As cidades europeias estão mais quentes. Portugal está no fim da lista
Em Évora a temperatura aumentou quase um grau. Cidades nórdicas, da Europa de Leste e do Sul de Espanha foram as que mais aqueceram. (...)

As cidades europeias estão mais quentes. Portugal está no fim da lista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Évora a temperatura aumentou quase um grau. Cidades nórdicas, da Europa de Leste e do Sul de Espanha foram as que mais aqueceram.
TEXTO: As cidades europeias estão, em média, um grau mais quentes do que no século passado. No topo da lista, está Kiruna. Nesta localidade no Norte da Suécia — e 200 quilómetros acima do Círculo Polar Árctico —, a temperatura média dos últimos 17 anos foi 3, 4 graus superior ao registado no período entre 1900 e 1999. Fredrikstad, na Noruega, e Lappeenranta, na Finlândia, que aqueceram três graus, completam este top. Os países nórdicos, a Europa de Leste e o Sul de Espanha também estão entre aqueles onde os termómetros locais mais subiram. As cidades portuguesas foram as que menos aqueceram. Os dados, do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês), resultam da análise feita pela European Data Journalism Network — rede de jornalismo de dados da qual o PÚBLICO é parceiro — às temperaturas médias registadas diariamente em 558 cidades europeias desde 1900. Os números disponibilizados pelo ECMWF são provenientes de informação de diferentes fontes, que é harmonizada para possibilitar comparações no tempo e no espaço. É a primeira vez que esta quantidade de dados é disponibilizada e analisada em conjunto. Em Portugal, foi Évora que mais aqueceu nos últimos 17 anos quando comparada com a média do século passado. Foram 0, 8 graus Celsius. Ponta Delgada, com mais 0, 1ºC, é a menos quente. Em território nacional, foram ainda observados os dados para Coimbra (+ 0, 7ºC), Lisboa (+ 0, 7ºC), Beja (+ 0, 6ºC), Vila Nova de Gaia (+ 0, 6ºC), Funchal (+ 0, 4ºC), Faro (+ 0, 4ºC), Aveiro (+ 0, 3ºC), Sintra (+ 0, 2ºC), Matosinhos (+ 0, 2ºC) e Setúbal (+ 0, 2ºC). Das cidades portuguesas em estudo, as mais quentes continuam a ser Funchal e Ponta Delgada, por esta ordem. Estes valores colocam Portugal no fim da lista — cinco das 12 cidades portuguesas que integram este trabalho estão entre as dez que menos aqueceram — onde também entram locais na Irlanda (Limerick, Galway e Waterford), no Reino Unido (Derry City & Strabane) e no Norte de Espanha (Vigo). João Camargo, mestre em Engenharia do Ambiente e Produção Animal e autor do Manual de Combate às Alterações Climáticas, diz que o facto de as cidades portuguesas estarem no fim da lista “é normal”, uma vez que “a temperatura de partida já era superior e é normal que nas latitudes mais altas suba mais”. Aliás, “os sítios onde a temperatura mais vai aumentar são o pólo Norte e o pólo Sul, porque são os locais onde o ponto de partida já era mais baixo”. Mas não é por ser um aumento mais baixo em comparação com as outras cidades da lista que deixa de ser preocupante, diz João Camargo. “A base de onde partimos já é mais vulnerável, pelo que o aumento decimal é muitíssimo significativo”. E acrescenta: “É um aumento demasiado rápido para muito pouco tempo”. A comparação dos últimos 17 anos com o século passado não é assim tão comum no meio académico. “Normalmente, para avaliar modificações no clima, fazemos escalas de 30 anos. É a medida padrão. Mas metade disso já dá muita informação, especialmente quando está a acelerar tanto”, detalha João Camargo. Mais quente do que nestes últimos anos — desde que o homo sapiens habita a Terra — só durante o período interglacial Eemiano, há cerca de 130 mil anos. “Havia florestas até ao cabo Norte, muito além do Círculo Árctico, não havia gelo no Árctico no Verão, havia hipopótamos no Reno e no Tamisa, o centro da Europa era uma savana e havia monções no Norte de África e na Arábia, mas nós éramos muito poucos. ”Assim como aumentou a temperatura média, também aumentaram os dias quentes por ano. A tendência é generalizada, mas há 18 cidades que a contrariam. Nomeadamente, Évora e Beja, que registaram, em média, menos dois dias de calor do que no período entre 1900 e 1999. Nos restantes 540 locais em análise, esse aumento foi, em média, de mais três dias quentes. Ao mesmo tempo, registaram-se menos dias frios. Passou-se de uma média de 33 por ano para 25. Os efeitos do aumento da temperatura na saúde já foram demonstrados em vários estudos. Um trabalho de investigadores da Universidade de Coimbra analisou os números de internamentos por doença mental entre 2008 e 2014 e a sua relação com os dias mais quentes. Conclusão: o número de internamentos por distúrbios mentais de residentes na Área Metropolitana de Lisboa sobe quando há um aumento das temperaturas acima dos 30ºC. O calor também afecta o número de óbitos registados diariamente. Este ano, no início de Agosto, quando os termómetros em algumas zonas de Portugal bateram recordes de temperatura máxima, registaram-se mais 500 mortes do que o normal, segundo estimativas provisórias da Direcção-Geral da Saúde. Já a onda de calor de 2003 provocou mais de 70 mil mortes em toda a Europa. Mesmo assim, os efeitos do excesso de calor serão mais intensos em zonas onde a população não está tão adaptada às temperaturas elevadas. Dados divulgados pela Agência Europeia do Ambiente no seu relatório de 2016 sobre o impacto das alterações climáticas mostram que, em Madrid, por exemplo, a mortalidade aumenta quando a temperatura média diária é superior a 21ºC. Em Estocolmo, basta que os termómetros excedam os 19ºC para que se note um incremento do número de mortes em comparação aos dias considerados não quentes. A informação diária disponibilizada pelo ECMWF permitiu um nível de detalhe ainda maior. Foi possível analisar o número de dias quentes durante o ano lectivo — que também aumentaram na maioria das cidades. Em 433 locais analisados, registaram-se, em média, mais três dias quentes durante os anos lectivos entre 2000 e 2017 do que no século passado. Espanha foi o país mais afectado pela tendência. Em 87 o número manteve-se igual. E nos restantes 38, o número de dias com temperaturas elevadas diminuiu durante o período analisado. Em quase todas as cidades portuguesas (Ponta Delgada é a excepção) os dias escolares também aqueceram. O Funchal, por exemplo, ganhou quase uma semana de calor acima do normal em pleno ano lectivo. Sobre a relação entre temperatura e performance cognitiva, um investigador da Universidade de Harvard, Jisung Park, analisou dados sobre 4, 5 milhões de exames do ensino secundário realizados em Nova Iorque e concluiu que ao fazer uma prova num dia em que a temperatura é superior a 32ºC se regista uma quebra de performance de 4, 5% — em comparação com os dias em que estão 22ºC. Além do mais, “a exposição cumulativa ao calor durante o ano escolar conduz a um menor sucesso no exame final” diz Park no seu estudo. Por enquanto, não há qualquer trabalho semelhante para os estudantes europeus. A 11 de Setembro, António Guterres, secretário-geral das Organizações das Nações Unidas, advertiu que o mundo tem dois anos para lutar contra as alterações climáticas. Caso não o faça, arrisca-se a enfrentar “consequências desastrosas”. O responsável da ONU pediu que se comece “a pedir satisfações” aos líderes políticos do planeta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para resolver o problema, é preciso entender que é preciso uma “solução jurídica diferente da que existe. Passa por entender que o planeta não é apenas um território. O sistema terrestre tem de existir na ordem jurídica internacional como um bem comum, que está dentro e fora de todos os estados”. Quem o defende é o jurista e investigador na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Paulo Magalhães, também presidente da Casa Comum da Humanidade — uma organização criada em 2016 com o propósito de defender que deve existir uma alteração do sistema jurídico no sentido de valorizar o sistema terrestre —, que reconhece também que há "uma urgência enorme" em encontrar uma solução. As cidades e o poder local podem ter um papel importante no sentido de mitigação e adaptação, mas isso “não é resolver o problema”. Para tal, defende, é preciso alterar “o modelo de crescimento económico”. Nesta concepção, “os países podem crescer porque aumentaram a sua capacidade de disponibilizar serviços de interesse comum ao sistema terrestre numa escala global”. “Todos sabemos que a Amazónia é uma floresta importantíssima. Porém, para o Brasil pôr o valor que está naquela floresta na economia, tem de destruí-la porque o trabalho que a floresta faz é economicamente e juridicamente invisível”, exemplifica Paulo Magalhães.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
“Não quero chegar a uma sombra do que fui, vegetar”
O psiquiatra Júlio Machado Vaz garante que não tem medo de morrer, mas sim de “estragar” o fim da sua vida. Defensor da despenalização da eutanásia, o médico diz que o que o assusta é a ideia de "sobreviver" a si próprio. (...)

“Não quero chegar a uma sombra do que fui, vegetar”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O psiquiatra Júlio Machado Vaz garante que não tem medo de morrer, mas sim de “estragar” o fim da sua vida. Defensor da despenalização da eutanásia, o médico diz que o que o assusta é a ideia de "sobreviver" a si próprio.
TEXTO: Há quase 80 anos, o médico de Freud cumpriu o que lhe prometera muitos anos antes, antes de o pai da psicanálise descobrir que sofria de cancro. Deu-lhe morfina e ele "adormeceu calmamente", deu-lhe nova dose de noite e ele não voltou a acordar, recorda Júlio Machado Vaz, que assina um dos depoimentos do livro Morrer com Dignidade A Decisão de Cada Um, que esta quarta-feira é lançado em Lisboa. O psiquiatra que deu aulas de Antropologia Médica explica que o que o assusta é a ideia de sobreviver a si mesmo, de estar vivo mas não ter uma vida. Aos que alegam que primeiro é preciso cobrir o país com uma boa rede de cuidados paliativos, retorque que a eutanásia e os cuidados paliativos são dois trajectos que não se excluem. "A morte é o fim da vida, quero-a tão digna como tentei viver a [vida] que a ela conduziu. Estas questões não podem ser resolvidas pelos cuidados paliativos", diz. Recentemente, num encontro sobre morte assistida, recordou que Freud foi eutanasiado. Foi mesmo assim?Freud tinha um cancro no palato e foi sujeito a várias intervenções cirúrgicas ao longo de 14 anos. Inicialmente a gravidade da situação foi-lhe escondida, o que levou ao fim da relação profissional com o seu médico, Felix Deutsch. Na primeira conversa com Max Schur, que o seguiria até ao fim da vida, perguntou: “Se e quando achar que o meu sofrimento não faz sentido, ajuda-me a pôr-lhe fim?”. Max Schur respondeu que sim, como conta no livro que escreveu anos depois [La Mort dans la Vie de Freud]. Perto do fim, em 1939, Freud notou que, para além das dores, algo para ele mais insuportável surgira: a dificuldade em praticar a psicanálise, a sua lucidez esvaía-se. Chamou Schur e disse-lhe: “Lembra-se da conversa que tivemos? Vai cumprir o prometido?” E Schur respondeu que sim. Freud não resistiu a uma pequena manipulação e pediu-lhe para informar Anna, sua filha, que respeitou a decisão. Schur deu-lhe uma injecção e ele adormeceu calmamente. Administrou uma nova dose mais tarde e Freud já não voltou a acordar. Os médicos que são contra a eutanásia alegam que uma coisa é a sedação, cuja intenção é aliviar as dores, outra coisa a eutanásia. É uma questão de intenção?Mas eu não tenho nada contra isso. No caso de Freud, a intenção de Schur foi cumprir o prometido, Freud não lhe pedira para lidar com a dor física, mas para terminar uma vida que para ele já não fazia sentido. Minha mãe, no fim, foi sedada e jamais pagarei essa dívida para com os meus colegas do São João; adormeceu. Morreu em paz. Meu pai não teve tanta sorte, o que me marcou, mas sobre isso não desejo falar. Se alguém precisava de cuidados paliativos era ele…A situação agora é diferente, temos cuidados paliativos, apesar de a cobertura do país ser ainda muito insuficiente. Mas poucas pessoas falam sobre a morte hoje, tornou-se um tabu. É uma questão cultural: a morte mudou completamente. Antigamente, sob muitos aspectos, era considerada parte da vida. Ariès [Phillippe Ariés, Sobre a História da Morte no Ocidente] escreve que, quando se aproximava a morte, era frequente que se abrisse a porta de casa para quem quisesse se ir despedir, muitas pessoas morriam rodeadas por familiares, amigos, criados, animais de estimação. Hoje, em termos narcísicos, para a Medicina a morte é vista como uma derrota, o que leva, sobretudo no caso dos mais novos, à armadilha do encarniçamento terapêutico, mesmo sem intenção. Também passei por algo do género: há 40 anos, quando vim da Suíça, fazia urgências à peça e uma vez no hospital de Gaia o meu chefe de equipa teve a gentileza de me pôr a mão no ombro e dizer: “Júlio, vamos tomar um café”. Eu estava a fazer massagem cardíaca a alguém e não conseguia parar, na esperança já utópica de a reanimar. É preciso admitir as nossas limitações, saber quando aceitar os factos e não nos sentirmos “derrotados” pela morte no corpo de outra pessoa. Mas as pessoas que estão do lado oposto ao seu argumentam que a prioridade é cobrir o país com uma rede de cuidados paliativos. Não concorda?Se estivéssemos numa situação em que, ou se legislava sobre cuidados paliativos para dar uma cobertura decente a este país, ou se legislava sobre eutanásia, eu não demorava dez segundos a responder: primeiro, cuidados paliativos. Acontece que os dois trajectos não se excluem. Tenho um filho psicólogo a trabalhar em cuidados paliativos e sei bem que não só não temos a cobertura de que precisamos como os profissionais estão sobrecarregadíssimos. Mas sejamos claros: diz-se que, se tivermos uma boa cobertura de cuidados paliativos, ninguém pedirá uma morte medicamente assistida. Não é verdade, as razões invocadas não são do domínio dos cuidados paliativos: dignidade, controlo sobre o próprio futuro, etc… Sabemos, por exemplo, que há pessoas com autorização para desencadear o processo – lembro-me de um artigo sobre um dos Estados norte-americanos – e que o não chegam a fazer. Mas declaram-se pacificadas pelo sentimento de controlo sobre a sua vida. Mas os que são contra falam em "rampa deslizante" e dão o exemplo da Holanda e da Bélgica, onde há cada vez mais casos de eutanásia e alguns têm sido questionados. Há coisas que me preocupam. [Foi noticiado no início deste ano na Bélgica o caso de uma mulher com demência e com doença de Parkinson em que não terá havido consentimento expresso, e o médico alegou que foi uma sedação terminal]. Isto é completamente inaceitável e prejudicial para quem defende a eutanásia. Avançou-se um argumento terrível: se o médico não tivesse reportado o facto, ninguém tinha sabido. O controlo tem de ser “feroz” e prévio, as devidas punições não devolvem a vida a ninguém. Mas também não nos vamos iludir. Com o aborto passou-se a mesma coisa: era feito, mas não se sabia. Na eutanásia, também há pessoas que pedem, o médico ajuda e ninguém sabe. Com bons cuidados paliativos temos pelo menos uma certeza: ninguém vai pedir ajuda para morrer por sofrimento físico, a Medicina avançou muito. Diferentes são as questões que têm a ver com o conceito, necessariamente subjectivo, de uma vida digna. Num depoimento que fiz recentemente, disse: “Não me apetece mesmo nada sobreviver a mim próprio”. Por que não posso ter o direito e a possibilidade de controlar como e quando termino a minha vida? A morte é o fim da vida, quero-a tão digna como tentei viver a que a ela conduziu. Estas questões não podem ser resolvidas pelos cuidados paliativos. Por exemplo, em caso de demência, se no dia em que deixar de reconhecer os meus filhos achar que estou vivo, mas já não tenho uma vida como a entendo, que não sou eu, alguém me poderá querer mal? Discordar sim, decidir por mim acho arrogante. Mas os projectos de lei que vão ser discutidos no Parlamento na próxima semana não prevêem esses casos…Eu sei, mas a mim não me chocaria aceitar a declaração de uma pessoa que, em absoluta lucidez, estabeleceu uma fronteira. Mas tem razão, não está em cima da mesa. Tem dito que a sua posição foi influenciada pela forma como os seus pais morreram. O que aconteceu?Minha mãe pediu-me para a ajudar a morrer, ainda consciente, tinha eu 60 anos. Foi a única coisa que lhe recusei numa vida inteira. E tenho a certeza que, se houver qualquer algo depois da vida, ela me puxará as orelhas. E depois perdoará. Gostava de acreditar nisso, sou um agnóstico ambicioso, é o que é!Como imagina que será a sua morte?Eu não quereria que os meus filhos passassem pelo que passei, sofrendo eu de Alzheimer. Mas não tenho uma resposta a preto e branco. Suponhamos que me era diagnosticado Alzheimer e dizia: “Quando chegar a tal ponto não continuo, não quero ser uma sombra do que fui; vegetar”. E se eles discordassem? Quem me garante que não cederia pelo amor que lhes tenho? Não aceito é que me digam, como já fizeram num debate: “mas a sua vida tem valor para a sociedade”. Sim, toda a vida merece respeito e solidariedade, mas sem esquecer a vontade do próprio. Há pessoas que dizem que isto não passa de um tema modernaço. Então e Freud? E os romanos e os gregos? A morte, e o modo de morrer, são temas que sempre nos acompanharam. Acha que os médicos têm que ficar de fora desta equação, como muitos colegas seus reclamam?Fomos formados para curar, para a doença aguda, mas cada vez há mais pessoas que têm, sobretudo, de ser cuidadas. Classicamente, os médicos não são formados para cuidar. E, no entanto, os médicos de família – e os outros – estão soterrados por casos de pessoas sofrendo de doenças crónicas. Por que passámos a falar de Medicina centrada no doente? E escrevemos livros e artigos sobre a mudança de paradigma? A Medicina tem sido demasiado centrada no médico e não no doente. A última alteração do Juramento de Hipócrates sublinha, aliás, a importância fundamental da maior autonomia do doente e da sua participação no processo terapêutico. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Portugal, se a despenalização da morte assistida for aprovada, haverá muitas pessoas a pedir ajuda para morrer?Não, os pedidos serão excepcionais. Sabe o que preferia para mim? Que um colega me explicasse tudo e eu tomasse uma decisão. Se fosse a de partir, decidiria como me despedir das pessoas amadas e depois iria, não à minha vida, mas ao seu fim, à minha morte. Desejavelmente em paz. A morte assistida é o último degrau da autonomia do doente, respeitando religiosamente o direito à objecção de consciência, como é óbvio. Também já disse que não acredita que os projectos de lei para a despenalização da morte assistida passem no Parlamento. Por que se envolveu então neste combate, se antecipa que o vai perder?Por um dever de consciência, desconfio que perdi mais votações do que ganhei ao longo da vida. Pouco importa, preciso de poder olhar o espelho. Assumi uma posição num tema que diz respeito a todos. E perante o qual venho observando uma diferença no discurso das pessoas – não falam do medo da morte, mas do receio do trajecto final que a ela conduz. Também eu estava convencido, quando era novo, que tinha medo de morrer. Não é isso. Tenho medo de “estragar” o fim da minha vida. Não tem mesmo medo de morrer?Nenhum. Mas se fosse amanhã, teria pena, continuo a gostar muito de viver.
REFERÊNCIAS:
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Tchernobil: Uma reserva natural com uma lixeira nuclear no centro
Três décadas após o pior desastre nuclear da História, a Ucrânia começa a pensar no que fazer com a antiga central, onde ainda estão 200 toneladas de combustível atómico. As interrogações multiplicam-se. (...)

Tchernobil: Uma reserva natural com uma lixeira nuclear no centro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Três décadas após o pior desastre nuclear da História, a Ucrânia começa a pensar no que fazer com a antiga central, onde ainda estão 200 toneladas de combustível atómico. As interrogações multiplicam-se.
TEXTO: O que fazer com Tchernobil, 30 anos depois do pior acidente nuclear da História? Animais e plantas reconquistaram em força os mais de quatro mil quilómetros quadrados da zona de exclusão na Ucrânia e na Bielorrússia, onde se concentraram as cinzas radioactivas da explosão de um dos reactores da central, por isso fala-se na criação de uma reserva natural. Mas também há planos para criar uma lixeira nuclear ao lado deste paraíso de vida selvagem que durante muitos e muitos séculos continuará contaminado pela radioactividade. O difícil é fazer uma escolha que se possa pagar e de que se possa garantir o futuro. Marina Shkviria descobriu uma alcateia de lobos perto de uma das centenas de povoações abandonadas após a explosão do reactor 4 da central de Tchernobil, no Norte da Ucrânia, a 26 de Abril de 1986, na então União Soviética. Só na Bielorrússia, 70 povoações foram permanentemente enterradas, por terem ficado tão radioactivas. “Viemos aqui na Primavera passada e uivámos. As crias responderam, do cimo daquele monte”, contou a especialista em lobos da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia à National Geographic. Estes grandes mamíferos tornaram-se ainda mais comuns na região do que nas décadas de 1950 e 1960. “É simplesmente incrível. Não se consegue ir a lado nenhum sem ver lobos”, explicou também à National Geographic o cientista norte-americano Jim Beasley, da Universidade da Georgia (EUA). Beasley é o coordenador de um estudo publicado este mês na revista científica Frontiers in Ecology and the Environment, em que foram montadas 30 câmaras em 94 locais diferentes na zona de exclusão de Tchernobil para documentar quais as espécies animais ali presentes. Hoje, no raio de 30 km em torno da acidentada central nuclear que forma a zona de exclusão, há alces, bisontes, ratos-do-campo, águias-de-cauda-branca, andorinhas e outras aves, lebres, imensos castores, linces, ursos castanhos e até uma manada de cavalos de Przewalski, uma subespécie de cavalos selvagens, que foi reintroduzida pela Bielorrússia, quando criou um parque natural — a Reserva Radioecológica Estatal de Polésia. Em biodiversidade, houve uma recuperação espantosa, considerando que a região continua radioactiva — e continuará durante muitos séculos, pois foi aqui que se concentrou a maior quantidade da cinza radioactiva lançada para a atmosfera pela explosão do reactor 4 de Tchernobil. Seria aceitável criar uma lixeira nuclear aqui, no raio dos 10 km mais próximos da central, para depositar os subprodutos do combustível usado nos 15 reactores que a Ucrânia tem ainda em funcionamento?A Ucrânia é o país que mais depende do nuclear — cerca de 60% da electricidade que consome provém das suas envelhecidas centrais, e não tem intenções de desistir desta forma de energia, apesar de Tchernobil. Só que, com o conflito com o vizinho russo, deixou de poder transportar os seus lixos nucleares para a Rússia para serem reprocessados, porque Moscovo quis aumentar muito os preços que cobrava, e Kiev não aceitou. Agora, as varas de combustível usado estão a acumular-se nas centrais, a precisar de uma solução, e a hipótese de usar Tchernobil para isso começou a ser explorada. O PÚBLICO quis saber o que pensam os cientistas de aumentar a carga nuclear em Tchernobil, quando ali, no reactor acidentado, ainda estão 200 toneladas de combustível que derreteu no incêndio de 1986 e hoje em dia é ainda tecnologicamente impossível retirar. Fez-se a pergunta a Jim Smith, investigador da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que há 30 anos tem feito estudos de radioecologia em Tchernobil e a resposta é surpreendente. “Se for gerido de forma adequada, uma lixeira nuclear e uma reserva de vida selvagem podem coexistir ali, porque é uma zona grande. Isto provavelmente é um conceito estranho, mas acho que é possível”, afirmou o cientista. “Seria muito triste”, sublinha, que ao criar uma lixeira nuclear se afectasse a sua actual situação como uma espécie de reserva natural. “Como não há propriamente pessoas a viver ali, evitar-se-ia muitos problemas e o custo elevado de comprar terrenos privados e obrigar pessoas a mudarem-se. É compreensível que ninguém goste de ter lixeiras nucleares ao pé do local onde vive, ainda que nós, os cientistas, achemos que os riscos são muito reduzidos”, diz Jim Smith. “Uma vez que a zona já foi evacuada, os riscos de uma fuga (que eu julgo que são muito pequenos) são muito reduzidos”. O ministro do Ambiente do novo Governo ucraniano, no entanto, disse que pretendia transformar a zona de exclusão de Tchernobil “numa plataforma única para fazer investigação científica”. Sem especificar. Os elementos químicos radioactivos mais perigosos produzidos pela fissão nuclear que permanecem no ambiente são o césio 137 e o estrôncio 90. No entanto, em 2016 atinge-se a vida-média destes dois radioisótopos — o que quer dizer que só metade da quantidade libertada permanece no ambiente. O resto desintegrou-se — mas, enquanto isso aconteceu, emitiu radiação beta e gama, que penetra nos tecidos dos seres humanos e animais. Na maior parte da zona de exclusão, no exterior dos primeiros dez quilómetros e fora algumas áreas de maior concentração de césio 137, a radioactividade ronda os 500 quilobecqueréis por metro quadrado — um nível seguro para os seres humanos, desde que não comam produtos naturais que se tornam muito radioactivos, como os cogumelos, tinha dito à New Scientist Jim Smith. Mas os animais que lá têm vivido são também radioactivos e têm sofrido os efeitos da radioactividade nos seus genes, na capacidade de deixarem descendência. Ainda não são conclusões definitivas, mas há vários estudos que mostram os efeitos negativos sobre várias espécies. A forte incidência de cataratas em ratos-do-campo e em algumas aves, por exemplo, ou o parcial albinismo de uma espécie de andorinhas, numa geração, que deixou de acontecer na geração seguinte — talvez porque tiveram menos sucesso reprodutivo e não voltaram à zona de exclusão, depois de terem migrado para terras mais quentes, no Inverno. Os lobos tornaram-se abundantes e, como espécie, beneficiaram da ausência do homem — os efeitos da presença humana são mais negativos para os animais de Tchernobil do que a radioactividade, isso é já algo que os cientistas podem afirmar. Mas se se tentar analisar os efeitos da radioactividade indivíduo a indivíduo, percebe-se que não há como escapar. “Os cogumelos concentram radiação. Os ratos-do-campo adoram cogumelos. Quando comem cogumelos contaminados, concentram radiação nos seus corpos. Quando os lobos comem ratos-do-campo, estão também a concentrar radiação no seu corpo”, explicou à National Geographic a especialista em lobos Marina Shkviria. Tornam-se lobos radioactivos, como lhes chamou um documentário da PBS americana em 2011. Pensar num regresso de populações a Tchernobil e à zona de exclusão não é, por isso, um cenário viável — ainda que se tenha desenvolvido, nos últimos anos, um turismo em torno de curtas excursões às povoações abandonadas depois do acidente nuclear. Por exemplo a áreas da cidade de Pripiat, de onde foram retiradas quase 50 mil pessoas 36 horas após o acidente na central, ainda sem serem informadas da gravidade do que se tinha passado, embora tenham visto o fumo do fogo no reactor das suas varandas. Pripiat continua a ser um local proibido, mas pode ser visitado, com um guia local, durante algumas horas, estando o guia equipado com um dosímetro, para verificar a quantidade de radiação que se recebeu, e estando todos bem protegidos. Por cerca de 200 euros, é possível fazer uma vista com mais 40 turistas, vindos na maior parte da capital ucraniana, Kiev, que fica a uma hora de carro. Também é possível fazer um passeio com menos gente, com objectivos específicos — ficará é mais caro. Os guias são alguns dos pouco mais de uma centena de samoseli, antigos habitantes que regressaram às casas e aldeia que foram obrigados a deixar. Cerca de 116 mil pessoas foram retiradas por causa da radiação, e nos anos seguintes mais 230 mil foram desalojados de suas casas, quando os cientistas descobriram que o cenário era muito pior do se pensava. Pripriat, construída em 1970, tinha mais de 13 mil apartamentos, um cinema, um hospital, um centro cultural, várias fábricas, lojas e cafés, uma estátua de Lenine. Dias antes do desastre nuclear, tinha sido montada uma roda gigante, para as comemorações do Dia do Trabalhador, a 1 de Maio, e do Dia da Vitória na II Guerra Mundial, 9 de Maio. A delapidada animação de feira tornou-se um dos símbolos da cidade abandonada e da catástrofe nuclear. Os muitos objectos deixados para trás — disseram aos habitantes para levar só uma mala leve, estariam afastados por pouco tempo — foram sendo destruídos ou pilhados, apesar do risco da radiação. Mas estão lá coisas que não podem ser facilmente levadas, como as escavadoras usadas para fazer um túnel, através do qual foi canalizado azoto líquido para congelar o reactor em chamas, depois de terem sido lançados sacos de areia, a partir de helicópteros, para estancar as chamas. As máquinas ficaram tão radioactivas que não puderam sair dali. Na luta contra a catástrofe nuclear de Tchernobil participaram cerca de 600 mil pessoas — os “liquidadores”, como ficaram conhecidos. Mas 30 anos depois, estão a ser cortados os benefícios de que gozavam as vítimas de Tchernobil, na Ucrânia como na Rússia, por serem demasiado caros. Compensações monetárias, reformas, ajuda nos cuidados de saúde e medicamentos — tudo isso está a sofrer cortes, com o argumento de que é muito caro, ou então de que os níveis de radioactividade estão a reduzir-se. Das 4413 localidades russas atingidas pelos efeitos de Tchernobil, 383 verão, a partir de Julho, os apoios estatais baixar e 558 serão erradicadas da lista, quando entrar em vigor o decreto presidencial que considera que, como a radioactividade baixou, já não necessitam de ajuda especial. “Com este decreto, o Estado recusa-se a reconhecer que serão precisos 2000 anos e não 30 para descontaminar uma zona”, denuncia o biólogo Anton Korsakov, citado pela AFP. Cerca de cinco milhões de pessoas vivem actualmente em zonas contaminadas, diz a organização ambientalista Greenpeace. “Ainda que consigamos descontaminar o ambiente, terão de passar muitas gerações antes que nasçam crianças saudáveis”, sublinhou Korsakov. Porque a herança atómica nos genes, nos animais, nas plantas, nos homens, não se resume à primeira geração, às primeiras vítimas do desastre. Os sobreviventes de Tchernobil têm um quadro múltiplo de problemas de saúde, e as crianças continuam a ter muitos problemas de saúde: 80% dos que nascem sofrem de várias doenças crónicas, diz a AFP, citando estatísticas oficiais. Em 2011, foram suprimidos os controlos de radioactividade sobre grande parte dos alimentos russos e muitos produtos da zona proibida chegam aos mercados, afirma a Greenpeace. “As pessoas colhem bagas e cogumelos na floresta contaminada”, disse à AFP Ludmila Komorgotseva, da organização não-governamental União para uma Segurança Radioactiva. Até madeira radioactiva é usada para fazer móveis, denuncia o advogado Alexandre Govorovski, que fez queixa contra o Departamento das Florestas, que acusa de fomentar esta prática ilícita. “As pessoas comem e bebem produtos irradiados. E por causa do deixa andar das autoridades, até vivem com a radiação em sua casa”, denuncia, citado pela agência francesa. A passagem de três décadas sobre a tragédia de Tchernobil é ainda uma gota num longo rio de tempo que terá de passar até se poderem apagar os seus efeitos. Veja-se os esforços para construir uma nova protecção para o reactor acidentado – o sarcófago construído à pressa na altura do acidente tem-se vindo a rachar, vai entrando água, e ninguém sabe que reacções podem ocorrer no seu interior. De qualquer maneira, não foi concebido para durar mais do que três décadas. Mas o novo abrigo, ou Novo Confinamento Seguro, a estrutura em cúpula pensada para conter o reactor 4 de Tchernobil que está em construção, foi planeada para durar 100 anos – ou, se necessário, “300 anos ou mais”, disse ao New York Times Vince Novak, director de salvaguardas nucleares do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, um dos financiadores do projecto avaliado em 2150 milhões de dólares e que está previsto terminar no fim de 2017. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os números que o descrevem são fantásticos, fazem lembrar a construção de uma ópera na selva: é uma estrutura em arco de metal com 25 mil toneladas (36 mil quando estiver toda equipada), de 108 metros de altura, 162 de comprimento. Lá dentro caberiam a base da Torre Eiffel, ou a Estátua da Liberdade de Nova Iorque. Para durar 100 anos, o metal não pode enferrujar, e por isso a pintura é importante; mas ninguém espera que se possa pintar regularmente as vigas que ficam sobre o reactor onde estão 200 toneladas de combustível nuclear. Por isso, vão ser instalados desumidificadores para tentar evitar que se forme ferrugem. A obra está pensada para cem anos porque ninguém sabe como retirar o combustível nuclear que está dentro do reactor, um passo essencial para o poder desmantelar. Por isso, a ideia é ganhar tempo, esperar que se desenvolva tecnologia para isso. Só que faltam ainda 200 milhões de euros para completar o projecto — e não é claro como vai a Ucrânia pagar as despesas de manter em operação a cúpula protectora de Tchernobil, quando estiver finalmente pronta, diz a AFP. De uma maneira ou de outra, Tchernobil é um desastre que demorará a deixar de se fazer ouvir, ao longo de várias gerações.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Daniel Oliveira: "A transversalidade da Cristina Ferreira é muito importante para a SIC”
A nova SIC apresenta-se esta segunda-feira com o trunfo televisivo Cristina Ferreira. Na primeira entrevista no cargo, o novo director de programas não assume a luta pela liderança mesmo com uma das mais valiosas contratações da TV portuguesa. “Se fosse fácil encurtar a distância nas audiências, isso já teria acontecido.” (...)

Daniel Oliveira: "A transversalidade da Cristina Ferreira é muito importante para a SIC”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.135
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20190624021158/https://www.publico.pt/1843458
SUMÁRIO: A nova SIC apresenta-se esta segunda-feira com o trunfo televisivo Cristina Ferreira. Na primeira entrevista no cargo, o novo director de programas não assume a luta pela liderança mesmo com uma das mais valiosas contratações da TV portuguesa. “Se fosse fácil encurtar a distância nas audiências, isso já teria acontecido.”
TEXTO: Uma das maiores transferências da televisão portuguesa marca esta segunda-feira a apresentação da nova grelha da SIC. Daniel Oliveira, de 37 anos, é o artífice da saída de Cristina Ferreira da TVI rumo a Carnaxide. É director de programas da SIC e director-geral do entretenimento da Impresa há meros dois meses e já criou a notícia do ano televisivo português. “A Cristina é um valor seguríssimo”, diz ao PÚBLICO. “Tem multiplataformas”, “fala para todo o tipo de público”. Mas, mesmo com este reforço, não assume que procura a liderança nas audiências. “Não nos comprometemos com algo que não está nas nossas mãos controlar. ”Na primeira entrevista desde que chegou ao cargo – e que decorreu em dois momentos, antes e depois da confirmação oficial da SIC de que conta com o 'ás de copas' Cristina Ferreira, o trunfo dos afectos e da televisão popular –, Daniel Oliveira parece desenhar uma SIC diferente a cada horário. Uma para o target comercial, as cobiçadas classes A e B, e outra mais popular. Terá uma grelha com o seu cunho ainda mais palpável, e com Cristina Ferreira, em 2019 – e não revela que programas terá com ela. Para já, vem aí um especial Levanta-te e Ri, e a SIC vai voltar a produzir séries, documentários e filmes nacionais. Não revela se a nova cara SIC estará esta tarde no Teatro Capitólio, em Lisboa, para a primeira apresentação de Daniel Oliveira ao leme do canal que há mais de uma década perdeu a liderança das audiências. Começou há 20 anos na SIC, esteve na SIC Notícias e na RTP. Criou formatos como Só Visto ou Fama Show e é o rosto de Alta Definição, as entrevistas que puxam à emoção e que vai manter. Sobre trabalho, fala no plural. O que representa a transferência de Cristina Ferreira para SIC?Representa termos uma equipa mais reforçada com alguém que pensa a televisão tal como entendemos que ela deve ser hoje. A Cristina é um valor seguríssimo, tem um sentido de compromisso com tudo o que faz, um talento, uma energia e uma capacidade de trabalho que vêm somar valor aos valores que já temos na SIC. Significa que a Cristina vai também potenciar esses valores que temos, e vice-versa. É um feliz encontro de vontades, esta vinda da Cristina para a SIC. Acredito que ela traga um dinamismo que vai ser muito útil para os nossos objectivos na programação da SIC. O que espera que Cristina Ferreira traga para a antena, mas também para as funções de consultora da direcção-geral de entretenimento?As mais-valias que a Cristina traz são imensas, não só à antena, enquanto apresentadora, porque tem um perfil muito abrangente, e isso hoje é importante. A Cristina tem multiplataformas, no digital, para o público FTA [free-to-air, canal em sinal aberto], para o público dos targets comerciais que são importantes para a SIC – ela fala para todo o tipo de público, tem um espectro muito alargado e isso é muito importante nos dias de hoje. Tem a experiência do saber feito e enquanto consultora trabalhará com a direcção no sentido de formatar e coordenar alguns projectos que vai apresentar, mas também trazer ideias e capacidade de execução. É alguém a quem vou recorrer para somar valor, espírito criativo e crítico às nossas apostas e intenções enquanto programadores, quer para o canal generalista, quer para o cabo, quer para o digital. Essa transversalidade da Cristina é para nós muito importante. Ela traz consigo mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais e várias marcas associadas. Serão também formas de rentabilizar e justificar o que será o seu suposto valor contratual – estamos mesmo a falar de um milhão de euros anual?Foram atirados muitos números para o espaço mediático nas últimas semanas e não vou comentá-los. Digo só que a Cristina vale pelo que vale. E isso diz tudo. Esse valor pode estar afectado às audiências?Não vou comentar. Um canal generalista quer o grande público. Com o reforço Cristina Ferreira, está a trabalhar numa orientação cada vez mais popular?Os canais generalistas vivem um momento muito desafiante, que passa por ser relevante em FTA, mas devemos ter a capacidade de falar para todos os públicos ao mesmo tempo. Não acredito que a televisão linear tenha morrido, acho que tem de se reinventar, há modelos de programação e produção que estão ultrapassados. Temos de ouvir o público e perceber os seus comportamentos. Isto não é um processo científico, esta actividade de fazer televisão e programar, mas podemos tentar minimizar as variáveis que não controlamos. E termos pessoas que têm essa afinidade com o público é uma das mais-valias. Mas isso não é desligado do resto. A SIC continua a ser e a ter a prioridade de ser relevante nos targets comerciais [com mais rendimentos e formação, as categorias mais valiosas para os anunciantes]. Mesmo não tendo uma posição dominante em universo [global de espectadores], podemos ser relevantes em universo e nos targets comerciais, temos que adequar a nossa oferta consoante os horários. É uma empresa privada e isso é fundamental. No início, SIC e TVI diferenciavam-se entre o prestígio e o popular, mas hoje aproximam-se muito. A que acha que isso se deve?Há modelos que, pela sua eficácia, tendem a replicar-se. É a questão do ovo e da galinha, quem começou primeiro essa tendência? Nalguns casos sabemos, mas temos de caminhar para que a nossa oferta seja distintiva. A nossa concorrência não se cinge apenas aos canais generalistas. Competimos pela atenção das pessoas, pelo tempo que dedicam a consumir entretenimento, informação, o que seja. Estamos a competir também com o streaming, com as consolas, com o telemóvel. O que quer que a SIC seja, sob a sua alçada de programador?A relevância comercial, para nós, é importante, mas queremos ser competitivos. Há opções que são estratégicas e que são para reforçar – a ficção nacional é um pilar da nossa programação e queremos apostar não só em duas linhas de novela, como vamos continuar a ter, mas noutros géneros narrativos. Como as séries, ou voltar à produção de cinema?Como as séries, como os telefilmes, como os biopics, como os docudramas. A SIC, a médio/longo prazo, tem de estar à altura da demanda do mercado por storytelling. Não estamos só a competir por quem vê novelas. A SIC deve ser também um dos motores da indústria, trazer uma portugalidade para as histórias. Auscultar o mercado, hipóteses de co-produção, outros géneros complementares à nossa oferta. Algum público que terá migrado para outras plataformas estará disponível para consumir histórias em português de Portugal. Temos de fazer esse caminho tão rapidamente quanto possível. Quando? O nosso desejo é trabalhar com o olhar em 2019. O impacto que as nossas decisões têm na grelha, este ano, é algum, mas parte do processo estava em andamento. A SIC está na ofensiva, de novo à conquista de um primeiro lugar?Queremos ser competitivos em todos os horários e temos noção e respeito pelos outros operadores no sentido de perceber que, se fosse fácil encurtar a distância, isso já teria acontecido antes. Não nos comprometemos com algo que não está nas nossas mãos controlar. Vamos criar uma programação ágil, uma grelha dinâmica e que procura ter uma capacidade grande de resposta às solicitações do mercado. Não apontamos neste momento a nenhum objectivo com o qual não achamos que nos devamos comprometer. Nem com o objectivo da liderança?Nós queremos aquilo que está na nossa dependência directa. Temos noção dos passos que temos que dar para atingir os nossos objectivos, mas sem querer dar um passo que não seja o que é adequado a cada momento. É conhecido por ser rápido nos ajustes nas grelhas, mas também por criar formatos. Há algum novo na nova grelha?Na grelha deste ano, não. Mas está a trabalhar em ideias originais?Estamos sempre a trabalhar em ideias, mas a televisão não é um trabalho individual. Estamos a trabalhar de forma muito próxima com a equipa da direcção de programas. A presidir a todas as decisões está um trabalho de equipa. O que será a nova grelha?Uma das principais apostas desta rentrée é a nova novela Alma e Coração, de Pedro Lopes, vencedor do Emmy com Laços de Sangue. Depois temos o Casados à primeira vista, que é uma experiência social e mais do que o rótulo de reality show pode conter. Vamos ter o novo programa da Júlia [Pinheiro], à tarde, que não será um programa de daytime propriamente dito – é um outro registo, mais temperado, de histórias que podem ser mais saboreadas sem a urgência e a trepidação que o daytime muitas vezes contém. E no dia 7 de Outubro, por altura do aniversário da SIC, um Levanta-te e Ri especial no Coliseu dos Recreios. O Levanta-te e Ri faz 15 anos e é um projecto simbólico para nós. O humor sempre foi uma bandeira da SIC e é outro dos elementos estratégicos neste novo ciclo – apostar fortemente no humor, sendo que o seu espectro é muito amplo, da novela ao stand up. A ideia é que a SIC e os seus canais, temáticos, digital e generalista, sejam o que já foram – descobrimos os Gato Fedorento, os Bumerangue, o Jel. Queremos chegar a públicos que procuram isso noutras plataformas. Trazer a criatividade para dentro do processo de decisão é importante. Tem convocado e reunido as pessoas do universo SIC para carburar ideias?Tenho feito isso desde que entrei, falar com todos os nossos rostos e não só. Muitos desses humoristas e actores têm uma comunicação directa, nas redes sociais, com o público. São os nossos principais interlocutores com o público, têm a aferição apurada do que o seu público deseja em cada momento. As televisões generalistas alguma vez vão recuperar da grande quebra de investimento publicitário de há uma década?Continuam a captar a maior parte da fatia. Mas é uma fatia muito menor e os preços mais baixos. Há tempos que não voltam atrás. Temos de ser atractivos para o mercado, como somos, e criar soluções para que o modelo de negócio possa encontrar novas soluções de integração das marcas. Como patrocínios ou product placement na antena?Sim, temos de fazer esse caminho e as indústrias criativas devem criar soluções de integração de marca. Esse caminho está a ser feito muito no digital e, nos canais generalistas, na ficção e nos programas de daytime. É um caminho que deve ser trilhado. Sobre os “rostos SIC” e o universo de marcas e produtos que têm à sua volta, isso é parte indispensável da rentabilização dos seus contratos?Claro, os rostos são activos que devem ser [assim] pensados. É director-geral de entretenimento da Impresa. As principais metas a cumprir estão na SIC ou no audiovisual do grupo como um todo, com o streaming e a TV por subscrição no horizonte?O nosso desafio é imenso e passa por mantermos a relevância em FTA, mas vai muito além disso. Queremos que os nossos canais temáticos sejam olhados em bloco. A estratégia digital é fundamental ao abordar o sector, não apenas como um espaço em que há declinação dos programas das generalistas, mas como um mundo de oportunidades em que podemos produzir conteúdos exclusivos e autónomos. E que o digital seja também motor do generalista. Já está a pensar dessa forma integrada na grelha que vai apresentar?Sim, a nova novela tem um núcleo passado na Cova da Moura. Nos estúdios da SP Televisão foi construída uma rua cenográfica que reproduz a Cova da Moura e a ideia é criar um conteúdo exclusivo para o digital em que vamos trabalhar os textos da novela na comunidade real, com miúdos da Cova da Moura em género de mini-documentário no digital. O Casados à Primeira Vista terá como apresentadora a Diana Chaves e ela fará conteúdos complementares no digital. Esta integração é crucial para o sucesso dos produtos e para tocarmos públicos que provavelmente já não estão nas generalistas. A SIC e a Impresa têm tido anos de cortes financeiros e de pessoal. Com que orçamento está a trabalhar? Há uma racionalização obrigatória?Há uma racionalização que tem a ver com a alocação dos recursos, que são os mesmos, mas com uma distribuição diferente. O exemplo de pôr o Passadeira Vermelha [da SIC Caras] no late night [da SIC, em vez de séries americanas] representa uma poupança de centenas de milhares de euros. Valor que nos permite fazer investimentos noutro domínio e em horários que podem ser mais decisivos. Essa gestão integrada com os canais temáticos permite optimizar a distribuição do orçamento e melhorar muito a qualidade dos produtos. Uma ideia central é que não nos vamos comprometer com nada que não tencionemos cumprir. O que está no nosso poder é o trabalho, a entrega a cada projecto. Há quase 20 anos, o Big Brother mudou a televisão. Ainda há programas assim, que marcam um antes e um depois?Há cada vez menos. Os Gato, com o Esmiúça os Sufrágios, por exemplo, foi um programa diferente e chegou a fazer 40 pontos de share. Provavelmente o modo de aferição do sucesso de um produto é que tem de ser adequado aos tempos que vivemos. Um programa de televisão não deixa de o ser se for visto online ou de forma parcelada. O impacto que um programa tem não é só pelas audiências, é nas redes sociais, no digital, e isso deve ser também pensado quando apostamos nele. Outro conteúdo de sucesso garantido é o futebol. Temos a Liga Europa. Mas não entrou na corrida pelos direitos da Liga dos Campeões. Porque é demasiado caro?Com a Liga Europa temos uma oferta que nos tem dado resultados bastante bons nos últimos seis, sete anos. Por força da competição da Champions, cujos gigantes futebolísticos tomam por completo, os clubes portugueses acabam por ter mais chances de sucesso na Liga Europa – contém sempre clubes portugueses até uma fase longeva da prova. É uma aposta que vamos manter, renovámos o contrato e estamos satisfeitos porque são jogos muito competitivos, que nos oferecem um resultado de audiência bastante satisfatório. Ainda no desporto, os programas de debate das polémicas e das emoções clubísticas – e à luz dos últimos meses em que se analisou como eles contribuem para inflamar os ânimos em torno do futebol – preenchem muitas horas de programação barata no cabo. Mas não terão custos para a imagem da SIC? São produtos sobre os quais não tenho responsabilidade directa, estão na órbita da direcção de informação. Devemos ter capacidade de falar de assuntos que a sociedade quer que sejam falados. Não haveria tantos programas se não tivessem o público que têm. Nalguns casos, acho que se extremaram um bocadinho as posições e se excedeu aquilo que deve ser, não propriamente na SIC, mas devemos continuar a estar em linha com aquilo para que há apetência. Muitas vezes, o futebol é gerador de uma atenção imensa e é muito mais do que a indústria do desporto propriamente dito. Em Portugal, isso é ainda mais gritante. Não devemos ignorar todo esse mundo, mas a SIC vai dar passos no sentido de enaltecer também o futebol propriamente dito, os artistas do futebol. Quem gosta e quem foi miúdo a gostar de futebol foi cativado pelo desporto, pelos seus ídolos, e devemos olhar para o futebol e para a televisão com abertura – que muitas vezes os clubes não dão – para dar espaço aos ídolos, para que eles tenham antena aberta e sejam também modelos e exemplos para os miúdos. A TV por subscrição é uma espécie de grande quinto canal, tem um quarto da audiência do país. A SIC foi a primeira a ter canais temáticos. Vai manter todos, mesmo os que parecem sobrepor-se, como a SIC Caras e SIC Mulher?Sim. E são muito complementares. A SIC Mulher é muito generalista, tem alguns dos melhores formatos do mundo – o Married at first sight, que vamos ter na generalista em versão portuguesa, começou por ser da SIC Mulher e teve resultados avassaladores que nos fizeram olhar para o formato de maneira diferente. A SIC Caras tem muito a ver com o tema do showbiz. A SIC Radical é um canal também laboratorial, que descobriu caras como o João Manzarra, e que aposta no humor; e a SIC K tem programação infantil. Como estão os contratos com os operadores de TV por subscrição, visto que também são uma forma de rentabilizar os temáticos?Estamos em conversações com os operadores para os continuar. Preocupa-o o envelhecimento do público dos generalistas? Com que margem se programa para a TV generalista – para um ano, cinco? Programa-se para idades, para literacias?É uma condição inexorável da sociedade portuguesa, temos um país cada vez mais envelhecido. Daí a importância de não nos desconectarmos do restante público. Daqui a 15 ou 20 anos, esse público vai ter um modo de consumo totalmente diferente. Mas, com o envelhecimento da população, há a mudança dos hábitos do consumo televisivo que afasta há muito os mais jovens, e não só, dos canais em sinal aberto. Em Portugal, esses movimentos são mais lentos precisamente pela condição do envelhecimento da população. Mas se há cinco anos projectássemos o que seria a televisão hoje, ou se a Netflix ou o streaming teriam este impacto, provavelmente não conseguiríamos aferi-lo. Fazer essa projecção a cinco anos é um horizonte demasiado largo. Daqui a cinco anos, provavelmente, vamos ter modelos de negócio diferentes, mas o FTA vai continuar a ser muito relevante. Precisa de se reinventar, repito, e de criar conteúdos agregadores. Os principais operadores de streaming já estão em Portugal e é inevitável que comecem a produzir cá – os seus orçamentos são muito superiores aos nossos. Ligeiramente [risos]. Está a preparar-se para essa concorrência? A chegada dos operadores deve ser olhada com atenção, mas também como uma oportunidade. Daí considerar que a SIC deve ser também motor da indústria: sermos detentores das ideias, dos textos, da criatividade, e termos uma máquina oleada que nos permita ter o músculo para entrar num jogo em que estamos, no fim de contas, a contar histórias portuguesas para portugueses – e que podem ter uma capacidade de exportação grande. Que televisão vê só por gosto? Ou isso é impossível?Consigo ver. Vejo muitas séries. Agora que fui pai, há três meses que não voltei a ver nenhuma [risos]. Informação, desporto, muita televisão nacional – aí já com um olhar diferente. Gosto muito da abordagem que alguns programas brasileiros fazem, como o Fantástico que casa o lado do “infotainment”. Gosto muito de alguns programas de debate político, esses vejo com gosto e não com olhar de programador. Mas se acontece qualquer coisa no programa que me chame a atenção. . . Para onde olha quando procura ideias ou bons programas para trazer para Portugal? Para a Europa, para os EUA, para o Brasil, de onde acabou de voltar?Vivemos um tempo exaltante, temos acesso permanente a conteúdos de vários pontos do mundo. Muitas vezes, as ideias não surgem de nada televisivo, mas de um livro, de uma história. Temos de estar abertos a descobrir novas formas de tocar as pessoas. No fim de contas, o que queremos todos é tocar a pessoa que está lá em casa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Como entrevistador, tem uma catchphrase: “O que dizem os seus olhos”. Por que é importante para si tê-la? É a sua queda para criar marcas? Não foi reflectido. A frase resulta de duas entrevistas que vi, uma ao Nicolau Breyner e outra ao actor brasileiro Raul Cortez, e de uma conversa com o realizador Luís Andrade, com quem trabalhei na RTP. Os três diziam que, em televisão, ninguém consegue ser quem não é. Os olhos nunca mentem, mesmo que o poder de argumentação seja bastante eloquente, o espectador faz a sua análise. Foi com base nessa ideia que criámos a pergunta, tentar perceber o que é que a pessoa pensa que dizem os seus olhos. Ser uma espécie de assinatura que a pessoa coloca em toda a história de vida que acabou de partilhar connosco. Acabou por ficar, mas não foi consciente a ideia de criar uma frase para o programa que fosse um bordão.
REFERÊNCIAS:
Sue, o T-rex mais famoso do mundo, tem um novo “esconderijo”
Durante dez meses os ossos de Sue estiveram a ser montados novamente, agora tendo em conta novos conhecimentos sobres este dinossauro. (...)

Sue, o T-rex mais famoso do mundo, tem um novo “esconderijo”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.378
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Durante dez meses os ossos de Sue estiveram a ser montados novamente, agora tendo em conta novos conhecimentos sobres este dinossauro.
TEXTO: Sue, o mais completo, bem preservado e maior Tyrannosaurus rex descoberto até agora, tem um novo esconderijo no Museu Field de Chicago (Estados Unidos). Na sexta-feira, o museu irá inaugurar um novo espaço na exposição permanente com os fósseis deste conhecido tiranossauro, depois de os seus ossos gigantes terem voltado a ser montados durante dez meses. Os ossos de Sue – um dinossauro carnívoro com cerca de 12 metros de comprimento – foram voltaram a ser montados para representar os novos conhecimentos adquiridos nas últimas duas décadas sobre este T-rex. Uma das maiores mudanças foi o acréscimo da gastrália, conjunto de ossos que faz lembrar uma série adicional de costelas no abdómen e que poderá ter dado apoio estrutural à respiração dos dinossauros. “A gastrália forma um cesto de ossos na parede abdominal e ajuda-nos a visualizar o tamanho e a medida da cintura da Sue. Também ajustámos as omoplatas para encaixar no que agora consideramos ser a fúrcula correcta, o que permitiu que os braços ficassem mais para baixo, mais próximos da linha média. Agora a Sue já pode bater palmas”, descreve o paleontólogo Pete Makovicky, curador do museu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O museu comprou os fósseis da Sue em leilão por 8, 4 milhões de dólares (cerca de 7, 4 milhões de euros) e colocou-os em exibição em 2000. Sue é o nome da mulher que descobriu os fósseis deste T-rex no estado do Dakota do Sul (EUA), em 1990. Não é claro se este dinossauro era uma fêmea ou um macho. “Também foram feitos ajustes na caixa torácica e a perna direita ficou menos flectida. Por fim, abrimos um espaço ligeiramente maior na boca para dar um efeito dramático”, acrescentou Pete Makovicky. “A nova exposição é mais pequena e fica num espaço mais intimista. ”O T-rex foi um dos maiores predadores terrestres de sempre, vagueou pelo Oeste da América do Norte durante o crepúsculo da idade dos dinossauros no período Cretácico, lado a lado com dinossauros com cornos ou com couraça, de répteis voadores chamados pterossauros, aves com e sem dentes, entre outras criaturas. O impacto de um asteróide na costa do México há 66 milhões de anos levou à extinção dos dinossauros e de muitas outras criaturas terrestres e marinhas. Depois deste desastre, os mamíferos tornaram-se dominantes na Terra.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Bruxelas pergunta aos europeus se querem manter o horário de Verão
A Comissão Europeia está a divulgar, até 16 de Agosto, um inquérito sobre uma “possível alteração ao horário de Verão”. (...)

Bruxelas pergunta aos europeus se querem manter o horário de Verão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Comissão Europeia está a divulgar, até 16 de Agosto, um inquérito sobre uma “possível alteração ao horário de Verão”.
TEXTO: A Comissão Europeia quer saber se os europeus concordam ou não com a existência de um horário de Verão – e para isso está a promover, até 16 de Agosto, uma consulta pública online sobre uma “possível alteração ao horário de Verão”. Depois de apuradas as respostas abrem-se duas alternativas: ou se mantém o horário de Verão ou se dá aos países a hipótese de escolher o próprio horário. Desde 2001, ano em que entrou em vigor a directiva 2000/84/EC, que os Estados-membros da União Europeia ficam obrigados a mudar a hora legal duas vezes ao ano: a primeira no último domingo de Março e a segunda no último domingo de Outubro. O horário de Verão permite “aproveitar a luz natural disponível num dado período de tempo”, defende a UE. Mas nem todos concordam. Alguns Estados-membros, eurodeputados e cidadãos europeus advogam pelo abandono definitivo do horário de Verão. É o caso da Finlândia, ou (em parte) da Lituânia, que pede que seja revista de forma a ter em conta diferenças regionais e geográficas. Por isso, o Parlamento Europeu adoptou uma resolução, em Fevereiro de 2018, onde se compromete a perceber se os europeus querem continuar com o horário de Verão. No caso de ganhar o "não", o Parlamento defende que se mantenha um “regime [horário] unificado europeu” – para promover o comércio e proteger o mercado único. Esse estudo deve ser levado a cabo pela Comissão Europeia, encarregada de analisar as respostas e propor as alterações legislativas necessárias. Para ajudar à reflexão, a Comissão Europeia elencou os resultados de vários estudos sobre a mudança horária. Da saúde humana à agro-pecuária há prós e contras que sustentam as duas visões sobre o assunto. No âmbito do comércio, se cada país adoptasse uma hora diferente, a produtividade decresceria, apontam os estudos europeus. O comércio internacional passaria a ser mais dispendioso, com várias inconveniências nos transportes, comunicações e viagens. No site onde apresenta o inquérito, a Comissão Europeia opta por salientar os efeitos positivos da mudança da hora na saúde humana, por promover actividades no exterior. Admite que pode haver um efeito nefasto no “biorritmo humano” mas afirma que os estudos são inconclusivos. Em 2017, o PÚBLICO falou com o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, Miguel Meira e Cruz que afirmou que quase todos podem ter dificuldades durante a adaptação ao novo horário mas que algumas franjas da população estão especialmente susceptíveis a sofrer com a mudança – como é o caso dos doentes cardiovasculares ou de quem tem perturbações do sono. Miguel Meira e Cruz defende ainda que a hora extra de sono oferecida pelo horário de Verão é uma ilusão. Segundo o especialista do sono, “vários estudos já confirmaram que essa hora raramente é utilizada para dormir”. Já no caso da agro-pecuária, a Comissão admite que a mudança de hora obriga a alterações na rotina dos animais, mas que actualmente a tecnologia e a iluminação artificial já permitem contornar isso. E para actividades agrícolas ao ar livre – como as colheitas – a mudança de horário é benéfica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O horário de Verão foi adoptado pela primeira vez na Alemanha há mais de 100 anos, a 30 de Abril de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. De acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa, a medida foi introduzida "como tentativa de minimizar o uso de iluminação artificial a fim de economizar combustível para o esforço da guerra". A ideia era deixar de desperdiçar horas de sol, fonte de energia gratuita. Portugal adoptou esta medida desde o início, mas não a cumpriu nos anos 1922, 1923, 1925, 1930 e 1933, altura em que se manteve o horário de Inverno. E nem sempre a mudança para o horário de Inverno foi feita em Outubro, à semelhança do que acontece actualmente. Houve anos em que Portugal saía do horário de Verão no final de Setembro, enquanto noutros países a mudança era feita em Outubro. “Durante este mês era uma confusão nas transacções”, lembra Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, numa entrevista ao PÚBLICO, em 2016. “Andou-se a experimentar”, “a tentar perceber como é que as pessoas se sentiam”, disse o astrofísico.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Maioria dos europeus quer acabar com a mudança da hora
Pelo menos 4,6 milhões de europeus terão respondido ao questionário da Comissão Europeia sobre o fim da mudança da hora. (...)

Maioria dos europeus quer acabar com a mudança da hora
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pelo menos 4,6 milhões de europeus terão respondido ao questionário da Comissão Europeia sobre o fim da mudança da hora.
TEXTO: Pelo menos 80% dos 4, 6 milhões de europeus que responderam a um questionário da Comissão Europeia não querem mudar de hora duas vezes por ano, respeitando o horário de Verão e Inverno. A informação está a ser avançada pela emissora alemã Deutsche Welle, que cita o jornal regional alemão Westfalenpost, que falou com fontes próximas do assunto. O questionário foi divulgado pela Comissão Europeia, entre 4 de Julho e 16 de Agosto, e os resultados ainda não foram apresentados oficialmente. Surge na sequência de uma resolução do Parlamento Europeu, de Fevereiro de 2018, na qual o organismo se comprometeu a perceber se os europeus querem continuar com o horário de Verão. No caso de ganhar o "não", o Parlamento defende que se mantenha um “regime [horário] unificado europeu” para promover o comércio e proteger o mercado único. Depois de apurados os resultados do estudo, a Comissão Europeia está agora encarregada de analisar as respostas e propor as alterações legislativas necessárias. As possíveis propostas apresentadas pela Comissão sobre a mudança de horário terão depois de ser analisadas pelos Governos dos Estados-membros e pelos deputados europeus. A quantidade de respostas surpreendeu os responsáveis da Comissão Europeia citados pelo Financial Times: foi, de longe, o número mais elevado de respostas a um questionário da Comissão, que lança dezenas de formulários semelhantes anualmente sobre questões regulatórias. Uma grande parte das respostas vieram da Alemanha, um dos primeiros países a adoptar a mudança horária: pelo menos três milhões de alemães responderam ao inquérito europeu. Uma sondagem do instituto alemão Forsa, de Março deste ano, constatou que 73% dos inquiridos estavam a favor do fim da mudança da hora. No entanto, apenas 31% achavam que essa mudança ia acontecer nos próximos cinco anos. Para ajudar à reflexão, a Comissão Europeia elencou os resultados de vários estudos sobre a mudança horária. Da saúde humana à agro-pecuária, há prós e contras que sustentam as duas visões sobre o assunto. No âmbito do comércio, se cada país adoptasse uma hora diferente, a produtividade decresceria, apontam os estudos europeus. O comércio internacional passaria a ser mais dispendioso, com várias inconveniências nos transportes, comunicações e viagens. A Comissão Europeia optou por salientar os efeitos positivos da mudança da hora na saúde humana, principalmente por promover actividades no exterior. Admite que pode haver um efeito nefasto no “biorritmo humano”, mas afirma que os estudos são inconclusivos. Os problemas do sono são alguns dos problemas mais comuns. O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, Miguel Meira e Cruz, que falou ao PÚBLICO em 2017, sublinhou que doentes cardiovasculares ou quem tem perturbações do sono costuma ser afectado negativamente pela mudança da hora. Já no caso da agro-pecuária, a Comissão admite que a mudança de hora obriga a alterações na rotina dos animais, mas que actualmente a tecnologia e a iluminação artificial já as permitem contornar. E para actividades agrícolas ao ar livre – como as colheitas – a mudança de horário é benéfica, defende Bruxelas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O horário de Verão foi adoptado pela primeira vez na Alemanha há mais de 100 anos, a 30 de Abril de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. De acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa, a medida foi introduzida "como tentativa de minimizar o uso de iluminação artificial a fim de economizar combustível para o esforço da guerra". Queria-se deixar de desperdiçar horas de sol, fonte de energia gratuita. Portugal adoptou esta medida desde o início, mas não a cumpriu nos anos 1922, 1923, 1925, 1930 e 1933, altura em que se manteve o horário de Inverno. E nem sempre a mudança para o horário de Inverno foi feita em Outubro, à semelhança do que acontece actualmente. Em alguns anos, Portugal saiu do horário de Verão no final de Setembro, enquanto noutros países a mudança era feita em Outubro. “Durante este mês era uma confusão nas transacções”, lembrou Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, numa entrevista ao PÚBLICO, em 2016. “Andou-se a experimentar”, “a tentar perceber como é que as pessoas se sentiam”, disse o astrofísico.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
França: a tática, a moral e a história
À esquerda nunca pode ser indiferente de que lado da história se está. (...)

França: a tática, a moral e a história
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: À esquerda nunca pode ser indiferente de que lado da história se está.
TEXTO: Aqui há mês e pouco, a propósito das eleições presidenciais francesas, ferveu a controvérsia de saber como se deveria comportar a esquerda em face da dupla ameaça da extrema-direita e da deriva do projeto europeu. Essa questão pode ter sido cristalizada em torno de momentos e personagens concretos — saber se Jean-Luc Mélenchon deveria ter apoiado Macron contra Le Pen, por exemplo — mas a verdade é que ela assenta em velhos dilemas de fundo: quem é o inimigo e quem é o adversário? quem devemos combater e com quem devemos competir? devemos querer salvar o projeto europeu ou antecipar o seu colapso?Para alguns, o projeto europeu está destinado ao colapso e a esquerda deve antecipá-lo, combatendo o centro para competir com a extrema-direita no campo do euroceticismo. Nessa visão, o centro aproxima-se da figura do inimigo e a extrema-direita acaba por se tornar num mero adversário. Para outros, vale a pena salvar o projeto europeu: nesse caso, o centro pode ser o adversário mas a extrema-direita é o inimigo. A diferença é subtil mas é crucial e por isso a polémica era intensa. Uma das características comuns em quem escolhe a primeira opção (estar por fora do projeto europeu para competir com a extrema-direita e combater o centro) é ter interpretado os últimos anos, e especialmente 2016, como um sinal de que a vaga nacional-populista era imparável e de que o Brexit e Trump tinham provado que a vontade geral popular era a de desmantelar o projeto europeu e meter a marcha-atrás na globalização. Nesse caso, para quê deixar a extrema-direita ficar com os despojos do centro? Mais valia pescar nas mesmas águas nacionalistas para beneficiar da suposta tendência geral. Essa foi uma das razões que levou Mélenchon a não apoiar Macron contra Le Pen. Como escreveu um dos seus principais apoiantes, François Ruffin, Macron era já “detestado pelo povo” antes de chegar a presidente: em consequência, uma associação a Macron era mais tóxica e indesejável do que um silêncio ambíguo em relação a Le Pen. O problema é que esta posição pretende resumir a uma questão de tática aquilo que na verdade é muito mais uma questão de moral, e uma questão de história. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Aquilo que escolhemos combater e aquilo com que escolhemos competir também nos define. Combater a Europa para competir com a extrema-direita forçar-nos-á a usar os mesmos argumentos da última contra a primeira, mesmo que acreditemos que é por razões diferentes. Mas as ideias têm a sua própria força e isto não é meramente teórico: em França, há intelectuais de esquerda (um exemplo é o economista Jacques Sapir) que começaram a defender os “nossos trabalhadores” contra os dos outros ou a necessidade de ter uma população fixa para “possibilitar o estado social” e acabaram a defender uma aliança tática com a Frente Nacional contra a UE. A deriva moral é, para mim pelo menos, evidente. E, para concluir, estas escolhas não são só táticas nem mesmo sequer só morais. São históricas. À esquerda nunca pode ser indiferente de que lado da história se está. Estar contra a Europa para competir com a extrema-direita ou estar do lado da Europa para combater a extrema-direita não é a mesma coisa. No primeiro caso, opta-se por desistir do projeto europeu em nome de uma leitura do regresso da história à chave “nacional”. No segundo caso, faz-se o esforço de apresentar uma versão de esquerda daquilo que poderia ser um projeto europeu social e democrático e uma visão justa da globalização, se quisermos que a Europa e a globalização não sejam monopolizadas só pelo centro. As eleições francesas de ontem, dominadas por um Macron que afinal não é tão detestado como isso, e onde os socialistas foram arrasados e a dinâmica de Mélenchon se esvaziou, sugerem que em França estamos mesmo numa situação de monopólio do centro. Se a esquerda francesa quiser reconstruir-se para disputar a sério esse monopólio, uma boa ideia seria apresentar uma visão alternativa do que deseja para o projeto europeu, em vez de apostar só no suposto colapso da UE. Infelizmente, certas escolhas podem ser morais e históricas, mas há quem só aprenda quando elas se revelam erros táticos.
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Entidades UE
Comunistas endurecem posição e comparam Costa a Cristas
Conclusões do Comité Central dramatizam situação política: já não é só o Bloco Central, PS está cada vez mais encostado à direita. As posições extremam-se nas últimas reuniões. A campanha eleitoral está à porta. (...)

Comunistas endurecem posição e comparam Costa a Cristas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conclusões do Comité Central dramatizam situação política: já não é só o Bloco Central, PS está cada vez mais encostado à direita. As posições extremam-se nas últimas reuniões. A campanha eleitoral está à porta.
TEXTO: O PCP subiu um degrau (e bem alto) na escalada de críticas ao PS e a António Costa. As conclusões da reunião de dois dias do Comité Central, que ficaram ontem disponíveis no site do partido, repetem à exaustão (mais propriamente 21 vezes) como o PS se tem colocado ao lado do CDS de Assunção Cristas. Os comunistas não se limitam a apontar o dedo a aproximações de Costa ao PSD de Rui Rio (o Bloco Central, de que Jerónimo tanto tem falado nas últimas semanas), mas vão mais longe e denunciam também convergências reiteradas com o partido mais à direita com assento parlamentar. Exemplos? O “apoio” do PS, PSD e CDS ao novo quadro financeiro da União Europeia. O “favorecimento”, por parte do PS, PSD e CDS, “da actividade de um grupo económico multinacional, a Uber”, A “união” entre confederações patronais, PS, PSD e CDS, a propósito das leis laborais. “O desvio de elevadas verbas para serem consumidas em juros de uma dívida pública insustentável como defendem PS, PSD e CDS”. “O cumprimento integral de direitos constitucionais na saúde, na educação, na segurança social, na habitação ou na cultura não é compatível com a sujeição às imposições do Euro e da UE com que PS, PSD e CDS estão de acordo”. Na sequência da assinatura da declaração conjunta com o PS em Novembro de 2015, que levou ao derrube do Governo de Passos Coelho no Parlamento e a um novo Governo liderado por António Costa, o PCP amaciou o discurso em relação aos socialistas que sempre foi considerado um partido com “políticas de direita”. Eis que em vésperas de negociação do último Orçamento do Estado antes de legislativas, o tom do PCP tem-se agudizado em relação a Costa. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, já classificou como “toldado” o ambiente e tem carregado nas tintas. O Comité Central, que se reúne habitualmente de seis em seis meses, endurece também essa análise da situação política. Em Janeiro, data da última reunião, o PCP começou a falar nos perigos do Bloco Central. Antes disso, o alvo era o Governo PSD/CDS de Passos Coelho e Paulo Portas, que tinha ajudado a derrubar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mais: comparativamente a outros documentos de reuniões anteriores, nota-se também como o PCP tem necessidade de vincar mais vezes que este é “um Governo minoritário”. E, pela primeira desde que de forma inédita ajudou a construir a “geringonça”, queixa-se de “uma poderosa ofensiva ideológica” contra o PCP, “apostando no silenciamento, na discriminação e na manipulação, dirigida pelos grupos económicos e financeiros hoje detentores dos principais órgãos de comunicação social (cada vez mais centralizados, concentrados e controlados), pelos seus centros de produção ideológica e pelas forças políticas que assumem a defesa dos seus interesses”. Numa passagem muito semelhante ao discurso pré-"geringonça", o partido de Jerónimo de Sousa denuncia mesmo aquilo a que chama “estímulo ao preconceito anticomunista”. O destinatário não é só a direita, mas também o BE e o mais pequeno partido com assento parlamentar o PAN. Senão, vejamos, os exemplos dados: “as campanhas em torno de temas trazidos à discussão como, entre outros, a lei do financiamento dos partidos, as barrigas de aluguer, a liberalização do cultivo, comercialização e consumo de cannabis, a pretexto do seu uso para fins terapêuticos, a provocação da morte antecipada (eutanásia), a instrumentalização das preocupações com os animais, bem como o sistemático recurso à tentativa de intimidar e criminalizar a posição de solidariedade internacionalista”. É uma espécie de regresso do PCP ao sítio de onde nunca saiu.
REFERÊNCIAS:
O valor da biodiversidade
Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas. (...)

O valor da biodiversidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas.
TEXTO: Há 27 anos, as Nações Unidas propuseram 22 de Maio como Dia da Biodiversidade, para homenagear a data de aprovação do texto final da Convenção da Diversidade Biológica. Mas falar em diversidade da vida é demasiado lato: sobre que tipo ou sistemas vivos se pretende chamar a atenção? Como se expressa e qual o valor? Para muitos, biodiversidade e natureza são sinónimos. Paisagens com diferentes tons de verde e castanhos, salpicada de flores e algumas aves a sobrevoar transmitem um sentimento de beleza, subjectivo e pessoal, que apenas se interioriza quando desaparece ou se modifica. Mas afinal o que é a biodiversidade e por que é tão importante? Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas. Ou seja, não basta termos uma monocultura, herbácea ou florestal, para maximizar a produção onde não há diversidade genética, para termos biodiversidade. Pelo contrário, este “tipo” de diversidade pode implicar o aparecimento de pragas ou doenças ficando a produção globalmente afectada. O mesmo se passa com ecossistemas idênticos e contíguos. Não existindo variabilidade, a capacidade de resistência é praticamente nula. E isto explica o alastramento de incêndios porque as paisagens continuamente uniformes são ecossistemas de produção pouco complexos e/ou altamente explorados pelo homem. Surgem as tais “catástrofes” que requerem ajuda imediata. Quando há diversidade genética dentro de espécies, em espécies e ecossistemas diferentes, a biodiversidade aumenta e a sua capacidade de resiliência a fogos e tempestades é maior. Nos ecossistemas naturais estabelece-se uma teia de dependências complexas que as torna intimamente ligadas e resilientes. São estes sistemas, que para além do alimento e da fibra, providenciam a regulação hídrica, a reciclagem de nutrientes, a purificação do ar, a regulação térmica, e ainda o lazer e deleite cultural. Serviços de que o homem tira partido sem nada dar em troca. Em áreas de reserva natural, mesmo que confiram um equilíbrio global e sustentável, se não são rentáveis, como podem ser garante da qualidade de vida?Infelizmente, o homem só entende e respeita o que lhe possa dar benefícios e, por isso, dificilmente é entendível que o ecossistema natural preste um serviço que é de todos e para todos, sem trabalho humano. A compreensão dos serviços do ecossistema requer um conhecimento holístico interdisciplinar em ecologia. A vantagem dos ecólogos, em detrimento de outros investigadores, é o de saberem usar indicadores biológicos, para “ler” o estado de conservação dos ecossistemas como medida de prevenção e posterior intervenção. Esse conhecimento é, ainda, pouco apreciado e nada valorizado. Antes que a biodiversidade do território se torne mais uniforme, é tempo de ler criteriosamente o relatório da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) saído em Maio da reunião de Bruxelas. Após anos de análise, o relatório é unânime em confirmar o elevado declínio de biodiversidade. No entanto, o nosso dia-a-dia não é afectado, nem a nível pessoal nem social, como no caso das alterações climáticas. Quer isto dizer que a biodiversidade se pode perder perante a passividade quase generalizada da população e a indiferença dos políticos. Do ponto de vista estratégico, o importante é reduzir a emissão dos gases com efeito de estufa, porque são eles os causadores de todas as catástrofes. Ainda não se entendeu que a “alteração climática” poderia não ser tão dramática se não tivesse havido a delapidação dos ecossistemas florestais e a sobreexploração dos habitats marinhos e terrestres. Um dos efeitos da integridade dos ecossistemas é servir de tampão às alterações externas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sem pretender retirar o mérito das presentes medidas legislativas para cumprir o Acordo de Paris, não deixa de ser estranha a perseguição aos parques automóveis, quando há isenção ao fuel da aviação e incentivo ao aumento da emissão de gases com a aposta no aumento da área aeroportuária. Nesta altura, a nível mundial, já se pondera restringir o transporte aéreo, mas em Portugal pretende-se aumentar e à custa de uma zona sensível para a biodiversidade. Também, nas faldas das serras a norte do Tejo, onde há concentração de lítio, foi já concessionada a exploração do denominado “ouro branco” que trará (?) riqueza económica. Depois da informação de que grande parte desses territórios são os mais pobres e desabitados do país, como se pode argumentar e defender a conservação da biodiversidade, com investimentos oportunos, da era moderna, para satisfazer os mercados da nova tecnologia? Há ainda o caso da implantação do projecto do porto espacial na ilha de Santa Maria. Depois da base das Lajes, surge agora uma nova exploração de grande envergadura de que pouco se tem falado. Todos estes exemplos incentivam a emissão de gases com efeito de estufa, contraditórios à política climática. Os custos-benefícios ecológico-económico foram suficientemente estudados? Como ficarão afectados os ecossistemas com a poluição consequente? Em nome do desenvolvimento económico, a perda da biodiversidade é, apenas, um problema secundário. Enquanto as alterações climáticas arrastam problemas sociais de efeitos globais, a perda de biodiversidade ainda é encarada com pouco interesse político. Depois do relatório do IBPES e das Nações Unidas terem declarado a nova década para o restauro ecológico, Portugal poderia assumir um protagonismo global ao canalizar alguns fundos estruturais europeus para incentivar a conservação da biodiversidade, de forma coerente e com bases científicas. Seria uma oportunidade diferente de preparar o futuro, contribuir com a criação de emprego especializado e estabelecer isenções fiscais a proprietários que pretendessem conservar a biodiversidade ou mesmo contribuir para o seu restauro. É especialmente necessário investir nas bases sociais que impeçam a degradação dos ecossistemas e a poluição ambiental. E isso é saber ler a natureza e ensinar a valorizar a biodiversidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave concentração ajuda homem social espécie perseguição aves