Há uma selecção com Drogba e outra sem o capitão. Qual delas irá entrar hoje em campo?
A utilização do avançado no jogo contra a selecção portuguesa ainda continua a ser uma incógnita. (...)

Há uma selecção com Drogba e outra sem o capitão. Qual delas irá entrar hoje em campo?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A utilização do avançado no jogo contra a selecção portuguesa ainda continua a ser uma incógnita.
TEXTO: Didier Drogba. Este é o nome na ordem do dia. Joga ou não joga frente a Portugal? A tala de protecção será ou não autorizada pelo árbitro Jorge Larrionda? São perguntas que só hoje terão resposta. "Honestamente, não sei se Drogba pode jogar", disse ontem Sven-Goran Eriksson, o sueco que dirige a Costa do Marfim, uma selecção que tem uma cara quando joga o seu capitão e outra quando ele não está presente. Os dados recolhidos pela Castrol Football não deixam margem para dúvidas. Na fase de qualificação para o Mundial 2010, a percentagem de vitórias da equipa africana variou consideravelmente mediante a presença do capitão: com Drogba, a Costa do Marfim ganhou 80 por cento dos jogos (quatro em cinco) e sem ele ficou-se pelos 57 por cento (quatro em sete). A equipa costa-marfinense também marcou mais nos cinco jogos com Drogba (16 golos) do que nos sete em que ele esteve ausente (13 remates certeiros). É, pois, esta a grande dúvida que assalta Eriksson. Lançar Drogba, mesmo sabendo que ele pode agravar a lesão e não estar em plena forma, depois de se ter treinado com limitações. Ou arriscar iniciar o Mundial sem a grande referência da equipa, poupando-o para o segundo jogo, frente ao Brasil. "Vamos tomar uma decisão amanhã [hoje], horas antes do jogo", explicou ontem Eriksson, na conferência de imprensa, em Port Elizabeth. "Espero que jogue, mas não sei", acrescentou o técnico sueco, salientando que a opinião do jogador será importante e que Drobga será certamente utilizado neste Mundial: "Por isso, não chamámos outro jogador. "O avançado do Chelsea treinou-se ontem de novo, aparentemente sem limitações, pelo menos tendo em conta os 15 minutos abertos à comunicação social. Correu como os outros e mexeu o braço direito (que fracturou há oito dias) sem limitações. Certo é que ninguém arrisca um prognóstico, nem mesmo na selecção portuguesa. Carlos Queiroz deu a entender que acha difícil a principal figura do rival estar pronta para hoje, mas, salientou, "ao fim de 30 anos, já não há nada" que o surpreenda: "Mesmo que ele [Drogba] jogue. "Já Deco espera que o amigo esteja apto a alinhar hoje, o que pode também depender de o árbitro Jorge Larrionda aprovar uma tala que o marfinense pretende usar no braço fracturado. Um desejo que vai ao encontro das expectativas de Yaya Touré. "É um jogador muito importante para nós e esperamos que possa jogar, porque precisamos do nosso capitão. Tem um nível impressionante e se puder estar será óptimo", disse o médio do Barcelona, que até pertence à facção rival de Drogba na selecção. Uma equipa divididaA divisão da selecção em duas facções é um dado público e assumido na Costa do Marfim. De um lado, estão os jogadores formados na Academia do ASEC Mimosas, liderados pelos irmãos Kolo e Yaya Touré e que inclui ainda nomes como Zokora, Dindane e Eboué. Do outro, está o clã Drogba, que inclui, por exemplo, Keita. Os problemas internos da Costa do Marfim ficaram bem evidentes no Mundial 2006, quando Drogba ameaçou abandonar a selecção. A renúncia só não aconteceu porque o presidente da federação convenceu o avançado do Chelsea, conta o futebolista, na sua autobiografia. "No Egipto [na CAN], tivemos uma equipa que trabalhou, mas no Mundial os egos começaram a despontar. Toda a gente queria agarrar o seu pedaço de glória", conta Drogba na sua autobiografia: "O individualismo estava a magoar a equipa - alguns jogadores mais do que outros", acrescentou o marfinense, recordando que na Alemanha sentiu que "era cada um por si". Em 2006, na estreia em Campeonatos do Mundo, a Costa do Marfim ficou no grupo da morte, com Argentina, Holanda e Sérvia-Montenegro. Agora a história repete-se, com Brasil e Portugal, mas os jogadores salientam que agora há muita coisa diferente. Primeiro, porque Eriksson, que apenas assumiu o comando da equipa em Abril, "mudou a mentalidade", defendeu Kolo Touré, em declarações à FIFA. E depois porque, argumentou o irmão Yaya, a equipa agora é mais experiente do que em 2006 e já sabe o que é defrontar os colossos do futebol mundial.
REFERÊNCIAS:
Entidades DECO
Aimé Jacquet atribui favoritismo ao Brasil no Mundial
O selecionador campeão mundial com a França em 1998, Aimé Jacquet, defendeu hoje que o Brasil é o favorito a ganhar o Mundial 2010 e que a França lhe oferece muitas dúvidas. (...)

Aimé Jacquet atribui favoritismo ao Brasil no Mundial
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DATA: 2010-06-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O selecionador campeão mundial com a França em 1998, Aimé Jacquet, defendeu hoje que o Brasil é o favorito a ganhar o Mundial 2010 e que a França lhe oferece muitas dúvidas.
TEXTO: Em declarações ao site da FIFA, Aimé Jacquet aponta como favorito o Brasil - que ontem venceu a Coreia do Norte (2-1) -, mas também a Espanha, e depois defendeu que pode surgir uma equipa africana, embora considere que a Costa do Marfim tem uma primeira fase muito difícil. "Têm boas possibilidades de fazer história", defendeu o treinador. Jacquet justificou que os marfinenses têm uma equipa "excepcional", mas que estão num grupo difícil (com Brasil, Coreia do Norte e Portugal), e que Gana ou Nigéria também podem ter alguns argumentos neste campeonato. "O Gana é complicado para qualquer um e já o demonstrou [venceu 1-0 a Sérvia] e a Nigéria aguentou-se frente à Argentina. É uma pena que tenha perdido [0-1], porque gostei muito da ambição que mostraram", acrescentou. O antigo seleccionador considerou ainda que o jogo de quinta-feira entre a França e o México será decisivo, depois de os gauleses terem empatado sem golos no jogo de estreia frente ao Uruguai. "Será um jogo decisivo. Se não tiver um bom resultado, não será um bom Mundial para nós", disse Jacquet, explicando que também é verdade que a França "ainda não mostrou a sua verdadeira cara e que se o fizer pode ganhar".
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Palavras-chave marfim
A campeã com menos golos e mais futebol
Um golo de Iniesta, aos 116 minutos, deu a Espanha a vitória mais importante da sua longa história no Estádio Soccer City, em Joanesburgo. (...)

A campeã com menos golos e mais futebol
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DATA: 2010-07-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um golo de Iniesta, aos 116 minutos, deu a Espanha a vitória mais importante da sua longa história no Estádio Soccer City, em Joanesburgo.
TEXTO: O Mundial africano prolongava-se, não queria acabar. O mundo apontado ao Soccer City, ao Sowetto. Já lá vão 116 minutos e nenhum dos ganapos quer ir para casa. O sol volumoso deu lugar a uma noite fria e as meias solas nos sapatos já têm buracos do tamanho de um rand. Iniesta, alça da camisola em frangalhos, emporcalhada pela poeira da “township”, pegou na bola de trapos. É dele, só dele. Saiu disparada por certeiro pontapé que voou pelo meio das balizas formadas por dois montes de casacos, bonés e sacolas. Está feito!Não foi uma final do Campeonato do Mundo de futebol, mas foi um desafio protagonizado pelas duas equipas do bairro com mais “ganas”, com mais vontade de cerrar os dentes e de jogar à bola, com os jogadores mais criativos, mais estouvados. Venceu a Espanha, génios solidários, uma equipa de imensa qualidade que sabe jogar com a cabeça, mas que prefere jogar com o coração, um grupo que nunca abandonou o plural, que continuou a falar no plural mesmo depois de ter erguido o seu troféu, uma equipa que nunca se descompõe quando não obtém respostas imediatas. E que sabe disputar “partidos perros” (jogos cães) como o de ontem. No final, os holandeses ficaram estendidos em campo, como despojos da batalha travada. São tão doidos por bola como qualquer puto espanhol. Mostraram-no na final do torneio do bairro. Sabiam que o adversário tinha mais armas, que impressionava à passagem. Por isso precaveram-se. Fizeram mais faltas, jogaram durinho, espalharam-se pela terra batida, acumularam cartões de todas as cores. Foram resistindo e foram ganhando o seu espaço. Também eles sabem que as finais não se jogam, ganham-se. E foi por pouco. Robben. O puto tem genica, personalidade que se farta. Dessem-lhe uma bola de trapos e ele desfazia qualquer adversário. Ontem não. Não era a sua noite. Grande jogador? Grande estragador de bolas e de sapatos. Sneijder passou-lhe a bola (62’), Van Persie passou-lhe a bola (83’), Robben voou, mas não foi capaz. De bradar aos céus. Não foi à terceira que a Holanda entrou para a história. Pés ao léu, a Espanha, que durante a competição criou dezenas e dezenas de oportunidades de golo, nunca soube muito bem o que fazer com a bola perante os dois montes de roupa e pertences protegidos pelos guarda-redes adversários. Em 1978, jogo no prolongamento, tinham sido os argentinos Kempes e Bertoni os autores dos golos que arrumaram a “laranja mecânica”. Ontem, a Holanda foi um pouco mais além. Resistiu até aos 116 minutos, penáltis à vista. Até alguém meter os dedos sujos de terra entre os lábios e assobiar como que a dizer “quem marcar ganha!”. Já muitos tinham tentado. Sergio Ramos (77’, sozinho, brincadeira de criança), Villa, nada. Tudo pesa. Há 27 anos que a Espanha não ganha à Holanda. Desde 1966 que ninguém ganha com o equipamento alternativo. Se algum conservador disse que mais vale ser a cauda do leão do que a cabeça do rato, Iniesta não está de acordo. O futebol espanhol não assina por baixo. O puto, especialista em futebol pé descalço, fez-se à vida. Saiu em braços. Casillas chorou e a Espanha chorou com ele. Milhões de papéis dourados. Os campeões da Europa foram campeões no Soccer City, no Sowetto. Todo o mundo viu. História. Notícia actualizada às 00h08
REFERÊNCIAS:
Interpol não detectou qualquer caso de viciação de resultados
O presidente da FIFA, Joseph Blatter, disse hoje que a Interpol não detectou um único caso de viciação de resultados no Mundial 2010, ao contrário das suspeitas existentes antes do arranque da prova. (...)

Interpol não detectou qualquer caso de viciação de resultados
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DATA: 2010-07-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente da FIFA, Joseph Blatter, disse hoje que a Interpol não detectou um único caso de viciação de resultados no Mundial 2010, ao contrário das suspeitas existentes antes do arranque da prova.
TEXTO: De acordo com Blatter, ao contrário de algumas suspeitas levantadas antes do início da competição na África do Sul, a Interpol [entidade responsável pelo sistema de controlo em matéria de apostas e viciação de resultados] não registou um único alarme durante a prova. Em declarações à emissora britânica BBC, o dirigente da FIFA saiu em defesa das críticas dirigidas à organização do Mundial e classificou o evento como “verdadeiramente especial”. “Cada Mundial tem a sua própria história e cultura. Foi um Mundial num novo continente, com uma cultura distinta e é preciso analisá-lo em diferentes níveis. Se procurarmos o entusiasmo dos sul-africanos e as audiências de televisão em todo o mundo, foi uma prova especial e muito emotiva”, disse. O responsável pelo organismo que tutela o futebol mundial não fugiu também a comentar as cadeiras vazias observadas em quase todos os estádios: “Com efeito, houve lugares vagos, mas não estádios vazios. Não podemos esquecer que 95 por cento das entradas estavam vendidas. As ausências mais significativas corresponderam a lugares de convidados”. Blatter atribuiu ainda a fraca actuação das selecções africanas no Mundial à mudança de treinadores em cima do arranque do Mundial. “Não se pode dirigir uma equipa nacional quando se muda de treinador principal a dois ou três meses do início da competição”, disse, concluindo: “Isto ocorreu em duas ou três federações (Costa do Marfim, África do Sul e Nigéria) e, nestas circunstâncias, teria sido um milagre qualificarem-se para a fase seguinte”, sublinhou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura marfim
Na Pública deste domingo
Dez anos de SIC Notícias que aceleraram o país – O canal de notícias da SIC existe há uma década como líder e foi em 2010 o mais visto da televisão por subscrição em Portugal, o que torna o país num caso raro a nível europeu. Miguel Gaspar e Ana Machado falam com os protagonistas, concorrentes e críticos de televisão sobre o fenómeno do apreço dos portugueses, que lêem poucos jornais e livros, pela informação televisiva. Fomos ainda conhecer cinco caras SIC que não vê em casa e esmiuçar a grelha do canal com o seu director, António José Teixeira. (...)

Na Pública deste domingo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Dez anos de SIC Notícias que aceleraram o país – O canal de notícias da SIC existe há uma década como líder e foi em 2010 o mais visto da televisão por subscrição em Portugal, o que torna o país num caso raro a nível europeu. Miguel Gaspar e Ana Machado falam com os protagonistas, concorrentes e críticos de televisão sobre o fenómeno do apreço dos portugueses, que lêem poucos jornais e livros, pela informação televisiva. Fomos ainda conhecer cinco caras SIC que não vê em casa e esmiuçar a grelha do canal com o seu director, António José Teixeira.
TEXTO: Na permacultura, nada se perde, tudo se transforma. Cláudia Sobral foi ao Alentejo e a um quintal de Lisboa onde a paisagem e a floresta são comestíveis e em que animais, máquinas de lavar fora de uso ou lagos comunicantes servem o propósito de criar microclimas e ecossistemas que tornam os seus promotores auto-suficientes. E quando há limões a mais, trocam-se na mercearia por tomates. Angelina Jolie tem um novo filme nas salas portuguesas. “O Turista” é mais um veículo cinematográfico para Jolie e Johnny Depp, e Joana Amaral Cardoso analisa o estatuto actual de uma mulher que, especula-se, será a nova Cleópatra no cinema e que muitos comparam com Elizabeth Taylor na sua relação com a fama. Conceição Lima é poeta e jornalista e a sua voz foi silenciada em Dezembro pelo Governo de São Tomé. Jorge Marmelo conversou com a mulher cujo programa de televisão, o mais visto em São Tomé e Príncipe, foi suspenso. Ela teme que o episódio seja um mau sinal para a democracia do país africano e fala sobre o seu novo livro de poemas, “O País de Akendenguê”. Em exclusivo na Pública de domingo dia 9, juntamente com o PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Cerca de 20 manifestantes detidos em Luanda
Cerca de 20 pessoas foram hoje detidas em Luanda, incluindo o rapper angolano “Brigadeiro Mata Frakus” e jornalistas do “Novo Jornal”, quando se preparavam para dar início aos protestos anti-governo marcados para hoje. (...)

Cerca de 20 manifestantes detidos em Luanda
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DATA: 2011-03-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cerca de 20 pessoas foram hoje detidas em Luanda, incluindo o rapper angolano “Brigadeiro Mata Frakus” e jornalistas do “Novo Jornal”, quando se preparavam para dar início aos protestos anti-governo marcados para hoje.
TEXTO: Em declarações à Lusa, o subdirector do “Novo Jornal”, Gustavo Costa, confirmou a detenção de três jornalistas pela polícia de Luanda, desconhecendo até ao momento o paradeiro dos detidos. "Vou agora sair de casa para saber mais informações porque neste momento continuamos sem saber do paradeiro dos meus colegas", afirmou Gustavo Costa, contactado telefonicamente a partir de Lisboa. O director adjunto do "Novo Jornal" adiantou ainda que passou a madrugada a fazer de "bola de pingue-pongue" entre a Polícia Judiciária Provincial e a Polícia Judiciária Nacional para saber informações dos jornalistas detidos. "Disseram-me que não estava lá ninguém, que não sabiam de nada e para me dirigir esta manhã novamente à Judiciária Provincial para me darem informações", explicou, citado pela Lusa. Para Gustavo Costa, a detenção dos três jornalistas do "Novo Jornal" foi uma "estupidez" porque, disse, "eles estavam a fazer a cobertura da manifestação, não se estavam a manifestar". "Espero que os meus colegas acabem por sair, porque isto não faz sentido nenhum", acrescentou. O organizador dos protestos, o Movimento para a Paz e a Democracia em Angola (MPDA), já exigiu em comunicado a “libertação urgente e incondicional” dos cerca de 20 manifestantes anti-Governo detidos esta madrugada pela polícia quando estavam reunidos na Praça 1º de Maio, indica o portal noticioso Angola 24 Horas. “Exigimos que 'Brigadeiro Mata Frakus' e toda a equipa do ‘Novo Jornal’, nomeadamente Ana Margoso, Pedro Cardoso, Afonso Francisco e Idalio Kandé, sejam postos em liberdade antes da realização das manifestações”, indica o MPDA em comunicado. “Caso contrário” - indica ainda o MPDA - “vai tomar medidas repressivas que poderão pôr fim à diplomacia angolana no exterior”. O Movimento para a Paz e Democracia em Angola foi fundado em Julho de 2004, em Bruxelas, por Massunguna da Silva Pedro, auto-denominado presidente em exílio do MPDA. Através do perfil do movimento no Facebook, pode ler-se que o MPDA foi fundado pelos “os jovens quadros angolanos da diáspora”, revoltados contra o “incontestável ditador” José Eduardo dos Santos. Citado pelo portal Angola 24 Horas, um dos responsáveis pelos protestos, Dias Chilola, indicou que a manifestação anti-governamental convocada pela Internet para segunda-feira em Luanda, vai realizar-se apesar dos discursos "intimidatórios e demagógicos" do MPLA (Movimento para a Libertação de Angola), que "já não pegam". No sábado, muitos milhares de pessoas desfilaram pelas ruas de Luanda na chamada "marcha patriótica pela paz", uma iniciativa destinada a reagir - por antecipação - às manifestações anti-governo convocadas para as 00h00 de hoje e demonstrar apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos. O país dos contrastes e da desigualdadeNum artigo recente publicado na "The Economist", intitulado "Mine, all Mine", a revista dá conta do milagre económico angolano, sublinhando porém os contrastes existentes no país dominado há três décadas por Eduardo dos Santos, que intitula de "cleptocracia". "Apenas nove por cento da população de Luanda (cerca de cinco milhões) tem água corrente, uma percentagem menor do que durante a guerra civil. Um pouco por todo o país, metade da população de 18 milhões não tem praticamente acesso a cuidados médicos". Nos últimos anos, o país tem investido em grandes "elefantes brancos", cuja utilidade é duvidosa, indica ainda o artigo da "The Economist". Foram comprados 3000 autocarros mas o país só tem 1500 motoristas. Foi construído um edifício para a Bolsa, mas o país não tem mercado de valores. Foram gastos cerca de mil milhões de dólares em quatro estádios para a Taça das Nações Africanas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra
Na vida dos hominídeos eles ficavam, elas vinham, sugere estudo da Nature
Há mais de um milhão de anos, na savana situada no que é hoje a África do Sul, os grupos de hominídeos teriam uma história de vida diferente consoante fossem machos ou fêmeas. Um estudo publicado esta quarta-feira na Nature sugere que enquanto os hominídeos masculinos mantinham-se no mesmo habitat desde que nasciam até à morte, as fêmeas teriam crescido num local diferente e acabavam por morrer noutra região. (...)

Na vida dos hominídeos eles ficavam, elas vinham, sugere estudo da Nature
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DATA: 2011-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há mais de um milhão de anos, na savana situada no que é hoje a África do Sul, os grupos de hominídeos teriam uma história de vida diferente consoante fossem machos ou fêmeas. Um estudo publicado esta quarta-feira na Nature sugere que enquanto os hominídeos masculinos mantinham-se no mesmo habitat desde que nasciam até à morte, as fêmeas teriam crescido num local diferente e acabavam por morrer noutra região.
TEXTO: A descoberta não foi feita a partir de fósseis novos encontrados. O trabalho de uma equipa internacional de cientistas dos Estados Unidos, da Alemanha, Suiça, Inglaterra e da África do Sul utilizou técnicas diferentes para recolher esta informação. O estudo focou-se nos fósseis de dentes de duas espécies de hominídeos. O Australopithecus africanus, viveu há 2, 2 milhões de anos e foi possivelmente antepassado directo do Homem, e o Paranthropus robustus, que viveu há 1, 8 milhões de anos, e foi um primo. Os fósseis de cada espécie foram encontrados em duas grutas no Noroeste da África do Sul, que estão a poucos quilómetros de distância uma da outra. A equipa analisou a quantidade relativa de um metal chamado estrôncio, que existe no esmalte dos dentes. Este elemento químico está nos minerais e é absorvido pelas plantas, entrando assim nos ecossistemas. Durante o crescimento dos animais, o estrôncio acumula-se no esmalte dos dentes. A percentagem relativa de isótopos deste metal que existe no ambiente vai ficar registada nos dentes e serve de assinatura do local onde os hominídeos cresceram. “Um dos nossos objectivos foi tentar encontrar algo sobre o uso da paisagem dos primeiros hominídeos”, disse em comunicado Sandi Copeland, primeira autora do artigo da "Nature", que trabalha no Instituto Max Planck, em Leipzig, Alemanha. “Aqui, tivemos um vislumbre directo dos movimentos geográficos dos primeiros hominídeos, e parece que as fêmeas moviam-se preferencialmente para longe dos grupos onde residiam. ”A equipa analisou fósseis de oito indivíduos de Australopithecus africanus e 11 de Paranthropus robustus. A percentagem relativa de isótopos de estrôncio nos dentes das fêmeas, que por norma são mais pequenos, mostrava que pelo menos metade tinham vindo de outro sítio. Enquanto nos machos esta percentagem era apenas de dez por cento. “O que os resultados mostram é que as fêmeas vinham mais de fora da região do que os machos. Não vinham de muito longe, mas não era o mesmo grupo natal onde cresceram”, disse à BBC News Julia Lee-Thorpe, investigadora da Universidade de Oxford que fez parte da equipa. “Não sabemos se as fêmeas derivaram de outro grupo, se vieram de propósito, ou se foram sequestradas; não temos forma de saber esse tipo de detalhes, mas na generalidade, a maioria das fêmeas veio de outro lugar. ”Este comportamento é o que acontece nos chimpanzés, onde os machos ficam no mesmo sítio onde nascem e as fêmeas são obrigadas a abandonar o grupo para não haver consanguinidade. Algo que não acontece, por exemplo nos gorilas, onde tanto os machos como as fêmea migram do grupo onde nasceram.
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Palavras-chave homem estudo espécie
Pavan Sukhdev: A invisibilidade económica da natureza é um problema
A economia está a invadir o raciocínio conservacionista da natureza e a desafiar o que tem sido a prática dominante: vivemos orientados para o lucro privado, não para o bem público. O segredo está em fazer com que a perspectiva tenha sentido económico para as pessoas, até que as políticas sejam suficientemente pressionadas e mudem. (...)

Pavan Sukhdev: A invisibilidade económica da natureza é um problema
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-06-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: A economia está a invadir o raciocínio conservacionista da natureza e a desafiar o que tem sido a prática dominante: vivemos orientados para o lucro privado, não para o bem público. O segredo está em fazer com que a perspectiva tenha sentido económico para as pessoas, até que as políticas sejam suficientemente pressionadas e mudem.
TEXTO: Pavan Sukhdev é o economista indiano que interrompeu a sua carreira de banqueiro no Deutsche Bank para liderar o projecto que liga os europeus, o G8 e as Nações Unidas: convencer as sociedades de que tanto a destruição como o usufruto da biodiversidade e dos ecossistemas têm um valor. A realidade vai dando razão ao trabalho da equipa de Sukhdev, que terminará antes da cimeira da biodiversidade, a realizar em Outubro, em Nagoya, no Japão. Se tivesse Tony Hayward à sua frente, o que diria ao presidente da segunda maior companhia petrolífera do mundo sobre o que ter em conta em relação ao problema ambiental que causou no golfo do México? Há várias maneiras de olhar para o problema. A primeira é que a BP e a indústria devem investigar se o que aconteceu foi não ter havido um equipamento que travasse automaticamente a fuga. Se foi esse o caso, foi por causa da regulação local, de uma decisão da companhia ou de ambas? É preciso investigar o que aconteceu em termos de segurança. A outra é que toda a indústria petrolífera tem de entender que é preciso avaliar as externalidades [efeitos tradicionalmente considerados colaterais e que não são considerados no preço de mercado dos bens, neste caso, o petróleo]. De que forma é que o estudo que tem liderado pode contribuir para que as empresas ganhem mais consciência disso?O estudo está praticamente pronto, temo que seja um bocado tarde para isso. Este acontecimento vai fazer com que a opinião pública exija a divulgação das externalidades, e isso estender-se-á, a prazo, a outros sectores. As indústrias têm externalidades, que não são apenas emissões de dióxido de carbono (CO2), mas também de utilização de água e outras. Por exemplo, uma empresa mineira tem custos externos de desflorestação e uso do solo. São externalidades que deveriam ser calculadas e divulgadas nos relatórios anuais das companhias. Não chega pôr os dados nas declarações de responsabilidade social ou nos relatórios de sustentabilidade, porque os analistas e os investidores nem sempre lêem esses relatórios. No relatório intercalar, menciona as lições tiradas com o desastre do Exxon Valdez, em 1989, nomeadamente princípios mais severos do poluidor-pagador. E agora? O Exxon Valdez, no Alasca, foi um acontecimento mais limitado [derrame de um petroleiro]. Aqui é diferente. É importante que as companhias ganhem capacidade de avaliar a dimensão económica deste impacto. Vimos as notícias sobre as negociações entre a administração dos EUA e a BP para financiar um fundo. Isso é, no entanto, uma questão pós-desastre. O que é necessário fazer é perceber o verdadeiro custo deste tipo de fugas, ou seja, o custo das suas externalidades. No golfo do México, é necessário estudar os custos sobre a pesca, o turismo e até sobre os indivíduos que se vêem privados de, simplesmente, usufruir de um passeio pelo mar. As externalidades têm de ser estimadas, para que a sociedade tenha uma melhor noção do que é o custo real destes acontecimentos. Claro que já há um imenso custo para a humanidade, para as pessoas que morreram na plataforma, para as famílias. Mas além destes, há ainda os custos externos a estimar. Os 20 mil milhões de dólares do fundo que a BP vai financiar gradualmente não lhe parece que cobrem esses custos? É uma solução para a dor e para as perdas, mas não é uma solução sistémica. Esta ocorrerá quando as companhias reconhecerem e publicarem as suas externalidades e os riscos que se podem tornar externalidades. Há para si uma ligação entre o grau de exigência de avaliação económica e de regulação? Claro. A economia é a moeda da política. Não importa quão bem fundamentado possa ser o meu argumento do ponto de vista humano e de responsabilidade. A menos que consiga que tenha sentido económico, é provável que não seja ouvido. É preciso que os decisores políticos percebam que o "caso ambiental" não é apenas respeitar os recursos piscícolas ou defender os passeios de barco no golfo do México. O "caso ambiental" é entender que há um custo económico, do mesmo modo que há um custo humano e um custo ambiental. É o mais difícil?É, mas é muito necessário fazer isso, caso contrário não há pressão para a mudança de políticas. Em 2006, o economista Nicholas Stern fez um estudo sobre o impacto económico das alterações climáticas. Tanto esse como o seu têm números que impressionam, mas o de Stern ficou mais no ouvido. Tinha números mais "sexy" ou é a biodiversidade que é difícil de entender? Sir Stern quis avaliar os impactos de acontecimentos, probabilidades e riscos futuros sobre a economia, com base em complexos modelos climáticos. Na biodiversidade, a complexidade é de outra natureza. Aqui não falamos de efeitos futuros, mas do presente, sempre a três níveis simultâneos. Um é a nível local. Tem a ver com a vida das comunidades locais, por exemplo, se têm ou não acesso a produtos florestais não lenhosos ou às pastagens. O efeito a nível regional já é à escala do país, com os problemas de acesso a água por parte de uma população que lhe permita manter os campos férteis, dos quais dependem não só os agricultores, mas toda uma sociedade. Depois há o efeito global. Por outras palavras, é o impacto de não se ter mais floresta ou recifes de coral. Qual a principal conquista que conseguiu com o trabalho feito até agora? Os políticos, as empresas, a sociedade, a imprensa estão a perceber que a invisibilidade económica da natureza é um problema. Para mim, este é o dado mais importante, não que seja novo. É um assunto que se discute há, pelo menos, 40 anos [entre os especialistas], mas as pessoas começam a perceber isso. Estas são boas notícias. Acredita que os casos que mostram que os benefícios são maiores que os custos estão a convencer os decisores políticos para adoptarem políticas sustentáveis?Ainda não. Porque os decisores ainda não agem tendo em conta os benefícios públicos. Como, por exemplo, os benefícios de ter água e ar limpos, de não ter inundações em França e na Alemanha e secas na Índia. Esses casos são vistos como catástrofes naturais, as pessoas não os ligam com a ecologia que deve ser protegida, apesar de existirem todas as razões para o fazer. Há locais, desde Nova Iorque a São Francisco e Bombaim, onde as florestas são usadas como reservatórios de água para abastecer as cidades. Por isso, deviam estar a pensar em investir em infra-estruturas ecológicas. No fim de contas, isto é um bem público. Todos pagamos impostos, é dinheiro público que deveria ser usado para o bem de todos. Este pensamento ainda não existe em muitos governos. Alguns estão à frente, mas ainda assim a atenção está voltada para criar riqueza privada, na mão das empresas. Temos de repensar a nossa política de impostos e começar a taxar as externalidades, como as emissões poluentes, e não apenas os lucros e receitas. O esgotamento de recursos deveria ser taxado, por exemplo. Ao atribuirmos um valor económico à biodiversidade, não corremos o risco de conservar apenas o que nos pode dar lucro? Qual a ética nesta equação?Sim, há um risco de isso acontecer. É uma questão ética enorme, profundamente enraizada e discutida na filosofia do estudo cuja sigla inglesa é TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity). Ao mostrar que os ecossistemas têm valor, estaremos nós a criar o risco de, de alguma forma, reduzirmos a natureza e o seu objectivo apenas à sua utilidade, ao que é antropocêntrico? Existe esse risco. Mas ao mesmo tempo temos de reconhecer que a valorização é uma instituição social, não se trata de um grupo de economistas. A sociedade valoriza aquilo que tem valor para ela. E, por vezes, essa valorização pode nem ter referência à economia ou a números. Se valorizarmos um monumento ou uma floresta sagrada para uma comunidade, não há nada que diga que precisamos de os proteger por algum motivo. E, assim, a protecção acontece por si mesma, sem precisar de razões. Mas em outras situações precisamos de demonstrar que tem impacto económico, e aí a política muda. Recentemente, a Índia introduziu um sistema que paga aos pobres para replantar florestas. Eles compreendem que aqui há um valor e que vale a pena pagar-lhes para reconstruir esses ecossistemas. As pessoas são pagas por fazer aquilo que é correcto. E, finalmente, há situações em que temos de chegar a um valor, pagando pelos serviços dos ecossistemas. Há muitos exemplos de pagamentos locais pelos serviços dos ecossistemas, como a água limpa ou o ecoturismo. Na parte do relatório para o governo local, que publicaremos em Setembro, temos 78 exemplos espalhados por todo o mundo. Paga-se para que alguém aja ou mude comportamentos com o objectivo de conservar ou gerar valor económico através dos serviços dos ecossistemas. Um exemplo que funciona é o comércio de emissões. Estamos a recompensar empresas pelo trabalho de reduzir as suas emissões. O risco é saltarmos logo para uma visão meramente economicista. Há razões éticas, religiosas e sociais para valorizar a natureza e há também razões económicas. Muitos concluem que só estamos a falar de mercados. Isso não é verdade. O trabalho do TEEB é tudo menos uma solução custo-benefício para o planeta. Quando dizem que pomos um preço na natureza, isso está errado. Quais espera que sejam os efeitos reais deste estudo?Penso que o conceito dos pagamentos pelos serviços dos ecossistemas será mais bem aceite em todo o mundo. Quando as pessoas virem casos de sucesso em pequenas comunidades, começarão a adoptar este pensamento. Já recebi pedidos de ajuda de muitos países e teremos muito gosto em responder. De países em desenvolvimento?Sim, de África, da América Latina, da Ásia. Um bom resultado é o TEEB ser bem aceite. Outro, será dar muita atenção ao sector das pescas. E que as comunidades locais e a indústria pesqueira percebam que isto é no seu interesse, se quiserem sobreviver a longo prazo. Piratas da Somália "amigos" dos peixesComo se protegem espécies, como o rato-de-cabrera, que não são carismáticas e que dificultam a construção de auto-estradas?É um desafio. Como vamos proteger espécies que as pessoas não querem? Encontrar razões económicas para preservar espécies é uma tarefa muito difícil. É mais fácil encontrar essas razões para ecossistemas, porque dão mais à sociedade. O argumento da utilidade funciona melhor. Às vezes podemos consegui-lo, mas com espécies carismáticas. Não um rato. Por isso, temos de pensar de maneira diferente: a que ecossistema pertence, o que está a região a fazer para proteger o ecossistema, se há habitats alternativos para o rato, perceber o seu papel no ecossistema e o que vai acontecer se desaparecer. Contrariamente ao rato-de-cabrera, há espécies a que damos grande valor económico, provocando sérios problemas, nomeadamente nas pescas. As pescas são suportadas por dois conceitos: um é o acesso livre em mar alto. Qualquer um pode ir a qualquer lado e pescar sem controlo. O segundo é a política de subsídios: 27 mil milhões de dólares pagos anualmente. Isto é muito se pensarmos que o total de peixe capturado vale 85 ou 90 mil milhões de dólares, estamos a falar de quase um terço. No entanto, o valor do sector podia chegar aos 135 mil milhões de dólares, se as pescas fossem exploradas de forma sustentável. Assim, além de estarmos a perder 50 mil milhões de dólares, estamos a subsidiar 27 mil milhões de dólares. A soma dá 77 mil milhões de dólares. É uma estupidez tão grande que é incrível que o estejamos a fazer. Qual a solução?Devido à sobreexploração, 30 por cento de todos os stocks colapsaram, ou seja, têm menos de dez por cento do stock inicial do que quando começaram a ser pescados. É possível que em 2020-2050 só tenhamos stocks em colapso. É importante perceber que temos capacidade excedentária e a "boa economia" concentra-se em investir em recursos escassos. O que fazemos é subsidiar a construção de frotas com mais capacidade. Mas isso não é o recurso escasso; o recurso escasso é o peixe. Devíamos encontrar meios económicos para investir no peixe, por exemplo, criar áreas protegidas marinhas. Já há casos de sucesso. Quais?Uma história engraçada é o caso da Somália. Devido à pirataria, os stocks de peixe recuperaram porque os barcos de pesca não podem lá ir, segundo os relatórios que me chegam. E, por isso, as comunidades locais estão a enriquecer. O problema da pirataria até pode estar resolvido. Isto pode ser feito, mas sempre apoiando as comunidades locais que forem privadas da pesca durante os três ou quatro anos necessários para recuperar os stocks. Em vez de gastar subsídios para aumentar a capacidade pesqueira, devíamos gastá-los no apoio às comunidades e em sistemas de gestão locais. Concentramo-nos, por vezes, em espécies únicas, como a baleia-azul, mas o problema maior é sistémico. E se o solucionarmos, é mais fácil solucionar o problema de cada espécie.
REFERÊNCIAS:
Apresentamos-lhe Ardi, a nova mais antiga antepassada dos homens
Há muito, muito tempo, a região de Afar, no que é hoje a Etiópia, perto da actual aldeia de Aramis, 230 quilómetros a nordeste da capital Addis Abeba, era um autêntico paraíso. Uma paisagem de floresta esparsa, onde corriam cascatas de água doce, com zonas densamente arborizadas, mas também com grandes extensões de pradaria. Na floresta havia palmeiras, abundavam as figueiras e os lódãos. Era um mundo povoado de caracóis, mochos, papagaios e pavões – e ainda de ratos, morcegos, ouriços-cacheiros, hienas, ursos, porcos, rinocerontes, elefantes, girafas, macacos e antílopes. Também aí, entre os seus, vivia Ardi, um... (etc.)

Apresentamos-lhe Ardi, a nova mais antiga antepassada dos homens
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-08-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160830183134/https://www.publico.pt/1403329
TEXTO: Há muito, muito tempo, a região de Afar, no que é hoje a Etiópia, perto da actual aldeia de Aramis, 230 quilómetros a nordeste da capital Addis Abeba, era um autêntico paraíso. Uma paisagem de floresta esparsa, onde corriam cascatas de água doce, com zonas densamente arborizadas, mas também com grandes extensões de pradaria. Na floresta havia palmeiras, abundavam as figueiras e os lódãos. Era um mundo povoado de caracóis, mochos, papagaios e pavões – e ainda de ratos, morcegos, ouriços-cacheiros, hienas, ursos, porcos, rinocerontes, elefantes, girafas, macacos e antílopes. Também aí, entre os seus, vivia Ardi, uma fêmea de hominídeo primitivo. Pesava uns cinquenta quilos e media cerca de um metro e vinte. Vivia em grupo, criava os filhos e foi aí que morreu. . . há 4, 4 milhões de anos. O primeiro fragmento dos seus restos fossilizados – um molar – foi descoberto há 17 anos por Gen Suwa, da Universidade de Tóquio, e anunciado em 1994 na revista Nature. A seguir, entre 1994 e 1997, o resto do esqueleto (só parcialmente recuperado), em mau estado e muito fragilizado e disperso, com o crânio esmagado, foi minuciosamente libertado pelos paleontólogos dos sedimentos onde se encontrava prisioneiro. Mais de 125 fragmentos ósseos de Ardi foram assim postos a nu: crânio, dentes, braços, mãos, pélvis, pernas, pés. E também ossos de pelo menos mais 36 indivíduos da mesma espécie que esta fêmea de Ardipithecus ramidus, deste “símio do chão” (ardi, em Afar, significa “chão”). E ainda milhares de ossos de dezenas de animais e de plantas, que permitiram reconstituir, com um pormenor sem precedentes, o habitat de Ardi e dos seus congéneres. A recuperação e a análise destes achados demorou 17 anos e centenas de pessoas participaram no projecto. E hoje, uma equipa multidisciplinar de 47 cientistas, oriundos de dez países, publica na revista Science nada menos do que 11 artigos descrevendo os resultados – alguns dos quais põem em causa ideias estabelecidas da história evolutiva dos grandes símios e dos homens. Remontar às origensA questão de saber como era o mais recente antepassado comum aos homens e aos grandes símios – e em particular aos chimpanzés, que são geneticamente os mais próximos de nós – é uma questão central da nossa história como espécie e prende-se com coisas como a origem do bipedismo, do crescimento espectacular do cérebro humano, etc. Pensa-se que esse antepassado terá vivido há seis ou mais milhões de anos – o que, diga-se já, exclui à partida a possibilidade de que os hominídeos da espécie Ardipithecus ramidus sejam esse antepassado comum, situados nessa bifurcação da árvore evolutiva dos primatas. Mas, mesmo assim, os autores do estudo concluem que Ardi deverá ter sido bastante parecida com esse misterioso antepassado comum – e com certeza mais parecida com ele do que Lucy, o célebre esqueleto fóssil de uma fêmea de Australopithecus afarensis, uma espécie de homens-símios totalmente bípedes, com um cérebro de pequenas dimensões, que viveu há 3, 2 milhões de anos (mais de um milhão de anos depois de Ardi). Até ontem, Lucy, descoberta em 1974 não muito longe de donde foi agora descoberta Ardi, detinha oficialmente, com os seus congéneres, o título de mais antigo antepassado conhecido da espécie humana. “Ardipithecus é uma forma não especializada que ainda não evoluiu muito em comparação com o Australopithecus”, diz num comunicado Tim White, da Universidade da Califórnia e um dos líderes da equipa de cientistas. “E quando olhamos para [Ardi] da cabeça aos pés, o que vemos é uma criatura-mosaico, que não é nem chimpanzé, nem humana. ”E é aí que começam as surpresas. Acontece que, até agora, os cientistas concordavam em dizer que os chimpanzés, os gorilas e os outros símios africanos modernos tinham conservado muitas das características físicas daquele último antepassado que partilharam com os humanos – ou seja, pensava-se que o antepassado em questão era muito mais parecido com um chimpanzé, ou com um gorila, do que com um homem. Por outras palavras ainda: enquanto nós tínhamos evoluído imenso desde aquela altura, tornando-nos muito diferentes daquele antepassado comum, os símios actuais tinham evoluído pouco desde então. Ardi vem precisamente pôr em causa essa concepção das coisas. Pensava-se, por exemplo, que o antepassado comum aos homens e aos chimpanzés teria sido um ágil trepador, conseguindo pendurar-se nos ramos das árvores, baloiçar-se e saltar de árvore em árvore tal como os chimpanzés de hoje. E também que, tal como eles, caminhava apoiado nos nós dos dedos das mãos. Mas não foi nada disso que os investigadores descobriram ao examinarem Ardi. Como explica ainda o comunicado acima referido, quando se encontravam no chão, os hominídeos de Ardipithecus caminhavam erguidos, apoiados nas suas duas pernas (isto é sugerido pela anatomia dos pés). Uma outra ideia estabelecida pode, aliás, estar em causa aqui: a que supõe que o bipedismo dos hominídeos nasceu quando eles se lançaram para espaços mais abertos, para a savana e não quando ainda viviam na floresta. Os Ardipithecus eram “bípedes facultativos”, dizem os investigadores. Um outro elemento surpreendente é que, conforme o que se pôde deduzir da morfologia dos dentes de Ardipithecus, este hominídeo tinha uma dieta diferente dos símios africanos actuais. Por outro lado, Ardi não parece ter-se deslocado apoiando-se nos nós dos dedos das mãos (é o que indica a anatomia das mãos e dos pulsos, que não possuíam rigidez suficiente para isso). E também não parece ter passado muito tempo a baloiçar-se ou pendurada dos ramos das árvores. Pelo contrário, um dos artigos publicado na Science, dedicado às mãos de Ardi, qualifica-a mesmo de “trepadora prudente”, que subia às árvores, disso não há dúvidas, mas que se deslocava de gatas pelos ramos, ajudada pelo polegar oponível dos seus pés. Se se confirmarem estes dados, isso significa, em particular, que os chimpanzés não são um bom modelo desse misterioso antepassado comum entre eles e nós – e que talvez um melhor modelo sejamos. . . nós próprios! É o que parece concluir no mesmo artigo sobre as mãos de Ardi a equipa de Owen Lovejoy, da Universidade Estadual do Ohio e também um dos principais investigadores. “Esta descoberta”, escrevem na Science, “põe um ponto final a anos de especulação sobre o decorrer da evolução humana. (. . . ) Foram os símios africanos que evoluíram imenso desde os tempos do nosso último antepassado comum, não os humanos nem os seus antepassados hominídeos mais imediatos. As mãos dos primeiros hominídeos eram menos parecidas com as dos símios do que as nossas (. . . . ). ”Claro que nem todos os especialistas concordam com a interpretação dos achados e que alguns dos peritos interrogados por uma jornalista da Science, que acompanha a publicação dos resultados, permanecem cépticos. Mas todos acolheram com grande interesse os novos dados e acham que é agora que o debate vai começar.
REFERÊNCIAS:
Óleo de palma, floresta e conflito em São Tomé
Num país essencialmente pobre, um grande projecto agro-florestal começa com atropelos ambientais e sociais, provocando uma onda de contestação. São apenas 50 quilómetros entre São Tomé e Ribeira Peixe, mas o caminho faz-se devagar. A estrada é sinuosa, acomoda-se ao contorno da costa e vence a orografia em curvas e declives, com o mar à esquerda e a floresta verdejante à direita. Alguns minutos além do rio Iô Grande surgem as primeiras palmeiras. Estão alinhadas em fileiras, entre as quais foi semeada uma leguminosa para fertilizar o solo. O conjunto estende-se num tapete geométrico até ao limite onde a floresta ... (etc.)

Óleo de palma, floresta e conflito em São Tomé
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
TEXTO: Num país essencialmente pobre, um grande projecto agro-florestal começa com atropelos ambientais e sociais, provocando uma onda de contestação. São apenas 50 quilómetros entre São Tomé e Ribeira Peixe, mas o caminho faz-se devagar. A estrada é sinuosa, acomoda-se ao contorno da costa e vence a orografia em curvas e declives, com o mar à esquerda e a floresta verdejante à direita. Alguns minutos além do rio Iô Grande surgem as primeiras palmeiras. Estão alinhadas em fileiras, entre as quais foi semeada uma leguminosa para fertilizar o solo. O conjunto estende-se num tapete geométrico até ao limite onde a floresta foi cortada. Ao fundo, enquadrado por esta paisagem dual, vê-se o Cão Grande, o curioso dedo vulcânico que se eleva a 663 metros de altitude. O cenário é tudo menos um simples cartão postal de São Tomé e Príncipe. Aquelas palmeiras fazem parte de uma exploração agro-florestal que é o tema do momento no país. Implica derrubar áreas de floresta para produzir óleo de palma e está a semear a discórdia entre cidadãos, organizações não-governamentais, empresas e administração central. Não é uma história que se encaixe numa divisão simplista entre defensores e destruidores da natureza. São Tomé e Príncipe é um país pobre, com um PIB per capita de 1100 euros por ano, 6% do português. As roças de cacau e de café que alimentaram a economia colonial estão quase todas falidas. Nas cidades há poucos empregos. O país precisa de investimento. Mas a população não está disposta a aceitá-lo a qualquer custo. O trinómio idílico do desenvolvimento sustentável, onde a economia, o ambiente e o bem-estar social andam de mãos dadas, não está aqui a funcionar. Produzir óleo de palma não é uma novidade no país. No anos 1980, o Governo criou a Empresa de Óleos Vegetais (Emolve) e plantou cerca de 600 hectares de palmeira-andim (Elaeis guineensis) no Sul de São Tomé. O projecto durou pouco e estava moribundo quando, há cinco anos, o Governo começou a negociar uma parceria para o ressuscitar. Surgiu então a Agripalma, com 12% de capital do Estado são-tomense e 88% da STP Invest, uma sociedade belga cujos responsáveis estão ligados a empresas da área das renováveis. A ideia é replantar e ampliar os palmares para quase 5000 hectares e construir uma fábrica. O investimento equivale a 29 milhões de euros e a produção esperada é de 20 mil toneladas de óleo de palma por ano, em 2017. Parte destina-se ao consumo local e parte será exportada. Corrida a África O projecto surge num momento em que muitos investidores estão de olho na exploração do óleo de palma em África. Actualmente, 85% da produção mundial vem da Indonésia e da Malásia, com destino sobretudo à China, Índia e União Europeia. Com a expectativa de duplicação do consumo até 2020 - como óleo comestível e para a produção de biodiesel -, outras áreas de cultivo estão a ser procuradas nos trópicos. Num relatório de Dezembro de 2011, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente já alertava para a destruição de florestas tropicais devido "à rápida expansão da monocultura do óleo de palma". Conflitos ambientais e sociais, em especial pela posse da terra, têm sido reportados em países africanos como a Nigéria, Camarões, Gana, República Democrática do Congo, Costa do Marfim. Em São Tomé é Príncipe, estão a repetir-se, desde que os contratos com a Agripalma foram assinados em 2009. "A partir deste momento, as coisas começaram a correr mal", queixa-se Bastien Loloum, organização não-governamental Marapa (Mar, Ambiente e Pesca Artesanal). O estudo de impacto ambiental, diz Loloum, é deficiente, não teve consulta pública e foi difícil de obter. "Estava na Bélgica, em inglês, e a tradução é má", afirma. Em documentos do projecto, há várias referências a compromissos de responsabilidade ambiental. A própria empresa que executará o projecto - a Socfinco, detentora de 100 mil hectares de palmares em África - é fundadora da Roundtable Sustainable Palm Oil, criada pelos produtores em 2004 para garantir que as explorações seguem os preceitos do desenvolvimento sustentável. No terreno, porém, os exemplos contrários multiplicam-se quando se passa a cidade de Porto Alegre, no extremo sul de São Tomé, e se segue por uma estrada irregular de terra batida. Depois de um pequeno percurso a pé, entre fetos e coqueiros, Bastien Loloum mostra uma área pejada de árvores abatidas. Ali passa um curso de água que mal se vislumbra. "Deviam ter guardado uma faixa de 40 metros a partir da ribeira", lamenta Loloum, que coordena projectos da Marapa naquela região. Mais à frente, o caminho passa por troços difíceis, com pequenas pontes periclitantes, até desaguar numa área com amplas faixas de floresta abertas para as palmeiras. Há ribeiras entulhadas com troncos e acentuados declives recém-despidos. A vulnerabilidade à erosão é evidente. Foi nesta área que a população se rebelou contra o avanço das máquinas. O projecto previa, na região de Porto Alegre, o envolvimento dos agricultores locais - num modelo distinto das plantações industriais em Ribeira Peixe. Mas os moradores dizem que os bulldozers avançaram sem aviso nem cerimónia. "O problema é a maneira como estão a agir na comunidade", afirma Fidel Sanches, presidente da Associação Comunitária de Porto Alegre. Reforma falhada Em grande medida, o que foi derrubado correspondia às ruínas de uma reforma fundiária falhada, que teve início nos anos 1990. Ex-trabalhadores das roças receberam lotes de terreno do Estado. Mas, por falta de apoio, de formação ou de iniciativa, muitos nunca cultivaram a sério os seus talhões. Hoje simplesmente retiram da terra o que a terra lhes dá - algum cacau ou café remanescente, bananas, cocos, fruta-pão. Das próprias palmeiras extrai-se a seiva para fazer o vinho de palma. Grandes árvores transformam-se em madeira, o material de construção mais popular na ilha. "A terra não era cultivada, mas havia a nossa madeira que estávamos a proteger", justifica Fidel Sanches. "Derrubaram e destruíram", acrescenta. O sangue ferveu numa manhã de Maio passado. De catanas em punho, a população impediu o avanço das máquinas. A Agripalma suspendeu as operações e agora vêem-se no local apenas alguns trabalhadores a seccionarem grandes árvores já abatidas. Num país onde a falta de emprego é um problema, a perspectiva de trabalho no projecto Agripalma não entusiasma a todos. "São trabalhadores extras. Não têm regalias, segurança social, se ficam doentes ninguém lhes paga", diz Adelino dos Prazeres, outro morador de Porto Alegre. O conflito social à volta do projecto não é o único. As plantações estão a tomar o lugar da floresta, com efeitos ainda mal estudados. O resumo do estudo de impacte ambiental faz uma descrição muito sumária da fauna e nula da flora. Os impactos sobre a paisagem e a biodiversidade estão resumidos em três parágrafos curtos. Um deles diz: "A biodiversidade será preservada como uma prioridade". São Tomé e Príncipe tem animais e plantas únicos, que não existem em mais lugar nenhum. A sua avifauna, por exemplo, inclui espécies criticamente ameaçadas de extinção, como a galinhola (Bostrychia bocagei), o picanço (Lanius newtoni) e o anjolô (Neospiza concolor). "A grande questão é que se desconhecem quais são as áreas vitais para estas espécies", alerta Nuno Barros, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). "Não havendo estudos, pode-se estar a estragar coisas que nem sequer conhecemos", diz Barros. Providência cautelar Organizações como a SPEA somaram as suas preocupações à dos moradores e de outros sectores da sociedade. O resultado é um movimento cívico que tem agora agido em conjunto. Uma petição "contra a desflorestação" foi lançada na Internet e uma queixa formal levou o Ministério Público a entrar com uma providência cautelar, no princípio de Julho, para suspender o projecto. Parte da luta legal tem sido garantida pelo envolvimento de juristas são-tomensens, como a bastonária da Ordem dos Advogados, Celiza de Deus Lima, e o ex-procurador-geral da República, Adelino Pereira. Este advogado tem uma concessão agrícola na zona do projecto, mas diz que o que o move não é nenhum interesse pessoal. "Quando vi aquilo, fiquei chocado", afirma, no seu escritório na cidade de São Tomé. Adelino Pereira não entende como é que o Estado entrou com os terrenos todos da Agripalma e só ficou com 12% da empresa. "É óbvio que há uma desproporção imensa". A Agripalma pagará ao Estado uma renda anual de sete euros por hectare, o que, para o advogado, "é uma aberração". Parte dos terrenos, embora públicos, pode ser hipotecada para empréstimos bancários. Os contratos prevêem uma concessão de até 75 anos, amplas isenções fiscais e o monopólio da actividade no país, enquanto estiverem a ser pagos os empréstimos. "Os contratos estão impregnados de vários vícios", conclui Adelino Pereira. "Há muita desinformação e muito aproveitamento político", rebate o director-geral da Agricultura, Carlos Pascoal. O projecto da Agripalma insere-se numa tentativa de atrair investidores estrangeiros para viabilizar áreas agrícolas que não estão a ser cultivadas. "Temos de reagir a esta economia que não existe e alargar a nossa base produtiva de exportação", diz Carlos Pascoal. O director-geral admite que nem tudo tem corrido bem. "Houve alguns erros, áreas que não deveriam ser derrubadas e foram. Mas não se pode pôr em causa um projecto por erros que são reversíveis", afirma. Depois das queixas, o Governo criou uma comissão permanente para fiscalizar os trabalhos, embora muitos duvidem de que haja recursos para manter os funcionários no terreno. Carlos Pascoal - que representa o Estado no conselho de gerência da Agripalma - diz que as cláusulas do contrato são o resultado de oito meses de negociações e que a renda paga pelos terrenos está acima dos quatro euros por hectare previstos na legislação. "Não vejo onde está o crime disto. . . ", comenta. Terras a menos O Governo vê como natural a protecção do negócio por um monopólio enquanto houver dívidas à banca, bem como a hipoteca de terrenos públicos - já que o próprio Estado é parte interessada no projecto. Quanto à não-realização de uma consulta pública para o estudo de impacto ambiental, prevista na lei, Carlos Pascoal pergunta: "Qual é o projecto que teve consulta pública?"Há uma questão ainda delicada por resolver. Dos 4917 hectares previstos no projecto, 1272 seriam concessionados no Príncipe. Mas o governo regional daquela ilha chumbou a ideia e será impossível encontrar, na ilha de São Tomé, mais áreas planas para as palmeiras. "Não temos", diz Carlos Pascoal. O contrato com a STP Invest tem agora de ser revisto. Na sede da Agripalma em São Tomé, a política neste momento é a do silêncio. Ao PÚBLICO foi apenas entregue um comunicado de 19 de Junho, assinado pelo director-geral Jan Van Eykeren. No documento, a Agripalma diz que "desde o início do projecto tem procurado respeitar a protecção do ambiente" e que está a seguir as recomendações contidas num estudo complementar que mandou fazer sobre a biodiversidade. Também afirma que não desflorestou qualquer área dentro do Parque Natural Obô - criado em 2006 e onde se concentra a vegetação original da ilha -, e que não está a explorar áreas legalmente classificadas como floresta, já que as zonas concessionadas ou já eram palmares ou tinham sido reocupadas por coqueiros e outras árvores, depois de abertas à agricultura há muito tempo. Segundo a Agripalma, não há aves endémicas na área concessionada. A empresa refere que está a empregar 800 trabalhadores, com uma folha de pagamentos mensal de 1500 milhões de dobras (61. 000 euros). "Não vamos destruir o país para dar emprego a 800 pessoas", contesta o advogado Adelino Pereira. "Não estamos contra a Agripalma. Queremos é que as coisas sejam bem feitas", completa, repetindo uma afirmação comum a todos os envolvidos no movimento cívico ouvidos pelo PÚBLICO. Os ânimos estão longe de acalmar. Na semana passada, trabalhadores da Agripalma voltaram a ser interpelados em Porto Alegre. E, se não houver alterações, o próximo passo da contestação já está agendado, segundo diz Fidel Sanches: "Estamos à espera da chuva para retomar a nossa roça".
REFERÊNCIAS: