Furto de gado volta a deixar agricultores do Baixo Vouga em alerta
Só um produtor perdeu quatro bezerros numa noite. Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro exige medidas por parte do Ministério da Agricultura. (...)

Furto de gado volta a deixar agricultores do Baixo Vouga em alerta
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Só um produtor perdeu quatro bezerros numa noite. Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro exige medidas por parte do Ministério da Agricultura.
TEXTO: Para alguns agricultores da zona do Baixo Vouga esta época festiva está a ter um sabor amargo. Na noite de sexta-feira para sábado, registaram-se novos casos de furtos de gado nesta zona agrícola da região de Aveiro. A situação já não é nova e, segundo Albino Silva, presidente da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), tem vindo a causar prejuízos avultados aos agricultores. A ALDA prepara-se para voltar a denunciar a situação junto do Ministério da Agricultura e lembrar que “é tempo de o Governo resolver os problemas do Vouga". “É lamentável, mas voltou a acontecer e já não foi a primeira vez, este ano, que os agricultores viram o seu gado seu furtado”, protestou o responsável máximo da ALDA, depois de os ladrões de gado terem voltado, este fim-de-semana, aos campos agrícolas de Estarreja. Ainda sem números exactos, Albino Silva refere que terão sido “vários” os produtores afectados. Só um agricultor viu desparecerem do seu terreno quatro bezerros. “São centenas de euros de prejuízo, sem que haja a possibilidade de os animais estarem cobertos por seguros”, garante o presidente da associação de agricultores, ao mesmo tempo que assegura que a GNR já está a par da situação e a investigar. Ainda há um ano, as autoridades policiais procederam à detenção de um comerciante, residente em Oliveira do Bairro – também na região de Aveiro -, por suspeitas de envolvimento em furto de gado bovino. O homem guardava, no estábulo da sua residência, uma vaca da raça autóctone Marinhoa que tinha sido furtada dos campos em Salreu (Baixo Vouga). Perante esta ameaça de uma nova onda de furtos de gado – em 2011 e em 2013, o número de animais furtados nesta zona agrícola chegou às quatro dezenas -, o presidente da ALDA prepara-se para voltar a lembrar à tutela que urge resolver os problemas do Baixo Vouga, que abrange os concelhos de Albergaria-a-Velha, Aveiro e Estarreja. “O emparcelamento dos terrenos agrícolas ajudaria a resolver estes problemas de segurança”, defende Albino Silva.
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Entidades GNR
Carta aberta aos irmãos guineenses
Mindjeris, Homis Garandis ku mininus, civis ku militares, generais ku soldados… (...)

Carta aberta aos irmãos guineenses
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mindjeris, Homis Garandis ku mininus, civis ku militares, generais ku soldados…
TEXTO: Estou nesta terra que Deus vos deu – a Guiné-Bissau – como vosso hóspede, há uns 14 meses. Viajei pelas regiões. Visitei ilhas, bairros, tabancas, mercados. Conversei com régulos, imãs, bispos, padres, pastores. Também com bideras (vendedeiras) e pescadores. Falei com estudantes, académicos. Dialoguei com militares, polícias, oficiais, soldados… Fui recebido por todos, homis ku mindjeres, garandis ku mininus, com sorrisos, apertos de mão, calor humano. Em mais de um ano nesta Terra de Deus não vi, nem ouvi falar de um único caso de vandalismo. Claro, há roubos, assaltos, às vezes à mão armada. A extrema pobreza, a fome, pode levar-nos a atos que normalmente não cometeríamos. Mas, quando Homis Garandis roubam muitos milhões de francos CFA e se apoderam de terras e casas do Estado com total impunidade, é difícil condenar aqueles que roubam alguns tostões para dar de comer lá em casa. Não é muito diferente do que se passa nos países ricos – os dos senhores dos grandes bancos que auferem escandalosos salários de milhões de dólares ou euros por ano, arruínam países e milhões de seres humanos pela sua incompetência e ganância, e não vão parar à prisão. Aliás, até recebem um bónus muito generoso de "despedida"!Em contrapartida, as prisões estão cheias dos pequenos delinquentes que, como Jean Valjean – o herói de Os Miseráveis, do clássico francês Victor Hugo –, roubaram apenas um saco de arroz para dar de comer aos seus muitos filhos. Na Guiné-Bissau, o delito comum continua a ser muito baixo, apesar da pobreza extrema. É um dos países mais seguros do mundo. Eu conheço dezenas de países e poderia dizer de cor o índice de criminalidade de cada um, na Ásia, África, Europa, América do Norte e do Sul. I. Finalmente, as eleiçõesDepois de muitas dificuldades e alguns sobressaltos ao longo de 12 meses, finalmente, no dia 13 de Abril vocês votaram. O meu país, a vossa Terra Irmã de Timor-Leste, ajudou um pouco e espero que continuará a ajudar – ajuda de um irmão pobre a outro irmão ainda mais pobre. Mas vocês nos deram mais, deram-nos lições de humildade e civilidade no dia-a-dia das vossas vidas e durante a campanha eleitoral. O GTAPE e a CNE fizeram um magnífico trabalho. E o Governo de transição, em particular o ministro da Adminisração Territorial e Poder Local, Baptista Te, invariavelmente com o seu chapéu, merecem o nosso aplauso. Os irmãos das Forças de Defesa e Segurança, incluindo a ECOMIB, também se portaram muito bem, apesar de que dispunham de meios motorizados escassos. Os partidos políticos (até desisti de contar quantos eram!) e candidatos (também sem conta) portaram-se todos bem, revelando muita maturidade e elevação, respeito mútuo e ausência de agressões verbais. Estamos na reta final do processo de transição. Já temos uma nova Assembleia Nacional eleita e já sabemos, portanto, quem vai ser o novo primeiro-ministro. Agora, vai-se eleger o primeiro magistrado da Nação – o Presidente da República. Todos devem, portanto, contribuir para que a segurança conjunta seja garantida, para que o clima de "carnaval da democracia" – que caracterizou a primeira fase destas eleições gerais – continue nesta derradeira segunda volta. II. Governo abrangente?Defendo o ponto de vista de que a Guiné-Bissau beneficiaria muito de um governo de base alargada. Sempre defendi o princípio de que nestas eleições não deveria haver "perdedores". O partido mais votado deveria convidar os seus adversários políticos para o diálogo e ser explorada a possibilidade de um governo inclusivo. Quero, acima de tudo, encorajar a ideia de que, no período pós-eleições, os vencedores e vencidos da contenda se transformem em parceiros comprometidos numa única causa: a da reconstrução do Estado rumo à normalização política e ao relançamento do desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau. E todos esperamos que o próximo Presidente da República venha a ser um homem conciliador, alguém que saberá dialogar e agir como Pai da Nação, ajudar a sarar as feridas antigas e as novas, criar condições propícias para que o Governo possa governar sem sobressaltos. Mas cabe aos irmãos guineenses absorver esta ideia, ou não. O primeiro-ministro eleito, o eng. º Domingos Simões Pereira, não tem sobre os seus ombros o peso da história – a parte negra da história –, pois pertence a uma nova geração de líderes. Mas ele vai precisar de muito apoio para cumprir com a agenda prometida, apoio leal no plano interno, e apoio urgente e generoso dos parceiros internacionais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos prisão fome ajuda homem pobreza negra
Taurina: dá-lhe realmente asas?
Estudos efectuados à suplementação em taurina (ex.: bebidas energéticas) nos atletas não são conclusivos. (...)

Taurina: dá-lhe realmente asas?
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudos efectuados à suplementação em taurina (ex.: bebidas energéticas) nos atletas não são conclusivos.
TEXTO: A taurina é um dos típicos constituintes das bebidas energéticas. Ela é um ß-aminoácido contendo enxofre, classificado como aminoácido não essencial, e é o aminoácido livre mais abundante no cérebro, coração e músculo-esquelético (apesar de não ser incorporado nas proteínas musculares nem oxidado). As bebidas energéticas alegam melhorar o “nível” de energia, promover a perda de peso, aumentar o vigor, assim como melhorar o rendimento desportivo e cognitivo. A taurina, em particular, tem sido sugerida estar envolvida em processos como desenvolvimento e sinalização celulares, contração muscular, defesa antioxidante e metabolismo da glicose. Nos estudos com animais, nomeadamente em roedores, a suplementação com taurina tem tido resultados bastante interessantes. Nestes estudos, a suplementação foi associada (1) a um aumento do conteúdo de taurina muscular e do tempo de corrida até à exaustão e (2) a um aumento da força e diminuição do dano oxidativo após estimulação muscular prolongada. Por outro lado, exercício prolongado parece levar a uma diminuição do conteúdo muscular de taurina em roedores, afetando de forma negativa a capacidade do músculo-esquelético para exercitar. Porém, em humanos, nenhum destes efeitos foi ainda demonstrado. Em primeiro lugar, a maioria dos estudos avalia o efeito da taurina em combinação com muitas outras substâncias, algumas delas com efeito ergogénico comprovado (como a cafeína e os hidratos de carbono). Por essa razão, inviabiliza-se a associação dos efeitos positivos observados a qualquer uma das substâncias presentes no cocktail investigado. Além disso, alguns estudos têm outras falhas metodológicas, como (1) grupos controlo pouco adequados ou (2) variáveis interpretadas de forma questionável. Mais ainda, os processos envolvidos no transporte da taurina para o músculo têm-se mostrado resistentes aos aumentos marcados e prolongados dos níveis plasmáticos de taurina, conseguidos através de suplementação oral em humanos. Além disso, exercício de resistência prolongado parece não alterar os níveis musculares de taurina, ao contrário do que se tem observado nos estudos com roedores. De qualquer modo, existem estudos a demonstrar um aumento da oxidação de gordura durante 90 minutos a pedalar, e de rendimento numa corrida de 3km após suplementação aguda com taurina, apesar de existirem outros estudos onde estes resultados não foram verificados. A ter algum efeito, a taurina possivelmente atua via recetores na membrana da célula muscular, ou mesmo através de outros órgãos ou do sistema nervoso central. Concluindo, face aos resultados dos estudos efetuados até à data com suplementação em taurina, vários deles realizados com atletas, não existe evidência suficiente para comprovar o efeito ergogénico da taurina em humanos. Alguns autores, inclusive, são da opinião que esta substância não terá efeito ergogénico. É importante não esquecer que a ciência é uma entidade em constante desenvolvimento e aperfeiçoamento. Por essa razão, é fundamental reconhecer que alterações ou, por outro lado, confirmações, possam surgir no futuro. E não se esqueça! Se está a pensar iniciar a toma de algum suplemento, não o faça sem antes consultar um médico ou nutricionista especialista nesta área. *Mónica Sousa, nutricionista na componente desportiva, colaborou Federação Portuguesa de Atletismo. Foi nutricionista da equipa de futebol sénior do Vitória de Setúbal e colaborou com a Federação Portuguesa de Natação, entre outras modalidades. Doutoranda em Ciências do Desporto, especificamente na área de nutrição no desporto de alto rendimentoQualquer dúvida ou questão pode ser enviada por email para monicasousa. ionline@gmail. com
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Partidos LIVRE
Receitas dos casinos e dos bingos caíram 33% em seis anos
Queda acumulada desde 2008 é mais pronunciada nos bingos, que passaram de 23 para 16 salas. (...)

Receitas dos casinos e dos bingos caíram 33% em seis anos
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Queda acumulada desde 2008 é mais pronunciada nos bingos, que passaram de 23 para 16 salas.
TEXTO: As receitas conjuntas dos bingos e dos jogos nos casinos caíram 33% em seis anos, alcançando, em 2014, pouco mais de 313 milhões de euros – o valor mais baixo desde 2008. A queda mais pronunciada sentiu-se nos bingos, onde as vendas obtidas nas salas passaram de 85 milhões de euros há seis anos para 46 milhões de euros em 2014, ou seja, menos 46%. Contudo, e de acordo com os dados fornecidos ao PÚBLICO pela Associação Portuguesa de Bingos (APB), o sector conseguiu aumentar a facturação no ano passado, na ordem dos 3%, de 44, 9 milhões em 2013 para 46 milhões em 2014. Pedro Pinho, vice-presidente da APB, explica que este crescimento se deveu à entrada de novos prémios, “como o Prémio Acumulado de Linha, Prémio Sala (Jogada Prima) e Incremento de Bingo e Bola da Sorte, autorizados pelo Turismo de Portugal”. Quanto ao número de empresas, há um ano funcionavam 16 salas, menos sete do que em 2008, o que teve reflexos no número de pessoas que este negócio emprega. De acordo com Pedro Pinho, terá reduzido “para menos de metade desde meados de 2009”: de cerca de 2000, restam agora 600 postos de trabalho. “Este facto deveu-se sobretudo ao encerramento de várias salas de bingo, como o Bingo do Barreiro, do Atlético da Amadora, Brasília, Olímpia, Farense, Jardim Zoológico", entre outros. O decréscimo acumulado nos últimos seis anos, diz Pedro Pinho, é explicado pelo facto de o “sector ter conhecido inegáveis dificuldades económicas, em virtude do contexto de crise em Portugal, da redução dos prémios concedidos e do incremento do jogo online, que abrange todas as faixas etárias e ambos os sexos e a legislação não acompanhou o desenvolvimento do mercado”. Este tipo de jogo virtual terá, pela primeira vez este ano, uma lei específica, que vem abrir o mercado a novos operadores e estabelecer regras. A APB também tem dúvidas quanto ao novo diploma que vai regular a actividade dos bingos, numa altura em que o grupo de origem espanhola Pefaco lançou uma operação de controlo exclusivo sobre nove bingos. No caso dos casinos, que representam a maior fatia das receitas obtidas com o jogo, o negócio reduziu de 381 milhões de euros para 267 milhões entre 2008 e 2014. Face a 2013, durante o ano passado a diminuição foi de 2%, menos pronunciada do que a que se verificou de 2012 para 2013 (6%). Estas empresas têm de pagar contrapartidas anuais de exploração que podem incidir sobre 50% do valor global das receitas. Entre 2001 e 2014, as concessões dos casinos renderam ao Estado 2359 milhões de euros e parte desse montante serviu para financiar o Turismo de Portugal a as actividades de promoção turística. Contudo, o sector tem dito que a quebra real acumulada é de menos 38% e aponta a crise, o jogo clandestino e a concorrência do jogo online como os principais causadores do decréscimo do negócio. Nos últimos anos, os casinos têm vindo a lamentar as elevadas contrapartidas que têm de desembolsar, dizendo que “estão desajustadas da realidade” e põe em risco a sobrevivência do sector. Recentemente, foi publicada uma nova lei que permite às empresas concessionárias do jogo pagar a prestações as contrapartidas. No diploma, o Governo sublinha que não se trata de um perdão de dívida e que estes pagamentos terão juros de mora. Tendo em conta a queda de receitas, o executivo diz querer dar “resposta às preocupações das concessionárias das zonas de jogo no sentido de apresentarem planos de pagamento dos montantes a pagar neste âmbito”. Esta semana, o Governo deverá dar luz verde ao diploma do jogo online e conta com um encaixe adicional de receitas de 25 milhões de euros, graças à regulação desta actividade. O modelo será aberto e os operadores terão de se candidatar a licenças de três anos, renováveis. Haverá um Imposto Especial sobre o Jogo Online (IEJO), cujo valor varia consoante as modalidades. No caso do jogo virtual de fortuna e azar e nas apostas hípicas mútuas, propõe-se uma tributação de 15 a 30% sobre a receita bruta. Nas apostas desportivas à quota e hípicas à quota, o imposto incide sobre o montante total das apostas a uma taxa que se situa entre os 8 e os 16%, variando em função da receita. Venda de nove salas de bingo aguarda luz verde do GovernoApesar de já ter o aval da Autoridade da Concorrência (AdC), a exploração de nove bingos pelo grupo espanhol Pefaco ainda terá de ser autorizada pela Secretaria de Estado do Turismo. Ao que o PÚBLICO apurou, a operação está a ser avaliada pelo gabinete de Adolfo Mesquita Nunes, que pediu à empresa para submeter o negócio à avaliação da AdC.
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Palavras-chave lei
Proclamação de Felipe VI marcada pela austeridade e ausência de emoção
Às zero horas desta quinta-feira, a Espanha muda de rei. Do novo monarca espera-se a mesma discrição que mostrou enquanto príncipe – mas não lhe compete resolver as grandes questões que o país enfrenta. (...)

Proclamação de Felipe VI marcada pela austeridade e ausência de emoção
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Às zero horas desta quinta-feira, a Espanha muda de rei. Do novo monarca espera-se a mesma discrição que mostrou enquanto príncipe – mas não lhe compete resolver as grandes questões que o país enfrenta.
TEXTO: Esta quinta-feira, 19 de Junho, era dia já reservado no calendário espanhol. Nas comunidades de Madrid e de Castela-e-Leão por ser feriado do Corpo de Deus. No imaginário fértil dos amantes do futebol por se estar na ressaca do jogo decisivo do mundial com o Chile. A abdicação de Juan Carlos I trouxe um significado suplementar: a proclamação do seu sucessor, Felipe VI – mas sem emoção. “Vieste para os faustos?” Juan, o empregado de mesa que nem uma década de conselhos ensinaram a tirar uma bica, não pergunta. Dá por assente que a presença do jornalista é para a proclamação. Sorri, encolhe os ombros e pergunta por Cristiano Ronaldo. O bar Frontón está decorado com bandeiras espanholas. “É para o jogo, a ver se há sorte…” É assim um pouco por todo lado em Madrid. Nas varandas, cafés e comércios as bandeiras são pela bola. O decisivo embate com o Chile que decorria ainda. Só no centro da capital, nas lojas de recordações, aparecem objectos para turista com a imagem do novo casal real impressa sobre a bandeira espanhola. Ou a figura de Felipe VI estampada nos mais diversos objectos. Nas pastelarias estão à venda bolachas comemorando o início do novo reinado. É um cenário pobre, nada comparável ao de Maio de 2004, quando Felipe e Letizia se casaram por entre o aplauso popular, com uma vasta representação da classe dirigente mundial e uma forte dose de emoção nacional. As sondagens dão dimensão e números às sensações. A do oficial Centro de Informações Sociológicas revela que apenas 1% dos espanhóis sentiu inquietação pela abdicação de Juan Carlos. Para 80%, a preocupação é o desemprego. No entanto, esta discrição não significa alheamento. Um estudo de opinião do El País esclarece que 62% dos inquiridos desejam um referendo sobre a monarquia. E que, em caso de consulta, o rei Felipe VI era preferível a um Presidente da República. Foi assim que se forjou a peculiar ideia dos socialistas: a consequência de serem republicanos é apoiarem a monarquia. “Esta monarquia caracterizou-se por nunca demonstrar simpatias políticas, soube estar acima das tensões, mudanças e dificuldades políticas”, observa ao PÚBLICO Trinidad Jiménez, ex-ministra dos Assuntos Exteriores do Governo de Zapatero – o que, assegura a antiga chefe da diplomacia espanhola, não está garantido com um Presidente saído dos partidos, num país em que a política fora da esfera partidária não existe. “Os comunistas, que preferiram a dicotomia ditadura/democracia à monarquia/república, deram agora uma reviravolta, como se a monarquia fosse contraditória com a democracia”, constata Santos Juliá. O catedrático de História Social e Pensamento Político admite, contudo, ser este um debate datado: “Creio que não tem futuro. ” Na origem desta mudança, que também afecta o comportamento das centrais sindicais, está o marasmo social face à crise económica. Questionar o regime é a forma de tentar congregar adesões. Foi a mediatização da presença das bandeiras republicanas, na sequência dos escândalos que afectaram nos últimos anos a família real, nomeadamente a fraude fiscal do casal infanta Cristina-Iñaki, que levou a uma sensação de vertigem política e de temor de uma ruptura próxima. Juan Carlos teve de pedir desculpa pelos gastos de uma caçada aos elefantes no Botswana em companhia de uma aristocrata alemã. Há muito, porém, que os espanhóis já tinham deixado de sorrir perante o relato de episódios da vida paralela do monarca. Por isso teve de sair de cena. Na cerimónia da manhã desta quinta-feira, o homem que elevou o afecto popular à categoria de classificação política com o juan-carlismo, está ausente. Apenas comparece ao lado do novo monarca na varanda do Palácio Real, na Praça do Oriente. Juan Carlos, que desde a meia-noite desta quinta-feira deixa de ser rei, não vai estar no Parlamento, nem na recepção aos dois mil convidados. Manhã cedo, é ele que coloca a faixa vermelha de capitão general ao seu filho no Palácio da Zarzuela. A partir daí cede-lhe o protagonismo. Com a proclamação de Felipe VI também muda a foto da família real. As infantas Elena e Cristina desaparecem. O virar de página que um novo reinado sempre encerra não fica por aqui. Na manhã desta quinta-feira, as 120 mil bandeiras espanholas que engalanam o trajecto do Rolls-Royce fechado, opção escolhida por motivos de segurança, foram iniciativa da Câmara de Madrid. E os empresários da cidade, por sua conta, encomendaram dezenas de milhares de cartazes com a foto do casal real. Não há espontaneidade popular.
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As escolhas individuais dos críticos de dança
Os melhores espectáculos de 2014 para os críticos Luísa Roubaud, Paula Varanda e Tiago Bartolomeu Costa. (...)

As escolhas individuais dos críticos de dança
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os melhores espectáculos de 2014 para os críticos Luísa Roubaud, Paula Varanda e Tiago Bartolomeu Costa.
TEXTO: Luísa Roubaud1. - Fica no Singelo, de Clara Andermatt (14 e 15 de Dezembro, Teatro Viriato, Viseu; 24 e 25 Janeiro, Culturgest, Lisboa; 6 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães; 6 e 7 de Julho, Teatro Nacional São João, Porto / FITEI / Dancem!; 13 de Junho, Fundação Eugénio de Almeida, Évora / Festival Lá Fora; 25 de Setembro, Teatro Virgínia, Torres Novas / Festival Materiais Diversos); 5 de Dezembro, Cine-Teatro de Estarreja)2. - Passo, de Ambra Senatore (8 de Maio, Teatro Viriato, Viseu; 10 de Maio, Centro Cultural de Belém, Lisboa)3. - Rising, de Aakash Odedra, Akram Khan, Sidi Larbi Cherkaoui e Russel Maliphant (14 e 15 de Novembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa)4. - Desh, de Akram Khan (5 e 6 de Dezembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa)5. - Sem um tu não pode haver um eu. . . , de Paulo Ribeiro (23 de Novembro de 2013, Teatro Viriato, Viseu; 28 e 29 de Março, Centro Cultural de Belém, Lisboa; 30 de Maio, Teatro Nacional São João, Porto / FITEI / Dancem!)6. - Grind, de Jefta van Dinther, (14 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)7. - Transposition#2, de Emmanuel Gat, pelo Ballet de Lorraine (8 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)8. - MM, de Ludvig Daae (7 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)9. - Puto Gallo Conquistador, de Tamara Cubas (5 e 6 de Setembro, Fundação Calouste Gulbenkian / Próximo Futuro)10. - A Mary Wigman Dance Evening, de Fabian Barba (25 de Setembro, Teatro Virgínia, Torres Novas / Festival Materiais Diversos)Paula Varanda1. - Built to Last, de Meg Stuart (30 e 31 de Janeiro, Teatro Maria Matos, Lisboa)2. - Puto Gallo Conquistador, de Tamara Cubas (5 e 6 de Setembro, Fundação Calouste Gulbenkian / Próximo Futuro)3. - Pindorama, de Lia Rodrigues (28 a 30 de Maio, Culturgest, Lisboa / Alkantara Festival; 1 de Junho, Auditório de Serralves, Porto / Serralves em Festa)4. - Partita 2, de Anne Teresa de Keersmaeker, Boris Charmatz e Amandine Beyer (13 e 14 de Maio, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / Alkantara Festival)5. - Desh, de Akram Khan (5 e 6 de Dezembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa)6. - Lídia, de Paulo Ribeiro, pela Companhia Nacional de Bailado (7 a 16 de Novembro, Teatro Camões, Lisboa)7. - Ai Ai Ai, de Marcelo Evelin (25 de Janeiro, Auditório de Serralves, Porto)8. - In the Fall the Fox, de Sónia Baptista (13 a 22 de Novembro, Cão Solteiro Teatro, Lisboa / Festival Temps d'Images)9. - Hierarquia das Nuvens, de Rui Horta (10 e 11 de Outubro, Culturgest, Lisboa; 18 de Outubro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães; 24 de Outubro, Teatro Virgínia, Torres Novas; 8 de Novembro, Cineteatro Curvo Semedo, Montemor-o-Novo)10. - Território, de Joana Providência, pelas Comédias do Minho (15 a 25 de Outubro, ACE / Teatro do Bolhão, Porto; 5 e 6 de Dezembro, Culturgest, Lisboa)Tiago Bartolomeu Costa1. - Grind, de Jefta van Dinther, (14 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)2. - Fica no Singelo, de Clara Andermatt (14 e 15 de Dezembro, Teatro Viriato, Viseu; 24 e 25 Janeiro, Culturgest, Lisboa; 6 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães; 6 e 7 de Julho, Teatro Nacional São João, Porto / FITEI / Dancem!; 13 de Junho, Fundação Eugénio de Almeida, Évora / Festival Lá Fora; 25 de Setembro, Teatro Virgínia, Torres Novas / Festival Materiais Diversos); 5 de Dezembro, Cine-Teatro de Estarreja)3. - Passo, de Ambra Senatore (8 de Maio, Teatro Viriato, Viseu; 10 de Maio, Centro Cultural de Belém, Lisboa)4. - Transposition#2, de Emmanuel Gat, pelo Ballet de Lorraine (8 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)5. - MM, de Ludvig Daae (7 de Fevereiro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / GuiDance)6. - Rising, de Aakash Odedra, Akram Khan, Sidi Larbi Cherkaoui e Russel Maliphant (14 e 15 de Novembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa)7. - Sem um tu não pode haver um eu. . . , de Paulo Ribeiro (23 de Novembro de 2013, Teatro Viriato, Viseu; 28 e 29 de Março, Centro Cultural de Belém, Lisboa; 30 de Maio, Teatro Nacional São João, Porto / FITEI / Dancem!)
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Iñarritu a abrir, Ann Hui a fechar, Oliveira fora de concurso: Veneza anuncia a programação
Entre 27 de Agosto e 6 de Setembro, 71ª edição (...)

Iñarritu a abrir, Ann Hui a fechar, Oliveira fora de concurso: Veneza anuncia a programação
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre 27 de Agosto e 6 de Setembro, 71ª edição
TEXTO: Filme de abertura em competição, Birdman, de Alejandro González Iñarritu, filme de encerramento, The Golden Era, de Ann Hui, a trazer de volta ao Festival de Veneza uma veterana, a cineasta de Hong Kong, que em 2011 mostrou que tinha ainda um delicadíssimo fôlego, assinando um dos filmes mais bonitos dessa edição, A Simple LifeEntre um e outro título, entre 27 de Agosto e 6 de Setembro, desenrola-se a programação da 71ª edição do Festival de Veneza, que acaba de ser anunciada. Em competição, sujeitos à apreciação de um júri presidido pelo compositor Alexandre Desplat: 3 Coeurs, de Benoît Jacquot, 99 Homes, de Ramin Bahrani, Anime Nere, de Francesco Munzi, The Cut, que Fatih Akin retirou à última hora da selecção de Cannes invocando "razões pessoais", Le Dernier Coup de Marteau, de Alix Delaporte, Tales, da iraniana Rakhshan Bani-E'temad, Il Giovane Favoloso, de Mario Martone, Good Kill, de Andrew Niccol, Hungry Hearts, de Saverio Costanzo, Loin des Hommes, de David Oelhoffen, Manglehorn, de David Gordon Green, com Al Pacino, Fires on the Plain, de Shinya Tsukamoto, A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence, de Roy Andersson, The Postman's White Nights, de Andrei Konchalovsky, La Rancon de la Gloire, de Xavier Beauvois, Red Amnesia, de Wang Xiaoshuai, Sivas, de Kaan Müjdeci, o Pasolini, de Abel Ferrara (personagem, o realizador italiano, que Ferrara permite que se compare com o Dominique Strauss-Kahan/Mr. Devereaux de Welcome to New York: são figuras de solidão e heresia, como disse já Abel) e The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer, que continua a experiência iniciada em The Act of Killing, filme que abria espaço aos carrascos do genocídio na Indonésia de 1965 para repetirem os gestos dos seus crimes: agora tudo se equilibra, Oppenheimer abre espaço à memória e à história das vítimas. Se olharmos para a selecção fora de competição, o bouquet faz efeito: o novo de Manoel de Oliveira, a curta O Velho do Restelo, em que, segundo a sinopse disponibilizada, o cineasta reúne num banco de jardim do século XXI Dom Quixote (Ricardo Trepa), Luís Vaz de Camões (Luís Miguel Cintra) Teixeira de Pascoaes (Diogo Dória) e Camilo Castelo Branco (Mário Barroso), Words with Gods, projecto de grupo (Guillermo Arriaga, Emir Kusturica, Amos Gitai. Mira Nair, Warwick Thornton, Hector Babenco, Bahman Ghobadi, Hideo Nakata, Alex de la Iglesia), She’s Funny That Way, de Peter Bogdanovich (comédia escrita pelo realizador e por Louise Stratten, que foi sua mulher e que é irmã da malograda Dorothy Stratten, em tempos musa do cineasta americano), Olive Kitteridge, de Lisa Cholodenko, Burying the Ex, de Joe Dante, In the Basement, em que Ulrich Seidl, depois da trilogia Paraíso, entra pelos segredos das caves austríacas, ou a versão longa de Nyphomanic Volume II. Na secção Horizontes, Hong Sangsoo, Josh e Ben Safdie (Heaven Knows What, híbrido de ficção e documentário resultante do encontro no metro entre osirmãos cineastas e uma street kid); na secção Giornate degli Autori, os novos de Laurent Cantet (Retour a Ithaque, filme escrito com o romancista cubano Leonardo Padura) ou Christophe Honoré. Recebrão Leões de Ouro para as respectivas carreiras o documentarista Frederick Wiseman e Thelma Schoonmaker, montadora de Martin Scorsese, com quem colaborou pela primeira vez em 1967, em Who’s That Knocking at my Door, e que se manteve fiel à obra do cineasta a partir de 1980, com O Touro Enraivecido - para além disso, o que foi decisivo para o encontro entre os dois e pelo toque de Thelma no cinema de Martin, a montadora foi companheira de Michael Powell, cineasta muito amado pelo realizador de Goodfellas e cuja influência no italo-americano é profunda (foi dele, já agora, a sugestão a Scorsese para filmar O Toiro Enraivecido a preto e branco, considerando que o vermelho das luvas de boxe vermelhas de Robert de Niro "produzia um efeito estranho", como contou Schoonmaker ao PÚBLICO em 1990, quando veio abrir o ciclo que a Cinemateca Portuguesa dedicou nessa altura ao realizador de Os Sapatos Vermelhos).
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Palavras-chave mulher touro
Há uma sex party numa praia em Cannes. E o amor?
Depardieu como corpo cuja história passa agora a ser contada também pelo cinema de Ferrara. Jacqueline Bisset a querer fugir do cheiro desse homem. Eles são e não são Dominique Strauss-Kahn e Anne Sinclair em Welcome to New York. Um filme brutal e triste sobre… o amor. (...)

Há uma sex party numa praia em Cannes. E o amor?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depardieu como corpo cuja história passa agora a ser contada também pelo cinema de Ferrara. Jacqueline Bisset a querer fugir do cheiro desse homem. Eles são e não são Dominique Strauss-Kahn e Anne Sinclair em Welcome to New York. Um filme brutal e triste sobre… o amor.
TEXTO: O presente do cinema já é assim: uma tenda de praia, uma banda sonora vinda do exterior, tecno a encher de vazio a noite que ainda não é de Verão ou Aloe Blacc a pedir “I need a dollar dollar, a dollar is what I need hey hey” - um dum lado, outro do outro, uma mix espontânea made in Croisette a servir de banda sonora forçada a um filme que se vê não numa sala de cinema mas dentro de uma barraca. O barulho do mar na areia já nem acrescenta poesia à impressão distópica, não sacode o sabor a noite de fim. Esta experiência da decadência na Nikki Beach de Cannes serve, contudo, às mil maravilhas o cinema de Abel Ferrara, cujo filme anterior, aliás, 4. 44, Último Dia na Terra, era sobre o fim do mundo. É do novo Ferrara que se fala aqui. O ecrã dentro da tenda oferece de borla aos jornalistas convidados video on demand. Aloe Blacc, Gnarls Barkley e o tecno, que saem das outras barracas na Croisette, vão acompanhar como ruído de feira Welcome to New York, filme que passa com som a rebentar para poder existir no meio da febre de sábado à noite. À mesma hora, os espectadores franceses podiam ver o filme nos seus ecrãs caseiros, por sete euros. É assim, com o video on demand, que a distribuidora Wild Bunch escolhe distribuir o filme – uma produção americana – em França, contornando a obrigatoriedade legal francesa de ter de passar por sala antes de chegar às plataformas online que também disponibilizam Welcome to New York em outros territórios. A estratégia é chegar num curto espaço de tempo ao maior número de espectadores. E é assim que enquanto decorre o Festival de Cannes se encena uma sessão especial, como se fosse numa sala de cinema mas afinal é apenas uma tenda de praia iluminada para fazer sombras, que se encena um lançamento para pouco mais de uma centena de jornalistas, seguido de um encontro com o realizador e os actores, Gérard Depardieu e Jacqueline Bisset. Que haverão de falar sempre com ruído de discoteca em fundo. Para já há uma “sex party” dentro da tenda. O som do exterior abafa o ronco de animal exaurido de Depardieu quando este tenta enfiar o pénis na boca de uma empregada de hotel forçando-a com um “Sabe quem eu sou?”. Ele é Devereaux, homem que chegou ao topo de uma instituição financeira e a partir daqui só pode ser candidato presidencial em França. Ele é uma personagem de ficção a partir de Dominique Strauss-Kahn, o antigo líder do FMI acusado em Maio de 2011 de violar uma empregada de quarto de um hotel nova-iorquino. Sexo a três, sexo em grupo, gelado, champanhe, os órgãos sexuais das call girls russas expostos e Depardieu a ensaiar até palavras na língua das suas compatriotas (desde 2013 que é também cidadão do país de Putin). Apesar de protegido com o seu robe de chambre dá a ver um corpo de dimensão “porcina”, como escreveu um jornal francês que elogiou, aliás, a coragem do actor. Quando mais tarde Devereaux é preso no aeroporto, onde apanhava o avião de regresso a Paris, e inicia a sua caminhada judicial, sendo despojado dos seus objectos pessoais e obrigado a mostrar que não há nada escondido no corpo, a nudez de Gérard é aí integral. Tal como o é a fria tristeza de Devereaux, o seu desprezo e desinteresse pelos outros, a sua solidão. É impossível que não se interponha nesse momento nas imagens a memória do jovem Depardieu nu entre os arranha-céus de Nova Iorque no Adeus Macho, de Marco Ferreri (1978), que foi a plenitude de uma sensualidade. Dessa forma, não é só Devereaux que é uma personagem do universo de Abel Ferrara, Depardieu também passa a sê-lo. Uma das coisas mais bonitas deste filme de uma solidão extrema é ele documentar o encontro entre um realizador e um actor gigantesco e acrescentar algo de essencial à história desse corpo. Sobre as sequências de sexo, na primeira parte do filme, o actor explica no encontro com os jornalistas porque é que não há porno ali. O gesto vale tudo: levanta o braço como um falo firme, diz que não há nada disso em Welcome to New York. O que não torna as coisas mais fáceis para um actor, assegura. Há qualquer coisa de “triste e de violento”, explica, nisso de simular o sexo e fingir prazer. É feliz o porno, então. Bernardo Bertolucci terá sido um dos primeiros a ver o filme, e sobre essas cenas terá dito: “Parece um filme de Andy Warhol” – ou seja, é aquilo que é e apenas isso. Depardieu dá a entender, ainda assim, que foram essas cenas a razão por que o filme não foi apresentado de forma mais oficial em Cannes: os programadores pediram cortes a Ferrara, que se recusou a fazê-los. Há mais do que ironia quando se refere a Cannes, concretamente ao delegado geral do festival, Thierry Fremaux, atirando com a coragem de outros tempos em que filmes de Marco Ferreri, Antonioni, Duras ou Pialat escandalizaram e puderam ser apupados.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Passos convida empresários japoneses para as privatizações nos transportes
Primeiro-ministro diz que Portugal pode tornar-se "uma das nações mais competitivas do mundo". (...)

Passos convida empresários japoneses para as privatizações nos transportes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Primeiro-ministro diz que Portugal pode tornar-se "uma das nações mais competitivas do mundo".
TEXTO: O primeiro-ministro defendeu nesta sexta-feira, perante empresários japoneses, que as privatizações oferecem “oportunidades de investimento”, nomeadamente nos transportes, enalteceu a “resiliência” e a “previsibilidade” do país, que considerou poder tornar-se “uma das nações mais competitivas do mundo”. “Creio que há excelentes razões para as empresas japonesas continuarem a investir em Portugal. O actual processo de privatizações em Portugal oferece uma série de oportunidades de investimento que as empresas japonesas poderão considerar, nomeadamente na área dos transportes”, afirmou Pedro Passos Coelho. Falando em Tóquio perante dezenas de empresários, associados da Keidanren, uma associação empresarial nipónica, o chefe de Governo quis assegurar “que Portugal, como mostrou nos últimos anos, tem uma resiliência política e social muito grande e que esse é um factor distintivo" quando se compara "a economia portuguesa com outras economias, mesmo no espaço europeu”. “A minha convicção é de que saberemos manter nos anos mais próximos essa grande resiliência, com uma grande previsibilidade política, económica e social”, afirmou Passos Coelho, na sede da entidade que engloba 1281 empresas japonesas, 129 associações industriais e 47 organizações económicas regionais. O governante acentuou que “tudo isto, associado aos grandes esforços de reforma económica" que o país tem concretizado, "apontará para que Portugal possa ser realmente uma das nações mais competitivas do mundo, com grande dinamismo, grande abertura à inovação e com grande potencial de crescimento económico”, sublinhou. Na sua intervenção num pequeno-almoço de trabalho com os empresários japoneses, Passos Coelho afirmou que “em 2014 foi já possível começar a ver os positivos resultados das reformas” levadas a cabo pelo Governo. O chefe do Executivo sublinhou que essas reformas “exigiram do povo português elevados sacrifícios”, que, reiterou, “os portugueses suportaram sem pôr em causa a paz social”. Quando falou das oportunidades de investimento, o primeiro-ministro português referiu-se também ao sector agroalimentar e ao das pescas, nos quais já existem “importantes investimentos japoneses”, que podem ser ampliados, nomeadamente na região do Alqueva, uma “área de produção frutícola muito boa e que tem hoje condições de irrigação incomparáveis”. A chamada “economia azul” foi outro dos sectores apontados por Passos Coelho, referindo que “a desejada extensão dos limites da plataforma continental abrirá perspectivas de investimento, por exemplo, nos recursos de fundo marinho, nomeadamente na exploração de minério”. A exploração de concessões portuárias, designadamente de terminais de contentores, foi outra das oportunidades de potencial interesse mencionadas. A sustentar as suas afirmações, o primeiro-ministro apresentou uma série de dados económicos, como o decréscimo dos juros da dívida, a amortização antecipada ao Fundo Monetário Internacional ou o aumento das exportações, assinalando os níveis de desemprego como excessivamente altos. No pequeno almoço estiveram presentes representantes de mais de 20 empresas, entre as quais a Mitsubishi, Toshiba, Murabeni, Sako, BNP Paribas Japan, Nomura, Toyota ou Sumitomo Life Insurance. De seguida, o primeiro-ministro encontrou-se com responsáveis da congénere japonesa da agência portuguesa para o investimento AICEP, a JETRO, na sede da qual interveio na abertura do seminário sobre crescimento verde, com o tema “smart cities, smart solutions”. Nessa intervenção, Passos Coelho considerou que “a área da mobilidade eléctrica é incontornável” para os dois países, sublinhando o “forte investimento do Governo japonês” no sector e os “importantes avanços realizados ao nível da inovação, da indústria de produção destes veículos e dos desenvolvimentos já atingidos, nomeadamente no segmento das baterias”. Pires de Lima diz que “é natural” interesse do JapãoO ministro da Economia português considerou que é natural que empresas do Japão se interessem pelas privatizações em curso em Portugal, designadamente da CP Carga e da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF). “O Governo tem dois projectos de privatização em curso, a TAP e as concessões de transportes em Lisboa, acabou de aprovar no Conselho de Ministros de quinta-feira a privatização de mais duas empresas muito ligadas à engenharia e aos transportes, a EMEF e a CP Carga, e é natural que empresas de todo o mundo, e também do Japão, se possam interessar por estas privatizações”, afirmou António Pires de Lima, em declarações aos jornalistas.
REFERÊNCIAS:
Pinguins têm o genoma descodificado
Duas espécies de pinguins, símbolos da Antárctida, viram alguns dos seus segredos genéticos revelados. (...)

Pinguins têm o genoma descodificado
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Duas espécies de pinguins, símbolos da Antárctida, viram alguns dos seus segredos genéticos revelados.
TEXTO: Uma equipa internacional de cientistas sequenciou os genomas do pinguim-imperador e do pinguim-de-adélia, analisando como estas duas espécies emblemáticas da Antárctida se adaptaram ao longo dos tempos às mudanças climáticas. Popularizado em 2005 pelo documentário A Marcha dos Pinguins – no original, La Marche de L'Empereur, realizado pelo francês Luc Jacquet –, o pinguim-imperador é o maior e mais pesado de todas as espécies de pinguins. Tem quase 1, 20 metros de altura e uma faixa alaranjada muito característica junto dos ouvidos. Já o pinguim-de-adélia, cujo nome deriva da Terra de Adélia, uma região da Antárctida, tem a cabeça e dorso negros e peito branco e concorre na categoria de peso-pluma. As duas espécies vivem exclusivamente naquela região do globo. A equipa, liderada por Cai Li, do Instituto de Genómica de Pequim (BGI), China, concluiu que os pinguins surgiram na Terra há cerca de 60 milhões de anos. Publicados na revista científica GigaScience, de acesso livre, os resultados deste estudo mostram ainda que as populações de pinguins-de-adélia aumentaram rapidamente há cerca de 150 mil anos, devido a um aquecimento climático. Mais tarde, há cerca de 60 mil anos, essas populações sofreram uma diminuição de 40%, durante um período glaciar. Em contrapartida, as populações de pinguins-imperadores mantiveram-se estáveis, o que no entendimento dos investigadores sugere que esta espécie está mais bem adaptada às condições glaciares, conseguindo por exemplo proteger os seus ovos e incubá-los com os pés, evitando que congelem quando as temperaturas são muito baixas. Estes diferentes modelos de evolução na história das duas populações de pinguins poderão dar indicações sobre os impactos das alterações climáticas no futuro. “Por exemplo, o facto de os pinguins-imperadores não terem tido a mesma explosão populacional do que os pinguins-de-adélia no período de aquecimento significa que o aquecimento global [da Terra] pode ser uma desvantagem para eles”, explica Cai Li, citado num comunicado do grupo editorial BioMed Central, que edita a revista GigaScience. “Isso deve ser tido em consideração nos esforços de conservação na Antárctida. ”Conhecer o metabolismo das espéciesOs investigadores concentraram-se particularmente no metabolismo dos lípidos nas duas espécies de pinguins, revelando adaptações diferentes no decurso da sua evolução. Identificaram oito genes implicados no metabolismo dos lípidos no pinguim-de-adélia e três no pinguim-imperador. O armazenamento de gordura é muito importante para os pinguins, para poderem resistir ao frio e sobreviver longos períodos de jejum – que pode ir até quatro meses nos pinguins-imperadores. Os cientistas também exploraram genes ligados à formação das penas, que são muito peculiares nos pinguins: curtas, rígidas e densas, para minimizar a perda de calor, e impermeáveis. Esses genes estão relacionados com a produção de beta-queratinas, proteínas que compõem até 90% as penas. Além disso, a equipa identificou 17 genes ligados às asas atrofiadas dos pinguins, que lhes servem para “voar” na água. Um desses genes, o EVC2, apresenta um grande número de mutações em comparação com outras aves. Nos seres humanos, há mutações no gene EVC2 que são responsáveis pela síndrome de Ellis-van Creveld, uma doença rara e que se manifesta nomeadamente por uma redução do tamanho dos ossos longos (os braços e as pernas são pequenos) e um peito estreito. “Os pinguins têm uma evolução distinta em relação a outras espécies de aves. Não podem voar, têm pele e penas especializadas, asas degeneradas e vivem num ambiente frio no qual as outras aves não conseguem sobreviver”, diz outro elemento da equipa, Guojie Zhang, da Universidade de Copenhaga, Dinamarca, no mesmo comunicado. “A genética comparativa é uma ferramenta poderosa que mostra a base molecular destas mudanças evolutivas e como os organismos lidam com as condições a que são expostos. O nosso estudo revelou vários destes segredos para as duas espécies de pinguins. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE