“Quando uma menina é violada, torna-se impura. E tudo aquilo em que toca torna-se impuro também”
Neealana Naushin tem 22 anos e é amparo para muitas meninas e mulheres no Bangladesh. Ajuda vítimas de violação a encontrar casa, dá agasalhos a trabalhadoras sexuais e aulas aos seus filhos para que entrem na escola. Decidiu partilhar com o mundo o trabalho que fazia em Daca através da imagem. Este ano, o seu documentário Is being raped the end of the victims’ lives? foi apresentado na sede da ONU e premiado pela PLURAL+. Para a jovem, o reconhecimento internacional é um meio para atingir o seu grande objectivo: fazer com que meninas e mulheres andem pelo seu próprio pé no Bangladesh. (...)

“Quando uma menina é violada, torna-se impura. E tudo aquilo em que toca torna-se impuro também”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Neealana Naushin tem 22 anos e é amparo para muitas meninas e mulheres no Bangladesh. Ajuda vítimas de violação a encontrar casa, dá agasalhos a trabalhadoras sexuais e aulas aos seus filhos para que entrem na escola. Decidiu partilhar com o mundo o trabalho que fazia em Daca através da imagem. Este ano, o seu documentário Is being raped the end of the victims’ lives? foi apresentado na sede da ONU e premiado pela PLURAL+. Para a jovem, o reconhecimento internacional é um meio para atingir o seu grande objectivo: fazer com que meninas e mulheres andem pelo seu próprio pé no Bangladesh.
TEXTO: À hora de jantar, na sede da Organização das Nações Unidas em Nova Iorque, interrompeu-se a música, desligaram-se as luzes. Surgiu a imagem, projectada na parede, de uma menina, protegida com um véu vermelho, sentada na cama de um quarto pequeno e desbotado no Bangladesh. “Os meus pais morreram quando eu era nova. Vivi com a minha tia e o meu tio. Um dia ele disse que tinha uma tarefa para mim (…). Era numa escola velha fechada. Entrámos numa divisão e ele começou a tocar-me de forma imprópria. Depois violou-me. ”O desabafo de meninas vítimas de violação em Daca, a maior cidade do Bangladesh e capital deste país que acaba de votar em eleições legislativas, chega ao resto do mundo através de Is being raped the end of the victims’ lives?, o documentário de Neealana Naushin que venceu este ano um prémio da Plural+, iniciativa conjunta da Aliança das Civilizações das Nações Unidas e a Organização Internacional para as Migrações. Seja na sede da Organização das Nações Unidas ou no Museu de Televisão e Rádio de Nova Iorque, o trabalho de Neealana desperta a mesma reacção no público: olhares fixos no ecrã e um profundo silêncio que só quebra quando surgem os aplausos, que passam de tímidos a expansivos em poucos segundos. O arranque da exibição de Is being raped the end of the victims’ lives? aconteceu em Novembro mas o trabalho de Neealana vai estar por todo o mundo em 2019, em eventos em escolas e conferências da Plural+. Ocupar os palcos e treinar as apresentações são novidades para esta jovem habituada a sentar-se na plateia. “Eu via muitos filmes sobre mulheres, ouvia muitas apresentações. Foram os filmes da Tania Rashid [da revista VICE] que me encorajaram a mostrar o meu trabalho em vídeo”. Sem formação em audiovisual, Neealana, com a ajuda de um amigo, aventurou-se a testar máquinas e a imaginar planos de imagem. “Eu quis fazer este documentário porque queria que as pessoas sentissem aquilo que senti quando vi os filmes de Tania. ” Para a jovem, a prioridade não é a estética da imagem ou o perfeccionismo no som. “O documentário tem a utilidade de ser uma forma efectiva e interessante de mostrar o meu trabalho”, conta. Is being raped the end of the victims’ lives? é apenas a ponta do icebergue do trabalho que Neealana tem feito junto da sua comunidade. Vive em Daca e é longe das câmaras que passa os dias, a trabalhar com vítimas do crime de violação, um “dos mais silenciosos do país”, afirma ao PÚBLICO. Em 2017, houve um total de 783 vítimas de violação, 225 mulheres e 553 crianças. Os dados deste ano, contabilizados até Maio, registam 92 violações a mulheres e 225 a crianças. Neealana garante que há muitos casos que não são denunciados e nem aparecem nas estatísticas. “Uma rapariga violada não quer que se saiba. No Bangladesh, nunca mais falam com ela, ninguém a aceita. E muito menos a vão ajudar a voltar à sua vida normal”, conta. Ela própria já se sentiu discriminada: “Acham que eu também fui violada e que por isso é que tenho a inspiração de trabalhar com elas”. Os dados da associação de protecção de Direitos Humanos no Bangladesh, a Odhikar, relativos a 2017 mostram ainda que 108 crianças e 93 mulheres sofreram violações em grupo. Este ano, até Maio, foram registados 43 violações em grupo a crianças e 44 a mulheres. Em 2017, 18 crianças e 14 mulheres acabaram por morrer depois de serem violadas. Este ano, desde Janeiro a Maio, 8 mulheres e 14 crianças não sobreviveram à violência. Por outro lado, as mulheres que sobrevivem, vêem a sua vida mudar de um dia para o outro. “Não podem entrar em casa como faziam, não podem dormir na mesma cama que outro membro da família, com uma irmã… Se a família estiver a jantar, não podem sentar-se à mesa”, diz Neealana. Uma mulher violada no Bangladesh tem a sua identidade esquecida. “Passa a ser encarada apenas como uma mulher impura”, explica a jovem. “Na nossa religião [islão], as mulheres são consideradas napak [impuras em bengali] quando têm relações sexuais com outro homem sem ser o seu marido. Quando são violadas, é considerado que elas tiveram sexo com outro homem. ”No vídeo vencedor da Plural+, outra mulher, de véu rosa, conta que a culpa do que lhe aconteceu é do homem que amava. “No início, eu não percebi mas ele vendeu-me. Ele levou-me para perto de Sonargaon [a sul de Daca e junto ao rio Meghna] e deixou-me lá. Os amigos dele apareceram e violaram-me. Eu ouvi que ele levou 15000 taka [15, 73 euros] para me vender. ”Neealana recorda o que lhe foi relatado por esta vítima já depois da gravação para o documentário: “Contou à mãe que tinha sido violada. A mãe perguntou-lhe porque é que ela entrou sequer em casa. Proibiu-a de dormir na sua cama. Disse para ela dormir lá fora, na varanda”. “Quando uma menina é violada, tudo aquilo em que toca torna-se impuro também”, diz Neealana. “Até na escola isto acontece. Quando os pais sabem que uma criança foi violada, não querem que os seus filhos andem com ela. As crianças acabam por sair da escola”. Para muitas meninas bengali, o casamento é um sonho. Que fica destruído quando acontece uma violação: “Nenhum homem quer casar com uma mulher que foi violada. Porque ela já esteve com outra pessoa. Aliás, há muitas histórias de mulheres que casam e não contam que foram violadas. Quando o marido descobre, divorciam-se”. Para Neealana Naushin, “quando as notícias identificam as vítimas, e até partilham fotografias" estão a piorar a situação e a confundir informação com entretenimento. "Se há apenas o relato de uma rapariga que foi violada, isso é uma história. Mas se tens o nome, a informação que a rapariga trabalhava ali, estudava ali, fazia aquilo quando foi violada, a notícia torna-se viral. ”Neealana critica ainda os métodos usados por alguns meios de comunicação para chegar à identidade das vítimas: “Já vi muitos casos de pagarem por informações ou vídeos". No Bangladesh, a Constituição garante a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa desde que respeite uma “restrição razoável”, como indica o Press Freedom Status. Em 2018, num total de 180 países no Índice de Liberdade de Imprensa Repórteres sem Fronteiras, o Bangladesh ocupava o lugar 146. Ou seja, é o 34. º país do mundo com menos liberdade de imprensa. “É muito difícil encontrar uma notícia que possa ser utilizada contra o Governo”, nota Neealana. Quem tenta, por outro lado, expõe-se a uma situação de enorme perigo. Segundo os dados da Odhikar, no ano passado, 1 jornalista foi morto, 24 foram feridos e 11 foram ameaçados. Apesar de discriminadas em casa, na rua, na escola, há mulheres que decidem reportar o crime. Mas a polícia falha na ajuda: “[A polícia] é muito insensível. Perguntam onde é que o homem tocou, o que é que ele fez ao pormenor. Depois, eles é que decidem se o que a vítima diz é válido ou não”. A incompetência da polícia para lidar com vítimas de agressão sexual foi reconhecida em Julho pelo Supremo Tribunal de Bangladesh, que pediu ao Governo reformas imediatas na legislação. Nas 18 recomendações expressas pelo Supremo é sublinhada a obrigatoriedade de a polícia registar as queixas de violação, independentemente do local da ocorrência, sem atrasos ou discriminação. Segundo o tribunal, deve mesmo haver uma punição caso a polícia se rejeite a considerar um caso, por considerar a informação insuficiente. Também a associação de protecção de direitos humanos Odhikar diz, com base na monitorização que faz em terreno, que as vítimas de violação são tratadas como culpadas pela polícia, o que faz com que muitas tentem encobrir o caso. Acontece também serem ameaçadas caso decidam reportar o crime. Neealana diz que tem conhecimento de "muitas histórias de violadores que dizem aos pais [das vítimas]: eu violei uma das tuas filhas, se denunciarem, violo as outras”. Continua: “Por exemplo, conheci a história de um pai que testemunhou a violação da sua filha. Ele estava amarrado mas ouvia os gritos da filha enquanto estava a ser violada. No fim, disse-lhe: 'Tens mais duas filhas, se fizeres queixa eu ou os meus rapazes vamos fazer o mesmo a elas’”. Ninguém fez queixa. “Como comecei a ouvir imensas histórias de raparigas que eram pressionadas a sair de casa, tentei perceber como as poderia ajudar a longo prazo. Comecei a ser a ponte entre elas e as shelter homes [casas de abrigo para crianças que sofreram abusos]”. Desde 2017, Neealana já ajudou 12 vítimas de violação, com menos de 17 anos, a entrarem nestes centros de acolhimento. A maioria das vítimas tem entre 13 e 15 anos. Estas casas não têm as condições ideais, “mas são um espaço seguro”, uma ideia de lar: “Jogam, cozinham, lavam a roupa, pintam, ajudam-se umas às outras a pentearem-se. Não querem sair muito à rua, normalmente só o fazem quando precisam de comprar algo. ”Para Neealana, estes centros de acolhimento são uma forma de estas 12 meninas continuarem a estudar. “Quando chegar a idade para entrarem na universidade, vou trabalhar com toda a minha força e dedicar o meu tempo a prepará-las para os exames”, conta. “Só vou conseguir respirar quando as vir entrar para a faculdade. ”No dia 27 de Fevereiro de 2017 foi aprovada uma nova legislação que permite que raparigas menores se casem — nomeadamente com os violadores —, se se tratar de “um caso especial” e se os pais considerarem que o casamento é do “melhor interesse” para a menina. A lei não esclarece quais são “os casos especiais” nem o que poderá ser considerado “melhor interesse”. Segundo a agência Reuters, o Governo defende esta medida para proteger a honra das meninas que engravidam. Mas organizações como a Girls Not Brides defendem que a medida legitima a violência sexual e incentiva ao casamento de menores — segundo um relatório de 2016 da UNICEF 52% das raparigas do Bangladesh já estão casadas quando têm 18 anos. Para responder às críticas, o Governo garantiu que os casamentos iriam depender de escrutínio e aprovação dos tribunais. Nestes dois anos de trabalho, Neealana ouviu as histórias destas vítimas, não só para serem filmadas para o documentário que apresentou na sede da ONU mas também em momentos íntimos de partilha. Com as histórias, percebeu que há um desfecho comum a muitas mulheres: “As portas fecham-se todas, e algumas só têm a opção de serem trabalhadoras sexuais”, explica. As preocupações de Neealana duplicaram e quis também conhecer de perto as condições de vida destas mulheres. No Bangladesh, a prostituição está legalizada, o que permite uma hierarquia de trabalhadoras sexuais: em hotéis ganham entre 12000 e 15000 taka (125, 34 e 156, 68 euros) por cliente; em residências, entre 2000 e 5000 taka (20, 89 e 52, 23 euros); em bordéis, entre 200 e 550 taka (2, 09 e 5, 74 euros); na rua, entre 80 e 200 taka (0, 84 cêntimos e 2, 09 euros). “As trabalhadoras de rua mal têm dinheiro para alimentar os filhos. Algumas vivem em barracas, outras, as mais novas, conseguem ficar nas casas do Drop In Center [programa da UNICEF que assegura casa, alimentação e apoio psicológico a jovens em situações vulneráveis]”, conta. Neealana começou a visitar as prostitutas de rua em zonas de Daca onde sabe que o fenómeno é gritante: Manda e Mugdapara. “Não é fácil o primeiro contacto. Fazer com que elas tivessem confiança para falar comigo foi uma grande conquista. Desconfiavam por eu as querer ajudar, ou desconfiavam de eu saber falar inglês, ou por ter um telefone. ”Muitas trabalhadoras sexuais vivem em localidades recônditas do Bangladesh. “Elas não sabem o que é ter outra vida. Não têm satélite, não têm TV. Não sabem o que são direitos humanos, ou direito à saúde, à educação”, conta Neealana. A jovem começou a doar caixas com roupa, mantas, sapatos, copos, talheres, pratos, produtos básicos de higiene. Desde 2017, já conseguiu fazer 5 doações, que chegaram a mais de 350 trabalhadoras sexuais. Sem apoio de nenhuma organização, Neealana aproveitou o privilégio de pertencer a uma família que conhece “muitas pessoas ricas”. “A minha mãe trabalha nas coisas da nossa casa, mas o meu pai está numa empresa de reparação de helicópteros”, explica. Quando se prepara para uma distribuição, pede a amigos que partilhem nas redes sociais. "E as pessoas enviam muitas coisas. É uma elite que tem muito dinheiro e a quem as coisas não fazem falta”, conta. As trabalhadoras sexuais começaram a aceitar as ofertas e a sentarem-se nas reuniões que Neealana prepara para lhes falar de cuidados de higiene aquando da menstruação e da importância de terem sexo protegido. “Elas dizem que os clientes não querem usar preservativo. Mas eu insisto para elas lhes respondrem que são elas que podem ficar grávidas. ”Em 2017, Neealana fez um documentário sobre as trabalhadoras sexuais de rua em Daca. As primeiras imagens são da azáfama da cidade, mas depressa somos transportados para os corredores cheios de lixo à entrada dos quartos destas mulheres. A primeira que se senta com Neealana conta que costumava trabalhar com a irmã, até se ter casado. Com um filho de seis meses, o marido abandonou-os. “Um tio trouxe-me para esta profissão. Eu recebo 500 takas por dia [5, 22 euros]. Dou 100 takas ao meu tio e outros 100 à proprietária. O resto uso para comprar comida para o meu filho”. Há outra mulher, visivelmente mais velha, que diz já não conseguir trabalhar 6 ou 7 vezes por dia. “Agora ela trabalha duas ou três vezes porque tem de continuar a dar de comer aos filhos. Como está grávida, só pode ter sexo sentada. Ou seja, só pode fazer sexo anal”, conta Neealana. Embora já tenha ajudado cerca de 350 trabalhadoras sexuais, Neealana visita regularmente 22 mulheres. “Vou ter com elas, já me conhecem, sabem que podem falar”, conta. Dedica-se também à educação dos filhos destas trabalhadoras sexuais e já ajudou 47 crianças a conseguir entrar em programas escolares do Estado. “As mães pedem-me muito este apoio. Elas querem que os filhos estudem, querem que eles vão para longe, que possam viver num sítio limpo e seguro”. A educação é panaceia para todos os males. “É a nossa melhor amiga: quando a tens, nunca te abandona. Fica contigo para sempre”, explica. Neealana está no último ano de um programa de graduação na Asian University for Women, em Chittagong, a seis horas de comboio de casa. Às vezes, está cansada. “Tenho tanto sono que já cheguei a não conseguir acabar exames. ” O esforço é compensado porque é nesta universidade que conhece mulheres do Afeganistão, Butão, Cambodja, China, Índia, Indonésia, Malásia, Myanmar, Nepal, Paquistão, Palestina, Sri Lanka, Síria, Vietname. Na Asian University for Women, que aceita estudantes independentemente do rendimento da família, Neealana estuda Política, Filosofia e Economia: “Quero preparar-me para um dia ir para Harvard”, sorri. E fundou a ONG Disha Foundation para “criar condições sustentáveis para todas estas mulheres”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Eu devo muito à minha faculdade. É um espaço único. Os nossos direitos à educação têm sido esquecidos. Nós, mulheres, temos poucas oportunidades na vida. Os homens levam sempre os nossos direitos, eles apoderam-se das nossas oportunidades. Aqui, temos pela primeira vez tudo para nós. Por que não?”“Na minha cidade, uma rapariga tem de se casar, de se aquietar, ter crianças. A sociedade continua a enclausurar mulheres, a considerá-las mais fracas do que os homens, que apenas servem para a reprodução e não para ajudar a economia”, conta. “Eu fui ensinada a ter medo dos homens, por serem mais fortes. Não são. Não podemos deixar que se aproveitem do nosso medo. ”*A jornalista esteve em Nova Iorque para receber também um prémio da Plural+
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Entidades ONU
Mais de 208 mulheres com cancro receberam diagnóstico errados
Os diagnósticos de cancro do colo do útero foram revistos por dois laboratórios de Dublin e um dos Estados Unidos, e conclui-se 175 mulheres deviam ter sido tratadas de forma diferente. (...)

Mais de 208 mulheres com cancro receberam diagnóstico errados
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os diagnósticos de cancro do colo do útero foram revistos por dois laboratórios de Dublin e um dos Estados Unidos, e conclui-se 175 mulheres deviam ter sido tratadas de forma diferente.
TEXTO: O serviço nacional de saúde irlandês (HSE) confirmou esta terça-feira 208 casos de mulheres prejudicadas por irregularidades num programa de detecção de cancro do colo do útero, 17 das quais já morreram. De acordo com o HSE (sigla em inglês), das 208 mulheres, 175 com cancro deveriam ter recebido um tratamento diferente. Quem o diz são os responsáveis pelo programa público CervicalCheck, após terem sido revistos os resultados dos testes efectuados por dois laboratórios de Dublin e um dos Estados Unidos. O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, já ordenou a abertura de uma investigação para esclarecer a origem daquilo que apelidou de "terrível falta de comunicação" e para estabelecer se outro tipo de exames laboratoriais "ajudaram a reduzir o número de falsos negativos". O escândalo foi conhecido depois de, na semana passada, o laboratório norte-americano ter aceitado compensar com 2, 5 milhões de dólares (2, 1 milhões de euros) uma mulher irlandesa, a quem não foi diagnosticado um cancro, agora em estado terminal. Um exame realizado em 2014 confirmou que a mulher sofria de cancro do colo do útero e em Janeiro ficou a saber que tem entre seis meses a um ano de vida. O HSE divulgou também que o CevicalCheck não comunicou a 162 mulheres, das 208, que tinha havido uma revisão do programa. O presidente da Equipa de Gestão de Incidentes Graves do HSE reconheceu que "todas as doentes tinham o direito de saber" e que todas elas seriam, ainda durante esta terça-feira, contactadas pelos seus hospitais.
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Palavras-chave mulher mulheres
O que se espera de uma mãe em Portugal é “bastante penalizador” para as mulheres
Uma mulher que decide ser mãe torna-se naturalmente abnegada, disponível, capaz, omnipresente. Certo? Errado: muitas mulheres sentem-se desenquadradas, exaustas e sozinhas com o que a maternidade lhes tira. Um estudo feito a partir dos desabafos de mulheres portuguesas na Internet desoculta este “lado b” da maternidade. (...)

O que se espera de uma mãe em Portugal é “bastante penalizador” para as mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-12-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma mulher que decide ser mãe torna-se naturalmente abnegada, disponível, capaz, omnipresente. Certo? Errado: muitas mulheres sentem-se desenquadradas, exaustas e sozinhas com o que a maternidade lhes tira. Um estudo feito a partir dos desabafos de mulheres portuguesas na Internet desoculta este “lado b” da maternidade.
TEXTO: As mulheres portuguesas trabalham fora de casa. E fazem-no até em percentagens mais elevadas do que na generalidade dos países europeus. Mas, ainda assim, o que se espera delas enquanto mães é que sejam perfeitas, disponibilíssimas, capazes de gerir uma birra sem se exasperarem, omnipresentes, imprescindíveis. E este modelo de maternidade "intensivo" revela-se de tal forma opressor que muitas se escondem em grupos fechados na Internet para desabafar a sua desconformidade com esse papel. “Encontrei sites secretos, onde para entrar é quase preciso preencher um requerimento, em que mulheres portuguesas verbalizam coisas como ‘ninguém me avisou que o meu corpo ia ficar tão diferente, que não ia ficar apaixonada quando olhasse para o meu filho…”, desvenda a investigadora Filipa César. “Apesar daquela frase que diz ‘It takes a village to raise a child’ [É preciso uma aldeia para criar uma criança], o que nossa sociedade faz é responsabilizar quase exclusivamente as mães pelo bem-estar da criança. O que pode ser muito cruel”, acrescenta a doutoranda da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Mãe de dois filhos, propôs-se, na sua investigação de doutoramento, “desconstruir” alguns dos mitos com que se confrontou enquanto mãe. Para isso, ao longo de 2015, acompanhou e analisou 184 páginas de Facebook criadas e geridas por mães portuguesas – algumas abertas e outras fechadas. Os resultados parciais desta investigação foram publicados este ano na revista portuguesa Análise Psicológica mas também na Frontiers in Psychology, uma das maiores publicações de trabalhos académicos na área da psicologia. Neste último, intitulado “Sofrer no Paraíso”, a investigadora abre as portas aos grupos fechados onde vão cair os estilhaços gerados por uma sociedade que, como a portuguesa, promove o referido modelo de maternidade intensivo, no qual a mãe é naturalmente abnegada, imbuída de amor maternal, incentivada a assumir directamente os cuidados com a criança, dedicando-lhe todo o seu tempo, energia e afecto. Ali se conjugam substantivos como solidão, tristeza, angústia, sofrimento e, sim, ressentimento, face a dificuldades como a febre, a recusa em comer, em dormir, o primeiro dia na escola. “Eu quase desisti de amamentar meu filho. As lágrimas corriam-me pela cara abaixo e foi um martírio!”, relata uma mãe. E lêem-se outras frases: “[Gostava que me tivessem avisado] que não ficaria apaixonada quando olhei para o meu bebé pela primeira vez, que iria chorar e sentir esta enorme tristeza nos primeiros dias. E nas semanas seguintes”; “Os primeiros meses foram muito solitários, especialmente as noites… o meu marido ressonava como um porco e eu tinha que aguentar a amamentação sem fim a cada duas horas…”. Para Filipa César, muita da sintomatologia atribuída à depressão pós-parto decorre da pressão social que recai sobre estas mulheres, sobretudo porque (descontado o crescente corpo de profissionais dedicados à infância, de pediatras a educadores e psicólogos) aquelas continuam a ser tida como as principais responsáveis pela criança. “Mesmo na psicologia, as teorias da vinculação estão sempre muito ligadas à mãe e o pai tem um papel bastante secundário. Só agora, e mais no Norte da Europa, é que os pais surgem com outro tipo de envolvimento”, especifica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Resulta deste modelo “intensivo” de maternidade, associado a uma visão tradicional do papel da mulher, que “as mulheres acabam por se esvanecer por detrás do seu papel de mãe e os restantes papéis que ela desempenha perdem legitimidade até para elas próprias”, acrescenta Filipa César, para quem este modelo “é bastante penalizador da esfera profissional e da sua identidade enquanto mulheres”. A investigadora diz-se convencida que a partilha dos sentimentos negativos associados à maternidade é benéfica — o que foi, de resto, documentado noutros estudos que apontam os benefícios sociais e psicológicos para as mães recentes desta troca nas comunicações online. E defende a transição na sociedade portuguesa para um modelo de maternidade “extensivo”, isto é, que admita que as mulheres, além de mães, devem e podem ser chamadas a exercer outros papéis que não lhes negam realização profissional e social. É um modelo “mais igualitário já que considera que a mãe não tem que ser a única cuidadora da criança” e o que se apresenta “como mais conciliável com a vida profissional das mães portuguesas”, conclui o estudo. Admitindo que a ocultação deste “lado b” da maternidade pode resultar do receio inconsciente de desincentivar a natalidade, Filipa César conclui ainda: "Há mulheres que adoram ser mães e vivem-no com a maior das facilidades, mas este lado difícil devia ser mais divulgado para que as mulheres tomem decisões mais conscientes quando decidem ser mães. "
REFERÊNCIAS:
Meghan Markle é considerada uma das mulheres mais influentes no Reino Unido
A edição britânica da revista Vogue elencou uma lista de 25 mulheres influentes e considera que a norte-americana imprime uma "nova identidade" à monarquia. (...)

Meghan Markle é considerada uma das mulheres mais influentes no Reino Unido
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-07-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: A edição britânica da revista Vogue elencou uma lista de 25 mulheres influentes e considera que a norte-americana imprime uma "nova identidade" à monarquia.
TEXTO: Meghan Markle está na lista das 25 mulheres mais influentes na Grã-Bretanha. A lista foi feita pela edição britânica da revista de moda Vogue e foi conhecida na quinta-feira. Esta saúda a nova duquesa de Sussex e considera que a norte-americana imprime uma nova identidade à monarquia. A lista da edição de Julho é composta por mulheres que trabalham em diferentes sectores, das artes ao entretenimento, passando pela política, direito, meios de comunicação e ciência. Assim, a mulher do príncipe Harry, o sexto na linha de sucessão ao trono, está ao lado de outras como a designer Stella McCartney (responsável pelo segundo vestido que Markle usou no dia do seu casamento), a escritora de Harry Potter, J. K. Rowling ou a política escocesa Ruth Davidson. Outros nomes que fazem parte deste ranking de mulheres entre os 22 e os 73 anos são a advogada de direitos humanos Amal Clooney, a cantora Dua Lipa, as modelos Adwoa Aboah e Edie Campbell e a chefe de operações do Manchester United, Collette Roche. As jornalistas Carole Cadwalladr, Amelia Gentleman e Katharine Viner foram também escolhidas pela investigação feita em casos como o Cambridge Anlytica ou o escândalo Windrush. Descubra algumas das escolhidas na fotogaleria em cima. Markle, cujas celebrações do casamento no Castelo de Windsor, a 19 de Maio, foram vistas por milhões de pessoas, é descrita como "uma das mulheres mais reconhecidas do mundo". Segundo a Vogue, a "sua influência estende-se muito além da cobertura incessante do seu estilo. Como feminista e como uma mulher mestiça norte-americana, ela está a ajudar a forjar uma nova identidade do século XXI à monarquia".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos mulher mulheres casamento feminista cantora
Mulheres sul-coreanas protestam contra a “pornografia das câmaras escondidas”
Em causa está um fenómeno chamado molka, que consiste, na larga maioria dos casos, em homens a filmar mulheres em locais como casas de banho públicas, escritórios e escolas. Os vídeos que invadem a privacidade vão parar a sites de pornografia. (...)

Mulheres sul-coreanas protestam contra a “pornografia das câmaras escondidas”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.16
DATA: 2018-11-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em causa está um fenómeno chamado molka, que consiste, na larga maioria dos casos, em homens a filmar mulheres em locais como casas de banho públicas, escritórios e escolas. Os vídeos que invadem a privacidade vão parar a sites de pornografia.
TEXTO: Na semana passada, milhares de mulheres da Coreia do Sul voltaram a ocupar as ruas. Parecia um cenário da série The Handmaid's Tale. Vestidas de vermelho e negro, e com máscaras a esconder a cara, levantavam cartazes com várias mensagens de protesto. "A minha vida não é a tua pornografia" foi a frase mais repetida. Não foi a primeira vez que houve uma manifestação em Seul a exigir medidas mais fortes para combater a invasão da privacidade. Desde Maio que estes protestos acontecem mensalmente. Em causa está um fenómeno chamado molka (nome que se dá à expressão “pornografia de câmaras escondidas”, em coreano) que consiste, na larga maioria dos casos, em homens a filmar mulheres em locais como casas de banho públicas, escritórios e escolas. Estes vídeos, feitos com smartphones ou câmaras estrategicamente escondidas, são depois publicados em sites de pornografia. O fenómeno está a crescer no país: em 2010, a polícia identificou 1354 suspeitos e sete anos mais tarde esse número quintuplicou, informa o Independent. As filmagens têm levado as mulheres a adoptar medidas de precaução, como desligar as luzes quando vão à casa de banho, tentando encontrar alguma luz de câmara, ou tapar buracos onde estes equipamentos possam estar escondidos. Já aconteceram também algumas situações mais extremas, em que mulheres que se viram nas filmagens suicidaram-se. Não é fácil para as vítimas contar a sua história. Kim (nome fictício) "apanhou" um homem a filmá-la debaixo da mesa de um restaurante. Conseguiu pegar no telefone, onde encontrou mais vídeos seus, objecto de discussão numa troca de mensagens com outros homens. "Quando vi o chat fiquei chocada, a minha mente ficou em branco, comecei a chorar", contou à BBC. Foi à polícia, mas quando lá chegou sentiu-se "sozinha". Perguntou-se se os agentes não iriam achar as suas roupas “demasiado reveladoras”, sentia que a esquadra a olhava como se fosse "um pedaço de carne". Resultado: Kim teve medo de ser culpada, não fez queixa e o homem não foi acusado. As investigações da polícia também têm sido alvo de críticas: as mulheres dizem que a justiça funciona mais rapidamente quando a vítima é um homem. O fenómeno molka parece não parar e é possível perceber porquê. Cada vez mais pessoas adquirem um com boa qualidade de captura de imagem, capaz de transferir as filmagens para a Internet num instante. E aproximadamente 90% dos adultos na Coreia do Sul têm um smartphone, o que torna o país líder mundial na aquisição deste dispositivo, diz a BBC. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Desde 2004 que os fabricantes de telemóveis são obrigados por lei a assegurar que as câmaras fazem um pequeno barulho quando são utilizadas. No entanto, já existem aplicações que permitem silenciar os smartphones. Em 2016, a polícia sul-coreana conseguiu fechar o Soranet, o maior site pornográfico do país que somava milhões de utilizadores, mas a batalha ainda não está ganha. Existem muitos outros portais que têm sido deitados abaixo, mas logo a seguir recuperados. Têm ainda sido feitos diversos raids a espaços públicos em busca de câmaras escondidas. A polícia de Seul tem formado equipas para passarem a “pente fino” vários locais, mas não consegue encontrar equipamentos, devido à rapidez com que são removidas depois de terminadas as filmagens. “Estou a aprender como é difícil apanhar estes criminosos. Os homens instalam a câmara e tiram-na em 15 minutos”, disse Park Gwang-Mi, inspector da polícia de Seul, citado pela BBC. Segundo o Independent, a polícia da região de Gyeongsang do Sul recebeu cerca de 230 mil euros para combater a epidemia e tem inspeccionado locais como praias, hotéis e escritórios à procura de câmaras. Também foram feitas demonstrações de objectos em que as câmaras podem estar escondidas: cintos, chaves, relógio, entre outros. Foram ainda colocados posters que dão conta do óbvio: é ilegal filmar as pessoas sem o seu consentimento. A punição para este tipo de pornografia pode ser de aproximadamente 8000 euros ou um ano na prisão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei prisão negro homem carne medo mulheres ilegal
Luc Besson acusado por mais mulheres de “agressão sexual” e “assédio permanente”
Depois de a actriz Sand Van Roy ter feito queixa junto das autoridades, outras mulheres detalham alegada conduta abusiva, entre propostas, beijos e apalpões indesejados, do realizador de Lucy e O Quinto Elemento. (...)

Luc Besson acusado por mais mulheres de “agressão sexual” e “assédio permanente”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de a actriz Sand Van Roy ter feito queixa junto das autoridades, outras mulheres detalham alegada conduta abusiva, entre propostas, beijos e apalpões indesejados, do realizador de Lucy e O Quinto Elemento.
TEXTO: O realizador francês Luc Besson foi esta terça-feira alvo de novas acusações de assédio e violência sexual depois de, em Maio, ter sido acusado formalmente pela actriz Sand Van Roy de violação. A polícia está a investigar o autor de Lucy e O Quinto Elemento, e agora o jornal digital Mediapart avança que há dias uma antiga directora de casting escreveu ao procurador de Paris queixando-se de agressão sexual e que ouviu três mulheres que acusam Besson de assédio, toques e propostas sexuais indesejados. Como se tem repetido desde as primeiras investigações em torno de Harvey Weinstein, que originaram o momento de denúncia #MeToo e desbloquearam o receio de alegadas vítimas de ver questionada a sua credibilidade, a primeira queixa de Van Roy terá feito com que os novos relatos viessem a público. “Quando vi a queixa de Sand Van Roy, as minhas pernas tremeram. Disse a mim mesma: ‘Finalmente alguém está a falar disto. Certo, vou fazê-lo também’”, cita o Mediapart, um jornal digital por assinatura que identifica com o pseudónimo “Amandine”a ex-directora de casting que escreveria depois ao procurador do Ministério Público parisiense . “Amandine” trabalhou no casting dos filmes do realizador entre 2000 e 2005 e diz ter sido vítima de “agressão sexual” e “assédio sexual e moral permanente”. Hoje com 49 anos – Besson tem 59 anos – descreve: “Frequentemente, Besson pedia-me, na presença de outras pessoas, para lhe fazer um broche, o que eu recusava sistematicamente”. Noutros momentos, Besson passaria das palavras aos actos. “Sempre que apanhávamos o elevador juntos, ele beijava-me à força, pondo a língua na minha boca, e embora eu o empurrasse e afastasse, ele agarrava-me e tocava-me nas mamas e nas nádegas. ”Besson negou em Maio ter cometido o crime de violação de Sand Van Roy, chamando-lhes “acusações fantasiosas”, e o seu representante, confrontado com estas novas acusações, disse à Mediapart que o realizador só responderia a perguntas das autoridades policiais. O Mediapart, que detalha ter chegado a estes relatos após “meses de investigação”, dá ainda voz a outra mulher que, sob anonimato, explica que enquanto trabalhou para a produtora de Besson, a EuropaCorp, foi alvo de assédio sexual. “Ele ouvia quando dizíamos ‘não’, mas nunca podíamos baixar a guarda porque ele tentava novamente. De cada vez, ele tentava avançar mais ainda. ” Diz ter sido tocada e beijada sem a sua autorização. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Uma actriz que também não revela a sua identidade diz que numa ocasião Besson marcou um encontro com ela num quarto de hotel, o que achou invulgar, mas nada aconteceu. Num segundo encontro, e quando tentava obter um papel num dos seus filmes, ele tentou agarrá-la à força. “Fechou a porta e precipitou-se sobre mim para me tocar e beijar. Para poder fugir, não tive alternativa senão mandar-me para o chão e tentar alcançar a porta de gatas e depois desatar a correr. ”Quando Sand Van Roy, actriz belga-holandesa, veio a público com a sua acusação de violação após ter alegadamente sido drogada por várias vezes entre 2016 e 2018, referiu ter conhecimento de outros casos e desejar “fazer como no caso Weinstein, encorajar outras a vir a público”. Em Outubro de 2017, foi esse o desencadeador, após duas investigações do New York Times e da New Yorker, de mais denúncias sobre o outrora poderoso produtor americano, mas também de muitas outras queixas e investigações jornalísticas e policiais sobre homens em posições de poder no entretenimento, nos media ou na política. A partilha e reacção online cristalizou-se no momento e hashtag #MeToo e gerou em Hollywood a plataforma de campanha de combate ao assédio Time's Up. Weinstein, entretanto, refugiara-se num centro de tratamento e reemergiu publicamente a 25 de Maio quando se apresentou à polícia para ser formalmente acusado por crimes alegadamente cometidos sobre duas mulheres. Saiu sob fiança e com pulseira electrónica, tendo depois sido acusado formalmente por outra mulher e segunda-feira enfrentou em tribunal novas acusações de outras três mulheres de agressão predatória e violação em primeiro e terceiro graus. Voltou a declarar-se inocente e foi libertado sob fiança.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens violência tribunal mulher violação sexual mulheres assédio
De Hiroxima, para países onde formar mulheres ainda é uma missão de alto risco
O que ficou de Hiroxima? “Esperança”. Com a aprendizagem da reconstrução dessa cidade devastada pela bomba atómica, a UNITAR desenvolve projectos de educação e qualificação em vários países. A responsável da UNITAR em Hiroxima esteve em Portugal. (...)

De Hiroxima, para países onde formar mulheres ainda é uma missão de alto risco
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O que ficou de Hiroxima? “Esperança”. Com a aprendizagem da reconstrução dessa cidade devastada pela bomba atómica, a UNITAR desenvolve projectos de educação e qualificação em vários países. A responsável da UNITAR em Hiroxima esteve em Portugal.
TEXTO: Mihoko Kumamoto termina a conversa como a podia ter começado: partilhando um pensamento que, nas suas palavras, soa tão urgente como o assunto que a trouxe a Portugal. “O que seria preciso para que as novas gerações no Japão ou no resto do mundo olhassem à sua volta para tentar perceber a realidade de países a viver uma guerra ou a recuperar dela?”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra
“Nós, as mulheres portuguesas, também fazemos coisas importantes na tecnologia”
Estão em minoria e têm mais dificuldade em evoluir na carreira. Mas, no mundo tech, ainda liderado por homens, elas também têm uma palavra a dizer: plataforma Portuguese Women in Tech quer ser uma espécie de Behance para mulheres da indústria tecnológica (...)

“Nós, as mulheres portuguesas, também fazemos coisas importantes na tecnologia”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.4
DATA: 2018-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estão em minoria e têm mais dificuldade em evoluir na carreira. Mas, no mundo tech, ainda liderado por homens, elas também têm uma palavra a dizer: plataforma Portuguese Women in Tech quer ser uma espécie de Behance para mulheres da indústria tecnológica
TEXTO: O assunto andava a moê-la por dentro há algum tempo. Liliana Castro tinha mergulhado no mundo das start-ups e do empreendedorismo e detectado a balança desequilibrada quando as contas se faziam em relação ao género: “Havia poucas mulheres e as poucas que existiam tinham poucas oportunidades. ” Quando começou a divulgar-se a programação da Web Summit, em Lisboa, a fundadora e directora criativa da FES Agency decidiu que havia de “fazer alguma coisa para fazer cair a diferença [de representação entre mulheres e homens no evento]”. Conversa aqui, contacto acolá, foi desenhando a ideia de um projecto que viu a luz do dia neste mês. Chama-se Portuguese Women in Tech e quer ser “uma espécie de Behance” para mulheres que trabalham na tecnologia ou em áreas relacionadas. A plataforma arrancou com dez perfis, já conta com 12, e quer continuar a crescer. É um retrato delas, porque é preciso sublinhar a vermelho que, apesar de serem ainda poucas, “fazem a diferença”. “Nós, as mulheres portuguesas, também fazemos coisas importantes na tecnologia”, diz Liliana em jeito de slogan. A selecção das representantes iniciais — as chamadas embaixadoras —, foi sendo feita pela fundadora do projecto, que conta com a FES Agency, a Marzee Labs e o espaço de coworking Porto i/o como patrocinadores. Mas qualquer pessoa pode inscrever-se, respondendo a um inquérito onde fala do seu trabalho nesta indústria, revela um pouco do seu dia-a-dia de trabalho, dá alguns conselhos profissionais e até algumas dicas de apps, software ou ferramentas úteis. É como criar um perfil numa rede social. Basta ser mulher, portuguesa, e ter um link com tecnologia: ser "fundadora de uma start-up, programadora, jornalistas, exploradoras". Portugal está quase no pódio. Dos mal colocadas. É, a par da Itália, o quarto país da União Europeia que emprega menos mulheres no sector das tecnologias de informação e comunicação, as chamadas TIC. Os dados foram revelados pelo Eurostat no início de 2016 e mostram um desequilíbrio gritante: 86% do sector é composto por homens. Mais recentemente, o Linkedin fez também um estudo em dez países e concluiu que a presença de mulheres em empresas de tecnologia é de 30, 4%. E mais: quando se fala de cargos de liderança, a participação feminina baixa para os 20, 6%. Liliana Castro não está a par dos números. Não precisa: “A olho nu é automático ter esta compreensão”, lamenta. Apesar do cenário, a portuense de 27 anos não se entrega a palavras como discriminação ou preconceito. “Não acho que as mulheres sejam desconsideradas, mas é óbvio que o número é baixo. ” A Portuguese Women in Tech nasceu para ser uma montra do que de melhor se faz em Portugal, sem “pretensões comerciais”. Mas, diz Liliana em conversa telefónica com o P3, “isso não significa que dali não surjam contactos profissionais”. Sinergias e rede vão, com toda a certeza, aparecer. Liliana levanta o véu: “Queremos fazer meetups em várias cidades para discutir ideias. Juntar estas mulheres, perceber como podemos fazer coisas em conjunto, criar eventos. ”Segundo dados da Eurostat, 86% do sector das TIC é composto por homensQuando se fala de cargos de liderança, a participação feminina é de apenas 20, 6%, concluiu um estudo do LinkedinFaltam role modelsInês Santos Silva anda nesta batalha há algum tempo. Foi a primeira oradora da Portugal Girl Geek Dinners, está sempre de olho nas iniciativas que vão surgindo, como as Chicas Poderosas. “Conscientemente”, diz nunca se ter sentido discriminada. Mas não tem dúvida sobre o desequilíbrio. E as dificuldades acrescidas à conta dele: “O facto de não termos muitas mulheres role models na área da tecnologia faz com que os percursos sejam mais complicados”, diz a gestora da Aliados Consulting. Basta pensar no seu percurso para o provar. Inês era a menina apaixonada por Playstation e Game Boy, a responsável por arranjar as televisões e montar os sistemas de som lá de casa. “Sempre gostei. Só não lhe chamava tecnologia. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por não saber identificá-lo, quando chegou a hora de escolher um curso superior, Inês foi para uma área da qual conhecia o chão. “Olhando para trás, não estou arrependida, mas admito que se conhecesse duas ou três mulheres que tivessem tirado engenharia informática talvez tivesse tirado isso em vez de gestão”, contou. Sempre que é convidada para ir a uma escola, Inês procura abrir caminho, “mostrar às raparigas que podem ser o que quiserem”. E também que “a nível institucional é possível fazer mais”. Como? “As quotas podem ser uma forma”, responde, mas mais importante do que isso será “, no próprio ensino, incentivar as crianças e adolescentes para estas áreas”. Quebrar preconceitos como as meninas vão para humanidades e os meninos para exactas. Palavra a Nuno Veloso, representante da Porto i/o e do Marzee Labs: “Quando entrei na faculdade, éramos 120 ou 140, contava as meninas pelos dedos de uma mão. Cinco anos mais tarde já era um pouco diferente. Agora mais. ” E, sublinha, "em algumas áreas tecnológicas, como a aplicada à Biologia, elas já estão em vantagem". Na Marzze Labs, há cinco sócios fundadores. Todos homens. Mas Nuno Veloso garante que as mulheres são bem-vindas. “Na nossa equipa de freelancers temos mulheres”. Para Liliana, o importante é ir desbravando caminho. “Foi instituído, desde muito cedo, que os homens fazem coisas e as mulheres ficam na sombra”, começa por dizer para logo depois rematar com uma versão mais positiva: “Isso está a mudar, ainda que muito lentamente. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens escola mulher social género estudo espécie mulheres feminina discriminação
A lingerie de Rihanna já está à venda e é para todas as mulheres
É mais um passo no crescente império de Rihanna: depois de roupa, acessórios e maquilhagem, a cantora lançou a sua própria marca de lingerie, Savage X Fenty. (...)

A lingerie de Rihanna já está à venda e é para todas as mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: É mais um passo no crescente império de Rihanna: depois de roupa, acessórios e maquilhagem, a cantora lançou a sua própria marca de lingerie, Savage X Fenty.
TEXTO: Foi uma semana em cheio para Rihanna: na segunda-feira vestiu-se da versão feminina de um Papa, para o Met Gala, e nesta sexta-feira lançou a sua aguardada marca de lingerie, Savage X Fenty. As peças ficaram disponíveis no site exactamente um minuto após a meia-noite, de quinta para sexta-feira (já há modelos esgotados) e a diversidade de modelos escolhidas para apresentar as peças não passou despercebida. A colecção de lançamento inclui 90 peças, entre sutiãs, cuecas, bodies e acessórios – inclusive algemas. As copas dos sutiãs vão desde o 32A ao 44DD e as restantes peças variam entre o tamanho XS e o 3XL. A colecção nudes (cor de pele) tem uma variedade de 80 tons. Os preços estão todos abaixo dos 100 dólares (cerca de 84 euros), com os sutiãs a começar nos 39 dólares (32 euros) e as cuecas nos 14, 50 dólares (cerca de 11 euros). As peças estão disponíveis para mais de duas centenas de países. A linha de maquilhagem da cantora (Fenty Beauty), lançada no final do ano passado, foi recebida com enormes elogios, precisamente por incluir uma enorme variedade de bases e outros produtos para os diferentes tons de pele. Com a colecção de lingerie, Rihanna pensou, não apenas no tom de pele, mas também nas diferentes formas das mulheres. "A representação é importante. Não consigo expressar o quão reconfortante é ir a um site e ver todas as formas e tamanhos imediatamente. Demasiadas vezes é tipo "isto é giro, mas esta modelo tem um tamanho 0, por isso isto provavelmente não me vai ficar bem", escreve uma utilizadora no Twitter. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "As mulheres deveriam usar lingerie para si próprias", comenta a cantora à Vogue. "Espero conseguir encorajar confiança e força mostrando lingerie com uma outra perspectiva".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres feminina cantora
Denis Mukwege passou a vida a tratar mulheres e a dar-lhes esperança
O médico ginecologista fundou um hospital na República Democrática do Congo onde já foram operadas mais de 20 mil mulheres vítimas de violação. (...)

Denis Mukwege passou a vida a tratar mulheres e a dar-lhes esperança
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O médico ginecologista fundou um hospital na República Democrática do Congo onde já foram operadas mais de 20 mil mulheres vítimas de violação.
TEXTO: Há anos que o nome de Denis Mukwege era dos mais falados para constar na lista dos galardoados com o Prémio Nobel da Paz. Há mais de 20 anos que este médico ginecologista se dedica a operar mulheres vítimas de violações – e a dar-lhes força para voltarem a gostar de si. Há uma história que o médico tem contado e repetido quase sempre que é entrevistado. Certo dia trouxeram-lhe uma mulher que tinha sido violada várias vezes “por homens em uniforme”. “Mas ela não tinha sido apenas violada. Eles tinham disparado contra os seus genitais”, contou Mukwege, que ficou horrorizado com o que viu. Na altura pensou ser uma cosia fora do normal, “o acto de um louco”. “Não imaginava que se iria tornar no trabalho que iria passar a fazer o resto da minha vida. ”A história sangrenta da República Democrática do Congo guiou o médico. Filho de um pastor, começou por estudar obstetrícia num dos países com a mais elevada taxa de natalidade do mundo. Mas a guerra civil que tomou conta do país nos anos 1990 começou a trazer-lhe para a mesa de operações vítimas de violações em estado muito grave. Em 1999 fundou o Hospital de Panzi, em Bukavu, e desde então operou mais de 20 mil mulheres. Em certos dias chegou a operar durante 18 horas seguidas. E era precisamente isso que estava a fazer quando soube que tinha recebido o Prémio Nobel. Foi do hospital que Mukwege agradeceu a decisão do Comité Norueguês do Nobel, que dedicou “às sobreviventes de todo o mundo”. Por causa do seu trabalho, o Hospital de Panzi tornou-se num dos poucos lugares onde as mulheres congolesas se podem sentir seguras. Tão importante como o trabalho clínico de Mukwege é a dimensão psicológica. “Posso ser a única pessoa a quem elas podem expressar o que sentem”, dizia o médico numa entrevista recente à CNN. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O contacto diário com o sofrimento causado pela guerra tornou Mukwege num dos activistas mais ouvidos em África. Tem-se manifestado publicamente contra a continuidade do Presidente congolês Joseph Kabila no poder – as eleições têm sido adiadas indefinidamente – e pede o fim da cultura de dominação patriarcal, que considera responsável pelas atrocidades no seu país e em África. Entre os vários galardões que recebeu está o Prémio de Direitos Humanos da ONU, em 2008, o Prémio Sakharov, em 2014, e o Prémio Gulbenkian, no ano seguinte.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU