17.56 Enoteca: o que é bom nunca é de mais
Conceito abrangente, com cozinha tradicional e de vanguarda, o 17.56 honra a história e pergaminhos da Real Companhia Velha. (...)

17.56 Enoteca: o que é bom nunca é de mais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.449
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conceito abrangente, com cozinha tradicional e de vanguarda, o 17.56 honra a história e pergaminhos da Real Companhia Velha.
TEXTO: Agradar a todos e ao mesmo tempo é uma espécie de impossibilidade prática, mas uma organização com mais de 260 anos de história há muito que se habituou a enfrentar os grandes desafios. Coisa pouca, portanto, para a Real Companhia Velha, que nasceu em 1756 como Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e está umbilicalmente ligada à história do Douro e do Vinho do Porto e se mantém como uma das grandes referências do sector. E o desafio consistiu em conjugar num mesmo espaço uma montra privilegiada para os vinhos e história da empresa, com uma parte museológica, espaços para prova e degustação, garrafeira — e a cereja no topo do bolo que é um restaurante que, sendo moderno e cosmopolita é também depositário dessa enorme tradição histórica. O espaço é o dos antigos armazéns da companhia na marginal de Vila Nova de Gaia, uma área com três mil metros quadrados que foi exemplarmente remodelada e é já um dos mais atractivos spots para os visitantes que, cada vez em maior número, procuram a zona das caves do Vinho do Porto. Mantendo a relação visual privilegiada com o rio Douro e o casario monumental do Porto, o restaurante ocupa todo o primeiro piso, com disposição que tem tanto de imponente como de diversificada, ou seja, propondo-se agradar a todos e ao mesmo tempo. E não só agrada à primeira vista como é até é capaz de surpreender. Desde logo a luminosa escada rolante que nos transporta ao patamar superior, mas também pela área alargada, o ambiente glamoroso e acolhedor, a disposição das mesas e mobiliário. E ainda o confortável deck exterior voltado ao rio e ao Porto onde logo apetece ficar sem tempo. Mas há mais. O restaurante desenvolve-se em torno de três cozinhas diferentes — de peixe, de carne e japonesa — e ambiente dinâmico, com lugares ao balcão, mesas ao estilo clássico, outras em plano mais elevado e ainda duas salas para momentos ou eventos de maior privacidade. A nota de sofisticação é dada pela queijaria associada à zona de bar e balcão, mas sobretudo pelo exclusivo Cigar Club, um espaço para os apreciadores de charutos, com alargada selecção de cubanos e de vinhos do Porto para acompanhar. 17. 56 Enoteca Alameda da Rua Serpa Pinto, 44B 4400-012 Vila Nova de Gaia Tel. : 222 448 500Horário: de terça a sábado, das 12h às 24h; domingo, das 12h às 19h. Marcação aconselhável Estacionamento muito difícil (Parques: Cais de Gaia e no próprio edifício)O ambiente foodie e gastronómico é ainda reforçado com a disposição das cozinhas: abertas e voltadas à sala, que, funcionando de forma separada e autónoma, são propostas em comum ao cliente e com serviço igualmente partilhado. Quanto ao conceito, o 17. 56 Enoteca apresenta-se como “um espaço que pretende contribuir para a afirmação do Porto e Vila Nova de Gaia como uma das dez capitais mundiais do vinho e onde a oferta gastronómica é bastante variada, mas o vinho é Rei”. O texto refere ainda “uma oferta de cozinha tradicional, onde os peixes e mariscos são meticulosamente escolhidos e preparados, assegurada por um chef da Real Companhia Velha. O Reitoria assegura as sandwiches gourmet, charcutaria e steakhouse, com uma vasta selecção de carnes maturadas; enquanto que o raw bar de inspiração japonesa está ao cargo da Shiko Tasca Japonesa”. A carta é conjunta e contempla vários “Petiscos” e “Entradas”, desde o presunto Joselito (18€) ou tábua de charcutaria (14€) às amêijoas à Bulhão Pato (18€), à sopa rica de peixe (7€), maionese de lavagante (16€) ou ovos rotos (11€). Seguem-se as ofertas de “Focaccia”, “Fromagerie”, “Sushi”, “Peixe” e “Carne”. Como entrantes, solicitou-se “açorda de camarão e bacalhau” (8€) e “bacalhau à Brás” (9€). Serviço em taças elegantes e apresentação cuidada e em proporções bem generosas. Açorda com troços de camarão e bacalhau muito bem desfiado, em preparação competente, sabores definidos e base cremosa. Cebola al dente, ovo cremoso e dourado, textura aveludada e cremosa também no competente Brás de bacalhau. Ambos a compor entradas de bons auspícios. O capítulo seguinte orientou-se para os peixes, tendo sido solicitados o “filete de robalo com migas “ (24€) e o “bacalhau assado no forno” (22€). Impecável o último, em lombo limpo e alto de assadura perfeita, onde os aromas de forno e do peixe se envolviam com as lascas gelatinosas de fios firmes e macios a evidenciar peça de boa cura. Acompanhava com batata a murro (no forno) e competente esparregado com nabiças e alho e fundo guloso de azeite. Muito bem!Igualmente de lombo alto o generoso filete de robalo, a que a exposição ao calor terá retirado alguma da suculência. Elegante apresentação com a açorda de camarão que acompanhava a fornecer o complemento de suculência ao pescado. Num claro estilo de cozinha tradicional, a lista de peixes alarga-se ao rodovalho no carvão, arroz de lavagante, filetes de polvo com arroz do mesmo, polvo à lagareiro ou massada de peixe, com preços entre 17 e 28 euros. Nas carnes, oferta de variedades Wagyu, Black Angus, Rubia Galega (do Minho), com corte de txuleton, tornedó, posta da vazia e entrecôte e preços segundo o peso. Provou-se a Rubia Galega, que é servida com o mínimo de 500g (39, 20€), de carnes púrpura e suculentas e músculo de textura macia. Tratamento culinário impecável e sabor intenso deixando uma sensação final que pedia um pouco menos de evidência ao sódio. Provavelmente do tipo de sal, que, no entanto, a cozinha garantiu ser flor de sal. Banal era mesmo a batata frita que acompanhou, ao estilo das básicas casas de tapas, que a especialidade e qualidade da carne claramente não mereciam. Das sobremesas, espaço ainda para o delicado mil folhas de ovos (6€). O creme de ovo é fino, delicado e saboroso, mas o plus é mesmo a massa fina, crocante e estaladiça, que rebenta como sinfonia na cavidade bucal. Todos os doces são sugeridos com um pairing de vinho do Porto, todos a preços contidos e a convidar à prova. E os vinhos são, como seria previsível, uma das mais salientes propostas do 17. 56 Enoteca. A par da lista completa daqueles foram sendo produzidos na casa ao longo dos últimos 100 anos, a oferta estende-se também a todos aqueles que consensualmente serão hoje considerados como os grandes vinhos nacionais e de todas as regiões. Com várias centenas de referências, apetece mesmo dizer que, mais que uma carta, é um catálogo com todos os melhores vinhos que são produzidos em Portugal. O problema é que será preciso ir com algum tempo de antecedência para poder fazer a consulta. E nem se pense que seja apenas piada, já que é notória a falta de um sommelier ou especialista que apoie os clientes perante tão diversificada e valiosa oferta, ainda por cima com preços que no geral parecem de grande sensatez. Como diz o povo: em casa de ferreiro, espeto de pau!E é a sabedoria popular que nos faz voltar ao início e à ambição de a todos agradar simultaneamente. Que é inovador e ambicioso, não restam dúvidas, mas fica a questão de saber se não será oferta demasiada. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A sensação que fica é que a Real Companhia Velha prova estar à altura do desafio, propondo uma cozinha diversificada e conseguindo conjugar a história e tradição num contexto moderno e sofisticado e claramente apelativo. Ou seja: o que é bom nunca é de mais!O risco é que a mistura possa, aqui e ali, colocar algumas areias na engrenagem do serviço, e isso parece não estar ainda totalmente afastado.
REFERÊNCIAS:
Um moinho no meio do nada e uma mão-cheia de tudo
De um moinho em ruínas, à beira do rio Bazágueda, nasceu um turismo rural que se inspira nas origens para recriar uma minialdeia onde descansar é palavra de ordem. E onde se pode dormir sob o céu estrelado. (...)

Um moinho no meio do nada e uma mão-cheia de tudo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: De um moinho em ruínas, à beira do rio Bazágueda, nasceu um turismo rural que se inspira nas origens para recriar uma minialdeia onde descansar é palavra de ordem. E onde se pode dormir sob o céu estrelado.
TEXTO: Em pleno coração da serra da Malcata, do lado do concelho de Penamacor, distrito de Castelo Branco, longe da estrada asfaltada e onde o sinal das redes móveis não chega, o Moinho do Maneio surge como um refúgio verdejante onde se consegue verdadeiramente descansar sem que se sinta falta do que fazer e onde há sempre uma novidade que justifica o regresso. Nascido a partir de um projecto agrícola em torno da produção de framboesas, que tem vindo a crescer e que funciona como uma linha de negócio paralela ao turismo, o Moinho do Maneio começou por ser um sonho de Anabela Martins e Rui Marcelo — o casal fez vida em Lisboa durante duas décadas (ela ligada à engenharia civil; ele, ao jornalismo), mas sempre acalentou a vontade de regressar à terra-natal. “Sempre que podíamos vínhamos passar um fim-de-semana ou uns dias”, recorda Anabela, acrescentando: “Sempre soubemos que era onde queríamos estar. ”Começaram, em 2002, por compor uma manta de retalhos, entre as propriedades herdadas, oferecidas e compradas, para totalizarem os 20 hectares que hoje perfazem a propriedade. Seguiram-se outras “guerras”: como trazer a rede eléctrica a um sítio no meio do nada ou obter as licenças necessárias para edificar o que projectaram a partir de ruínas de velhos casebres que outrora serviram para armazenar cereais ou para guardar gado. Começaram pela casa principal, onde residem e onde é servido um principesco pequeno-almoço (no qual nunca faltam, claro, framboesas sob as mais diversas formas: sumo, doce, em iogurte. . . ), e, passo a passo, foram criando espaços para receberem visitas. Até que, em 2008, Anabela ficou desempregada e optaram pela mudança. Criaram uma unidade de turismo local, ao mesmo tempo que legalizaram o licor de framboesa que comercializam. Hoje, há duas casinhas, a Alecrim e a Pipa, cada qual com uma minicozinha, e três quartos: Andorinhas, Amieiro e Trigo. Além da incontornável bolha: uma espécie de tenda insuflada, de revestimento transparente, montada numa escarpa à altura das copas das árvores, mesmo sobre o rio Bazágueda, que permite uma experiência única de dormir protegido, mas mesmo no meio da natureza e com o céu estrelado como tecto. O moinho foi o mote que levou Anabela e Rui a escolherem este poiso. E, curiosamente, mantém-se tal qual foi encontrado – têm planos para recuperá-lo, mas ainda não foram postos em prática. Porém, só a sua presença, mesmo que em ruínas, transporta-nos até a um país rural de outros tempos, quando as gentes da região aqui vinham para, a troco de um pouco do resultado da sua moagem, usarem as mós que trabalhavam pela força da água. E tudo o que foi recuperado e construído, nesta propriedade não destoa. Como se percebe logo à entrada. Depois de percorrido o quilómetro que separa a propriedade da EM569, somos recebidos pelos olhares curiosos de dois burricos, o Jericó e a Julieta, e pelos ladrares efusivos de Berry, Júnior e Mimosa — mais tarde, aparecerão os dengosos gatos, para se enroscarem ao calor junto às nossas pernas, mas ao arranque preferem manter uma protocolar distância. Nada a recear: os animais gostam de mostrar os bons anfitriões que são, mas deixam os visitantes vaguear à sua vontade. E há muito por onde andar – a pé, de bicicleta ou até de canoa – e mais bichos a descobrir. Como as toupeiras, que vão colocando a cabeça de fora e desafiam os cães a uma brincadeira que se percebe ser já rotina. As casinhas e os quartos, tipo suíte, desenham-se uma a seguir à outra pelo caminho empedrado que nos leva quase à margem direita do Bazágueda. O rio, nos dias mais quentes, convida a mergulhos refrescantes, mas para quem não gosta de água tão fria, há alternativa: uma piscina, localizada mesmo no centro da propriedade. De pedras expostas e protegidas pelas plantas trepadeiras que permitem resguardar o seu interior do intenso calor, cada alojamento remete para uma decoração diferente mas indo sempre buscar inspiração ao passado rural da região, patente no padrão das mantas, nos utensílios de cozinha, nos cortinados ou nos mais inusitados objectos, como o caso de uma pipa que recebeu o estatuto de banheira na casa homónima. Ribeira da Bazágueda - EM569, km 7, 5 - Penamacor Telf. : 277 394 399 Preço/noite: desde 70€ (pequeno-almoço incluído)Não se pense, porém, que o conforto foi descurado, já que, nesse campo, a modernidade está presente naquilo que é essencial (não, os colchões já não são de palha e a água quente não é fornecida por uma cafeteira. . . ). Cada alojamento também serve propósitos distintos: as duas casinhas, como o caso da Pipa que nos acolheu por uma noite, serão indicadas para famílias com crianças; as suítes, ideais para amigos ou casais; e a bolha, para quem procura uma experiência diferente. Desde o início que Anabela e Rui queriam ter detalhes que fizessem a diferença e, por isso, procuravam algo especial. Andavam a pensar fazer uma cabana em madeira com a parte superior em vidro. “Queríamos uma maneira de aproveitar a visão das estrelas, sobretudo em noites de lua nova”, lembra Anabela. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Até que, há três anos, uma incursão à Fitur, em Madrid, deu frutos. “Olhámos para um canto e lá estava o que queríamos mas que ainda não tínhamos conseguido idealizar. ”A bolha pode ser descrita como uma tenda transparente, mas as palavras não lhe fazem justiça. Porque, ao ser insuflada, cria uma esfera que nos permite visualizar tudo o que os nossos olhos admitem, aproveitando ao máximo a visão periférica de quase 180°. E, ao mesmo tempo que nos sentimos protegidos, tem-se a sensação de se estar na rua, com o sono embalado pelo burburinho da água, pelo coaxar das rãs e pelos diferentes cantos dos pássaros, numa orquestra que nos convida a estar em sintonia com a natureza. A Fugas viajou a convite do Moinho do Maneio
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo espécie cães
A propaganda do Estado Novo disfarçada de guia de viagens
Vasco Ribeiro mergulha em alfarrabistas de todo o mundo à procura de guias de viagens que mostram uma espécie de Portugal distorcido. (...)

A propaganda do Estado Novo disfarçada de guia de viagens
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vasco Ribeiro mergulha em alfarrabistas de todo o mundo à procura de guias de viagens que mostram uma espécie de Portugal distorcido.
TEXTO: “Que mudança vir de Espanha para Portugal. Era como voar da Idade Média para o presente. Ao redor vi casas amistosas, caiadas de branco, bosques circunscritos, campos cultivados e, nas estações maiores, era possível tomar refrescos. Era como se houvesse uma súbita sensação de conforto da actual Inglaterra ou do resto do mundo dos vivos. ” Hans Christian Andersen também passou por Portugal, também escreveu sobre o país de uma forma elogiosa (Spain: And a Visit to Portugal, 1870), também está na capa de um dos 500 livros — são mesmo à volta de 500 — de Vasco Ribeiro, que um dia se apaixonou pela propaganda. Assessor de imprensa toda a sua vida e com trabalho académico na área da Comunicação Política, este, chamemos-lhe assim, coleccionador sempre investiu muito em livros do início do século XX que falavam de assessoria de imprensa, conhecida por “publicity”. “No início do século, em particular após a Primeira Guerra, começou a ser a forma de os empresários se promoverem junto da opinião pública norte-americana. Quem construía e moldava a opinião pública era a “publicity”, refere Vasco, professor há 16 anos. “Comecei a ler um livro e outro e a achar muita piada. ” Das viagens a Nova Iorque começou a reservar um espaço na bagagem para livros. “Um dia, vejo um guia de Portugal publicado nos Estados Unidos, na década de 50, e comprei. Ao ler, percebo que descreviam Salazar como o ‘benevolente ditador’, o ditador que não é malévolo como Hitler ou Mussolini, que apostou no fortalecimento da economia e na construção de infra-estruturas para o desenvolvimento do país”. Depois, “por curiosidade”, foi encontrando em vários livros, em guias de viagens de grandes editoras — como a Fielding‘s e a Fodor’s — esse tratamento, passagens e “formas camufladas” de promover Portugal que o levariam à Torre do Tombo, onde descobre um documento-base de 1956 que é “nada mais nada menos” do que o relatório de cinco anos da relação do Secretariado Nacional de Informação (SNI) com uma agência de comunicação que tinha sede em Nova Iorque (George Peabody and Associates), um levantamento de “notícias positivas sobre Portugal ‘plantadas’”, um relatório do qual constam inclusive livros infantis e compêndios de culinária. "Na década de 50, esta empresa tinha uma avença de 4900 dólares por mês. Era um peso de investimento muito grande", reflecte Vasco Ribeiro, que foi riscando nessa lista os livros que já tinha e assinalando aqueles que queria ter. "Batia certo", pensou Vasco ao destrinçar o esquema que envolvia Salazar de uma forma directa e "outros protagonistas " que "a história, de certa forma, desconhece" — e que ia muito além da influência de António Ferro, já que o homem forte da propaganda do regime saiu em 1949. "A Peabody tinha sede em Madison Avenue naquela fase Mad Men. Portugal era cliente destas grandes empresas. É assustador", conclui Vasco Ribeiro, que na exposição Porto Sentido de fora – Livros e guias de viagens sobre o Porto entre Monarquia Constitucional e Estado Novo (1820-1974) revela (juntamente com Elisa Cerveira e Emília Dias da Costa) a parte de um todo — e ainda "oito guias turísticos que fugiram às garras do controlo propagandístico": "Portugal, terra de palácios e de pobreza, sol brilhante e censura"; "A vida em Portugal é um pesadelo para quem gosta de liberdade" (Portuguese Panorama, Oswell Blakeston, 1955). A sua colecção tem, grosso modo, 500 exemplares, guias de viagens editados no estrangeiro, livros escritos por convidados do Estado — e muitas vezes assinados por um pseudónimo. Vasco concentra-se a partir da Implantação da República em 1910. "O maior incremento e promoção turística em Portugal é durante a Ditadura Militar e Nacional. " Procura "essencialmente" século XX até 1974. Mergulha em alfarrabistas (em Portugal, na Internet e sempre que explora o mundo) à procura daquilo a que chama "artifícios" para "gabar" Portugal. "Também gosto de publicações do SNI e da Agência Geral do Ultramar, que editava e traduzia guias turísticos em que procurava mostrar Portugal, um país que, ao contrário dos outros colonizadores, agregava raças e onde se vivia um ambiente de coesão perfeita e colonização idílica", junta. "Vejo-me a pedir até 1976, 77", confessa. Afasta-se dos guias em série mais recentes, "plásticos, artificiais e mais instantâneos". “Actualmente [Portugal] é uma ditadura, não sinistra e malvada como a Alemanha e Itália no tempo da guerra, mas talvez a soberania mais benevolente do mundo”, escreve Temple Fielding, no seu livro Fielding’s Travel Guide to Europe (1955). Em Fátima - Pilgrimage to Peace (1954), o casal April e Martin Armstrong classificam o Estado Novo como um regime “hibrido entre o autoritarismo e a democracia” e Salazar como um salvador cristão que “reconstruiu a economia da nação, acabou com a anarquia e trouxe ordem”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Os guias", prossegue, "não são só bons para falar de Comunicação Política. Podemos fazer levantamentos no ponto de vista de estudo na área da Geografia, da Cartografia, do Turismo, da Gastronomia, da Etnografia, da Arquitectura, do Património, da Sociologia. . . é um cocktail de informações. " São quase sempre patrocinados. "E o seu discurso está quase sempre assente em tradições populares, em Fátima e Sintra, no endeusamento de Salazar e na descrição de um regime idílico. "A Foot in Portugal, John Gibbons (1931) “John Gibbons tem três livros sobre Portugal. Num deles, visita a dureza do Douro, sente e vive o trabalho à volta das vindimas. Nota-se uma ligação entre o turismo e a política que é espelhada em todos estes livros. Gibbons torna-se amigo de António Ferro, que o convida a escrever o prefácio e a traduzir para inglês o livro de entrevistas que fez a Salazar e que foi traduzido em várias línguas. Diz-se que foram editados 200 mil exemplares, que é um número assustador. ”Portugal, Wharf of Europe, Elizabeth Colman (1944) “Refira-se que nesta altura só as classes altas é que viajavam. Elizabeth Colman gostava de fotografia, vem para Portugal e conhece essencialmente a costa de Cascais e a Nazaré, onde descreve a vida dos pescadores. Tem fotografias lindíssimas. Ela critica muito a ditadura, o controlo, um regime autoritário onde os sindicatos livres dos tempos modernos foram abolidos e o seu lugar foi ocupado por organizações controladas pelo governo. ”Kdf auf Südlichen Meeren, Kleiner Schiffs-Reiseführer für KdF-Fahrten (1938) “Esta brochura foi editada pela Kraft durch Freude, uma espécie de agência nazi de viagens. É um périplo pelo Mediterrâneo onde estão bem presentes as práticas, a saúde e o bem-estar da raça ariana. Acaba por demonstrar que Lisboa, com um ditador também, podia fazer parte desse roteiro. É um guia para nazis — assim como havia roteiros para movimentos de esquerda. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra homem estudo espécie pobreza raça
Uusimaa: a Finlândia mais doce e mais verde
Esta região do Sul, Nyland para os suecos, transforma a imagem que temos do país, com as suas grandes extensões de neve, o frio, a terra do Pai Natal e a Lapónia. Neste pedaço de costa, atravessado pela Estrada do Rei, descobre-se uma Finlândia com uma luz especial. (...)

Uusimaa: a Finlândia mais doce e mais verde
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esta região do Sul, Nyland para os suecos, transforma a imagem que temos do país, com as suas grandes extensões de neve, o frio, a terra do Pai Natal e a Lapónia. Neste pedaço de costa, atravessado pela Estrada do Rei, descobre-se uma Finlândia com uma luz especial.
TEXTO: O arquipélago e a região costeira do sul da Finlândia estão tão próximos do meu coração. Por instantes, instala-se um silêncio que não ouso interromper. Ville Vuorelma, responsável pelo turismo de Raseborg, ajeita os óculos e afasta a franja que teimosamente lhe cai para a testa como se, com estes gestos, desejasse de igual forma expulsar uma certa melancolia que ameaçava preenchê-la. - Penso que a história, o passado, e o presente se confundem no município de Raseborg. Temos, por exemplo, um dos mais rápidos cabos de dados e, ao mesmo tempo, um grande número de edifícios históricos onde as ligações à Internet são usadas. Mas Ville Vuorelma, pousando um olhar no vazio, parece apreciar outros tempos. - Tenho tão gratas memórias de ir pescar com os meus pais na baía da Finlândia e de nadar até às ilhas próximas, de desfrutar o dia todo. O fumo da neblina desprende-se sinuosamente das árvores e os raios de sol oblíquos insinuam-se por entre os ramos, fazendo brilhar as folhas com as suas cores outonais que por esta altura já formam um tapete na terra ainda húmida. Subo até ao topo de uma suave colina e por ali fico, colonizado por tanta beleza harmoniosa, vendo as nuvens reflectirem-se na corrente serena do rio e, mais para a minha direita, as ruínas de um castelo abraçado pela vegetação. Construído em 1370 sobre um rochedo em tempos rodeado por água, o castelo de Raseborg (Raasepori em finlandês) começou por abrigar um centro administrativo durante a Idade Média mas, devido à sua localização estratégica, rapidamente se transformou num posto de controlo do transporte e do comércio no Golfo da Finlândia. Um pássaro risca o céu e vem pousar ao meu lado, desviando o centro da minha atenção. Regresso ao castelo e à sua história tão ligada ao poder do rei da Suécia na Finlândia. Apenas superado em importância pelos castelos de Turku e Vyborg, Raseborg viveu um tempo de esplendor entre 1450 e 1460 e um outro, tumultuoso, no início do século XVI, com as constantes disputas entre dinamarqueses e suecos. Conquistado, finalmente, pelos homens do rei Gustavo Vasa, o castelo, com as suas estruturas profundamente abaladas face ao cerco e às batalhas de que foi palco, vivia sob a ameaça de um abandono que tardou em consumar-se. Um grande número de artesãos tratava de o manter de pé e o elevado consumo de cerveja motivou mesmo a criação de uma cervejeira no interior das suas paredes. Em contraste, o nível das águas do mar à volta do castelo começara a declinar, hipotecando, em definitivo, a sua posição estratégica de defesa — e, por isso, a despeito das obras de renovação, o rei decidiu criar um novo centro administrativo, económico e militar em Helsínquia, uma ideia que nunca chegou a ser posta em prática porque a actual capital do país rapidamente desiludiu o soberano ao ponto de este regressar a Raseborg. Mas não por muito tempo. Ao fim de dois anos, em 1558, com o castelo em ruínas, com o colapso das caves, fechava-se um ciclo de vida e o centro do poder mudava-se para Ekenäs (Tammisaari em finlandês). Durante três séculos, Raseborg esteve entregue à sua solidão, deixou-se envolver cada vez mais pela vegetação, até que, já no início do século XIX, as suas ruínas, as suas pedras com tantas histórias para contar, começaram a atrair o olhar dos turistas. Raseborg conheceu quatro fases de recuperação, a última das quais em 1988, altura em que adquiriu a face que hoje se lhe conhece para se tornar numa das maiores atracções da região, especialmente durante os meses de Verão, quando recebe eventos medievais, concertos de música ou performances de teatro. Deixo Raseborg para trás e percorro agora, pelo meio do silêncio e de frondosa vegetação, o cénico trilho dos amantes que me conduz, ao fim de alguns minutos, a Snappertuna, simplesmente Tuna durante o período medieval, quando a maioria dos seus habitantes trabalhava para o castelo. Em pouco tempo, mas sempre num ritmo pausado, descubro, no centro da aldeia, um museu popular que recria a vida de uma quinta/casa de pescadores no início da segunda metade do século XIX, com o seu edifício principal, celeiros e armazéns, todos eles originalmente da ilha de Halstö. Sinto vontade de caminhar um pouco mais através do trilho dos amantes, de cruzar as suas pontes que cruzam o rio, de escutar os sons da natureza, de perscrutar pássaros e árvores. Depois, eu próprio me planto em frente da igreja de Snappertuna, subjugado pelo seu peso histórico e pelo interessante contraste que as suas tonalidades amarelas e a cor natural da madeira, dos telhados e da cúpula, produzem quando projectadas contra um céu infinitamente azul. Levantada em 1689 por um ferreiro que terá roubado madeira no lugar onde está situada — foi essa a pena que teve de cumprir — é considerada a igreja cruciforme mais antiga da região. No interior, destaca-se um lustre antigo mas com idade indefinida, mais um conjunto de pinturas mais recentes no púlpito e ao longo das galerias, um órgão de 1884, bem como uma fotografia da Virgem Maria em frente a uma igreja que é, eventualmente, a única que mostra como era a estrutura antes de ser alterada em finais do século XVIII. Outra vez no exterior, deito um olhar à torre sineira, também do século XVIII e onde Helene Schjerfbeck (1862-1946), pintora finlandesa, se terá inspirado para produzir algumas das suas obras. Os turistas são raros, agora que o Verão já se despediu. - O Verão é a época alta do turismo nesta região costeira mas qualquer uma das estações tem a sua beleza singular. Por essa razão, são cada vez mais aqueles que a procuram no Inverno, no período do Natal. Actualmente, a maior parte dos visitantes (quase 90%) são finlandeses, mas o número de turistas estrangeiros tem vindo a aumentar todos os anos. No último ano, por exemplo, Raseborg recebeu 150 mil pessoas, das quais metade permaneceu pelo menos uma noite, admitira, horas antes, Ville Vuorelma. A tarde, como o tempo, avança na sua marcha inexorável. O meu próximo destino, não tão distante quanto isso, é Malmbacka, uma pequena aldeia rodeada por uma tranquila área rural que deixa ver, aqui e acolá, alguns animais selvagens. De Verão ou de Inverno, na Primavera e no Outono, oferece uma paisagem que convida a uma caminhada ou a um passeio de bicicleta, até que as forças se esgotem e se sinta o apelo de uma cottage de madeira ou de uma simples cabana de um carvoeiro (réplica) com a sua pele de carneiro — umas e outras sem electricidade e sem canalização e com casa-de-banho exterior. Ainda antes de mergulhar num sono profundo, pode cozinhar numa fogueira ao ar livre, depois de cortar a sua própria lenha ou de a adquirir já cortada, tentando imaginar como era a vida na aldeia que vivia do comércio do carvão já no início do século XVII, mais ou menos nas condições que são oferecidas nos dias de hoje para preservar uma forte tradição e recordar a importância de uma indústria que as novas tecnologias foram apagando da memória — Setembro é uma boa altura para visitar Malmbacka, quando tem lugar o fim-de-semana do carvão, com as suas gentes vestidas de forma tradicional, muita comida e os antigos fornos, alguns deles recuperados, se voltam a acender para prestar tributo a uma herança com mais de 400 anos. Permito que o dia se extinga já em Ekenäs. Tammisaari, a toponímia em finlandês, soa-me mais exótico. A cidade, especialmente num dia de sol como este, exerce um fascínio instantâneo sobre o viandante, talvez pela brisa que chega do mar, talvez pela elegância das suas casas pitorescas de madeira que também beijam as águas. Começo por subir as escadas do posto de turismo para lançar um olhar à torre da igreja do outro lado da praça onde, às quartas e sábados, tem lugar um mercado que fervilha de vida. A igreja, à qual chego seguindo ao longo da Stora Kyrkogatan, é o coração do centro histórico desta urbe com menos de 15 mil habitantes, um espaço de culto que começou a ser construído em 1650 mas cujas obras apenas foram concluídas 20 anos mais tarde. Danificada durante o incêndio que afectou a parte antiga de Ekenäs, em 1821, foi mais tarde restaurada com profundas alterações face à sua estrutura original mas entre as suas paredes cinzentas ainda se podem apreciar algumas obras que atestam o seu passado, como um púlpito do século XVII. Saio para a rua, sob um sol que aquece à medida que os ponteiros dos relógios da torre avançam, sento-me num parque banhado por uma sombra tranquila, com as suas árvores subindo nos céus, até que me decido a espreitar detalhes de elegantes casas de madeira que encontro aqui e ali, nas proximidades da igreja. Muitos dos edifícios do centro histórico datam dos últimos anos do século XVIII e do século XIX, mas Ekenäs cresceu a partir do que era, no século XVI, uma aldeia de pescadores à qual o rei Gustavo Vasa conferiu, logo em 1546 (uns anos antes de Helsínquia), o estatuto de cidade, na expectativa de rivalizar com a poderosa Talin, a actual capital da Estónia. Por estes dias, Ekenäs é uma cidade vibrante, com as suas lojas, os seus restaurantes, os seus cafés, as ruas que são um forte apelo ao consumo mas também a um passeio demorado (a Kungsgatan foi a primeira rua pedonal da Finlândia), mais as suas esplanadas onde apetece permanecer nos meses de Verão, fitando o sol que teima em não se deitar, observando toda a serenidade que emana do arquipélago que se estende à nossa frente até perder de vista. Sem um rumo definido, caminho até à Basatorget, uma praça em tempos com um mercado agitado e onde, nos dias de hoje, se recordam os dias de ontem, com a presença de um pelourinho que era cenário de castigos públicos. Em diferentes aspectos, Ekenäs, absorvida, em 2009, pela cidade (e município) de Raseborg, parece embrenhada num passado tão distante, como se constata simplesmente caminhando pelas suas ruas — basta prestar um pouco de atenção à toponímia para se perceber que, a esse nível, nada mudou desde o século XVI. Hattmakaregatan — a rua dos chapeleiros; Linvävaregatan — a rua dos tecelões de linho; Smedsgatan — a rua dos ferreiros; Garvaregatan — a rua dos curtidores. Continuo a minha errância tranquila, desaguo no Stallörsparken, onde as crianças brincam, sento-me por instantes na praia, na Strandallén, onde às terças-feiras um mercado nocturno junta locais e turistas e, mais para lá, no final da Strandallén, avisto uma das referências de Ekenäs, o restaurante Knipan, mais fotografado do que qualquer monumento na cidade. Conta-se que na altura em que o proprietário pensou em abrir este espaço, a quota de restaurantes já estava preenchida e, como tal, não teve autorização para construir — um vazio legal foi encontrado e, por isso, todos podem admirar o Knipan assente sobre pilares, no mar (abre apenas nos meses de Verão). Caminho para a direita da Strandallén, passo mais esplanadas e restaurantes onde se conversa em voz baixa, avisto uma casa em madeira, pintada de vermelho e construída em 1840, e entro para conhecer o Ekenäs Nature Centre e para melhor me identificar com o arquipélago e com as mudanças que o afectaram ao longo dos anos. Sempre com o mar como companheiro, escutando os seus murmúrios, as suas queixas, observando os cisnes, prossigo pela Västevallen até virar na Linvävaregatan, a dos tecelões de linho desse passado remoto, e sinto um prazer renovado por me encontrar de novo na zona antiga, sem pressa de ver muito mais de Ekenäs e muito menos ainda quando me sento, sobre as macieiras, no Cafe Gamla Stan, com a sua bonita cottage do século XVIII, saboreando um café. Agora, com as forças retemperadas, posso caminhar um pouco mais, até Fisketorget, onde os pescadores vendiam o seu peixe, e mais ainda, ao longo do cais que começa na praça e corre em volta da Södra viken. É tempo de parar num parque, de tocar um sino no monumento que presta homenagem a Helene Schjerfbeck, a famosa pintora que apreciava os Verões em Ekenäs antes de se mudar definitivamente para a cidade que a acolheu entre 1925 e 1941. A noite cai sobre Tammisaari. E a manhã, já adiantada, descobre-me em Hanko, a Hangö dos suecos, a cidade mais a sul do país, sub-região de Raseborg e ainda parte de Uusimaa Ocidental. Hanko é um lugar muito popular entre os finlandeses, com mais dias de sol do que qualquer outro na Finlândia e mesmo do mar Báltico. No dia anterior, pesquisando, ficara encantado com a ideia de desfrutar, por mais ou menos tempo, das quatro razões com que o turismo de Hanko desafiava o turista para o convencer a visitar esta cidade do sul profundo: o oceano, a luz, as pessoas e a sua atmosfera genuína. Não podia pedir muito mais. A história de Hanko, documentada já em finais do século XIII, está intimamente ligada à história da navegação. Localizado numa posição privilegiada, o cabo Hankoniemi foi palco de batalhas sangrentas ao longo dos séculos, de recolha de direitos alfandegários já no início do século XVII, como foi vítima, desde tempos imemoriais, do poderio sueco e, muitos anos mais tarde, dos russos. Pedro, o Grande construiu uma fortaleza ao longo do mar que também passava por Hankoniemi; muito tempo depois, durante a Guerra de Inverno, entre 1939-40, os finlandeses renderam-se aos russos em Hankoniemi, abrindo caminho para uma base militar daqueles em Hanko. Quando a Guerra da Continuação começou, a linha da frente situava-se em Lappohja. Mas nada impediu que muitas das lutas entre russos e finlandeses se travassem nas ilhas à volta do cabo de Hankoniemi. No início de Dezembro de 1941, Hanko era reconquistada e os seus cidadãos, obrigados a deslocarem-se, regressavam para testemunhar os danos provocados pelos russos nas suas casas bombardeadas ou mesmo na elegante torre da água (ao lado da igreja), situada na colina de Vartiovuori, que trataram de destruir antes de partir. Hanko, com os seus 30 quilómetros de praias, do agrado de praticantes de surf, de windsurf e de kitesurf, bem como daqueles que nada mais buscam do que fazer quase nada, paraíso para a observação de árvores e cidade termal, em tempos uma das melhores do Norte da Europa, frequentada por homens de negócios, por príncipes e condes, por barões, Hanko – ia a escrever — é também o lugar de onde partiram, em finais do século XIX e princípios do século XX, 250 mil finlandeses (entre um total de 400 mil) para o Canadá, a Austrália e os Estados Unidos da América, em busca de fortuna. Muitos deles, enquanto esperavam para entrar nos navios, dançavam no alto de desfiladeiros. A Finlândia nem sempre foi um país rico. Mas em 1879, cinco anos após a fundação de Hanko, materializada logo após a conlusão das obras do porto e da estação ferroviária, já se inauguravam as termas que traziam os primeiros turistas (muitos deles russos) à cidade, situado a curta distância de um casino não menos sedutor para a época. - A minha mãe é natural de Hanko, o município vizinho, e eu passei muitos Verões e fins-de-semana na região. Aqui, comparando com as grandes cidades, as pessoas são mais tranquilas e amigas, e há sempre tempo para uma conversa e para tomar um café. Esta é ainda uma riqueza para Ville Vuorelma. Os cidadãos portugueses apenas necessitam de ter na sua posse um documento de identificação, que tanto pode ser o passaporte, como o cartão de cidadão ou mesmo o bilhete de identidade. Se permanecer por um período superior a 90 dias terá de solicitar um visto/autorização de residência. Na Finlândia, existem duas línguas oficiais, o finlandês, falado por mais de 90% da população, e o sueco, utilizado por pouco mais de 5% — na Lapónia, no entanto, uma pequena minoria fala lapão (vulgarmente conhecido por sámi). No caso concreto de Uusimaa Ocidental, o sueco é a língua predominante mas não terá dificuldade em encontrar quem fale inglês. É importante prestar atenção aos nomes das cidades, por vezes escritos em sueco, noutras em finlandês, o que pode gerar alguma confusão no início. A moeda oficial é o euro. Diferentes companhias aéreas europeias operam voos entre Lisboa e Helsínquia com uma escala, proporcionando, por vezes, tarifas inferiores a 200 euros (ida e volta). Se não abdicar de uma ligação directa, tem como alternativas a Finnair ou aTapDesde o aeroporto de Vantaa, situado a cerca de 20 quilómetros de Helsínquia, o ideal é alugar carro para percorrer o Sul do país. Mas também é possível recorrer ao transporte público, bastando, para tal, dirigir-se ao centro da cidade (de comboio, de autocarro ou de táxi). Da principal estação ferroviária há serviços (também há autocarros) com frequência para Karjaa (aproximadamente uma hora de trajecto), onde deve apanhar um autocarro para Fiskars (20 minutos) ou, se esse for o seu destino eleito, o comboio para Ekenäs (12 minutos). Para uma experiência única, cada vez mais popular, pode percorrer a distância (não mais do que 74 quilómetros) entre Helsínquia e Raseborg de bicicleta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fiskars Wärdshus Fiskarsintie, 326A Fiskars Tel. : 00 358 40 182 20 02 Site E-mail Preço: a partir de 120 euros por um single e 138 por um duplo. Um hotel (tem apenas quatro quartos) com uma história que remonta a 1836 e que abriga também um restaurante com um toque da cozinha francesa. Motel & Restaurant Marine Kammakaregatan, 4-6 Ekenäs Tel. : 00 358 19 241 38 33 Site E-mail Preço: entre 75 e 155 euros (este último para uma suíte com sauna) por um duplo, já com pequeno-almoço e todas as taxas incluídas. Um motel que goza de óptima localização, próximo das principais atracções de Ekenäs, dispondo de 44 quartos (alguns oferecem a possibilidade de cozinhar) e com serviço de recepção durante 24 horas. Restaurant Kuparipaja Göran J. Ehrnroothin tie, 1 Fiskars Tel. : 00 358 19 237 045 Site E-mail Aberto de segunda a quinta das 11h às 16h, às sextas e sábados das 12h às 21h e aos domingos entre as 12h e as 16h. Preço: entre os 20 e os 30 euros (sem entradas, sobremesas e bebidas). Um espaço elegante ocupado em tempos por ferreiros e com uma ementa que reflecte as cores e os sabores das quatro estações do ano. Prove o peixe do dia ou experimente um borrego de Bovik com um molho de alecrim e vegetais. Piazza Stationsvägen, 6 Ekenäs Tel. : 00 358 45 141 59 84 Site E-mail Aberto apenas para almoços e de segunda a sexta, entre as 11h e as 14h45. Preço: nove euros, excluindo bebidas. Uma boa alternativa (e económica) no centro de Ekenäs, com a particularidade de se poder sentar num espaço pensado pelo conceituado Alvar Aalto. Caso se interesse pelo trabalho de Alvar Aalto, Ekenäs oferece-lhe a possibilidade de contemplar duas obras com a assinatura do famoso arquitecto finlandês: a villa Schildt, na Östra Strandgatan, 7, e o Ekenäs Sparbank, na Stationsvägen, 6, não muito longe da estação ferroviária. Estando em Ekenäs, não deixe de admirar também o parque nacional do arquipélago, a menos de 20 quilómetros (viagem apenas de barco). De regresso a Helsínquia ou a caminho de Hanko, depende da sua conveniência, faça uma paragem em Mustio (Svartä em sueco) para conhecer, na mais absoluta tranquilidade, a Svartä Manor (Mustion Linna em finlandês), uma casa senhorial com uma história de mais de 200 anos, onde reis e imperadores pernoitaram durante as suas vidas — ainda hoje um hotel e com um dos melhores restaurantes de todo o país. Ainda em Hanko, procure gastar algum do seu tempo a contemplar, a uns 25 quilómetros da cidade, o farol de Bengtskär, o mais alto de todos entre os países nórdicos, subindo a uma altura de mais de 50 metros (ou mais de 250 escadas para lançar um olhar à sua volta).
REFERÊNCIAS:
Um castro anti-romanos com fantasmas da era industrial
Contrariando o mais comum em Portugal, o Castro de Ovil, em Espinho, é anterior à ocupação romana e foi abandonado antes de qualquer aculturação. Mas os seus vestígios resistiram até hoje, preservando histórias da Idade Média e até da fábrica de papel cujas ruínas partilham com o povoado a mesma colina junto à água. (...)

Um castro anti-romanos com fantasmas da era industrial
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Contrariando o mais comum em Portugal, o Castro de Ovil, em Espinho, é anterior à ocupação romana e foi abandonado antes de qualquer aculturação. Mas os seus vestígios resistiram até hoje, preservando histórias da Idade Média e até da fábrica de papel cujas ruínas partilham com o povoado a mesma colina junto à água.
TEXTO: Pode descer-se do comboio no apeadeiro do Vouguinha e fazer o caminho a pé. O arvoredo denso chega a criar alguma suspeita, que não é habitual os espaços de interesse museológico e turístico estarem assim resguardados entre vegetação tão densa e pouco palmilhada, mas é precisamente esse verde espesso, sobretudo quando a brilhar de chuva recente, que confere ao percurso a sensação de uma aventura à descoberta de tesouros arqueológicos. Sem carros à vista, sem telemóveis e sem nada que em redor denuncie o século XXI, há momentos em que quase se pede que o mato nos invada o caminho para sacarmos de uma faca à Indiana Jones e a brandirmos em desbaste largo à conquista de uma qualquer civilização perdida. É uma imagem exagerada, ok, mas o exercício de imaginação justifica-se. Dele dependerá a verdadeira apreensão das histórias escondidas no Castro de Ovil, quando, ao atingirmos a clareira que o vem resguardado desde a Idade do Ferro, nos deparamos com os vestígios baixos de uma série de construções que, se não fosse pela sua marcante planta circular, talvez passassem despercebidas noutro lugar e se confundissem com meros e modestos muros agrícolas. É preciso parar, silenciar, imaginar o despojamento das famílias que por aí cirandaram desde o século IV a. C. , ocupando-se da criação de ovelhas que poderá ter inspirado a toponímia do local, cultivando pequenas áreas em redor, esticando a trama de improvisados teares, percorrendo a pé os 2400 metros que separavam a aldeia da praia onde ainda hoje, em dias de marés com maior poder de arrasto, ficam a descoberto milenares armadilhas de pesca. Jorge Salvador é o arqueológo que vem investigando esse e outro património do município de Espinho e destaca logo duas características próprias do Castro de Ovil. A primeira é que, ao contrário da maioria dos sítios castrejos em Portugal, o antigo povoado da freguesia de Paramos não terá sido tomado pelas tropas imperiais de Augusto. Os estudos aí realizados desde a década de 1980 indicam que a aldeia foi ocupada por 120 a 160 habitantes indígenas com graus de parentalidade próximos entre si, mas defendem que o grosso da população fugiu do local por altura da chegada dos invasores de Roma, no século I d. C. . “Alguns dos ocupantes de Ovil ficaram e resistiram, mas o povoado perdeu a sua monumentalidade”, diz Jorge Salvador. É certo que as escavações da era moderna permitiram recuperar no local fragmentos de ânforas, contas de colar em massa de vidro e até indícios de vinho da Etrúria, o que habitualmente se associa à presença romana no território, mas o arqueólogo tem uma explicação para essa circunstância: “Esses objectos vieram com os comerciantes, que eram sempre os primeiros a experimentar novas rotas antes de os romanos se lançarem ao caminho. ”Outra peculiaridade do povoado pré-romano que Paramos só viu oficialmente identificado em 1981 é que as suas construções não se apresentam no granito típico de aglomerados como a citânia de Briteiros, em Guimarães, ou a de Sanfins, em Paços de Ferreira. “Aqui a zona era de xisto, que não dá para fazer muros, e por isso é que, em vez de muralhas defensivas, o Castro de Ovil tinha antes um fosso”, conta Jorge Salvador. Essa vala foi preenchida com terra muito posteriormente, já na era industrial, mas a envolvente continua a preservar muito do que terá sido a sua paisagem arbórea original. O presidente da Câmara Municipal de Espinho, Joaquim Pinto Moreira, admite, no entanto, que esse cenário implicou um trabalho de reflorestação recente, apostado em restituir ao local espécies como carvalhos, sobreiros, medronheiros, salgueiros, cerejeiras-bravas, pinheiros-mansos e pilriteiros. “Retirámos tudo o que não era autóctone e estamos a promover uma mata de bosque indígena, no que tivemos a ajuda do projecto Futuro, das 100. 000 Árvores na Área Metropolitana do Porto”, revela. “Escolhemos bem as espécies e depois andámos cá todos a plantar árvores, porque queremos que a estética destes três hectares seja a mais parecida possível com a que o espaço tinha originalmente na Idade do Ferro. ”Qualquer que tenha sido a vegetação do local ou o número de habitantes do povoado, o facto é que o edificado do Castro de Ovil foi resistindo ao longo dos séculos e preserva ainda hoje traços bem visíveis de casas circulares com átrio, outras construções redondas para armazenamento de víveres e lenha, e até um lagar aberto na rocha cujo fundo declivado faz pressupor a ligação a um sistema rudimentar de escoamento e circulação de líquidos. As escavações das década de 1980 e 90 também identificaram no local fragmentos de peças de olaria ornamentada com incisões, pesos para redes de pesca criados a partir de seixos rolados com entalhes laterais para fixação dos fios e até cossoiros cerâmicos cuja variedade de formato e dimensão se atribui aos diferentes usos exigidos para tratamento da lã e do linho. Pesquisas em arquivo permitiram ainda constatar que o povoado se manteve até ao século X como uma referência geográfica do território, como comprovam escrituras da Idade Média que adoptam a expressão “subtus castro de obile” para ajudar à localização de outras propriedades e mencionam a “lagona de ovile” em alusão à reserva natural actualmente designada como lagoa de Paramos, na confluência da barrinha de Esmoriz. Foi igualmente de documentos medievais que se recuperou outra das histórias contadas por Jorge Salvador: “Em 1288, um tal de Pedro Miguéis, cavaleiro com ligações ao Reino do Algarve, veio para Espinho e construiu uma casa em Ovil. Não muito depois, o deão do Castelo da Feira veio cá e derrubou-lha, dizendo que o Castro era de El-Rei D. Dinis — que, por acaso, era muito centralizador e pouco favorável aos interesses da nobreza. ”A aristocracia da região manteve, ainda assim, um vínculo forte ao local, como se demonstrou séculos mais tarde noutra etapa marcante da história de Ovil, quando o morgado de Paramos preencheu de terra o fosso em redor do povoado castrejo e na base da colina construiu a Fábrica de Papel Castelo. Estava-se então em 1836, a indústria papeleira florescia no território e, com a fábrica a crescer ao ritmo da democratização desse suporte de escrita, a margem da ribeira de Rio Maior revelou novas freimas: especializou-se em cartuchos de mata-borrão, mas distribuiu pelo terreno outros espaços ajustados à polivalência dos seus operários, que, tanto alimentavam as mós de pedra com os farrapos de tecido a converter em pasta de papel e penduravam no espande as espessas folhas daí resultantes, como ocupavam horas mais folgadas cultivando uma horta e entrançando no telheiro as fibras com que produziam corda artesanal. Décadas depois, há dias menos bons em que as águas que correm entre o verde denso de Ovil se mostram turvas e não são inodoras, devido a descargas poluentes pelas quais a Câmara de Espinho culpa unidades industriais não fiscalizadas do concelho de Santa Maria da Feira. Mas, desactivada na década de 1970, a Fábrica de Papel Castelo aí mantém o seu esqueleto, tomado pelas ervas, pelo murmurar das águas e pelos sons não-datados de folhagens em movimento e animais de locomoção discreta e reservada. Ao alhearmo-nos de quem tivermos por companhia, basta pensar com respeito no lapso de tempo que nos distancia dos primeiros ocupantes desta paisagem para se nos apurar a percepção. São pelo menos 2300 anos que desfilam entre aquelas ruínas. Podemos não ver os fantasmas, mas de certeza que ali estão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Percursos de iniciativa própria podem realizar-se em qualquer período, mas visitas guiadas têm que ser requisitadas ao Museu Municipal de Espinho pelo telefone 227. 326. 258. A entrada é gratuita. Os artefactos encontrados no Castro de Ovil estão à guarda do Museu Municipal, instalado no Fórum de Arte e Cultura de Espinho, pelo que se impõe a visita ao local e aí poderá conhecer também a arte xávega e a indústria conserveira — em particular a da fábrica Brandão Gomes, que em tempos funcionou no próprio edifício. Para fazer uma completa viagem no tempo, nada como terminar depois o roteiro entre os cenários espaciais proporcionados pelo Planetário de Espinho, no Centro Multimeios. Tanto a A1 como a A29 têm saída em Espinho. Uma vez na Rua 19, que serve de ponto de entrada na cidade, há que percorrê-la até à Avenida 24 e aí dirigir-se para Sul, até que a via se transforme na EN109. Alguns quilómetros depois, em Paramos, corta-se à esquerda na Rua do Monte, em direcção oposto ao mar, e, mesmo antes da linha férrea do Vouga, vira-se à direita. Quando a rua ficar envolvida por árvores, estará a entrar no bosque do castro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura ajuda
Tendências e Mitos: Comunicar Segurança e Eficácia de Cosméticos
Grande parte das palavras usadas na comunicação de cosméticos tem sido utilizada para transmitir ao consumidor produtos seguros e eficazes. (...)

Tendências e Mitos: Comunicar Segurança e Eficácia de Cosméticos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Grande parte das palavras usadas na comunicação de cosméticos tem sido utilizada para transmitir ao consumidor produtos seguros e eficazes.
TEXTO: Rotulagens, folhetos informativos e materiais publicitários têm baseado a comunicação dos seus produtos normalmente através de:Grande parte das palavras usadas na comunicação de cosméticos tem sido utilizada para transmitir ao consumidor produtos seguros e eficazes. A lista completa da composição do cosmético é obrigatória na rotulagem e é expressa utilizando a linguagem INCI (International Nomenclaure of Cosmetic Ingredients). No entanto, esta lista não é verdadeiramente percetível pela maioria dos consumidores. Uma das estratégias utilizadas pela indústria cosmética para transmitir segurança aos consumidores tem sido a utilização de alegações “livres de. . . . ". No entanto, estas menções transmitem exatamente o oposto, em vez de salvaguardar e promover a tomada de decisão devidamente informada e baseada em evidência científica honesta e verdadeira. São exemplos destas alegações: “Sem parabenos”, “Sem silicones”, “Sem Sulfatos”, “Sem óleos minerais”, etc. . . À luz da ciência atual, estes ingredientes são seguros, dentro de determinadas restrições, pelo que a inclusão destas menções apenas confundem os consumidores. Pois bem! Durante o próximo ano vai ser proibido comunicar este tipo de alegações. De modo a assegurar harmonização em todo o mercado único no que diz respeito à qualificação dos produtos cosméticos foi publicado um documento europeu que fornece orientações para a aplicação dos critérios comuns estabelecido pelo Regulamento (UE) n. º 655/2013 da Comissão para "a alegação livre de" entre outras. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para terminar, gostaria de relembrar que frases como “não testado em animais” já estão proibidas na Europa desde 2013.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Governo reforça competências das autarquias no estacionamento público
Os municípios passam a exercer competências na fiscalização do estacionamento e na instrução e decisão de procedimentos contra-ordenacionais rodoviários por infracções leves. (...)

Governo reforça competências das autarquias no estacionamento público
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os municípios passam a exercer competências na fiscalização do estacionamento e na instrução e decisão de procedimentos contra-ordenacionais rodoviários por infracções leves.
TEXTO: O Governo aprovou esta quinta-feira mais um diploma sectorial da transferência de competências para autarquias e entidades intermunicipais, na área do estacionamento público, incluindo as contra-ordenações por infracções leves na rede viária dependente dos municípios. "Os municípios passam a exercer competências no que respeita à fiscalização do estacionamento, assim como à instrução e à decisão de procedimentos contra-ordenacionais rodoviários por infracções leves", informou o comunicado do Conselho de Ministros. Segundo o documento, estas competências em termos de contra-ordenações abrangem as "vias ou troços de via concessionados ou subconcessionados dentro das localidades e fora das localidades sob jurisdição municipal". O novo diploma, previsto na lei-quadro da transferência de competências para autarquias e entidades intermunicipais, publicada em 16 de Agosto, aumenta para 16 os decretos sectoriais já aprovados pelo Governo, após um processo de "consensualização" com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (Anafre). Das cerca de duas dezenas de diplomas sectoriais previstos, também já foram aprovados os documentos das áreas do policiamento de proximidade, jogos de fortuna ou azar, fundos europeus e captação de investimento, promoção turística, praias, justiça e associações de bombeiros. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os outros diplomas aprovados abrangem protecção civil, protecção e saúde animal e segurança dos alimentos, habitação, estruturas de atendimento ao cidadão, vias de comunicação, gestão do património imobiliário público, cultura e acção social. Por aprovar estarão ainda os diplomas sectoriais relativos às áreas portuárias, transporte fluvial, educação, saúde e freguesias. Os cerca de 20 diplomas sectoriais da descentralização devem ser progressivamente aprovados em Conselho de Ministros até 15 de Outubro, a tempo do Orçamento do Estado, sendo a educação e a saúde as áreas mais difíceis de acordo entre Governo e municípios.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei cultura educação social alimentos animal
Por que é que a vida política portuguesa está um pântano?
O problema está na efectiva estagnação da vida política portuguesa, que se encontra num pântano, em que as águas não se mexem, e, quando se mexem, é por formas de vida pouco recomendáveis. (...)

Por que é que a vida política portuguesa está um pântano?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O problema está na efectiva estagnação da vida política portuguesa, que se encontra num pântano, em que as águas não se mexem, e, quando se mexem, é por formas de vida pouco recomendáveis.
TEXTO: No programa de debate que tenho com os meus companheiros na SIC, a Quadratura do Círculo, existe um problema que me leva a protestar (injustamente às vezes), e que se pode definir assim: está-se sempre a discutir as mesmas coisas. Exemplos: a saúde ou falta dela da “geringonça”, “não há dinheiro”, dívida e deficit, há ou não austeridade, etc. Reconheço que não é por falta de outros temas ou de imaginação em trazer outros menos discutidos, mas sim pela necessidade de discutir os temas da actualidade semanal. Esta necessidade é muitas vezes perversa, porque nos faz depender da muito pobre agenda política ou mediática, embora a ordem correcta seja em primeiro lugar mediática e depois política, ou político-mediática, porque é um conjunto inseparável. Mas a verdade é que o problema está a montante da Quadratura, está na efectiva estagnação da vida política portuguesa, que se encontra num pântano, em que as águas não se mexem, e, quando se mexem, é por formas de vida pouco recomendáveis. É por isso que não saímos do sítio e estamos sempre a falar do mesmo. A estagnação das águas do pântano vem da conjugação da nossa dívida, do nosso deficit, com os “constrangimentos” europeus, as “regras” europeias”, emanando das obrigações do Tratado Orçamental e das políticas da troika que estão bastante mais vivas do que se pensa. Perguntem a Centeno. O pântano é vigiado pelos seus cães de fila, de dentro e, particularmente, de fora. Esta fonte inquinada, que verdadeiramente nunca se discute a sério, espalha-se pelo PS, pelo BE e pelo PCP, os partidos da “geringonça” que às claras ou incomodados, aceitam uma governação subordinada ao Tratado, e vai para o PSD e para o PS que igualmente aceitam, com mais gáudio, as mesmas “obrigações”. Com um parlamento desprovido dos poderes essenciais do orçamento, de cima para baixo, para os partidos e para os eleitores emana uma podridão que infecta toda a vida democrática. No essencial torna-a menos democrática. O resultado é que toda a vida política se desenvolve ao lado e fora do centro dos problemas, na periferia do que é mais importante, adiando quaisquer medidas que nos permitissem, em Portugal e para os portugueses, ter uma política mais conforme com as nossas necessidades e com as nossas possibilidades. Assim, estamos condenados a décadas de estagnação, nem muito mal, nem muito bem, na cauda da Europa. Para se perceber o marasmo em que estamos, basta ver como foram saudadas as intervenções, no recente congresso do PS, da sua “ala esquerda” sem uma palavra sobre os “constrangimentos” europeus. Nem os que as fizeram, nem os que as comentaram, notaram este simples facto: sem se falar das relações entre Portugal e a União Europeia, o discurso ainda que seja neste caso muito de esquerda, é de um impressionante vazio. O problema que vai mais longe do que considerar existir um tabu para se discutir a Europa, é o de se achar com toda a naturalidade, que a Europa se tornou numa coisa não nomeável, que não precisa de ser discutida no âmago da política portuguesa. Eu percebo que tal é a tradução no discurso político de uma impotência, da absoluta noção de que é uma matéria sobre a qual não temos qualquer poder, nem soberania, e por isso aceita-se como um hábito, um mau hábito. É a interiorização do protectorado, um certificado de castração. E isso é particularmente destrutivo em democracia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O argumento mais importante da servidão é sempre a aceitação da força, daquilo que a direita chamava a “realidade” numa demonstração única de arrogância… filosófica. A variante para justificar ter as cabeças dentro do pântano, é da não existência de alternativas. O “não há nada a fazer” é uma espécie de bomba atómica do pensar e do fazer, destrói qualquer impulso para defrontar os problemas de atraso e desenvolvimento do país, que não seja o de obedecer ao que se nos impõe. Quando sequer se suscita esta questão, é ver de imediato uma argumentação de 8 e 80, frases ad terrorem, um efectivo bloqueio da discussão. É aquilo que podemos chamar o “argumento de Vichy”, os alemães ocupam a França, logo é patriótico aceitar essa ocupação porque não há volta a dar. Infelizmente, vai haver, e não será muito longe no tempo, uma entrada abrupta destes temas, - “constrangimentos” europeus, dos mercados, das agências de rating, dívida e deficit, poderes transnacionais sem controlo democrático, - na discussão pública. Digo infelizmente, porque eles chegarão de repente e de forma dramática, resultado do mundo de tempestades que se estão a alinhar um pouco por todo o lado, entre a América de Trump e a Europa da “união” em decomposição (visto que com a Europa de Salvini e de Orban ele não tem problemas), na Europa entre a Alemanha, a França, a Hungria e a Itália, com o Brexit, com as “fronteiras” com duas autocracias agressivas, a de Putin e a de Erdogan. A isso se acrescenta a actual política portuguesa, do PSD-CDS ao PS, que é inerentemente instável. Portugal não conta para nenhuma destas tempestades, mas será atingido e duramente por elas. Então se verá como seria, pelo menos prudente, deslocar a discussão e a política para fora do pântano.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD PCP BE
Lisboa bate Madrid e Barcelona na procura de casas por estudantes
Na capital portuguesa a renda média cobrada a estudantes ronda os 485 euros, o preço mais caro do país. Associações académicas dizem que a situação é "quase insustentável". (...)

Lisboa bate Madrid e Barcelona na procura de casas por estudantes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na capital portuguesa a renda média cobrada a estudantes ronda os 485 euros, o preço mais caro do país. Associações académicas dizem que a situação é "quase insustentável".
TEXTO: Lisboa foi a cidade com maior número de noites reservadas para alojamento de estudantes no primeiro semestre de 2018. Estes dados dizem respeito às reservas efectuadas através da plataforma Uniplaces, que tem quartos e apartamentos para arrendar a estudantes em 36 cidades de seis países europeus. No total o número de noites reservadas naquele período foi de um milhão e trezentas mil, o que corresponde a um aumento de 24% face ao primeiro semestre de 2017. A seguir a Lisboa, as cidades com maior número de noites reservadas foram Madrid, Porto, Barcelona e Milão. Os últimos dados divulgados pela Uniplaces dão também conta de que o valor médio das rendas cobradas a estudantes rondou os 451 euros, o que representa uma subida de 4% face ao ano passado. Lisboa, com uma renda média de 485 euros, continua a ser a cidade portuguesa onde é mais caro estudar. Segue-se o Porto com valores médios de 407 euros e Coimbra com uma renda média de 291 euros. Em Lisboa, a zona mais procurada é a de Arroios, onde o preço médio da renda é de 393 euros, no Porto a preferência recai sobre Paranhos (347 euros) e em Coimbra o sítio mais procurado é a Baixa (276 euros). São preços que estão muito além daqueles que são praticados nas residências do ensino superior públicas, as que são geridas pelos Serviços de Acção Social, onde o preço médio mensal não chega aos 200 euros. O problema é que nestas residências só existem camas disponíveis para 12% dos 113. 813 alunos que se encontram a estudar fora das suas áreas de residência, segundo revelou um levantamento feito em 2017 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). Segundo o ministério, às 13. 971 camas actualmente existentes juntar-se-ão até 2021 mais outras duas mil no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, lançado em Maio passado. A escassez da oferta pública em conjunto com os preços crescentes no mercado privado fizeram do alojamento um dos principais cavalos de batalha das associações académicas, que têm denunciado que a situação se está “a tornar quase insustentável”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As zonas com maior carência de camas são também as que têm mais estudantes deslocados. Segundo o diagnóstico feito pelo MCTES, na Área Metropolitana de Lisboa só existem lugares para 9, 2% dos cerca de 28 mil alunos de outras zonas que se encontram ali a estudar; na Área Metropolitana do Porto a oferta pública apenas garante uma cobertura de 9, 7% dos 15. 608 deslocados; e na região de Coimbra há camas para 10, 9% dos 16. 971 alunos que se mudaram para ali. Mas não é só no sector público que existe falta de alojamentos para estudantes. Segundo a Uniplaces, o total de camas em falta face à procura existente ronda os 19. 600 em Lisboa, Porto e Coimbra. Dos alunos que em 2017 arrendaram alojamento através daquela plataforma, 82% eram oriundos de outros países e a duração média da sua estadia rondou os seis meses.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social
Foi sequenciado o genoma do rato-toupeira que não tem cancro
Desvendar os segredos da longevidade deste pequeno roedor careca pode contribuir para o estudo do envelhecimento humano. (...)

Foi sequenciado o genoma do rato-toupeira que não tem cancro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Desvendar os segredos da longevidade deste pequeno roedor careca pode contribuir para o estudo do envelhecimento humano.
TEXTO: Acaba de ser obtido o primeiro “rascunho” da totalidade do genoma do rato-toupeira-pelado, um mamífero que, embora não se distinga pela sua beleza física, possui uma invulgar resistência às doenças da velhice. O trabalho envolveu as mais recentes tecnologias de sequenciação genética e uma colaboração entre a Universidade de Liverpool e o Centro de Análise do Genoma (TGAC) de Norwich (ambos no Reino Unido). Até à data, explica um comunicado daquela universidade britânica, nunca foi detectado cancro nestes animais. E mais: resultados recentes sugerem que as suas células possuem capacidades anti-tumorais inexistentes noutros roedores ou nos seres humanos. “O rato-toupeira-pelado fascina os cientistas há muitos anos”, diz o jovem cientista português João Pedro de Magalhães, que liderou o trabalho, citado pelo mesmo documento, “mas há apenas um anos que descobrimos que podia viver tanto tempo. Não é muito maior do que um ratinho, que normalmente vive até quatro anos, e no entanto este roedor subterrâneo consegue viver de boa saúde durante três décadas. É um exemplo interessante de tudo aquilo que ainda não sabemos acerca dos mecanismos do envelhecimento. "Os cientistas estão agora a analisar a sequência genética que obtiveram e a disponibilizá-la à comunidade científica, esperando vir a perceber como este animalzinho faz para resistir tanto tempo às doenças – e ainda por que é que certos animais, em particular os humanos, são mais susceptíveis ao cancro, por exemplo, do que outros. “Com este trabalho, queremos fazer do rato-toupeira-pelado o primeiro modelo de resistência às doenças crónicas do envelhecimento”, salienta o investigador.
REFERÊNCIAS: