Sul-africano Matthew Dyer apita Portugal-Moçambique
O sul-africano Matthew Dyer foi nomeado para dirigir o encontro de terça-feira entre Portugal e Moçambique, o último da equipa portuguesa antes do início do Mundial 2010. (...)

Sul-africano Matthew Dyer apita Portugal-Moçambique
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: O sul-africano Matthew Dyer foi nomeado para dirigir o encontro de terça-feira entre Portugal e Moçambique, o último da equipa portuguesa antes do início do Mundial 2010.
TEXTO: O juiz sul-africano, de 32 anos, vai ser auxiliado por Zakhile Siwela e Lazarus Matela, também da África do Sul, enquanto Victor Gomes será o quarto árbitro. Este será o último teste da equipa orientada por Carlos Queiroz antes da estreia no Mundial 2010, frente à Costa do Marfim, a 15 de Junho, em Port Elizabeth. O encontro entre Portugal e Moçambique tem início às 16h30 locais (15h30 em Lisboa) de terça-feira, no Bidvest Wanderers Stadium, em Joanesburgo.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Um quinto das espécies africanas de água doce está ameaçado de extinção
Um quinto das espécies africanas de água doce, correspondendo a 21 por cento, está ameaçado de extinção, colocando em perigo a subsistência das populações que delas dependem, alerta um relatório divulgado hoje pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). (...)

Um quinto das espécies africanas de água doce está ameaçado de extinção
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um quinto das espécies africanas de água doce, correspondendo a 21 por cento, está ameaçado de extinção, colocando em perigo a subsistência das populações que delas dependem, alerta um relatório divulgado hoje pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN).
TEXTO: O relatório alerta que estão em perigo mais de mil das 5167 espécies de peixes, moluscos, caranguejos, libélulas e plantas aquáticas africanas que foram registadas e avaliadas por 200 cientistas durante cinco anos. A agricultura, extracção de água, barragens, desflorestação e espécies exóticas invasoras são as principais causas deste empobrecimento da biodiversidade dos rios, ribeiros e lagos africanos, explica a UICN. A organização refere o caso do lago Vitória (Quénia, Uganda e Tanzânia), onde 45 por cento das 191 espécies de peixes avaliadas estão “ameaçadas ou dadas como extintas”, nomeadamente devido à introdução da perca do Nilo. O lago Malawi também viu a população de Oreochromis karongae, uma espécie de peixe conhecida pelos locais como Chambos, diminuir 70 por cento em dez anos. O desaparecimento dos peixes, principal fonte de proteínas e de receitas para as populações da região africana dos grandes lagos, reduz os meios de subsistência destas comunidades, sublinha a organização. O seu estudo aponta que, pelo menos, 7, 5 milhões de pessoas dependem da pesca em águas doces na África Subsaariana. “Se não travarmos” o processo de desaparecimento destas espécies, “o continente vai perder de forma irreversível a sua biodiversidade”, advertiu o director do projecto, William Darwall. Esse é já o caso da parte inferior do rio Congo, onde onze espécies de moluscos numa extensão de cem quilómetros estão “muito ameaçadas” por causa da poluição existente a montante.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo espécie desaparecimento
“África é a última fronteira do capitalismo”
Atravessar fronteiras físicas e disciplinares é uma vocação de Achille Mbembe. A temática da passagem e do movimento é, aliás, uma chave para a sua compreensão da história e da cultura africanas. A sua perspectiva sobre o passado, o presente e o futuro de África implica ao mesmo tempo traçar uma genealogia da modernidade europeia, das categorias do pensamento que ela construiu, da racionalidade e da historicidade da figura do negro. (...)

“África é a última fronteira do capitalismo”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 10 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Atravessar fronteiras físicas e disciplinares é uma vocação de Achille Mbembe. A temática da passagem e do movimento é, aliás, uma chave para a sua compreensão da história e da cultura africanas. A sua perspectiva sobre o passado, o presente e o futuro de África implica ao mesmo tempo traçar uma genealogia da modernidade europeia, das categorias do pensamento que ela construiu, da racionalidade e da historicidade da figura do negro.
TEXTO: Achille Mbembe esteve em Portugal, em Outubro, para uma conferência na Culturgest que tinha por título Para Um Mundo Sem Fronteiras. A questão da fronteira é fundamental na obra deste teórico africano, nascido nos Camarões, em 1957, com doutoramento em Ciência Política feito em Paris (na Sorbonne), professor na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, e também em Harvard, nos Estados Unidos. A sua obra, objecto de um enorme reconhecimento internacional e traduzida em todo o mundo, compreende livros tão importantes como Crítica da Razão Negra, Políticas da Inimizade (estes dois traduzidos em português e editados pela Antígona) e De la Postcolonie. Essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine. As elaborações teóricas de Mbembe atravessam várias fronteiras disciplinares: são obra de filosofia, mas também de antropologia, de história, de ciência política, de crítica e teoria da cultura. O seu conceito de “pós-colónia”, que é simultaneamente um tempo específico e uma formação particular do poder, contribuiu certamente para acentuar uma ideia que nesta entrevista Mbembe classifica como um equívoco e explica porquê: a de que se inscreveria no campo, muito heterogéneo, dos estudos pós-coloniais. Em Crítica da Razão Negra, ele mostra que “o negro”, enquanto figura construída pela Europa, não pode ser pensado senão fazendo uma genealogia da modernidade, da racionalidade moderna (daí a referência à crítica kantiana), do universalismo e da dinâmica do capitalismo. A “razão negra” surge assim como a sombra do Iluminismo, a sua parte obscura sem a qual ele não pode ser completamente compreendido. Tentando explicar a racionalidade que inventou um “sujeito de raça”, isto é, um sujeito do qual não se sabe qual é a parte humana e qual é a parte animal, Mbembe faz explodir do interior o conceito de “raça”. Nesse livro, encontramos logo no início esta afirmação: “A Europa já não constitui o centro de gravidade do mundo. Ora é dessa perda de centralidade, da “autoprovincialização” da Europa como acontecimento fundamental — diz Mbembe — que se devem retirar conclusões para o continente africano. A África, nesta nova reconfiguração geopolítica do mundo, os desafios que ela tem pela frente para se tornar o seu próprio centro e para dissolver as fronteiras internas que interiorizou contra a sua própria cultura do movimento: eis um dos seus temas importantes. Mbembe fornece-nos assim um olhar sobre a história cultural de África, sobre os seus atributos e as suas possibilidades, numa perspectiva teórica. Na sua conferência, na Culturgest, falou da questão das fronteiras, desse paradoxo em que vivemos hoje: a tecnologia apaga as fronteiras, mas são criados condicionamentos cada vez mais fortes para as atravessar. Creio que vivemos, de facto, à escala planetária, um paradoxo. A época é a da conexão, graças aos avanços tecnológicos do nosso tempo, mas também por toda a espécie de trocas económicas e transacções monetárias, incluindo o fluxo de ideias e de imagens que irrigam hoje as sociedades do planeta. Mas tudo isso é acompanhado por um aumento das dificuldades que experimentam certos sectores da população em movimentar-se. Parece-me que há, à escala mundial, uma redistribuição completamente desigual da capacidade de circular, de se estabelecer onde se quer. E, portanto, tendo em conta a evolução do mundo, as evoluções demográficas, ecológicas e militares que se anunciam no horizonte, tenho a impressão de que um dos grandes desafios do século XXI será efectivamente o governo das mobilidades humanas. Esta questão, por agora, é mal colocada porque é posta unicamente em termos securitários. Uma parte do meu trabalho consiste em explorar as maneiras como se poderia colocá-la de outra maneira, na perspectiva de um mundo comum, a partilhar, sendo essa partilha a própria condição da sua sobrevivência. Essas restrições da mobilidade atingem de maneira muito forte o continente africano. Os africanos não são bem-vindos em nenhuma parte do mundo. . . Na história moderna, desde o século XV até hoje, os africanos sempre estiveram sujeitos a constrangimentos para se movimentarem. É sem dúvida o único povo do mundo que foi reduzido a esta condição durante tanto tempo. Sempre que tiveram de se movimentar, não o fizeram em liberdade, foi porque estavam forçados a isso: o comércio da escravatura atlântica, as corveias na época colonial e hoje o espaço colossal de mais de 50 Estados que, em média, têm cada um deles quatro ou cinco fronteiras. Essas fronteiras internas foram construídas pelo colonizador?Sim, são fronteiras herdadas da colonização que, logo a seguir às independências, foram ratificadas e consideradas inalteráveis pelos Estados independentes. . . Em suma, África interiorizou a categoria de fronteira, tal como ela foi criada na Europa. É de facto uma categoria que não corresponde a quase nada na história e na cultura dessas sociedades. Nas sociedades africanas pré-coloniais, o movimento, a circulação, é a condição de princípio de toda as dimensões da sociedade: as culturas, as religiões, os sistemas matrimoniais, os sistemas comerciais, tudo isso era o produto do movimento. O movimento precede o espaço, o território. É o movimento que fabrica o espaço. É completamente diferente da concepção europeia, em que o espaço vem antes do movimento. Em África é o contrário. Portanto, no paradigma africano pré-colonial das relações entre o espaço e o movimento, as fronteiras não existem porque a fronteira é o que bloqueia, por definição, a circulação do fluxo vital. A vida está no movimento, não está necessariamente no espaço. Se ela se traduz em espaço, é através do modo como o espaço é apreendido num movimento. Trata-se, portanto, de duas filosofias completamente opostas. Deste ponto de vista, a filosofia africana do movimento, pré-colonial, assemelha-se a uma lógica própria do mundo digital, em que, no fundo, se trata de pôr em conexão, em rede, e não de categorizar, de classificar, de hierarquizar e limitar o movimento. Disse também, na sua conferência, que África é a última fronteira do capitalismo. É como se fosse um laboratório moderno?É a última fronteira do capitalismo, no sentido objectivo das coisas, no sentido em que o regime capitalista se universalizou e não há hoje praticamente nenhuma sociedade que lhe escape, mesmo as sociedades nominalmente comunistas, com a excepção da Coreia do Norte. É um regime cujo fim é o de não ter limites. Ora, é em África que encontramos hoje as últimas jazidas de quase todos os recursos de que precisa o capitalismo para funcionar no futuro. E também os recursos demográficos, na medida em que até ao final do século uma pessoa em cada três ou quatro virá de África. E os recursos minerais, botânicos, os recursos das espécies vivas, orgânicas e vegetais. É a única parte do mundo que não foi ainda completamente capturada pela lógica da exploração infinita. É por isso que digo que é a última fronteira do capitalismo. Disse, numa entrevista, há alguns anos, que vai chegar o tempo da África. Eis uma proposição muito esperançosa, optimista. Continua a acreditar nela?Absolutamente. Quando nos inscrevemos num ciclo histórico longo, numa perspectiva de longa duração, é evidente que esse tempo da África está à nossa frente. Porque o curso histórico das outras regiões do mundo terá atingido os seus limites. Vê-se isso hoje já na Europa. Em larga medida, a Europa faz parte muito mais do passado do mundo do que do seu futuro, do qual ela não será a locomotiva. Ela já não pensa noutra coisa senão em dobrar-se sobre si própria e defender o que foi, na impossibilidade de projectar o que vai ser. A categoria do futuro desapareceu do seu horizonte. Desapareceu até do seu vocabulário. Os Estados Unidos estão mergulhados numa crise muito séria. Vemos muito bem os seus efeitos no sistema de governo, na erosão do seu modelo de democracia liberal. Também aí há um desejo de recuo em relação ao mundo, que se manifesta na guerra comercial, no fantasma das fronteiras e dos muros, no enorme medo que se apoderou de uma parte da sua população branca. Neste cenário, é claro que a Ásia está em plena ascensão, a China em particular, e sabemos que ela sabe calcular o tempo em função de uma duração quase milenar. Creio que uma grande parte do futuro da África irá jogar-se na China, nas relações que a África irá construir com a China. Não há aí o perigo de se reproduzir uma nova relação segundo um modelo neocolonial?Sim, há um perigo em toda a relação geoestratégica porque se trata sempre de uma relação de poder e não de uma relação justa. Não é uma questão de caridade, é uma questão de interesse e uma relação de antagonismo. Tratar-se-á, para África, de construir de maneira inteligente esse antagonismo com a China, para que ele seja produtivo e sirva os seus interesses a longo prazo. Podemos então colocar por agora bastantes questões. Podemos, por exemplo, pensar que África, para já, ainda não compreendeu o que é que está em jogo, a longo prazo. E não conseguiu, com a China, sair da lógica de uma relação de extracção. O drama de África, na longa duração, foi a sua incapacidade para aproveitar o melhor da sua população e o melhor do seu trabalho e o melhor das suas riquezas. E porque é que isso acontece?A questão é essa: porque é que ela não foi capaz de criar as condições que lhe permitiriam tirar proveito de tudo isso? Houve a exploração do melhor da sua população, dos mais jovens, dos que estavam na idade de trabalhar, do século XV ao século XIX, nas Américas. Retirou-se do subsolo as riquezas minerais, e uma grande parte dos melhores africanos não estão em África, estão noutro sítio, nos Estados Unidos, em França, etc. O grande enigma de África é este. A resposta à questão de saber porque é que África não foi capaz de guardar para si o melhor das suas riquezas e da sua população é complexa. Se quiser beneficiar do facto de o mundo pender agora para a Ásia, será necessário aproveitar de outra maneira as suas capacidades. Mas por agora não é o que se está a passar: a China chega, extrai as riquezas e vai-se embora. Não é assim que África vai conseguir uma relação benéfica com a China. Um dos seus livros chama-se, no original francês, De la potscolonie. E o senhor é conhecido como uma das vozes mais prestigiadas e autorizadas nesse domínio dos estudos pós-coloniais. Não, não é verdade, eu não pratico a teoria pós-colonial. Já o disse muitas vezes, mas ninguém me quer ouvir. A “postcolonie”, que dá o título a esse meu livro, não é a mesma coisa que a teoria pós-colonial. Não me oponho de modo nenhum à teoria pós-colonial, não faço como alguns que não compreendem nada desta questão, mas que se opõem ao que não compreendem, mas não me reivindico dessa herança intelectual. Em De la postcolonie, a questão não é da nossa relação com o outro, a nossa relação com o Ocidente, aquilo que constitui o coração da teoria pós-colonial. A teoria pós-colonial tenta pensar no plano literário, histórico, político, etc, a relação que terá existido entre as sociedades antigamente colonizadas e as potências coloniais. O projecto dos estudos pós-coloniais consiste em procurar o sentido do mundo que foi o produto desse encontro, da sua complexidade e da sua actualidade no tempo contemporâneo. É um projecto absolutamente necessário. Eu, o que faço com a “postcolonie” é fazer incidir a interrogação sobre si próprio, não sobre a relação com o outro. Trata-se do juízo sobre si próprio, enquanto na teoria pós-colonial toda a compreensão de si se faz em relação ao outro. Em De la postocolonie, a questão é a do processo de si sobre si próprio; o eu perante o seu próprio tribunal e não perante o tribunal do outro. E não pensa que esse pensamento muito auto-reflexivo é uma maneira muito ocidental de pensar? A Europa cultivou de maneira obsessiva o pensamento sobre si própria. Sim e não. Evidentemente, nós somos herdeiros do Ocidente, e não sou eu que me vou pôr a negar essa herança, faço parte dela e partilho-a. E creio que a força das pessoas que vêm de África advém das suas múltiplas genealogias. Enquanto muitos dos meus colegas, na América e na Europa, só conhecem a sua tradição. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos seus livros chama-se Crítica da Razão Negra. O título remete para Kant, para a razão crítica, muito europeia, muito ocidental. Utiliza os instrumentos da razão crítica sem complexos. . . Sim. É preciso deixar de ser complexado em relação a uma herança que nos formou, mas que em contrapartida nós contribuímos para ela. Se pretendemos que há uma dose de universalidade no pensamento europeu, somos nós que lhe concedemos essa hipótese de sair das suas fronteiras e não deve haver nenhuma vergonha, do meu ponto de vista, em assumir isso. E também nenhuma vergonha em ir aos recursos críticos internos da Europa, já que o que distingue a Europa das outras regiões do mundo é que Europa desenvolveu e refinou as técnicas de autocrítica. Ela produziu os elementos que lhe permitem criticar-se a si própria. Mas também há fabulosas tradições africanas de auto-análise que não utilizam as mesmas técnicas que a tradição europeia, que se baseiam noutras formas de metafísica. Uma grande parte da metafísica ocidental são metafísicas do ser, são questões de ontologia. Boa parte das metafísicas africanas pré-coloniais é metafísica da relação, as grandes interrogações partem da categoria da relação. Daí que a auto-reflexividade proceda de maneira diferente. Procede, por exemplo, pelas técnicas de adivinhação, que são uma maneira de introspecção, mas pela mediação dos objectos. Porque se considera que o universo não é hierárquico, não é uma questão de verticalidade e de horizontalidade, considera-se que o universo é reticular. E, se o universo é reticular, isso quer dizer que o eu só acede a si pela mediação estrutural e permanentemente ambígua de alguém, de outro ser vivo. É a isto que a Europa chamou “animismo”. E quando nomeia o animismo é como se falasse de si mesma e não conseguisse sair da tautologia, das suas próprias categorias. Tudo o que disse supõe também uma outra concepção da técnica, da instrumentalidade. Evidentemente. Nós não aspiramos a ser os mestres da Terra. Partilhamos a Terra com outras entidades, que são todas vivas, não há entidades mortas porque mesmo as entidades mortas referem-se de algum modo a uma capacidade de agir, embora um agir de maneira diferente das entidades vivas. Tudo é capaz de agir, capaz de ser mobilizado em modalidades de acção diferentes. E, portanto, por princípio, a capacidade de agir é partilhada com os antepassados, com a Natureza, com a atmosfera, com as forças naturais, as tempestades, etc. Assim, se se quiser viver bem e por muito tempo é necessário aprender a coexistir com tudo, orgânico, o natural, o humano, nãohumano. É o que muitos descobrem, hoje, com a noção de Antropoceno. Os filósofos descobrem que aquilo que eles chamavam “animismo”, falando dos outros, é no fundo a condição de sobrevivência do nosso planeta. Se queremos hoje salvarmo-nos, não podemos continuar a contentar-nos com um só arquivo, é necessário ir aos arquivos do mundo inteiro. Esse é um grande desafio. Está a sugerir que a Europa está encerrada no seu arquivo?Sim, e o seu próprio arquivo não lhe permite resolver os grandes enigmas do nosso tempo, tem de sair desse fechamento num arquivo único, ter em conta de que existem outros. Por isso é que reivindico a ideia de um pensamento-mundo, que é forçosamente um pensamento da travessia e não um pensamento pós-colonial. Só um pensamento da travessia é que se pode alimentar nos arquivos do mundo, só ele pode sentir-se em casa na tradição europeia, na tradição africana, na tradição asiática. Evidentemente, isso comporta enormes riscos, mas é preciso assumi-los como parte integrante do próprio acto de pensar. Porque pensar sem riscos não quer dizer nada. E por aqui se vê que não sou um teórico pós-colonial.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Primeiro caso de ébola chegou ao país mais populoso de África
Liberiano começou com sintomas ainda durante um voo e à chegada à Nigéria foi submetido a testes e colocado em isolamento num hospital, mas acabou por morrer. (...)

Primeiro caso de ébola chegou ao país mais populoso de África
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 10 | Sentimento 0.375
DATA: 2014-07-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Liberiano começou com sintomas ainda durante um voo e à chegada à Nigéria foi submetido a testes e colocado em isolamento num hospital, mas acabou por morrer.
TEXTO: O surto de Ébola chegou à Nigéria, o país mais populoso de África, com 170 milhões de habitantes. As autoridades do país já confirmaram que detectaram o primeiro caso mortal de infecção por este vírus altamente contagioso e mortal. A vítima é um liberiano que tinha viajado para a Nigéria em trabalho e que acabou por morrer pouco depois de chegar ao aeroporto de Lagos, no sudoeste do país, onde ficou em quarentena. De acordo com as informações avançadas pelo ministro da Saúde da Nigéria, Onyebuchi Chukwu, citado pelas agências internacionais, o homem trabalhava como consultor do Ministério das Finanças da Libéria e tinha chegado há uma semana a Lagos, a maior cidade do país, com mais de 20 milhões de habitantes. A sua irmã terá morrido também com o mesmo vírus, mas o consultor garantiu que não tinha estado em contacto com ela na Libéria. Perante alguns sintomas que apresentava durante o voo, a vítima foi submetida a testes laboratoriais e ficou, por isso, numa ala em isolamento no hospital para que foi levado, mas acabou por não resistir à doença. As autoridades nigerianas estão agora a tentar investigar o percurso do homem, para poderem entrar em contacto com todas as pessoas com quem se cruzou e que correm agora o risco de estar também infectadas. Estão também a ser estudadas mais medidas dirigidas aos voos internacionais, mas tendo em consideração o período de incubação da doença, que vai de dois a 21 dias, é difícil detectar todos os casos. No entanto, ao contrário do ministro, o comissário da Saúde daquele país, Jide Idris, adiantou que ainda aguardam os resultados de alguns contra-testes, apesar de os primeiros terem dado positivo para ébola. Do lado da Organização Mundial de Saúde (OMS) também se aguardam mais resultados de análises laboratoriais, diz a AFP. Identificado pela primeira vez na década de 1970 no Zaire (actual República Democrática do Congo) e no Sudão, o vírus transmite-se directamente pelo contacto com o sangue, fluidos ou tecidos corporais de pessoas e animais infectados e é mortal em 90% dos casos, tendo porém melhor prognóstico quando é detectado atempadamente. A doença começa por provocar sintomas semelhantes aos da gripe: mal-estar geral, febre e dores de cabeça. A seguir, surgem sintomas mais graves, como vómitos, erupções cutâneas, diarreia hemorrágica. Só desde Fevereiro já morreram quase 700 pessoas devido ao ébola na África Ocidental – um número que faz com que este seja o surto mais mortal de sempre. Este surto de ébola, que começou na Guiné-Conacri, já se espalhou para países como a Libéria e a Serra Leoa. Aliás, cerca de 100 das mortes foram precisamente na Libéria. O médico liberiano Samuel Brisbane, uma figura de destaque no país, foi uma das vítimas mortais. Também se soube que o médico norte-americano Kent Brantly, que trabalhava em Monrovia com doentes infectados pelo vírus, foi contagiado e que está a ser tratado. Curandeiros e funerais tradicionaisDa Serra Leoa também chegam mais casos que têm gerado preocupação. Uma mulher que tinha fugido do hospital depois das análises confirmarem que estava infectada acabou por morrer numa ambulância quando regressava para a unidade de saúde depois de ter sido interceptada pela polícia, diz a BBC. Saudatu Koroma, o primeiro caso confirmado na capital do país, Freetown, tinha saído do hospital na quinta-feira com a ajuda de familiares para procurar ajuda num curandeiro, explica a Reuters. Num país onde já morreram mais de 450 pessoas neste surto da doença, a maior confiança nas medicinas alternativas por parte da população tem dificultado o trabalho das autoridades de saúde. Centenas de pessoas têm tentado cercar os hospitais em protesto e tentam ajudar os doentes a fugir, pelo que a polícia está a utilizar gás lacrimogéneo para controlar a situação. Os funerais tradicionais, em que o corpo é lavado em vez de cremado, têm também contribuído para que a doença se espalhe. Já no final de Junho, a OMS tinha alertado os países vizinhos da Guiné-Conacri para a importância de se prepararem para uma chegada quase certa do ébola. A própria Guiné Bissau também já está na linha de risco da epidemia. Na altura, a OMS considerou também que o elevado número de vítimas se está a dever ao recuo em medidas de prevenção por parte dos diferentes países. “Há uma necessidade urgente de intensificar os esforços de resposta à doença, promover a partilha de informação sobre casos suspeitos e mobilizar todos os sectores da comunidade”, afirmou o director regional para África da OMS, Luís Sambo, acrescentando, porém, que ainda não estão a ser equacionadas restrições em termos de viagens. Antes, já os próprios Médicos Sem Fronteiras, que contam com cerca de 150 especialistas a trabalhar nas zonas onde há febre hemorrágica, tinham feito um alerta sobre o vírus que consideraram estar “descontrolado”.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
Médicos Sem Fronteiras alertam que ébola está fora de controlo
Organização quer mais investimento da ONU e dos governos depois do surto ter chegado à Nigéria. (...)

Médicos Sem Fronteiras alertam que ébola está fora de controlo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Organização quer mais investimento da ONU e dos governos depois do surto ter chegado à Nigéria.
TEXTO: A epidemia do vírus ébola está totalmente fora de controlo na zona oeste de África e há o risco de a doença se conseguir espalhar para mais países, de acordo com um alerta feito nesta quarta-feira pela organização Médicos Sem Fronteiras, que tem várias equipas a trabalhar no terreno. “Esta é uma epidemia sem precedentes, que não está de todo controlada e a situação não pára de se agravar, estendendo-se agora à Libéria e à Serra Leoa”, adiantou o responsável de operações da Médicos Sem Fronteiras, Bart Janssens, numa entrevista ao jornal Libre Belgique, citada pela AFP. “Estamos extremamente inquietos com a dimensão que esta situação está a ter, em especial nestes dois países onde a epidemia tem uma falta de visibilidade muito grande”, acrescentou. De acordo com Bart Janssens, se não houver uma intervenção rápida que inverta o curso dos acontecimentos, o ébola vai estender-se a mais países, ainda que admita que seja difícil de fazer previsões sobre esta epidemia, precisamente por não ter precedentes. “Falta uma visão global que nos permita compreender onde estão os principais problemas”, advertiu, defendendo que cabe à Organização Mundial de Saúde (OMS) e aos governos a disponibilização de mais meios para tentar debelar a epidemia. O alerta é feito depois de no fim-de-semana o surto de ébola ter chegado à Nigéria, o país mais populoso de África, com 170 milhões de habitantes. As autoridades do país confirmaram que detectaram o primeiro caso fatal de infecção por este vírus altamente contagioso e mortal. A vítima foi um liberiano que tinha viajado para a Nigéria em trabalho e que acabou por morrer pouco depois de chegar ao aeroporto de Lagos, no sudoeste do país, onde ainda ficou em quarentena. Ajuda suplementar da Comissão EuropeiaEntretanto, a União Europeia disponibilizou uma ajuda suplementar no valor de dois milhões de euros para ajudar a combater a epidemia em África, assegurando cuidados de saúde às pessoas afectadas pelo vírus, diz a AFP. O reforço eleva para 3, 9 milhões de euros o contributo total da Comissão Europeia. Os fundos serão distribuídos pela Organização Mundial da Saúde e por outras associações que estão a trabalhar no terreno, como os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha. Portugal também vai enviar 15 toneladas de medicamentos para apoiar a Guiné-Bissau na prevenção do Ébola e outras epidemias, anunciou o primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira. "Recebemos confirmação do Governo português da disponibilização de 15 toneladas de medicamentos para que o Ministério da Saúde esteja em condições de ter um programa de emergência e acompanhamento da situação de Ébola", bem como de outras "eventuais epidemias", referiu, citado pela Lusa. O envio surge depois de a Guiné-Bissau ter "lançado um SOS para reposição do stock de medicamentos, tendo em vista o programa de emergência para a epidemia de Ébola que assola a África Ocidental". Questionado sobre as medidas que o país está a preparar para se defender, o líder do Governo guineense anunciou um plano de urgência "de que consta um programa de prevenção sanitária que tem merecido a atenção especial dos responsáveis na área da saúde", referiu. Seis médicos recém-formados e dois técnicos do Ministério da Saúde Pública da Guiné-Bissau ligados à água e saneamento receberam este mês formação de cinco dias sobre a prevenção e cuidados a ter com o vírus. A equipa está apta a deslocar-se rapidamente a qualquer parte do país para dar atendimento em caso de suspeita de contágio. A propósito do alastrar do surto a mais países, a Direcção-Geral da Saúde garantiu à Lusa que Portugal está preparado para detectar e enfrentar um eventual caso de ébola, mas sublinhou que o risco de importação e propagação é "muito baixo". Portugal está preparado, tal "como os restantes países europeus, para detectar um eventual caso que possa ser importado", disse a directora-adjunta da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Graça Freitas. Mais de 700 mortes desde FevereiroIdentificado pela primeira vez na década de 1970 no Zaire (actual República Democrática do Congo) e no Sudão, o vírus transmite-se directamente pelo contacto com o sangue, fluidos ou tecidos corporais de pessoas e animais infectados e é mortal em 90% dos casos, tendo porém melhor prognóstico quando é detectado atempadamente. A doença começa por provocar sintomas semelhantes aos da gripe: mal-estar geral, febre e dores de cabeça. A seguir, surgem sintomas mais graves, como vómitos, erupções cutâneas, diarreia hemorrágica. Só desde Fevereiro já morreram quase 700 pessoas devido ao ébola na África Ocidental – um número que faz com que este seja o surto mais mortal de sempre.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
Piratas sequestram tripulação dinamarquesa e filipina ao largo da Somália
O Golfo do Aden voltou a ser palco de um ataque pirata. A cerca de mil quilómetros ao largo da costa da Somália o navio dinamarquês "M/V Leopard" foi abordado por duas embarcações, na quarta-feira, e a sua tripulação sequestrada. Os quatro filipinos e os dois dinamarqueses que seguiam a bordo estão incontactáveis desde então. (...)

Piratas sequestram tripulação dinamarquesa e filipina ao largo da Somália
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Golfo do Aden voltou a ser palco de um ataque pirata. A cerca de mil quilómetros ao largo da costa da Somália o navio dinamarquês "M/V Leopard" foi abordado por duas embarcações, na quarta-feira, e a sua tripulação sequestrada. Os quatro filipinos e os dois dinamarqueses que seguiam a bordo estão incontactáveis desde então.
TEXTO: O "M/V Leopard" foi encontrado à deriva, ontem, por um navio de guerra turco a serviço da NATO. Aparentemente, o motivo da abordagem não foi a carga. “Acreditamos que o navio transportava armas, munições e explosivos, e que a carga ainda está intacta”, revelou o porta-voz da missão anti-pirataria da União Europeia, Paddy O’Kennedy. As forças internacionais acreditam, de acordo com a BBC, que a tripulação foi levada para um navio de pesca com bandeira de Taiwan, o "Shiuh Fu No. 1", com base numa mensagem de rádio interceptada enquanto os piratas ainda se encontravam a bordo do "M/V Leopard". A confirmar-se a responsabilidade de piratas somalis neste sequestro, os seis tripulantes juntam-se aos mais de 660 marinheiros mantidos em cativeiro.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Pais não terão acesso livre a registo de agressores sexuais de menores
O registo terá uma duração limitada de cinco a 20 anos em função da pena do condenado. (...)

Pais não terão acesso livre a registo de agressores sexuais de menores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.45
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O registo terá uma duração limitada de cinco a 20 anos em função da pena do condenado.
TEXTO: Portugal vai mesmo ter um registo de identificação criminal de pessoas condenadas por crimes contra a autodeterminação e a liberdade sexual de menores, mas, ao contrário do que se previa, os pais não vão ter acesso directo. A medida foi esta quinta-feira aprovada pelo Conselho de Ministros. Conforme explicou o secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura, apenas “com fundamento em situações concretas” quem exerce responsabilidades parentais poderá perguntar às autoridades policiais da sua área de residência se determinada pessoa consta da base de dados. Ainda segundo o secretário de Estado, a lista "será directamente acessível às autoridades policiais e judiciárias" e também "aos serviços de reinserção social e às comissões de protecção de crianças e jovens". Perante cada caso, as autoridades decidirão se se justifica ou não dizer aos pais que a pessoa de quem suspeitam já foi condenada e mora naquele concelho. Na versão inicial, que o Ministério da Justiça chegou a distribuir aos parceiros, a base de dados poderia ser consultada por magistrados, polícias, profissionais da DGSP, mas também por quem tivesse responsabilidades parentais de menores de 16 anos. Bastar-lhes-ia dirigirem-se à esquadra da PSP ou posto da GNR para saberem se havia condenados na área de residência ou na zona da escola frequentada pelas crianças. Na lista constarão só os nomes e a área de residência de pessoas condenadas com trânsito em julgado. O objectivo, segundo explicou António Costa Moura, é acompanhar a sua reinserção, tendo em conta o superior interesse das crianças. No seu entender, tal não significa condená-los a “uma sanção acessória”. O registo não se deverá eternizar. Terá uma duração limitada em função da pena. Quem tiver sido condenado até um ano de prisão ficará cinco anos na lista. Se a pena tiver sido superior a dez anos, o período subirá para 20 anos. Desde a primeira hora, a ministra da Justiça considerou esta proposta “uma questão-chave”, apoiando-se numa alegada elevada taxa de reincidência neste tipo de crimes sexuais contra menores. Tudo em nome, explicou, do “superior interesse da criança e de poder proteger as crianças”. A polémica estourou de imediato. O antigo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, disse logo que era preciso ter “cautela extrema”, não fosse a lista parar à primeira página de um jornal. “Nunca mais têm emprego, nunca mais têm nada”, avisou. A actual procuradora-geral, Joana Marques Vidal, também se pronunciou contra, contestando um estudo que fora referido pela ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz: "A ministra diz que há mais de 90% de reincidência neste tipo de crime, mas o único que conheço, que se refere à criminalidade sexual em geral, diz 20%. "A médica do Instituto de Medicina Legal Anabela Neves preferia que os pais tivessem pleno acesso à lista. Que pudessem questionar a PSP ou a GNR sobre se determinada pessoa cumpriu ou não pena não lhe parece suficiente: “Nem sempre aqueles de quem se desconfia são os verdadeiros abusadores”. Filomena Neto, especialista em Direito de Família, congratula-se com a existência de uma lista reservada aos profissionais que lidam com crimes sexuais contra menores. Torná-la acessível aos pais, diz, seria promover a justiça preventiva ou a chamada “justiça de Fafe”, apologia de justiça popular. Ricardo Barroso, professor na Universidade de Trás-os-Montes, perito de medicina legal, acha importante perceber bem o que quer dizer “situações concretas”. Um pai apresenta queixa e fica a saber se o suspeito faz parte da lista de condenados ou não precisa de apresentar queixa para obter essa informação? Se não precisa, que critérios serão usados? Para que servirá essa informação?Catarina Ribeiro, professora da Universidade Católica do Porto, perita do Instituto de Medicina Legal, não encontrar qualquer utilidade na disponibilização de informação desta natureza a quem tem responsabilidades parentais. Mais de 90% dos agressores sexuais são familiares ou conhecidos das vítimas. Toda a pena tem como pressuposto a reinserção, diz. “Assume-se que este comportamento é inalterável. Assume-se que o sistema não funciona. Prolonga-se a pena, ainda que de outra forma. ”“Eu, de uma forma geral, sou a favor da lista”, diz Armando Coutinho, que fez tese sobre agressores sexuais e trabalha com condenados por crimes desta natureza no contexto prisional. “Por si só, a prisão não resolve tudo. Sou de opinião que a privação de liberdade seja acompanhada de intervenção especializada nessa área. O que tem sido feito? Nada. Temos enfiado a cabeça na areia?”Na opinião de Ricardo Barroso, se o país vai criar uma base de dados de condenados por crimes contra a liberdade e a autodeterminação sexual, deveria incluir os agressores sexuais de adultos. E devia integrá-la num conjunto de medidas de prevenção e combate à violência sexual. Há outras medidas propostas. Durante cinco a vinte anos, pessoas condenadas por crimes sexuais ficarão proibidas de exercerem qualquer profissão, actividades ou função que impliquem lidar com menores. Também não poderão ter a tutela de crianças, adoptar, nem serem responsáveis pelas figuras do acolhimento familiar ou apadrinhamento civil. E, se os crimes em questão forem contra os próprios filhos, ficarão inibidos de assumir responsabilidades parentais entre cinco a 20 anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR PSP
“O último herdeiro da República dos professores”
Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a sua candidatura a Belém. Soares e Sampaio ouviram-no apresentar a sua ausência de cartão partidário como a “diferença” da sua campanha. (...)

“O último herdeiro da República dos professores”
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a sua candidatura a Belém. Soares e Sampaio ouviram-no apresentar a sua ausência de cartão partidário como a “diferença” da sua campanha.
TEXTO: Há uma data e uma instituição que assinalam o nascimento político de Sampaio da Nóvoa. O dia foi o 10 de Junho de 2012. A entidade foi a Presidência da República de Cavaco Silva. Foi aí que o ex-reitor da Universidade de Lisboa abandonou o círculo fechado dos anfiteatros universitários para entrar na Ágora política. O fim do princípio de uma candidatura política fechou-se esta quarta-feira, no Teatro da Trindade, com a voz-off que antecedeu o discurso do antigo reitor citando esse “primeiro dia do resto” do caminho para Belém. Com o seu “discurso clássico”, de oposição a “esta abordagem radical da austeridade”, Sampaio da Nóvoa iniciava assim o percurso que se confirmava no Teatro da Trindade, com o seu anúncio de candidatura à Presidência da República. Pelo meio foi coleccionando ovações nos mais variados palcos políticos. Na Aula Magna onde Mário Soares arregimentou a esquerda contra a direita, no último Congresso do PS onde propôs uma “democracia democrática” e no Congresso da Cidadania, da Associação 25 de Abril, onde defendeu ser “preciso acabar" com a política de austeridade "antes que ela acabe" com os portugueses. Mas já em 2012, no longo discurso do dia de Portugal, estava impressa a sua marca e ao que vinha. “O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino. ” Uma retórica assertiva que foi galvanizando alguma da esquerda revoltada com as políticas do governo de direita e a postura de Cavaco Silva. Foi Cavaco Silva o primeiro responsável e um dos primeiros a testemunhar a retórica do antigo reitor. “Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva”, citou numa intervenção crítica que haveria de repetir ao longo dos últimos dois anos. O PÚBLICO desafiou dois académicos universitários, habituados a estudar a política, a desvendar Sampaio da Nóvoa. “É o homem do discurso clássico”, responde José Adelino Maltez, antes colar o antigo reitor a uma certa classe. “Ele é o último herdeiro da República dos professores”, essa forma “clássica” de pertencer à esfera política, mais habitual “talvez em França”. Onde, apesar de tudo, essa casta se mostra ainda disponível para se submeter aos escrutínio público. Maltez não concorda com quem vê em Sampaio da Nóvoa uma página em branco que só agora se começa a preencher com discursos inflamantes. “Ele tem um percurso e não se pode pedir mais”, afiança antes de lembrar que o agora candidato “foi um dos actores fundamentais da fusão da universidades Clássica e Técnica” de Lisboa. “Há um lastro de tomadas de posição”, corrobora André Freire, depois de recordar os anos entre 2006 e 2013, quando esteve na reitoria. “Aí, ele deu provas de grande autonomia e coragem política”, afirma o professor de Ciência Política. Repescando esses anos em que o ministro Mariano Gago avançou com “cortes no ensino superior” para apostar na Ciência. “Insurgiu-se contra o ministro, ficando até isolado no Conselho de Reitores”. Isto com um Governo que até era da sua esfera. “As afinidades com o PS não são de agora”, alerta Freire, lembrando o cargo de conselheiro para a Educação de Jorge Sampaio. Mas André Freire reconhece um “handicap” ao arranque da corrida de Nóvoa. “Se a gente perguntar em Bragança ou em Beja, ninguém sabe quem ele é”, alerta. “Ele não é conhecido, exceptuando nos círculos urbanos e universitários”, acrescenta. “Para vingar, precisa de começar a fazer campanha já, ir a todas as frentes”, remata. Fazer as inevitáveis “voltas ao país, ir para os media, entrar nas redes sociais”, concretiza. Também Maltez reconhece que falta ao antigo reitor atravessar o seu “Rubicão”, aquela “barreira terrível que é a comunicação”. “Ainda não o experimentámos como homem da comunicação” para se saber se “ainda se admite uma República de professores”. A “vantagem” de Sampaio da Nóvoa é que não é apenas um “professor”. “Até jogava matraquilhos, futebol e correu o mundo”, recordou o ex-director do Centro de Estudos do Pensamento Político do ISCSP. Foi a jogar a médio pela Académica que chega à Universidade de Coimbra. O curso de Medicina fica, entretanto, para trás. O gosto pelos palcos teatrais empurra-o para o Conservatório de Lisboa. E o prazer das aulas, de expressão dramática durante dois anos em Aveiro, trouxeram-no de nova à Academia para finalmente se dedicar àquela que seria a sua área: a Educação. O “mundo” que percorreu foi para dar substrato a essa formação. Doutorou-se em Genebra e Paris antes de regressar em Lisboa. O seu globo alargou-se com o Brasil, onde até há pouco, foi consultor da Unesco, precisamente na área da Educação.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Inquérito diário: Coligação mantém vantagem de 4,7 pontos sobre o PS
Passos e Portas lideram no Norte, Centro e Lisboa. (...)

Inquérito diário: Coligação mantém vantagem de 4,7 pontos sobre o PS
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DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passos e Portas lideram no Norte, Centro e Lisboa.
TEXTO: A coligação Portugal à Frente (PaF), integrada pelo PSD e CDS-PP, mantém uma vantagem de 4, 7 pontos percentuais sobre os socialistas. Esta é a principal conclusão do inquérito diário da Intercampus para o PÚBLICO, TVI e TSF, cujo trabalho de campo decorreu entre 22 e 25 de Setembro num total de 1025 entrevistas telefónicas. A coligação de Passos Coelho e Paulo Portas obtém 37, 5% e o PS de António Costa 32, 8%, estando separados por uma diferença superior à margem de erro, que é de 3, 1%. Assim, as duas principais forças concorrentes às eleições legislativas de 4 de Outubro tiveram uma subida de 0, 5 pontos face ao inquérito da véspera. Veja a evolução desta tracking pollPor seu lado, a Coligação Democrática Unitária (CDU), constituída pelo PCP e Os Verdes, alcança 8, 9%, o que traduz uma diminuição de 0, 3 pontos. Em contrapartida, o Bloco de Esquerda consegue 6, 7%, uma subida de 0, 6 pontos, e o seu melhor resultado desde o início deste estudo. A projecção, com distribuição de indecisos, para os outros partidos, reserva-lhes 4, 5%, uma queda de 0, 9 pontos. Também os votos brancos e nulos têm uma descida de meio ponto, situando-se em 9, 6%. Por faixa etária, o PS está ligeiramente à frente na dos indivíduos entre os 35 e 54 anos com 24, 9% e 0, 6 pontos de vantagem sobre o PaF. Nos outros dois segmentos considerados – 18 a 34 e 55 e mais anos -, a coligação governamental lidera. Por regiões, o inquérito não tem novidades em relação ao estudo anterior. Passos e Portas são preferidos no Norte, Centro e Lisboa, enquanto as propostas de Costa são as mais bem avaliadas no Alentejo e no Algarve. Deste modo, a bacia do Tejo constituiu-se em fronteira na divisão da direita e esquerda. Entre as forças sem representação parlamentar, o Partido Democrático Renovador (PDR) de Marinho e Pinto continua à frente com 1, 1%, obtendo o seu melhor score na faixa etária dos 18 aos 34 anos. É seguido pelo PCTP/MRPP, do também advogado Garcia Pereira, e pelo “Pessoas, Animais e Natureza” (PAN), ambos com 0, 5%. A coligação Partido Trabalhista Português/Agir obtém 0, 4%, enquanto o Livre/Tempo de Avançar de Rui Tavares consegue 0, 3%. Ficha técnicaSondagem realizada pela Intercampus para TVI, PÚBLICO e TSF com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximas eleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1025 entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estratificação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos). Os trabalhos de campo decorreram entre 22 e 25 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3, 1%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 59, 5%. Notícia alterada às 12h53
REFERÊNCIAS:
Dança em família
À partida os papéis são estes: Zé Mário Branco como encenador, Manuela de Freitas como escritora, Camané como actor. É a família que se vê no DVD que acompanha o disco (...)

Dança em família
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501171231/http://www.publico.pt/1693846
SUMÁRIO: À partida os papéis são estes: Zé Mário Branco como encenador, Manuela de Freitas como escritora, Camané como actor. É a família que se vê no DVD que acompanha o disco
TEXTO: Em 2008, quando Camané editou Sempre de Mim, José Mário Branco dizia ao Ípsilon que ele, Manuela de Freitas e Camané eram “como os amantes”: “A gente junta-se para o que é bom e depois vai embora”. Sete anos volvidos, há um plano, no documentário de Filipe Ferreira que acompanha a edição especial de Infinito Presente, em que se ouve José Mário Branco a dizer que fora do trabalho nunca se vêem – como sempre como dantes, encontram-se para a música. Num plano particularmente engraçado, José Mário Branco e Manuela de Freitas observam atentamente (presumivelmente em sua casa) Camané e o seu guitarrista a ensaiar um fado no sofá; ao fundo da sala há um miúdo a jogar computador, como se nada fosse, apenas uma tarde normal com umas visitas. O que esta cena nos diz é que, sim, eles juntam-se para o que é bom – mas quando se juntam são uma família. Musical, mas uma família. E o que o documentário revela são os códigos que todas as família têm, os lugares que cada um ocupa e como as suas relações evoluem. À partida os papéis são estes: Zé Mário como encenador, Manuela como escritora, Camané como actor. São constantes as cenas em que Zé Mário chama a atenção para esta ou aquela palavra que tem de ser acentuada, enquanto Camané se opõe e quer outro caminho. E por vezes somos abençoados com o resultado – e vemos o take final, imaculado, nascido dessa luta de forças. No DVD há uma cena que exemplifica o acima descrito e revela como esta família funciona. Camané conta ao Ípsilon que cantou Triste Sorte como se chegasse a casa e tivesse urgência de cantar aquelas palavras, mas, tendo a namorada a dormir a seu lado, só podia cantar baixinho. Num revelador plano vemos Zé Mário a dizer a Camané exactamente isto – é como se o fadista, depois de o disco feito, tivesse finalmente inscrito em si as orientações de Zé Mário contra as quais batalhou. A cena é admirável. ZMB faz o seu discurso, Camané retorque: “Isso é muito difícil, meu, eu não consigo tirar alma daí, agora, esse não acordar a namorada é não cantar, praticamente. ”José Mário Branco: “É”. Camané: “Pois, mas isso. . . ”, e vira costas. E depois vemos um take sobrenatural. Camané não cantou tão baixinho quanto ZMB queria; nenhum ganhou; quem ganhou foi a canção – e nós. Temos direito a assistir a batalhas épicas – mas respeitosas – entre Camané e Zé Mário. Na conversa com Camané, este dizia-nos: “Quando me distraio, quando me começo a exibir, o Zé Mário não deixa passar. Faço isso quando estou com medo ou inseguro”. A luta entre o instinto de Camané e o cérebro de Zé Mário Branco fica retratada numa cena em que o primeiro reclama: “Eu assim perco a espontaneidade”. Zé Mário Branco, a fazer de pai: “Se a espontaneidade te dá para a asneira. . . ”Camané, a fazer de filho: “Não é asneira”. Zé Mário pede constantemente contenção – enquanto Camané quer estilar e diz que isso é das coisas mais bonitas que o fado tem. “Mas não podes estar sempre a fazer isso”, diz Zé Mário, “senão estás sempre a dizer a mesma coisa”. Noutra cena vemos o oposto: Zé Mário a pedir a Camané para estilar e este a dizer que não, que não faz sentido, que o que ali interessa é a história. E numa cena semelhante, Zé Mário Branco pergunta a Camané se o fado que vão gravar dá para estilar e Camané, que tem um conhecimento enciclopédico do fado, explica que não. Os papéis, estabelecidos ao início, vão-se, aqui e ali, trocando. Mas cada tema acaba sempre da mesma maneira: quando Manuela reage a um take fazendo um gesto sobre o braço, como quem diz ter pele de galinha, é porque o fado está bom. Zé Mário Branco chama a isto um afinadíssimo aparelho de avaliação estética: “O pelómetro”. Quando os pelos de Manuela arrepiam, o fado está lá. Um DVD é uma estratégia comercial – mas no caso é também um sinal de onde os três estão hoje. Permitem-nos ver muito: os seus atritos, as birras, os saltinhos de Manuela. Isto, esta intimidade, só é mostrada hoje porque há vinte anos de história entre eles e já estão à vontade nos seus papéis. Três indivíduos de personalidades vincadas têm a bondade de nos deixar observar a sua relação: a de uma família unida pela admiração mútua, que por mais diferenças que tenha tem um único fito: fazer grande música. Que ninguém se engane: é mesmo admiração o que une este trio. Quantas vezes se juntam três génios numa sala e trabalham não para si mas para o bem comum?
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho medo