Pestana assegura gestão do hotel A Brasileira
Futura unidade hoteleira no centro do Porto terá 90 quartos e obras de reconversão devem arrancar no início do Verão (...)

Pestana assegura gestão do hotel A Brasileira
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DATA: 2016-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Futura unidade hoteleira no centro do Porto terá 90 quartos e obras de reconversão devem arrancar no início do Verão
TEXTO: O hotel que vai nascer no emblemático edifício do café A Brasileira, na Rua Sá da Bandeira, no Porto, abrirá portas no final do próximo ano, devendo as obras de transformação daquele emblemático edifício da baixa portuense arrancar já no início deste verão. A futura unidade hoteleira, propriedade do empresário António Oliveira, ex-selecionador nacional de futebol, vai beneficiar de uma parceria de apoio à gestão celebrada entre aquele empresário e o grupo Pestana, integrando os canais de distribuição daquele grupo hoteleiro nacional. O edifício do antigo café histórico da Cidade Invicta será recuperado e transformado numa unidade de cinco estrelas, preservando as características da fachada e a imagem das salas do rés-do-chão com a sua traça original, num projeto desenvolvido pela equipa de arquitetura do Gabinete APPEL, liderado pelo arquiteto Ginestal Machado. A Brasileira ganha uma nova vida e novas valências adaptadas à contemporaneidade da cidade eleita melhor destino europeu. Projeto recupera origensLocalizado na Rua Sá da Bandeira, o hotel terá 90 quartos, incluindo quatro suites, wine bar, health club, ginásio e um pátio interior com um jardim vertical. O restaurante, com capacidade para mais de uma centena de pessoas, mantém-se fiel ao desenho original do arquiteto Januário Godinho. O espaço do antigo café será também reaberto, pretendendo fazer relembrar o seu slogan original: “O melhor café é o da Brasileira”. Segundo José Roquette, Chief Development Officer do Pestana Hotel Group, “acreditamos na vitalidade do destino Porto. Para o sucesso de todos é fundamental que a política de ligações aéreas se mantenha, e que a promoção do destino continue a ser dinâmica”, refere. Esta será a terceira unidade, na cidade do Porto, inserida no portefólio do Pestana Hotel Group, juntando-se “A Brasileira” ao Pestana Vintage Porto Hotel & World Heritage Site, e ao Pestana Palácio do Freixo Pousada & National Monument, unidades das quais o PHG é proprietário. Recorde-se que o Pestana Hotel Group detém e gere 87 unidades em Portugal e no estrangeiro, bem como seis campos de golfe, dois casinos, três empreendimentos de imobiliário turístico, 13 empreendimentos Vacation Club, uma companhia de aviação charter e um operador turístico. Na hotelaria, o seu principal negócio, o grupo opera com três marcas: Pestana Hotels & Resorts, Pestana Collection Hotels e Pestana Pousadas de Portugal, cuja gestão da rede assumiu em 2003. Presente em 15 países, tem cerca de 11. 000 quartos disponíveis na Europa, África e América e cerca de sete mil colaboradores. Em 2015 as receitas atingiram os 400 milhões de euros.
REFERÊNCIAS:
Cidades Porto
Há burros e danças de fogo na Ajuda, em Lisboa
Autarquia quer apostar na organização de animações para promover o comércio local. (...)

Há burros e danças de fogo na Ajuda, em Lisboa
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DATA: 2016-06-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Autarquia quer apostar na organização de animações para promover o comércio local.
TEXTO: No próximo dia 24 de Junho, a Calçada da Ajuda é invadida por bancas de artesanato e artistas e artesãos medievais. Chapéus de palha, bolos e pães de lenha, asas de frango com pau de loureiro, consultas de vidência, vinho quente, trabalhos em serapilheira e até danças com fogo - uma promessa de regresso a tempos remotos nestas “Lojas ao Luar”. Para além do comércio tradicional medieval e dos habituais comes e bebes, existirão encenações de rua, concertos de percussão, pinturas faciais e piscinas de bolas. Mas há mais: passeios de burro e até alimentação de cabras e galinhas, sob supervisão de um pastor. Para quem quiser participar no espírito medieval, a organização disponibiliza a possibilidade de aluguer ou compra de fatos fiéis à época. A iniciativa é da Junta de Freguesia da Ajuda e da Associação de Comerciantes que pretende “promover o comércio local” através de “novas estratégias de animação e divulgação”.
REFERÊNCIAS:
Porquê o ataque permanente e injusto aos médicos?
O Ministério da Saúde tem conduzido uma campanha de descredibilização dos médicos para procurar ocultar a sua responsabilidade na desorganização e diminuição da capacidade de resposta do SNS aos legítimos direitos dos doentes. (...)

Porquê o ataque permanente e injusto aos médicos?
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DATA: 2015-01-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Ministério da Saúde tem conduzido uma campanha de descredibilização dos médicos para procurar ocultar a sua responsabilidade na desorganização e diminuição da capacidade de resposta do SNS aos legítimos direitos dos doentes.
TEXTO: A 30 de Dezembro, o principal título de primeira capa do PÚBLICO era 720 euros por dia ainda não atraíram médicos ao hospital Amadora-Sintra e o título interior afirmava Amadora-Sintra ainda não conseguiu contratar médicos mesmo a 30 euros por hora. A maioria das pessoas apenas lê títulos e os jornalistas, que são pessoas informadas e inteligentes, sabem que ambos os títulos mentem, pelo que a intenção de enganar as pessoas é explícita e deliberada. Efectivamente, o texto nunca refere que esse valor é pago às empresas intermediárias e não aos médicos, que recebem muito menos. Por outro lado, para o leitor comum, um dia de trabalho são oito horas, não 24 horas de trabalho intenso, complexo, sob enorme pressão e sem possibilidade de erro. Na verdade, o que o médico recebe, descontado o lucro da empresa intermediária e depois de impostos, são cerca de 288 euros por 24 horas de um trabalho seguido, stressante e extenuante, montante a que ainda tem de deduzir as suas despesas. Qualquer mecânico ganha muito mais e com muito menos trabalho, cansaço e responsabilidade!A 31 de Dezembro, outro jornal diário escolheu para principal título da capa Farmacêuticas gastam 60 milhões com médicos. O título mente descaradamente, pois, no texto do artigo, correctamente, já se fala também, como receptores desses apoios, em sociedades científicas, associações de doentes, farmacêuticos, estudos de investigação, etc. Então, porque é que o jornal pretendeu, deliberadamente, passar a mensagem, para quem apenas lê títulos nos escaparates e para os que vêem apenas a primeira página (nomeadamente em todas as televisões), de que o financiamento era exclusivamente para médicos, alimentando subliminarmente, de forma potenciada, a ideia de promiscuidade entre indústria e médicos?Estes são dois exemplos bem concretos e recentes de como, regularmente, saem notícias na comunicação social cujos títulos são construídos propositadamente para, junto da opinião pública, afectar a dignidade e honorabilidade de todos médicos. A quem serve este comportamento de alguma comunicação social? Apenas ao Ministério da Saúde, cujos assessores de imprensa, principescamente remunerados, têm conduzido uma campanha de descredibilização dos médicos para procurar ocultar a responsabilidade do ministério na desorganização e diminuição da capacidade de resposta do SNS aos legítimos direitos dos doentes. As situações reportadas sobre a enorme congestão das urgências hospitalares são perfeitamente terceiro-mundistas e inaceitáveis. Há doentes que morrem sem a devida assistência. A notícia do PÚBLICO ignora completamente a grave responsabilidade do Ministério da Saúde em não permitir que o Hospital Amadora-Sintra tivesse contratado atempadamente os profissionais de que necessitava para responder ao previsível maior afluxo de doentes, até porque permitiu o encerramento dos centros de saúde vários dias seguidos. Além de que não é na véspera de períodos festivos que se tenta desesperadamente contratar médicos, certamente com a sua vida já programada de forma diferente, e o preço/hora real de um médico em serviço de urgência, um dos trabalhos mais exigentes de qualquer profissão, é absurdamente baixo!O PÚBLICO omitiu ainda as causas profundas da permanente desorganização e congestão das urgências hospitalares, o que não acontecia até há poucos anos, apesar de o ministério dizer que há cada vez mais médicos no SNS. A que se deve esta contradição, afinal? Precisamente às medidas erradas, contraproducentes e de má gestão tomadas por este Ministério da Saúde! Nomeadamente a redução do tempo de abertura dos centros de saúde, os bloqueios à Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, o facto de os hospitais estarem proibidos de contratar directamente médicos em prestação de serviços e de os contratos com as empresas, completamente protegidas pelo Senhor Ministro, não conterem cláusulas de salvaguarda dos dias festivos. As falhas das empresas já se arrastam impunemente há anos e, apesar de repetidamente avisado pela Ordem dos Médicos, só agora é que o ministro da Saúde vem dizer para a comunicação social que vai aplicar multas. . . O outro jornal diário ignorou completamente que se não fossem os apoios da indústria farmacêutica, que são legais e transparentes, a actualização e investigação científica dos médicos e outros profissionais seria gravemente afectada, com prejuízo dos doentes, para além de que as sociedades científicas e associações de doentes teriam praticamente de fechar as portas, porque o Ministério da Saúde não assume as suas obrigações e não disponibiliza quaisquer apoios significativos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos social
Ao trocarem prisioneiros, Washington e Havana trocaram símbolos
Os dois países libertaram presos que eram acusados de espionagem. (...)

Ao trocarem prisioneiros, Washington e Havana trocaram símbolos
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DATA: 2014-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os dois países libertaram presos que eram acusados de espionagem.
TEXTO: Mais do que uma troca de prisioneiros, houve uma troca de símbolos entre Cuba e os Estados Unidos para marcar o anúncio do restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. O trabalhador humanitário Alan Gross e os três cubanos acusados de espionagem tinham-se tornado cavalos de batalha na guerra ideológica entre os dois países. Mas houve lugar também para surpresas, como a libertação de um outro cidadão cubano, informador dos serviços secretos norte-americanos, cuja identidade não foi revelada, mas que estava preso há 20 anos e é um verdadeiro herói para os espiões americanos: “Forneceu uma ajuda fundamental para identificar e travar vários operacionais da espionagem cubana nos EUA, que levou a uma série de condenações”, afirmou James Clapper, director nacional dos serviços secretos americanos. Em causa está a condenação de Ana Belén Montes, ex-analista dos serviços de espionagem, condenada em 1993 por passar informações a Cuba, e pelo ex-funcionário do Departamento de Estado Walter Myers e a sua mulher, Gwendolyn Myers, detidos em 2009. Já Gerardo Hernández, Antonio Guerrero e Ramón Labañino (também conhecido como Luis Medina, um nome falso) eram nomes tão conhecidos em Cuba que bastava designá-los pelo primeiro nome. Faziam parte do grupo dos “Cinco Cubanos”, presos em 1998 em Miami e condenados por espionagem em 2001. Os seus rostos estão espalhados por todo o lado em Havana, para que ninguém se esquecesse deles. Estavam presos injustamente, de acordo com o Comité Internacional para a Liberdade dos 5 Cubanos, que fazia uma ampla companha na Internet e no Facebook. Dois tinham já sido libertados pelos EUA, mas os três restantes cumpriam penas pesadas, acima de 20 anos de prisão. Gerardo Hernández, tido como o líder do grupo e considerado culpado de conspirar para cometer homicídio, boicotando dois aviões usados por um grupo de exilados cubanos anticastristas, foi condenado a duas penas perpétuas. A concentrar todas as atenções esteve Alan Gross, o norte-americano de 65 anos que estava preso em Cuba há cinco anos e cuja saúde piorou muito durante o seu cativeiro: perdeu 50kg, parte da visão do olho direito, e sofria de dores nas costas e nas pernas. Trabalhava para uma empresa que tinha um contrato com a USAid, a agência norte-americana para o desenvolvimento internacional, para distribuir computadores e equipamentos de telecomunicações por satélite junto da comunidade judaica em Cuba – ele próprio é de religião judaica. Mas foi preso em Dezembro de 2009, e condenado em 2011 a 15 anos de prisão, por actos contra a independência e a integridade do Estado cubano e por participação em actos subversivos. O caso de Gross tinha-se tornado dramático – tinha chegado a ameaçar suicidar-se. Mas apesar de se ter tornado um peão na guerra fria entre Havana e Washington, o seu ressentimento não é contra os cubanos. “Quero expressar o meu maior respeito e admiração pelas pessoas de Cuba. De forma alguma os cubanos comuns são responsáveis [pela minha prisão]. Dói-me ver como são tratados pelos dois governos [EUA e Cuba]”, afirmou. Nestas negociações, a diplomacia do Vaticano teve um papel fundamental – como costuma ter, aliás, quando há esforços para a libertação de presos políticos cubanos. Sem que se saiba mais pormenores, tanto Barack Obama como Raúl Castro, aliás, agradeceram ao Papa Francisco nos seus discursos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Em pó ou em spray: 18% dos ovos consumidos são transformados
Segurança alimentar faz com que hotéis, restaurantes e pastelarias não usem ovos no seu estado natural e prefiram versões industriais, em pó ou spray. Sector vale, no global, 150 a 200 milhões de euros em Portugal. (...)

Em pó ou em spray: 18% dos ovos consumidos são transformados
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DATA: 2015-04-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segurança alimentar faz com que hotéis, restaurantes e pastelarias não usem ovos no seu estado natural e prefiram versões industriais, em pó ou spray. Sector vale, no global, 150 a 200 milhões de euros em Portugal.
TEXTO: Na cozinha de um hotel, não se partem ovos para fazer omeletes para o pequeno-almoço dos hóspedes. A bola de Berlim que come na praia, muito provavelmente, também não terá sido confeccionada com ovo no seu estado natural. Tal como os croissants vendidos nas pastelarias não são pincelados com gema batida antes de ir ao forno. Usa-se, antes, ovo em spray, pronto a usar. Pelas contas da Internacional Egg Commission, em Portugal 18% dos ovos consumidos são derivados de ovo. Na União Europeia, a média é 25%, mas chega aos 50% em Itália onde o consumo de produtos com ovo (massas, por exemplo) é elevado. Em França, 30% dos ovos consumidos não têm casca, nem vem em caixas de cartão com seis divisões. “As questões de segurança alimentar, nomeadamente a salmonella, levaram a que estes derivados passassem a ter peso no consumo”, diz Amândio Santos, presidente da Portugal Foods e membro do comité da Internacional Egg Commission que, até amanhã, reúne em Lisboa 300 congressistas. O ovo pasteurizado em pó, desidratado por atomização, por exemplo, é vendido em pacotes de 25 quilos pela empresa Derovo, que em Portugal concentra este negócio. Com validade prolongada, mais fácil de transportar, é uma solução usada pela hotelaria e restauração. Também se vendem baldes de ovos de galinha já cozidos em salmoura (que contém água, sal e reguladores de acidez como ácido cítrico, ácido acético). “A procura mundial de ovo tem crescido enormemente porque a população cresce tal como o consumo de proteína. E a proteína do ovo é das mais económicas em comparação com outras. Os países com aumento de população são os que registam maior aumento do consumo de ovo, como nas regiões da Ásia, América Latina e África. E a industrialização da produção permite oferecer esta proteína a um custo muito interessante”, diz Amândio Santos, acrescentando que o ovo em estado natural é o “grande impulsionador” desta tendência. Portugal é auto-suficiente em ovos mas tem um dos consumos percapita mais reduzidos: 165 contra 240 em Espanha, ou 380 no México e 385 no Japão. “É um sector que está modernizado em termos de exploração e que investir 70 milhões de euros nos últimos cinco anos para assegurar o bem-estar animal e hoje apresenta uma situação de segurança alimentar”, diz o responsável. O negócio vale no total entre 150 a 200 milhões de euros por ano e a produção cresceu 6% nos últimos 12 meses. “O sector tem um pouco mais de seis milhões de galinhas e há uma dúzia de empresas que dominam o sector. No total, deveremos ter umas 80 empresas”, adianta ao PÚBLICO. A China é o maior produtor do mundo, mas em termos individuais ganha o México, com 28 milhões de galinhas. Só os membros da Internacional Egg Commission representam um volume de facturação na ordem dos 60. 000 milhões de euros por ano.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo animal
Ciclone Phailin já fez cinco vítimas na Índia
Tempestade tropical já se encontra em terra. (...)

Ciclone Phailin já fez cinco vítimas na Índia
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DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tempestade tropical já se encontra em terra.
TEXTO: O ciclone tropical Phailin já fez cinco vítimas mortais, dizem os jornais indianos, que reportam um cenário de “devastação apocalíptica” na região de Brahmapur, por onde a tempestade entrou em terra por volta das 21h30 (hora local). Segundo a BBC, o ciclone está a movimentar-se a uma velocidade entre cinco e dez quilómetros por hora. Os ventos devastadores, de velocidade superior a 200 quilómetros por hora, arrancaram árvores e postes de electricidade, cortando o abastecimento eléctrico. Uma ordem de evacuação obrigatória está em vigor e abrange as localidades costeiras do estado de Orissa, na costa leste do país, que está a ser atingida pelo ciclone. Mais de 550 mil pessoas foram transportadas para abrigos temporários, instalados em escolas, templos e outros edifícios públicos. Segundo as projecções, o ciclone Phailin poderá ser a tempestade mais severa dos últimos 14 anos na região – segundo o centro que avalia os riscos de tempestades tropicais, sedeado em Londres, trata-se de um ciclone de categoria cinco, o valor máximo da escala. O Departamento Meteorológico da Índia, que tem estado a acompanhar a trajectória do ciclone na baía de Bengala, aponta para ventos de mais de 220 quilómetros por hora. No entanto, o centro de alerta de tufões da Marinha dos Estados Unidos, localizado no Havai, prevê que as velocidade dos ventos possa atingir os 315 quilómetros por hora. O ciclone deverá entrar em terra próximo da cidade de Gopalpur, uma estância de veraneio que já se encontra praticamente deserta. As autoridades projectam ondas superiores a seis metros de altura, que segundo avisaram deverão “causar danos e prejuízos muito significativos” nas construções costeiras. “Há uma ordem de evacuação obrigatória em curso. Ninguém está autorizado a permanecer em casa nas áreas afectadas pela tempestade. Os pescadores estão proibidos de sair para o mar”, sublinhou o responsável da protecção civil de Orissa, Surya Narayan Patra. Os serviços meteorológicos prevêem fortes inundações. A força da tempestade deverá interromper o fornecimento eléctrico e cortar as telecomunicações. Estradas poderão ficar intransitáveis, e a circulação do caminho-de-ferro poderá ter de ser suspensa. Em 1999, a passagem de um super-ciclone sobre o estado de Orissa fez mais de dez mil mortos. Surya Narayan Patra garantiu que as autoridades “aprenderam a lição” e que “estão mais bem preparadas” para lidar com a tempestade que se avizinha. O Exército montou uma vasta operação de assistência e auxílio de emergência para aquele estado e o vizinho Andhra Pradesh, que também será afectado pelo Phailin. Segundo a BBC, está assegurada a distribuição de mantimentos por helicóptero em áreas que ficaram inacessíveis.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mantimentos
E se os tablets estiverem a ser usados como chuchas?
Investigadora Ivone Patrão diz que há estudos internacionais que dão conta de baixo controlo parental sobre dispositivos móveis em crianças pequenas. Há pais que substituem a sua presença pela entrega de um smartphone ou de um tablet para conseguir fazer outras tarefas. (...)

E se os tablets estiverem a ser usados como chuchas?
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DATA: 2015-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Investigadora Ivone Patrão diz que há estudos internacionais que dão conta de baixo controlo parental sobre dispositivos móveis em crianças pequenas. Há pais que substituem a sua presença pela entrega de um smartphone ou de um tablet para conseguir fazer outras tarefas.
TEXTO: A psicóloga clínica Ivone Patrão coordenou recentemente um estudo onde encontrou quase três quartos de adolescentes e jovens dos 14 aos 25 anos com sinais de dependência da Internet. Coordenadora da linha de investigação sobre comportamentos online no ISPA-Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, em Lisboa, onde é professora, lança-se agora numa investigação que vai estudar o uso de dispositivos móveis em crianças dos três aos cinco anos. A motivação veio do que observa no consultório e à sua volta, em que vê tablets e smartphones a serem usados para acalmar, como uma chucha, mas com muitos mais riscos associados. Por que decidiu começar a investigar o uso de dispositivos móveis dos três aos cinco anos? [A decisão] Decorre dos resultados que tivemos na investigação com adolescentes e pré-adolescentes nas áreas das dependências online e também porque, na minha clínica diária, encontro pais com dificuldades em controlar o uso de smartphones, tablets nestas idades. As crianças com cinco ou seis anos já lhes conseguem mexer, são muito fáceis, são touch. Eles têm uma memória visual fantástica e rapidamente estão a jogar um jogo, estão a aceder à Internet, conseguem aprender caminhos de pesquisa sem saberem muito bem o que estão a fazer. Não sabendo sequer ler. Apercebi-me de miúdos de quatro e cinco anos que sabem imensas palavras em inglês por causa dos jogos. Vão associando, o start, o open, o okay. O problema é que estamos a estimular a memória visual muitas vezes em detrimento de outro tipo de concentração e atenção para outras tarefas que, por exemplo, a leitura vai requerer, a interpretação de um texto. Se lhes damos estímulos rápidos, em que percebem rapidamente como se faz, depois, quando quisermos que se concentrem para aprender a escrever e a ler, eles já não vão estar tão motivados. A satisfação não é tão imediata como estar a jogar um jogo. O que pretendem com o vosso estudo nestas idades?Estamos a fazer questionários para pais para avaliar como fazem a gestão dos smartphones e dos tablets em casa. Numa fase posterior acompanharemos os miúdos ao longo do tempo, na escola, na socialização, entre os seis e os 10 anos, já no 1º ciclo. O que diz a investigação já existente sobre o uso destes dispositivos nestas idades?Está-se no início da investigação. Mas os estudos que existem dão conta de baixo controlo parental sobre estes dispositivos nestas idades, e também que há pais que substituem a sua presença, e eu diria o seu afecto, com um smartphone ou de um tablet, às refeições e nas horas livres que eles têm para brincadeiras. Que problemas isso coloca?Eu pergunto: que tempo é que eles têm para passar com os pais? Uma das perguntas que vamos fazer é se lhes contam uma história ao final do dia. Estou um pouco chocada porque já tenho metade desta amostra a dizer que não o fazem e que a hora de deitar é problemática. É problemática por causa do uso deste tipo de dispositivos?[As crianças] Estão numa excitação a olhar para um dispositivo que emana uma luz tão intensa, sobre a qual alguns estudos dizem que as crianças a esta proximidade não são capazes de fazer a destrinça entre a luz de um ecrã e a luz do dia. Há estudos que nos dizem que, se não fazemos o corte, estamos a emitir informação para um cérebro de uma criança de três, quatro e cinco anos que pensa que ainda é de dia. E depois, passados dois minutos, dizemos-lhe "vamos deitar". Mas isso também era verdade para a televisão. A televisão está a uma distância diferente. Na televisão eles têm tendência a focar às vezes o olhar num ponto, mas vêem brinquedos à frente e vêem o mano, e chega alguém e eles vêem. Os dispositivos são uma coisa de interacção deles com a máquina a uma distância muito próxima, sem outro campo de visão. Estão tão focados ali que o cérebro não percebe o que está à volta. Com a televisão apercebem-se do meio envolvente, [e percebem] que ficou noite. Isso tem repercussões no sono?Temos aqui um grande risco porque isto altera-lhes o ritmo do sono. Outros estudos dizem-nos que as crianças que dormem menos horas têm um comportamento mais irritável na sala de aula. Neste caso, com três, quatro ou cinco anos – as ditas idades das birras – provavelmente os educadores e os pais terão mais dificuldade em relacionar-se com eles e isto começa a ser uma pescadinha de rabo na boca – então se faz birras "toma lá e cala-te". Estamos a reforçar positivamente uma acção, o estar online, com imensas consequências do ponto de vista físico, do desenvolvimento e psicológico, porque eles, naquele momento, não estão em interacção, estão em interacção com eles próprios e com uma máquina. Quis avançar com este estudo por causa dos casos que lhe chegam ao consultório. . . Às vezes, na própria consulta, se estou mais dirigida para os pais e a criança está ali, e ainda que na consulta haja espaços de brincadeira e de jogos, há puzzles, desenhos, há uma mala lúdica, a criança tem também a tendência a querer falar e há uma entrega, às vezes quase automática, da mãe ou do pai – "olha, toma lá, cala-te um bocadinho que eu estou aqui a falar com a doutora". E eu tento desviar este comportamento e propôr aos pais e à criança "então e um desenho? E ali o puzzle? Depois podes vir-nos mostrar o desenho". Mas, claro, não posso desautorizar os pais. E obviamente, as crianças aceitam o telemóvel .
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola campo concentração criança estudo
A América já tem os seus menus "especial shutdown" mas não para os congressistas
As principais vítimas dos desentendimentos no Congresso esperam com ansiedade o regresso à normalidade. O Governo precisa de dinheiro para pagar ordenados, mas os funcionários precisam de ordenados para pagar as contas. Por estes dias, em Washington, os alvos da fúria são os congressistas (...)

A América já tem os seus menus "especial shutdown" mas não para os congressistas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.357
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: As principais vítimas dos desentendimentos no Congresso esperam com ansiedade o regresso à normalidade. O Governo precisa de dinheiro para pagar ordenados, mas os funcionários precisam de ordenados para pagar as contas. Por estes dias, em Washington, os alvos da fúria são os congressistas
TEXTO: Quase um milhão de trabalhadores mandados para casa, com os vencimentos cancelados por causa de um jogo político entre o Congresso e a Casa Branca, e ainda assim o coração da América continua a bater de uma forma muito própria. Se 800. 000 funcionários dos serviços do Governo federal ficam com os bolsos mais leves, os restaurantes respondem com o menu "especial shutdown" — "Sanduíche de carne de porco grátis para todos os funcionários do Governo se houver paralisação. Uma por dia e é necessário apresentar identificação", anunciaram na segunda-feira, no Twitter, os proprietários de um restaurante da cidade de Alexandria, no estado da Virginia, a uma dezena de quilómetros do Capitólio. O Governo ficou mesmo parado e o negócio do Pork Barrel BBQ ficou mais movimentado. Mas nem todos têm direito à oferta: "Congressistas excluídos. "Quarta-feira, segundo dia de cofres vazios para o pagamento de serviços não-essenciais pelo Governo da maior potência do mundo, e a incredulidade dos cidadãos transformava-se em raiva, em desespero, mas também em humor, uma seta apontada à forma como o trabalho de uma parte dos representantes do povo levou à falta de dinheiro para os salários de uma parte dos trabalhadores que os elegeram. "Apresente a sua identificação e obtenha um desconto de 10% em sopas e saladas", lê-se num cartaz do restaurante Soupergirl, em Washington, que partilhou uma fotografia no Facebook. Para os congressistas também? A resposta é clara e lembra um dos quadros mais famosos da série Seinfeld: "No soup for you!"Mas a paralisação do Governo norte-americano pode durar semanas, e quem fica semanas sem receber o ordenado por causa de um debate no Congresso que correu mal pode não ter o sentido de humor no menu preferido. "Se eu não receber o ordenado até ao dia do pagamento da hipoteca, vou ter problemas", disse ao The New York Times Sherilyn Garnett, uma advogada do Ministério Público de 44 anos residente em Altadena, no estado da Califórnia. Tal como outras centenas de milhares de pessoas que se encontram na mesma situação, Sherilyn não precisa de vasculhar o vocabulário para encontrar as palavras que considera certas para descrever o shutdown anunciado na noite de segunda para terça-feira: "É uma estupidez, é mesmo muito estúpido. "E é uma questão que tem perturbado muitos cidadãos. "Não consigo perceber por que é que eles não pensaram nisto", disse ao mesmo jornal Tina Miller, uma funcionária do Governo federal na área da segurança pública, referindo-se ao membros da Câmara dos Representantes e do Senado e à Administração Obama. A paralisação do Governo teve impacto imediato. Na manhã de terça-feira, até o site da Casa Branca recebia os seus visitantes com uma mensagem esclarecedora sobre o fosso aberto entre republicanos e democratas: "Porque o Congresso não cumpriu a sua responsabilidade de aprovar um orçamento, grande parte do Governo federal está paralisado. "Nesta quarta-feira, segundo dia da paralisação, nem havia dinheiro para esclarecer dúvidas. Jornalistas e outros cidadãos que tentavam obter alguma declaração ou explicação da Casa Branca podiam pensar que tinham ligado por engano para uma qualquer empresa de telecomunicações: "Olá, ligou para o gabinete executivo do Presidente. Pedimos desculpa, mas devido à falta de fundos não podemos atender a sua chamada. Assim que o orçamento for reposto, as nossas operações serão reatadas. Por favor, ligue quando isso acontecer. "Visitar Washington “de fora”O primeiro shutdown do Governo norte-americano em quase 20 anos — o último foi repartido entre o final de 1995 e o início de 1996, durante a presidência de Bill Clinton — tem as consequências óbvias da falta de dinheiro para pagar ordenados e do impacto no turismo devido ao encerramento de museus e parques nacionais, por exemplo. Mas há muitas histórias que passam ainda mais ao lado das discussões políticas entre a ala mais conservadora do Partido Republicano, a ala menos conservadora do Partido Republicano e de ambas com o Partido Democrata e a Administração Obama. O shutdown é também a história de Danny Aiello, um polícia reformado de 71 anos de idade. A mulher, Mildred, morreu de cancro faz hoje um ano, e Danny recebeu da filha, do genro e do neto um presente para o animar: uma viagem de quatro dias a Washington. Questionado pelo The Washington Post sobre se quatro dias são suficientes para ficar a conhecer a cidade, Danny Aiello disse que sim — mas "só do lado de fora". "Sinto-me abatido. Era suposto ser uma viagem divertida para todos nós. Estava mesmo ansioso por isto", lamentou. Ninguém sabe ao certo quanto tempo vai durar a paralisação — a última, a de meados da década de 1990, durou 28 dias intercalados. Mas já todos sabem quanto vai custar à região de Washington. São 200 milhões de dólares por dia, ou quase 150 milhões de euros. E o pior é que pouca gente vislumbra o fim deste shutdown, provocado por uma divisão política e ideológica em relação à reforma do sistema de saúde. "Só conseguimos resolver uma questão de princípios por uma razão muito boa — como um acordo que se possa vender aos próprios partidários como sendo suficientemente bom para chegar a um compromisso. Os dois lados estão muito longe de chegarem a esse ponto neste momento. E é difícil imaginar que possam chegar a um compromisso baseado em princípios nos próximos tempos", escreveram os jornalistas Chris Cillizza e Sean Sullivan no The Washington Post.
REFERÊNCIAS:
Objectos misteriosos ao meio-dia
Muitos são os “esplendores” deste “cemitério” para o espectador que nele se aventure. (...)

Objectos misteriosos ao meio-dia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-05-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160531200500/http://www.publico.pt/1730273
SUMÁRIO: Muitos são os “esplendores” deste “cemitério” para o espectador que nele se aventure.
TEXTO: Depois de Mekong Hotel, filme de menor fôlego que era um acerto de contas, da parte de Apichatpong, com um “fantasma” pessoal (a retoma de um filme que principiou nos anos 2000 mas cuja produção abortou), Cemitério do Esplendor é a verdadeira sequência de O Tio Boonmee que Se Lembra das Suas Vidas Anteriores, o filme de 2010 que consagrou Apichatpong e que o introduziu no circuito comercial português. Sendo diferente desse filme, não deixa de conter ecos dele e de outros do autor, como Sindromas e um Século (o final, com um número de dança fitness num jardim público, é quase auto-citação). Mas é ainda uma questão de “vidas anteriores”, e de “objectos misteriosos ao meio-dia” (titulo da primeira longa de Apichatpong), como naquele plano de céu, sol e nuvens em que o enquadramento é invadido pelo que parece uma enorme amiba – num filme cheio de “bestiário”, de cães a dinossauros petrificados, passando por uma galinha que só tem par na que Oliveira fazia entrar em Belle Toujours. É fácil perdermo-nos em pormenores deste tipo a propósito de Cemitério do Esplendor, filme riquíssimo em detalhes, mais sublinhados ou discretos, visuais, sonoros ou dialogados, numa explosão de pistas que levam o espectador para várias direcções, e que corresponde à idiossincrasia de Apichatpong – onde para lá do semblante de “austeridade” tudo funciona sempre em surpresa, e cada plano guarda uma porta aberta para a entrada do imprevisível e do surpreendente (inclusive do humor, Cemitério do Esplendor é também um filme muito divertido). Essa comunicação entre elementos díspares está próxima do essencial. Cemitério do Esplendor é mais uma vez um filme sobre um tempo presente onde se acumulam os tempos passados e os tempos míticos, uma grande arqueologia da realidade e do imaginário fundidos um no outro numa união inextricável. Tudo se acumula, os tempos existem “por cima” uns dos outros – como a escola-hospital que é o espaço central do filme (e onde dormem os soldados acometidos por uma “tropical malady” que os deixa em estado cataléptico), construída sobre um antigo cemitério de reis, que continuam a sugar a energia dos soldados para as suas próprias batalhas. Ou como aquele passeio pelo bosque que é um palácio “imaginário” e que se conclui com um encontro com uma expressão palpável de uma memória dolorosa recente, o que parece um abrigo anti-bombardeamento, “habitado” por figuras humanas como um presépio, e que a protagonista associa às suas recordações do “bombardeamento do Laos”. Mas nessa sequência, outras figuras-estátua – o par de amantes que tem o espelho de um par de esqueletos na mesma posição – indicia a associação harmoniosa de contrários (harmoniosa mesmo quando é dramática) que é uma das chaves do cinema de Apichatpong. Ou mesmo quando não é dramática e é só modernamente “mundana” – já falámos do fitness, mas que outro filme associa espíritos do outro mundo a uma longa cena de demonstração publicitária de um creme de beleza (de características olfactivas peculiares)? Muitos são os “esplendores” deste “cemitério”, muitas são as surpresas guardadas para o espectador que nele se aventure.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola cães
O espectáculo da natureza
Há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria. (...)

O espectáculo da natureza
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-14 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150414000345/http://www.publico.pt/1690251
SUMÁRIO: Há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria.
TEXTO: Ainda sem sabermos que família protagonista de O País das Maravilhas se dedica à apicultura já estamos a pensar em abelhas ou, vá lá, em insectos: aqueles planos iniciais, os faróis de um automóvel a iluminarem a noite e a sugerirem um bicho alado, suspenso no ar. Não é que seja um pormenor especialmente significativo, mas indicia qualquer coisa: a enorme intenção, e a enorme atenção, que a jovem realizadora italiana Alice Rohrwacher pôs neste filme que é a sua segunda longa-metragem de ficção. O País das Maravilhas é um relato de inspiração auto-biográfica, a história de uma família que vive um modo de vida “alternativo”, com uma certa rigidez ideológica (a personagem do pai), algures na paisagem rural da Toscana. O pai, a mãe e as crianças formam uma espécie de pequena “comuna”, partilhando as responsabilidades do trabalho diário e da condução da família, a ponto de a filha mais velha, com nome de personagem de Fellini (Gelsomina), se vir investida da liderança familiar. A questão da autoridade é um dos temas do filme, dada, como muita coisa em O País das Maravilhas, em tensão e em contraste. Tensão e contraste, nesse caso, entre o fundamento ideológico – a recusa teórica de uma autoridade absoluta e “natural” por parte do pai – e a autoridade efectiva, e efectivamente paternal, que ele revela ao proibir a miúda mais velha de concorrer a um concurso televisivo sobre “maravilhas rurais” (a televisão também é uma entidade pouco grata naquela família). Se este é o conflito subjacente à narrativa, ele vem lançar, ou servir de diapasão, outro conflito essencial, que seria resumidanente o que opõe a “natureza” e o “espectáculo”. O filme de Rohrwacher tem a subtileza e a inteligência suficientes para também virar esses termos do avesso, e conter tanto uma reflexão sobre o “espectáculo da natureza” – todas, e são muitas, as cenas em que o que está em causa é a relação entre aquelas pessoas e o ambiente em que vivem, o campo, os lagos, as abelhas e os outros animais – e a “natureza do espectáculo”, as cenas de rodagem do tal programa televisivo (onde pontifica a maior vedeta do elenco, Monica Bellucci), dadas desde o primeiro momento a partir do seu carácter artificial e artificioso (todo o aparato da produção). Será este, porventura, o ponto em que o filme, depois de chamar Gelsomina (que, recorde-se, era o nome da personagem de Giulietta Masina em A Estrada) à sua protagonista, mais entra dentro dum território aparentado ao fellinianismo, mas que também convoca – a partir da reconstituição do tempo dos Etruscos – uma espécie de subconsciente telúrico, como que uma assombração cultural daquelas terras. Mas ainda assim, notável é o modo como Rohrwacher filma o “espectáculo da natureza”, a presença dos elementos, o calor do Verão e a humidade da chuva súbita, o à-vontade dos miúdos (e dos adultos) a fazerem “corpo” com o ambiente natural. Lembramo-nos de um texto de Serge Daney, ainda nos anos 80, a comentar a tendência para a desaparição do campo no cinema contemporâneo, cada vez mais urbanizado (e se isto era verdade nos anos 80, mais o será nos anos 2010) – e lembramo-nos disso porque, de facto, há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria. Não exclusiva, claro: a festa não fica completa sem os humanos, sem a profunda impressão de realidade exalada por aquela família, as cenas de conjunto, em paz ou em tensão mas sempre cheias de souplesse, e a forma como daqui se vai recortando uma protagonista, Gelsomina, que atravessa o filme a crescer e, sem nunca verdadeiramente se rebelar, a encontrar-se enquanto criatura autónoma, dotada de vontade e. . . autoridade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha humanos campo espécie corpo