Boom: mais do que um festival, um exemplo a seguir
Devido às notícias sensacionalistas, as pessoas assumem que o Boom Festival é "só para gente doida ou drogada", o que revela uma completa falta de conhecimento. (...)

Boom: mais do que um festival, um exemplo a seguir
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-08-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Devido às notícias sensacionalistas, as pessoas assumem que o Boom Festival é "só para gente doida ou drogada", o que revela uma completa falta de conhecimento.
TEXTO: Todos os anos anseio que chegue o Verão para ver em palcos nacionais os melhores artistas e DJ nacionais e internacionais. Mas há um festival pelo qual tenho vindo a ganhar um apreço especial: o Boom. Este ano decorreu mais uma edição. É um dos maiores festivais do mundo dedicado aos espíritos livres e, como descrito pela organização, quer reunir "a tribo psicadélica global”. Leva, de dois em dois anos, mais de 30 mil pessoas a Idanha-a-Nova; no entanto, nem sempre é visto de forma positiva. Apesar de receber rasgados elogios internacionais, arrecadando prémios na área ambiental, sendo aclamado por órgãos de comunicação social como o The Guardian ou a Rolling Stone e contando até com o reconhecimento da ONU, continua a ser denegrido pelos média nacionais. As únicas notícias a que dão destaque são as que referem as apreensões de droga, não dando o devido valor e destaque ao evento e às individualidades que dele fazem parte — este ano, por exemplo, esteve presente Leo Axt, o embaixador alemão da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN), organização que em 2017 ganhou o Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho de sensibilização para as consequências catastróficas deste tipo de armamento. Devido a estas notícias sensacionalistas, as pessoas assumem que este festival é "só para gente doida ou drogada", o que revela uma completa falta de conhecimento. Fui pela segunda vez ao Boom e nunca consumi estupefacientes, à semelhança do que acontece com outros festivaleiros. Em qualquer festival, há pessoas que cometem excessos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas o Boom não é apenas um festival de música, é também um festival de arte, de cultura e de diversidade, onde pessoas de mais de 100 países se juntam para ouvir música electrónica e trance, celebrar a vida em comunhão com a natureza. A organização é exímia nos detalhes e pensa em nós, festivaleiros. É bonito ver famílias e pessoas a conviverem umas com as outras, não havendo distinção entre raças, género ou orientações individuais, políticas ou ideológicas. Além disso, este é talvez um dos festivais que mais se preocupa com o ambiente, quer na preservação da natureza e na promoção da reciclagem, quer nas acções que promove, transmitindo esses valores à sociedade. Este ano, os festivaleiros foram convidados a partilhar boleias e foram colocados à disposição 230 autocarros (que representaram 30% das deslocações), reduzindo as emissões de poluentes. Prova dessa mesma preocupação são ainda as 378 casas de banho de compostagem onde não são utilizados químicos ou água, sendo que os resíduos são utilizados para fertilização do solo. Além disso, toda a louça utilizada na zona da restauração, bem como nos bares, era biodegradável, o que diminui drasticamente a utilização de plásticos. Existia também uma eco team responsável pela recolha e separação de resíduos, evitando assim qualquer poluição no solo. E em 2014 nasceu o Boom Karuna Project, que tem ajudado o Centro de Resgate de Animais de Castelo Branco e que apoiado o centro de necessidades especiais (AERID) e o movimento escolar local Sementes do Interior. Leave no trace é o lema. Mais do que um festival é, acima de tudo, um exemplo a seguir.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Deitas lentes de contacto na sanita? O ambiente é que sofre
Investigação mostrou que muitas pessoas não deitam as lentes no lixo indiferenciado, como é desejável. E isso significa mais microplástico a poluir o ambiente. (...)

Deitas lentes de contacto na sanita? O ambiente é que sofre
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.31
DATA: 2018-08-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Investigação mostrou que muitas pessoas não deitam as lentes no lixo indiferenciado, como é desejável. E isso significa mais microplástico a poluir o ambiente.
TEXTO: Usou lentes de contacto boa parte da sua vida e um dia uma dúvida começou a bailar na sua cabeça. O que aconteceria às pequenas lentes de plástico que todos os dias milhares de pessoas como ele deitavam fora? Rolf Halden, investigador na Universidade Estadual do Arizona, tinha há muito o alerta plástico accionado, com vários trabalhos na área da poluição por este material publicados, mas não conhecia nada sobre o impacto das lentes de contacto descartáveis no ambiente. Por isso pôs-se a investigar. Este domingo, 19 de Agosto, o resultado foi apresentado num encontro na Sociedade Americana de Química, em Boston, e tornou-se um alerta para milhões de utilizadores de lentes. Se têm como hábito deitá-las na sanita ou no lavatório, fiquem a saber que estão a contribuir para a poluição do planeta. Apesar da pequena dimensão — e de parte da sua constituição ser água —, as lentes não se dissolvem completamente e as estações de tratamento de águas residuais não têm capacidade de as eliminar. Segundo dados recolhidos pelos investigadores, 15 a 20% dos 400 participantes no estudo deitam as lentes na sanita ou lavatório em vez de as depositarem no lixo. E se olharmos para a estimativa do número de utilizadores de lentes descartáveis a dimensão do problema torna-se significativa: são 45 milhões só nos EUA. O caminho percorrido pelas pequenas lentes, já sabemos, é uma espécie de ciclo e volta sempre ao ponto de partida. Depois de estarem nas estações de tratamento de águas, as lentes, que não são biodegradáveis, são apenas parcialmente destruídas. Depois, juntam-se a outros microplásticos que frequentemente são ingeridos por animais aquáticos. E é aí que voltam muitas vezes a nós. À hora da refeição. Rolf Halden, Varun Kelkar e Charles Rolsky, estudante de pós-graduação e principal autor do estudo, entrevistaram trabalhadores de estações de tratamento e confirmaram a existência de lentes no lixo. Por outro lado, ao fazerem a vistoria a resíduos tratados, os investigadores encontraram fragmentos de lentes de contacto, percebendo que em dois quilos de lama de águas residuais havia, em média, um par de lentes. Esta lama é frequentemente aplicada na terra, o que abre caminho à introdução de plásticos também nos ecossistemas terrestres. “Quando o plástico da lente perde parte da sua força estrutural, ele rompe-se fisicamente. Isso leva a partículas de plástico menores, o que acabará por formar microplásticos”, explica Kelkar num artigo publicado no site da Universidade Estadual do Arizona. “Isto são materiais médicos, não era expectável que fossem super biodegradáveis”, aponta Rolf Halden, sublinhando que tal característica é boa para o utilizador mas pouco interessante para o ambiente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A pesquisa inédita quer chegar à indústria das lentes e alterar comportamentos. “Um primeiro passo simples seria que os fabricantes fornecessem na embalagem do produto informações sobre como descartar adequadamente as lentes de contacto, simplesmente colocando-as no lixo com outros resíduos sólidos”, explica Halden, deixando um desejo em forma de desafio para o futuro: a criação de lentes que sejam biodegradáveis. Enquanto isso não é possível, deitem as vossas lentes no lixo indiferenciado. E jamais na sanita ou lavatório. Artigo corrigido às 19h40.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Cidade na Austrália põe redes nas saídas de canos para reter o lixo
Uma cidade na Austrália está a testar a instalação de redes que prendem o lixo que sai dos tubos de drenagem, de forma a impedir a contaminação de uma reserva natural. O teste "foi um sucesso" (até no Facebook) e a câmara já está a pensar em novas localizações. (...)

Cidade na Austrália põe redes nas saídas de canos para reter o lixo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma cidade na Austrália está a testar a instalação de redes que prendem o lixo que sai dos tubos de drenagem, de forma a impedir a contaminação de uma reserva natural. O teste "foi um sucesso" (até no Facebook) e a câmara já está a pensar em novas localizações.
TEXTO: A cidade de Kwinana, na Austrália, está a testar uma solução que permite diminuir as descargas de lixo dos sistemas de drenagem: instalou redes nas saídas dos canos que prendem o lixo, impedindo-o de sair do tubo. O sistema foi montado em Março, em duas localizações da reserva de Henley, próxima de zonas residenciais. Pretende prevenir que resíduos sólidos, de dimensões médias, oriundos das zonas residenciais e transportados pelas águas das chuvas acabem por contaminar a reserva natural. Desde aí, as duas redes foram limpas três vezes. Foi recolhido um total de 370 quilogramas de lixo, maioritariamente “embalagens de comida, garrafas, areia e folhas de árvores”, lê-se no portal de notícias da câmara. O lixo recolhido por camiões é transportado para uma central de separação que também processa os resíduos biodegradáveis, transformando-os em adubo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Até à data, nenhum animal ficou preso nas redes, que tiveram um custo total, da instalação à manutenção, de 20 mil euros. Espera-se que a iniciativa “poupe custos relacionados com a recolha do lixo espalhado na reserva, que antes era feita à mão”. Nestes primeiros cinco meses, o teste focou-se em áreas “onde os canos de drenagem fazem a descarga em espaços públicos abertos e em reservas”. E foi “um sucesso”, pelo que já foram identificadas mais três localizações onde as redes poderiam ser instaladas. O projecto vai agora ser proposto para o orçamento de 2019/2020. A câmara partilhou a medida no Facebook, a 4 de Agosto, e a imagem de uma rede cheia de lixo já foi partilhada mais de 125 mil vezes. A “atenção internacional” que o projecto agarrou, escreveu depois a mayor Carol Adams, “só mostra o quão importante é para os governos começarem a focar-se em iniciativas ambientais” e “perceberem que pequenas acções podem ter grandes impactos”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave animal
Andamos a temperar a comida com sal que tem microplásticos
Estudo analisou 17 amostras de sal de mesa vendido em oito países (incluindo Portugal) e confirmou contaminação com microplásticos. Uma das três amostras portuguesas testadas atingiu o máximo observado com dez microplásticos por quilo de sal. (...)

Andamos a temperar a comida com sal que tem microplásticos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo analisou 17 amostras de sal de mesa vendido em oito países (incluindo Portugal) e confirmou contaminação com microplásticos. Uma das três amostras portuguesas testadas atingiu o máximo observado com dez microplásticos por quilo de sal.
TEXTO: Sim, é verdade, andamos a temperar a nossa comida com microplásticos. Mas, calma, não é (ainda) caso para alarme. Uma equipa de cientistas procurou minúsculas partículas de plástico em 17 marcas de sal vendidas em oito países, incluindo Portugal. A maioria estava contaminada mas com doses baixas, que dificilmente têm qualquer efeito imediato na saúde dos consumidores. O problema é que estas “microbombas” estarão em muitos outros produtos que vêm do mar (e não só). “Os plásticos são o lobo mau do século XXI”, avisa Ali Karami, investigador na Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Putra, na Malásia, e principal autor do artigo publicado na revista Scientific Reports, do mesmo grupo da revista Nature. O processo é simples. Todos os anos despejamos entre cinco e 13 milhões de toneladas de plásticos para os oceanos. A luz solar e a água desfazem este lixo até às mais minúsculas partículas. Quando têm menos de cinco milímetros são chamados “microplásticos”. Fazem, por isso, parte da dieta de muitas espécies marinhas, desde o zooplâncton (que serve de alimento a outros animais) até às baleias. A este ingrediente que envenena o mar, o homem conseguiu juntar ainda outros como as microesferas plásticas, que estão em muitos produtos de higiene e cosmética (pasta de dentes, champô, gel de banho ou detergentes) e que, depois do esgoto, também acabam nos oceanos. Mas, tal como na história do feitiço que se volta contra o feiticeiro, há uma parte do plástico que despejamos no mar que estará a voltar para nós, em pedacinhos minúsculos, em tudo o que retiramos de lá. Incluindo, como prova este estudo, o sal. E, aparentemente, o plástico que regressa será ainda pior do que o que deitamos ao lixo. “Os plásticos funcionam como esponjas e, por isso, conseguem absorver um elevado volume de contaminantes da água onde estão. Como normalmente ficam na água durante bastante tempo, existe a oportunidade para absorverem uma quantidade significativa de poluentes”, explica Ali Karami. O cientista fala em “microbombas”. “Os microplásticos podem libertar poluentes no nosso organismo que, a longo prazo, podem provocar problemas de saúde. Por isso, dizemos que são microbombas”, explica o investigador, em resposta ao PÚBLICO, sublinhando que o perigo não será muito elevado tendo em conta o reduzido tamanho destas partículas. Assim, conclui, “apenas o consumo contínuo e a longo prazo de produtos com microplásticos será motivo para preocupação”. Infelizmente, presume-se, que seja precisamente isso que esteja a acontecer. “Estamos a consumir microplásticos em vários produtos, incluindo marisco, mel e até cerveja. Assim, o sal não é o único culpado”, avisa Ali Karami. O que o estudo liderado por investigadores na Malásia, com a colaboração de cientistas em França e no Reino Unido, fez foi, precisamente, confirmar que o sal é um das boleias que o plástico apanha para fazer a viagem de regresso até nós. Como? Procuraram microplásticos em 17 marcas de sal à venda na Austrália, França, Irão, Japão, Malásia, Nova Zelândia e África do Sul. “Os microplásticos só estavam ausentes numa das marcas, enquanto as outras continham entre um a dez microplásticos por quilo de sal”, referem no artigo. Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas. A análise foi particularmente cuidadosa se tivermos em conta que os cientistas só procuraram microplásticos até um milímetro de tamanho (a regra mais comum e geral é considerar as partículas com menos de cinco milímetros). Além de microplásticos, foram encontradas outras coisas no sal. Assim, das 72 partículas extraídas de todas as amostras, 41, 6% eram polímeros plásticos, 23, 6% eram pigmentos (associados muitas vezes a aditivos colocados nos plásticos), 5, 5% eram carbono livre e 29, 1% ficaram por identificar. Num dos gráficos do artigo, encontra-se informação mais detalhada sobre as análises às diferentes amostras. Uma das três marcas portuguesas analisadas destaca-se pelos piores motivos, alcançando o máximo registado de dez partículas de microplásticos (nylon, polipropileno, polietileno, entre outros) por quilo de sal. As outras duas marcas não continham qualquer partícula de polímeros plásticos mas, em compensação, tinham partículas de diversos pigmentos. Em resposta ao PÚBLICO, Ali Karami refere ainda que a possibilidade de contaminação das amostras pelas embalagens (algumas delas eram de plástico) foi tida em conta e descartada. “Assegurámos que a fonte dos microplásticos na amostra do sal não era a embalagem”, confirma. No artigo, os cientistas acrescentam que o facto de alguns dos fragmentos encontrados estarem já bastante degradados indica que já se encontravam há muito tempo no ambiente. “É preocupante saber que o sal, um ingrediente que se usa com muita frequência na alimentação, pode estar contaminado com microplásticos. Mas se estou surpreendida com isso? Não, não estou nada surpreendida com isso. Tenho a certeza que encontraremos o mesmo tipo de compostos e partículas noutros produtos alimentares que nunca foram analisados”, reage Paula Sobral, professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa que coordenou o projecto Poizon, dedicado à investigação sobre microplásticos nos oceanos. “Este estudo confirma que os microplásticos estão em todo o lado. São coisas que não vemos mas existem”, diz, juntando ainda a esta fotografia “todas as fibras sintéticas que se desprendem todos os dias para o meio aquático e não só”. “Basta olhar para um raio de sol a entrar por uma janela para ver uma data de partículas suspensa, muitas são microfibras sintéticas”, acrescenta. A investigadora nota, no entanto, que sobre a investigação científica nesta área está ainda numa fase inicial e com muitas incertezas e que falta, por exemplo, fazer uma cuidadosa análise de risco sobre os microplásticos. “Não temos nenhuma bitola. Não sabemos até que ponto é que há um risco ou não”, afirma ao PÚBLICO, defendendo que o que podemos dizer, para já, é que “existe um perigo potencial”. Por outro lado, acrescenta, há muito plástico no mar mas também em terra. “O plástico afirmou-se com algo de imprescindível e essencial no nosso quotidiano e, para nós, ainda representa mais uma conveniência do que um perigo”, diz, esclarecendo que não existe qualquer legislação específica sobre os microplásticos. Os autores do estudo defendem que as quantidades de microplásticos encontradas no sal (de Portugal e dos outros países) não são suficientes para ter qualquer tipo de impacto na saúde. Até porque, adiantam, o consumo máximo de partículas antropogénicas (que resultam da actividade do homem) para um indivíduo estará em 37 partículas por ano. Porém, a verdade é que ainda não se sabe muito sobre os microplásticos. Nem sobre as possíveis fontes, as quantidades que “entram” em alguns produtos ou o mal que nos podem fazer à saúde. “Os estudos em microplásticos estão numa fase muito inicial”, concorda Ali Karami, que acrescenta: “Ainda não sabemos quantos outros produtos estão contaminados com microplásticos, mas acreditamos que a maioria dos produtos que vêm do mar provavelmente tem. Por isso, os microplásticos no sal serão apenas uma minúscula parte da orquestra. ” Antes deste estudo apenas tinha sido publicado (em 2015) um outro trabalho por investigadores na China, mas que apenas dizia respeito às análises de sal da China, comprovando a sua contaminação com microplásticos. Agora, foi analisado sal de várias partes do mundo que confirma um efeito a nível global. Portanto, o investigador revela que encontraram microplásticos no sal, ao mesmo tempo diz-nos que isso (por si só) não nos fará mal mas logo a seguir acrescenta que o mais provável é que os microplásticos estejam em muitos outros produtos. O que, no final das contas e ao fim de algum tempo, nos poderá fazer mal. Perante isto, o que fazer?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É preciso saber mais sobre este problema para conseguir uma imagem mais completa, acredita Ali Karami. “Estamos a fazer vários estudos, cujos resultados ainda não foram publicados, e encontrámos microplásticos noutros produtos que vêm do mar. Infelizmente, a maioria dos produtos que testámos também está contaminada”, adianta ao PÚBLICO, concluindo que “o nosso planeta está a ser silenciosamente conquistado por estas microbombas”. Mais: “Se os microplásticos estão nestes produtos, isso significa que é impossível removê-los porque são tão minúsculos e tão numerosos. ” Então, mais uma vez, o que fazer? “As autoridades de saúde devem começar a monitorizar regularmente a presença destas microbombas. E, além disso, devem ser estabelecidas novas regras para garantir a segurança dos consumidores, assegurando que os produtos não contêm microplásticos. ” Isso quer dizer que, nesse futuro com regras, a amostra portuguesa que continha dez partículas de micropl��sticos por quilo de sal deveria ser retirada do mercado? “Possivelmente, sim”, responde o investigador. A maioria das pessoas não sabe que pode estar a ingerir plástico na comida, admite Ali Karami que também acredita que os próprios produtores de sal, neste caso, desconhecem esta realidade. E, insiste o cientista, é preciso frisar que o sal não será seguramente a única fonte de microplásticos na nossa dieta. A verdade é que a culpa não é do sal, nem de qualquer outra boleia que o plástico poderá estar a aproveitar para entrar nos nossos organismos e, potencialmente, prejudicar a nossa saúde. A culpa é mesmo toda nossa. Afinal, quem é que levou o plástico para os nossos oceanos?
REFERÊNCIAS:
Hélder Valente, o “original gangster” da permacultura
De Lagos à Amazónia, do México aos Açores. Há 20 anos que Hélder Valente viaja pelo mundo para difundir uma filosofia que só agora tem ganho popularidade: a permacultura. (...)

Hélder Valente, o “original gangster” da permacultura
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.375
DATA: 2018-12-10 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181210184409/https://www.publico.pt/n1838889
SUMÁRIO: De Lagos à Amazónia, do México aos Açores. Há 20 anos que Hélder Valente viaja pelo mundo para difundir uma filosofia que só agora tem ganho popularidade: a permacultura.
TEXTO: Na conferência em que esteve presente, no Anarcha Portugal, foi apelidado de “original gangster” da permacultura. E não é para menos. Há 20 anos que Hélder Valente se apaixonou pela permacultura, um conceito que só agora está a chegar ao grande público (em Portugal e no mundo). Hoje, com 38 anos, já percorreu mais de 40 países para dar a conhecer o sistema de princípios agrícolas que se pode tornar num estilo de vida e esteve no Porto, a 19 e 20 de Julho, para partilhar o que tem aprendido. Mas o que é a permacultura? Definições há muitas. Uns vêem-na como uma prática que está “um passo à frente da agricultura biológica”, outros já a associam a um movimento cultural e filosófico. Para Hélder, professor de permacultura há uma década, a forma mais simples de a explicar é através da imagem de “paraíso”. “A permacultura é criar o paraíso outra vez. Não apenas os jardins do paraíso, cheios de frutos deliciosos, mas também a parte social do paraíso – o vivermos em harmonia uns com os outros, não em competição, mas em colaboração. É aí que está a verdadeira sustentabilidade. Hoje, a permacultura foca-se em regenerar os ecossistemas, as florestas, mas também em explorar como é que as pessoas podem trabalhar em conjunto de uma forma mais eficiente. ”O termo foi cunhado por David Holmgren e Bill Mollison, no final dos anos 70, para descrever um “sistema integrado, em evolução, de espécies de plantas e animais perenes ou que se auto-perpetuam, úteis ao homem”. Mas o conceito evoluiu e, hoje, Holmgren define-o como: “Paisagens conscientemente projectadas que imitam os padrões e relacionamentos encontrados na natureza, enquanto fornecem uma abundância de alimentos e energia para suprir as necessidades locais. As pessoas, os edifícios e a forma como se organizam são centrais para a permacultura. Assim, a visão de permacultura de agricultura permanente ou sustentável evoluiu para a de uma cultura permanente ou sustentável. ”Hélder nasceu em Cinfães, uma vila de Viseu banhada pelo rio Douro, no seio de uma família que vivia da agricultura há várias gerações. Ainda era novo quando migrou com os pais para Lisboa e desde cedo se debateu para entender se pertencia ao campo ou à cidade. Ainda tinha presentes “todas as recordações das dificuldades de viver no campo” e isso afastou-o momentaneamente da agricultura. Queria ser artista. E assim foi. Trabalhou como tatuador durante cerca de 10 anos, mas acabou por saturar-se: “Como artista, sentia todas as frustrações de estar fechado num lugar a desenhar e a ter de receber pessoas. A permacultura surgiu como uma resposta muito natural. No fundo, queria ser mais auto-suficiente, viver menos dependente de recursos externos. ”Então, começou a estudar. Tirou vários cursos relacionados com o tema, um deles com Bill Mollison, um dos criadores do conceito da permacultura, e fundou a Nova Escola de Permacultura, uma escola nómada que “foge aos velhos paradigmas do ensino” promovendo uma “educação alternativa, criativa e empoderadora”. O objectivo, diz, “é que os estudantes falem mais e partilhem o conhecimento que têm em vez de estarem a olhar para o mestre, professor ou guru, detentor de toda a sapiência”. A criação de uma rede de permacultura sul-americana mais dinâmica, que possa responder de maneira eficiente à desflorestação e à degradação das culturas tribais na floresta da Amazónia, é um dos mais recentes projectos da escola, que trabalha em colaboração com várias organizações não-governamentais. Desde 2012 que o projecto está de pé e Hélder tem viajado até lá quase todos os anos. A desflorestação é um problema eminente, comenta: “Nós pensamos que a Amazónia são florestas enormes, mas, na realidade, quando chegamos à selva percebemos que já é muito difícil encontrar árvores grandes. Foram todas cortadas. É preciso viajar milhares de quilómetros para encontrar uma árvore velha, um reflexo do que foi a selva um dia. A reflorestação que nós desenhámos tenta reproduzir os ecossistemas originais. Mas leva o seu tempo. Uma árvore que tem 200 ou 300 anos é muito difícil de substituir. O que fazemos é recuperar sementes de árvores em risco de extinção e tentar fazer reflorestação com estas espécies. ”Para isso, e para que de algum modo se proteja os grupos indígenas que lá vivem, a escola tem desenvolvido um grande trabalho de proximidade: “Temos um foco especial num grupo étnico, os Matsés, que vivem entre a Amazónia peruana e a brasileira — ou seja, bem dentro da floresta. Eles estão a gerir 500 mil hectares de floresta e nós estamos a ensinar-lhes como processar os produtos que colhem para depois introduzi-los no mercado internacional de produtos orgânicos e superalimentos da floresta, colhidos de forma sustentável e de baixo impacto por comunidades indígenas. ”Mas, na visão de Hélder, há um problema maior e comum que se levanta nos grupos indígenas da Amazónia: a perda de identidade. “Eles acham que são pessoas de segunda ou de terceira e muitos deles procuram ter um estilo de vida globalizado, igual a todos os ocidentais. Já não têm atracção pela sua cultura, acham que é uma coisa atrasada", revela. "Já não usam as vestes tradicionais, não falam a língua, têm vergonha dos seus hábitos. ”O que é uma pena, já que é na simplicidade da relação entre os indígenas e a natureza, independentemente dos locais onde as comunidades vivam, que Hélder encontra muitas das respostas para os problemas da sociedade ocidental: “Se tu fores ao Canadá, vais encontrar povos com paradigmas sociais muito semelhantes a indígenas da Amazónia ou dos Andes. E o que está por trás dessa identidade tem muito a ver com a conexão com a natureza e a forma como lidam com o espaço natural à volta deles. ”Hélder, que sempre se viu como “um revolucionário profissional”, está sempre atento ao aparecimento de ideias que explorem um novo sistema de vida. A sociocracia é uma das suas mais recentes paixões e é nesse conceito, adianta, que está o grande desafio da nossa civilização: “tomar decisões em conjunto e resolver os problemas de uma forma em que toda a gente sente que participa”. No último ano, andou pela América Latina, sob a alçada da Rede Internacional de Sociocracia e Parlamentos de Vizinhança e com o apoio da Organização das Nações Unidas, para desenvolver os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável: “Estamos a fomentar uma organização de bairro, em que as pessoas se encontram dentro da sua vizinhança para tomar decisões relativas a como melhorar a zona onde vivem. E também estamos a fazê-lo em escolas. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na Índia, conta o professor, já têm “mais de 140 milhões de pessoas a usar este modelo de governação”. Agora, estão a levar a ideia ao Peru (com uma pareceria com o Ministério da Educação), à Costa Rica, ao Panamá e ao México. Em Portugal, Hélder já esteve envolvido em vários projectos, como a criação da Quinta do Vale da Lama, em Lagos, que promove a permacultura e agricultura regenerativa. O professor realça que “somos um dos países onde a permacultura está presente na Europa”, mas acrescenta que “o grande desafio continua a ser encontrar formas de trabalharmos em rede e de nos organizarmos colectivamente”: “Os portugueses são pessoas bastante emocionais e o trabalhar em equipa de forma pragmática não é tão fácil para nós [risos]. ”Ainda assim, os passos seguintes do professor fazem-se em território nacional: em Outubro, a Nova Escola de Permacultura vai estar em São Miguel, Açores, com três cursos disponíveis (design em permacultura, sociocracia e bosques comestíveis). Uma breve paragem, porque ainda há muito mundo para descobrir.
REFERÊNCIAS:
Prendas de Natal para amigos do ambiente — e para os que queres que sejam
Escolher presentes de Natal não é fácil, principalmente se quisermos poupar o ambiente. Por isso, quisemos ajudar-te e juntamos algumas prendas "verdes", desde escovas de dentes de bambu a livros para alertar consciências. (...)

Prendas de Natal para amigos do ambiente — e para os que queres que sejam
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Escolher presentes de Natal não é fácil, principalmente se quisermos poupar o ambiente. Por isso, quisemos ajudar-te e juntamos algumas prendas "verdes", desde escovas de dentes de bambu a livros para alertar consciências.
TEXTO: Se gostas de oferecer presentes ecológicos e ainda não compraste todos os que tens que dar no Natal, este texto é para ti. Preparamos uma lista de prendas para ofereceres aos amigos que gostam de viver um estilo de vida sustentável e até para os que não têm tantas preocupações ecológicas — talvez assim os consigas alertar. Abrimos a lista com prendas para os amigos estudiosos. Todos conhecemos alguém que gosta de escrever tudo e mais alguma coisa: para esse amigo, há um lápis especial na Planetiers que, quando acaba, faz nascer ervas aromáticas ou flores comestíveis. Como? Basta enterrar a parte final do lápis num vaso e cuidar dele: entre uma a duas semanas, a semente vai germinar. Para oferecer este lápis, só precisas de 3, 5 euros. Mas se o teu orçamento te permitir gastar mais 20 euros, podes juntar ao lápis um calendário com provérbios que também pode ser semeado. Não há como esquecer: para fechar o mês, rasga-se a folha, que é constituída por papel de algodão e sementes e, tal como o lápis, coloca-se num vaso. Depois, é só regar. Andas há muito tempo a tentar convencer aquele amigo a gastar menos plástico mas não consegues? Podes começar por ajudá-lo a dar o primeiro passo: oferece-lhe escovas de dentes de bambu. A The Bamboo Toothbrush permite que ofereças um cheque-prenda que, por cerca de 20 euros, garante a subscrição de um ano. Isto significa que, de três em três meses, uma escova de dentes (ou mais, se assim desejares) vai parar à caixa de correio de quem receber o cheque-prenda. Desta forma, não vão mesmo haver desculpas para não usar estas escovas compostáveis. Um livro é um clássico que não falha e pode ajudar a fazer a diferença. A Vaca Que Não Ri – Animais, Carne e Leite Bovino na Cultura Dominante, do sociólogo Pedro Fonseca, explora as práticas de exploração patentes no sistema agropecuário. Pode ser um bom presente para alguém que queira saber mais sobre os processos "violentos" desta indústria. Mas se a tua luta é mesmo contra o plástico, oferece o Plasticus Maritimus, Uma Espécie Invasora e junta um convite para uma saída onde possam pôr em prática os ensinamentos deste livro, da autoria da bióloga marinha Ana Pêgo. Identificar, recolher, coleccionar e ajudar a eliminar o plástico marinho: com este guia de campo ilustrado, os passeios à beira-mar podem ganhar uma nova dimensão. Ambos custam cerca de 15 euros. Também há opções para os amigos vaidosos. Peças de roupa ecológicas e minimalistas, que podem ser encontradas na LUS, uma marca de vestuário criada por Carolina Moreira, cujas peças são produzidas nos Açores, com materiais biológicos e reciclados. A colecção de Outono é inspirada na cor e textura da madeira açoriana. Como não gostar?Contudo, se achares que roupa é um presente pouco original, podes oferecer uma caixa de chocolates… que não são chocolates. Na loja ecológica Pegada Verde, há uma caixa presente, que custa 20 euros, e contém champô e manteiga de cacau com aroma a chocolate. Zero plástico, vegan e aprovado pela PETA. É caso para dizer: é de cheirar e chorar por mais. Caso tenhas aptidão para DIY, podes optar por oferecer presentes personalizados. Um retrato pintado, uma camisola feita à mão, uma almofada bordada ou uma caixinha cheia de biscoitos feitos por ti — presentes que, além de não prejudicarem o ambiente, têm um toque especial que vai com certeza agradar a quem os recebe. Lembra-te: todos os gestos contribuem para um Natal ainda mais verde. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um Natal e um 2019 mais verdes com #p3_antiplasticoComo ter um Natal mais verde e livre de plástico? Um réveillon feito à mão? Dá-nos as tuas dicas. Durante o mês de Dezembro, fotografa e partilha os teus exemplos no Instagram com a etiqueta #p3_antiplastico ou envia-nos imagens e pequenos depoimentos para [email protected] O que aprendermos, partilhamos nesta galeria.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Coleccionar lixo também é biologia
A história de Ana Pêgo faz-se no areal. Foi lá que deu os primeiros passeios e é nas praias que procura lixo para juntar à sua colecção, utilizada para alertar sobre a poluição dos oceanos (...)

Coleccionar lixo também é biologia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180702194157/https://www.publico.pt/n1828966
SUMÁRIO: A história de Ana Pêgo faz-se no areal. Foi lá que deu os primeiros passeios e é nas praias que procura lixo para juntar à sua colecção, utilizada para alertar sobre a poluição dos oceanos
TEXTO: As colecções de selos, carros em miniatura ou cromos da bola não são a especialidade de Ana Pêgo. Mas se a conversa se mudar para a beira-mar, uma bela amostra do lixo encontrado nas praias de Cascais pode ser descoberto na própria casa da bióloga marinha. “É mesmo em casa, está assim um bocado caótico. ” Pode acontecer que, no meio de objectos antigos, garrafas coloridas e escovas de dentes que deram à costa e se refugiam em casa da bióloga, se dê de caras com uma baleia feita de plásticos devolvidos pelo oceano à terra. Foi com estes elementos poluentes que Ana Pêgo, de 46 anos, criou um dos seus projectos, o Balaena Plasticus, trabalho conjunto com Luís Quinta. A arte de coleccionar e reutilizar o lixo que encontra na praia fez com que o passatempo de Ana se tornasse, nos últimos dois anos, numa ocupação a tempo inteiro. No início de Dezembro de 2015 surgiu a página de Facebook Plasticus Maritimus, com o objectivo de “retirar o lixo da página pessoal” e apostar num espaço só para o tema da poluição dos oceanos. Era ali que relatava o que encontrava pelos areais de Cascais ao longo das suas maratonas. Mas a história destas caminhadas que a transformaram numa beachcomber — já lá vamos — é bem mais antiga. “Toda a vida fiz grandes caminhadas pela praia, com o meu pai. Tive a sorte de viver mesmo ao lado da praia desde miúda, portanto para mim é normal fazer passeios durante a maré vazia”, conta a bióloga. A "sua" praia é na Parede, a praia das Avencas, mas agora, a viver em Cascais, ajusta o passeio aos materiais. Ou o lixo às suas necessidades. Não se pode dizer que a veia de acumuladora de objectos seja nova. Sempre foi juntando o que encontrava pela praia, mas à medida que começou a ver mais lixo começou também a ficar mais preocupada com a questão ambiental. A formação também deu uma ajuda. Depois da licenciatura em Biologia Marinha e Pescas — e antes de se dedicar em definitivo a esta tarefa de pedagoga — passou uns anos na área piscatória e no Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais. Ser beachcomber é limpar e recolher o lixo encontrado nas praias, que é depois reutilizado. Ana usa algum do lixo que vai juntando para mostrar o que está nos nossos oceanos e acaba nas praias. As apresentações de lixo da bióloga servem para demonstrar a mensagem que está a tentar passar: o lixo marinho é uma preocupação. Sem ser professora, utiliza o que recolhe para ensinar que não deveria ser normal chegar-se à praia no Inverno e ver lixo — e que é errado pensar “o mar trouxe, o mar leva”. “A educação ambiental não deveria ser só para as crianças, mas também para os adultos", defende. "Quem vai às compras são os adultos, quem toma decisões são os adultos. ” Considera também que existe uma grande falta de informação sobre a poluição dos oceanos: há pessoas que lhe enviam mensagens para a página do Plasticus Maritimus ou dizem nas exposições que nunca tinham pensado no assunto. “Nem sequer sabem que existe um problema chamado lixo marinho”, explica. Balaena plasticus by Baleia Salgada & Kinta from Kinta Image on Vimeo. Além das exposições, as colecções são a base da bióloga marinha para a criação de palestras e sessões educativas com crianças — às quais, por vezes, os adultos se juntam —, onde fala não só de lixo marinho, mas também de fauna marinha e dos animais que habitam os oceanos. “Se não soubermos o que há de bom, não percebemos o que estamos a proteger. ”Exposição Plasticus Maritimus até 16 Maio no CIAPS, em S. Pedro do Estoril from Quercus on Vimeo. O que chega aos areaisOs oceanos guardam coisas inimagináveis, que acabam por ser descobertas nos passeios de Ana Pêgo pelas praias banhadas pelo Atlântico. Aliás, seria mais fácil perguntar à bióloga marinha o que é que nunca encontrou nos areais que percorre. Bonecos que saíam nos gelados dos anos 70? Colecção quase completa. As palhinhas que usamos para beber um refrigerante? É do lixo mais comun trazido pelas ondas. Isqueiros? De qualquer cor. A conclusão de Ana é contundente: “Há estudos que indicam que, se não fizermos nada, em 2025 vamos ter tanto plástico como peixe nos oceanos. " "Em 2050, vamos ter mais plástico do que peixe”, atenta. A questão principal está em como mudar os hábitos. “As pessoas não têm consciência de que alguns dos seus hábitos diários têm impacto no ambiente e ajudam a este estado de coisas. " Prova disso são "as beatas de cigarros atiradas para o chão" e que não são biodegradáveis. "Estima-se que, em Portugal, sejam atiradas sete mil beatas por minuto para o chão”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A obra Balaena Plasticus é um exemplo desta espécie de dever que Ana diz ter em informar e mostrar aos outros o lixo marinho acumulado nos oceanos. E acrescenta: “É um bom representante, como um dos maiores animais do mundo, de um dos maiores problemas que temos. ”Apesar de todos os problemas que envolvem este assunto, Ana Pêgo admite que há mais pessoas atentas à poluição marítima. Mas faltam medidas mais duras e alguma consciencialização. “As crianças podem ficar mais conscientes, mas se depois o pai ou o professor não tiverem a mesma opinião, isso fica por aqui, não muda nada”, diz, apontando a necessidade de educar não só os mais novos como os mais velhos. As suas caminhadas regulares já não são aleatórias. Depois de tantos anos a percorrer estas praias, já sabe que se procura microplásticos ou peças mais pequenas tem de se deslocar às zonas ocidentais, enquanto os objectos maiores estão nas praias mais a sul. O trabalho de Ana Pêgo não se esgota na limpeza das areias e do mar que percorre — quem limpa são os beachcleaners. A bióloga aproveita para criar obras artísticas, apresentar as colecções de bonecos que saíam nos gelados dos anos 70 ou mostrar a diversidade do que se encontra nos areais. Foi assim há um ano, quando a Câmara Municipal de Cascais a convidou a criar uma exposição. Depois disso já passou por Aveiro e Pedra do Sal, entre entrevistas. Os próximos passos serão dados na Fábrica das Artes, a convite do Centro Cultural de Belém, em 2018.
REFERÊNCIAS:
Aplicação ajuda a conhecer onda de poluição nas praias
Desde 2016, pode registar o tipo de lixo que apanha nas praias e em que quantidades no Clean Swell. (...)

Aplicação ajuda a conhecer onda de poluição nas praias
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180702194157/https://www.publico.pt/n1776951
SUMÁRIO: Desde 2016, pode registar o tipo de lixo que apanha nas praias e em que quantidades no Clean Swell.
TEXTO: Foi à praia e apanhou 10 palhinhas, quatro sacos de plástico e duas beatas da areia para as meter no lixo. Será esta informação revelante para alguém? É. A Ocean Conservancy, uma organização não-governamental preocupada com o futuro dos oceanos, teve a ideia de reunir estes dados numa aplicação móvel. A Clean Swell está disponível para Android e iTunes e pretende envolver os cidadãos na luta contra a poluição dos oceanos através da recolha do lixo apanhado nas praias (em terra ou debaixo de água). Na altura do registo, o utilizador pode distribuir o que encontrou por 20 categorias diferentes – como microplásticos, palhinhas, brinquedos, sacos de plástico ou balões. Toda a informação é armazenada no histórico do utilizador e pode ser partilhada com os amigos. A meta desta iniciativa é “alimentar”, de forma colaborativa e instantânea, a base de dados que esta organização criou para a identificação das áreas mais afectadas pela poluição e quais os itens mais problemáticos. Além disso, também poderá ser uma ferramenta útil para investigadores e entidades governamentais na busca de soluções para este problema. O balanço de 2016 foi divulgado recentemente e revela que os cigarros foram o grande campeão (quase 1, 9 milhões recolhidos das praias), seguidos das garrafas de plástico. Além disso, os resultados deste trabalho voluntário permitiram que, só no ano passado, fossem recolhidos das praias de todo o mundo oito milhões de quilos de lixo. Um valor que a Ocean Conservancy diz exceder a soma do peso de 300 crocodilos, 600 rinocerontes, 700 elefantes, 200 zebras e 400 girafas, 500 hipopótamos e 100 leões. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Hong Kong é das zonas mais activas do globo, com mais de 76 mil pessoas envolvidas nesta iniciativa, mas os Estados Unidos assumem a liderança, com 183. 321 participantes. Em declarações ao Daily Mail, Allison Schutes, líder sénior da Ocean Conservancy, conta que, na recolha de todo este lixo, já foi percorrida uma distância superior a duas voltas à Lua. Texto editado por Ana Fernandes
REFERÊNCIAS:
Cidades Praia
Uma questão civilizacional
Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez. (...)

Uma questão civilizacional
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez.
TEXTO: A verdade e a mentira são as duas faces de uma moeda há muito jogada no confronto político. As guerras de contrainformação, a manipulação de massas, a distorção de factos e da realidade são antigas. Qual a novidade, então, das chamadas fake news e porque são uma ameaça tão grande para as nossas democracias?O espaço público mudou. Já não são só as ruas, os cafés, praças e jardins. É o nosso telemóvel ou o computador que se tornaram parte dos nossos processos de construção de relações sociais. Desse ponto de vista, as redes sociais como o Facebook, Twitter, WhatsApp ou Instagram passaram a ser pilares fundamentais para o relacionamento com os outros. A forma como apreendemos a informação sofreu, nos últimos anos, enormes transformações. A Internet torna todo o mundo mais plano e próximo, dispondo informação de qualquer lugar na ponta dos nossos dedos numa questão de microssegundos. E as redes sociais, das quais o Facebook é o recordista, já ocupam mais tempo na nossa vida do que a leitura de jornais, como reportam as últimas análises comportamentais da população nacional. É neste caldo tecnológico e comportamental que bots e trolls invadiram as nossas vidas de rompante, mesmo sem darmos por isso. Que bichos estranhos são estes? Os bots são perfis falsos das redes sociais, completamente automatizados, usados para difundir massivamente informação (muitas vezes falsa). Os trolls são pessoas com um comportamento propositadamente desestabilizador das discussões nas redes sociais, frequentemente provocadoras e insultuosas. Juntos formam um exército que ataca concertadamente os nossos regimes democráticos. A munição principal deste ataque são os sites de notícias falsas, as tais fake news. Textos que contêm informação falsa, construídos como se fossem notícias genuínas, apresentando um título bombástico e uma fotografia apelativa e chocante. Há um outro aspeto fundamental nesta tática de difusão de informação falsa: os sites não têm informação de responsáveis e estão sediados em países onde não há regras de transparência. É o ditado “atira a pedra e esconde a mão” transposto para o século XXI. Não se engane, quem faz isto não são engraçadinhos com muito tempo livre, são criminosos altamente organizados e principescamente financiados. Estudaram a fundo o modo de funcionamento das redes sociais, os seus algoritmos, as suas regras e utilizam essa informação para potenciar o alcance das mentiras que partilham. Têm, até, acesso à informação das pessoas, como demonstrou o caso da empresa Cambridge Analytica, que tendo as “portas abertas” do Facebook roubou dados de 50 milhões dos seus utilizadores. Quem financia estes ataques? A lista é longa, vai desde a nomenklatura russa até aos mais obscuros movimentos de extrema-direita. Já chegaram cá a Portugal, onde circularam notícias falsas sobre a Catarina Martins ou sobre António Costa, e que uma investigação do Diário de Notícias permitiu identificar como apoiantes de Trump ou ex-dirigentes do CDS. A calúnia é a arma de arremesso destes extremistas, com mensagens de ódio e violência. Esta mistura de informação falsa e odiosa está a minar o debate público. Tiveram impacto direto em resultados eleitorais como foi o caso nas presidenciais norte-americanas, o referendo do "Brexit" ou a última eleição presidencial brasileira. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Como a distinção entre o que é real e o que é falso é cada vez mais difícil, cria-se uma desconfiança generalizada. Essa desconfiança retira a discussão política do debate sobre a realidade para um debate sobre as percepções de cada um, novamente distorcidas pela informação falsa difundida pelas redes sociais. É um ciclo vicioso que tem de ser rompido e perante o qual não podemos ser indiferentes. Quem, na Direita portuguesa, hoje parece apreciar de bancada as notícias falsas por serem dirigidas à Esquerda, que não se engane. Chegará a sua vez. Em nome da verdade, não serei cúmplice da mentira quando esse momento vier. Não podemos trocar os nossos Estados de direito democráticos pela ditadura do algoritmo. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Os pormenores da educação e os “pormaiores” da economia
Como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse. (...)

Os pormenores da educação e os “pormaiores” da economia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse.
TEXTO: António Costa disse, no lançamento da empreitada de requalificação do troço entre Penacova e Lagoa Azul, que ao fazer obra no IP3 “estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos”. Deixou, assim, bem claro que o dinheiro para as estradas origina a falta de dinheiro para as carreiras e salários e que o não reconhecimento de todo o tempo de serviço prestado pelos professores não é uma questão de dinheiro mas, outrossim, uma questão de prioridades. A adesão inicial dos professores de esquerda ao vazio do programa político do PS para a educação ficou a dever-se às chagas que o “ajustamento” deixou e à habilidade de António Costa para se entender com o PCP e com o BE. Agora que esse entendimento abana (se não acabou já), António Costa reduziu o PS ao que sempre foram os figurões incompetentes que propôs para a educação. O significado político da retórica pelintra do IP3 ilustrou-o bem. Dizendo o que disse, António Costa deixou implícito que a negociação que hoje vai recomeçar não pode ser mais que a repetição da coreografia do costume, para tentar desmobilizar uma greve que dura há cinco semanas, com uma eficácia que surpreendeu. Com efeito, os textos das cartas trocadas entre os sindicatos e o ministério, como preâmbulo do tango (para usar a metáfora do próprio ministro) que a partir de hoje vão dançar, enlaçados num faz de conta de desfecho já escrito (a plataforma mortinha por suspender a greve e uma vez mais sair de cena sem resultados, quando a hora era de cerrar fileiras e dizer não, e o ministério decretando previamente quem comanda o baile) são confrangedores: o dos sindicatos por mendigar a retomada de uma negociação que o ministério interrompeu quando chantageou; o do ministério por começar logo (ponto 1 da missiva) com a perfídia de sempre. Com efeito, como pode uma doutora em direito (Alexandra Leitão) rastejar de fininho sob uma lei, como se ela não existisse, que separou a carreira geral dos funcionários públicos das carreiras especiais dos militares, polícias, magistrados, médicos, enfermeiros e professores, ou um doutor em bioquímica (Tiago Brandão Rodrigues) afirmar que 70% de 10 é igual a 70% de 4?Foi com este pano negro de fundo que a avaliação dos alunos, legalmente definida em termos circunstanciais precisos, enquanto decisão colegial de um conselho de turma, foi substituída por um expediente escabroso, ilegalmente determinado num lance golpista, impróprio de um Estado de direito. Foi com este pano negro de fundo que a reflexão e a ponderação pedagógicas deram lugar a simples números, onde 50% mais um dos professores, arregimentados não importa com que critério, foram coagidos a fazer o que os pequenos chefes da choldra ministerial determinaram. Definitivamente, só apetece dizer-lhes, com José de Almada Negreiros, que são “uma resma de charlatães e de vendidos, que só podem parir abaixo de zero”!Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esta leitura, válida para as políticas de educação, assentes em romarias, foguetório, burocracia sem fim, precarização e medidas desgarradas e ocasionais, será igualmente feita para a economia quando a denominada sociedade civil emergir da falácia que a propaganda bem orquestrada lhe vendeu. Como é possível falarmos de milagre económico quando no cotejo europeu a nossa economia é a quarta a contar do fim, em termos de crescimento? Que milagre económico é esse, quando as estatísticas europeias mostram que o nível de vida dos portugueses está em regressão há 15 anos e que o rendimento per capita português em 2018 é 78% do europeu, quando era 84% em 1999?A falência dos partidos tradicionais em Espanha, Itália França e Grécia e as vocações autoritárias nascentes na Polónia, Hungria e República Checa deviam levar António Costa a confiar menos na vaca voadora da sua alegre casinha. Até às eleições de 2019, espero que os eleitores percebam que o establishment político que a geringonça gerou, pese embora tímidas melhorias pontuais, foi criado a partir de “realidades” ficcionadas. “Realidades” manhosamente construídas à margem do que é importante, que nos fizeram aceitar uma nova servidão, apenas menos triste.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PCP BE