Falta de macas na urgência de Torres Vedras está a comprometer socorro no Oeste
O "caos" arrasta-se há um mês, denunciam os bombeiros. O Centro Hospitalar do Oeste serve mais de 292.500 pessoas. (...)

Falta de macas na urgência de Torres Vedras está a comprometer socorro no Oeste
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O "caos" arrasta-se há um mês, denunciam os bombeiros. O Centro Hospitalar do Oeste serve mais de 292.500 pessoas.
TEXTO: Corporações de bombeiros de concelhos do Oeste, servidos pela urgência de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste, denunciaram nesta segunda-feira que há ambulâncias a ficarem retidas no hospital por falta de macas, comprometendo o socorro às populações. "A situação é mesmo caótica e tem retido várias ambulâncias dos corpos de bombeiros. Não estamos a falar numa ou duas ambulâncias, mas cinco por exemplo no dia de ontem [domingo], por falta de macas no hospital. Todos os doentes transportados de emergência para a urgência do hospital de Torres Vedras ficam em cima da maca dos bombeiros horas esquecidas até serem atendidos, paralisando as ambulâncias", denunciou o comandante dos bombeiros da Lourinhã, Carlos Pereira, à agência Lusa. Contactado pela Lusa, o administrador do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Carlos Sá, justificou que a falta de macas se deve ao "período de gripes em que houve um aumento de doentes na urgência, o que leva a um atraso na entrega de macas". O "caos", que os bombeiros dizem que se arrasta desde há um mês, é também confirmado pelo comandante dos bombeiros de Torres Vedras, Fernando Barrão. No caso de Torres Vedras, só não se tem agravado porque a corporação dispõe de algumas macas suplentes. A situação está a ter menos impacto junto das corporações do Cadaval e de Mafra, cujos concelhos são também servidos pelo hospital de Torres Vedras. Ainda assim, os respectivos comandantes confirmam que no último mês já "houve casos de ambulâncias retidas". As corporações alertam que o socorro às populações "está a ser posto em causa", uma vez que algumas já ficarem sem ambulâncias disponíveis nos quartéis e tiveram de pedir ajuda a outras corporações. "No domingo tivemos de recorrer aos bombeiros do Bombarral para responder a uma situação de socorro na Moita dos Ferreiros, na zona de fronteira, e hoje tivemos de recorrer aos bombeiros de Torres Vedras para se deslocarem ao Vimeiro para outro pedido de socorro porque tínhamos quatro ambulâncias paradas na urgência do hospital, situação que se mantém até agora às 20h", exemplificou Carlos Pereira. Dados disponibilizados à Lusa por esta corporação apontam diferentes casos em que as ambulâncias estiveram à espera entre as três e as seis horas. Apesar de tudo, o administrador hospitalar esclareceu que "os tempos de espera têm vindo a aumentar na urgência, mas continuam dentro dos valores recomendados". No domingo, os doentes com pulseira amarela (urgentes) esperaram em média 56 minutos para serem atendidos, enquanto o tempo para os da pulseira verde (pouco urgentes) foi de duas horas e nove minutos, valores semelhantes aos desta segunda-feira. Para melhorar o atendimento, o CHO decidiu aumentar 10 camas de internamento na Unidade de Peniche e transferir doentes da urgência para os serviços de internamento, onde existem camas disponíveis. O CHO vai também reunir na quarta-feira com os bombeiros para avaliar melhor o problema. O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras, e abrange, para além destas, as populações de Óbidos, Bombarral, Cadaval, Lourinhã e parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra, servindo mais de 292. 500 pessoas. Torres Vedras, Mafra, Lourinhã e Cadaval são os concelhos servidos em primeira linha pela unidade de Torres Vedras.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha ajuda
O empreendedorismo também tem causas sociais e o João Vítor é uma delas
São jovens, ainda na casa dos 20. Estudaram empreendedorismo mas, em vez de um negócio, criaram um projecto de solidariedade. Os seus "clientes" são os miúdos. Crianças a quem a saúde trocou as voltas mas que não poupam em alegria de viver. (...)

O empreendedorismo também tem causas sociais e o João Vítor é uma delas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.033
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: São jovens, ainda na casa dos 20. Estudaram empreendedorismo mas, em vez de um negócio, criaram um projecto de solidariedade. Os seus "clientes" são os miúdos. Crianças a quem a saúde trocou as voltas mas que não poupam em alegria de viver.
TEXTO: João Vítor faz tudo o que as outras crianças de seis anos fazem: ri-se muito, joga à bola, canta, dança e põe a mãe maluca com tanto movimento. A diferença é que este menino da Nazaré sofre de Artrogripose Múltipla Congénita, o que o impede de andar, sentar-se, comer ou ser independente para fazer as tarefas mais básicas, como usar a casa de banho. A sua família, por uma escassa margem de alguns euros, está excluída dos apoios do Estado. O que os condena a não conseguir dar ao filho o que ele necessita. Mas há um grupo de jovens que não quis desviar o olhar e mobilizou-se para ajudar o João e outros como ele. Só pedem que os levem a sério. Porque acreditam que Portugal pode ser mais e melhor. “A nossa maior preocupação, por enquanto, é a integração dele na escola, se está adaptada às sua necessidades e se têm capacidades para o ajudar”, diz a mãe de João Vítor, Claudina Baptista. “Não temos medo da interacção dele com outras crianças porque ele é muito sociável, dá-se bem com toda a gente, mas precisamos que ele tenha o mínimo de condições, alguém a acompanhá-lo, porque ele não consegue ser autónomo”. Pode não conseguir andar, mas isso não impede João Vítor de se deslocar: rebolando, vai a todo o lado e até futebol joga com as mãos. “Eu e o Simão somos os melhores jogadores do mundo”, grita triunfante, depois de marcar mais um golo. Simão é o irmão mais novo, de apenas quatro anos. Olha calmamente para o irmão enquanto vai retirando carrinhos do chão por onde o irmão passa, para que ele não se magoe. “Toma, mais um! Estou a ganhar!”, grita outra vez, ainda mais alto, com alegria na voz. Como ainda tem fôlego para tanto não se sabe. “Os meus filhos ajudam-me muito, a minha família tem-me apoiado incondicionalmente, se não fossem eles, mal conseguíamos sobreviver”, afirma Claudina. João Vítor e Simão têm ainda outros irmãos mais velhos, de 23 e 15 anos, que não vivem em casa com a família. João Vítor não tem direito a apoios sociais, apesar dos vários apelos dos pais aos serviços sociais. Durante um breve tempo, teve direito a apoios, que foram depois retirados. Agora a família deve mais de 800 euros à Segurança Social, que são incapazes de pagar. Por 16 vezes foi-lhes negado apoio financeiro. João Vítor não se qualifica por a família ter “rendimentos ilíquidos mensais superiores a 40% do valor do indexante dos apoios sociais”, cujo valor máximo é de 419, 22 Euros. “Eu sou bate-chapas, pinto carros e faço uns biscates, a mãe dele tem de ficar com o João em casa, não pode ir trabalhar, tem de o acompanhar sempre. Se soubéssemos que a escola tinha condições para o receber ainda ela podia arranjar qualquer coisa durante o horário da escola, e sempre era mais esse dinheiro”, desabafa António Silva, o pai. A mãe tem de o conduzir à fisioterapia em Leiria pois as unidades de saúde local sofreram cortes que manietaram a sua capacidade de resposta e a família não pode pagar os 200 euros mensais que custa a ambulância dos bombeiros. Devido à incapacidade física do João Vítor (91% segundo o atestado médico), não é possível usar os transportes públicos. Mas não é possível abdicar da fisioterapia. “Se ele falta a uma só sessão fica pior, com mais dificuldade em se mexer”, refere a mãe. Os pais têm também de pagar as aulas de natação, que eram até há pouco tempo pagas por terceiros. João Vítor adora a água e já andou de barco a motor e praticou vela. É um rapaz cheio de energia e felicidade. Levem-nos a sérioGuilherme Maia, de 19 anos é o fundador da associação “Portugal: Mais e Melhor”, que está neste momento a angariar fundos para ajudar o João Vítor e outras duas raparigas - Mara Marquitos e Lara Bento. “Foi um projecto que comecei com um amigo meu italiano”, conta o estudante de Empreendedorismo da Menlo College, nos Estados Unidos. “Foi para uma aula, fiz o site e o Facebook do projecto e quando voltei para Portugal começámos a acção de campanha. ”Com a namorada, Marta Serrano, e os amigos João Baptista, Ângelo Tomás e Inês Bernardes, formam o núcleo fundador da “Portugal: Mais e Melhor”. Contam também com a ajuda de outros amigos em acções de promoção e divulgação. “O nosso objectivo é ajudar as crianças que não consigam pagar tratamentos médicos ou materiais de recuperação sem a ajuda de terceiros”, diz o fundador da associação que trabalha em conjunto com os pais das crianças para angariar fundos. “Organizamos eventos, torneios desportivos, temos 28 voluntários que nos ajudam a recolher dinheiro para as crianças, colocámos mealheiros para cada um em vários estabelecimentos comerciais e por enquanto estamos satisfeitos com os resultados, mas achamos que podemos sempre fazer mais”, sublinha. Para além destas acções directas, a organização aceita também doações por PayPal, transferência bancária e faz campanhas na página do Facebook da “Portugal: Mais e Melhor”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola filho ajuda social medo
GNR de Braga deteve 18 pessoas e apreendeu 2,6 quilos de haxixe e liamba
Segundo a GNR, parte dos artigos apreendidos resultaram de vários furtos em domicílios da região. (...)

GNR de Braga deteve 18 pessoas e apreendeu 2,6 quilos de haxixe e liamba
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segundo a GNR, parte dos artigos apreendidos resultaram de vários furtos em domicílios da região.
TEXTO: A GNR de Braga realizou neste sábado 26 buscas domiciliárias nos concelhos de Braga, Vila Verde, Amares e Ponte da Barca, que levaram à detenção de 18 pessoas e à apreensão de 2, 6 quilogramas de droga e nove armas. De acordo com um comunicado da GNR, o Comando Territorial de Braga da GNR efectuou a operação entre as 5h e as 15h45, no âmbito de "uma investigação relativa aos crimes de tráfico de estupefacientes, receptação de artigos furtados e detenção de armas proibidas". Foram detidas 18 pessoas, entre as quais duas mulheres de 17 e 46 anos, e foram aprendidos 1, 6 quilogramas de haxixe (8000 doses individuais) e um quilograma de liamba. A GNR de Braga apreendeu ainda seis pistolas, um revólver, duas caçadeiras, cerca de 2000 euros, material pirotécnico, vestuário contrafeito, quatro plasmas, dois motociclos, vários telemóveis, computadores portáteis e tablets e várias motosserras, berbequins, rebarbadoras, máquinas de soldar e compressores. Segundo a GNR, "grande parte dos artigos apreendidos resultaram de vários furtos em domicílios nas zonas de Braga, Amares, Vila Verde, Esposende e Ponte da Barca".
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Entidades GNR
Deputado António Filipe junta-se a João Ferreira para combater a abstenção no Cacém
António Filipe diz que há “desencanto e frustração” em muitas pessoas que sentem que “o seu voto foi traído”. (...)

Deputado António Filipe junta-se a João Ferreira para combater a abstenção no Cacém
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: António Filipe diz que há “desencanto e frustração” em muitas pessoas que sentem que “o seu voto foi traído”.
TEXTO: Não foi tarefa fácil a do candidato da CDU, João Ferreira, e do deputado comunista, António Filipe, de convencerem os transeuntes e comerciantes da principal avenida do Cacém, no concelho de Sintra. Encontraram muita gente que lhes disse não ir votar no domingo. “Os políticos são todos iguais”, ouvia-se aqui e ali. Esta é uma frase que continua a incomodar os ouvidos de João Ferreira. O eurodeputado bem se esforça por tentar contrariar explicando que a CDU é diferente, que os três partidos que trouxeram a troika é que andam sempre juntos, mas encontra muito cepticismo. Talvez por isso não se tenha importado de passar mais de cinco minutos – e uma arruada cinco minutos parada é uma eternidade – a tentar convencer uma lojista a ir votar. Não na CDU, mas apenas a ir votar. Francisca, de 41 anos, vai dobrando uma ou outra peça de roupa de criança que tem na bancada e abana continuamente a cabeça a dizer que não, que não vai votar porque são todos iguais, que todos os partidos ali passam nas eleições mas depois não querem saber. “Custa-me não ir votar, sempre votei, mas este ano não vou”, diz, decidida, por mais argumentos que os comunistas lhe vão dando. “Isto é como se o seu administrador do condomínio decidisse aumentar as quotas. Se forem muitos a contestar, valerá de alguma coisa”, explica António Filipe. A lojista fala numa “desilusão enorme”, que as eleições “dão sempre na mesma coisa”. João Ferreira não desiste. “Nos outros já sabe o que deu, é verdade. Mas não são todos iguais”, repete uma e outra vez. Fala nas propostas, relatórios, perguntas no Parlamento, e convida Francisca a ir ao site da CDU onde está o relatório – “são umas 200 páginas, também não é muito. . . chama-se Balanço da actividade dos deputados no Parlamento Europeu”. A lojista olha de lado para o candidato e diz, em tom de desafio, “olhe que eu vou”. Então vá e pense bem, responde-lhe João Ferreira. “Já me convenceu a ler; se vou votar não sei”, remataria depois Francisca. Quando a comitiva sai da loja, suspira “se eu sou persistente, ele também é”. Aos jornalistas volta a dizer que não vai votar. “Ninguém esclarece; só falam uns contra os outros – ‘tu tiraste’, ‘não fazes’, ‘votaste contra’. Liga-se a televisão e só discutem entre eles; nada de falar para as pessoas. ” E insiste “Eu não ouvi propostas diferentes. Nem iguais. Nenhumas; só picardias. ”Avenida dos Bons Amigos abaixo, descendo primeiro pela esquerda e só depois pela direita – estas tendências de orientação são intrínsecas por aqui – João Ferreira não se faz rogado. Pode não ter uma conversa muito diversificada para homens e mulheres que vai encontrando na calçada ou do lado de lá da montra, mas entra em quase todas as portas, sejam de cafés, lojas de roupa de cerimónia, de lingerie, papelaria, cabeleireiro, sapataria (onde recebeu uma afável palmada nas costas), talho, loja de tintas ou o outlet da associação de apoio Remar. Delfina Monteiro, avançada nos setentas, espera pelo autocarro sentada na paragem, diz a João Ferreira que os políticos “tapam o sol com a peneira”. Quando o viu pelas costas haveria de confessar que vota sempre CDU – sempre se votou assim lá em casa, ainda o marido era vivo, e a filha segue o caminho. Mas fez frente ao candidato, pondo-o no mesmo saco dos outros todos – o tal muro contra o qual João Ferreira passa a vida a bater. “Mas são mesmo todos iguais, iguaizinhos!”Em jeito de provocação, um jornalista pergunta-lhe se não acha que é o candidato mais bonito de todos. “Hã? Eu quero lá saber se o candidato é bonito para alguma coisa. Com a minha idade? Ainda se fosse nova… está bem, mas assim?” E levanta-se apressada, que está a chegar o 112 (o autocarro) para Oeiras. Entre latas de tintas e posters com dezenas de referências coloridas, João Ferreira mete conversa com a lojista e ela tenta despachá-lo porque tem um cliente à espera. Recebe o papel, arruma-o com cuidado debaixo do vidro da bancada. “Obrigada e boa sorte”, diz. “Precisamos mais de votos do que de sorte”, responde João Ferreira. “Mas a sorte também ajuda”, insiste, olhando para o cliente. O candidato não desarma e consegue que a lojista de tintas lhe dê mais alguns segundos de atenção. Mobilizar é a palavra de ordem. À voz do cabeça de lista da coligação juntou-se a do deputado António Filipe que diz “perceber o descontentamento das pessoas relativamente à actividade política” e recusa sentir-se frustrado por os portugueses terem essa ideia dos políticos.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA
Geraldine McEwan: morreu a Miss Marple magrinha e atrevida
Conhecida em Portugal pela série Miss Marple, actualmente em exibição no canal Fox Crime, Geraldine McEwan foi uma das grandes actrizes inglesas da sua geração, com uma longa e premiada carreira nos nos palcos, no cinema e na televisão. (...)

Geraldine McEwan: morreu a Miss Marple magrinha e atrevida
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conhecida em Portugal pela série Miss Marple, actualmente em exibição no canal Fox Crime, Geraldine McEwan foi uma das grandes actrizes inglesas da sua geração, com uma longa e premiada carreira nos nos palcos, no cinema e na televisão.
TEXTO: Morreu na sexta-feira aos 82 anos a actriz inglesa Gerladine McEwan, muito conhecida e admirada no Reino Unido pela sua carreira no teatro – partilhou os palcos com actores como Laurence Olivier ou John Gielgud –, mas cuja notoriedade internacional se ficou a dever mais aos papéis que desempenhou no cinema e, sobretudo, a algumas das suas interpretaçõe em séries televisivas. Já septuagenária, protagonizou os doze episódios de uma nova série inspirada nos livros de Agatha Christie protagonizados por Miss Marple, actualmente em exibição na Fox Crime. Para quem se habituara a anteriores interpretações de Miss Marple, como as de Margaret Rutherford, Angela Lansbury ou Joan Hickson, a versão de McEwan pode causar estranheza, mas não é certo que seja menos fiel à personagem de Agatha Christie. Esta Miss Marple, magrinha, atrevida e pouco respeitosa das convenções provocou alguma controvérsia no Reino Unido, mas é nos enredos que a série se afasta mais nitidamente das histórias de Agatha Christie. Nos quatro primeiros episódios, dois envolvem, por exemplo, ligações lésbicas que não existem nos livros respectivos, embora possa argumentar-se que o tópico é subtilmente sugerido em vários livros da autora. Na sua tentativa de modernizar a figura da avozinha detective da imaginária vilória de St. Mary Mead, a série não se coíbe também de pequenas provocações deliberadas, como a de mostrar Miss Marple, na qual se pode ver um alter-ego da rainha do policial de dedução britâncio, a ler avidamente romances e ensaios do mestre do policial americano, Raymond Chandler. A actriz costumava ironizar com o facto de muitos dos seus principais papéis terem já antes sido interpratados por actores célebres, como aconteceu com o de Jean Brodie, a heroína do romance The Prime of Miss Jean Brodie (Miss Jean Brodie na Flor da Idade, na edição da Presença), de Muriel Spark. McEwan foi Jean Brodie na série televisiva de 1978, após a prestigiadíssima Maggie Smith ter já brilhado no mesmo papel em 1969, no filme Quando a Primavera Acaba, de Ronald Neame. Depois de ver a série, a própria Muriel Spark afirmou preferir a interpretação de McEwan. A actriz, que morreu no hospital de Charing Cross, em Londres, três meses após ter sofrido um AVC, estreou-se no cinema em 1953 com um papel secundário no filme There Was a Young Lady, de Lawrence Huntington. No ano seguinte foi convidada para protagonizar a série de televisão Crime On Your Hands, a sua primeira incursão no policial, precisamente 50 anos antes de começar a gravar, em 2004, os primeiros episódios de Miss Marple. Altamente versátil, nos palcos tanto interpretava comédias contemporâneas como tragédias de Shakespeare, e a sua carreira no cinema mostra essa mesma diversidade. Entrou em comédias como No Kidding (1961), de Gerald Thomas, em filmes de aventuras como Robin Hood: Príncipe dos Ladrões (1991), de Kevin Reynolds, e foi ainda uma assustadora irmã Bridget, uma freira cruel e abusadora, em As Irmãs de Maria Madalena (2002), de Peter Mullan. Nascida em 1932 numa família de ascendência irlandesa, Geraldine McEwan revelou um invulgar talento para a matemática quando frequentava o liceu, mas acabou por seguir a carreira teatral. Ela própria dizia que o momento de viragem ocorreu quando tinha 10 anos e um professor de elocução lhe deu uma fala de Lady Macbeth para estudar em casa. A escolha, reconhece a actriz, poderia não ser a mais adequada para uma rapariga de dez anos, mas McEwan diz ter percebido instintivamente o texto de Shakespare, que achou “maravilhoso”. Pouco tempo depois, aos 14 anos, estreava-se no Theatre Royal de Windsor, participando no elenco de uma produção de Sonho de Uma Noite de Verão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime rainha rapariga
Em dia de festas, a curiosidade de Soares mudou as ideias de um mascarado
Perante 300 convidados, de "todos os sectores", Soares agradeceu a ciência de António Damásio e o exemplo dos jovens. Optimista como sempre, ouviu ainda António Costa desafiar (com um sorriso) Jorge Sampaio para se recandidatar à Presidência. (...)

Em dia de festas, a curiosidade de Soares mudou as ideias de um mascarado
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Perante 300 convidados, de "todos os sectores", Soares agradeceu a ciência de António Damásio e o exemplo dos jovens. Optimista como sempre, ouviu ainda António Costa desafiar (com um sorriso) Jorge Sampaio para se recandidatar à Presidência.
TEXTO: Vagner Soares tem 17 anos e destaca-se do grupo. Veste uns calções com a bandeira de Cabo Verde e tem o rosto coberto com uma máscara de Guy Fawkes, popularizada pelo filme V de Vingança, símbolo do “hacktivismo” das novas gerações. A completar o quadro, Vagner usa uma colorida cabeleira falsa de palhaço e, de vez em quando, enrola-se num cobertor que vai rodando pelos seus amigos. O grupo de adolescentes e jovens que se concentra desde manhã à porta do Centro de Congressos de Lisboa espera pela abertura da festa Holi Christmas, uma espécie de rave em horário de matinê, com DJs e “holi blasts”, “lançamento de pós coloridos”. Isso talvez justifique que rapazes e raparigas esperem ao frio com calções curtos e tops de alças. Lá dentro, quanto menos roupa mais efeito terá o colorido dos pós (cada saquinho custa 1, 5 euros, mas um bilhete de entrada, por 18 euros, dá direito a dois sacos). Não podia ser maior o contraste, geracional, de indumentária e propósitos, dos dois grupos que vinham festejar este domingo à antiga FIL, junto ao Tejo. Quando os primeiros convidados para o almoço comemorativo do 90º aniversário de Mário Soares começaram a chegar, houve surpresa do lado dos miúdos. Tanta gravata junta, e tanta comunicação social à volta só podia querer dizer uma coisa: “Políticos…”. Por entre risos, alguns iam passando atrás das câmeras, mostrando cachecóis do Sporting. Outros tentavam gritar para os microfones: “Ladrões. ” Vagner andava, de um lado para o outro, sempre com a máscara posta. Só um dos engravatados parou para o cumprimentar. O próprio aniversariante, Mário Soares, acompanhado por Maria Barroso, estendeu a mão para Vagner e recebeu de volta um cumprimento. Vagner ainda não estava em si. “Era o Mário Soares? Fogo… Noventa anos? É um grande guerreiro. ”A curiosidade é um bom antídoto contra os julgamentos precipitados. E, no fundo, o desafio que a máscara de Vagner representa, hoje, já Soares o protagonizou, muitas vezes, ao longo de quase um século. A medida desse tempo passa, em frente do olhos da nova geração de rebeldes que espera pela festa: Mário Ruivo, Edmundo Pedro, Eduardo Lourenço, contemporâneos de Soares, homens que viveram a morte de Hitler, Estaline e Salazar. E é precisamente a passagem do tempo que todos vêm comemorar. “É bonito chegar aos 90 anos”, resume, à entrada, Jorge Sampaio. No restaurante Espaço Tejo, que fica no primeiro andar do centro, estão postas 28 mesas com 11 lugares. Os copos que se destacam são vermelhos e vêm, apropriadamente nesta circunstância, do depósito da Marinha Grande. Há cinco mesas reservadas. Na do aniversariante sentam-se Almeida Santos, velho amigo e advogado, António Costa, líder do PS, Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente do Brasil, João Soares, filho, Jorge Sampaio, ex-Presidente da Republica, Maria Barroso, sua mulher “há 66 anos”. Soares senta-se entre as mulheres de Costa e de Sampaio. E tem de abraçar e beijar toda a gente, “amigos e não amigos”, como diria, desconcertante, assim que pegou no microfone para agradecer a festa. Vítor Ramalho e José Manuel dos Santos, seus colaboradores há décadas, organizaram tudo. Até há bem pouco tempo, a ocasião era para ser privada, e pequena. “Viu-se que não era possível”, explica Ramalho ao PÚBLICO. Fechar a lista nos 300 nomes foi uma tarefa difícil. Os dois candidatos derrotados por Soares nas duas eleições para a Presidência, Freitas do Amaral e Basílio Horta, vieram. Tal como Adriano Moreira, ex-líder do CDS. Na sala estão também os dois últimos jornalistas que entrevistaram Soares, Clara Ferreira Alves e Mário Mesquita. O último acaba de publicar um livro que reúne algumas das entrevistas que fez ao histórico fundador do PS, antes e depois do 25 de Abril, e que termina com um “epílogo” inédito: uma entrevista recente, feita por escrito, em que Soares revê algumas das suas posições sobre a primeira República, confessa que nunca conseguiu ler Marx ( “nunca tive a capacidade de o entender”), fala da descolonização, zurze em Tony Blair (“Nunca gostei dele e nunca me enganou”). Publicado pela Tinta da China, o livro de Mário Mesquita, (“Mário Soares na Construção da Democracia”), revela um Soares optimista: “Tudo vai ter de mudar”. Na sala, perante os convidados, não será menos. Lembra que esteve, no sábado, num encontro da Juventude Socialista, e viu ali motivos de esperança: “Como é possível dizer que nunca vamos conseguir mudar isto?”
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
As “praxes” e o poder
Ao fim de décadas de debate, torna-se patente que a acção pedagógica promovida pelas entidades do mundo estudantil não tem surtido efeitos palpáveis. (...)

As “praxes” e o poder
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao fim de décadas de debate, torna-se patente que a acção pedagógica promovida pelas entidades do mundo estudantil não tem surtido efeitos palpáveis.
TEXTO: Não sei se é ou não verdadeira a afirmação de Vasco Pulido Valente de que a cultura “praxista” varia “na proporção inversa da qualidade académica da instituição” (PÚBLICO, 25/1/2014), mas, como é de regra, a imitação é sempre pior do que o original e é talvez por isso que os casos mais graves de abusos neste domínio têm surgido em instituições privadas e com pouca tradição académica (no verdadeiro sentido da expressão). Sabemos bem que “o original” – no caso, a Universidade de Coimbra – não é exceção na tendência geral de massificação dos consumos estudantis. Mas foi sobretudo a partir do boom de institutos e universidades privadas de ensino superior (na década de 1980) que começaram a florescer pelo país as cenas caricatas e comportamentos humilhantes exercidos pelos mais velhos sobre os “caloiros”, onde se confunde o ritual de passagem com a masoquista submissão ao abuso, onde se confunde “tradição” com o despotismo pessoal mais arbitrário. Os observadores e analistas têm sido unânimes a condenar esse processo de adulteração e de excesso onde o mote é a violência e que tem suscitado diversos casos lamentáveis e algumas mortes, de um modo ou de outro, relacionadas com a “praxe” académica. Com maior ou menor gravidade, os casos sucedem-se anualmente. Há cerca de dois anos, publiquei neste jornal: “Nos últimos dias, foi notícia mais um caso, em Coimbra, envolvendo duas jovens estudantes de Psicologia, que terão sido agredidas por recusarem alinhar nos castigos da ‘praxe’ e a assinar uma declaração antipraxe. Na sequência da denúncia, o Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra declarou a suspensão da ‘praxe académica’ por tempo indeterminado. Porém, logo no dia seguinte assisti, junto a uma cantina, a mais um exercício humilhante em que um estudante mais velho aplicava a praxe a duas raparigas, estendidas no chão a fazerem flexões de braços (2/4/2012). As alarvices e os abusos começam na semana de receção ao caloiro, passam pela Festa das Latas e vão até à Queima das Fitas, o seu pico mais alto. Em qualquer lugar público, as cenas sucedem-se: as/os ‘doutoras/es’ a dar ordens a grupos de ‘caloiras/os’ que se perfilam como na tropa, olhando para o chão em obediência servil; depois, colocam-se ‘de quatro’ e gritam em coro ‘sou caloira e sou burra!’ (cena em Coimbra, 1/3/2012). Em Leiria, no centro da cidade, uma fila de caloiras deitadas no chão rebola-se perante os gritos militaristas das suas superioras (cena observada a 7/3/2012). A postura machista, marialva e de subalternização da mulher é, aliás, um traço marcante da atual cultura estudantil, para a qual eles e elas contribuem alegremente, exaltando a hierarquia e naturalizando as mais diversas formas de arrogância e abuso de poder” (PÚBLICO, 6/4/2012). Mais do que condenar os “abusos” ou apelar à “proibição” dessas práticas, importa conhecer melhor a razão da sua multiplicação para, depois, se exercer alguma ação corretiva (pedagógica ou repressiva, ou ambas). No plano subjetivo, o diagnóstico está feito e o último artigo de José Pacheco Pereira sintetiza bem a lógica de poder simbólico que anima a cultura praxista: “Ao institucionalizar a obediência aos mais absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te” (J. P. P. , PÚBLICO, 25/1/2014). Ao fim de décadas de debate e de um constante diálogo que temos mantido com os estudantes (praxistas e antipraxistas) de Coimbra, torna-se patente que a ação pedagógica promovida pelas entidades do mundo estudantil (a começar pelo Conselho de Veteranos) não tem surtido efeitos palpáveis. Muitos estudantes alegam que os abusos nada têm a ver com a “verdadeira” praxe, que é integradora e se oferece como oportunidade de socialização dos caloiros, sendo que muitos destes argumentam que o ritual da praxe é onde se geram as amizades mais sólidas. Em favor dessas opiniões, importa reconhecer que nem todas as praxes são violentas e humilhantes, e que continuam a existir brincadeiras inteligentes, que veiculam uma irreverência juvenil saudável que importa preservar no meio estudantil. Receia-se, porém, que esses casos sejam hoje a exceção e que o processo de perversão seja imparável. Faz sentido uma proibição pura e simples? Creio que não. Seria possível instituir uma receção amigável ao caloiro? Seria, mas para isso era preciso que as universidades tivessem disponibilidade e condições para intervir mais ativamente neste campo; e, acima de tudo, era preciso que as estruturas associativas dos estudantes trabalhassem nesse sentido e rompessem com a lógica de poder e de ambição individual que as aprisiona (que no fundo se ligassem à realidade que representam em vez de se satisfazerem em ser eleitas por dez ou vinte por cento dos estudantes).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência cultura campo mulher abuso
Expliquem-me, que eu ainda não percebi...
Temos um Estado que incentiva a prática do aborto, nomeadamente a sua reincidência. (...)

Expliquem-me, que eu ainda não percebi...
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Temos um Estado que incentiva a prática do aborto, nomeadamente a sua reincidência.
TEXTO: No último referendo ao aborto extremaram-se posições da parte de quem defendia o sim e da parte de quem defendia o não. O sim ganhou e ficou claro para todos que a maioria dos que votaram pretendiam despenalizar o aborto. Dos múltiplos debates podemos concluir que os portugueses não consideravam que o aborto fosse algo de positivo, mas que para aquela maioria de votantes esse era um “mal menor” face às condições adversas em que a mulher vivia e que por isso a prática do aborto deveria ser despenalizada. Ora, no actual quadro legal o que está a ser posto em prática está longe de ir ao encontro do sentido de voto. Perante situações de fragilidade económica e social é frequentemente aconselhado o aborto como solução. As mulheres não são informadas sobre as alternativas existentes, nem sobre as consequências das suas opções. Justifica-se assim perguntar: não seria mais justo e alinhado com o sentido do voto a obrigatoriedade de as mulheres serem informadas de alternativas ao aborto – alternativas de apoio económico, social, psicológico, entre outras; existir aconselhamento antes da realização da interrupção voluntária da gravidez (IVG); em caso de reincidência, serem criados mecanismos de acompanhamento das razões que levaram a mulher repetir a IVG e ser feito trabalho de prevenção para que tal não volte a acontecer?Por outro lado, não se justificará o fim da isenção das taxas moderadoras para mulheres que reincidam na IVG; do subsídio de maternidade pela realização da IVG; da prioridade do acto médico IVG, quando comparado com outros actos médicos (hoje o aborto tem prioridade, face a à realização de uma intervenção que possa salvar uma vida)?A prática actual não cumpre a lei, nem respeita o sentido do voto do referendo; pelo contrário, promove o aborto livre dentro do prazo estabelecido como se de uma prática contraceptiva se tratasse. A falta de informação, a ausência de formação em planeamento familiar e os próprios subsídios que foram criados incentivam a mulher a optar pela IVG. Os cidadãos não votaram esta lei – votaram no aconselhamento prévio e no aborto apenas para situações de excepção. Considera-se pois necessário ajustar a lei ao sentido de voto. E daí a iniciativa legislativa de cidadãos Lei de Apoio à Maternidade e à Paternidade – Do Direito a Nascer (www. pelodireitoanascer. org), entregue na Assembleia da Republica neste 18 de Fevereiro. Se esse ajuste não tiver lugar no Parlamento, não estamos a ser honestos! Temos um Estado que incentiva a prática do aborto, nomeadamente a sua reincidência. Expliquem-me se foi nisto que votaram, ou eu percebi mal?Presidente da Associação de Promoção e Defesa da Vida e da Família – Vida Norte
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
“Na Saúde todos os extintores estiveram voltados para a parte financeira”
O novo presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia alerta que os serviços públicos estão numa situação de "ruptura". Apela a reformas que passem por integrar as maternidades em hospitais e por criar uma rede que permita diagnosticar os casos oncológicos mais cedo. (...)

“Na Saúde todos os extintores estiveram voltados para a parte financeira”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O novo presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia alerta que os serviços públicos estão numa situação de "ruptura". Apela a reformas que passem por integrar as maternidades em hospitais e por criar uma rede que permita diagnosticar os casos oncológicos mais cedo.
TEXTO: Recursos humanos é a expressão mais repetida pelo ginecologista Daniel Pereira da Silva na primeira entrevista ao PÚBLICO depois de ter sido eleito no dia 15 de Fevereiro presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG). Aos 64 anos, o antigo chefe de serviço do Instituto Português de Oncologia de Coimbra mostra-se especialmente preocupado com a crise e com o “esvaziamento” de profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde e descreve um cenário de equipas desmotivadas com os internos a assumirem demasiadas funções depois de anos em que " todos os extintores estiveram voltados para a parte financeira". Ao mesmo tempo, assume que sem a oferta privada teria já havido uma “ruptura” e apela a uma verdadeira reforma. Para o médico é urgente mudar políticas e pensar de forma mais integrada a questão da natalidade. Alargar a idade dos tratamentos de procriação medicamente assistida e legislar sobre a gestação de substituição são pontos que quer ver resolvidos para evitar uma “segregação social”. A integração de todas as maternidades em hospitais e a criação de uma rede de referenciação em oncologia são algumas das prioridades que aponta, numa altura em que assiste a um aumento de casos de cancro do colo do útero diagnosticados demasiado tarde. Acaba de chegar à presidência da FSPOG, que congrega várias especialidades. Que prioridade destaca na área da ginecologia e obstetrícia num momento difícil que o país atravessa?Estes momentos de crise também são momentos de oportunidade. Não tenho nada contra os aspectos financeiros, mas o foco deve ser na eficácia e nos ganhos em saúde, neste caso em concreto para a mulher. Os serviços estão neste momento pobres para as necessidades. Há aspectos muito importantes que estão em causa. Temos feito uma evolução por força da crise mais virada para as questões financeiras e a contenção de custos e eu diria que estes aspectos conjunturais têm levado a desinvestimentos. Isso vai-se reproduzir por muitos anos. É forçoso que encontremos aqui uma perspectiva crítica desapaixonada, se possível despartidarizada, porque isto é uma questão política sobre o que queremos fazer em termos estruturais. O que verificamos é que em todo o país as unidades de ginecologia e obstetrícia estão muito carenciadas de recursos humanos. O que se passou com a urgência de uma forma geral passa-se nesta área. Com muita frequência recebemos informações de equipas que não estão devidamente estruturadas e de internos da especialidade que estão a fazer de especialistas. Não deviam estar a exercer esse grau de responsabilidade. Os últimos anos têm sido marcados por algumas tentativas de reforma hospitalar, mas que se têm protelado. Como vê o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e a questão das maternidades integradas em hospitais?Já fizemos alguma optimização dos recursos com o encerramento de maternidades. Mas temos um problema grave na área de Lisboa com a MAC. Inserir a MAC numa estrutura hospitalar mais alargada é algo que ninguém põe em causa. Hoje não é aceitável que uma maternidade esteja fora de um ambiente de um hospital. É fundamental que o caso se resolva porque há um manancial fantástico de capacidade instalada e de recursos humanos subaproveitados. Na região de Coimbra também há um impasse que não é aceitável. Os dois hospitais juntaram-se por portaria, mas na prática a ginecologia e obstetrícia mantiveram-se a funcionar nas duas maternidades em separado. Também não é recomendável o que se fez com o Centro Materno Infantil do Norte. O que é recomendável é que uma estrutura daquelas esteja integrada numa unidade hospitalar que permita responder a necessidades como a hipertensão, a insuficiência renal, e outras patologias que necessitam de especialistas. A maternidade isolada não tem recursos para esses especialistas. Em parte o excesso de oferta deve-se também à queda da natalidade. Que consequências tem tido a redução do número de partos?A natalidade é um problema político gravíssimo. Não vejo políticas activas de promoção da natalidade. O que vemos é as mulheres cada vez mais no desemprego. O futuro do país em termos de Segurança Social e de todo o desenvolvimento passa por aí. A queda da natalidade, além de comprometer o nosso futuro, cria-nos a nós [ginecologistas e obstetras] problemas em termos de formação dos recursos humanos. Temos um número cada vez menor de partos mas não temos um número menor de patologias. São mulheres com cada vez maior idade a ter filhos. Essas mulheres têm mais problemas, mais desafios. Essas mulheres exigem mais recursos e mais recursos diferenciados. Não servem as tentativas de substituir médicos por enfermeiros. É necessário concentrar alguns recursos para oferecer cuidados de excelência, tanto na área dos partos como da oncologia ginecológica. Discute-se há demasiado tempo a área da referenciação em oncologia e alguns tumores não têm a taxa de sobrevida como nos países mais desenvolvidos por faltar essa rede.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos mulher social mulheres desemprego infantil
Cristiana Águas: O fado tornou-se uma coisa séria, de que nunca mais me consegui libertar”
Deu voz a Amália enquanto jovem no filme homónimo e agora lança um disco com pontes para o Brasil. Nome? Cristiana Águas. (...)

Cristiana Águas: O fado tornou-se uma coisa séria, de que nunca mais me consegui libertar”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.29
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Deu voz a Amália enquanto jovem no filme homónimo e agora lança um disco com pontes para o Brasil. Nome? Cristiana Águas.
TEXTO: É mais um rosto, entre os novos nomes do fado, a surgir na capa de um disco. Que faz pontes entre sons de Portugal e Brasil. Padrinho? Pierre Aderne. Ela é Cristiana Águas. Nasceu a 7 de Março de 1988, em Setúbal, uma cidade que lhe “diz muito” e da qual diz ter “muito boas recordações”. Pai e mãe não tinham ligações à música, os avós sim. “A minha avó, como alentejana que era, cantava aqueles cânticos, aquelas modas, e o meu avô tocava acordeão. Mas não profissionalmente. ”Muito nova, Cristiana cantava vários géneros: canções ligeiras, populares, baladas. Músicas que passavam na rádio. “Mais tarde foi-me apresentado o fado, através de uma professora de canto. Eu já tinha pisado palcos a cantar, nomeadamente o do Luísa Todi, mais como brincadeira, tinha uns 8 ou 9 anos, ainda. Essa professora disse-me que achava que eu tinha uma voz e uma forma de estar que lhe lembrava muito o fado. ” E apresentou-lhe a voz e a arte de Amália. “Foi uma paixão avassaladora. Pedi à minha mãe para comprar os discos e cassetes possíveis. Depois comecei a ouvir outros fadistas. Como o Max. ” Estava ainda longe de saber que iria dar voz a Amália no filme de Carlos Coelho da Silva (fez de Amália mais nova numa parte do filme, só voz, o rosto era o de Sandra Barata Belo). Mas, antes, foi cantando em colectividades até chegar às casas de fado. Em Setúbal, em Lisboa, em concursos de fado. “Para ir treinando. Mas acabou por se tornar uma coisa séria, de que nunca mais me consegui libertar. ” O presidente da Fundação Amália falou um dia nela ao guitarrista Mário Pacheco, ele ouviu-a cantar e desafiou-a para entrar no elenco do Clube de Fado. Ora foi precisamente aí que Pierre Aderne, músico brasileiro que tem fortes laços com Portugal, a ouviu. E resolveu desafiá-la a gravar um disco. Assim nasceu Cristiana Águas, o disco que ele produziu e está agora a ser lançado. Ela não o conhecia, nunca tinha ouvido falar dele, quem os apresentou foi Cuca Roseta, amiga de ambos. Pierre tinha na cabeça um projecto para alguém fadista, “mas que cantasse outras sonoridades sem deixar de ser fado”. A voz de Cristiana pareceu-lhe adequada ao projecto e avançaram. Há temas do próprio Pierre, vários, mas também de Luiz Caracol, Domingos Lobo, Mário Pacheco, Diogo Vassalo ou Philippe Baden Powell. E há duetos, três: dela com Pedro Moutinho, com Cuca Roseta e com Ney Matogrosso, num tema dos mais emblemáticos dos Secos & Molhados, Sangue Latino. Este gravaram-no juntos no Brasil, ela foi lá. “É impressionante, a maneira como ele se transforma a cantar, como ele vive a canção, o timbre. . . É maravilhoso, transcendente. ”Do disco, não consegue escolher uma canção que lhe seja mais próxima. São todas. “Porque marcaram a fase mais importante da minha vida, que foi ser mãe. Foram as músicas que embalaram a minha gravidez, o nascimento da minha menina. ” O disco acabou por ser, assim, um “irmão” sonoro, outro filho. Que já começou a gatinhar.
REFERÊNCIAS: