Na Cantareira, com o poder de São Bartolomeu, o mar desfaz os trajes e cura as maleitas
Neste domingo, pela 76.ª vez, as ruas da Foz Velha encheram-se de gente para assistir ao Cortejo do Traje de Papel. Esta tradição nascida em 1942 e parte das Festas de São Bartolomeu terminou mais uma vez com o tradicional mergulho no mar. (...)

Na Cantareira, com o poder de São Bartolomeu, o mar desfaz os trajes e cura as maleitas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Neste domingo, pela 76.ª vez, as ruas da Foz Velha encheram-se de gente para assistir ao Cortejo do Traje de Papel. Esta tradição nascida em 1942 e parte das Festas de São Bartolomeu terminou mais uma vez com o tradicional mergulho no mar.
TEXTO: Mestre Eduardo Xavier, de 73 anos, nasceu e foi criado na Cantareira, onde se fez pescador. Neste domingo encarnou a personagem de São Bartolomeu, nas festas do santo com o mesmo nome. Fê-lo no Cortejo do Traje de Papel, tradição com 76 anos, parte de outra mais antiga – centenária –, que termina com um banho no mar da praia do Ourigo, na Foz, Porto, para que as maleitas dos participantes sejam curadas. Conhece esta tradição desde sempre e toda a vida participou nela. Este ano não mergulhou, mas foram muitos os que o fizeram depois do desfile para se libertarem dos males e dos trajes que se desfizeram na água. Todos os anos, na última semana de Agosto, as ruas da Foz velha enchem-se de gente para assistir ao cortejo. Participam nele algumas associações locais, que durante meses a fio preparam a festa. Cada uma trabalha um tema para a ocasião. A Associação de Moradores do Bairro de Aldoar escolheu a lenda da Fonte da Moura, a Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira optou pelas personagens do mundo artístico. O Orfeão da Foz fez um tributo à flor. A União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde fez uma homenagem ao Porto e recordou a segunda Invasão Francesa. Precisamente na Cantareira, a meio da manhã ouve-se o som da Banda Marcial da Foz, que, à frente, abre caminho para o cortejo que segue pelo Passeio Alegre até à praia do Ourigo. Há uma diversidade de cores e sons que preenchem todo o percurso. O papel serviu para dar vida a um Freddy Mercury, a uma Marilyn Monroe ou a um Charlie Chaplin, vestiu um exército napoleónico inteiro, desenhou papoilas e outras flores que serviram de motivos para alguns dos trajes e moldou uma fonte que servia de cenário à lenda trazida por Aldoar. Nos passeios há quem esteja a repetir a experiência. Muitos voltam todos os anos. Sentado numa cadeira próximo da berma está Manuel Ribeiro, 63 anos, que vem de Rio Tinto pela quarta vez consecutiva para ver passar a romaria. Voltou por admirar a capacidade de trabalho das costureiras que executam os modelos que os participantes usam. “Aprecio o pormenor dos trajes”, diz. Também gosta da animação. Desde que experimentou pela primeira vez em 2015 não faltou a mais nenhum cortejo. Veterana nestas andanças é Manuela Amaro, que nasceu há 60 anos e desde sempre viveu na Cantareira. Já participou no cortejo, mas este ano estava só para ver, como começou a fazê-lo quando tinha cinco anos. “Toda a minha vida me lembro de conhecer esta festa”, afirma. Desde essa altura, a romaria foi sofrendo algumas alterações. “Dantes era a festa de todas as famílias daqui. Havia mais animação e mais gente que vinha de fora em camionetas”, recorda. Havia quem assentasse arraias nos jardins das imediações em modo piquenique. Personagem assídua nesta festa era o senhor Almeida que fazia questão de trazer sempre o seu cavalo, o Castelo. “Vinha todos os anos e entrava sempre com o cavalo no mar”, conta, aludindo para uma das figuras emblemáticas do Porto – o último agricultor da Foz. Este ano não o viu por lá. Não sendo da Foz, é do Viso, o marido, Flávio Azevedo, também volta sempre. Começou a fazê-lo depois de conhecer Manuela. “Vinha pescar para esta zona e pesquei mais do que peixe. Saí daqui casado”, diz em tom de brincadeira. Agora vive na Cantareira. É quando o cortejo chega ao Passeio Alegre que concentra mais gente. Parado na frente do desfile, espada numa mão e bíblia na outra, está o mestre Eduardo ou devemos dizer São Bartolomeu? Conhece aquele percurso melhor do que ninguém. Já o percorre por altura da festa de São Bartolomeu “desde miúdo”. Este ano diz-nos que não vai à água. Não tem medo do mar. Mal seria se tivesse. Ainda continua a exercer a actividade de pescador. Tem dois barcos na Cantareira baptizados com o seu nome. Tem outro mais pequeno que tem o seu e o da esposa. “Foi o primeiro barco que tive depois de casar”, recorda. É com ele que sai atrás da lampreia. Motivo maior para não ir à água é a lesão que tem na perna. Ainda que a precisar de cura para aquele mal, prefere ver os mergulhos de terra. Outro motivo é não querer estragar o traje que usa. Depois do desfile segue para a Escola 85, onde até hoje decorre a exposição dos trajes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sente-se bem na pele de São Bartolomeu. Aos 73 anos já tem estatuto para ser figura de proa do cortejo. Começou a participar nele ainda com um dos fundadores, Joaquim Picarote, que em 1942 o organizou pela primeira vez com o banheiro da praia do Ourigo da época, José Padeiro. Na altura os trajes ainda eram feitos em papel de jornal. Hoje são feitos em papel crepe. Perto das 13h era este o material que se desfazia nas águas da praia do Ourigo. Os mais audazes, que mergulharam, atiram o papel para terra para não se perder no mar. António Rafael, aos 57 anos, repete a façanha todos os anos e é um dos que se atira às ondas. “Faço-o pela tradição. Não sou supersticioso”, diz. Recorda um ano em que a maré estava vaza e não houve santo que lhe valesse para os ouriços que calcou. “Este é o melhor banho do ano”, afirma sem dúvidas o presidente da junta local, Nuno Ortigão, que este ano entrou no cortejo como sargento-mor do Forte de São João Baptista da Foz. Diz-nos que o desfile, que conta com cerca de 450 participantes, demora cinco meses a ser preparado. Considera que todo o tempo que leva a ser montado vale o esforço: “É a nossa maior aposta em termos de investimento na freguesia e continuaremos a trabalhar para que não se perca a tradição. ”
REFERÊNCIAS:
Tomada de posse de Bolsonaro: 500 mil pessoas, segurança reforçada e boicote do PT
Jair Bolsonaro toma posse como Presidente do Brasil a 1 de Janeiro. Por razões de segruança, não está decidido se desfila em Brasília num carro aberto. (...)

Tomada de posse de Bolsonaro: 500 mil pessoas, segurança reforçada e boicote do PT
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181229194006/https://www.publico.pt/1856216
SUMÁRIO: Jair Bolsonaro toma posse como Presidente do Brasil a 1 de Janeiro. Por razões de segruança, não está decidido se desfila em Brasília num carro aberto.
TEXTO: A cerimónia de posse de Jair Bolsonaro, que se torna na terça-feira o 38. º Presidente do Brasil, deverá reunir meio milhão de pessoas em Brasília e terá um forte esquema de segurança, segundo o Gabinete de Segurança Institucional. De acordo com o gabinete, ligado à defesa da Presidência do Brasil, cerca de 500 mil pessoas devem participar nos programas de posse de Bolsonaro, que ocorrem na Esplanada dos Ministérios, zona central da capital do país. Ainda não há uma decisão sobre se Bolsonaro desfilará da granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República do Brasil, num carro aberto ou fechado. Nas cerimónias de posse é normalmente usado um Rolls-Royce que serve a Presidência da República desde 1952, em que o chefe de Estado fica exposto e acena para o público. No entanto, a preocupação com a segurança é maior este ano porque Bolsonaro sofreu um atentado em Julho de 2018 quando ainda disputava as presidenciais e o uso do carro não foi confirmado. Os organizadores das cerimónias anunciaram que farão também uma revista com detector de metais e divulgaram uma lista de proibições para o público. Aqueles que pretendem acompanhar o cortejo de Bolsonaro não poderão ter mochilas, bolsas, carrinhos de bebé ou guarda-chuvas, bebidas alcoólicas, garrafas, fogo-de-artifício, apontadores de laser, animais, máscaras, produtos inflamáveis, armas de fogo, objectos cortantes e drones. Estas restrições aplicam-se numa extensa área de segurança. A tomada de posse tem várias cerimónias. A primeira é na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, onde costuma ser dada uma missa mas que este ano não acontecerá. Ali haverá apenas um encontro entre Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão, marcada para as 14h30 (16h30 em Lisboa). Em seguida, Jair Bolsonaro segue para o Congresso Nacional, onde será recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados (câmara baixa), Rodrigo Maia, e do Senado (câmara alta), Eunício Oliveira. É no Congresso que Bolsonaro se torna Presidente do Brasil. Terá honras militares e o primeiro-secretário da Mesa do Congresso faz a leitura do termo de posse e o Presidente do Congresso, Eunício Oliveira, declara a posse. Já como Presidente, Bolsonaro fará o primeiro discurso à nação perante os deputados. Em seguida, segue para o Palácio do Planalto, onde é recebido por seu antecessor, Michel Temer. No alto da rampa do palácio, Temer entrega a faixa presidencial ao novo Presidente e Bolsonaro faz um segundo discurso à população. Os membros do Governo são empossados no Palácio do Planalto. O dia termina com um jantar no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, com uma recepção para as missões estrangeiras e as altas autoridades da República brasileira. O Itamaraty estima que a recepção contará com a presença de 12 chefes de Estado, incluindo os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal, Sebastian Piñera, do Chile, Iván Duque, da Colômbia e Mario Abdo, do Paraguai e ainda o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. A China confirmou a presença de Ji Bingxuan, vice-presidente do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo (o órgão legislativo) como enviado especial do Presidente Xi Jinping. O Governo dos Estados Unidos será representado pelo secretário de Estado, Mike Pompeo. Também confirmaram presença na cerimónia de posse de Bolsonaro o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na qualidade de presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e o secretário executivo da organização, Francisco Ribeiro Telles, que inicia funções nesse dia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Partido dos Trabalhadores (PT), que governou Brasil entre 2003 e 2016, o Partido Socialismo e Liberdade e o Partido Comunista anunciaram que vão boicotar a tomada de posse. O PT, que teve como primeiro candidato Lula da Silva - antigo Presidente brasileiro a cumprir uma pena de prisão - e depois Fernando Haddad, que pôs em causa o processo eleitoral depois de apurados os resultados, o Partido Socialismo e Liberdade e o Partido Comunista do Brasil têm 75 dos 513 deputados na Câmara Baixa.
REFERÊNCIAS:
País quer fazer mais pela natureza, mas falta-nos um bom retrato da biodiversidade
Recuperação de atrasos na monitorização será essencial para o sucesso da nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade, que vai para discussão pública. (...)

País quer fazer mais pela natureza, mas falta-nos um bom retrato da biodiversidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.466
DATA: 2017-07-06 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170706181057/https://www.publico.pt/n1775103
SUMÁRIO: Recuperação de atrasos na monitorização será essencial para o sucesso da nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade, que vai para discussão pública.
TEXTO: Portugal vai ter até ao final do ano uma nova Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade. O documento, que entra em discussão pública na segunda-feira, coloca o país perante um compromisso mais exigente do que as metas internacionais de curto prazo, que propõem o estancar da extinção de espécies vulneráveis e da degradação dos habitats, e ambiciona conseguir, até 2025, “uma recuperação e valorização do património natural”. Um caminho difícil, tendo em conta o desconhecimento, assumido, do estado em que se encontram muitas das espécies a proteger e os respectivos habitats. Portugal não tem uma Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ENCNB) desde o final de 2010. E se, no relatório de avaliação final desse primeiro documento, as falhas assumidas eram muitas, sete anos depois o Governo continua a não esconder que parte para uma nova ambição com debilidades ao nível do conhecimento do terreno. “Os últimos anos foram tempos muito duros para a conservação da natureza em Portugal”, nota o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, assinalando que só recentemente foram lançados os concursos para a elaboração da cartografia dos habitats e dos planos de gestão dos 60 sítios da Rede Natura 2000, abrangendo 22% do território e 90% das áreas protegidas. Estes trabalho é essencial para a definição de prioridades, metas específicas de curto e longo prazo e modelos de gestão destes espaços. Segundo a ENCNB, o quadro de referência na caracterização dos habitats naturais em Portugal tem cerca de 20 anos, e pelo meio o país investiu muito pouco na monitorização, o que significa que os dados estão desactualizados. A gestão das áreas protegidas assenta em instrumentos de planeamento também com mais de duas décadas, e Portugal já leva um atraso de seis anos na constituição das Zonas Especiais de Conservação, um novo estatuto de protecção para os Sítios de Interesse Comunitário identificados na Rede Natura 2000. A ENCNB 2025 assenta em três eixos estratégicos, a partir dos quais são sistematizados 30 objectivos que se desdobram numa centena de medidas. Tem como propósito fundamental a melhoria do estado de conservação de habitats e espécies, mas considera que tal será difícil de atingir sem “a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade pela sociedade, aos mais diferentes níveis” e sem o reconhecimento do valor do património natural. Na estratégia europeia para a diversidade, de 2011, estimava-se, por exemplo, que os serviços ambientais prestados pelas zonas da Rede Natura 2000, cuja manutenção custava 5, 8 mil milhões de euros por ano, podiam chegar aos 300 mil milhões de euros por ano. Matos Fernandes argumenta que o país não pode centrar-se em visões do passado e continuar a articular o verbo conservar, isoladamente. “É preciso cuidar e valorizar também”, insiste, considerando que sem investimento na designada Economia Verde, sustentada nos recursos existentes nas áreas protegidas, o país dificilmente conseguirá estancar o processo de despovoamento do interior que, insiste, acaba por ter consequências negativas na biodiversidade. Portugal perdeu 10% da população nos chamados territórios de baixa densidade, mas nas áreas sob protecção, essa perda foi de 20%, argumenta Matos Fernandes. Entre os 30 objectivos da futura estratégia Nacional contam-se, no primeiro eixo a consolidação do sistema nacional de áreas classificas e da sua gestão; a melhoria do estado de conservação dos habitats e a tendência populacional das espécies protegidas; a aprovação de intervenções de âmbito nacional nesse sentido; o reforço do controlo de invasoras; a promoção da diversidade genética animal e vegetal; o reforço da regulamentação legal e das condições para o seu cumprimento; o reforço da investigação orientada para os objectivos anteriores; a monitorização continuada do estado de conservação dos valores naturais e o aumento da visibilidade destes, bem como da percepção pública dos serviços prestados pelos ecossistemas. No segundo eixo, o do reconhecimento do valor do património natural, a ENCNB prevê o mapeamento e avaliação dos ecossistemas e medidas para melhorar a sua capacidade de fornecer serviços de forma durável. Abre-se a projectos que ajudem a pôr em evidência a economia da biodiversidade, assume a necessidade de um maior investimento público na conservação deste património natural e da criação de instrumentos fiscais que incentivem a sua exploração sustentável. Estes, propõe, terão de ser contrabalançados com o fim de apoios a actividades que possam ter um impacto negativo para os valores naturais a proteger. No terceiro e último eixo, que procura fomentar a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade, entram todas as medidas que permitam aprofundar os contributos da agricultura, da silvicultura, das pescas e outras actividades que utilizam os recursos marinhos e os recursos em rios e águas interiores para a conservação da natureza e a preservação das espécies. Inclui também medidas que, permitindo ao país cumprir as metas do clima, mitiguem o impacto estimado das alterações climáticas nos ecossistemas, e pretende assegurar que a exploração de recursos minerais respeita a biodiversidade. Esta incorporação dos valores naturais na actividade humana não deixa de lado a aposta no turismo de natureza e o aumento da oferta de produtos e serviços integradores do património natural e cultural. E abarca também a necessidade de assegurar a sustentabilidade da utilização de recursos genéticos marinhos ou terrestres por sectores da biotecnologia ou a investigação científica. Neste eixo, o plano aborda também a necessidade de mitigar a ausência de conectividade entre habitats (adaptando, se necessário, as vias de transporte que cortam o território) e a cobertura adequada, em termos de telecomunicações, das áreas protegidas, como forma de dinamizar a visitação e assegurar um rápido socorro em caso de acidentes. Um projecto em linha com este objectivo está a ser levado a cabo no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A nova estratégia vai para discussão pública, mas alguns dos instrumentos que contribuem para o seu sucesso estão em fase mais adiantada. O Conselho de Ministros aprovou ontem, numa reunião com uma agenda dedicada ao ambiente, o Plano de Acção para a Economia Circular, que, visando incentivar práticas de reutilização de produtos e a incorporação de resíduos na produção de novos bens diminui a necessidade de matérias-primas e a pressão sobre os ecossistemas. O Governo aprovou também a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica e o Plano de Acção para a produção e promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios biológicos, tendo em vista um aumento do consumo e o fomento da exportação. Ao mesmo tempo é criado o Observatório Nacional da Produção Biológica que tem como principais funções avaliar e apresentar propostas de revisão da estratégia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outro diploma que saiu desta reunião do Conselho de Ministros foi a Estratégia Nacional para a Educação Ambiental (ENEA), com um pacote de investimento de 18, 2 milhões de euros, até 2021. O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, destacou o facto de a ENEA incluir a possibilidade de realização de actividades destinadas a empresas e respectivos funcionários, não se quedando pelas medidas destinadas ao público escolar. Os três grandes eixos temáticos da ENEA são a descarbonização da sociedade (com implicações em sectores como os transportes ou a energia), a economia circular e a questão da valorização do território. A maior parte das verbas disponíveis são do Prograqma Operacional para a Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, sendo o restante alocado a partir do Fundo Ambiental. Segundo o ministro as organizações não governamentais e os privados vão poder candidatar-se já em Julho a uma linha de apoio a projectos, no valor de 1, 5 milhões de euros, provenientes deste fundo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação consumo extinção animal
Valor da produção agrícola em Portugal sobe acima da média da UE
Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros (...)

Valor da produção agrícola em Portugal sobe acima da média da UE
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.07
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros
TEXTO: O valor da produção agrícola em Portugal aumentou 7%, para os 7, 5 mil milhões de euros em 2017 face ao ano anterior, acima da média da União Europeia (6, 2%), segundo o Eurostat. Considerando as componentes da produção agrícola, a produção vegetal nacional aumentou 9% face a 2016, a produção animal 4, 5%, os serviços agrícolas 2, 2% e as actividades secundárias inseparáveis 4, 4%. O valor da produção agrícola aumentou em quase todos os Estados-membros, com especial relevo para a Estónia (18, 2%), a Irlanda (13, 6%), a Roménia (13, 2%), o Reino Unido (12, 6%) e a Polónia (11, 1%). A Eslovénia (com um decréscimo de 4, 7%) e Malta (com uma diminuição de 3, 1%) viram o valor da produção agrícola recuar de 2016 para 2017 e na Croácia e Eslováquia manteve-se estável. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre os Estados-membros com maior produção agrícola total, o indicador progrediu 8, 6% na Alemanha, 4, 5% em Espanha, 3, 2% em França e 2, 2% em Itália. Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432, 6 mil milhões de euros a preços de base de 2017, um aumento de 6, 2% face a 2016. A França é o país com maior peso na produção agrícola (72, 6 mil milhões de euros, 17% do total da UE), seguindo-se a Alemanha (56, 2 mil milhões de euros, 13%), a Itália (55, 1 mil milhões de euros, 13%), a Espanha (50, 6 mil milhões de euros, 12%), o Reino Unido (31, 8 mil milhões de euros, 7%), a Holanda (28, 9 mil milhões de euros, 7%), a Polónia (24, 9 mil milhões de euros, 6%) e a Roménia (17, 7 mil milhões de euros, 4% da UE).
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Produção de vinho em Portugal em mínimos de 20 anos
Calor excessivo causou escaldões nos bagos das uvas. Chuvas mais fortes em dois dias de Outubro precipitaram o fim das vindimas, num ano em que apenas Portugal e a Grécia deverão ter menos produção que em 2017 (...)

Produção de vinho em Portugal em mínimos de 20 anos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Calor excessivo causou escaldões nos bagos das uvas. Chuvas mais fortes em dois dias de Outubro precipitaram o fim das vindimas, num ano em que apenas Portugal e a Grécia deverão ter menos produção que em 2017
TEXTO: As elevadas temperaturas deste ano causaram prejuízos em quase todas as regiões vitivinícolas e as consequências são visíveis nas colheitas: a produção de vinho deverá recuar este ano 20% em relação a 2017 e ficar no valor mais baixo das últimas duas décadas. É para esse cenário que apontam os primeiros números do Instituto Nacional de Estatística (INE), que contabiliza a produção deste ano em 5, 2 milhões de hectolitros. Nas previsões agrícolas divulgadas nesta terça-feira, o INE afirma que a produção será “uma das menores produções de vinho” das últimas duas décadas, prevendo mesmo que o valor seja o mais baixo daquele período. “As condições meteorológicas até meados de Outubro permitiram que as vindimas, que decorreram com atrasos significativos face ao habitual, se efectuassem sem incidentes e com as uvas a chegarem aos lagares em bom estado sanitário e com teores de açúcar regulares”. Mas, explica o INE, assim que ocorreram as primeiras chuvas mais intensas nesse mês – nos dias 13 e 14 de Outubro – a qualidade baixasse, o que precipitou a conclusão das vindimas. “Para a produção, e face ao atraso do ciclo, as condições meteorológicas de Agosto foram determinantes e verificou-se que o calor excessivo causou escaldões nos bagos, embora com reflexos distintos em função da casta, da exposição e da idade da vinha”. Só o Alentejo e Algarve são excepção. De resto, em todas as regiões vitivinícolas haverá um recuo na quantidade de vinho produzido. “A extensão dos prejuízos causados pelas elevadas temperaturas foi variável, mas estendeu-se por quase todas as regiões vitivinícolas”. O Alentejo deverá ter uma produção idêntica à do ano passado e o Algarve um aumento na ordem dos 5%. Para as outras regiões, o INE não especifica as variações na produção. Para o conjunto das regiões, espera-se que a quebra chegue aos 20%, comparando os 5, 2 milhões de hectolitros deste ano com os 6, 5 milhões registados em 2017. Os dados do INE divulgados nesta terça-feira referem-se às previsões agrícolas com data de 31 de Outubro. A recolha da informação divulgada pelo INE é assegurada regionalmente pelas Direcções Regionais de Agricultura e Pescas em articulação com o instituto estatístico. A 26 de Outubro último, contudo, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) já tinha alertado para o facto de a produção portuguesa em 2018, previsivelmente, estar em risco de ser "a mais fraca dos últimos seis anos", apontando aquele organismo inter-governamental para 5, 3 milhões de hectolitros. "Em Portugal", apontava então a OIV, "as condições meteorológicas propícias ao aparecimento de míldio e oídio impactaram fortemente na produção de 2018, que terá uma queda de 22% face a 2017". Portugal e a Grécia (para onde está estimada uma perda de 15% e a mais baixa produção desde 2003), acabam por destoar da média da união europeia, onde a OIV aguarda uma produção 19% superior a 2017, para 168, 4 milhões de hectolitros. No total, prevê a OIV, a produção mundial de vinho deverá alcançar 282 milhões de hectolitros (mais 31 milhões de hectolitros do que em 2017), e será "uma das das mais elevados desde 2000", graças sobretudo à Itália, França e Espanha, com um contributo também da Argentina (mais 23%) e do Chile (mais 36%). Não é apenas no vinho que se esperam quebras. O mesmo deverá acontecer com a campanha da azeitona e com a produção nas fruteiras. A produtividade da azeitona para azeite, afirma o INE, “deverá reduzir-se em 15%, resultado de uma grande variabilidade de produção nos olivais tradicionais de sequeiro”. “A maturação da azeitona para azeite encontra-se atrasada mais de um mês face à campanha anterior. A carga nos olivais tradicionais de sequeiro (que representam cerca de três quartos da área total desta cultura) é bastante heterogénea, tendo, duma forma generalizada, beneficiado da precipitação ocorrida ao longo de Outubro, verificando-se um aumento do calibre da azeitona”, refere o INE. “Nos olivais intensivos e super-intensivos de regadio não se registaram restrições à utilização de água de rega, se bem que a carga de frutos também seja inferior à do ano anterior. Globalmente estima-se uma produtividade 15% inferior à alcançada em 2017, mas bastante acima da média dos últimos cinco anos”. Na maçã e na pêra, há recuos de 15% e 20%, respectivamente, em relação à campanha anterior. A causa, diz o INE, está na “conjugação de fracas polinizações, problemas fitossanitários e da onda de calor” do mês de Agosto. No kiwi, a carga de frutos é heterogénea registando-se danos em alguns pomares devido à passagem da tempestade Leslie, estimando-se uma produção inferior à de 2017 (menos 5%)”, afirma o INE. Nas culturas anuais, o INE também aponta para uma redução de 10% na produção de girassol em relação ao ano passado e prevê uma descida de 26% no tomate para a indústria, neste caso “devido exclusivamente à diminuição da área instalada”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A tempestade Leslie também teve consequências nas searas, levando a que as campanhas de Primavera e Verão do milho não conseguissem crescer apesar do aumento da área semeada – os ventos fortes causaram estragos nas searas do Baixo Mondego e Pinhal Litoral, diminuindo o rendimento unitário e fazendo com que a produção se mantenha nos níveis da campanha anterior. No arroz, acrescenta o INE, os campos do Baixo Mondego “sofreram danos que conduziram a uma diminuição de 5% na produção”. Positiva é a produção de castanha, onde se espera uma subida de 5%, para 31, 1 mil toneladas. No amendoal, os investimentos recentes do Alentejo - que já ultrapassou o Algarve em 2015 como segunda maior região nesta cultura -, nomeadamente em torno do complexo de regadio de Alqueva, deverão compensar as quebras previstas para o Interior Norte. Nesta última região - onde se localizam quatro quintos (80%) da área total de amendoais do país - a "precipitação na plena floração dificultou a polinização, conduzindo a reduções significativas na produtividade regional", explica o INE. Tudo contado, acrescenta o gabinete estatístico nacional, a produção deverá ser de 15, 1 mil toneladas, "44% acima da média do último quinquénio", acrescenta.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura
Autarquias reconhecem problema das alterações climáticas, mas ainda não estão preparadas
Num combate necessariamente global de mitigação e adaptação às alterações climáticas, também a nível local há espaço para implementar medidas. O entendimento é comum às quatro autarquias questionadas pelo PÚBLICO. Mas todas elas admitem que não estão preparadas para as mudanças. (...)

Autarquias reconhecem problema das alterações climáticas, mas ainda não estão preparadas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181217185709/https://www.publico.pt/n1844780
SUMÁRIO: Num combate necessariamente global de mitigação e adaptação às alterações climáticas, também a nível local há espaço para implementar medidas. O entendimento é comum às quatro autarquias questionadas pelo PÚBLICO. Mas todas elas admitem que não estão preparadas para as mudanças.
TEXTO: O desenvolvimento de estratégias municipais de adaptação e mitigação das alterações climáticas parece mover-se a dois ritmos. Se, por um lado, há municípios que ainda não têm um plano concreto, há outros com diagnósticos e projecções feitas. Évora faz parte deste segundo grupo. A cidade aqueceu 0, 8ºC nos últimos 17 anos em comparação com o século passado e sabe-se que os efeitos das alterações climáticas até ao final do século podem ser especialmente extremos. A temperatura média anual pode subir 1º a 5ºC, sendo que no Verão e no Outono as máximas podem aumentar entre 2º e 6ºC. Dias muito quentes (acima dos 35ºC), ondas de calor e noites tropicais (com mínimas acima dos 20ºC) serão mais frequentes, ao contrário dos dias de chuva. Haverá, no entanto, mais fenómenos de precipitação extremos. A agricultura é um dos sectores que mais preocupações traz a Carlos Sá, presidente da Câmara de Évora. “Estamos muito preocupados [com a seca] e temos procurado sensibilizar quem decide de que as culturas intensivas — aquelas que usam muita água — não são culturas de futuro para o Alentejo e, portanto, têm que ser alteradas. ” O que é que isso significa na prática? “Que não podemos ficar nas mãos do mercado para decidir aquilo que são as nossas produções. Tem que haver uma intervenção do Estado, com uma orientação estratégica clara para que a resposta a este problema seja compatível com o uso das águas. ” Para isso, diz, é precisa “uma outra agricultura”, que privilegie as culturas de sequeiro, as castas de vinha adaptadas ao Alentejo e o ecossistema de montado. Graças à iniciativa Climadapt Local – um trabalho concertado entre os órgãos institucionais, a academia e cidadãos – pelo menos 25 outros municípios têm este tipo de diagnóstico, que serviu de base à elaboração das respectivas estratégias de adaptação às alterações climáticas. João Camargo, mestre em Engenharia do Ambiente e Produção Animal e autor do Manual de Combate às Alterações Climáticas, foi um dos especialistas envolvidos no Climadapt Local. “Fomos às câmaras e dissemos: ‘Isto é o cenário para a região. Queremos que nos dêem um levantamento das maiores vulnerabilidades do município (porque normalmente são essas que são agravadas) e desenhar algumas medidas que possam adaptar perante este cenário e estas vulnerabilidades’”, recorda. “Depois, quando tínhamos esse pré-plano, fazíamos uma reunião com stakeholders, identificávamos as questões chave no município, seja agricultura, seja floresta, seja água, seja recursos hídricos, subida do nível médio do mar. . . E fazíamos oito a nove painéis que discutiam a proposta e as medidas", recorda. O Porto também aderiu ao Climadapt, mas os municípios da Área Metropolitana do Porto optaram também por delinear uma estratégia comum através do projecto “Metroclima”, apoiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência na Utilização de Recursos (POSEUR) do Portugal 2020. Depois de apuradas as principais consequências do aumento da temperatura (ocorrência de eventos climáticos extremos, precipitação elevada, secas), alinhavaram-se propostas locais. Em Vila Nova de Gaia, destaca o vereador do Ambiente Valentim Miranda, em resposta escritas enviadas ao PÚBLICO, o foco está na promoção sustentável do turismo, na gestão de bacias de retenção hídrica, no controlo fitossanitário e na construção de infra-estruturas para actividades ao ar livre. A estratégia da autarquia vai ainda no sentido de recuperar e requalificar as linhas de água do concelho, fazer a limpeza preventiva da rede de águas pluviais e proteger o ecossistema dunar. Só por si, o poder local não terá forma de solucionar o problema. Mesmo assim, Paulo Magalhães, jurista, investigador na Faculdade de Direito da Universidade do Porto e presidente da Casa Comum da Humanidade — uma organização criada em 2016 que defende a alteração do sistema jurídico no sentido de valorizar o sistema terrestre — afirma que “ao nível da adaptação e mitigação das alterações climáticas muita coisa pode ser feita ao nível das cidades”. João Camargo também não tem dúvidas: “Ninguém vai resolver isto sozinho, mas se ninguém começar a resolver, não se resolve de maneira alguma. ”Algumas cidades já têm alguns projectos em desenvolvimento. Em Évora, por exemplo, há um “laboratório vivo para a descarbonização” (em Almada também já há uma iniciativa semelhante), que visa estudar a redução das emissões de dióxido de carbono em questões de mobilidade; um estudo para o melhoramento da climatização de estabelecimentos de ensino, cuja implementação pode “demorar alguns anos”, segundo o presidente da câmara; a disponibilização gratuita de 300 bicicletas normais e 200 eléctricas à comunidade da Universidade de Évora; e a identificação de áreas que precisam de ser reflorestadas. Prevê-se ainda a recuperação de antigas origens de água, para usos não-domésticos, como o aqueduto da Água de Prata. Em Lisboa, onde a previsão é de que a temperatura aumente entre 1, 2ºC e 2, 4ºC até ao final do século, os planos de drenagem são “o rosto mais visível de uma medida de adaptação”, diz fonte do gabinete do vereador do Ambiente. Em breve, a Avenida Almirante Reis vai ter dois túneis que vão permitir o escoamento das águas, para evitar fenómenos de cheias. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas há outras ideias em curso. Tal como aconteceu no Porto, a capital também vai ter um projecto iTree, cujo objectivo é avaliar o ecossistema de arvoredo da cidade. A medição exacta das zonas mais quentes da cidade é também uma preocupação. Em Lisboa, vai ser feita uma cartografia de vulnerabilidade térmica, que tem como objectivo o mapeamento dos efeitos das ondas de calor em Lisboa face às projecções climáticas. O estudo é financiado pelo POSEUR. Já no Funchal, a autarquia tem procurado melhorar a eficiência energética dos edifícios municipais e substituído a iluminação pública por lâmpadas LED, explica a vereadora do ambiente, Idalina Perestrelo. Foram fechadas à circulação automóvel ruas no centro da cidade, para reduzir emissões. E, a curto prazo, a câmara espera aumentar a taxa de 29% de recolha selectiva de resíduos urbanos. Para além de um incremento da reciclagem, no início do próximo ano deverá arrancar um projecto de compostagem caseira que inclui a recolha porta-a-porta destes resíduos, de forma a reduzir volume incinerado. “Apesar de existirem alguns dias com temperaturas elevadas, o aumento de temperaturas ainda não é um grande problema. ” O diagnóstico feito pelo município de Matosinhos coincide com o de Ponta Delgada e Aveiro: as três autarquias dizem não sentir qualquer impacto das alterações na temperatura nas últimas duas décadas. Pelo contrário, as câmaras de Vila Nova de Gaia, Lisboa, Setúbal e Funchal dizem que as mudanças de temperatura afectaram de forma negativa o modo de vida nas cidades nesse período. Gaia, por exemplo, detectou mais incêndios florestais com origem humana, um aumento do consumo de água acompanhado pela diminuição da qualidade dos recursos hídricos e do solo e alterações na biodiversidade e no património ambiental do município. Sintra experimentou tanto efeitos negativos como positivos, diz a autarquia. Estas conclusões constam das respostas dadas por estes oito municípios ao questionário da European Data Journalism Network (EDJNet) — rede de jornalismo de dados que o PÚBLICO integra — sobre as respostas locais às mudanças de temperatura. Estas cidades admitem ter poucas investigações sobre as possíveis consequências locais do aumento das temperaturas nos próximos 20 anos. E consideram não estar suficientemente preparadas para lidar com os efeitos que tal possa ter na saúde pública, transportes e infra-estruturas, turismo, planeamento e gestão da cidade, fauna e flora e na educação. Todas à excepção de Aveiro, que se considera bem preparada em todas as áreas, menos no que diz respeito aos recursos naturais, e Setúbal que reconhece boa preparação para os impactos na saúde pública e turismo. Há ainda autarquias que remetem as competências de mitigação e adaptação para o poder regional. É o caso de Coimbra. A autarquia respondeu ao PÚBLICO que, tendo competências limitadas à recolha de resíduos e limpeza urbana, “não é a autoridade sobre a matéria em causa – alterações climáticas e aumento das temperaturas”. “Não faz medições, não analisa e não detém informação para poder concluir e agir”, explica a divisão de Ambiente, remetendo para a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro.
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Partidos LIVRE
Árvore Portuguesa de 2019 é uma azinheira de Mértola com uma sombra majestosa
Com cerca de 150 anos e uma copa com mais de 23 metros de diâmetro, a Azinheira Secular do Monte Barbeiro (concelho de Mértola) foi escolhida pelos portugueses para árvore de 2019. Se hoje tem uma sombra majestosa, podemos agradecê-lo a três guardiões. (...)

Árvore Portuguesa de 2019 é uma azinheira de Mértola com uma sombra majestosa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181217185709/https://www.publico.pt/n1851853
SUMÁRIO: Com cerca de 150 anos e uma copa com mais de 23 metros de diâmetro, a Azinheira Secular do Monte Barbeiro (concelho de Mértola) foi escolhida pelos portugueses para árvore de 2019. Se hoje tem uma sombra majestosa, podemos agradecê-lo a três guardiões.
TEXTO: A uns sete quilómetros da aldeia de Alcaria Ruiva (no concelho de Mértola), permanece na ponta de um montado, há já cerca de 150 anos – estima-se –, uma azinheira que com a sua copa pode envolver quatro ou cinco outras da sua espécie que tenham um tamanho normal. Não há como enganar quando chegarmos ao terreno, garante-nos Jorge Rosa, presidente da Câmara Municipal de Mértola: “Esta árvore é uma gigante no meio de outras azinheiras de tamanho normal. ” Chama-se Azinheira Secular do Monte Barbeiro e agora foi a vencedora da votação online Árvore Portuguesa de 2019. Esta azinheira (Quercus rotundifolia) conquistou a medalha de ouro com 3445 votos e vai representar Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano, em Fevereiro. Ainda no pódio, ficou o Plátano do Rossio (de Portalegre) com 2989 votos e o Quercus do ISA (Lisboa) com 1667 votos. “[A Azinheira Secular do Monte Barbeiro] é especial pela idade que conseguiu atingir e porque se desenvolveu de uma forma extraordinária”, destaca o autarca do município de Mértola, que foi a entidade responsável pela candidatura desta árvore no concurso. E este desenvolvimento extraordinário guarda uma história, aponta Miguel Sampaio, filho da proprietária (Maria Antónia Sampaio) do terreno onde se encontra a árvore, a Herdade do Monte Barbeiro. “Esta árvore distingue-se porque pode estar num sítio onde haverá alguma fonte de água subterrânea e por isso começou a desenvolver-se mais”, especula. Mas destaca que a azinheira teve três grandes guardiões. “Durante muitos anos, o meu avô [Álvaro Sampaio] só permitia que duas pessoas intervencionassem a árvore e que a orientassem enquanto estivesse em crescimento. Eram dois funcionários: Francisco Bartolomeu e Joaquim Guerreiro”, conta Miguel Sampaio. Estes dois trabalhadores rurais foram os guardiões da árvore, provavelmente, desde os anos 20 até aos 70. “Tinham indicações do meu avô para defender o mais possível a árvore, para que as pernadas ficassem a pouco mais de 90 graus. Era para que chegassem o mais longe possível do pé, o centro da árvore”, explica. Hoje, tornou-se na tal azinheira gigante: tem uma copa de 23, 28 metros de diâmetro e que ocupa uma área com cerca de 487 metros quadrados. Como tal, a sua sombra em dias de muito calor (afinal, situa-se no Baixo Alentejo) foi a principal característica destacada num comunicado da UNAC – União da Floresta Mediterrânea, que organizou o concurso nacional e que tem o apoio do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. “Sentarmo-nos debaixo da sua copa faz com que o calor abrasador do Alentejo nos pareça suportável e nos permita contemplar a vastidão da planície envolvente respirando a sua tranquilidade”, refere-se no comunicado. Jorge Rosa sublinha então a forte ligação da comunidade a esta árvore. “Desde logo, há uma ligação sentimental das pessoas à volta daquela zona. Há uma série de pequenos povoados que conhecem a árvore há muito tempo”, indica o autarca. “Essas pessoas sabem que os seus pais, avôs e bisavôs já conheciam esta árvore e que já tinham estado debaixo dela. ”Depois, há ainda a ligação da árvore às novas gerações. “Temos procurado dá-la a conhecer a todo o território do concelho de Mértola, nomeadamente aos mais novos, porque ela é realmente um ser vivo excepcional”, refere. Desta forma, sempre que há um dia especial nas escolas, há turmas que se deslocam para ver a azinheira do Monte Barbeiro. Nessas visitas de campo, os alunos fazem desenhos desta árvore: há quem desenhe rebanhos de ovelhas a descansar lá debaixo ou quem prefira representar os seus frutos. “Penso que já todos a conhecem. Para nós, aqui no concelho, já era a árvore de todos os anos porque é a maior que temos. Agora ficamos muito satisfeitos e felizes por saber que também é a árvore do ano de Portugal”, diz entusiasmado o autarca. Como está inserida na Zona de Protecção Especial do Vale do Guadiana, Jorge Rosa refere que isso é uma ajuda para que estes reconhecimentos aconteçam. Além disso, para si, esta distinção também marca o que se tem feito pelo turismo de natureza no concelho. “A Azinheira Secular é um digno representante de um sistema de produção mediterrânico único, de cariz agro-florestal, que sustenta uma economia de territórios frágeis e contribui para a biodiversidade, a mitigação das alterações climáticas e o combate à desertificação, sendo um elemento marcante na paisagem do Alentejo”, frisa-se ainda no comunicado. E Jorge Rosa concorda: além de o montado ter uma importância económica muito grande na região – o fruto da azinheira pode ser aproveitado na pecuária ou pode vender-se a lenha –, este ecossistema é determinante na resiliência dos territórios às alterações climáticas. Mas, além da azinheira, do plátano e do Quercus do ISA, houve mais árvores no concurso (ao todo, um júri seleccionou dez a partir de 29 candidaturas). Para além do pódio, foi esta a classificação por ordem decrescente: Nosso Sobreiro (Abela, em Santiago do Cacém); Zambujeiro Milenar (Foros de Vale de Figueira, Montemor-o-Novo); Carvalho de Calvos (Bouça da Tojeira, Póvoa do Lanhoso); Oliveira do Mouchão (Mouriscas, Abrantes); Dragoeiro (Lisboa); Aroeira A Fazedora de Chuva (Valongo, Avis); e a Tuia-gigante (Sintra). Ao todo, o concurso online – que decorreu até às 23h59 desta terça-feira – teve 19. 328 votos e, como frisa o comunicado, o período de votação suscitou o entusiasmo e apelo ao voto das comunidades locais. Em Fevereiro do próximo ano, a Azinheira Secular do Monte Barbeiro vai tentar igualar o Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura, no concelho de Palmela, que conquistou o primeiro lugar no concurso Árvore Europeia de 2018. Com 17 metros de altura e 30 metros de diâmetro de copa, estima-se que este sobreiro tenha mais de 230 anos. E por que lhe chamam assobiador? Devido à sua copa muito larga, as aves pousam nele e chilreiam imenso. Representa ainda a forte importância do sobreiro no território português. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quanto à azinheira gigante de Mértola, como é que se pode visitar? “Quem quiser, é ir: o caminho é livre”, responde Miguel Sampaio. Mas, como há uma cerca, deve-se avisar alguém para abrir a porta, avisa. O autarca de Mértola aconselha ainda que se peça indicações do caminho a alguém nas povoações vizinhas, porque tem de se passar por caminhos de terra batida e não há placas que indiquem o trajecto. Também se podem pedir informações na Junta de Freguesia de Alcaria Ruiva ou na Câmara Municipal de Mértola. Neste momento, como se espera que mais pessoas queiram visitar a árvore, Jorge Rosa diz que irá “intensificar” a maneira de lá chegar facilmente – que está a ser avaliada – e de falar com a proprietária do terreno. Contudo, avisa que terá de haver um controlo. “A intenção não é que vá lá muita gente, porque a árvore pode ficar a perder com isso. Mas tem de haver oportunidade para quem o quiser fazer. ”
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Partidos LIVRE
Ataque ao VIH nos laboratórios e por cientistas portugueses
A terapia anti-retroviral evoluiu até ao ponto de transformar a sida numa doença crónica. Apesar do estigma, é cada vez mais fácil lidar com uma infecção por VIH. Mas esse progresso não travou os esforços dos cientistas que procuram a resposta definitiva: vermo-nos livres deste vírus para sempre. (...)

Ataque ao VIH nos laboratórios e por cientistas portugueses
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181212192603/https://www.publico.pt/n1794529
SUMÁRIO: A terapia anti-retroviral evoluiu até ao ponto de transformar a sida numa doença crónica. Apesar do estigma, é cada vez mais fácil lidar com uma infecção por VIH. Mas esse progresso não travou os esforços dos cientistas que procuram a resposta definitiva: vermo-nos livres deste vírus para sempre.
TEXTO: Atacar os reservatórios onde o VIH se “esconde” e resiste meio adormecido numa pessoa infectada e em tratamento? Aumentar as hipóteses de autodefesa do nosso organismo para evitar a infecção ou para melhor a combater? Encontrar um tratamento que funcione como uma “cura funcional”, uma espécie de vacina terapêutica? Sim, sim e sim. Carla Ribeiro e Susana Valente são duas investigadoras portuguesas que, na Holanda e nos EUA, procuram respostas definitivas para a epidemia que a ciência já ajudou a transformar numa doença crónica nos países mais desenvolvidos. São apenas dois bons exemplos da persistência dos cientistas contra este vírus resistente. “O vírus é muito esperto”, diz Carla Ribeiro ao PÚBLICO, confessando que isso é um dos mais interessantes desafios do seu trabalho. A investigadora está no Departamento de Imunologia Experimental do Centro Médico Académico da Universidade de Amesterdão, na Holanda, procura uma forma de fortalecer as nossas armas naturais para combater este vírus. Quer provar que podemos ser mais espertos do que o VIH. Há um ano, Carla Ribeiro publicou um artigo na revista Nature onde nos contava que existiam umas células (Langerhans) presentes na epiderme que eram resistentes ao VIH. Estas células, explicava, usavam um mecanismo (autofagia) para “triturar” o vírus, e que funcionava como uma “barreira natural” à infecção. Um ano depois, Carla Ribeiro não deu um, mas vários passos em várias direcções. Está agora a analisar uma série de amostras de sangue recolhidas entre os anos 80 e 90 de doentes infectados com VIH. E o recuo ao início da epidemia, numa altura em que as pessoas infectadas não eram tratadas com as eficazes terapias anti-retrovirais, já deu resultados. Limitada à análise do sangue, longe das células da epiderme que estudou antes, a cientista centrou-se no estudo do mecanismo da autofagia, que funciona como uma autodefesa do organismo, e procurou genes com um papel importante nesta operação de limpeza do vírus que as células conseguem fazer. “Identifiquei um gene que, com uma determinada mutação, confere uma vantagem para este mecanismo de autofagia”, adianta, admitindo que está a estudar outros genes suspeitos de funcionarem como aliados na luta do organismo contra a infecção. “Num grupo de cerca de 300 doentes do início da epidemia e que não receberam terapia anti-retroviral percebemos que cerca de 10% sobreviveu mais tempo, cerca de 180 meses, e que esses tinham essa mutação genética”, explica. O trabalho desvenda, assim, uma espécie de “vantagem natural” genética de algumas pessoas para combater o vírus. Agora, o plano é estudar melhor este mecanismo e perceber se esta mutação genética também funciona para atenuar os efeitos secundários (como doenças cardiovasculares e início precoce de demências) que têm sido associados a doentes que fazem terapias anti-retrovirais. Depois, mais tarde e a confirmar-se esta “vantagem” natural, já “só” faltará desenvolver um fármaco que imite os efeitos deste mecanismo conseguindo que todos os doentes partilhem o mesmo benefício desta “barreira” à infecção. “As pessoas com esta mutação genética parecem ter melhores níveis de autofagia e também uma redução das reacções inflamatórias. Primeiro, precisamos de perceber bem como e por que é que isto acontece e, depois, vamos tentar simular o mesmo mecanismo com fármacos”, diz Carla Ribeiro. A investigadora fala com entusiasmo do trabalho que desenvolve na Holanda desde 2011 e que, além de vários artigos publicados em revistas científicas, já mereceu um reconhecimento público. Esta semana, a cientista portuguesa recebeu o prémio atribuído pela Fundação Holandesa de Monitorização do VIH ao melhor trabalho de investigação sobre o vírus, numa cerimónia que contou com a presença de Timothy Ray Brown, a única pessoa que, até hoje, ficou livre do vírus da sida, depois de um transplante de medula em 2007, e que ficou conhecida como o paciente de Berlim. “Foi um momento muito especial”, diz a investigadora, valorizando a presença de Timothy Ray Brown que reconhece como um caso especial (e único) mas, nota, que é sobretudo um exemplo importante pela mensagem de esperança que transmite a todos os doentes. Apesar dos “passos gigantes” dos cientistas no estudo desta doença, o objectivo continua a ser encontrar uma cura, seja uma vacina preventiva ou terapêutica, e essa meta ainda não foi alcançada, constata. “Acredito que estamos perto. Mais perto do que nunca, ainda que tenha consciência que ainda vai demorar alguns anos”, refere, apontando para as várias estratégias que vão desde a procura de uma vacina que impeça a infecção até à destruição dos reservatórios que o vírus mantém no organismo das pessoas infectadas e que têm a doença controlada com a terapia anti-retroviral. Numa outra frente de trabalho (e do outro lado do planeta), a investigadora portuguesa Susana Valente foi notícia também pelos avanços conseguidos nesta área do VIH. Num artigo publicado na revista Cell Reports, a cientista que trabalha no Instituto de Investigação Scripps, na Florida (EUA), divulgou os resultados de experiências com ratinhos que apontam para uma possível “cura funcional” da infecção por VIH. Simplificando os resultados da sua investigação, Susana Valente usou um composto químico para colocar as células infectadas com VIH num “estado de coma profundo”. Segundo explicou ao PÚBLICO, a equipa usou um composto (dCA) para bloquear a replicação do vírus em células infectadas através da inibição de uma proteína chamada Tat, que já se sabia ter um papel decisivo na replicação do vírus. E quando a produção da proteína Tat é bloqueada, “é como se tivéssemos ali um carro parado sem gasolina que não consegue funcionar”, explica. O objectivo é usar este composto para transformar todas células infectadas (mesmo as que se escondem em reservatórios no organismo) num monte de sucata inútil e inofensiva para as pessoas. Ou seja, fazer com que o VIH seja “mais um” dos muitos retrovírus que transportamos no corpo mas que não nos fazem mal. Mas há um longo caminho a percorrer até se chegar a esse final feliz. A experiência em ratinhos mostrou, entre outros resultados, que o tratamento de um mês com o composto mantinha as células em estado de coma durante cerca de duas semanas. “Ao combinar o fármaco com a terapia de anti-retrovirais, em ratinhos com VIH-1 humanizado, o nosso estudo mostrou uma redução drástica do ARN do vírus, o que é realmente a prova de conceito para uma cura funcional”, refere a investigadora. Falta agora responder a todas as outras perguntas que ficam em aberto. Quanto tempo tem de durar o tratamento para ser eficaz? Com que doses? Este coma induzido pode ser permanente? Como? E, talvez a mais importante de todas as questões, será que esta abordagem funciona nas pessoas?Para já, adianta Susana Valente, a única certeza é que será preciso investir para que o duro e demorado processo de ensaios clínicos, com as suas várias etapas e regras rígidas, avance. No laboratório, já começaram algumas experiências com macacos que podem esclarecer alguns pontos importantes, ainda que a versão do vírus seja diferente. “Seria, pelo menos, outro modelo animal em que podemos provar a eficácia deste fármaco e há experiências no campo da imunologia que nos ratinhos não se podem fazer”, explica a investigadora. Mas, mais do que o dinheiro ou o esforço que é preciso investir nesta área, o maior desafio nesta luta conta o VIH é o próprio vírus. “Não só é esperto”, diz Susana Valente concordando com Carla Ribeiro, como é rápido a adaptar-se e tem uma forma muito especial de invadir as nossas células. A verdade é que há muitos outros vírus que conseguimos travar e para os quais existem vacinas. O que é que o VIH tem de especial? “A biologia deste vírus faz com que tenha uma capacidade de estar sempre a mudar. Muda muito rapidamente e está coberto de açúcares e o sistema imunitário não sabe muito bem o que aquilo é e não desenvolve anticorpos específicos. O problema ‘número um’ deste vírus é a resistência. Replica-se muito depressa e esconde-se. Vários pormenores fazem do VIH um vírus muito especial”, responde Susana Valente. “Têm sido feitos muitos progressos na compreensão de questões como a latência do vírus e dos reservatórios que ele mantém e o campo dos anticorpos específicos contra VIH também tem sido muito explorado”, enumera Susana Valente, referindo ainda os avanços recentes com uma molécula modificada associada ao principal receptor do vírus nos linfócitos T (o receptor CD4) que também pode vir a funcionar como uma vacina. “O que queremos é vermo-nos livres do vírus para sempre, ponto final. Tirar de lá o material genético. Mas para fazer isso é preciso saber distinguir quais as células infectadas das que não estão infectadas e, quando o vírus está a dormir, não expressa proteínas ou expressa muito poucas, não sabemos onde estão essas células”, refere ainda Susana Valente. Seria decisivo, por exemplo, encontrar um marcador específico para todas células infectadas com VIH. Enquanto isso, joga-se com as cartas que temos. Hoje há, por exemplo, nota a cientista, formas de eliminar ou introduzir uma mutação num gene mas, nesse cenário, é preciso saber o que se está a procurar. “No caso do VIH não se sabe bem, portanto isso teria de ser combinado com uma abordagem em que, primeiro, tem de se acordar o vírus e depois eliminá-lo. ” A estratégia conhecida como “shock and kill” (choque e morte) é uma das áreas mais exploradas nos últimos anos na investigação do VIH. Susana Valente vê alguns riscos nesta abordagem popular. “É algo arriscada porque estamos a falar de drogas que estão a acordar o vírus e que, em muitos casos, não são específicas para o vírus e, por isso, vão activar outros genes que deviam estar dormentes e podemos estar a criar outros problemas fora deste alvo, como cancro ou outras coisas”, argumenta. Por outro lado, acrescenta, a reacção à reactivação do vírus depende de um sistema imunitário capaz de funcionar bem, em que os linfócitos T CD8 sejam capazes de reconhecer os linfócitos T CD4 infectados e, na verdade, os doentes após vários anos a fazer terapias terão um sistema imunitário menos competente. “Neste campo do ‘shock and kill’, todos os esforços estão agora a chegar ao ponto em que se percebeu que é preciso arranjar fármacos que activem o vírus de uma forma muito mais específica e que sejam muito fortes, porque temos de conseguir acordar até ao último vírus e, por outro lado, temos de promover uma imunocompetência dos linfócitos CD8”. Por fim, refere, “o ‘shock and kill’ no cérebro é uma péssima ideia porque a vigilância imunitária aí é muito pior do que no resto do corpo”. Parece ser fácil concluir que esta não é a abordagem escolhida por Susana Valente. À sua estratégia a cientista chamou “block and lock” (que traduzindo significa “bloquear e prender”), ou seja, bloqueia-se a reactivação do vírus nas células e prende-se o VIH num estado de coma e, espera-se, duradouro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A verdade é que mesmo com todos os avanços feitos nos tratamentos, os esforços para conseguir uma cura para a sida não parecem abrandar ao contrário do que aconteceu com outras doenças “controladas”, como a hepatite B. “O VIH é diferente. Existe o problema da resistência, que faz com que seja preciso procurar sempre novos medicamentos e é uma epidemia mundial”, diz Susana Valente. Há uma expressão que já se tornou um lugar-comum: a sida transformou-se numa doença crónica. Mas, Carla Ribeiro avisa que isso apenas vale para “uma fracção do mundo”, a dos países mais desenvolvidos, para a Europa, EUA, entre outros. Em regiões como África, por exemplo, a luta é mais dura e o vírus cresce com a ajuda de aliados como a pobreza, que cria barreiras ao acesso a tratamentos e da cultura muitas vezes baseada no “domínio do homem” em relações íntimas, onde ainda não há espaço para o recurso ao preservativo. “Nós já temos a cura para a sida. É o preservativo”, constata. Cada vez que publica um artigo científico sobre VIH, Susana Valente recebe cartas ou emails de doentes com VIH a contar as suas histórias. Quer dizer-lhes, um dia, que foi encontrada a solução. Uma vacina, um final feliz. É para isso que trabalha. Para o preconceito e estigma que ainda roubam um beijo, um simples toque na mão, um emprego, um amigo a muitas pessoas infectadas com VIH, já existe uma vacina: é informação.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
O que é que o isolamento social faz ao cérebro?
Estudo em ratinhos mostra que um isolamento social prolongado leva à produção em excesso de um produto químico no cérebro que, por sua vez, está associado a um aumento de agressividade e medo. (...)

O que é que o isolamento social faz ao cérebro?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.033
DATA: 2018-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo em ratinhos mostra que um isolamento social prolongado leva à produção em excesso de um produto químico no cérebro que, por sua vez, está associado a um aumento de agressividade e medo.
TEXTO: Primeiro estudaram os efeitos do isolamento social crónico em moscas-da-fruta, um modelo animal muito usado pelos cientistas, e descobriram que existia um produto neuroquímico que desempenhava um papel importante na agressividade. Agora, a mesma equipa de cientistas encontrou o mesmo sinal químico no cérebro de ratinhos que estiveram isolados durante um período longo e demonstraram como está associado a um aumento do medo e da agressividade. Mais do que isso, perceberam que é possível bloquear a produção deste composto químico no cérebro e anular os seus efeitos negativos. O estudo publicado na revista Cell pode ser importante para novas estratégias de tratamento de doenças mentais em humanos. Uma equipa liderada por David J. Anderson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, nos EUA, publicou um artigo em 2014 na Cell que mostrava como um sinal químico estava associado a um aumento da agressividade após uma situação de isolamento social, num estudo com moscas-da-fruta. Agora, a mesma equipa observou o que se passava no cérebro de ratinhos, dissecando as raízes do stress causado pelo isolamento social crónico. No artigo publicado agora, os cientistas apresentam um dos mecanismos desencadeados pelo isolamento social crónico em ratinhos e que faz com que o cérebro mude de uma maneira profunda. E, desta vez, mais do que apenas a agressividade, os investigadores procuraram também o “gatilho” para o medo ou a ansiedade que estão associados ao stress provocado pelo isolamento social crónico. “Conseguimos identificar um neuropeptídeo – uma pequena molécula no cérebro que as células usam para comunicar umas com as outras – que controla vários comportamentos que estão associados ao isolamento social crónico. Percebemos que este componente da família de neuropetídeos da taquiquinina, o Tac2, era produzido em excesso no cérebro dos ratinhos. Aumentava em várias regiões do cérebro”, explica ao PÚBLICO a primeira autora do artigo, Moriel Zelikowsky. O comunicado do Instituto de Tecnologia da Califórnia refere um exemplo de uma das experiências. “Ao encontrar um estímulo ameaçador, os ratinhos que foram socialmente isolados permanecem imóveis no mesmo local por muito tempo depois de a ameaça passar, enquanto os ratinhos normais retomam a sua actividade logo depois de a ameaça desaparecer. ”O trabalho permitiu ainda que os investigadores percebessem que um dia de isolamento social não é suficiente para causar um efeito. Segundo explicam, a overdose do sinal químico e os seus efeitos negativos no comportamento surgiram quando os ratinhos foram submetidos a uma espécie de pena na “solitária” no laboratório, privados de qualquer contacto com outros animais durante duas semanas. O aumento do sinal químico no cérebro dos ratinhos não era subtil. Era evidente. “Entre oito e dez vezes mais do que o normal”, esclarece a investigadora. Por outro lado, esta produção em excesso do composto neuroquímico acontecia em diferentes regiões do cérebro. Uma das mais importantes revelações desta investigação estará no facto de ser possível reverter estes efeitos com um fármaco que actua nos receptores destes sinais. “Descobrimos que, se tentássemos manipular este mecanismo para bloquear o sinal químico em determinadas regiões do cérebro, conseguíamos atenuar ou mesmo anular alguns destes efeitos negativos do isolamento social”, sublinha Moriel Zelikowsky. Na experiência com ratinhos, os cientistas verificaram que o “tratamento” com um composto levava a uma recuperação do comportamento dos ratinhos isolados, permitindo mesmo uma nova reinserção no grupo sem que atacassem os companheiros, ao contrário do que faziam os isolados e agressivos animais que não foram tratados. Para testar o “poder” deste composto neuroquímico, os investigadores também encontraram uma forma de produzir artificialmente este sinal no cérebro de ratinhos que estavam inseridos em grupos. “Quando fizemos isso, vimos que imitavam muitos dos efeitos do isolamento social”, constata David J. Anderson. Por fim, usaram o mesmo fármaco para fazer um levantamento dos sinais em diferentes regiões do cérebro e perceberam que têm diferentes efeitos. Assim, o bloqueio do sinal na região cerebral da amígdala eliminou o medo, mas não a agressão. A mesma estratégia usada no hipotálamo eliminou a agressão, mas não o medo. Depois do passo entre a mosca-da-fruta e os ratinhos, falta saber se este conhecimento pode ser útil para os humanos. As experiências ainda não foram feitas, mas o ponto de partida é promissor, uma vez que sabemos que este sinal químico também é produzido no nosso cérebro. “O facto de haver alguma conservação das moscas-da-fruta para os ratos faz-me pensar que esse peptídeo pode ter algum papel em algumas formas de stress e nos seus efeitos no cérebro dos seres humanos”, diz David Anderson no comunicado da revista Cell sobre o estudo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por outro lado, o fármaco que os investigadores usaram no estudo com ratinhos para bloquear esta reacção “tóxica” do cérebro e atenuar ou eliminar os seus efeitos negativos tinha sido desenvolvida para tratar distúrbios como a esquizofrenia e a doença bipolar, mas sem grande sucesso. “Este nosso estudo levanta a possibilidade de que este fármaco possa ser reaproveitado para tratar outros distúrbios psiquiátricos que estão associados ao isolamento social em seres humanos – não apenas em casos de encarceramento em celas solitárias, mas talvez no stress de um luto ou outros tipos de stress”, admite o líder da equipa de cientistas. Moriel Zelikowsky refere outra importante vantagem que este estudo poderá trazer para os humanos: “Identificar um neuropeptídeo que está especificamente relacionado com o stress de isolamento crónico e saber quais são as regiões associadas a certos comportamentos, como fizemos neste estudo, pode ajudar-nos a definir um alvo para atacar com um fármaco que, assim, terá melhores resultados e menos efeitos secundários, em vez de afectar todo o cérebro. ”Num esforço de tradução dos resultados obtidos em ratinhos, a investigadora calcula que uma situação de isolamento de duas semanas possa equivaler a um período de seis meses a um ano para uma pessoa. E que tipo de isolamento estamos a falar? “A tradução literal seria algo muito semelhante ao que acontece quando colocamos uma pessoa numa cela solitária. Sabemos que isso provoca danos na saúde mental”, diz, admitindo que há actualmente outras formas preocupantes de isolamento social que podem ter consequências na saúde mental. Por exemplo: “Sabemos que, com o aumento do uso das redes sociais, há jovens que passam muito menos tempo a interagir fisicamente com outras pessoas, por isso estão, na verdade, muito mais sozinhos do que alguma vez estiveram. E isto pode provocar algum tipo de resposta nalgumas zonas do cérebro. Não sabemos. ”
REFERÊNCIAS:
A alimentação é o que mais pesa na pegada ecológica de Portugal
Saldo entre a pegada ecológica e a capacidade de regeneração dos recursos naturais coloca seis municípios portugueses sempre no papel de devedores. Concelhos do interior querem ser compensados pelo desempenho produtivo. (...)

A alimentação é o que mais pesa na pegada ecológica de Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2018-12-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181202192824/https://www.publico.pt/n1849552
SUMÁRIO: Saldo entre a pegada ecológica e a capacidade de regeneração dos recursos naturais coloca seis municípios portugueses sempre no papel de devedores. Concelhos do interior querem ser compensados pelo desempenho produtivo.
TEXTO: O conceito de pegada ecológica é quase sempre colado à emissão de dióxido de carbono com origem nos transportes. E ainda que esta seja a segunda componente mais relevante, a alimentação é a principal alavanca das pegadas excessivas de seis municípios portugueses que quiseram calcular a pressão que o consumo dos seus cidadãos exerce sobre os ecossistemas. Foi isso que um projecto que junta a associação ambientalista Zero, a Global Footprint Network (responsável pelo conceito e métrica da pegada ecológica) e a Universidade de Aveiro fez para Almada, Bragança, Castelo Branco, Guimarães, Lagoa e Vila Nova de Gaia. É a primeira vez que se olha para a pegada ecológica ao mesmo tempo que se calcula a biocapacidade dos municípios. A pegada ecológica mede a área – em terras de cultivo, pastagens, florestas, áreas de pesca – que um cidadão precisa para produzir o que consome e absorver o lixo que produz. A biocapacidade mede aquela que está disponível para regenerar esses recursos. Ambas são medidas em hectares globais (gha) por pessoa e, para este estudo, baseiam-se em dados de 2011 a 2016. Ficou demostrado que estes municípios – como, aliás, Portugal e outros cerca de 130 países – consomem mais recursos do que aqueles que estão disponíveis, ficando a dever à natureza. O peso do consumo insustentável de produtos alimentares é tão evidente neste cálculo que os investigadores decidiram desagregá-lo e calcular a pegada ecológica da alimentação. Não é surpreendente que os municípios com mais população sejam aqueles com maior peso na pegada nacional: Vila Nova de Gaia, Almada e Guimarães representavam, respectivamente, 2, 9%, 1, 7% e 1, 4% da pegada ecológica de Portugal, em 2016. E que a biocapacidade seja mais elevada nos concelhos com vasto manto florestal e agrícola. Castelo Branco e Bragança são, por isso, os que mais contribuem para o total nacional, com 0, 9% e 0, 7%, respectivamente. O que não era esperado, diz Sara Moreno Pires, coordenadora científica do projecto e professora na Universidade de Aveiro, eram as elevadas pegadas ecológicas nestes dois municípios interiores. Um cidadão de Castelo Branco precisa de 4, 02 gha – e um de Bragança de 4, 01 gha – de área produtiva para suportar o seu estilo de vida. Em média, os portugueses precisam de 3, 94 gha por pessoa. Isto explica-se pelo que os cidadãos colocam no prato. Bragança tem uma pegada ecológica na alimentação 19% superior à média nacional (1, 27 gha, quando a média é 1, 16 gha). E a alimentação já é, para todo o país, o elemento que mais pressão traz aos ecossistemas. “Os nossos padrões de consumo são de tal forma similares nas zonas urbanas que o impacto que a interioridade poderia ter é diluído”, diz a investigadora da Universidade de Aveiro. Nestes seis municípios, o consumo de proteína animal corresponde a mais de metade da pegada da alimentação: a carne pesa entre 23% a 28%, e o peixe cerca de 26%. E se tivermos em conta que a produção de carne vermelha, de bacalhau, atum e salmão – os peixes mais consumidos em Portugal – exige muitos recursos naturais, justifica-se por que Portugal é dos países mediterrânicos cuja alimentação mais mal faz ao planeta. É também dos que precisa de mais espaço produtivo para ter que comer, demonstrou um estudo de 2015 da Global Footprint Network. “Isto reflecte a forma como vivemos em torno da comida. Temos que assumir uma mudança no consumo – passar de um quilo de bacalhau para um quilo de cavala, por exemplo”, diz Sara Moreno Pires. A mudança deve passar também pela redução do desperdício na restauração, a compra de produtos locais para as cantinas e a criação de redes de produtores locais. Depois disso, só os transportes têm um peso significativo na pegada ecológica (entre 19 e 23%). Em termos de pegada ecológica, os concelhos de Castelo Branco e Bragança só são ultrapassados por Almada, que chega aos 4, 8 gha por pessoa. Aliás, se a população mundial consumisse como os cidadãos de um destes três municípios, seriam necessários 2, 4 planetas para repor os recursos naturais. A questão pode ainda ser vista noutro prisma. Se a população mundial consumisse como consome, em média, um cidadão de Almada, os recursos que o planeta é capaz de produzir num ano teriam esgotado a 27 de Maio. O mesmo acontecia a 30 de Maio se todos fossem como os bragantinos ou os albicastrenses. No mais tardar, o dia de sobrecarga da Terra acontecia a 4 Julho, se o consumo humano seguisse o padrão dos habitantes de Lagoa. Este é o concelho com a menor pegada (3, 25 gha), facto que os investigadores atribuem ao menor poder de compra. Também por isso, este valor diverge tanto da pegada ecológica média de um cidadão da região do Algarve (é 16% menor). Estes dados, vistos de forma isolada, permitem aos municípios tomar políticas mais informadas e entender melhor os problemas ambientais do território. Mas Sara Moreno Pires considera que não se pode assumir que todas as cidades têm que ser, por si só, sustentáveis. Ainda que haja oportunidade para valorizar e proteger os recursos naturais, de forma a tirar melhor proveito deles, há condicionantes locais – como a densidade populacional em concelhos fortemente urbanos, os padrões de consumo e poder de compra, ou o perfil das actividades económicas – que são difíceis de ultrapassar para se equilibrar a balança entre o que se gasta e o que se produz. Por isso, as “zonas urbanas precisam de valorizar os territórios do interior, porque é aí que está a capacidade produtiva”. São esses que permitem que a balança não seja mais desequilibrada. Esta necessidade de valorizar economicamente a biodiversidade e compensar os municípios que gerem territórios importantes para a sustentabilidade do país, que tem sido defendida por académicos e ambientalistas, foi apoiada pelos autarcas dos concelhos com maior biocapacidade, Bragança e Castelo Branco, durante a apresentação dos estudos, esta semana, nestas cidades. Afinal, o “equilíbrio litoral-interior é também vital para a sustentabilidade do país”, diz Sara Moreno Pires. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O mesmo é aplicável a nível local, por exemplo, se se “compensar um proprietário privado que tem uma área florestal importantíssima para o concelho para a poder preservar", exemplifica. A partir do próximo ano, estes concelhos vão poder aprofundar estes resultados e testar opções de mitigação com o auxílio de calculadoras online de pegada ecológica que, pela primeira vez, serão alimentadas por dados portugueses, calibrados para o contexto de cada município. E outros municípios podem juntar-se ao projecto, conhecendo mais de si e ajudando a construir uma imagem mais completa da pegada que, localmente, se deixa no ecossistema nacional.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave carne consumo estudo animal