China vai ultrapassar Estados Unidos em produção científica antes de 2020
A China poderá ser o maior produtor de artigos científicos já em 2013, ultrapassando os Estados Unidos, diz um relatório da Royal Society de Londres que analisou o estado da colaboração científica mundial. (...)

China vai ultrapassar Estados Unidos em produção científica antes de 2020
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A China poderá ser o maior produtor de artigos científicos já em 2013, ultrapassando os Estados Unidos, diz um relatório da Royal Society de Londres que analisou o estado da colaboração científica mundial.
TEXTO: “O mundo científico está a mudar e novos jogadores estão a surgir rapidamente”, disse em comunicado Chris Llewellyn Smith, antigo director do CERN e o presidente do grupo consultivo do estudo, intitulado “Conhecimento, redes e nações. A Colaboração Científica Global no século XXI”. Segundo o relatório, a produção científica continua a florescer. Entre 2002 e 2007, o dinheiro gasto em investigação passou de 561 para 813 mil milhões de euros, ao mesmo tempo que o número de investigadores subiu de 5, 7 para 7, 1 milhões. Países como a Índia, o Brasil, o Irão, a Turquia ou mesmo a Tunísia estão a apostar cada vez mais na ciência e há uma colaboração internacional maior. “Além da emergência da China, vemos um crescimento no Sudeste asiático, no Médio Oriente, no Norte de África e noutras nações. O aumento de colaboração e investigação científica é muito bem-vindo. No entanto, nenhuma nação que foi historicamente dominante pode dar-se ao luxo de se apoiar nas conquistas passadas se quer ter a vantagem competitiva a nível económico que ser-se um líder científico proporciona”, disse o inglês. A China é o segundo país que mais publica artigos científicos. Entre 1993-2003 e 2004-2008, a percentagem mundial de publicações do gigante asiático passou de 4, 4 para 10, 2 por cento, enquanto nos Estados Unidos decresceu de 26 para 21 por cento. O terceiro lugar vai para o Reino Unido que passou de 7, 1 para 6, 5 por cento. O número total de artigos publicados pelos EUA vai continuar a aumentar, mas “algures antes de 2020, espera-se que a China ultrapasse os Estados Unidos”, diz o relatório. Há projecções que apontam que esse momento será já em 2013. Mas o aumento da qualidade científica, avaliada pelo número de vezes que um artigo é citado, não está a acontecer tão rápido e a China vai demorar mais de uma década para chegar ao rácio ocidental. A percentagem de citações do país, apesar de ter subido de quase zero para quatro por cento entre os dois períodos, ainda está longe das citações dos EUA, que rondam os 30 por cento.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
PSP registou aumento de furtos de obras de arte em 2010, maioria de arte sacra
A PSP registou 33 furtos de obras de arte em 2010, mais dez do que no ano anterior, sobretudo de azulejos e arte sacra, revelou hoje um responsável daquela polícia numa conferência, em Lisboa, sobre segurança do património. (...)

PSP registou aumento de furtos de obras de arte em 2010, maioria de arte sacra
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-05-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: A PSP registou 33 furtos de obras de arte em 2010, mais dez do que no ano anterior, sobretudo de azulejos e arte sacra, revelou hoje um responsável daquela polícia numa conferência, em Lisboa, sobre segurança do património.
TEXTO: O encontro, organizado pela agência Inova - Arte, Cultura e Indústrias Criativas, reuniu, além das forças de segurança que lidam com crimes de furto, roubo e tráfico de obras de arte, outros especialistas ligados ao sector, como galeristas e leiloeiros. De acordo com o superintendente Flávio Alves, da PSP, a base de dados de furtos e tráfico de obras de arte aponta para um aumento de dez crimes entre 2009 e 2010, mas ressalvou que o primeiro trimestre deste ano parece indicar uma diminuição, com apenas seis crimes. "O problema está caracterizado e sabemos que está focado sobretudo na arte sacra", concluiu, indicando que já em 2011 os seis crimes ocorreram em cidades de norte a sul do país, com o furto de azulejos e objectos de igrejas. Segundo o oficial da PSP, o roubo e tráfico ilícito de obras de arte "é um tema actual e relevante porque pode tornar-se um mercado massificado devido à globalização e ao uso de novas tecnologias, que o facilitam". Contudo, pela avaliação da PSP, "não há indícios de crime organizado" nestes furtos. Por seu turno, João Oliveira, coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária (PJ), contrapôs que Portugal "é um país de risco devido a certas debilidades de segurança", e alertou sobretudo os proprietários privados. "Uma peça pode ser roubada à noite em Portugal e nessa mesma noite passar para Espanha", indicou, acrescentando que pode seguir depois um circuito internacional que poderá levar à Suíça, Reino Unido, mercado asiático ou Estados Unidos, "e então será muito mais difícil encontrá-la, embora possa acontecer". Nos registos da PJ, os casos de furto em Portugal têm vindo a diminuir desde 2008, com 233 ocorrências nesse ano, 200 em 2009 e 158 em 2010. O "pico" em 2008 está relacionado com um surto de furtos de esculturas e estatuária em praças públicas e jardins privados, indicou. João Oliveira disse igualmente que os furtos de azulejos também têm vindo a diminuir, mas alertou que, como medida de precaução, tantos os privados como os responsáveis de igrejas devem estar atentos porque os casos muitas vezes só chegam à PJ semanas ou meses mais tarde. Comentou ainda, sobre o tráfico de falsificações, que a pintura "é a face mais visível do problema" e pode, sobretudo a nível internacional, envolver "verbas exorbitantes, porque estes circuitos vivem em contra ciclo da atual crise económica mundial". O coordenador da PJ apontou ainda que o problema da falsificação a nível internacional é mais significativo do que se julga, e "há especialistas que dizem que mais de 40 por cento de obras expostas em galerias e museus são falsas". Na conferência, galeristas e leiloeiros apresentaram ainda várias preocupações sobre a melhor forma de conseguir certificar obras cujos documentos não são disponibilizados pelos proprietários, e as dificuldades em colocá-las à venda quando não estão oficialmente inventariadas.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP PJ
Dominique Strauss-Kahn: o francês que usou a crise para salvar o FMI
Em Paris, Dominique Strauss-Kahn foi um dos ministros mais brilhantes. Entrou para o Fundo Monetário Internacional quando este começava a definhar e aproveitou a crise para dar à instituição novo discurso e novo papel no cenário económico mundial. Em 2012, D.S.K. poderá ter outro desafio: tentar novamente ser Presidente da França. (...)

Dominique Strauss-Kahn: o francês que usou a crise para salvar o FMI
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DATA: 2011-05-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Paris, Dominique Strauss-Kahn foi um dos ministros mais brilhantes. Entrou para o Fundo Monetário Internacional quando este começava a definhar e aproveitou a crise para dar à instituição novo discurso e novo papel no cenário económico mundial. Em 2012, D.S.K. poderá ter outro desafio: tentar novamente ser Presidente da França.
TEXTO: Em Novembro de 2007, quando Dominique Strauss-Kahn assumiu a liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), a instituição sexagenária estava, como ele próprio disse, "numa encruzilhada". As intervenções de ajuda a países do Sudeste Asiático ou à Argentina foram criticadas como desastrosas, contribuindo para agravar a recessão nessas economias. Além de uma crise de legitimidade, que lhe roubou novos "clientes", o FMI abeirava-se de uma crise de financiamento, à medida que países como o Brasil e a Indonésia resolveram pagar antecipadamente todos os empréstimos à instituição. Cinco anos depois, o cenário é outro. Dominique Strauss-Kahn (conhecido em França pelo petit nom de D. S. K. ) mudou as regras do jogo, alterou o discurso rígido da instituição e abriu-a a uma realidade que, para muitos, parecia impensável: ajudar países da própria União Europeia (UE). A sua bagagem política, que o levou a fazer rupturas signifi cativas quando foi ministro da Economia e Finanças em França, deu-lhe o ímpeto para tirar o FMI do esquecimento e projectá-lo de novo na cena económica mundial. Com um empurrão, claro está, da própria crise. Nascido a 25 de Abril de 1949 na cidade francesa de Neuilly-sur-Seine, Dominique Strauss-Kahn tem raízes judaicas. O seu pai, conselheiro jurídico, e a mãe, de origem tunisina, levaramno para Marrocos com apenas seis anos e foi em Agadir que Strauss-Kahn viveu os primeiros anos da sua vida, até ao terramoto de 1960, que destruiu a cidade. A família decidiu então ir para o Mónaco e depois para Paris, onde Strauss-Kahn fez estudos em Economia, Direito, Administração de Empresas, Política e até Estatística. Pai de quatro crianças, Strauss-Kahn soma já dois divórcios e é actualmente casado com a jornalista de televisão Anne Sinclair. Eterno apaixonado pela música clássica e pela arte, o director-geral do FMI aproveita o pouco tempo livre que tem para jogar xadrez ou partir para uma montanha e fazer esqui. Além de advogado e professor de Economia, Strauss-Kahn enveredou desde cedo pela política, alinhando com o Partido Socialista Francês, onde ganhou nome e estatuto. Aos 61 anos, conta no currículo com cargos como o de ministro da Indústria e Comércio (entre 1991 e 1993) e ministro da Economia e Finanças (entre 1997 e 1999). Nestes últimos anos, em que os destinos da França eram presididos por Lionel Jospin, Strauss-Kahn ganhou o rótulo de liberal ao empreender a privatização de grandes empresas como a France Telecom, a Air France e o Credit Lyonnais. Paralelamente, pôs em ordem as finanças públicas, permitindo à França aderir ao euro. A fama de ser um dos grandes peritos económicos do PS francês deu-lhe fôlego para concorrer às primárias do partido como candidato às presidenciais em 2007, disputando a corrida com Ségolène Royale e Laurent Fabius. Acabou por ficar em segundo lugar, atrás de Ségolène, não chegando assim a disputar a vitória nas presidenciais com Nicolas Sarkozy. Agora, com o crescente protagonismo na crise internacional, Strauss-Kahn é apontado como o favorito para liderar a candidatura do Partido Socialista nas eleições presidenciais francesas de 2012. Contudo, o seu mandato no FMI só termina em Outubro desse ano, seis meses depois da eleição, pelo que teria de renunciar ao organismo internacional para concorrer ao lugar de Sarkozy. Perda de influência Apesar dos dois escândalos em que já se viu envolvido, Dominique Strauss-Kahn tem sabido gerar consenso em torno da sua figura.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS LIVRE
Pelo menos 12% dos veículos matriculados em Portugal ficarão proibidos de circular na Baixa lisboeta
Pelo menos 12 por cento dos veículos em Portugal têm mais de 18 anos e a partir de Julho não vão poder circular na Avenida da Liberdade e na Baixa lisboeta se não estiverem equipados com um catalisador. (...)

Pelo menos 12% dos veículos matriculados em Portugal ficarão proibidos de circular na Baixa lisboeta
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.3
DATA: 2011-05-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pelo menos 12 por cento dos veículos em Portugal têm mais de 18 anos e a partir de Julho não vão poder circular na Avenida da Liberdade e na Baixa lisboeta se não estiverem equipados com um catalisador.
TEXTO: A Câmara de Lisboa aprovou na quarta-feira (com os votos contra do PCP e do CDS e os votos favoráveis da maioria liderada pelo PS e do PSD) uma proposta do vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, que proíbe veículos anteriores a 1993 - portanto, sem catalisador de origem - de circular naquela zona. O objectivo da medida, que entra em vigor a 4 de Julho, é reduzir as emissões de gases e a poluição na Baixa de Lisboa. De acordo com dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), existem em Portugal 8. 895. 386 veículos matriculados. Destes, 1. 071. 246 (cerca de 12 por cento) são veículos ligeiros matriculados em Portugal antes de 1 de Janeiro de 1993. O IMTT ressalva que “os veículos matriculados a partir de 1 de Janeiro de 1993 (e não Julho de 1992) são os que devem estar equipados com um catalisador”. “Há no entanto excepções: por exemplo, num veículo matriculado antes de 1 de Janeiro de 1993 pode ter sido instalado, posteriormente, um catalisador”, lê-se na nota do IMTT. O Instituto da Mobilidade alerta ainda que “durante o ano de 1993 foram matriculados veículos novos, considerados fim de série, que não cumpriam as exigências técnicas da Directiva 91/441/CEE sobre emissões poluentes”. “Haverá também casos de veículos importados (de países asiáticos ou dos EUA, por exemplo) que foram matriculados em Portugal após 1 de Janeiro de 1993 e que não possuíam o referido equipamento de origem”, refere o organismo.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD PCP
Máquina fotográfica de 1923 é a mais cara do mundo ao ser vendida por 1,3 milhões
Uma máquina fotográfica de 1923, de uma série muito rara da marca Leica, foi leiloada este fim-de-semana pela Galeria Westlicht de Viena, na Áustria, por 1,32 milhões de euro, um valor recorde para este tipo de material. (...)

Máquina fotográfica de 1923 é a mais cara do mundo ao ser vendida por 1,3 milhões
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma máquina fotográfica de 1923, de uma série muito rara da marca Leica, foi leiloada este fim-de-semana pela Galeria Westlicht de Viena, na Áustria, por 1,32 milhões de euro, um valor recorde para este tipo de material.
TEXTO: A compra desta máquina, que é agora a mais cara do mundo e da história, ultrapassou e muito o valor do último recorde, que pertencia a uma máquina de 1839, uma das primeiras câmaras fabricadas comercialmente, arrematada no ano passado por 732 mil euros. Até então, nunca uma máquina fotográfica tinha atingido um valor tão alto em leilão. O preço máximo de vendas era de cerca de 200 mil euros. Segundo explicou a galeria, a máquina que se tornou a mais valiosa de sempre, “é o número sete de uma pequena série, de cerca de 25 peças, de câmaras fabricadas pela Leits em 1923”, dois anos antes da introdução da marca oficial Leica. A máquina leiloada terá sido ainda a primeira câmara a ser exportada, uma vez que os documentos mostram que foi enviada para Nova Iorque para registar a patente. Antes do leilão se realizar, o valor de venda desta Leica estava entre os 350 mil e os 400 mil euros. Começou com uma base de licitação de 200 mil euros, acabando por ser rematada por 1, 32 milhões de euros por um coleccionador privado asiático.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Joseph Stiglitz põe a hipótese de Portugal ou Espanha falirem
O prestigiado economista Joseph Stiglitz não exclui a hipótese de Portugal ou a Espanha acabarem por falir, apesar de agora se estar a organizar o salvamento financeiro da Grécia. (...)

Joseph Stiglitz põe a hipótese de Portugal ou Espanha falirem
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2010-04-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: O prestigiado economista Joseph Stiglitz não exclui a hipótese de Portugal ou a Espanha acabarem por falir, apesar de agora se estar a organizar o salvamento financeiro da Grécia.
TEXTO: Sitglitz, professor na universidade de Colúmbia, fez esta observação durante uma entrevista ao diário espanhol El País, quando falava da dificuldade em encontrar uma solução para a actual situação em Espanha, onde o desemprego oficial roça os 20 por cento e que está perante o dilema de aumentar, ou não, impostos. Esta observação deste economista que foi assessor do Presidente Bill Clinton e que é muito crítico da actual globalização comercial e financeira (e particularmente do sistema financeiro) segue-se a várias referências na imprensa internacional à situação financeira portuguesa. Também hoje, um artigo de opinião no diário britânico Telegraph questiona se a Alemanha também vai ter de financiar Portugal. A comparação do peso das dívidas públicas portuguesa e grega é contrastada com o peso das dívidas dos respectivos sectores privados, e o país não sai muito bem na imagem. A dívida pública nacional deverá representar este ano 86 por cento do PIB, enquanto a grega representará 124 por cento. Mas a dívida provada nacional era 239 por cento do PIB em 2008, face a 129 da grega, de acordo com um analista do Deutsche bank citado no Telegraph. Na sexta-feira, o país era já tinha sido apresentado no diário The New York Times como o próximo alvo dos mercados. Num artigo intitulado “Preocupações com a dívida mudam para Portugal, motivadas pela subida das taxas das obrigações”, dizia-se que os especuladores dos mercados estavam agora a avançar em direcção “a mais um pequeno membro da perturbada zona monetária europeia”, depois de a Grécia estar aparentemente em vias de ultrapassar a sua crise imediata, através da ajuda dos outros membros da zona euro e do FMI. No dia anterior, Simon Jonhson, ex-economista chefe do FMI, dizia que “o próximo grande problema global” seria Portugal. Considerava mesmo que até agora o país só tem conseguido estar fora do centro das atenções apenas graças à Grécia, e que estes dois países estão piores do que a Argentina em 2001. Outro economista de nomeada, Nouriel Roubini, dizia também que Portugal e a Grécia poderiam ter de abandonar a zona euro. Hoje as taxas de juro cobradas nos mercados financeiros pela compra de seguros contra incumprimento da dívida pública portuguesa subiram 19 pontos-base (0, 19 por cento), fazendo disparar para 151 pontos base a margem sobre os juros cobrados para os produtos do mesmo tipo sobre a dívida do Estado alemão – que são os mais baixos da Europa. Euro em causaSitglitz recebeu um Nobel da Economia em 2001 e tornou-se uma vedeta por ser muito crítico da actual globalização comercial e financeira, particularmente do papel do sistema financeiro, e ter sido dos poucos que anteciparam a crise internacional que se desencadeou em 2008. Na entrevista que o El País publica hoje mantém a linha de pensamento que o tornou muito admirado sobretudo na Europa, mas actualizada à luz das mais recentes consequências da crise internacional. Agora, diz que o euro “corre o risco de desaparecer se não se gerar uma onda de solidariedade e não se puserem em marcha soluções institucionais”. Chega a esta conclusão a partir do que aconteceu na crise asiática da segunda metade dos anos 1990, em que as economias de vários países foram caindo sucessivamente às mãos dos mercados financeiros internacionais. “O problema é evidente, mas a lentidão e a debilidade da resposta questionam a sobrevivência do euro. Os mercados não são propriamente uma fonte de sabedoria: são predadores, muitas vezes são estúpidos, são completamente imprevisíveis, e se a Alemanha e a Europa não procurarem soluções podem provocar estragos”, afirma a certa altura. Assinala também o “paradoxo” de se ter dado aos bancos um “cheque em branco para os salvar”, e de agora se pôr à disposição da Grécia ajuda financeira “a um custo excessivo”. Não se pode “ganhar dinheiro à custa da família, como parece querer fazer a Europa”, rematou.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Entrevista com João Ermida: "Se nada mudar, daqui a três anos ainda vamos ter uma crise pior"
Para o antigo responsável global da tesouraria e dos mercados financeiros do grupo Santander, é fundamental haver novas exigências ao nível da regulação. (...)

Entrevista com João Ermida: "Se nada mudar, daqui a três anos ainda vamos ter uma crise pior"
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.32
DATA: 2010-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o antigo responsável global da tesouraria e dos mercados financeiros do grupo Santander, é fundamental haver novas exigências ao nível da regulação.
TEXTO: PÚBLICO - Quando é que o sistema financeiro deixou de pensar que tinha de prestar um serviço, passando a vender produtos numa lógica de mercearia, como refere no seu novo livro?JOÃO ERMIDA - A mudança ocorre nos anos 80, mas principalmente na década de 90. Acho que desde há 15 anos a banca deixou de ter a noção do que é que era um serviço. O mercado financeiro exigiu de si mesmo e das empresas que analisa resultados vorazes. Neste momento, felizmente começa-se debater mais a questão de qual é a responsabilidade das empresas, se é de só entregar lucros aos accionistas, ou se é também servir bem os seus clientes e empregados. Esse é o problema?Para mim, é a grande questão. Nos anos 70 começou-se com as opções sobre compras de acções [stock options], a seguir vieram os anos 80, com a desregulamentação dos mercados financeiros, e depois a voracidade dos resultados. Tudo isso é possível, mas se se conseguir manter uma estabilidade com os colaboradores e clientes. Acontece que foi feito tudo ao contrário, e a questão de entregar resultados aos accionistas foi claramente, e muitas vezes, contra o interesse dos próprios clientes e dos trabalhadores. Hoje, o que vemos, nestas grandes empresas, são colaboradores muito mais desmotivados e clientes que muitas vezes têm se de cingir às propostas que existem porque a concorrência diminuiu imenso. Procurando a origem, e os culpados, encontramos então a resposta nos anos 80, nas opções políticas tomadas nessa época, como a desregulamentação, e o uso que foi feito?Eu diria que sim. Esta necessidade voraz, com a assunção de que só o accionista é que o rei, que faz com que os bancos exijam a si próprios crescimento da ordem dos 20 por cento, e a exigir o mesmo às empresas que analisam, de modo a dar uma recomendação de compra aos investidores sobre as suas acções, transformou tudo isto num campo minado. Como é que se cresce, se não for apenas a cortar nos custos ou encontrando soluções de vender aos clientes, não aquilo que eles precisam, mas o que dá maior retorno a quem está a vender, tudo muito bem empacotado, como se fosse uma caixa Kellog"s?Por que é que acha que se fez tão pouco desde que a crise estalou, em áreas como a regulamentação?As pessoas só mudam na dor. Bom, essa já chegou. . . A dor ainda não foi suficiente. Existe um erro, que foi adoptado nesta crise, tal como sucedeu nas anteriores. Desde que esta grande desregulamentação começou nos mercados financeiros, temos andado de crise em crise, desde os anos 80. E todas elas tiveram a mesma receita. Na crise asiática, baixaram-se as taxas de juro, na crise russa também, veio a das empresas da Internet, a Fed baixou as taxas de juro, tendo Alan Greenspan sido apelidado de "mago", por fazer algo que qualquer um poderia ter feito. Como assim?Num cenário em que as pessoas têm menos confiança, desce-se as taxas de juro e, pensa-se, o problema resolve-se por si mesmo. Na verdade, essa é uma receita que pode até resultar, mas se não houver uma mudança de comportamentos associada. . . Se há sempre quem me vá salvar dos meus excessos, mais tarde ou mais cedo, porque é que eu hei-de parar? Enquanto houver comportamentos destes, não há dor, não se sofre essa dor na conta de resultados. E verifica-se que essa tendência continua a nível mundial. A questão é saber quanto dinheiro existe no mundo para se fazerem planos de resgate da ordem dos 150 mil milhões de euros. Falou em verdadeira dor no balanço. Quem tem de sofrê-la é o sistema financeiro?Não acho que seja o sistema financeiro a sofrer sozinho essa dor. O mundo tem estado muito desequilibrado. Os equilíbrios que se conseguem são ténues, com as descidas das taxas de juro, sem regulamentar absolutamente nada. Pelo que as pessoas vão trabalhar no dia seguinte com a noção de nada mudou, trabalhando da mesma maneira. E isso leva a que, quem estiver sentado numa mesa de trading em Nova Iorque, pense que se nada está a mudar, vale a pena especular contra isso. O risco que temos é que haja 40 ou 50 investidores a nível mundial cuja única missão é olhar para os problemas que estamos a criar, e esses vão ganhar muito dinheiro, naturalmente, com a falta de vontade política de uma verdadeira mudança. E há investidores preparados para isso. E acha que pode haver uma alteração através da regulamentação?Não acredito na mudança sem regulamentação. Gostava muito que as pessoas se reunissem à volta de uma mesa e percebessem que é necessário mudar, sem que ninguém regulamentasse. Mas há uma geração que se habitou a viver de determinada forma, que observou as bolsas a quintuplicar, passando de três mil pontos, no Dow Jones e durante os anos 80, para catorze mil pontos. E acha que tudo é possível. Esperar que mudem os comportamentos sem haver regulação ou dor, acho pouco provável. Como é que se pode implementar uma regulação eficaz, se cada Estado tem a sua própria posição?Se nada mudar, daqui a três anos vamos ter uma crise pior, porque se puseram mais minas no campo. A existência da nossa civilização no século XXI depende de um sistema financeiro, a nível mundial, perfeitamente estável. Nós hoje não vivemos de poupança, vivemos de crédito. Se este se fecha, a nossa capacidade manter empregos ou de crescer, enquanto sociedade, diminui. Se o sistema financeiro não controla os seus próprios riscos, mais tarde ou mais cedo haverá uma situação parecida com a de 2008, mas muito mais grave. Até porque já existe, por parte do aforrador, uma grande desconfiança face aos bancos, que são o pilar do nosso sistema de civilização. Acha que a mudança virá através dos EUA?A Europa tentou liderar um processo de regulação. Os Estados Unidos olharam e pediram que fosse feita uma proposta por escrito, e perceberam que isso não ia acontecer, que o que tinham eram diversas vozes, vários governantes a tentar brilhar no meio da situação. Acho que vamos seguir na Europa o que os EUA vierem a fazer. O que é que acha que propagou a crise da Grécia ao resto da Europa?Com tantas notícias, as pessoas esquecem-se do que aconteceu no passado. As mesmas pessoas que atacam o euro foram as mesmas que falaram contra a criação da moeda única. A diferença é que antes eram mais novas e hoje têm sessenta, setenta anos, como é o caso de diversos prémios Nobel. A questão é a do cepticismo, que já existia há dez anos, mas que tinha esmorecido, face à valorização do euro face ao dólar. Hoje, os EUA têm uma economia claramente em recuperação, e interessa ter um dólar mais forte. Ao mesmo tempo, há como que uma necessidade natural de testar o euro, se a Europa tem vontade de continuar com uma moeda única ou se isto é tudo uma falácia que se pode desmoronar rapidamente. E pode?O certo é que a Europa não tem dado uma vida muito difícil a quem quer especular. Primeiro, porque toma as decisões à última hora, num acordo a 27, que não é dos melhores, mas em que já se fica contente por ter existido um acordo. Segundo, quem tem de controlar as finanças públicas de um país, o Eurostat, mostra que não o consegue fazer, como se viu no caso da Grécia, que forneceu dados errados. Isso irrita muito, obviamente, quem está a investir. E faz com que aqueles 40 ou 50 investidores, que só estão no mundo, alavancados, à espera que ocorram más notícias. . . Os abutres, portanto. . . O que acontece é que o número de abutres multiplicou-se e as pessoas têm de entender que isso sucedeu e que existe. E que eles querem mesmo é testar ao máximo a capacidade de reacção de um país. E nós estamos a servir-lhes um prato fácil, ao não haver uma voz única. Houve lentidão no caso grego?Custa-me acreditar que todos estivessem enganados no caso grego. Não foi de um dia para o outro que se percebeu que o défice era daquela magnitude. Tal como se sabe que Portugal vive muito além do que pode, e que o crescimento de Espanha tem por base uma especulação imobiliária e importava muito mais do que exportava, com um défice brutal. Nada disto é novidade. A questão é que, se não existir regulamentação e controlo, fica-se sempre a pensar que se vai ser resgatado. Existem fragilidades, que estão agora a ser exploradas, como se mexessem numa ferida que já existia. . . Quando se diz que um país precisa de cerca de 150 mil milhões de dólares para ser resgatado, tanto o investidor como o especulador ficam preocupados, porque sabe-se que não existe idêntica quantia para todos. Por que se parte do princípio que esse montante pode ter que ser replicado noutros países, como Espanha e Portugal, por exemplo?A questão é que, do lado do investidor, que tem muita dívida grega, se ele olha de repente para o montante que foi necessário e questiona se tudo fica por ali ou não, a vontade de investir nos outros países diminui. Estando já muito expostos, ficam mais defensivos, não aumentam o investimento e isso é um risco numa altura em que os Estados estão a precisar de emitir muito mais dívida do que no passado.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Maio agrava queda anual da Bolsa para 16 por cento
O mês de Maio fica marcado por uma forte turbulência nos mercados financeiros, com os principais índices bolsistas mundiais a fixaram mínimos do ano, o euro a registar um forte desvalorização face ao dólar e os juros das obrigações dos países do Sul da Europa a manterem-se em níveis extremamente elevados. (...)

Maio agrava queda anual da Bolsa para 16 por cento
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O mês de Maio fica marcado por uma forte turbulência nos mercados financeiros, com os principais índices bolsistas mundiais a fixaram mínimos do ano, o euro a registar um forte desvalorização face ao dólar e os juros das obrigações dos países do Sul da Europa a manterem-se em níveis extremamente elevados.
TEXTO: A uma sessão do fecho do mês, os principais índices europeus acumularam perdas elevadas, que agravaram significativamente o saldo anual, igualmente negativo, e que atiram alguns índices para mínimos de mais de um ano. Na Europa, as quedas situam-se entre os 4, 5 por cento do PSI 20 português e os 15, 6 por cento de Atenas. A Bolsa de Madrid, que no último mês sofreu as maiores desvalorizações, aproxima-se do final do mês com uma queda de 10, 1 por cento e a italiana de 9, 6 por cento. A Bolsa de Paris acumulou uma perda de 7, 9 por cento, seguida pelo FTSE de Londres, a recuar 6, 5 por cento. Apenas o Dax alemão consegue terminar o mês com um saldo negativo mais modesto, de três por cento. O mês também foi negro nas bolsas norte-americanas, a registar perdas mensais acima dos sete por cento. A meio da sessão de sexta-feira, o Nasdaq 100 apresentava uma queda de 7, 4 por cento, o Dow Jones de 7, 2 por cento e o S&O 500 deslizava 7, 6 por cento. A história não foi diferente nas bolsas asiáticas, com o principal índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei, a recuar 11, 7 por cento e o japonês Hang Seng a perder 6, 3 por cento. Sul mais penalizadoAs quedas de Maio agravam os saldos negativos anuais das maiores bolsas mundiais e contrastam com os fortes ganhos de 2009. A apresentar os piores desempenhos estão as bolsas do Sul da Europa, em resultado do forte receio dos investidores face às elevadas dívidas, pública e privada, que acumularam. A bolsa grega, epicentro da crise financeira, é a que mais perde, com o índice Atenas geral a acumular uma desvalorização desde Janeiro de 28, 2 por cento. Logo de seguida surge a bolsa espanhola, a perder mais de 21 por cento e depois as praças de Lisboa e Milão, a recuar 16 por cento. Londres e Frankfurt conseguem apresentar saldos negativos menores, de 4, 1 e 0, 1 por cento, respectivamente. Em relação a estas duas bolsas, as perdas de Maio foram diluídas pelos ganhos acumulados nos primeiros meses do ano. O saldo anual também é negativo nas bolsas asiáticas, com perdas de 9, 6 por cento no Hang Seng e 7, 4 por cento no Nikkei, e em menor escala nas norte-americanas, com perdas (até meio da sessão de sexta-feira) de 2, 14 por cento do Dow Jones, de 0, 3 por cento no Nasdaq 100 e 1, 5 por cento no S&P 500. O último mês foi de elevada volatilidade, com as bolsas de Lisboa e de Madrid a registarem as maiores subidas diárias da sua história, que no caso do índice português foi superior a 10 por cento (10 de Maio). Mas também se registaram quedas assustadores, a nível dos picos de turbulência após os atentados do 11 de Setembro de 2001 ou da falência do banco norte-americano Lehman Brothers. A forte volatilidade dos mercados é explicada, inicialmente, pelos receios de incumprimentos das dívidas de alguns países, depois pelas possibilidades de desintegração da zona euro, tal como a conhecemos, e agravada pela forma lenta e conflituosa como a União Europeia tem conseguido aprovar medidas de apoio à Grécia e à moeda única. Mais recentemente, pesou nos mercados o receio de que os planos de austeridade dos países europeus possam ter um forte impacto negativo no crescimento económico mundial. Os mercados estão a antecipar a forte retracção que esses planos, tomados já por mais países europeus, incluindo a Alemanha e o Reino Unido, vão ter no consumo e no crescimento económico. Neste ponto, o aumento do custo do dinheiro para Estados, bancos, empresas e consumidores tem um papel extremamente importante. À luz dos dados actuais, os analistas admitem que, nos próximos meses, os mercados accionistas continuem a apresentar forte volatilidade, ao sabor das boas e más notícias que forem sendo divulgadas. Uma parte do impacto das medidas de austeridade na economia e nos resultados das empresas já está incorporada, mas ainda não é muito claro se alguns alterações de hábitos de consumo podem ser limitadas no tempo, ou se, pelo contrário, se está a iniciar-se um novo paradigma de menor consumo e maior poupança. Segundo um analista de mercado, contactado pelo PÚBLICO, as medidas que estão a ser tomadas dão às economias, nomeadamente às europeias, bases mais sólidas, e os fundamentais das empresas são bons e os títulos estão baratos. Para concluir que, se e os mercados vão começar a subir ou não, isso é mais uma questão psicológica (de confiança) do que económica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro consumo japonês
Europa abre com quedas superiores a 1 por cento
As praças europeias arrancaram as negociações da semana em terreno negativo, com quedas superiores a 1 por cento. Lisboa não foi excepção. (...)

Europa abre com quedas superiores a 1 por cento
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: As praças europeias arrancaram as negociações da semana em terreno negativo, com quedas superiores a 1 por cento. Lisboa não foi excepção.
TEXTO: A praça lisboeta arrancou a sessão da manhã com o principal indice, o PSI-20, a desvalorizar 1, 35 por cento. O Footsie de Londres, caiu 1, 39 por cento, a Cac francês deslizou 1, 73 por cento e o Dax alemão caía 1, 05 por cento. Depois de as praças asiáticas terem fechado a primeira sessão da semana em fortes quedas, a abertura das praças europeias volta a demonstrar o nervosismo dos investidores. O mercado ainda está a reagir aos acontecimentos da passada sexta feira, depois do porta-voz do Governo de Budapeste, ter feito um paralelismo com a situação grega, ao denunciar que as contas públicas que o novo executivo húngaro encontrou (foi eleito há pouco mais de uma semana) seriam bem piores do que o que se imaginava.
REFERÊNCIAS:
Cidades Londres Budapeste
G20 entenderam-se na crise, mas estão dividos na retoma
A relativa unidade conseguida pelos países ricos e emergentes do G20 no pico da crise financeira foi substituída por um claro desentendimento sobre a estratégia de saída da maior recessão global das últimas décadas. (...)

G20 entenderam-se na crise, mas estão dividos na retoma
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A relativa unidade conseguida pelos países ricos e emergentes do G20 no pico da crise financeira foi substituída por um claro desentendimento sobre a estratégia de saída da maior recessão global das últimas décadas.
TEXTO: O desacordo tornou-se patente na contagem decrescente para a nova cimeira do G20 que ontem arrancou em Toronto, no Canadá, a quarta depois de Washington (Novembro de 2008), Londres (Abril de 2009) e Pittsburgh (Setembro de 2009). Mesmo com divergências, os membros do G20 - que representam mais de 80 por cento do PIB mundial - conseguiram durante os últimos dois anos um entendimento mínimo suficiente para injectar algo como cinco biliões (milhões de milhões) de dólares no sistema financeiro a título de garantias e de estímulos à economia para evitar uma repetição da Grande Depressão dos anos 1930. Em contrapartida, as tentativas de coordenação das estratégias de saída da crise estão longe de ser consensuais entre as diferentes zonas do Mundo, o que reflecte, aliás, os diferentes ritmos a que as respectivas economias estão a sair da recessão. Os países asiáticos, já em franco crescimento, e os Estados Unidos, que para lá caminham, olham com preocupação para a Europa que se mantém em estagnação, e, pior, embarcou em duros programas de austeridade para reduzir as dívidas astronómicas "inchadas" pela crise. Americanos e asiáticos, que precisam do consumo europeu para manter a sua actividade económica, têm vindo a pressionar os países com excedentes - ou seja, a Alemanha e a China - a fazer os possíveis para relançar a economia global. Washington lembra, a propósito, que foi a retirada abrupta dos estímulos à economia que prolongou a Grande Depressão, e querem evitar agora o mesmo risco. Imposição da AlemanhaManmohan Singh, primeiro-ministro da Índia, afirmou ontem ao Toronto Star que "a retracção orçamental comporta riscos muito sérios" e que a resposta da Europa neste contexto constitui "um elemento absolutamente determinante da forma como a economia mundial evoluirá". Mas os países da UE, que tiveram nos últimos meses de gerir a custo a crise da dívida pública da Grécia e instituir mecanismos de estabilização do euro, assumiram como prioridade absoluta, por imposição da Alemanha, a consolidação orçamental. Em reacção aos apelos americanos, Angela Merkel, chanceler alemã, alega que o seu plano de corte das despesas públicas, no valor de 80 mil milhões de euros até 2014, não chega a representar 0, 5 por cento do PIB nacional, não sendo assim por sua causa que o crescimento mundial poderá parar. Berlim lembra ainda que o seu programa de austeridade só arranca em 2011, o que significa que os estímulos se mantêm este ano. Visando implicitamente os desequilíbrios dos Estados Unidos, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäubble, frisa, por seu lado, que, "para a Alemanha, é claro que um défice público elevado é um grande entrave ao crescimento mundial". "A Europa está determinada a assegurar sem tardar a sua consolidação orçamental", insistem Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, em carta enviada esta semana aos membros do G20. Mais: "Todos os países da União Europeia estão prontos, se necessário, para assumir medidas suplementares de consolidação", frisam. Se, no que toca à retoma, os europeus estão na defensiva, já no que se refere à contribuição a exigir ao sector financeiro para suportar os custos da crise financeira a UE tem uma posição particularmente ofensiva: na semana passada, os seus Governos decidiram instituir uma taxa sobre os bancos independentemente do que vier a ser decidido pelo G20. França, Alemanha e Reino Unido já anunciaram, aliás, a criação de uma taxa deste tipo em 2011. Os Estados Unidos estão na mesma linha, mas países como o Canadá, Rússia, China, Índia ou Austrália estão totalmente contra. Mesmo que não cubra as somas astronómicas que os Governos injectaram nos últimos dois anos no sector financeiro para evitar a derrocada, uma taxa sobre os bancos tem uma simbologia particular no momento em que a UE se prepara para divulgar os testes sobre a capacidade de resistência dos seus bancos a situações extremas (os chamados testes de stress). Embora este exercício se destine a sossegar os mercados financeiros sobre a solidez dos bancos, o anúncio da publicação dos testes provocou um vento de pânico na Comissão Europeia. De acordo com alguns responsáveis comunitários, este exercício de transparência vai revelar a situação difícil de alguns bancos, nomeadamente alemães, particularmente expostos à implosão da bolha imobiliária espanhola e à dívida pública grega. A ser assim, os respectivos Governos vão ser obrigados a reinjectar dinheiro nos bancos em dificuldades para evitar a sua falência. O que se revelará particularmente problemático sobretudo nos países que estão a cortar salários para reduzir o nível das respectivas dívidas. Outros temas de desacordo entre os lideres do G20 envolvem a reforma da regulação financeira internacional - que foi, aliás, a razão que esteve na base da criação deste fórum. As negociações da cimeira que hoje termina incluirão, nomeadamente, os montantes mínimos que os bancos deverão passar a constituir em termos de capitais próprios.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE