Portugueses voltaram a ir mais ao cinema em 2016
Animação e super-heróis versão negra são os filmes mais vistos em 2016. Nos EUA batem-se novos recordes mas não há mais pessoas nas salas – os bilhetes são mais caros. No mundo, a Disney domina. (...)

Portugueses voltaram a ir mais ao cinema em 2016
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161231180500/http://publico.pt/1756500
SUMÁRIO: Animação e super-heróis versão negra são os filmes mais vistos em 2016. Nos EUA batem-se novos recordes mas não há mais pessoas nas salas – os bilhetes são mais caros. No mundo, a Disney domina.
TEXTO: Este foi o segundo ano consecutivo de crescimento tanto em receitas quanto em número de espectadores no cinema em Portugal. Com um dia de sessões ainda por cumprir, os números indicam que os portugueses compraram mais de 14, 6 milhões de bilhetes este ano, investindo 75, 1 milhões de euros nas suas idas às salas — que foram novamente uma animação. Os bonecos de A Vida Secreta dos Nossos Bichos foram os mais vistos e só Leonardo DiCaprio sobreviveu a um top ten cheio de desenhos e de anti-super-heróis como Esquadrão Suicida. Contas feitas aos principais filmes em exibição até 28 de Dezembro, os números do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) mostram que eles não se alteraram significativamente em relação ao ano anterior, mas que há para já uma ligeira subida (que tenderá a acentuar-se com as sessões dos últimos dias do ano e com o acerto dos dados pelos operadores). O ano de 2015 foi o primeiro desde 2010 em que se verificou uma subida das idas ao cinema e do número de espectadores em sala, com 74, 9 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira e 14, 5 milhões de espectadores. Em 2016, e com os números parciais de Dezembro contabilizados pelo PÚBLICO até dia 28 com base nos dados do ICA, há já 75, 1 milhões de euros de receitas e 14, 6 milhões de ingressos vendidos, uma ligeira subida em relação a 2015 — e a confirmação de que se mantém a tendência. Ainda assim, continuamos longe dos números do início do século, em que o total de espectadores ultrapassava os 18 milhões. Quanto aos filmes favoritos dos espectadores, se em 2015 a animação dos Mínimos e os franchises de acção encimaram o top, este ano os franchises voltaram, ainda e sempre, mas com super-heróis versão negra. Os mais vistos do ano em Portugal são então: A Vida Secreta dos Nossos Bichos, o mais popular, com 2, 9 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira e 603 mil espectadores; depois, um dos blockbusters mais arrasados pela crítica de 2016, Esquadrão Suicida, com 2, 4 milhões e 449 espectadores; À Procura de Dory, que valeu dois milhões de receita e 423 mil pessoas nas salas, suplantou outra animação animal, Zootrópolis, com 1, 8 milhões e 393 mil espectadores, que por seu turno viu o primeiro dos filmes de super-heróis atacados de negrume do ano, Deadpool, ficar logo abaixo, com 1, 9 milhões mas só 361 mil espectadores. O sexto filme do ano foi O Renascido, conferido em sala por 311 mil pessoas. O top dez completou-se com Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los, Batman Vs. Super-Homem: O Despertar da Justiça, A Idade do Gelo: O Big Bang e Angry Birds: O Filme. Todos subprodutos de um outro produto, seja uma série literária (Harry Potter), uma sequela cinematográfica, um universo de comics ou um jogo, respectivamente. O único filme português na lista, em 19. ª posição, é A Canção de Lisboa, terceiro de uma série de remakes de comédias populares do cinema português, com 187 mil espectadores, muito abaixo do fenómeno de 2015, o remake de O Pátio das Cantigas que com 607 mil espectadores é o filme português mais visto dos últimos 40 anos. Nos EUA, o cenário é o mesmo, mas sem The Revenant: O Renascido, que deu o Óscar de Melhor Filme a Alejandro Iñárritu e o de Melhor Actor a DiCaprio, a conseguir infiltrar-se em mais um ano recorde de bilheteiras. Os dados do Box Office Mojo mostram que o mais visto foi À Procura de Dory, seguido de Capitão América: Guerra Civil, A Vida Secreta dos Nossos Bichos, O Livro da Selva e Deadpool; ao contrário do que aconteceu em Dezembro de 2015, quando a injecção financeira de Star Wars: O Despertar da Força apareceu para tornar o ano bem mais lucrativo, o novo filme Star Wars não chegou para roubar o pódio, fixando-se em sétimo no box office americano de 2016 e em 22. º do português. Nos EUA, de qualquer modo, continuam a bater-se recordes, com as vendas de bilhetes a ultrapassarem pelo segundo ano consecutivo a marca dos 11 mil milhões de dólares: neste caso, 11, 3 mil milhões de dólares (10, 7 mil milhões de euros) no balanço estimado de 2016, segundo a empresa de análise de dados ComScore. Os dados foram compilados até ao Natal e a Disney, o estúdio que agrega não só a sua poderosa marca mas também a Marvel Studios e a Lucasfilm, é a força dominadora. “Toda a gente vai ver os mesmos filmes. E são sobretudo da Disney”, constata Doug Creutz, analista da Cowen and Company, citado pela Vanity Fair. Dos grandes êxitos de bilheteira do ano, cinco (Capitão América, Zootrópolis, Rogue One, Dory e O Livro da Selva) são Disney, estúdio que teve o melhor ano de sempre no box office mundial com receitas brutas de mais de sete mil milhões de euros. ”Saímo-nos bem ao criar o que os miúdos chamariam FOMO”, ou “fear of missing out” (o medo de ficar de fora, em tradução livre), congratulou-se Dave Hollis, vice-presidente de vendas e distribuição do estúdio do rato Mickey. Os filmes da Disney envolvem um ingrediente-chave, disse Hollis: “Fazer parte do fenómeno. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ainda assim, e como mostra uma análise mais fina dos dados nos últimos anos, o facto de as bilheteiras renderem mais e de haver estúdios capazes de assegurar uma quota esmagadora do mercado não quer dizer que haja mais pessoas nos cinemas. Há sim bilhetes mais caros e sessões mais caras, sobretudo em 3D ou salas IMAX. “É enganador. Olhando para o box office, ele parece saudável, mas é só um punhado de títulos que está a ter este tipo de sucesso”, lembrou ao Los Angeles Times Adam Goodman, antigo responsável pela produção na Paramount. É como o filme europeu de 2015: foi um ano recorde no cinema na Europa, mas com os espectadores a pagarem mais por bilhete e a irem ver menos cinema europeu. Há “demasiados filmes caros”, disse Cruetz, e menos espectadores do que antigamente, mesmo quando se sabe que os americanos vêem em média cinco a seis filmes por ano em sala. Mas procuram e encontram sobretudo personagens (re)conhecidas, grandes produções de choque e espanto e histórias de inspiração juvenil, em detrimento de trabalhos autorais ou de médio porte. Em França, o ano também foi de crescimento, com 213 milhões de espectadores, que, juntamente com receitas estimadas de 1, 3 mil milhões de euros, fizeram de 2016 o segundo melhor ano em meio século, segundo dados do Centre National du Cinéma. Porém, as bilheteiras do país europeu que mais vai ao cinema lucraram não só com os blockbusters americanos mas também com comédias francesas de sucesso como Les Tuche.
REFERÊNCIAS:
Hayao Miyazaki: as caricaturas do Charlie Hebdo foram “um erro”
Para o realizador japonês, os cartoonistas deviam satirizar líderes e temas dos seus países. (...)

Hayao Miyazaki: as caricaturas do Charlie Hebdo foram “um erro”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o realizador japonês, os cartoonistas deviam satirizar líderes e temas dos seus países.
TEXTO: O mestre do cinema de animação japonês Hayao Miyazaki classificou como “um erro” as caricaturas do Charlie Hebdo, o jornal francês atacado em Janeiro. Numa entrevista à rádio japonesa TBS, Miyazaki defendeu ainda que os cartoonistas se deviam focar em alvos dos seus próprios países. “A meu ver é um erro fazer caricaturas daquilo que diferentes culturas adoram. É uma boa ideia parar de se fazer isso”, disse Hayao Miyazaki, em referência ao que aconteceu em Paris no Charlie Hebdo, atacado a 7 de Janeiro por dois homens armados que mataram 12 pessoas entre as quais cinco dos desenhadores de imprensa do semanário. As representações de Maomé terão estado na origem ataque terrorista. Para o mestre da animação japonesa, os cartoonistas deviam focar-se em temas que lhes são mais próximos. “Em primeiro lugar e acima de tudo, as caricaturas deviam ser dos políticos dos seus próprios países. Parece simplesmente suspeito ir atrás de líderes políticos de outros países”, continuou Hayao Miyazaki, de 74 anos. As palavras de Miyazaki vão contra a maioria das manifestações públicas a favor do trabalho da redacção do jornal satírico. O alvo de Charlie Hebdo não são apenas as religiões. Ali não há limites: opositores do casamento gay, Marine Le Pen, François Hollande, o Vaticano, todos já foram alvo dos seus desenhos satíricos e mordazes. Desde o ataque de Janeiro, e com o mais recente episódio em Copenhaga que teria como alvo o cartoonista sueco Lars Vilks, ameaçado desde que em 2007 assinou uma série de cartoons onde Maomé surgia com cabeça de cão, que a discussão em torno da liberdade de expressão tem sido grande. Em França, no entanto, muitos são aqueles que concordarão com o mestre japonês, que é um dos homenageados deste ano na cerimónia dos Óscares – Hayao Miyazaki foi escolhido pela Academia para receber um Óscar honorário. No mês passado, um inquérito revelou que um em cada quatro franceses acreditava que o Charlie Hebdo cometeu um erro ao publicar as caricaturas de Maomé por considerarem as imagens ofensivas para os muçulmanos. Hayao Miyazaki é autor de 11 longas-metragens aclamadas pela crítica e detentor de um Óscar de melhor filme de animação por A Viagem de Chihiro. Em 2013, o realizador anunciou que já não iria fazer mais longas-metragens, embora tencione continuar a trabalhar nos estúdios japoneses. The Wind Rises é o seu último filme, apresentado no Festival de Veneza de 2013.
REFERÊNCIAS:
Cascais na encruzilhada: salvar o património natural e a água ou a destruição
A Sociedade Civil tem novamente à sua mão todos os instrumentos legais para inflectir radicalmente o processo camarário em curso. (...)

Cascais na encruzilhada: salvar o património natural e a água ou a destruição
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Sociedade Civil tem novamente à sua mão todos os instrumentos legais para inflectir radicalmente o processo camarário em curso.
TEXTO: A Câmara Municipal de Cascais que tanto propala a vocação económica do Município na vertente turística como factor relevante no Novo Plano Estratégico para o Turismo na Região de Lisboa – 2016-2019, dada a relevância deste como motor de empregabilidade e de desenvolvimento económico sustentável, jamais poderá alcançar tal propósito postergando os mais elementares Direitos de Cidadania das suas gentes!O presente grito de alerta aos munícipes cascalenses já não se confina: às permanentes limitações arbitrárias do executivo camarário à sua mobilidade, pedestre ou automobilizada, nomeadamente durante “festas pimba”, com barracas de feira em espaços públicos, com violação das mais elementares normas dos níveis de ruído admissíveis em fins-de-semana e, por último, como aconteceu no Verão passado nas últimas Festas do Mar, pondo em risco a segurança de milhares de pessoas, junto à praia dos Pescadores, actividades que mais se assemelham ao “panem et circenses” romano!Agora, o alerta é bem sério: trata-se de travar, mais uma vez, a veleidade de executar uma rede viária estruturante justificada por uma alegada acessibilidade e mobilidade dos “seus aborígenes”!Trata-se, de um projecto inicialmente desenvolvido pelo Gabinete de Estudos Urbanos da CMC, em 28/12/2004, à data designado por Projecto de Execução da Estrada Saloia que visava retomar a ligação proveniente e com destino à A5, à zona mais ocidental do Município, isto é, à Areia, e que “fará” a ligação Areia/S. Gabriel (no actual termo da A5). Tal projecto que fora aprovado 17. 09. 2007, esteve a “marinar” pouco mais de sete anos e subitamente renasce “das cinzas” com Carlos Carreiras, em circunstâncias deveras bem esclarecedoras, como irá fazer-se luz!É oportuno, aqui fazer o enfoque que tal empreendimento tivera historicamente as suas raízes, quando há quinze anos no Consulado de Judas, a sociedade civil: “O Movimento Cívico para a Defesa do Parque Natural de Sintra-Cascais”, integrando múltiplos cidadãos em nome individual e Associações de Defesa do Ambiente, entre elas a Quercus e o Geota, reagiram energicamente contra tal empreendimento, na altura designado: por “Fixação do Traçado do Prolongamento da A5 (IC-5) até à Areia e nessa conformidade, veio a caber ao autor deste artigo, como advogado, de promover a sua anulação, mediante acção pública a ser exercida pelo Ministério Público, enquanto representante do Estado colectividade, queixa essa fundamentada na violação de várias normas (entre elas):o Regime Jurídico dos Planos Municipais de Ordenamento do Território (art. º 5. º n. º 1 do então DL 69/90) e do Direito de Participação Procedimental e de Acção Popular (art. º 4. º n. º 1 e 3 da Lei 83/95, de 31/08). Estava em causa nomeadamente: a descaracterização de um Espaço Agrícola Nível 4, com a sua substituição por categoria de Espaço Urbanizável de Baixa Densidade, ameaça séria que passaria sobre o último espaço verde na periferia sul do Parque Natural de Sintra-Cascais, com a desfiguração cénica “do continuum naturale” e a perda irreparável nas envolventes periféricas rural e urbana tradicionais dos mesmos lugares e povoações. Depois de uma longa batalha jurídica, o Supremo Tribunal Administrativo por acórdão de 17. 05. 2007 viria a pôr termo definitivo à causa dando razão aos queixosos por infracção à Lei 83/95, de 31/08. Não foi a despropósito, que então foram tecidos grandes encómios às virtudes peregrinas desse prolongamento da A5, visto estar na altura na forja um amplo plano de urbanização à pala deste, a então designada “Cidade do Cinema” que iria urbanizar e assim impermeabilizar uma área de muitos milhares de m2. Ora os tempos mudaram, mas não tanto visto que os “políticos” (?) ainda não aprenderam, que não devem nem podem iludir a sociedade civil que então, há quinze anos, tanto pugnou pelo reconhecimento do direito de cidadania inscrevendo o seu feito: como o 1. º Movimento que reuniu pela 1. ª vez em Portugal as assinaturas necessárias para apresentar uma Petição Pública na Assembleia da República, cuja apresentação teve lugar em Julho de 2000. Estava em causa, nessa altura, não só a urbanização da Cidade do Cinema bem como outras violações ao Plano de Ordenamento do Parque Natural de Sintra – Cascais, nomeadamente, com os projectos urbanísticos do Abano, Prontohotel, um campo de golfe, etc…Hoje os políticos que dirigem (?) a autarquia de Cascais, continuam a insistir que estão a governar “aborígenes” que não sabem patavina dos seus direitos, continuando a privilegiar o capital financeiro, com mega projectos de urbanização esquecendo que há quinze anos, os mesmos cidadãos aborígenes trataram bem da “res publica”, os quais estão hoje unidos para ir novamente para a luta, pugnando pelo primado da Defesa dos Valores Ambientais e do Desenvolvimento Sustentável, no último mosaico de estrutura verde primária, na área entre a Estrada de Birre/Guincho e o Parque Natural de Sintra – Cascais que é indispensável à salvaguarda de novas pressões sobre este património.
REFERÊNCIAS:
Étnia Aborígenes
O bafo do dragão
Kazuo Ishiguro desperdiça a sua escrita imaculada num romance caótico (...)

O bafo do dragão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Kazuo Ishiguro desperdiça a sua escrita imaculada num romance caótico
TEXTO: Axl e Beatrice, um casal com uma idade já avançada, decidem deixar para trás a sua comunidade e viajar em busca de um filho há muito perdido. Depois dos necessários preparativos, lançam-se à aventura, apoiados um no outro e nos seus cajados de caminhantes. As terras que atravessam são inóspitas, agrestes, desoladas e cheias de perigos. Encontram pessoas que se mostram indiferentes, hospitaleiras ou ameaçadoras. A viagem não é linear nem agradável, os obstáculos surgem constantemente, é necessário procurar abrigo, encontrar comida. Os costumes, normas e rituais dos que vão encontrando pelo caminho são diferentes, incompreensíveis. Axl e Beatrice, cristãos em terras pagãs, estão estreitamente ligados por uma força (o amor, a fé?) que os impele nesta viagem que serve de fio condutor a O Gigante Enterrado, o mais recente romance de Kazuo Ishiguro — uma saga épica, facilmente encarada como um pastiche da obra de Tolkien e da sua literatura fantástica com raízes folclóricas, não fosse a espartilhada contenção narrativa minimalista deste escritor inglês nascido em Nagasáqui em 1954. A aventura de Axl e Beatrice poderia, também, ter algo em comum com as demandas de Marco Polo ou de Fernão Mendes Pinto, com a sua saborosa mistura de factos reais e inventados, estranhas aparições e animais fantásticos, num universo simultaneamente novo, para eles, e demasiado antigo, para nós, revelado à medida dos passos dados por esta versão idosa de Romeu e Julieta. Ishiguro escolheu como cenário uma Grã-Bretanha pós-arturiana, ocupada por saxões e bretões — regressados às suas querelas depois da fugaz pacificação levada a cabo pelos cavaleiros da Távola Redonda —, ameaçada por ogres, feiticeiros e feiticeiras, cavaleiros, monges demoníacos e sábios descendentes de Merlim, em que um dragão, Querig, é a causa do mal maior que assola aquelas terras: o seu bafo apaga a memória daqueles que o respiram. Esta ideia da “névoa” que produz o esquecimento e potencia a confusão na memória (é possível que os especialistas em patologias do cérebro descubram, neste livro, indícios semelhantes aos dos pacientes com Alzheimer) é mais um dos artifícios de Ishiguro para criar cenários deslocados da realidade e personagens presas de confusão e de uma incapacidade para discorrer e reagir, paralisadas por ameaças mais ou menos veladas que não lhes permitem a clareza da experiência, da maturidade. No extraordinário Nunca me Deixes (2005), onde o escritor colocava em debate a questão da clonagem, assiste-se ao desenrolar de um processo terrífico de “criação” de crianças e de jovens que aceitam fatalisticamente o seu destino, o de serem mortas para fornecerem órgãos aos “bons” cidadãos britânicos. Recorde-se, ainda, o mordomo Stephens, de Os Despojos do Dia (1989), que mantém um controlo rigoroso das emoções, escondidas por trás de um cenário construído por regras fantasistas como as dos jogos infantis do “faz-de-conta”, tal como acontece em Quando Éramos Órfãos (2000), em que o detective Christopher Banks assenta a sua reputação numa quimera. Em O Gigante Enterrado o texto desenrola-se num tom de devaneio, ao correr de um tempo sem referências. A paisagem tem uma grande importância — que Inglaterra é aquela, tão desolada, sem prados verdes nem caminhos entre sebes floridas? —, tal como determinantes são certas referências surpreendentes, como a do encontro de Axl e Beatrice com diversas personagens que evocam lendas e mitos bem conhecidos: o pérfido Brennus assemelha-se ao xerife de Nottingham, e a floresta bem poderia ser a de Sherwood; o jovem Edwin, como tantos outros seres especiais, Harry Potter incluído, é possuidor de uma marca indelével no corpo; Sir Wistan é um destemido e imprudente cavaleiro que tem dificuldade em saber qual o seu propósito; e Sir Gawain, sobrinho do rei Artur, é uma relíquia do passado, descarnado, a armadura ferrugenta, com dificuldade em movimentar-se, montado numa pileca de nome Horace que compete em decadência com Rocinante, eternamente condenado a deambular em busca de feitos improváveis, e que evoca, evidentemente, Dom Quixote. (Um dos melhores momentos do romance acontece quando Sir Gawain tem um encontro extremamente incómodo com um grupo de “viúvas”, arrepiantemente parecidas com as bruxas do Macbeth shakesperiano. )Ishiguro parece querer encenar uma pantomima aparentemente ingénua, onde introduz a sua bem conhecida ironia subtilíssima, (como fez no kafkiano Os Inconsolados), com referências, comicamente deturpadas, a outros momentos marcantes da literatura universal (as “provas de amor” a que são sujeitos os amantes ao atravessarem um rio semelhante ao Lethes nas mãos de um sinistro barqueiro, tal como acontece nos romances de cavalaria; os monges satânicos que parecem saídos de O Nome da Rosa de Umberto Eco, etc. ), como se houvesse a intenção de avivar a memória para outros textos, em vários estratos temporais, e para a finalidade primeira da escrita, isto é, o exercício da imaginação. De salientar, ainda, outro (falso) paradoxo relacionado, também, com a questão da memória, esse “gigante enterrado” nas convulsões da História: um ser humano ou uma comunidade que esquecem estão condenados à inércia e à escuridão (como Axl e Beatrice na caverna da sua aldeia); a tentativa de recuperar o passado impulsiona a acção, mas esta não é isenta de perigos. Por outro lado, o esquecimento preserva, supostamente, a paz e a concórdia (os saxões e os bretões já não recordam o motivo das suas lutas, o casal não discute porque não reconhece os motivos de eventuais discórdias, etc. ). Ishiguro coloca Axl e Beatrice como heróis determinados, contrariando personagens como o pintor Ono em An Artist of the Floating World (1986), ou, de novo, Stephens em Os Despojos do Dia — narradores não fiáveis, reprimidos por infames segredos do passado (os “dragões” e ogres atávicos) e incapazes de os enfrentar. Resta acrescentar que O Gigante Enterrado, com a sua escrita imaculada, tão delicada quanto a caligrafia japonesa, peca por se perder em longos devaneios, tão opacos quanto os dos antigos bretões e saxões, num universo caótico e, no final, tristemente enredado em divagações insondáveis.
REFERÊNCIAS:
Étnia Bretões
Depois da lava e da cinza, chuva ameaça região chilena do vulcão Calbuco
Habitantes da vila de Enseada trabalham na limpeza das casas e juntam gado disperso, esperando que a chuva não cause mais estragos. (...)

Depois da lava e da cinza, chuva ameaça região chilena do vulcão Calbuco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Habitantes da vila de Enseada trabalham na limpeza das casas e juntam gado disperso, esperando que a chuva não cause mais estragos.
TEXTO: O “estado de excepção” e o estatuto de “zona de catástrofe” mantêm-se na região do Chile onde, depois de 43 anos de inactividade, o vulcão Calbuco teve, na semana passada, duas erupções que obrigaram à retirada de cerca de 6. 500 pessoas das suas casas. Apesar de não se ter registado qualquer actividade eruptiva do vulcão desde quinta-feira, as autoridades continuam à espera de uma provável terceira erupção, mantendo o estado de alerta e a ordem de evacuação da região num raio de 20 quilómetros. Enquanto se contabilizam os estragos e prosseguem as limpezas, os médicos alertam para os efeitos nocivos da prevista queda de chuva sobre a camada de cinza. A vila de Enseada, a 15 quilómetros do Calbuco, vive horas de desespero. Desde a passada sexta-feira que os habitantes deslocados vão e vêm todos os dias aos locais onde habitaram a vida toda e tentam salvar o que podem, entre casas, negócios e animais. Têm a ajuda de membros do exército e das equipas de emergência. As cinzas do vulcão amontoam-se pelas ruas e telhados das casas e os animais sobreviventes vagueiam pelas áreas circundantes. As autoridades estão a fornecer água, alimentação e material médico aos deslocados e aos que trabalham na limpeza das suas casas e infra-estruturas. O Ministério do Interior estima que entre cabeças de gado desaparecidas ou mortas e instalações destruídas, o trabalho de cerca de 300 agricultores tenha sido afectado. E está a prestar apoio na recolha dos animais e na sua recolocação fora da zona afectada. A juntar às perdas materiais e aos negócios que ruíram, teme-se ainda o efeito negativo das chuvas previstas para os próximos dias. Citado pelo jornal chileno La Tercera, um habitante explicou ter de limpar rapidamente a sua casa antes que “venha a água e transforme tudo em cimento”. Calcula-se que, esta terça-feira, cerca de sete milímetros de água caiam sobre a camada de 50 centímetros de cinzas que cobrem Enseada. Para além da possibilidade de deslocamento imprevisível de material vulcânico devido à chuva, os médicos temem que o efeito da água possa libertar gases nocivos para a saúde, devido à quantidade significativa de enxofre presente nas cinzas. A deslocação da nuvem de cinzas do vulcão para leste obrigou ao cancelamento de vários voos no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. O Chile viveu nas últimas semanas uma situação inédita de estado de emergência, uma vez que, a somar à erupção do vulcão Calbuco, tem sofrido inundações no Norte e incêndios no Sul. Editado por João Manuel Rocha
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda
Presidente da Argentina em Moscovo para cimentar cooperação e amizade com Putin
Cristina Kirchner está de visita oficial à capital russa para fechar acordos no sector petrolífero e nuclear e estreitar as relações bilaterais (...)

Presidente da Argentina em Moscovo para cimentar cooperação e amizade com Putin
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cristina Kirchner está de visita oficial à capital russa para fechar acordos no sector petrolífero e nuclear e estreitar as relações bilaterais
TEXTO: Uma extensa delegação do governo argentino, liderada pela Presidente Kirchner, estará envolvida em vários encontros diplomáticos e empresariais em Moscovo, durante os próximos dias. Naquela que é a primeira visita oficial de Kirchner à Rússia, estarão em cima da mesa ambiciosos acordos no sector petrolífero e nuclear. Depois da visita de Putin à Argentina, em Julho de 2014, reforça-se assim o objectivo dos dois Estados numa cooperação mais estreita, numa altura em que ambos estão de costas voltadas com os Estados Unidos, por razões distintas. Do lado russo, a crise da Ucrânia e o recente envio de tropas americanas para o terreno não augura o restabelecer da normalidade entre Rússia e EUA, num futuro próximo. Já a Argentina, na sua meta de restruturação da dívida, continua envolvida numa disputa contra os fundos especulativos americanos. Entre os vários acordos empresariais previstos entre os dois Estados, salta à vista o provável pacto entre a companhia petrolífera estatal da Argentina, a YPF, e o consórcio russo Gazprom, para a exploração conjunta de gás em solo argentino, nomeadamente na jazida Vaca Muerta, “uma das maiores formações de hidrocarbonetos não convencionais do mundo”, segundo a agência Lusa. Também no sector da cooperação nuclear se esperam alcançar importantes avanços. Embora ainda sejam desconhecidos os pormenores, prevê-se um acordo com a corporação de energia atómica russa, a Rosatom, que visa a construção de uma nova central nuclear na Argentina, avança o jornal La Nación, daquele país latino-americano. É importante salientar que a Rússia e Argentina aumentaram o volume de trocas comerciais nos últimos anos, em reacção ao embargo imposto pela União Europeia ao seu vizinho russo, nomeadamente na importação dos seus produtos alimentares. Uma possível cooperação nos sectores militar e de comunicação poderão ser também debatidos durante a presença de Kirchner em Moscovo, que discursou esta quarta-feira no encerramento do Fórum Empresarial Argentino-Russo. Roberto García Moritan, assessor de Sergio Massa, um dos candidatos à presidência da Argentina, afirmou recentemente ao jornal espanhol El País que a visita de Cristina Kirchner à Rússia é “um novo elemento provocador”. Uma vez que a actual Presidente não se poderá recandidatar nas eleições marcadas para Outubro de 2015, por cumprir o limite de mandatos, Moritan assegura irá haver uma “mudança na política externa e um reequilíbrio nas relações com os Estados Unidos e a União Europeia”, independentemente do vencedor e futuro presidente do país.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Nem só de livros se faz a Feira do Livro de Lisboa
APEL assinou protocolo com a Câmara de Lisboa para os próximos três anos. A feira cresceu e espera meio milhão de visitantes. (...)

Nem só de livros se faz a Feira do Livro de Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.7
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: APEL assinou protocolo com a Câmara de Lisboa para os próximos três anos. A feira cresceu e espera meio milhão de visitantes.
TEXTO: Ir à Feira do Livro de Lisboa pode ser uma experiência para além do folhear e comprar novas e antigas obras. Fazer capoeira, experimentar parkour ou dar uma oportunidade às artes circenses são algumas das actividades que fazem parte do cardápio da 87. ª edição, que decorre de 1 a 18 de Junho, no Parque Eduardo XVII. Relacionar as várias formas de expressão artística com a literatura é o desafio que se impõe. Para isso haverá teatro, noites de cinema com exibição de filmes baseados em obras de autores portugueses e uma exposição que explora as curiosidades à volta da edição, dos livros e da própria feira, no novo pavilhão da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), a entidade organizadora. Esta é a maior edição de sempre: são 682 marcas editoriais, 286 pavilhões e esperados mais de meio milhão de visitantes. Apenas em 2014, foi atingido esse número recorde de visitantes, ressalvou Pedro Pereira da Silva, director da feira, na conferência de imprensa de apresentação da programação, esta terça-feira. A APEL inicia esta feira com uma dupla celebração, adiantou o presidente, João Amaral. A organização assinou, com a Câmara de Lisboa, um protocolo que garante a realização da feira, e o respectivo financiamento, para os próximos três anos. “Está reiterada a consagração da Feira do Livro com um dos maiores eventos da cidade”, assinalou. O município compromete-se a subsidiar a feira em 120 mil euros, valor já atribuído este ano, e isentar a organização do pagamento de taxas. A APEL estima um investimento de 900 mil euros nesta edição. No primeiro dia, a coincidir com o Dia Mundial da Criança, estará montada na feira uma pequena escola artística à medida dos mais novos. Há oficinas de ilustração a cargo de Ana Sofia Gonçalves e Maria Remédio, workshops de música pelo Conservatório de Sintra, capoeira e malabarismo com a escola de circo Chapitô e uma sessão de Yoga com a GetZen. Escolas e famílias são convidadas a assistir a peças de teatro, oficinas de reciclagem, horas do conto e paradas de mascotes. Às 14h30, o palco é da Banda do Regimento de Sapadores Bombeiros que vai interpretar temas musicais da Disney. À semelhança da edição do ano passado, ao longo de oito dias, 120 crianças vão dormir na Feira do Livro. Na Estufa Fria, os leitores mais pequenos ouvem contos, ilustram e percorrem a feira num peddy-paper literário. As bibliotecas de Lisboa voltam a marcar presença e a Fundação Francisco Manuel dos Santos leva para o Parque debates e emissões de programas de televisão e rádio - Conselho de Directores (Rádio Renascença), dia 1 às 19h15, Governo Sombra (TVI24), dia 10, às 19h. De regresso está também a Hora H: a partir de da 5, das 22h Às 23h, a última hora da feira, há descontos mínimos de 50% nos pavilhões dos participantes aderentes. No ano passado, 70% das editoras aderiram e a organização espera uma adesão maior este ano. João Amaral fala de uma espécie de “feira popular”, que, pela sua programação diversa, suscita o interesse de editores e presidentes de associações congéneres estrangeiras. Entre os convidados das editoras estará a judoca Telma Monteiro com o livro Na vida com garra (dia 2, às 18h), Afonso Cruz com Nem Todas as Baleias Voam (dia 10, às 15h), Nuno Markl com O Homem que Mordeu o Cão (dia 15, às 15h) e Alexandra Lucas Coelho com E A Noite Roda (dia 17, às 15h) e Deus Dará (dia 17, às 17h). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há quatro projectos editoriais independentes lisboetas que juntaram forças para conseguirem marcar presença na edição deste ano. No pavilhão C39 será possível encontrar pela primeira vez na feira as propostas da Chili Com Carne, Pierre von Kleist Editions, Serrote, STET, que abarcam especificamente os universos da BD, da fotografia e da ilustração. Filipa Valladares, da STET, encara esta participação como "uma prova de fogo" na procura de "novos leitores e novos encontros livreiros". "Esta união deve-se ao facto de estas editoras produzirem um corpo de trabalho único, sempre com uma postura independente, mas com uma intenção de abranger um público maior, fora dos nichos tradicionais. Muitos dos livros que editam ou comercializam são transversais a gerações, continentes e culturas, daí que sejam muito bem aceites a nível internacional e do público nacional fora do mainstream", refere a livreira. Com Sérgio B. Gomes
REFERÊNCIAS:
Há grupos de neurónios no cérebro que codificam a passagem do tempo
Quando estamos à espera de algo que sabemos vai acontecer, a dada altura sentimos que o desfecho está próximo. Quais são as bases neurais desta percepção subjectiva do tempo? (...)

Há grupos de neurónios no cérebro que codificam a passagem do tempo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando estamos à espera de algo que sabemos vai acontecer, a dada altura sentimos que o desfecho está próximo. Quais são as bases neurais desta percepção subjectiva do tempo?
TEXTO: Ao volante do nosso automóvel, cheios de pressa, somos obrigados a parar num sinal vermelho. Mas não começamos logo a carregar no acelerador, porque sabemos que vamos ter de esperar algum tempo até o sinal voltar a abrir. No entanto, passados uns instantes, a nossa expectativa da iminência desse desfecho aumenta – e aprontamo-nos então para arrancar o mais depressa possível (sem atropelar ninguém, claro). De onde nos vem essa capacidade inata de “medir” a passagem do tempo para saber quando é que está na hora de agir? Como é que o nosso cérebro constrói essa percepção temporal, que nos é essencial para tomar acertadamente as mais variadas decisões?Ninguém sabe ao certo, mas sabe-se, isso sim, que uma região cerebral chamada estriado é sem dúvida um componente central da codificação do tempo ao nível neuronal. Em particular, porque as doenças humanas que afectam as células do estriado – como as doenças de Parkinson ou de Huntington – provocam disfunções da percepção do tempo pelos doentes. Joe Paton e os seus colegas da Fundação Champalimaud, em Lisboa, decidiram estudar, no rato, o que se passava naquela região do cérebro quando os animais eram submetidos a diversas tarefas destinadas a testar a sua noção do tempo que passa. Os resultados foram publicados online, na quinta-feira, na revista Current Biology. O co-autor Gustavo Mello explica, em comunicado da Fundação Champalimaud, a experiência que realizaram: “Preparámos uma tarefa na qual os ratos tinham de pressionar uma alavanca para receber uma recompensa [água] que só estava disponível periodicamente. Por exemplo, ao longo de uma sequência de 15 ensaios, a nova recompensa só ficava disponível 30 segundos após a última recompensa recebida. ” Ao mesmo tempo que observava o comportamento dos animais, os cientistas mediam, em tempo real, a actividade de uma população de neurónios do seu estriado. Constataram então que (após uma fase de aprendizagem), os ratos não carregavam imediatamente na alavanca: apenas o faziam quando tinha decorrido tempo suficiente para ser expectável tornar a haver uma nova recompensa em breve. Por outras palavras, poupavam energia, sabendo de que de nada lhes serviria carregar logo quando a recompensa ainda iria demorar algum tempo a ser oferecida. Os cientistas também queriam saber se os ratos seriam capazes de se adaptar a mudanças na periodicidade das recompensas. Por isso, após umas dezenas de repetições da tarefa com um dado intervalo entre as recompensas, alteravam de forma imprevisível esse intervalo, encurtando-o ou alongando-o. Fizeram-no para perceber "se o rato era capaz de estimar os diferentes intervalos de tempo”, frisa Gustavo Mello. E de facto, a equipa descobriu que os animais alteravam o seu comportamento para se adaptarem aos diferentes tempos de espera – esperando mais ou menos tempo, segundo os casos, para começar a carregar na alavanca. Como é que essa mudança de comportamento se reflectia na actividade dos neurónios do estriado que estava a ser monitorizada? Antes de mais, diga-se que os cientistas observaram que a codificação do tempo era o resultado de uma actividade neuronal conjunta, distribuída por toda uma população de neurónios. Mais precisamente, o tempo era representado, nestes neurónios, como uma “onda” de actividade – um processo em que grupos de neurónios se activavam em sucessão. “Descobrimos que, de cada vez que os ratos iniciavam uma tarefa, os seus neurónios respondiam através de ondas lentas de actividade neuronal sequencial”, diz Sofia Soares, a terceira co-autora do trabalho, citada no mesmo comunicado. E era a velocidade de propagação dessa onda que mudava com a alteração dos intervalos entre recompensas. “Quando o tempo de espera era mais longo, a sequência era mais lenta e vice-versa”, explica a cientista. Mais: bastava olhar para o local onde se verificava o “pico” de actividade neuronal para perceber quanto tempo já tinha passado – e prever o comportamento dos animais. Os resultados indicam que o tempo no cérebro “é algo relativo, e não absoluto, uma vez que é medido como um ponto dentro de um intervalo e não como uma unidade, como o segundo ou a hora”, salienta Gustavo Mello. “Já existiam alguns estudos deste tipo de comportamento [de avaliação do tempo], mas até agora tendiam a olhar para as respostas de neurónios isolados”, disse ao PÚBLICO Joe Paton em conversa telefónica. “Nós olhámos para populações de neurónios; é um dos primeiros trabalhos deste tipo. ”
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Todos podemos beneficiar com um futuro "verde"
O êxito das indústrias verdes europeias deve servir de estímulo ao resto da economia. (...)

Todos podemos beneficiar com um futuro "verde"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O êxito das indústrias verdes europeias deve servir de estímulo ao resto da economia.
TEXTO: De vez em quando, com pouco alarde, identifica-se uma tendência económica que pode ter o potencial de alterar as percepções de forma significativa. O relatório O Ambiente na Europa: Estado e perspectivas 2015 (SOER) identificou uma destas tendências. O relatório concluiu que, entre 2000 e 2010, as indústrias verdes da Europa cresceram cerca de 50 %. No entanto, este facto tem pouca cobertura noticiosa, apesar de poder parecer louvável. Porém, o contexto desta tendência é o que realmente importa. Não se deve perder de vista que este crescimento ocorreu durante a maior transição, dos últimos 100 anos, de um período de expansão para um de recessão. Além disso, embora o período de recessão tenha afectado praticamente todos os outros sectores da economia, as indústrias verdes continuaram a prosperar. As empresas que demonstraram liderança global e incorporaram as preocupações ambientais foram as que superaram a tempestade causada pela recessão. É o exemplo destas empresas que é necessário seguir. A Europa é um continente rico em competências, mas pobre em recursos. A ameaça de ser apanhado nas garras da recessão provou ser uma extraordinária fonte de inovação. Por isso, nós, enquanto sociedade, estamos a começar a aprender a "fazer mais com menos". Mas estamos ainda longe de um círculo virtuoso. Frequentemente, os recursos poupados através de técnicas inteligentes são gastos noutro ponto, naquele que é conhecido como o "efeito de ricochete". Por vezes, os esforços para tornar as nossas indústrias ecológicas apresentam consequências inesperadas. É um problema comum. No sector dos transportes, a utilização de combustíveis mais eficientes teve um impacto reduzido na utilização geral dos combustíveis, uma vez que, em virtude disto, os europeus optaram por utilizar mais o automóvel. Em vez de depender de melhorias isoladas, é necessário adoptar uma abordagem mais sistémica a estes problemas e procurar resultados mais integrados. Há muito por onde podemos começar. Mais do que tudo, é necessário encontrar formas de manter os recursos na economia, em vez de os utilizar uma vez e, de seguida, deitá-los fora. Precisamos de uma abordagem circular que reduza o desperdício ao mínimo. Quando os produtos atingem o fim da sua primeira "vida", devem ser imediatamente recolhidos como materiais, de modo a que possam ser reintroduzidos numa segunda "vida". Só quando esse material gerar novos produtos poderemos começar a falar de um verdadeiro ciclo de vida da produção, ou seja, a economia circular a funcionar. Os argumentos económicos são sólidos. Os estudos sobre a indústria mostram importantes economias nas despesas com material, quando se utilizam abordagens de economia circular, apontando para um potencial aumento de 3% no PIB da UE. A questão não é se devemos ou não fazê-lo, mas sim como é que podemos aumentar e alargar os bons exemplos ao resto da economia. O êxito das indústrias verdes europeias deve servir de estímulo ao resto da economia. Antes do final de 2015, a Comissão apresentará um novo e ambicioso pacote para a economia circular, abordando o ciclo completo. Este pacote procederá ao estudo de objectivos no que respeita a níveis de reciclagem, utilização mais inteligente de matérias-primas, concepção inteligente de produtos, reutilização e reparação de produtos, assim como reciclagem. Tudo isto visa criar um verdadeiro ciclo de vida da produção. Gostaria de agradecer aos autores do relatório SOER, publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA). Trata-se de um verdadeiro manancial informativo. Além de constituir um argumento poderoso no que respeita à economia circular, as suas conclusões servirão de base à política da UE durante os próximos cinco anos. Estas conclusões apresentam provas convincentes de que as áreas naturais protegidas da UE (a rede Natura 2000 da UE) contribuem com benefícios da ordem dos 200 mil milhões de euros por ano para a UE. Mas as boas notícias não se ficam por aqui: as políticas da UE apresentaram vantagens significativas. Os europeus desfrutam de água e de ar mais limpos, enviam menos lixo para aterros e reciclam mais do que há cinco anos. No entanto, há também avisos que devem ser tidos em consideração, se quisermos travar a deterioração do nosso ambiente. O relatório mostra que a União Europeia e a Comissão, em particular, desempenham um papel fundamental na exploração de novas vias para assegurar que continuamos a apresentar notícias positivas. Temos de conjugar a acção legislativa com instrumentos baseados no mercado, investigação e inovação. Temos de usar incentivos, intercâmbio de informações e apoio a abordagens voluntárias para promover esta mudança de percepções. Quando há vontade política, certezas jurídicas e apoio público, o investimento aparece. Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas
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Entidades UE
Recluso de Castelo Branco hospitalizado no domingo está em estado muito crítico
Exames toxicológicos revelaram que afinal os oito reclusos não consumiram cetamina. Durante a tarde desta terça-feira, dois reclusos internados domingo no Hospital Amato Lusitano, foram já transferidos para o Hospital-Prisão de Caxias. (...)

Recluso de Castelo Branco hospitalizado no domingo está em estado muito crítico
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501215106/http://www.publico.pt/1693948
SUMÁRIO: Exames toxicológicos revelaram que afinal os oito reclusos não consumiram cetamina. Durante a tarde desta terça-feira, dois reclusos internados domingo no Hospital Amato Lusitano, foram já transferidos para o Hospital-Prisão de Caxias.
TEXTO: Um recluso do estabelecimento prisional de Castelo Branco, hospitalizado no domingo juntamente com outros sete, está em "estado muito crítico" e as análises efectuadas àquele grupo de presos deram negativo para uso de cetamina, foi anunciado esta terça-feira. Em comunicado, o presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de Castelo Branco, Vieira Pires, refere que, "hoje, um dos reclusos internados encontra-se em estado muito crítico" e adianta que, "no que às análises efectuadas diz respeito, a única substância confirmada são os canabinoides. É negativa para a cetamina”, um poderoso anestésico conhecido como “tranquilizante de cavalo”. Durante a tarde desta terça-feira, dois reclusos internados domingo no Hospital Amato Lusitano, foram já transferidos para o Hospital-Prisão de Caxias. "Um deles já não precisa de suporte ventilatório, garantiu Vieira Pires. O responsável adiantou ainda que quatro reclusos "precisarão ainda de cuidados médicos bastante diferenciados, pelo que não se prevê em curto lapso de tempo a sua transferência". Em causa estão homens entre os 27 e os 53 anos de idade que estão a cumprir penas entre os três e os 10 anos de prisão por crimes de tráfico de estupefacientes e, alguns deles, também por furto e roubo, referiu ao PÚBLICO a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP). Foi a DGRSP que sublinhou então que terá sido a cetamina o tipo de sustância a provocar a intoxicação, mas fonte da Polícia Judiciária, que está a investigar o caso, alertou logo que ainda estão a ser realizados exames toxicológicos para identificar a substância consumida. Aliás, o Laboratório de Polícia Cientifica da PJ continua a realizar exames toxicológicos. A investigação da PJ de Coimbra decorre no âmbito de um inquérito aberto no Ministério Público de Castelo Branco.
REFERÊNCIAS: