantes da sua vida), Frank observou que, nesse tempo, “olhando de fora, tentava olhar para dentro – tentava dizer algo que fosse verdade”, postura que coincide com a arrumação do célebre fotolivro como tendo sido realizado por um “verdadeiro estranho”, isto num país que percorreu de uma ponta à outra, entre 1955 e 1956. Certo é que esse entendimento que por vezes é acenado como uma bandeira para afirmar posicionamentos políticos mais eufóricos ou para servir interesses como os que a Suíça (de onde Frank é originário) tem nos Encontros de Arles (para além da França, é um dos países mais representados ano após ano) tem sido posto em causa. Por exemplo por Sarah Greennough, curadora de fotografia da National Gallery of Art, Washington, que, por ocasião do 50. º aniversário de The Americans sustentou que nos EUA “Frank era simultaneamente um estrangeiro e um não-estrangeiro, privado do seu tempo e da sua cultura, mas a mesmo tempo parte dela”. Mais: para Greennough, a obra-prima de Frank é o resultado “de uma fusão da Europa e da América”, especificamente das vanguardas artísticas do pós-guerra que foram surgindo dos dois lados do Atlântico (existencialismo, expressionismo abstracto, literatura beat, pop art…). Para Martin Gasser, comissário de Sidelines, esta imagem “simboliza toda a história do país: o contraste entre os miúdos que brincam e, pousado magicamente nas costas do rapaz, este quadro de George Washington, um dos pais fundadores, que surge centrado na composição, como se fosse o coração da América”Se hoje se olha para Robert Frank dos anos 1950 afinal como “um americano”, à época da publicação de The Americans as críticas foram ferozes e vieram alimentadas pela raiva de ver um “estrangeiro” a mostrar imagens de “ódio e desespero”. Ou seja, aquilo que, na verdade, nunca fora mostrado de uma forma tão funda e intuitiva. Robert Frank rasgou as cortinas que tapavam um país que muitos sabiam que existia, mas que poucos conheciam, revelou uma cultura profundamente crivada pelo racismo, alienação e isolamento, onde pontuavam políticos messiânicos e profetas do consumismo e da fé, nacionalismo, falsa piedade e corrupção política. Ao mesmo tempo, Frank quis também transmitir-nos o seu encantamento pela superfície brilhante de uma jukebox ou a sua emoção perante a beleza de uma cadeira solitária numa barbearia fechada. Uma poética do quotidiano que não aplacou críticos como Bruce Downes: “Frank é um mentiroso, perversamente celebrando a miséria que perpetuamente procura e obstinado cria. ”Para lá do incómodo com o lado sombrio e decadente do “sonho americano”, o livro enfureceu também os puritanos que não gostaram de ver debaixo do título The Americans negros, índios e marginalizados. O que se pode ver em Arles em Sidelines, exposição comissariada pelo suíço Martin Gasser, é muito do percurso fotográfico de Robert Frank até chegar a The Americans, livro-farol que “não foi fruto de um súbito golpe de génio", mas, sim, de “uma sólida formação ao lado de fotógrafos extraordinários [entre outros, Gotthard Schuh e Jakob Tuggener], depois de um enorme trabalho e também de muita intuição e perseverança”. Na primeira parte, os passos iniciais na procura de uma forma de exprimir “verdades subjectivas”, seguindo-se uma vasta selecção de fotografias mais poéticas que Frank tirou por toda a Europa antes da sua primeira estadia em Nova Iorque (1947), e que deixaria plasmadas na maquete de Black White and Things (1952), que como Peru (1949), também em maquete, constituem a génese da mestria da mise en page de Frank, uma construção ritmada, interligada, por vezes dissonante, outras harmoniosa. No meio das salas, as muitas provas de contacto que deram origem ao livro permitem apreciar as escolhas do artista, numa espécie de espreitadela por cima do ombro. Na segunda parte, há muitas imagens até agora desconhecidas do grande público, que foram realizadas na primeira metade dos anos 1950 e que são agora colocadas no seu contexto original, entre uma selecção de algumas das fotografias mais célebres de The Americans, que mais do que um documento literal da América, pode ser lido como uma ode ou um poema. Entre todas as exposições de America great again! a que nos dá o olhar mais deslumbrado e embevecido pelo país é Depardon USA, 1968-1999, que reúne pela primeira vez o corpo de trabalho que o francês Raymond Depardon (Villefranche-sur-saône, 1942) realizou nas inúmeras viagens e estadias no país. A relação traçada no espaço Van Gogh começa com a cobertura da Convenção Nacional Democrata e de uma manifestação contra a Guerra da Vietname em Illinois, Chicago, em 1968, quando o fotojornalismo ainda mantinha a sua força no panorama mediático, e prolonga-se até 1999, quando Depardon decide dar uma guinada na sua abordagem fotográfica assumindo a errância como parceiro de viagem. Num campo criativo distante do de Depardon, o inglês Paul Graham (Stafford, 1956) – “um farol na fotografia contemporânea” – propõe uma abordagem entre o documentalismo e o conceptualismo para uma aproximação aparentemente tímida a um território por onde deambula uma sociedade entre o individualista, o anestesiado e o alheado. Do tríptico informal La Blancheur de la Balene fazem parte American Night (1998-2002), a shimer of possibility (2004-2006) e The Present (2009-2011), onde se aborda a injustiça social e racial, a textura do quotidiano, a natureza da visão, da percepção e da própria fotografia enquanto suporte criativo. “Alguém me disse um dia que, de certa maneira, uma fotografia isolada é uma declaração, e que duas fotografias tornam-se uma questão. A segunda proposta interessa-me muito mais”. Na série The Present, Paul Graham tenta desconstruir o tempo associado à imagem fotográfica captando uma cena e imediatamente depois o seu duploO palestiniano Taysir Batniji (1996), a viver em França depois de, em 2006, lhe ter sido negado o regresso à Faixa de Gaza, onde nasceu e cresceu, apresenta Gaza to America, Home Away from Home, retrato da vida de sucesso de seis primos que se instalaram nos EUA durante os anos 60. É uma das (boas) surpresas destes Encontros, um trabalho profundo e sensível que, através do vídeo, da fotografia e do desenho, analisa o desenraizamento, a construção de identidade, o sentimento de pertença, a memória, a impermanência, a nostalgia e a itinerância. Em paralelo a esta exposição, pode ver-se ainda uma retrospectiva selectiva da sua obra, realizada entre 1999 e 2012, onde o conflito israelo-palestiniano reclama boa parte das séries apresentadas. Maryann e Jack-Jack são banhados por uma luz que mal deixa abrir os olhos no meio de um descampado de Slab City. São duas das cerca de 300 almas que habitam um antigo campo militar em pleno deserto californianoSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A luz dourada da hora mágica marca as imagens da francesa Laura Henno (Croix, 1976) em Redemption, dando-lhes uma estranha sensação de conforto e até de algum romantismo. Mas quanto mais se fica a olhar para estes retratos de gente que se entregou a uma vivência árida e desprotegida, mais essa luz cintilante mingua e se transforma em cores pálidas, espelho, aliás, do ar resignado com que algumas das cerca de 300 pessoas deambulam por Slab City, a cidade perdida no coração do deserto da Califórnia, emblema de uma América reduzida a um lendário acampamento de marginalizados. Inspirada pelo documentário Below Sea Level (2008), do italiano Gianfranco Rosi, Henno passou dois meses de 2017 a viver numa caravana em Slab City, onde observou esta comunidade que parece decidida a contrariar clichés condenatórios e a lutar por um futuro melhor, enquanto líderes como o pastor evangélico Dave vai prometendo a redenção nas récitas pronunciadas num templo de materiais esvoaçantes e esfarrapados. Para além da luz quente que vai arrefecendo, à medida que percorremos estas imagens temos a sensação de estar perante figurantes, personagens de filmes de aventuras como Mad Max. Até que vemos crianças descalças no cascalho, olhar perdido e com feridas no nariz. A América – esta América – não é um filme. É verdade.
REFERÊNCIAS:
A batalha pela globalização
Macron merece uma vitória clara nas urnas. A França, a União Europeia e também Portugal ficarão mais bem servidos. (...)

A batalha pela globalização
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170511073519/https://www.publico.pt/n1771260
SUMÁRIO: Macron merece uma vitória clara nas urnas. A França, a União Europeia e também Portugal ficarão mais bem servidos.
TEXTO: Já todos sabemos que a França está dividida em duas. Hoje é dia de saber qual é o tamanho das facções. Como de um lado está Le Pen, seria fácil antecipar uma leitura entre racistas e humanistas. Mas o problema é bem mais complexo, porque quem hoje se revê nas propostas populistas de Le Pen só o faz porque ou é ou se sente como perdedor neste modelo globalizante de que a União Europeia é um dos principais representantes. Por isso é que a batalha eleitoral deste domingo em França deve ser vista como o mais importante capítulo na luta pelo futuro das sociedades abertas. O modelo europeu no qual se investiu durante toda a segunda metade do século XX — e que tanto ajudou Portugal — funcionou enquanto a economia ajudou. A crise do euro deixou à mostra as fragilidades de um sistema que tem fortes debilidades de representação democrática e ainda maior incapacidade de resposta a quem não está preparado para as exigências do modelo social e económico liberal. Os descontentes foram durante anos acolhidos pelas várias esquerdas, que tratava de os manter dentro do sistema. Acontece que a deriva liberal iniciada por Tony Blair e seguida como cartilha por quase todas as esquerdas europeias abriu um fosso de falta de representação a quem ficou nas margens do sistema. E a crise económica e financeira aumentou as fileiras dos descontentes que, sem acolhimento pelos actores tradicionais, foram à procura de respostas nas franjas do sistema. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Encontraram-nas nos movimentos populistas, os mesmos que nos deixam a engolir em seco de cada vez que há uma eleição num país ocidental. Esses aproveitaram para crescer, dinamitando a esquerda tradicional — como se viu em França, em Espanha, em Itália e se verá em Inglaterra daqui a um mês. As causas são comuns e os eleitores de Le Pen são os mesmos de Mélenchon em França, mas também do Podemos em Espanha e do Bloco em Portugal — o que, aliás, explica as recusas de todos em declarar apoio a Macron e a semelhança do discurso ideológico contra a União Europeia. França não vive uma situação muito diferente da da maioria dos países europeus. Mas tem algumas particularidades que contribuem para que sirva de exemplo neste conflito entre defensores e críticos da globalização. Em França, em grande medida, a integração dos imigrantes está por fazer. A crise identitária, que é mais cultural que económica, também é pesada. E a longevidade da Frente Nacional também a torna mais credível. É neste contexto que se joga esta eleição entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen. Macron pode ser fraco, mas é o líder dos defensores da sociedade aberta, e por isso merece um apoio declarado e entusiástico. Merece também uma vitória clara nas urnas. A França, a União Europeia e também Portugal ficarão mais bem servidos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social
Duas centenas de mortos em naufrágio ao largo do Sudão
Perto de 200 pessoas morreram afogadas depois de a embarcação que os transportava do Sudão para a Arábia Saudita se incendiou em pleno mar, nesta terça-feira. (...)

Duas centenas de mortos em naufrágio ao largo do Sudão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2011-07-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Perto de 200 pessoas morreram afogadas depois de a embarcação que os transportava do Sudão para a Arábia Saudita se incendiou em pleno mar, nesta terça-feira.
TEXTO: Segundo a agência sudanesa SMC, que cita fontes oficiais, a embarcação transportava 200 imigrantes ilegais oriundos de países vizinhos, tendo naufragado no mar Vermelho, ainda em águas territoriais sudanesas. Apenas três ocupantes terão sobrevivido. Contactado pela AFP, um porta-voz da polícia sudanesa recusou-se a comentar o balanço, adiantando não ter ainda todos os pormenores do incidente. Confirmou, contudo, que o barco saiu do porto de Tokar, 150 quilómetros a sul de Port Sudan e já perto da Eritreia. Quatro iemenitas, suspeitos de ser proprietários da embarcação, terão sido entretanto detidos. As autoridades sudanesas adiantam ainda que um outro barco, com 247 pessoas a bordo – sobretudo da Somália, Eritreia e Chade – tentou sair da mesma região, mas foi interceptado pela polícia.
REFERÊNCIAS:
Cidades Porto
Governo não avança com novas PPP na Saúde
O Governo não vai avançar com novas parcerias público-privadas (PPP) na área da Saúde e vai reavaliar as existentes, assegurou hoje o ministro da tutela. (...)

Governo não avança com novas PPP na Saúde
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2011-08-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Governo não vai avançar com novas parcerias público-privadas (PPP) na área da Saúde e vai reavaliar as existentes, assegurou hoje o ministro da tutela.
TEXTO: Os planos do executivo para a saúde no âmbito das PPP são “reavaliá-las e, para já, não pensar em novas”, afirmou Paulo Macedo, durante uma visita ao Hospital Amadora-Sintra, que foi o primeiro hospital público com gestão privada e também o primeiro com gestão privada a ser devolvido ao público, em 2009. “Para já, estamos concentrados em aumentar a eficiência do SNS [Serviço Nacional de Saúde], em trabalhar com profissionais de saúde para ver como é que, com a redução de custos, podemos manter o essencial que é servir estas pessoas todas”, acrescentou o ministro, referindo-se aos utentes do hospital. A visita teve uma passagem pelas urgências, que não constava do programa oficial, mas que o ministro acabou por considerar proveitosa. “As reduções de custos são importantes, mas estão sempre subjacentes e relegadas ao serviço que temos de fazer, e acho que foi bom exemplo esta visita não programada à urgência, para podermos ver o tipo de necessidades que temos e estas pessoas que temos de servir”, afirmou. Como explicou, a visita ao Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) insere-se num conjunto de visitas a unidades saúde que o ministro tem efetuado para se inteirar da sua realidade, de como estão as urgências, quais as características específicas de cada unidade e das suas populações. No caso do Amadora-Sintra, Paulo Macedo reconheceu que este hospital tem características específicas da população que serve, uma população emigrante bastante significativa e pontualmente com um nível socioeconómico bastante baixo e com necessidade de respostas diferenciadas. De acordo com a directora clínica, Teresa Maia, o Hospital Amadora Sintra recebe pessoas de 101 países, com destaque para os africanos de língua portuguesa Cabo Verde, Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Trata-se da unidade hospitalar com maior taxa de mortalidade infantil, o que a médica justifica com características de saúde dos emigrantes, com maior prevalência de VIH/Sida e com uma grande afluência de jovens – uma “problemática emergente”. É também um dos hospitais que mais sinalizam crianças vítimas de negligência e maus-tratos, e tem a característica de disponibilizar uma consulta conjunta de droga e toxicodependência, tuberculose e VIH. “Há aqui o que não há noutros sítios. As características da população condicionam toda a actividade clínica”, afirmou Teresa Maia, durante uma apresentação ao ministro, exemplificando com casos de doenças raras que passam pelo hospital, com a elevada percentagem de alto risco de vírus do papiloma humano (HPV), que causa o cancro do colo do útero, e com uma população extremamente envelhecida e com problemas socioeconómicos graves. Esta foi, de resto, uma das conclusões que o ministro da Saúde retirou da visita: “O hospital está virado para esta população, virou as urgências para estas patologias que tem aqui, especificidades claras”. Paulo Macedo deu conta ainda da “integração” que o hospital faz da comunidade, designadamente a ligação aos ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) e mediadores culturais. Quanto a planos para a futura gestão do hospital, o ministro garantiu que será “para manter o actual modelo”. “Não temos outros planos para este hospital. Mas as opiniões que obtive foram de que o hospital beneficiou da anterior gestão [privada], pelo menos em termos de práticas, não vou comentar em termos financeiros”, disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade maus-tratos emigrante infantil
Segundo crime violento este ano contra comunidade portuguesa na África do Sul
O assassínio dos três membros de uma família de origem portuguesa em Joanesburgo é o segundo episódio este ano de criminalidade violenta contra a comunidade na África do Sul, mas o número de homicídios tem diminuído nos últimos anos. (...)

Segundo crime violento este ano contra comunidade portuguesa na África do Sul
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2011-10-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: O assassínio dos três membros de uma família de origem portuguesa em Joanesburgo é o segundo episódio este ano de criminalidade violenta contra a comunidade na África do Sul, mas o número de homicídios tem diminuído nos últimos anos.
TEXTO: No domingo passado, um empresário luso-descendente, a sua mulher, sul-africana, e um filho menor de 13 anos, foram mortos a tiro durante um assalto à sua casa no bairro de Walkerville, no sul de Joanesburgo, depois de o homicida ter violado a mulher. O suspeito do homicídio, de 20 anos, filho de uma empregada doméstica das vítimas, foi detido hoje e as autoridades sul-africanas já anunciaram que vão acusá-lo formalmente em tribunal pela autoria dos crimes de homicídio, violação, furto de viatura e de outras propriedades das vítimas. A 17 de Setembro passado, um comerciante oriundo da ilha da Madeira foi morto à facada durante um assalto ao seu estabelecimento na localidade de Kendal, na província sul-africana de Mpumalanga. O madeirense, de 48 anos de idade, pai de duas filhas, de 23 e 25 anos de idade, foi morto por um grupo de assaltantes que se puseram em fuga depois de furtarem todo o dinheiro que tinha em seu poder. Os assassinos ainda não foram presos. Depois das cifras negras de morte de portugueses e luso-descendentes, que ascendem a cerca de 400 desde 1994, nos últimos anos estes episódios violentos diminuíram drasticamente, segundo dados oficiais. A 08 de Setembro, dia em que o Governo sul-africano divulgou novas estatísticas que revelam uma redução significativa na maioria dos crimes graves, nomeadamente nos homicídios, que caíram 6, 5 por cento no ultimo ano, o cônsul-geral português, Carlos Marques, disse que no último ano a que os dados se referem, também o número de portugueses assassinados diminuiu. Segundo dados recolhidos pelo consulado-geral, revelados à Agência Lusa, entre Abril de 2010 e Março de 2011 foram mortos quatro portugueses ou luso-descendentes, contra seis que tinham sido vitimados mortalmente entre Abril de 2009 e Março de 2010. Entre Abril de 2007 e Março de 2008 foram assassinados cinco portugueses, tantos quantos entre Abril de 2008 e Março de 2009. Em 2006, registaram-se 13 homicídios na comunidade portuguesa e 16 em 2005. Para o cônsul-geral, vários factores contribuíram nos últimos anos para a redução de vítimas da criminalidade violenta no seio da comunidade portuguesa, mas a maior visibilidade policial e o aumento dos recursos disponibilizados pelo Governo foram, na sua opinião, os mais importantes. Em pouco mais de uma década a seguir ao desmantelamento do regime do apartheid e à tomada de posse do primeiro Governo democraticamente eleito da história sul-africana, em 1994, cerca de 400 portugueses e luso-descendentes foram assassinados. Especialistas que acompanham este fenómeno consideram que este tipo de criminalidade violenta não é dirigido especificamente à comunidade portuguesa, mas os emigrantes lusos tornam-se alvo dos criminosos por serem pessoas com negócios montados e terem dinheiro disponível. A assinalar a morte dos compatriotas, a comunidade portuguesa erigiu na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no subúrbio de Brentwood Park, um monumento às vítimas, com mais de 400 nomes e fotografias.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Cronologia dos principais acidentes marítimos desde o Titanic
O naufrágio do cruzeiro Costa Concordia traz à liça a memória de outros acidentes marítimos de grande envergadura, começando pelo próprio Titanic, que se afundou nas gélidas águas do Atlântico norte durante a sua viagem inaugural, há precisamente 100 anos. Eis uma cronologia dos principais acidentes marítimos deste então, compilada pela Reuters. (...)

Cronologia dos principais acidentes marítimos desde o Titanic
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.062
DATA: 2012-01-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O naufrágio do cruzeiro Costa Concordia traz à liça a memória de outros acidentes marítimos de grande envergadura, começando pelo próprio Titanic, que se afundou nas gélidas águas do Atlântico norte durante a sua viagem inaugural, há precisamente 100 anos. Eis uma cronologia dos principais acidentes marítimos deste então, compilada pela Reuters.
TEXTO: 29 de Maio de 1914: Pelo menos 1012 pessoas morreram no naufrágio do cruzeiro The Empress of Ireland, após este ter colidido com uma embarcação norueguesa ao largo do Canadá. Levava 1057 passageiros a bordo e mais 420 membros da tripulação. 25 de Outubro de 1927: O luxuoso cruzeiro italiano Principessa Mafalda dirigia-se para o Rio de Janeiro a partir de Cabo Verde quando o navio pegou fogo, com 971 passageiros e 288 membros da tripulação a bordo. Mais de 300 pessoas morreram, muitas da quais eram emigrantes italianos. 31 de Janeiro de 1953: O navio Princess Victoria afundou-se no Canal do Norte (entre a Escócia e a Irlanda do Norte) durante uma forte tempestade. Cerca de 130 pessoas perderam a vida. 29 de Outubro de 1955: O Novorossiysk, da Marinha russa, explodiu e depois afundou-se, tendo originado a morte de 609 pessoas. 25 de Julho de 1956: os navios Stockholm (sueco-americano) e Andrea Doria (italiano) colidiram ao largo de Nantucket Island, nos EUA. O primeiro navio perdeu cinco membros da sua tripulação, ao passo que o segundo perdeu 45 passageiros, dos 1134 que seguiam a bordo. 22 de Abril de 1980: O ferry inter-ilhas Don Juan, que fazia a ligação Manila-Bacolod, afundou-se no Estreito de Tablas, ao largo da Ilha de Mindoro, depois de ter colidido com a embarcação Tacloban City. Pelo menos mil pessoas morreram. 31 de Agosto de 1986: O cruzeiro Admiral Nakhimov colidiu com o navio de carga Pyotr Vasev, ao largo do porto de Novorossiysk, no Mar Negro. Entre tripulação e passageiros morreram 423 pessoas. 6 de Março de 1987: O ferry Herald of Free Enterprise afundou-se pouco depois de ter zarpado do porto belga de Zeebrugge com uma porta aberta. O navio tinha 463 passageiros a bordo. 193 perderam a vida. 20 de Dezembro de 1987: Foi o pior desastre marítimo em tempo de paz. O ferry Dona Paz afundou-se depois de ter colidido contra o cargueiro Vector no Mar de Sibuyan (um dos mares interiores do arquipélago filipino). Morreram 4375 pessoas do lado do Dona Paz e 11 do lado do Vector. 11 de Abril de 1991: Morreram 140 pessoas a bordo do ferry italiano Moby Prince após o embate contra o petroleiro ancorado Agip Abruzzo. Houve um único sobrevivente. 15 de Dezembro de 1991: 464 morreram quando o Salem Express embateu contra rochas de coral ao largo do porto de Safaga, no Mar Vermelho. 28 de Setembro de 1994: Foi o pior desastre marítimo europeu em tempo de paz. 852 pessoas morreram quando o navio Estonia, com 989 pessoas a bordo, se afundou ao largo da ilha finlandesa de Utoe, quando fazia a ligação entre Talin e Estocolmo. 2 de Dezembro de 1994: o luxuoso paquete Achille Lauro afundou-se a cerca de 250 quilómetros da Somália, mais de dois dias depois de ter começado a arder. O navio já tinha sido desviado em 1985 por palestinianos, que mataram um passageiro idoso judeu-americano, tendo posteriormente atirado o seu corpo borda fora. 3 de Fevereiro de 2006: O ferry Al-Salam Bocaccio 98 afundou-se numa viagem entre Duba (Arábia Saudita) e Safag (Egipto), a cerca de 90 quilómetros do destino, em consequência de um incêndio. Das 1414 pessoas a bordo, 1026 perderam a vida. 21 de Junho de 2008: O navio filipino Princess of the Stars afundou-se ao largo da província de Romblon, no centro do arquipélago, depois de ter sido atingido por um tufão. Apenas 52 das 825 pessoas a bordo sobreviveram.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Le Pen: as salas não enchem, as sondagens não sobem, o dinheiro não entra
A "candidata do povo" está em dificuldades. Falta-lhe dinheiro para alugar salas para fazer comícios, ainda que seja habitual cobrar entrada (cinco euros) para ver actuar a estrela, a mulher que percorre o palco interpretando o seu discurso, dando vida aos sound bytes. A campanha de Marine Le Pen estagnou desde que o Presidente da República, Nicolas Sarkozy, entrou na liça, tornando a competição uma conversa a dois, com o socialista François Hollande, que continua a ser o favorito. Le Pen mantém-se em terceiro nas intenções de voto, mas ainda não tem lugar garantido nos boletins de voto. (...)

Le Pen: as salas não enchem, as sondagens não sobem, o dinheiro não entra
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: A "candidata do povo" está em dificuldades. Falta-lhe dinheiro para alugar salas para fazer comícios, ainda que seja habitual cobrar entrada (cinco euros) para ver actuar a estrela, a mulher que percorre o palco interpretando o seu discurso, dando vida aos sound bytes. A campanha de Marine Le Pen estagnou desde que o Presidente da República, Nicolas Sarkozy, entrou na liça, tornando a competição uma conversa a dois, com o socialista François Hollande, que continua a ser o favorito. Le Pen mantém-se em terceiro nas intenções de voto, mas ainda não tem lugar garantido nos boletins de voto.
TEXTO: Nos próximos 11 dias, até 16 de Março, Marine Le Pen tem de obter 48 assinaturas de eleitos locais que apoiem a sua candidatura à Presidência da República. Sem isso, a presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) não poderá ir a votos a 22 de Abril - apesar de as sondagens lhe darem 16% à primeira volta. É obrigatório ter 500 destes apadrinhamentos e, segundo os números por ela revelados na semana passada, só tem 452. Ela queixa-se de um boicote mascarado e lança apelos mais ou menos desesperados para que a ajudem a participar nas eleições: "Continuamos numa democracia? Estamos numa República ou declinámos definitivamente para uma oligarquia em que o povo já não tem escolha?", lançou ela no Canal+. Querem-na fora das eleições, afirma, por que tem ainda hipóteses de chegar à segunda volta: "Sou a única que permite aos franceses uma verdadeira escolha, ou seja, descartar a não-escolha que representam os gémeos siameses Hollande e Sarkozy. "Este é o discurso típico de Marine Le Pen, apurado pelo desespero de a sua campanha estar num ponto de estagnação, com as sondagens há várias semanas a manterem-se por volta dos 16% a 18%. E de ver tornar-se cada vez maior o obstáculo dos apadrinhamentos de 500 eleitos, que ameaça fazer descarrilar a sua candidatura. A juntar-se a estas dificuldades, a filha mais nova de Jean-Marie Le Pen, a velha raposa da extrema-direita francesa, que no ano passado assumiu a presidência da Frente Nacional, eliminando rivais internos e fazendo uma limpeza da imagem do partido, enfrenta a falta de dinheiro para a campanha. Esta está directamente relacionada com a diminuição de credibilidade da sua candidatura, e já obrigou ao cancelamento de vários comícios. "Desdiabolizar" Mas a Frente Nacional de Marine Le Pen não abandonou as teses polémicas sobre a imigração e em particular a islamofobia. Por um lado, poderá dizer-se que minam a sua estratégia de "desdiabolização", mas a verdade é que estas ideias também foram adoptadas pela direita representada pelo Presidente, Nicolas Sarkozy. A intenção da "desdiabolização" é tornar a FN num partido normal, com legitimidade para jogar no mesmo campo que os partidos clássicos. É uma mudança importante, considerando que durante alguns anos os partidos franceses impuseram um "cordão sanitário" em torno da FN dirigida pelo seu pai, Jean-Marie Le Pen, estigmatizado pelas suas teses racistas, e por ter dito que as câmaras de gás nazis eram apenas "um pequeno detalhe" da História. Marine deu-se bem com a sua estratégia: ela passa bem na televisão, agarra o palco como uma actriz, pontua o discurso de frases com piadas e trocadilhos feitos para passarem em citações curtas nos media e, sobretudo, tem uma imagem simpática, ao contrário do pai. Junto das chamadas "classes populares", dos operários, mas também dos trabalhadores precários, dos que têm empregos na área dos serviços, e vivem nas cinturas industriais ou nas margens mais distantes das áreas metropolitanas francesas, a FN já tinha uma boa implantação com Jean-Marie Le Pen, mas esta tornou-se muito mais forte com a sua filha. Estes locais são viveiros do voto de protesto, aquele que Le Pen procura captar com um discurso contra o sistema financeiro internacional, em defesa dos explorados - por vezes com uma retórica roubada descaradamente à esquerda. Mas escolhe vítimas em quem descarregar este descontentamento: imigrantes e muçulmanos. Escolher estes bodes expiatórios é uma forma de captar o descontentamento social - uma fórmula que Sarkozy também utiliza. A FN, no seu programa eleitoral, prevê deixar de dar qualquer assistência médica aos imigrantes clandestinos, e acaba com a hipótese de alguma vez vir a regularizar os que estejam em França em situação irregular. O objectivo é acabar com a imigração ilegal no prazo de cinco anos.
REFERÊNCIAS:
O extremista que só tinha no cadastro uma multa de trânsito há dez anos
"Ele apareceu do nada", confessava um polícia encarregado da investigação. O principal suspeito dos ataques que causaram mais de 80 mortos na Noruega era, segundo os media nacionais, um fundamentalista cristão norueguês de 32 anos. (Perfil publicado no PÚBLICO de 24 de Julho de 2011) (...)

O extremista que só tinha no cadastro uma multa de trânsito há dez anos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Ele apareceu do nada", confessava um polícia encarregado da investigação. O principal suspeito dos ataques que causaram mais de 80 mortos na Noruega era, segundo os media nacionais, um fundamentalista cristão norueguês de 32 anos. (Perfil publicado no PÚBLICO de 24 de Julho de 2011)
TEXTO: Anders Behring Breivik, que aparece nas fotografias com ar sereno, cabelo fino e louro, testa alta, olhos claros rasgados, nariz afilado e queixo forte, terá levado a cabo uma das maiores matanças atribuídas a uma só pessoa, se for confirmado que não houve ajuda ou ligação a um grupo organizado. "Ele não estava no nosso radar, e estaria se tivesse sido activo em grupos neonazis na Noruega", disse um responsável da polícia, sob anonimato. "No entanto, pode ter sido inspirado por eles. " No seu registo na polícia, apenas foi encontrada uma multa de trânsito de há dez anos. Sabe-se que Breivik tinha sido membro de um partido populista de direita, que estava registado num clube de tiro de Oslo (tinha três armas legalmente em seu nome), tinha em seu nome uma empresa de exploração agrícola (não se sabe se seria apenas um meio de ter acesso a grandes quantidades de fertilizantes que podem ser usados em explosivos) e teria feito intervenções em vários fóruns na Internet contra o multiculturalismo na Noruega, criticando os efeitos da presença de população muçulmana no país. "Quando é que o multiculturalismo vai deixar de ser uma ideologia para desconstruir a cultura europeia, as suas tradições, identidade, e Estados-nação?", dizia uma entrada sob o nome de Breivik de Fevereiro do ano passado, num fórum de extremadireita, segundo a agência Reuters. "De acordo com dois estudos, 13 por cento dos jovens muçulmanos britânicos apoiam a ideologia da Al-Qaeda", dizia outra vez. Também criticou o "assédio" de jovens muçulmanos aos noruegueses não muçulmanos: "Sei de várias centenas de ocasiões em que não muçulmanos foram assaltados, agredidos, e assediados por adolescentes islâmicos", relatou uma vez. "Entre os 12 e os 17 anos tive um melhor amigo que era paquistanês, por isso é um dos que era protegido. Mas isto também me fez ver a hipocrisia e enojava-me. " Breivik criou uma conta de Twitter e uma no Facebook (esta última foi entretanto retirada) há seis dias, deixando na rede de microblogging uma frase do filósofo britânico John Stuart Mill "Uma pessoa com uma crença tem tanta força quanto 100 mil pessoas com interesses" enquanto no site de rede social se descrevia como cristão, maçon, e indicava Kakfa ou Orwell como autores favoritos. O jornal norueguês Verdens Gang (VG) citava um amigo dizendo, sob anonimato, que Breivik tinha começado a expressar ideias de extrema-direita há poucos anos num perfil "racista" no Facebook. Antes disso, tinha pertencido ao Partido Progressista, formação da direita populista que defende uma descida dos limites à imigração que tem vindo a crescer recentemente no país e que passou nas últimas eleições em 2009 a segunda força política. O partido confirmou que Breivik tinha sido membro da formação entre 2004 e 2006 e da sua ala jovem de 1997 até 2007. O líder do partido, Siv Jensen, sublinhou à Reuters: "Deixa-me muito triste que ele tenha sido membro anteriormente. Nunca foi muito activo e tivemos dificuldades em encontrar alguém que soubesse alguma coisa sobre ele. " Nas fotografias, Breivik, que estudou na Escola de Gestão de Oslo, aparece vestido com casaco e camisa e alfinete na gravata, embora alguns vizinhos tenham afirmado que por vezes aparecia usando roupa tipo militar. As empresas que foi estabelecendo, diz o diário britânico The Guardian, foram acabando depois de breves períodos de prejuízos, até ao negócio de agricultura biológica em 2009, que terá sido essencial para Breivik conseguir seis toneladas de fertilizante, entregues em Maio, segundo o fornecedor. Quem viu Breivik na ilha descreveu um homem com uma calma "de gelo". A polícia dizia estar perante um enigma, e um responsável sublinhava o facto de ele não se ter tentado matar. "Pelo contrário, disse que se queria explicar. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola imigração cultura ajuda homem social racista assédio