Espanha ameaça não apoiar a aprovação do "Brexit" no domingo
Governo de Pedro Sánchez faz ameaça mas não tem poder de veto. Acordo deverá ser aprovado no domingo em Bruxelas. (...)

Espanha ameaça não apoiar a aprovação do "Brexit" no domingo
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DATA: 2018-11-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Governo de Pedro Sánchez faz ameaça mas não tem poder de veto. Acordo deverá ser aprovado no domingo em Bruxelas.
TEXTO: O Governo espanhol mantém que não dará o seu aval a um acordo sobre o “Brexit” sem antes ter garantias jurídicas sobre a negociação do estatuto de Gibraltar após a saída do Reino Unido. A União Europeia tentou oferecer a Espanha uma saída do impasse, sob a forma de duas declarações paralelas anexas ao acordo de saída, mas Madrid continua a considerar tudo demasiado vago, diz o jornal espanhol El País. A agência Reuters diz que uma fonte europeia afirmou que “o trabalho diplomático continua”. “Tal como está agora a situação vai-se manter o veto. É uma questão de interesse nacional”, disse fonte do governo ao El País. O Governo de Pedro Sánchez aguarda ainda que Londres dê o seu parecer a esses dois documentos específicos sobre o estatuto de Gibraltar, que terão de ser aprovados amanhã no Conselho Europeu extraordinário para a ratificação do acordo do “Brexit” e a declaração política sobre as relações futuras entre o bloco e o Reino Unido. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Espanha quer uma garantia explícita de que as futuras negociações sobre a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia deixarão de fora qualquer decisão relativa ao estatuto do enclave britânico, reivindicado por Madrid. O Governo de Pedro Sanchéz exige que essas conversas sejam realizadas entre Espanha e o Reino Unido e não no âmbito da União Europeia, e não prescinde de ter esse objectivo vertido para o texto legal do acordo. A questão de Gibraltar é o último obstáculo pendente antes da cimeira de amanhã, depois de terem sido resolvidas, ontem de manhã, as questões sobre as quotas de pesca em águas britânicas e a clarificação sobre o período de transição.
REFERÊNCIAS:
Cidades Londres Madrid
Os Monchiques do PSD e a falta de espuma do CDS
Surpreende que um partido como o PSD se encerre dentro de si próprio por falta de um programa que una quadros e dirigentes. Rio bem tenta fazer da aproximação ao PS um guião, mas sem sorte. (...)

Os Monchiques do PSD e a falta de espuma do CDS
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Surpreende que um partido como o PSD se encerre dentro de si próprio por falta de um programa que una quadros e dirigentes. Rio bem tenta fazer da aproximação ao PS um guião, mas sem sorte.
TEXTO: Após três anos de governo PS com apoio parlamentar das esquerdas, a direita quando governou estava tão convencida da inevitabilidade da austeridade que ainda não se encontrou consigo própria, nem com um programa que a possa guindar ao poder. Rui Rio tem consciência do estado de alma do partido que se acomodou tanto a nível de direção como localmente. Está burocratizado e disponível para lutas internas por postos que assegurem a vidinha aos seus membros. Mobilizam-se em torno dos líderes que alimentam as suas esperanças de não serem esquecidos na hora da vitória. A aproximação de Rio ao PS, que conta com muita gente dentro do PS, constitui para os anteriores círculos dirigentes do PSD uma traição ao projeto neoliberal que defenderam à outrance, pois sabem que não tem, num eventual bloco central, a mesma intensidade. E é isso que os une, o galope neoliberal. É a esta luz que Santana abandona a família para se arvorar em ser o único e legítimo filho do que alegadamente era o PPD de Sá Carneiro e que ninguém sabe. Os cismas são vários sobre o verdadeiro pensamento de Sá Carneiro. Congeminou que pode ter um resultado eleitoral para lhe dar capacidade de contar na cena política, o que não sucederia com Rio. A Santana não lhe basta um cargo proeminente em qualquer instituição pública. Quer mais; e esse mais o PSD não lho dá, nem provavelmente viria a dar. Santana e Pedro Duarte, Montenegro e outros largaram o fogo no PSD e agora são muitos os Monchiques que Rio enfrenta e ao que parece sem ajuda de meios aéreos. Tenta apagá-los fazendo da época dos incêndios devido às elevadas temperaturas a sua oposição ao governo. O CDS, sacrificado pela estratégia de Rio, aproveita-se da falta da falta de espuma para apagar os Monchiques do PSD. Está, porém, tolhido. A visibilidade que Portas lhe deu no governo de Passos, incluindo a de Cristas, vira-se contra o próprio partido, mesmo que este hoje proclame o contrário de tudo o que aprovou no governo desde o congelamento dos salários na função pública e do salário mínimo nacional, os cortes nas pensões, os aumentos nas taxas moderadoras, o aumento da carga de horas de trabalho na função pública, os cortes nos guarda florestais, os cortes nas quotas do pescado, os despejos, a reforma dos tribunais afastando os cidadãos da justiça, as privatizações sem lei nem roque, até ao pavor que era viver sob o chicote destes mandarins impiedosos, pois todos os dias os bilionários tinham boas notícias e o resto da população más. Foi o período em que uma ínfima minoria ficou mais rica e a imensa maioria com menos rendimentos e se espalhou deliberadamente a pobreza. Enquanto o PSD lambe as feridas, o CDS chega-se à frente nas críticas ao governo. Enquanto Rio ensaia o bloco central, o CDS preterido demarca-se, marcando o terreno. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O CDS cavalga a crise do parceiro de tantas ocasiões para ganhar estaleca. Não parece vir a ter sorte. Surpreende que um partido como o PSD se encerre dentro de si próprio por falta de um programa que una quadros e dirigentes. Rio bem tenta fazer da aproximação ao PS um guião, mas sem sorte. É algo inesperada a incapacidade destes partidos terem um programa, um guião para apresentarem. Vivem de incêndios, roubos de armas e pouco mais. Como dizia o seu protetor Cavaco - chocam com a realidade…
REFERÊNCIAS:
Esqueça a estrada: no futuro os carros chegarão pelos ares
Alguns parecem saídos de um filme de ficção científica, outros assemelham-se a um híbrido entre um carro e uma avioneta. Já há um protótipo norte-americano com mais de 200 horas de voo e em Portugal já se dão os primeiros passos na área. (...)

Esqueça a estrada: no futuro os carros chegarão pelos ares
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Alguns parecem saídos de um filme de ficção científica, outros assemelham-se a um híbrido entre um carro e uma avioneta. Já há um protótipo norte-americano com mais de 200 horas de voo e em Portugal já se dão os primeiros passos na área.
TEXTO: É uma imagem conhecida que habita no imaginário de muitos os que nasceram e cresceram depois de 1962: a família Jetson começa a manhã num carro voador verde, parecido a um mini-helicóptero sem hélices, e desloca-se entre vários pontos de Orbit City, a cidade ficcionada da série dos anos 1960. Em 1925, Henri Ford já tinha tentado criar um carro voador, o Ford Flivver, o "modelo T dos ares", mas o projecto chegou ao fim em 1936 devido a um acidente aparatoso. Nessa altura, os carros voadores eram apenas um sonho reservado aos mais audazes. Quando os Jetsons foram criados, nos anos 60, eram uma visão futurista. Actualmente os carros voadores, carros-drone ou drones de passageiros estão cada vez mais perto de se tornarem reais e comuns: já há um protótipo norte-americano com mais de 200 horas de voo e em Portugal já se dão os primeiros passos na área. “Carregar num botão e conseguir um voo”: são estes os planos da direcção da Uber, apresentados na conferência Uber Elevate, dedicada ao tema do transporte aéreo, que já se realiza desde 2017. A última foi em Maio. “Pode parecer algo que existe apenas em fantasias de ficção científica, mas queremos torná-lo real”, disse o responsável de aviação da Uber, Eric Allison, à CNet, site especializado em tecnologia. “Estes veículos já passaram da fase de investigação e chegaram a um ponto em que podem ser usados comercialmente”, sentencia. A tecnologia usada nos modelos de referência usados pela Uber chama-se eVTOL, diminutivo de Descolagem e Aterragem Verticais Eléctricas (ou electric vertical take-off and landing no original). O protótipo da Uber tem quatro propulsores que permitem a descolagem vertical e um rotor que permite que se movimente para a frente – o que faz com que se assemelhe mais a um helicóptero do que a um carro voador. Pelo menos, é o que parece no desenho apresentado durante a Uber Elevate, onde se apresentaram as novidades tecnológicas da empresa. De acordo com Eric Allison, a discussão sobre o termo certo para designar este veículo ainda não está encerrada: “‘Carro voador’ é o equivalente a ‘carruagem sem cavalos’”, disse ao CNet. “Não sabemos qual é o termo certo, mas provavelmente não são carros voadores. Chamámos-lhes eVTOL o que também é terrível”. A velocidade de cruzeiro deste veículo situar-se-á entre 240 e 320 quilómetros por hora e irá alcançar uma altitude entre 300 e 600 metros. O custo da viagem situar-se-ia nos seis dólares (cinco euros) por milha (1, 6 quilómetros) viajada. A título de exemplo, um percurso de Lisboa ao Porto, que distam aproximadamente 300 quilómetros ou 186 milhas, ficaria a mais de 900 euros. Os primeiros voos de teste deste protótipo estão marcados para 2020. O primeiro voo de um carro voador criado pela empresa norte-americana Terrafugia aconteceu em 2009. Na altura, a direcção da Terrafugia previu que os primeiros veículos iam chegar ao mercado em 2011, mas isso acabou por não acontecer – o que obrigou a empresa a devolver o dinheiro a quem fez a pré-compra por não ter conseguido cumprir com o prazo estipulado. Agora, com um novo dono e um novo protótipo, tentam outra vez. O Transition, o mais recente protótipo, vai estar em pré-venda já em Outubro e, pelas previsões da empresa, vai começar a ser comercializado em 2019. O protótipo já soma mais de 200 horas de voos de teste. Quando chegar ao mercado, os consumidores vão seguramente pagar mais de 300 mil dólares (mais de 255 mil euros), embora o número final ainda não seja conhecido, por um veículo com motor híbrido, três câmaras traseiras e espaço extra na bagageira. Danielle Kershner, porta-voz da empresa, explicou ao jornal norte-americano The Boston Globe que a empresa enfrentou várias questões regulatórias relacionadas com as regras de segurança federais para aviões e carros. Tudo isso atrasou a sua comercialização. Chama-se Flyingkyxz e é o sonho tornado realidade de Kynz Mendiola, um dançarino de hip-hop filipino que o criou do zero. Recentemente, o Flyingkyxz completou o seu primeiro voo de teste com sucesso. Mendiola gastou a maior parte das suas poupanças a construir este veículo e diz que, assim que a invenção estiver concluída, vai tentar encontrar patrocinadores que financiem a sua produção comercial. De todos é o que mais se assemelha a um carro, mas continua parecido a um drone gigante. É uma criação do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos, e é o primeiro carro-drone português. Chama-se Flow. me e o lançamento está previsto para 2022. É um carro eléctrico e autónomo, constituído por três módulos: um sistema terrestre, um habitáculo e um sistema aéreo. O sistema terrestre – semelhante a um carro – terá autonomia até 200 quilómetros. A parte aérea será um drone, com propulsão semelhante à de um helicóptero e uma autonomia de voo de três a seis horas. O objectivo é que o habitáculo se consiga libertar do sistema terrestre num local e ir aterrar noutro local, onde terá de estar disponível um outro sistema terrestre. Até 2020, uma empresa de tecnologia israelita, Urban Aeronautics, espera conseguir colocar no mercado um drone de passageiros – que é como quem diz um carro voador. O Cormorant, modelo desta empresa, pesa uma tonelada, pode transportar 500 quilos e viajar a 185 quilómetros por hora e, quando chegar ao mercado, o preço deve rondar os 14 milhões de dólares (cerca de 13, 4 milhões de euros). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por enquanto, as suas utilizações mais óbvias passam por fornecer ajuda em ambientes de guerra. Os especialistas da Urban Aeronautics acreditam que o drone verde-escuro, que usa rotores internos em vez de hélices de helicóptero, poderia retirar pessoas de ambientes hostis ou permitir acesso seguro a forças militares. "Basta imaginar uma bomba numa cidade. . . e este veículo pode entrar, pilotado de forma remota numa rua, e descontaminar uma área", disse o fundador e presidente da Urban Aeronautics, Rafi Yoeli, à Reuters.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra ajuda
Direcção-Geral recorre da providência cautelar que trava prospecção petrolífera em Aljezur
Plataforma Algarve Livre de Petróleo anunciou a 13 de Agosto que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé tinha deferido a providência cautelar interposta para travar o furo de prospecção de petróleo. (...)

Direcção-Geral recorre da providência cautelar que trava prospecção petrolífera em Aljezur
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DATA: 2018-09-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180911192048/https://www.publico.pt/1841656
SUMÁRIO: Plataforma Algarve Livre de Petróleo anunciou a 13 de Agosto que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé tinha deferido a providência cautelar interposta para travar o furo de prospecção de petróleo.
TEXTO: A Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) confirmou nesta terça-feira que recorreu da decisão judicial que deu provimento a uma providência cautelar que suspende a prospecção de petróleo ao largo de Aljezur, no Algarve. A 13 de Agosto, a Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) anunciou que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Loulé tinha deferido a providência cautelar interposta para travar o furo de prospecção de petróleo que estava previsto iniciar-se a partir de Setembro em Aljezur, ao abrigo de um Título de Utilização Privativa do Espaço Marítimo (TUPEM) que tinha sido concedida pela DGRM ao consórcio ENI/GALP. A PALP qualificou como "uma vitória" a decisão judicial, que veio "impedir o início de qualquer trabalho de prospecção" e, na segunda-feira, emitiu um comunicado a dar conta de que a DGRM tinha recorrido no dia 14 de Agosto da decisão do TAF de Loulé. Após o anúncio da aceitação da providência cautelar por parte do tribunal, o consórcio ENI/GALP garantiu à Lusa que "sempre cumpriu escrupulosamente a legislação e as determinações das autoridades" no que se refere à licença para a prospecção de petróleo ao largo de Aljezur e que estava "a avaliar esta decisão e as respectivas opções". Hoje, a DGRM divulgou um comunicado a informar que cabe legalmente ao seu director-geral "emitir o Título de Utilização Privativo do Espaço Marítimo (TUPEM)" e, ao abrigo dessa competência, foi concedida uma licença desse tipo ao consórcio em Janeiro de 2017, "verificados os procedimentos legais pelos serviços da DGRM, após período alargado de consulta pública e compulsados os contributos recolhidos nesse âmbito". "O contrato de concessão relativo à prospecção de hidrocarbonetos no bloco SANTOLA, foi celebrado em 2007 pelo Estado português, através do Ministério da Economia, situando-se a 46 quilómetros de distância da costa. O Título de Utilização Privativa do Espaço Marítimo (TUPEM) emitido pela DGRM reporta-se à fase de prospecção e constitui um requisito que resulta do regime jurídico de ordenamento do espaço marítimo", referiu a DGRM. A mesma fonte frisou que "esse título não envolve qualquer decisão relativa à autorização de produção dos recursos que eventualmente sejam detectados" e considerou que a providência cautelar da PALP "veio colocar em causa a legalidade do acto e o procedimento adoptado por esta Direcção-Geral aquando da emissão do TUPEM". "O consultor jurídico designado nos autos, com a incumbência de defender a posição seguida pela DGRM, considerou haver fundamentação técnico-jurídica para a interposição de recurso junto do Tribunal Central Administrativo", anunciou a DGRM, sem precisar a data em que foi apresentado o recurso. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) também questionou hoje o Ministério do Mar sobre o conteúdo judicial apresentado para travar a providência cautelar iniciada pela PALP e que suspende preventivamente todas as acções do consórcio ENI/GALP, ao largo de Aljezur. O PAN considerou num comunicado que o recurso apresentado pela DGRM "não foi devidamente justificado" e "desconhece-se o conteúdo dos argumentos utilizados", criticando o Ministério do Mar e a Direcção-Geral pela falta de informação que disponibilizam sobre o processo. "Assistimos a um sequestro democrático quando o Estado coloca os falsos interesses económicos à frente da ciência, do ambiente e do real interesse público, afirmou Francisco Guerreiro, porta-voz do PAN, citado no comunicado, acusando o Ministério do Mar de ser "um gabinete do Ministério da Economia".
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN LIVRE
Garrafa de Apothéose Bastardinho atinge os 4500 euros em leilão da José Maria da Fonseca
Foram leiloados vinhos históricos do património da casa de Azeitão, entre os quais 100 garrafas de Moscatel Roxo de Setúbal Superior de 1918. Uma foi arrematada por 900 euros. (...)

Garrafa de Apothéose Bastardinho atinge os 4500 euros em leilão da José Maria da Fonseca
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DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram leiloados vinhos históricos do património da casa de Azeitão, entre os quais 100 garrafas de Moscatel Roxo de Setúbal Superior de 1918. Uma foi arrematada por 900 euros.
TEXTO: Se fosse vivo, Fernando Soares Franco faria 100 anos. Para o homenagear, os filhos, António e Domingos Soares Franco, escolheram um vinho guardado há precisamente um século na Adega dos Teares Velhos da José Maria da Fonseca, em Azeitão, e engarrafado agora para a ocasião: o Moscatel Roxo de Setúbal Superior de 1918 foi a estrela do quarto leilão do século XXI realizado na noite de quinta-feira pela histórica casa produtora de vinho. Numa noite cheia de simbologia, foram a leilão 100 das 184 garrafas numeradas do vinho centenário, porque a José Maria da Fonseca celebra também os seus 184 anos. No final de um jantar na Adega dos Teares Novos da Casa Museu em Azeitão, no meio das grandes barricas de vinho, Sebastião Pinto Ribeiro, do Palácio do Correio Velho, conduziu o leilão de 35 lotes, que incluiu as 100 garrafas do Moscatel Roxo de 1918 e terminou com outro vinho histórico, o Apothéose Bastardinho, arrematado por 4500 euros. No caso do Moscatel Roxo de 1918, o preço médio rondou os 500/600 euros, mas a primeira garrafa atingiu os 900 euros. “Temos nas nossas caves algumas referências extraordinárias”, contou, antes do início do leilão, o enólogo Domingos Soares Franco. “Consegui encontrar um casco em que aparece o Moscatel Roxo 2018. ” Antes, António, o irmão, tinha já sublinhado que “se o Moscatel Roxo ainda existe” deve-se ao pai, Fernando, que insistiu em salvar uma vinha “que nem um hectare tinha” e fê-lo “numa altura em que na região ninguém queria esta casta porque era a primeira a amadurecer e os pássaros comiam as uvas todas”. Quando o Moscatel Roxo – que é “uma mutação genética natural do Moscatel de Setúbal e uma casta com uma acidez e aromas fora do normal”, nas palavras de Domingos Soares Franco – estava “quase a fechar os olhos”, Fernando defendeu que não se podia deixá-la morrer. “O nosso pai trouxe varas daquela vinha e colocou-as noutras vinhas. Hoje, nós e os nossos fornecedores já temos 25 hectares [de Moscatel Roxo] e na região haverá uns 40 hectares”, afirmou, com orgulho, António. O penúltimo lote a ser leiloado era composto por uma única garrafa de outro vinho também histórico, o Torna Viagem, que acabou por atingir os 2200 euros no final da licitação. Tratava-se, explicou Domingos Soares Franco, de um lote antigo deste vinho que a empresa “descobriu” por acaso há muitas décadas quando vinhos por vender acabaram por regressar a Portugal nos navios que tinham feito a travessia do Equador e passado por todas as aventuras e desventuras de uma viagem no oceano. “Está provado que melhoram em substância, em cor, em elegância, em tudo”, sublinhou o enólogo. Por fim, o Apothéose é outra história de resistência. Deste Bastardinho de Azeitão (de acordo com o enólogo, corresponde à casta francesa Trousseau) que se encontrava numa barrica pequena com mais de 80 anos foram feitas apenas 40 garrafas – a primeira das quais foi vendida na noite de quinta-feira, sendo as restantes colocadas à venda ao ritmo de uma por ano. As uvas vieram de vinhas situadas entre a Costa da Caparica e o Lavradio, numa área onde hoje existem apenas prédios. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Domingos não esconde o espanto com o que encontrou neste casco com apenas 20 litros: “Achei extraordinário. Tentei descrevê-lo nas minhas fichas técnicas e não consegui. " Colocaram-no numa garrafa de cristal da Vista Alegre com um banho de platina e numa caixa de madeira mandada fazer propositadamente. “Decidimos vender uma garrafa por ano para que daqui a 40 anos ainda se possa beber o Apothéose”, resumiu Domingos Soares Franco. No final, o leilão, no qual foram à praça no total 126 garrafas (entre as quais, por exemplo, os Moscatéis de Setúbal Superior de 1902, 1904, 1905, 1906, 1907 e 1955, “o melhor ano de todos”, segundo Domingos Soares Franco), rendeu mais de 67 mil euros. No século XIX e início do século XX era prática comum da José Maria da Fonseca realizar leilões, tradição que foi mais tarde interrompida, tendo sido retomada já no século XXI com um primeiro leilão em 2008, no qual foi lançado o Moscatel Roxo de Setúbal Superior de 1960. Seguiram-se leilões em 2011 e 2014, com o lançamento do Moscatel de Setúbal Superior de 55 e de 1911, respectivamente.
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Tempo quinta-feira
Meditação na Índia
O leitor Pedro Mota Curto partilha a sua experiência num templo de Bombaim. (...)

Meditação na Índia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O leitor Pedro Mota Curto partilha a sua experiência num templo de Bombaim.
TEXTO: Neste local imperava o silêncio e a tranquilidade. Rodeado pela natureza em todo o seu esplendor. Do ponto mais alto avistavam-se as árvores, os campos e um verde contínuo, até ao horizonte. Pássaros. Não muitos. Sobretudo uns elegantes corvos. Plenos de personalidade. Convictos de que não só a vegetação mas também aqueles edifícios lhes pertenciam. O espaço é amplo. Templos, escadarias, estátuas, restaurante, salas de meditação, o suficiente para justificar um dia inteiro de permanência neste gigantesco templo budista, situado a 70 quilómetros, para norte, do centro de Bombaim, na Índia. Por aqui está tudo calmo. O silêncio apenas é perturbado pelo ocasional vento, pelo ondular das folhas das árvores, pelo saltitar dos corvos, pelo deambular dos lagartos por entre os arbustos e pelas ocasionais chuvadas, breves mas muito intensas, típicas do período das monções. O calor impera. A humidade também. Global Vipassana Pagoda é a denominação deste templo budista, réplica de um famoso templo existente na Birmânia, Shwedagon Paya, em Rangum. Visitar um templo budista, na Índia, também não é simples, tal a diversidade de deuses, demónios, rituais, a maioria desconhecidos das mentes europeias. As histórias e as epopeias milenares são inúmeras e intrincadas. Os templos, flamejantemente dourados, numa profusão de pináculos em direcção ao céu. No pagode principal, com capacidade para oito mil fiéis, sentados no chão, de pernas cruzadas, só pode entrar quem possuir no seu currículo um curso de dez dias de meditação. Nos pagodes secundários, mais pequenos, foi possível entrar e efectuar três sessões de meditação, ao longo do dia, orientadas por monges que explicavam os segredos desta meditação. No interior do Global Vipassana Pagoda existem alojamentos onde é possível permanecer ao longo de vários dias, num retiro de meditação budista, devidamente certificado. Este templo também possui, asseguraram-nos, verdadeiras relíquias de Buda, oferecidas pelo governo do Sri Lanka. Em 2018, o budismo não é a religião principal dos indianos, apesar de a origem da religião budista estar precisamente na Índia. A maioria professa a religião hindu, seguindo-se a muçulmana. O budismo surge em terceiro lugar, antes do jainismo, do cristianismo e do zoroastrismo. O budismo é um sistema religioso e filosófico, fundado pelo indiano Siddhartha Gautama, mais conhecido por Buda, que viveu entre o ano 566 e o ano 483 a. C. No início, conquistou muitos fiéis que trocaram o antigo hinduísmo pelo novo budismo mas, com o tempo, a maioria regressaria ao hinduísmo, muitos convencidos que Buda não era mais do que a reencarnação de Vishnu, um dos principais deuses hindus. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De acordo com Siddhartha Gautama, o objectivo do homem seria atingir o Nirvana, um estado permanente e definitivo de beatitude, felicidade e conhecimento, obtido através de disciplina ascética e da meditação, extinguindo definitivamente o sofrimento humano, desiderato alcançado por meio da supressão do desejo e da consciência individual. Daí a importância atribuída à meditação no Global Vipassana Pagoda. Pedro Mota Curto
REFERÊNCIAS:
Religiões Cristianismo Budismo Hinduísmo Jainismo Zoroastrismo
No Sabor, o último rio selvagem deu lugar a lagos calmos
Perdeu o epíteto de “último rio selvagem” de Portugal quando há dois anos foi dominado pela “mãe de todas as barragens”. Mas isso não significa que tenha deixado de ser arisco, à espera de ser explorado nas suas águas tépidas. Por detrás do Douro, há uma porta que se abre para a nova paisagem do rio Sabor, cheia de espelhos de água, à espera de serem quebrados. Os Lagos do Sabor são uma novidade no horizonte transmontano que ainda não cedeu ao turismo de massas. Nem tem como. (...)

No Sabor, o último rio selvagem deu lugar a lagos calmos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.133
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Perdeu o epíteto de “último rio selvagem” de Portugal quando há dois anos foi dominado pela “mãe de todas as barragens”. Mas isso não significa que tenha deixado de ser arisco, à espera de ser explorado nas suas águas tépidas. Por detrás do Douro, há uma porta que se abre para a nova paisagem do rio Sabor, cheia de espelhos de água, à espera de serem quebrados. Os Lagos do Sabor são uma novidade no horizonte transmontano que ainda não cedeu ao turismo de massas. Nem tem como.
TEXTO: Alfredo faz o mesmo caminho todos os dias. Sobe a ladeira, num passo ligeiro, errante, desengonçado, mas directo ao destino. Em cima das pernas de 98 anos vai decidido para se encostar à fraga, onde antes se sentava com um livro no colo. “Lia tudo o que viesse à mão”. Agora ali fica a sentir o calor abrasador na pele e a trocar dois dedos de conversa com quem passa. Naquela rocha escura há um enclave que parece uma cadeira feita de propósito às medidas do corpo do tio Alfredo. Os olhos já não lhe permitem ler, mas não precisa da nitidez da vista porque os pés sabem de cor o caminho entre a sua casa, ao lado da igreja matriz, e o castelo do Mogadouro, onde vai passar as tardes. Dali do cimo daquela vila, Alfredo diz que nada mudou, que o horizonte que dali espreita se mantém igual. Mas naquelas bandas de Trás-os-Montes muito é diferente desde que nasceram a jusante e a montante os dois paredões da barragem do rio Sabor e com elas se criaram lagos onde antes só se avistava terra. Os olhos de Alfredo ainda não viram bem os efeitos das mudanças da barragem do Baixo Sabor. Há muita água onde antes o rio minguava quase até ficar uma ribeira. No Verão, por vezes o caudal deste rio, que chegou a ser o último rio selvagem português, era tão baixo que dava para passar a pé de uma margem à outra. Não tinha barragens, não tinha regadio intensivo, não tinha aproveitamento organizado para o turismo. Agora também ainda não os tem, faltam-lhe as assinaturas do Governo no plano estratégico da barragem para que possa ser aproveitado com ordem e lei. Entre o ser selvagem e o passar a ser dominado, ficou num limbo. Um limbo que ainda abre uma janela de oportunidade aos visitantes para aproveitarem a sua genuinidade e autenticidade, a começar pela das suas gentes. Alfredo é uma das pessoas às quais não deve passar indiferente ao visitar Mogadouro. Para ser o “dono” do Castelo da terra só lhe falta a chave da porta, porque a dos segredos ninguém lha tira. Inspira qualquer um a conhecer a terra que foi em tempos propriedade da família dos Távoras e que deixa transparecer sinais deste domínio. O mais evidente, a avaliar pela quantidade de placas a anunciar a sua existência e o caminho para lá chegar, é o Monóptero de São Gonçalo. A ida até à beira deste monumento de inspiração barroca vale por si. De um lado e de outro da estrada, as silvas vão arranhando a carrinha pickup, mas o pior são os buracos na terra batida que fazem com que a distância por ali se deixe de medir em quilómetros e se passe a medir em tempo. O Monóptero está num terreno privado. Para o ver é preciso passar por sinais que avisam que se entra em propriedade que não é de todos e talvez por isso este monumento singular na Península Ibérica se esteja a degradar a olhos vistos, apesar da classificação desde 2012 como Monumento de Interesse Público. Esta classificação chegou anexada com uma zona especial de protecção, uma vez que é preciso ter “em consideração o enquadramento paisagístico da construção, que realça a sua singularidade e confere ao cenário um carácter bucólico que o valoriza e a sua fixação visa a salvaguarda do monumento e do contexto que com ele estabelece uma relação interpretativa”, lê-se na portaria assinada pelo então secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. O monumento circular com seis colunas já ficou sem a cúpula abobadada e aos poucos está a perder os plintos de granito que põem em perigo as seis colunas e por consequência a estrutura de todo o monóptero. Além disso, dizem que em tempos tinha uma imagem de São Gonçalo, no centro. Já não existe. Este Verão tinha apenas as palhas da vegetação que entra pelo pequeno monumento adentro. A Câmara Municipal do Mogadouro negoceia com os privados o que fazer, mas a solução ainda não foi encontrada. A ida ao monóptero e um passeio pelas aldeias de Penas Róias, também ela com um castelo, ou de Azinhoso, onde perduram singularidades da arquitectura de Trás-os-Montes, como as varandas de madeira ou as pequenas igrejas com alpendres, que serviam para albergar peregrinos, sem que nos cruzemos com turistas são um exemplo do muito que há por descobrir nestes quatro concelhos. Depois do enchimento da barragem, que aconteceu há dois anos, pouco foi feito junto ao imenso espelho de água que se estende pelos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Moncorvo, Alfândega da Fé e Mogadouro. E isso não tem de ser mau para quem lá vai, apesar de ser pouco útil, rentável ou produtivo para quem lá vive. A linha do horizonte entrecortada de Trás-os-Montes ganhou, através da acção da mão humana, água nos vales, mas a mesma mão não modificou nada ou mudou muito pouco do que ficou à tona. Ainda não há autorização para novas praias fluviais, ainda não há os famosos barcos-casa, as casas palafitas, os barcos de recreio ainda são poucos, a pesca ainda não está regulada e o regadio também não é programado. É um imenso mar de água doce por explorar e organizar e isso dá a sensação ao visitante que é o primeiro a fazer tudo por ali. Essa sensação de ter uma experiência turística ainda partilhada por poucos é um dos segredos mais bem guardados da região. Na verdade, por esta zona, fazer praia nos novos lagos ou passear de barco apenas pode ser feito por conta e risco próprios, já que não há empresas que possam explorar as margens das albufeiras criadas com a barragem e existem apenas duas praias fluviais que já existiam, a praia da Foz do Sabor e a praia da Foz do Azibo. As duas com água mais quente do que seria de esperar para rio – rondaria os 23, 24 graus no final de Agosto. Onde antes quase só se via terra e um pequeno curso de água, nasceram desde há dois anos três grandes lagos: o Lago de Cilhades, o Lago do Medal e o Lago dos Santuários. Com a subida do leito, ficou maior e mais larga a Foz do Azibo. Em cada um há uma história que ficou escondida na água ou para ser descoberta nos montes que a rodeiam. Luís casou há dez anos no Santuário de Santo Antão da Barca, que fica no concelho de Alfândega da Fé virado para o de Mogadouro. À ida para o casamento, foi pela estrada que atravessava o rio. Muitas vezes, durante o Verão, dava para passar o Sabor a pé. O leito secava tanto que se punham a descoberto as pedras do fundo e as margens tocavam-se. Nesse dia foi festa rija no Santuário. “A meio da tarde cai uma trovoada e o rio sobe tanto que já não pudemos atravessá-lo e tivemos de dar a volta”. Dar a volta significava andar quilómetros até que a ponte do IC5 os pusesse do lado de lá. Luís conta a história do casamento durante um passeio de barco. É dos poucos que os faz nos novos lagos, no seu pequeno barco de pesca. Sem docas, o improviso para entrar na água leva-o a usar uma estrada que ficou alagada para se aproximar da água com o jipe e largar o barco na albufeira. Fá-lo a expensas próprias, porque naqueles lagos ainda não há autorização para serem construídas docas ou para empresas poderem fazer exploração de passeios turísticos. Apesar de ter estado envolvido em todo o processo de construção da barragem, Luís ainda está a tentar decorar os novos cantos da casa que foi sempre sua. “O Santuário devia ser mais ou menos aqui”, aponta para um dos lados do imenso Lago dos Santuários. O nome foi dado pela Associação de Municípios do Baixo Sabor, que quer dinamizar a zona e criou a marca “Lagos do Sabor”. Ao certo, ninguém sabe dizer onde ficava o local de romaria que juntava as gentes dos dois concelhos vizinhos, todos os anos no início de Setembro. “Agora está ali”, diz olhando para cima. Lá do cimo do monte aparece o santuário trasladado. As imagens de satélite do Google ainda estão no antigamente. Ainda se vê o rio, estreito, com a areia acumulada e as rochas a descoberto. Agora, no cimo do monte, a cerca de um quilómetro onde existia o santuário com mais de 200 anos, foi erigido o novo lugar de culto. Ou foi reerguido. Durante meses, equipas de restauradores foram desmontando a igreja de um lado e montando do outro, pedra a pedra até à sua nova morada, no cimo do monte da Parada e de frente para o novo Lago dos Santuários. A igreja lá no alto marca com imponência uma das curvas do rio, onde este se junta com a ribeira Zacarias, antes uma pequena ribeira, agora do tamanho e largura de um rio. Como muitos dos sítios religiosos da zona, a igreja agora trasladada foi mandada construir no século XVIII pela família dos Távoras, senhores do Mogadouro. Neste local, onde é possível apreciar a nova paisagem criada pela água do Sabor, foi construído um pequeno museu que mostra em fotografias como a igreja subiu a encosta ao longo de meses, que tem um espaço dedicado à vida do Santo Antão e ainda uma parede dedicada aos “ex-votos” que os crentes faziam ao santo, para pagarem promessas. Do lado de fora, há espaço para um restaurante panorâmico, ainda fechado por falta de equipamentos, e um dormitório na Casa do Romeiro, também ele fechado. Este espaço, propício a um investimento de turismo rural pela vista e pelas condições que oferece, está meio abandonado, apenas visitado por curiosos ou quando se prepara a romaria anual. Há 14 anos, o jornalista do PÚBLICO, Ricardo Garcia, foi conhecer as terras que iriam ficar alagadas quando nascesse a barragem, o que só aconteceu mais de dez anos depois, e falava de uma terra esquecida, onde pouco acontecia, mas que tinha uma paisagem deslumbrante que ficaria submersa. “Provavelmente, apenas quem visita um vale antes de ser inundado consegue vislumbrar a dimensão brutal do que se perde com as albufeiras, em troca de água e electricidade. Há coisas que estão lá longe, e passarão a ficar ao pé. Outras, ao contrário, estão hoje ao alcance de todos, mas amanhã nunca mais serão acessíveis”, escreveu. Este sábado, dia 29 de Setembro, as autarquias de Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé e Mogadouro, tentam bater o record de selfies do Guiness Book of Records. Para promoverem a região, querem juntar milhares de pessoas num “Caminhão de selfies”, a partir do Santuário de Santo Antão da Barca, em Alfândega da Fé, às 9h30. Neste dia, além de caminhadas, passeios de BTT e de visitas guiadas de autocarro, a Associação de Municípios do Baixo Sabor faz ainda uma mostra e venda de produtos tradicionais, no Sabor Food Fest. Por cada participante, os municípios entregam 2, 5 euros aos bombeiros locais. Um desses casos é a aldeia de Cilhades, no concelho de Torre de Moncorvo. Descendo pelo rio, é possível chegar ao recém-nascido lago que ganhou o nome da aldeia (que já na altura era) abandonada e que ficou no fundo. O Lago de Cilhades, nome bonito para um local mais bonito ainda, é o maior lago criado com a construção da barragem. Sentados à sua beira, parece que a natureza nos põe à frente um teste de Rorschach inventado a 360 graus: é água ou são os montes? Onde começa um e acaba o outro? A água parada, sem ondas, cristalina, tépida, confunde os peixes que roçam à tona com as oliveiras do serro. Em 2004 a descrição do que era aquela aldeia é em tudo diferente do que se vê agora. “Hoje abandonada, Cilhades terá a albufeira como sepultura, sob dezenas de metros de água. A partir da aldeia, é preciso subir por tortuosos caminhos vicinais até chegar-se à futura superfície da albufeira”. Hoje ela já existe, cheia, a esconder amendoais e olivais. Pela superfície, indo pela Garganta da Fraga do Fojo, onde o rio estreita e faz uma curva, liga-se ao Lago dos Santuários. Este, por sua vez encontra-se com o Lago do Medal pelo Estreito do Aguilhão. Se a ideia é seguir pelos “tortuosos caminhos” estes continuam a existir, apesar de agora ser mais fácil chegar a esta zona do país pela A23 e pelo IP2, saído do sul ou pelas A24 e A4 se sair do Porto. As árvores são mais pequenas, apesar de muitas serem muito velhas. Nada cresce. Nada brota. Chamaram-lhe “o monte maldito”. Do outro lado da encosta fica o “monte bendito” onde a terra é fértil. Tudo tão perto, porquê a diferença?A explicação interessa ao mais leigo, mas sobretudo ao mais entusiasta da geologia. O Monte de Morais, em Macedo de Cavaleiros, o tal “monte maldito”, é denominado como “o umbigo do mundo” porque prova, explica o geólogo João Alves do Geopark de Macedo de Cavaleiros, na aldeia de Morais, que há muitos milhões de anos “houve a Pangeia”, o supercontinente que nasceu do choque de vários e que depois se voltaria a desmembrar para criar a divisão como a conhecemos hoje. Avaliando as rochas presentes neste maciço há “provas de dois continentes e um oceano de há 500 milhões de anos”, acrescenta. Pela sua relevância geológica, este Geopark, apoiado pelos dinheiros das compensações que a EDP tem de pagar para contribuir para o desenvolvimento da região por causa da construção da barragem, é classificado pela UNESCO. Para isso, precisava de ter pelo menos um “geosítio” de interesse mundial: em Morais há quatro, que podem ser observados. Contudo, a construção da barragem dificultou o acesso a um deles, ao alagar uma das estradas. A experiência não pode ser dissociada da explicação e do conhecimento que se obtém por se descobrir que Morais é importante para explicar a evolução do mundo. Pondo um pé numa rocha e outro noutra é como se tivesse, em sentido figurativo, um pé num continente e outro no fundo de um oceano, isto porque as rochas presentes nesta pequena região são de diferentes tipos, incluindo algumas do fundo do oceano. A tia Maria Luísa vive no lado do “monte bendito”, a meio caminho entre o Morais e o rio Sabor, ali, mais estreito, por entre vales mais juntos, que se aproximam em escarpas com o propósito de esconder as águas mais esverdeadas. “Quando o sol abre os olhitos, é impossível cozer”. Naquele dia estão para cima de 30º e a padeira mais conhecida do concelho de Macedo de Cavaleiros já está àquela hora, depois de almoço, a descansar os braços de amassar, mas não dispensa narrar a sua história. Ponto prévio: o pão é excepcional, mas a conversa não lhe fica atrás. É preciso tempo para conhecer esta senhora, ícone da aldeia de Lagoa, que aos 79 anos ainda se mete numa pequena garagem de reboco à mostra para cozer pão e dar conta de todas as encomendas. “Venho para cá às 5 da manhã, mas às 3h levanto-me, faço a sopa, faço a oração da manhã e brinco com o meu marido”, diz a rir esta estrela. A boa disposição chega-lhe ao riso, acredita, por causa do dia em que nasceu, 14 de Fevereiro. Mas isso não significa que tenha tido muitos namorados. “Não tive muitos namorados porque não tinha tempo, casei-me já muito tarde, com 19 anos”. 19 anos, tarde?! “Não tinha paciência para estar solteira, tinha de fazer render o tempo”. A velocidade a que viveu a vida imprimiu-a ela, a começar logo quando só media apenas “três palmos” e já queria peneirar a farinha. Mas aqueles eram outros tempos. Os mais novos eram empurrados para fazer trabalhos e contribuir para o rendimento de casa. Agora, pede ajuda “à Gracindinha” para fazer o pão “que é vicioso”. É. A vida desta mulher dava um livro. Às turras com a mãe quase desde que nasceu – “Sempre fui muito rebelde, ela não me gramava porque era refilona” – foi fazendo tudo às escondidas, incluindo acolher como melhor amigo um meio-irmão por parte do pai, que era mal visto pela mãe. Se foi rebelde na vida, não o foi nas receitas. O pão e os bolos de azeite seguem a receita tradicional: “O pão que é pão é feito com farinha, fermento, água e sal. Mais nada. O meu pão é especial porque é feito com muito amor e sacrifício”, vai contando enquanto exemplifica com as suas mãos pequeninas como faz a sua marca: três dedos dentro da massa em triângulo. É assim o pão da tia Maria Luísa, sem enfeites porque a “raposa vestida de chita, raposa é, raposa fica”. Continuam a sair para a faina todos os dias, três ou quatro pescadores que levam as bogas e os bardos directamente para os únicos três restaurantes que ainda têm como prato típico estes peixes do rio fritos. As bogas, maiores, servidas às postas e os bardos, quando pequenos, a imitarem os jaquinzinhos fritos, mas de sabor mais intenso e com espinha mais branda. A tradição da Foz do Sabor, esta que é a última aldeia piscatória de rio da zona, está entregue a meia dúzia de pessoas, mas é agora ameaçada por outra novidade que anda na água: o lúcio. O enchimento da barragem está a fazer deslocar o Lúcio para zonas onde antes não chegava, uma vez que o leito do rio era muito baixo o que impedia a sua viagem para outras paragens. Mas o Lúcio é um predador e alimenta-se também das bogas e dos bardos, os peixes típicos do Sabor. Este foi apenas um dos problemas na biosfera da região. A barragem do Baixo Sabor nasceu como alternativa à barragem prevista para Vila Nova de Foz Côa. As gravuras salvaram o Côa e empurraram o domínio pela EDP mais para cima, para o Sabor, também ele um rio que se junta ao Douro. Apesar de anos de contestação, sobretudo por ser uma zona de protecção ambiental, a Comissão Europeia acabou por dar luz à construção da barragem, que custou cerca de 450 milhões de euros à eléctrica e produz electricidade para 300 mil pessoas. Como compensação pela construção daquela que foi apelidada, pelo então ministro da Economia Manuel Pinho como “a mãe de todas as barragens”, a EDP patrocina vários projectos de desenvolvimento que começam agora a dar os primeiros passos depois do enchimento. Alguns desses projectos têm como objectivo garantir a biodiversidade da região. É o caso do recém-aberto Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), em Torre de Moncorvo. É neste centro que estão em recuperação muitos animais selvagens que são apanhados na zona do rio, sobretudo grifos, mas em que é possível perceber melhor a especificidade da região, incluindo através de um voo simulado em 3D. As visitas a este centro precisam de ser marcadas com antecedência no posto de Turismo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os quatro concelhos dos Lagos do Sabor ainda vão mudar muitos nos próximos anos. Ainda guardam muitos segredos. Um deles é à medida de cada um: esta paisagem é para viver, contemplando-a, seja do alto de um castelo ou do alto de um monte. Contemplar as vinhas, as oliveiras antigas que resistem à exploração intensiva, as culturas dos campos geometricamente alinhadas, as poucas aldeias espalhadas, os monumentos que contam uma história de conquista de território e de religião vivida em público ou em privado. Falar com as pessoas que são histórias de registar no livro dos únicos. Contemplar os montes que tapam montes, que escondem montes e que agora… mostram água. A região não está preparada para turismo de massas, pelo que é possível aproveitar muitas destas paisagens e andar quilómetros sem ver ninguém. Para isso, pode ir de automóvel e apreciar as vistas através do Circuito Panorâmico Automóvel do Baixo Sabor, ou caminhar pelos vários percursos pedestres. Em especial, a Ecopista do Sabor, que faz o caminho de parte da antiga linha do comboio entre o Pocinho e Miranda do Douro. Esta Ecopista termina em Carviçais, Torre de Moncorvo, num total de 24km. Além do património histórico e arqueológico da região, e apesar de o plano estratégico para a utilização do espelho de água ainda não ter sido aprovado, existem duas praias fluviais de água tépida a aproveitar: a praia da Foz do Sabor, em Torre de Moncorvo e a praia do Azibo, em Macedo de Cavaleiros. Para um passeio mais didáctico, aconselha-se a visita ao Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), em Torre de Moncorvo, e ao GeoPark de Macedo de CavaleirosRestaurante A Lareira Mogadouro O chef Eliseu estudou em Paris e por lá foi chef de um restaurante com estrela Michelin. Foi a qualidade da cozinha francesa que pôs na mala para voltar para a terra Natal. Diz que escolhe a melhor carne, a de “vitelas mamonas, que ainda estão a mamar”, para vender aos clientes a posta mirandesa, típica da região. Serve-as com um molho regional e desafia a descobrir qual o ingrediente secreto. Até aqui, os clientes chegam de propósito, o turismo, diz, ainda não tem expressão na clientela. Entre os pratos-chave estão os cogumelos boletos pinícola e a batata do chef. Quinta da Bela Vista Agroturismo Alfândega da Fé O João e a Virgínia vivem com um bebé num monte com quatro quartos. Recuperaram silos de cereais e por lá têm o negócio, que inclui uma experiência gastronómica. Além da típica alheira e da carne de vitela fatiada em alho e tomilho, aqui pode experimentar as típicas “sopas de cegada”, o almoço de quem ia para o campo apanhar os cereais. As ceifeiras e os ganhões “malhavam” o trigo e no centeio e ao almoço era-lhes servido uma “comida com substância”, conta João. Para o fazer usa apenas o pão, bacalhau, ovo e batata, temperado com azeite e colorau. Restaurante Villar de Masaebo Macedo de Cavaleiros A dona Aldina, a cozinheira, é ela quem à entrada do restaurante tem uma banquinha onde por vezes se põe a fazer os enchidos para toda a gente ver. É também ela que vai para trás do fogão, em conjunto com a nora, confeccionar os pratos que passam, sobretudo, pela carne de porco bísaro, que os próprios criam. A cada duas semanas matam cinco porcos para o restaurante, e para venderem os enchidos na loja de artesanato. Amêndoas da dona Dina Torre de Moncorvo Conseguiram há pouco tempo a certificação das amêndoas de Moncorvo. A dona Dina recuperou a tradição das doceiras que iam pelas terras a vender amêndoas doces e que agora tornaram-se símbolo da vila. Durante oito horas por dia, as doceiras vão trabalhando as amêndoas, colocando calda de açúcar aos poucos num grande tabuleiro redondo quente e revirando as amêndoas para não queimarem, num movimento tão mecânico como cansativo. Mas só assim, dizem, é possível obter as melhores amêndoas e com o aspecto granulado das de Moncorvo.
REFERÊNCIAS:
Um refúgio que também é uma galeria de arte a céu aberto
É em plena paisagem do Parque Natural da Serra de São Mamede, no Alto Alentejo, que a escultora Maria Leal da Costa dá largas à sua criatividade. Mais concretamente numa propriedade agrícola que também é uma unidade de alojamento. Eis a Quinta do Barrieiro. (...)

Um refúgio que também é uma galeria de arte a céu aberto
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: É em plena paisagem do Parque Natural da Serra de São Mamede, no Alto Alentejo, que a escultora Maria Leal da Costa dá largas à sua criatividade. Mais concretamente numa propriedade agrícola que também é uma unidade de alojamento. Eis a Quinta do Barrieiro.
TEXTO: Há uma escultura, em ferro e pedra, que parece estar ali, estrategicamente colocada, para receber os hóspedes de braços abertos — tem a forma de uma figura humana. Mas bastam mais uns dois ou três passos para percebermos que não é a única. Cada parede ou recanto do jardim estão decorados com uma peça de arte contemporânea, de maiores ou menos dimensões. Uma verdadeira galeria de arte a céu aberto, não restam dúvidas, plantada num cenário onde a natureza parece ter tido, ela própria, alguns laivos de criatividade: o Parque Natural da Serra de São Mamede. A Quinta do Barrieiro não é apenas mais uma quinta transformada em unidade de alojamento. Este refúgio é, também, o atelier onde trabalha a escultora Maria Leal da Costa e, por isso mesmo, é um verdadeiro mostruário de arte contemporânea, em pleno sossego do Alto Alentejo. São cerca de dois hectares de quinta que se estendem muito para além das sete habitações que compõem a unidade de alojamento. Cada casa tem um nome próprio e, no seu interior, também há várias obras de arte para apreciar. A grande maioria saída da imaginação, e das mãos, da escultora, que decidiu fazer daquela quinta o seu local de trabalho. A artista nascida em Évora (1964) gosta de inspirar-se na natureza e a paisagem que envolve a sua Quinta do Barrieiro — a escultora é a proprietária mas a gestão da unidade de alojamento está a cargo de uma empresa turística — não a tem deixado ficar nada mal. São várias dezenas de esculturas em pedra, ferro e bronze (materiais trabalhados em conjunto ou separados) que compõem uma exposição que, aparentemente, está em constante mutação. “É muito difícil dar um número certo, uma vez que a Maria está sempre a produzir e há esculturas que entram e outras que saem”, relata Francisco Muñoz, gerente da quinta. Algumas estão disponíveis para venda mas muitas fazem parte da colecção particular da escultora, que assume também buscar inspiração na literatura, prosa ou poesia de Tolentino Mendonça, Gonçalo M. Tavares, Camões ou Sophia de Mello Breyner, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, entre outros. E se para a artista alentejana a quinta é local de trabalho, para os hóspedes a missão passa por aproveitar o ar puro, a natureza e, simplesmente, relaxar. Quer seja no conforto das habitações, quer nos espaços exteriores. Todas as casas — com tipologias que vão desde o T0 ao T3 — dispõem de zona ou sala de estar e kitchenette, além do(s) quarto(s) e casa de banho. Na Casa Nascente, onde a Fugas ficou alojada, há até um atractivo extra de peso: um grande terraço privativo sobre as encostas da serra, especialmente aprazível em dias de sol ou noites amenas. Em todas as habitações, a opção passou por uma decoração rústica, pontuada com o toque de contemporaneidade das obras de arte expostas em alguns móveis ou nas paredes das casas. Reveladas cx. 10 7330-336 Marvão Tel. : 936 721 199 E-mail Site Preços: a partir de 70€Lá fora, a proposta passa por aproveitar a piscina descoberta — para os mais novos também há um parque infantil —, bem como o próprio percurso de arte contemporânea da quinta (pode optar por fazê-lo por sua conta ou agendar uma visita guiada junto da recepção). Se o tempo não estiver de feição, procure abrigo na Sala da Galeria, uma zona comum repleta de obras de arte, claro está, e onde é possível desfrutar de uma prova de vinhos (acompanhada por um enólogo) ou fazer uma refeição mais ou menos ligeira — se é que esta última opção é possível numa região como o Alentejo, onde se come tão bem. E por falar em comida: esqueça aquela ideia de ter que respeitar um determinado horário para o pequeno-almoço. Na Quinta do Barrieiro existe a opção de o tomar na própria habitação, à hora que bem entender (pelo valor de 15 euros por quarto duplo). Na véspera, irão deixar-lhe leite, sumo, chá, café, fruta, iogurtes, cereais, manteiga, queijo, fiambre e outros produtos, na kitchenette. De manhã, quando acordar, encontrará o pão e o bolo frescos à porta. Se preferir um pequeno-almoço buffet, então terá de deslocar-se à Sala da Galeria (preço de 10 euros por pessoa). É a própria gerência da unidade de alojamento que lhe lança o desafio de prolongar a estadia por mais uma ou duas noites e usufruir das inúmeras propostas que estão ali bem à porta — para as reservas a partir de duas e de quatro noites há redução de preços (quanto maior a estadia, melhor o preço). Afinal de contas, a quinta “está no centro do triângulo Marvão-Castelo de Vide-Portalegre”, nota Francisco Muñoz, e em pleno parque natural. A pé ou de carro, faça-se à estrada e explore toda a envolvente. Também existem sugestões para sessões de meditação guiada ou reiki. Restaurante D. Pedro V Praça D. Pedro V, 10 7320-101 Castelo de Vide Tel. : 245 901 236Ainda que registe as coordenadas de GPS (W 7º 22’ 52’’ N 39º 20’ 00’’), importa estar atento às indicações de itinerário, que poderá solicitar junto da gerência da unidade de alojamento aquando da reservaSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No que toca às caminhadas, uma das possibilidades passa por partir da quinta até à barragem da Apartadura ou subir ao Cancho Alto para observar a fauna e flora locais ou observar o pôr do sol. Prontos para serem trilhados estão, também, os 30 percursos pedestres da rede de percursos em natureza Alentejo Feel Nature. E muito próximo da unidade de alojamento, na aldeia de Santo António das Areias, também encontrará programas de passeios a cavalo, em sela ou em charrete, pela serra. Cansado? Sente-se ao volante e rume às históricas vilas de Castelo de Vide, Marvão ou Portalegre — são cerca de 15 minutos de viagem para qualquer um dos casos. Na primeira, ouse perder-se pelas ruelas que o conduzem até ao castelo, visite a antiga sinagoga, actualmente transformada em museu, e a Igreja Matriz de Santa Maria. Em Marvão passeie-se dentro das muralhas, também aqui com ruas estreitas e casas caiadas de branco, e reserve algum tempo para visitar Igreja Matriz do século XV e a antiga Igreja de Santa Maria que foi tornada Museu Municipal. E não se esqueça de aproveitar as magníficas vistas. Afinal de contas, Marvão está situada a cerca de 860 metros de altitude, no topo da serra do Sapoio, junto à fronteira de Espanha. Já Portalegre é a capital de distrito e tem muito para visitar. Ficam apenas algumas sugestões: Castelo de Portalegre, Sé Catedral, Museu Municipal e Casa-Museu José Régio.
REFERÊNCIAS:
Para lá de Natal, ainda há praias desertas e aldeias intemporais
Não é preciso subirmos muito pela costa para que os prédios dêem lugar a planícies áridas pontuadas de eólicas, aldeias por onde o tempo não passa e praias, longas praias, sem absolutamente ninguém. (...)

Para lá de Natal, ainda há praias desertas e aldeias intemporais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é preciso subirmos muito pela costa para que os prédios dêem lugar a planícies áridas pontuadas de eólicas, aldeias por onde o tempo não passa e praias, longas praias, sem absolutamente ninguém.
TEXTO: Terão sido aqueles rochedos negros a mudar o nome à terra. Anteriormente apelidada de Bom Jesus dos Navegantes, nome de santo padroeiro e de igreja matriz, a vila passou a chamar-se Touros, a data precisa perdida há muito nos registos do tempo. Os homens do mar viam de lá o focinho do animal a desenhar-se nas rochas atabalhoadamente caídas da falésia. E, vai daí, “botaram o nome Touros”. Tão simples assim, conta-nos João Maria de Arcanjo, sentado sobre uma jangada de madeira, a apanhar banhos de sol. Pergunte-se a qualquer boca e a história vai sair ligeiramente diferente. Talvez se apontem outras pedras, até outra praia. Talvez se adense a novela com uma tempestade em alto mar. Talvez se conte tudo diferente, porque há outras versões que não metem touros desenhados nas rochas. Mas esta, com pequenas variações, é a de que todos nos falam. É domingo de manhã e a vila parece encaminhar a vida em sentidos opostos. De um lado, o silêncio solene a ouvir a missa, onde quase não há lugares vazios. Do outro, a praia ampla a borbulhar de movimento. Chegam os pescadores nas jangadas com caixas de gelo “para abastecer e sair amanhã”, às 5h, mal o sol levanta, na apanha da lagosta e peixe variado. “Camarão é de rede, ali depois da baía”, apontam antes de partirem. São os miúdos que jogam diferentes partidas de futebol pelo areal. Os dois dálmatas que se passeiam de coleira cor-de-rosa. Os buggies que passam, as motas que chegam. As selfies à beira-mar. Mais o carro do espetinho e o dos picolés, omnipresentes, para lá e para cá. E os mergulhos, porque o vento não pára, mas a água é morna de morna. Não é uma praia apinhada, antes familiar, cheia de garotada e gente local. Aos primeiros dias de Setembro, ainda estamos longe da época alta por estas paragens. E é certo que a chuva há-de alegrar algumas noites e o vento ainda se põe ríspido, a rasgar a pele de areia, à excepção de uma ou outra praia mais abrigada, como esta. Mas não mentimos se dissermos que foi o areal com mais gente onde estivemos, desde que aterrámos de madrugada em Natal e até lá voltarmos, no último dia. Subindo a costa de Rio Grande do Norte, não tarda os prédios da capital desaparecem para dar lugar a longas planícies, campos de coqueiros, dezenas de hélices de parques eólicos, vilas adormecidas e praias infinitas quase sem ninguém. São cinco horas da manhã quando o despertador toca, já os contornos do quarto se adivinham através das cortinas. Na noite anterior teimámos que haveríamos de ver o sol nascer na água pelo menos uma vez durante a nossa estadia e, por isso, aqui estamos, 15 minutos volvidos, sentados frente ao Atlântico. Uma pincelada de nuvens opacas junto ao horizonte atrasa os dourados mais uns minutos mas eles hão-de suceder-se em fotografias e vídeos. Nossas e do único casal que assiste ao bailado do novo dia ao nosso lado, hóspedes do mesmo resort, o único por estas bandas. Com 113 mil metros quadrados, 514 quartos e meio quilómetro de frente de mar, o Vila Galé Touros é o maior empreendimento turístico erguido de raiz pelo grupo português e o maior resort de todo o estado brasileiro. O oitavo Vila Galé no país há-de ser inaugurado com toda a pompa durante a nossa estadia. E teremos sempre a sensação que, à excepção das gentes locais, é aqui que estão hospedados os poucos turistas com quem nos cruzamos neste fora de época. João Maria de Arcanjo está esperançoso. Touros é terra pobre. Vive-se da pesca, do que se planta no quintal, do gado magro que sobe as dunas à procura de pasto, das cabras que se deixam ficar à beira da estrada, das galinhas que correm soltas enquanto os proprietários matam o fim de tarde na esplanada gradeada à porta de casa. Vive-se da plantação de cocos, de banana, de abacaxi, de caju. “A educação é péssima e hospital não tem. ” Numa das fachadas da vila, anuncia-se Roberto Ribeiro, advogado no primeiro andar, dentista no rés-do-chão. A companheira está desempregada e João Maria, 57 anos, tem de descer até Natal para trabalhar nos barcos de pesca. Sempre é “melhor para ganhar um trocado” do que aqui: as embarcações são maiores e o salário também. Mas talvez a filha conheça agora um destino diferente. “Foi fazer um trabalho extra no Vila Galé. ” Aos 30 anos, nunca teve um emprego fixo e este, para já, só se mantém enquanto a pompa dura e todos os braços são necessários. Mas, quem sabe, “podem gostar do trabalho dela e ficar”, diz, entre a esperança e o cepticismo de quem já viu muita promessa de progresso sem que abrandem os números do desemprego. “Quero que dê ‘chance’, não só a ela, mas a todas as que estão lá. ”Do resort à vila de Touros são cerca de cinco quilómetros. Entre um e outro fica ainda Carnaubinha, povoação que dá nome à praia em frente ao Vila Galé. Augusto é de lá. Vem a trote numa égua novinha que ainda não tem nome, mas já está grávida de um mês, conta. “Vim treiná-la, porque vamos ter um show este fim-de-semana. ” Na aldeia, organizam passeios a cavalo pela praia para quem quiser, garante. “É só pedir que a gente vem e faz. ” Têm “muitos [cavalos] lá para passeios. ” Esta é que ainda é demasiado assustadiça. “É muito meiguinha, qualquer um monta nela, até criança sem sela. Mas ainda se assusta com carro e com mota. ” E são muitos os buggies, motos 4 e duas rodas que passam a alta velocidade pela areia a qualquer hora do dia: é caminho mais rápido entre aldeias e barcos que o outro, de alcatrão, buracos e terra batida. O município de Touros, contam-nos enquanto atravessamos a vila, fica na “esquina do Brasil”. Bem onde “o vento faz curva”. Terá sido aqui que “nasceu o Brasil”, lê-se em rotundas e fachadas, contrariando a tese oficial. Segundo alguns teóricos e historiadores, terão sido estes os primeiros areais pisados pelos navegadores portugueses, que aqui deixaram um marco colonial, o mais antigo encontrado no Brasil, datado de 1501. Há uma réplica no centro da vila, mas o original encontra-se exposto no Forte dos Reis Magos, em Natal. Qual das versões é a correcta, fique o debate. Certo é que, até 2017, o farol que agora temos à nossa frente era o maior da América Latina, suplantado por um novo edifício erguido em Fortaleza. Aos domingos, é possível visitar o farol de Touros (também apelidado de Calcanhar por se situar no canto da bota que o mapa do Brasil desenha) e subir lá acima para vistas panorâmicas, ligeiramente abaixo dos seus 62 metros de altura. É também aqui que fica o “marco zero da BR-101”, lê-se numa placa junto à entrada, ainda que o quilómetro zero da estrada que desce o país junto à costa, quase 5000km desde Rio Grande do Norte a Rio Grande do Sul, só comece a contar-se uns bons metros mais à frente, quando a terra vermelha cede ao alcatrão e se avista o monumento criado por Oscar Niemeyer para assinalar o ponto de partida. Haveremos de voltar a percorrê-la em direcção a Natal, mas por agora seguimos para Norte, rumo a São Miguel do Gostoso. As praias vão-se sucedendo sem que demos por umas terminarem e outras começarem. Os areais parecem infinitos, separa-os a população, orientando-se pelas povoações mais próximas ou por pequenos apontamentos na geografia. Carnaubinha, Touros, Calcanhar, Cajueiro, Ponta do Santo Cristo, Praia de Maceió, Xêpa, Tourinhos, mais outras tantas, praticamente vazias à excepção de alguns miúdos a jogar à bola, pescadores e praticantes de kite e windsurf. São Miguel do Gostoso é uma vila “mais desenvolvida”, conta o guia. Muita gente de Touros vem para cá trabalhar. Tem cerca de uma centena de pequenas pousadas e uns 40 restaurantes, a maioria na rua principal, onde as esplanadas se sucedem com raros intervalos, todas vazias. Breve paragem e continuamos, apressados, para a praia de Tourinhos, oito quilómetros mais a norte, onde vamos de propósito para assistir ao pôr do sol. A praia forma uma baía em meia-lua perfeita e termina, adivinhe-se, numa língua de falésias negras — voltou o povo a ver touros na muralha de rochedos, agora mais pequenos. Diz Naldo que “todo o mundo que vem a São Miguel visita esta praia”. E muitos acabam por ficar ali pela esplanada. Luiz pescador, o letreiro não engana, tem aqui a barraca há “uns nove anos”. Muitas vezes, é ele mesmo que vai ao mar de manhã cedo e depois grelha o que vem na rede e na ementa. Há quatro anos que Naldo e a mulher decidiram partilhar com o senhor Luiz a clientela. Fica ali ao lado o carro ambulante do “espetinho”, embora sejam os pastéis a fazer maior sucesso. “Ela faz os recheios de manhã e depois fritamos aqui na hora. ” Não chegamos a experimentar, mas devem ser bons: um casal acabou de prová-los e já pediu uma segunda dose. Naldo parece ter mais do que 31 anos, de rosto bronzeado e voz muito calma e suave. Tinha dez quando foi ter com os pais a Natal. “Aqui não tinha muita oportunidade, era só agricultura e pescaria. ” Aos 12 começou a trabalhar, primeiro na fruta, depois numa tabacaria e a seguir “de comercial”. Mas São Miguel do Gostoso estava “a desenvolver”. E ele a ficar “farto de cidades grandes”. “Aí pensei em voltar: tenho de conseguir virar-me na minha cidade”, recorda Naldo, enquanto o sol vai imprimindo laranjas e rosas quentes onde quer que toque. O salário não é muito, mas “dá para viver”. E, bem pesada a balança, “o sossego daqui é muito bom”. É quanto baste para não pensar em voltar. Olhamos de novo o horizonte e já no círculo lhe falta um pedaço, desliza inclemente, sem esperar por ninguém, atrás de um enxame de eólicas. O silêncio na praia é quase absoluto. Até que ao último suspiro do astro o areal rompe num aplauso. É um espectáculo a que se assiste no anfiteatro desenhado pelo Atlântico. Não tarda, a luz tépida põe-se num breu, ainda não são 18h. E no areal, sem electricidade, tudo cessa. “Vai ter banho gratuito no percurso”, bem tinha avisado Alécia. Telemóveis bem fechados nas capas protectoras de plástico transparente. Deixe-se em terra a roupa e a toalha de praia, só fato de banho no corpo. A praia de Perobas fica a cerca de quatro quilómetros de distância do Vila Galé (10km de Touros e 75km de Natal). Mais do que um areal para estender a toalha, é poiso tradicional de pescarias e de passeios turísticos aos recifes, que nesta região são apelidados de parrachos. Os mais conhecidos ficam em Maracajaú (a meio caminho entre Touros e Natal), mas é em Perobas que vamos fazer snorkeling entre dezenas de peixes minúsculos e rochas rendilhadas. A área, dizem-nos, é mais pequena e menos impressionante, mas também menos apinhada de turistas. A partir da areia nada se vê da zona de mergulho além do pequeno farol, lá muito ao fundo. São precisos 20 minutos de lancha a cavalgar as ondas para que lá se chegue e as águas voltem a ficar mansas, quebradas pelos tufos de rochedos negros que ali formam piscinas naturais azuis-turquesa. Duas lanchas de turistas não tardam a ir embora e por largos momentos ficamos sós. Nós, os parrachos, os peixes que um dos guias vai atraindo às dezenas com ração escondida entre os dedos. E a maré, que já está mais alta do que o ideal e vai devolvendo a ondulação à sopa, enturvando a visibilidade debaixo de água e tornando cada vez mais difícil a operação de nadar, respirar e atentar na fauna submersa. Cerca de uma hora depois é tempo de regressar. E, confessamos, nem o aviso de Alécia nos preparou para isto. Para cá, o ricochete das ondas no casco criava um chuveiro divertido, mais dado a piadas entre o grupo do que outra coisa. Desvalorizámos o aviso, demos graças à teimosia que nos fez trazer a toalha de praia para nos enrolarmos depois do mergulho. Está claro que a soberba se paga cara. A maré vai alta. Altas vão as ondas. E nós num sobe-e-desce pelas paredes de água. Avalanches líquidas que nos caem em cima, implacáveis, intermináveis. Sentimo-nos num bacalhoeiro em alto mar em dia de tempestade — só que o céu está límpido e a costa cada vez mais próxima. Já desistimos de tentar salvar da água qualquer tecido que seja, protegemo-nos e rimo-nos a bandeiras despregadas. Foi uma tareia de meter dó. Mas já estamos de pés na areia e, num dos pequenos restaurantes à beira-mar, Valéria surge com uma geleira de doces. Parece que estava à nossa espera. Depois de alguns anos a viver em Itália e Espanha, Valéria voltou há oito anos para o Brasil e ganha o sustento da família a vender doces caseiros pelas praias: aqui cocada com leite condensado, ali uma bomba de chocolate. “É o doce chique da Val”, diz, entre gargalhadas. E era mesmo isto que precisávamos. “Então, feliz Natal para vocês”, atira Genilson ao volante. Mais vale arrumar já o gracejo óbvio, não sem uma última alfinetada: “atenção, os habitantes são natalenses, não papás Noel”. O contraste com a paisagem dos últimos dias é absoluto. O silêncio pára bruscamente, como se amplificasse tudo o que agora atravessa a janela da carrinha. Desligaram o mute, de repente, e não demos por isso. A cidade parece um colosso de dentes afiados contra o céu, a ponte uma montanha sobre o rio Potengi — ergue-se 55 metros acima das águas na zona central, precisa o guia Genilson, Gel, “como o de pôr no cabelo que já não tenho”. Recebe-nos um trânsito caótico que, à entrada na cidade, é mesmo um pára-arranca pela avenida que se ia alargar a três faixas para o Campeonato Mundial de Futebol e que, quatro anos depois, ainda está por concluir. Do porto, saem cargueiros com tetris de contentores. Natal é a segunda maior exportadora de camarão, depois de Fortaleza. Mas daqui também saem toneladas de frutas para a Europa, sal, açúcar, peixe. Continua a ser um dos principais motores económicos da cidade, a par do “turismo e do pescado”, vai contando Gel enquanto atravessamos a zona mais antiga de Natal, da Ribeira à Cidade Alta. Fundada no final do século XVI neste morro sobre o rio, são os bairros que conservam os edifícios mais antigos, alguns de arquitectura colonial portuguesa, engolidos pela confusão de trânsito e de painéis informativos de todas as cores sobre os prédios mais recentes. Paramos na Praça André Albuquerque para espreitar a Igreja Matriz e esticar as pernas pelas ruas. Não muito longe ficam os edifícios que dividiam os três poderes na cidade: o tribunal, a assembleia municipal e a prefeitura. Mas os sons de uma manifestação atraem-nos na direcção oposta. Dezenas de agentes de saúde vestidos com t-shirts azuis exigem o “correctivo salarial que o prefeito prometeu e não cumpriu”. Seguimos viagem ao som do “carro do ovo” — “30 ovos da granja por 10 reais”, grita o altifalante sobre o tejadilho do carro minúsculo, caixas empilhadas no banco de trás. Próxima paragem: praia da Ponta Negra, do outro lado da cidade. Atravessamos o quadriculado de lojas da Cidade Alta. Ali ao fundo, ficam as mais caras, no bairro de Petrópolis, aponta Gel. E aqui, no centro comercial Midway Mall, os maridos e namorados vão sempre descobrir uma tradução mais acertada para português do Brasil. “Me dei mal”, ri-se Gel. Os arranha-céus vão-se sucedendo, enquanto à nossa esquerda já se vê o Parque das Dunas, o “segundo maior parque urbano do país”. “Se não tivesse a vegetação, soterrava Natal uns três metros de altura. ” É possível percorrer o parque por uma das três trilhas, apenas com um guia ou biólogo. E, quem sabe, encontrar o lagarto-de-folhiço, um dos mais pequenos répteis do mundo. “Aqui é a formiga que come o lagarto. ”Cá de cima, já se vê a praia e o Morro do Careca lá ao fundo, na curva da baía. Parece que um gigante passou com um pente-zero pela nuca da colina, deixando uma estrada de areia entre a vegetação. Antes passavam por ali todos os motores, subia-se lá cima para vistas panorâmicas sobre a cidade, desciam os miúdos “à milanesa”. Mas a nuca despida foi ficando côncava, cada vez com menos areia. E desde 1984 que é proibido subir. O Morro do Careca, no entanto, mantém-se um dos postais turísticos da cidade e os veraneantes acotovelam-se para tirar fotografias lá em baixo. Outrora, a mata atlântica que cobre o Parque das Dunas chegava até aqui, alongando-se pela costa. Mas a cidade foi-se intrometendo, com fome de praia. Hoje, concentram-se no bairro de Ponta Negra cerca de “80% dos hotéis e pousadas de Natal”. É a praia “mais turística”, vai avisando Gel. Confessa que prefere a tranquilidade da praia do Forte, junto ao Forte dos Reis Magos, na ponta oposta da orla da cidade. “Não tem tanto vendedor, os preços são mais baixos, tem mais areia e as rochas criam uma piscina natural na maré baixa”, enumera quando passamos por ela mais tarde. Fica a sugestão. Agora é na Ponta Negra que estamos e é este o único areal à distância de uma curta caminhada a partir da maioria dos hotéis. Por isso, é a mais turística, dizia Gel. E, por isso, é um corre-corre de vendedores. Não, obrigado. Não, obrigado. Não, obrigado. É quase preciso recuperar o fôlego entre as solicitações. Passa o carro do espetinho, e do crepe, e da água de coco, e do picolé, e dos cocktails, e do milho verde. O vendedor de roupa de praia e o dos acessórios. Mais a catadupa de “barracas”: esplanadas de plástico e chapéus-de-sol sobre a areia, cada uma com o seu serviço de petiscos. Vai uma carne de sol, um camarão ou peixe frito? Dez reais pelo lugar. “Se tomar algo não paga. ”“Com ou sem emoção?” Desde que saímos de Portugal que as conversas antecipam o momento em que as dunas se transformarão numa montanha-russa, diariamente moldada pelo vento. Contam os experimentados que seguem connosco em viagem que, à resposta, há-de seguir-se uma sucessão de volteios de suster a respiração, como se na areia a gravidade se regesse por outras regras. “Vão a Natal? Já sabem: Com emoção!” É isto todos os dias, desde que partimos de Lisboa. Por isso, quando chega o momento de entrarmos no buggy e Titio não formula a pergunta estampada em todos os souvenirs, é como se nos tivessem roubado o início de um filme. (A sério que ficámos desapontados por não ouvir um cliché?) Talvez Titio se tenha esquecido. Talvez se tenha cansado há muito de perguntar. A verdade é que não chegamos a saber. A verdade é que a pergunta não importa mais do que aqueles segundos, porque a resposta nunca trará surpresas. E emoção é coisa que não nos vai faltar. Titio, Fernando só para o bilhete de identidade, leva uma vida ao volante. Foi condutor de camião, de autocarro, de táxi. Foi “jipeiro” nos tempos livres, só por maluqueira. “Aí eu vim fazer o buggy e fiquei sempre. ” Já lá vão 33 anos. Ri-se: “A empresa já teve três donos e eu continuo aqui. ” Aos 70 anos, volante e pedais são extensões do corpo, expansões da vida útil. “Ia ficar em casa fazendo o quê?” Se a idade conta, é só para somar anos e anos de experiência. Um jornalista à frente, três atrás. Já a pele desenha ondas no rosto à medida que Titio acelera estrada fora. “Vocês vão ficar jeito Bob Marley”, tinha avisado Genilson. Da praia ao Parque Turístico Ecológico das Dunas de Genipabu são quinze minutos. A estrada foi um preâmbulo. Chegamos à emoção. É então que subimos à crista de cada duna só para Titio deixar o buggy cair desamparado pela parede de grãos dourados. Ora de lado, ora de cabeça. Uma e outra vez. Foi para isto que viemos. Ali em baixo, o que agora é apenas uma mancha mais escura de areia chegou a ser um lago. “Depois não choveu quatro anos seguidos, secou e nunca mais. ” Já lá vão 15 anos. Estamos nas dunas móveis, matizes de cremes em deserto de novelas, que o vento se põe a esculpir como lhe dá. Sobem, descem, avançam, recuam. O caminho não cristaliza um dia que seja. Têm de ser as bandeirinhas a guiar até quem leva mais anos disto que nós de vida. E hoje, conta Titio, “tem que se dar muita voltinha”. “Há muito buraco por causa do vento. Está mudando muito. ” Mais uma descida pelo pano branco e nova lagoa, esta ainda com água. Quando chove, conta Titio, até dá para tomar banho ali. Mas, desta vez, as nuvens negras que cobrem os prédios de Natal, lá ao fundo, não vão chegar cá, assegura. Bem pode cair o céu sobre a capital de Rio Grande do Norte que “o vento leva”. Aqui, só banho de areia. E esse não falha um centímetro de corpo. No posto das fotografias, logo a seguir à descida mais emocionante, quem tenta vender as recordações recebe-nos de t-shirt enrolada em volta do rosto. Só os olhos se deixam ver. No computador portátil encolhido num cubículo de madeira vão passando as nossas caras em cada momento da queda — em média, há 30 fotos para levar num CD por 40 reais. Não queremos comprar, mas continuamos por ali, porque Titio foi fazer piruetas no minideserto para os fotojornalistas. Até que, numa curva, algo se quebra e o buggy não anda mais. Era com emoção, não era? Titio não está preocupado. Não há volta a dar: o lugar é inóspito e a areia entra em todo o lado. Um esforço a mais e algo estala. “Está sempre a acontecer. ” Com ou sem avaria, para Titio a conclusão vai ser a mesma, mesmo que a filha o pressione para a reforma. “Isso não é trabalho, não. É diversão!” Por isso, ali fica, de sorriso no rosto e mãos ao trabalho, enquanto o reboque não chega. Nós, turistas sortudos, continuamos caminho no buggy que entretanto chegou. Ao volante segue agora Leo, natural de Genipabu — ou Jenipabu, dependendo do horizonte ortográfico para o qual se olhe. “Com j vem de jenipapeiro, uma planta que era utilizada pelas tribos indígenas. Mas depois vieram os portugueses e disseram que o certo era com a letra g”, explicava, momentos anos, o guia Gel. “As duas estão correctas. Você pode ver um autocarro com j e, a seguir, passar um com g. ” Para o caso, pouco importa a grafia. Leo é daqui mesmo, mão de casas numa luta entre o mar e o deserto. Filho de pescador e pescador ele mesmo durante uns tempos, pelo menos até o peixe se deixar ficar cada vez mais longe da costa. “Já era preciso ficar 15 dias no mar alto. ” Não dava dinheiro que pagasse tanta distância. Por isso, diz, cá “o pescador não soube fazer filho pescador”. Dos quatro irmãos, nenhum seguiu. Leo andou muitos anos pela construção civil. Tirou a licença de buggy em 2004. Antes o povo sobrevivia do que vinha na rede. “Agora há o turismo”, compara. O exemplo da mudança tem-no em casa: ele faz passeios pelas dunas, a mulher tem uma loja de souvenirs junto à praia. Leo vai-nos contando tudo isto entre nova sucessão de quedas a pique, agora na zona de dunas fixas pela vegetação. “Já andou cá atrás?”, pergunta às tantas alguém ao recuperar o fôlego. Leo ri-se como quem acaba de ser desmascarado: “Nem quero. É muita loucura!” Entretanto, há nova paragem para passeios e fotografias com uma família de dromedários. Foram trazidos por um empresário suíço há “16 ou 17 anos” e os mais novos nasceram já em Genipabu. Lá em baixo, vislumbra-se de novo a praia, onde as dunas quebram mas não cedem. Ficava ali o porto, com cerca de 30 edifícios, agora soterrados pela areia. “Quando a maré é grande, as ondas cavam a duna e consegue-se ver as fachadas. ” Soberano, o deserto alimenta-se das casas, faz-se grande, sem oposição. Por ali se mede a linha de vida de uma aldeia: uma casa, metade areia, metade tijolo. Todos os anos, a duna avança um metro para dentro de Jenipabu, conta Leo. Um cronómetro feito de areia. Uma ampulheta literal. Da esplanada do restaurante, no entanto, não se vê a duna chegar. Só praia mansa, marisco sobre a mesa e a música da banda de miúdos que desfila lá fora, em treinos para a festa do fim-de-semana. Depois do alvoroço da cidade e do buggy, o relógio volta ao ritmo dilatado dos últimos dias. E que bem que sabe. A Fugas viajou a convite do Vila Galé TourosSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A TAP realiza vários voos directos por semana entre Lisboa e Natal (a frequência depende da época). Em Dezembro, por exemplo, encontrámos tarifas a partir de 791, 99€. O Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves fica a cerca de 25km do centro de Natal e a 90km de Touros. Para viajar para o Brasil é necessário ter o passaporte com validade igual ou superior a seis meses a contar da data de entrada no país, mas não é preciso visto para estadias até 90 dias. A moeda nacional é o real. Um euro vale aproximadamente 4, 56 reais, de acordo com as taxas de câmbio. Fazenda das Garças – Gameleira – Touros GPS: N 5º 13’ 40. 184’’ - W 35º 24’ 57. 599’’ Tel. : (+55) 84 3263 3400 E-mail: [email protected]; [email protected] Inaugurado a 1 de Setembro, o Vila Galé Touros é um resort com “tudo incluído”, composto por 512 quartos e suítes e dois bungalows, duas piscinas (a principal inclui um bar “molhado”), sete restaurantes, uma zona para crianças, um spa (onde o acesso é pago), campos desportivos, um centro de convenções, um centro náutico, lojas e um pequeno trilho privado sobre as dunas. É o maior empreendimento turístico do grupo português, resultado do investimento de 150 milhões de reais (31 milhões de euros). De acordo com Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo, o objectivo é “continuar a crescer e consolidar” a posição do Vila Galé como “principal rede de resorts do Brasil”. Este é o oitavo empreendimento no país, mas há mais projectos na calha, confirmou o empresário. Entre eles, estão o Vila Galé Costa do Cacau, no município de Una, a ampliação do Vila Galé Marés, na Bahia (vai ter mais 72 quartos), e a transformação do actual Vila Galé Sun Residences Cumbuco, no Ceará, num bed&breakfast para famílias.
REFERÊNCIAS:
No You and the Sea, o mar não está apenas do lado de fora da janela
Na Ericeira abriu um espaço único, de um “luxo despretensioso”, que quer levar à vila piscatória, famosa pelo surf, um turista mais requintado. (...)

No You and the Sea, o mar não está apenas do lado de fora da janela
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na Ericeira abriu um espaço único, de um “luxo despretensioso”, que quer levar à vila piscatória, famosa pelo surf, um turista mais requintado.
TEXTO: O mar está por todo o lado, no corredor que vai da sala do restaurante ao ginásio e à sala de brincar das crianças com polvos que nadam nas paredes; nos números das portas dos apartamentos, pintados como se de mercadoria de um barco se tratasse; nos quadros pendurados nos quartos e nos apontamentos decorativos nas salas; nas toalhas de praia que pousam nas cadeiras ao fundo das camas – “Sea you later alligator”, numa brincadeira entre o verbo “see”, ver, e o nome “sea”, mar; na parede exterior onde Bordalo II construiu um caranguejo com coisas velhas, mas coloridas, e, claro, do lado de fora das janelas, onde o azul do oceano parece não ter fim. No que diz respeito à hotelaria, os apartamentos You and the Sea foram a grande novidade deste Verão na Ericeira. A vila piscatória, que é também conhecida por ser a única Reserva Mundial de Surf da Europa, começa já a ter muita oferta para dormir, dos hostels procurados pelos mais novos que querem aprender a modalidade, às guests houses e alojamento local mais do agrado das famílias. Ainda existem algumas pensões e residenciais que têm resistido à passagem do tempo e o carismático Hotel Turismo da Ericeira, anunciado como o mais antigo do país, mesmo por cima da Praia do Sul. Portanto, em termos de unidades hoteleiras havia uma falta a colmatar, acredita Margarida Almeida, CEO da Amazing Evolution, que explora o You and the Sea, também por cima da Praia do Sul, mas do lado oposto ao hotel. Margarida Almeida não olha para a oferta já existente como concorrência – “Se existe, é porque há mercado”, diz –, mas salvaguarda que quem escolhe o You and the Sea é porque “valoriza uma estadia numa unidade como esta”. Tendo aberto as suas portas no início de Julho e com inauguração oficial marcada para 10 de Outubro, “foi com grande entusiasmo que verificámos que está a acontecer o que previmos, que já há hospedes a fazer reservas para 2019”, confessa a administradora. “São, provavelmente, pessoas que já vinham em anos anteriores e que vão continuar a vir, mas para aqui. ”O espaço – que pertence à empresa Villa de Santana, tal como o hotel 1908, em Lisboa, é gerido pela Amazing Evolution – tem 35 apartamentos, nestes há 94 quartos e 174 camas, em várias tipologias, do T0 ao T5, apartamentos grandes e espaçosos, alguns em duplex, e com uma característica comum: todos têm vista para a imensidão do oceano, seja de frente ou de lado, ninguém perderá o pôr-do-sol tão característico da Ericeira. Apesar de ter aberto há pouco mais de dois meses, já é possível perceber quem é que escolhe esta unidade hoteleira: pessoas que gostam de estar em contacto com a natureza e com o mar. Tal como se vê em tantas janelas e varandas espalhadas pela Ericeira, também ali se observam os fatos de surf pendurados, a secar. São jovens famílias, cujos pais já ensinam aos filhos como equilibrar-se numa prancha, assim como são grupos de amigos, informa Margarida Almeida. Metade são portugueses e a outra metade são estrangeiros, do Norte da Europa e do Brasil, que ficam entre quatro a dez dias. “É o target que definimos”, congratula-se. E a Fugas confirma, à hora do pequeno-almoço, lá está, numa das mesas, a família alemã com crianças de colo e avós ainda jovens; e noutra, embora se pareça em tudo com os nórdicos, o casal louro fala com o seu bebé em português do Brasil. You and the Sea Telf: 261243370 E-mail SitePreço época baixa: desde 125€ em estúdio a em 355€ T5 (valores sem pequeno-almoço) Preço época alta (Julho, Agosto, Setembro e datas especiais): desde 235€ em estúdio a 475€ em T5 (valores sem pequeno-almoço) Estadia mínima: na época alta estadia mínima de 3 noitesPreço médio/pessoa A Jangada: 20€O pequeno-almoço é tomado no restaurante A Jangada, que está aberto o dia todo, das 7h30 às 22h30 – o ideal para quem de férias perde a noção do tempo ou tem mesmo de aproveitar aquelas ondas e chega para almoçar às quatro da tarde. A ementa é diversa e está inserida na filosofia do hotel – a preocupação com a sustentabilidade. Procura-se que os produtos usados sejam os da região e da época. “Há um cuidado de aproximação à natureza”, resume Margarida Almeida, referindo que este espaço é o “filho mais novo de O Infame”, o restaurante que ocupa parte do rés-do-chão do 1908, em Lisboa, cujo chefe executivo é Nuno Bandeira de Lima, que estendeu à Ericeira o seu conhecimento, numa colaboração com André Rebelo, o chefe residente. A ementa é diversa, das saladas aos hambúrgueres, passando pelos pokes, pizzas (o forno a lenha está a crepitar de dia e de noite), massas, e também pela cozinha portuguesa com pratos de peixe e carne, com nomes divertidos e relacionados com o mar – como o Picamarisco (um trio de mariscos do dia, neste caso foi mexilhão, berbigão e ameijoa à Bulhão Pato com pão torrado, 12 euros), Seaviche (um ceviche feito com o peixe do dia, que se vai buscar à lota, 9 euros), a Sand Witch (uma sanduíche de camarão feita em pão de caco, com caril verde, maionese de lima e gengibre, e pickle de funcho, 9, 50 euros), o Sea Polpo espetada de polvo, cebola roxa e pimentos padrón com salteado de pancetta, batata, ervilha torta, tomate e funcho, 16 euros), ou o Secrets from the Sea (secretos de porco, arroz negro de berbigão e pipoca de porco, 16 euros). Os vegetarianos não foram esquecidos e os gulosos também não. Tal como os restantes pratos, também as sobremesas foram baptizadas com nomes originais – o Drop In (brownie de chocolate e amendoim, caramelo e gelado de chocolate, 5 euros) ou o Ice Ice Baby (gelados de chocolate, nata, morango e o sabor do dia, 3 euros, a pensar nos mais pequenos). Também há Pavlova (5 euros), muito, muito fresca e leve com fruta da época, que também entra no Sundae (5 euros). Com um ambiente descontraído onde dominam as madeiras, lembrando muito a decoração nórdica, A Jangada tem ainda uma lareira com vista, num primeiro plano, para a piscina, e, logo a seguir, para o mar. Com 80 lugares sentados, distribuídos por mesas altas e baixas, os pratos são facilmente partilháveis entre pais e filhos, tios e sobrinhos ou entre amigos. Além do espaço interior, existe ainda um varandim óptimo para aproveitar ao final da tarde, para beber um chá frio ou um cocktail e esperar pelo pôr-do-sol. Às sextas-feiras e aos sábados o restaurante fecha às 23h30 e, como está aberto ao público, já há “gente da região que é cliente regular”, congratula-se a responsável. A preocupação com o ambiente é evidente não só em questões óbvias como a mudança das toalhas ser só quando estas são deixadas no chão, nas palhinhas das bebidas e nas canetas de cartão, ou na separação dos lixos – nas cozinhas dos apartamentos há sacos de diferentes cores para a reciclagem; mas também na decoração, na qual foram usados muitos materiais recuperados das obras, como madeiras e ferros, que se transformaram em cabeceiras das camas ou em quadros, por exemplo. Existem outras pequenas peças de arte e o caranguejo de Bordallo II, que também colaborou no 1908, feito apenas com lixo que veio dar à costa. “Queremos fazer parte da onda mundial da sustentabilidade e do cuidado com a natureza”, justifica a administradora da Amazing Evolution. Os apartamentos são grandes, espaçosos e completos. No T3 onde o Fugas ficou existiam três casas-de-banho, apenas uma, a social, não tinha chuveiro. A cozinha está totalmente equipada e sempre que faltar o detergente para as máquinas da roupa ou da louça é só pedir na recepção. O hotel fica junto à Estrada Nacional 247, onde passa trânsito com alguma constância, uma vez que se trata da estrada que liga a Ericeira a Sintra ou a Cascais. Embora existam passadeiras de peões, foi já aprovada a construção de uma passagem aérea para peões, que será mais segura para os hóspedes (e não só). “Este é um projecto ligado à natureza e à imensidão de espaço azul que é o oceano e é isso que queremos trazer de fora para dentro”, continua Margarida Almeida, dando o exemplo dos apontamentos decorativos, mas também das actividades propostas aos clientes. Além de um spa (aberto das 9h às 19h) para o qual foram escolhidos os produtos Voya, conhecidos por serem orgânicos, existe ainda banho turco e sauna, um ginásio (disponível das 6h às 22h) e um espaço para as crianças com brinquedos, televisão e playstation (das 9h às 22h). Quem não estiver hospedado, pode usar a piscina, o spa e o ginásio por 25 euros diários. Centrado no bem-estar dos hóspedes há pequenos mimos que fazem a diferença como uma cesta que pode levar para a praia (e comprar, caso queira uma recordação das férias), toalhas para usar na piscina ou na praia – além da “Sea you later alligator”, pode escolher a que diz “I can sea clearly now”, mais uma vez uma referência ao oceano – e a oportunidade de usar um toldo na Praia do Sul, que o hotel alugou a um dos concessionários, durante a época balnear. Existe a possibilidade de fazer aulas de surf e de ioga ou de alugar uma bicicleta (10 euros/dia) e há ainda outras actividades como saídas ao mar para pescar, que “aproximam o hóspede da vila”, avalia Margarida Almeida, acrescentando que há outros programas mais culturais como a visita ao Palácio e Convento de Mafra, à Tapada ou a olarias da região. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Com o final do Verão, o You and the Sea está já a pensar em programas de dois a três dias que incluam spa ou aulas de ioga, por exemplo. “As perspectivas são boas”, sorri a CEO, lembrando que a Ericeira também é conhecida pela passagem do ano. Mas, antes disso, a vila vai receber, de 24 a 30 de Setembro, uma etapa do circuito de qualificação do World Surf League e o hotel é parceiro, pelo que irá receber alguns dos nomes mais fortes da modalidade. “Quisemos criar um ambiente em que as pessoas se sentissem bem acolhidas e trabalhamos para cimentar essa cultura”, conclui Margarida Almeida. O Fugas dormiu no You and the Sea e jantou n’A Jangada a convite do hotel
REFERÊNCIAS: