O perigo das utopias
Em Regarder les morts (2011), o outro filme em que Jean-Gabriel Périot aborda a tragédia do grupo Baader-Meinhof, o cineasta encontra a pintura de Gerard Richter. E ambos reflectem sobre os dilemas que marcaram a vida e a morte daqueles jovens alemães. (...)

O perigo das utopias
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Regarder les morts (2011), o outro filme em que Jean-Gabriel Périot aborda a tragédia do grupo Baader-Meinhof, o cineasta encontra a pintura de Gerard Richter. E ambos reflectem sobre os dilemas que marcaram a vida e a morte daqueles jovens alemães.
TEXTO: “Penso que não devíamos ter ideologias ou utopias. Não precisamos de crenças, de religião, do Khomeini, do catolicismo, do marxismo: todas as crenças são perigosas e erradas”. Esta é uma frase de um céptico esclarecido que testemunhou a loucura dos homens quando conduzidos pela força das ideias. Gerard Richter, artista, (1932-) cresceu nas ruínas de Dresden, viu, com 20 anos, as primeiras fotografias dos campos de concentração e viveu a adolescência sob o regime comunista da antiga RDA. A sua biografia é indissociável das tragédias que marcaram a História da Alemanha. E um núcleo significativo da sua obra debate-se com esse vínculo doloroso. Em 1988, pintou October 18, 1977, série de 15 telas baseadas em fotografias do Grupo Baader-Meinhof. Quase todas alusivas à prisão e à morte de Ulrike Meinhof, Gudrun Ensslin, Andreas Baader, assinalam, na perspectiva de um autor como Hal Foster, alguns dos traços principais da pintura do alemão: a suavidade monótona das cores, a indiferença blasé da tinta, a reconciliação aparente da pintura com a fotografia, a (quase) intangibilidades das imagens turvas, embaciadas. Uma neutralidade que, escreve ainda o ensaísta americano, permitiria às pinturas, mais do que às fotografias, conservar imagens da memória. São imagens da memória (da morte) do século XX e da Alemanha (então RFA) que o homem e a mulher de “Regarder les morts” (2011), contemplam num museu. Esta curta de Jean-Gabriel Périot, inspirada no conto de Don DeLillo, faz de October 18, 1977 o mote de uma conversa em que abundam as dúvidas, os equívocos, a incompreensão mútua. A mulher é quem mais verbaliza as suas opiniões e emoções. Não consegue deixar de visitar aquele museu para ver aquelas pinturas. O que a impele? Talvez a necessidade de velar as imagens ou de procurar nelas algum tipo de conforto, de cura, de sentido. Afirmará que o perdão não é alheio aos terroristas, que o que fizeram, embora errado, tinha significado. Vê tristeza naquelas figuras, naquelas pinturas, mas não desenvolve pontos de vistas ou certezas. “Não sei”, é a resposta que repetirá ao homem que, nos intervalos das entrevistas de emprego, também visita o museu. Regarder les morts é um filme distinto de Une Jeunesse Allemande. Não inclui imagens documentais, não conta uma história, sustém-se numa ficção indeterminada, ambígua. As personagens podiam ser representações de homens e mulheres deprimidos com a vida sob a tecnocracia capitalista. Titubeantes, sisudos e tristes nada mais lhes resta senão olhar para as pinturas de Richter não para ver, mas apreender uma semelhança. Jean-Gabriel Périot não revindica a condição de cineasta militante, mas político. Não guia o espectador, deixa que este tome as suas conclusões, depois de se confrontar com contradições, as aporias, os paradoxos que as imagens sugerem. É o que acontece, também, em vários momentos de Une Jeunesse Allemande. Por exemplo, no lirismo dos primeiros anos antes da introdução lenta do radicalismo. Nas imagens dos atentados, com a descrição dos feridos e mortes, a abrir caminho para a evocação dos fantasmas da história pelas autoridades (o álibi para a perseguição e julgamento autoritário dos terroristas). Na figuração frágil (impossível) das massas que contradiz a utopia colectivista que encerra o filme. É justo dizer, no entanto, que o documentário é menos elegíaco que a curta-metragem. Há menos tristeza nas suas imagens e, ao mesmo tempo, maior franqueza. Périot lamenta o destino obscuro daqueles revolucionários (deixando que o passado ressoe no presente) mas não nos poupa à loucura das suas frases: “Meter a teoria em prática” ou “Mudar as pessoas e não apenas na cabeça”, podiam ser palavras dos burocratas deste século. De alguma forma, como Richter, também ele reconhece que aqueles que morreram na prisão sucumbiram, no fim, não uma ideologia, de esquerda ou de direita, mas à ideologia (e alguns sobreviventes continuaram a sucumbir, agora do outro lado da barricada). Esse é também o ensinamento que Richter propõe nas suas pinturas. Sem tomar partido, ou pelo menos rejeitando o dos terroristas, a sua série exprime um profundo pesar pelos acontecimentos de 1977. Não emite juízos, dá a contemplar pinturas que permitirão ao espectador não como recordá-los, mas, simplesmente, rememorá-los. O espectador poderá, então, contra o presente, reflectir sobre os dilemas que marcaram a vida e a morte daqueles jovens alemães.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens concentração mulher prisão homem mulheres perseguição
A casa nova de Mónica Calle é um recomeço
Finalizando a sua fuga do Cais do Sodré, Mónica Calle abre as portas da sua Casa Conveniente na Zona J. A Boa Alma, com texto de Luís Mário Lopes e música de JP Simões, é um espectáculo assombrado por Brecht e pela deriva da actriz e encenadora. (...)

A casa nova de Mónica Calle é um recomeço
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.218
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Finalizando a sua fuga do Cais do Sodré, Mónica Calle abre as portas da sua Casa Conveniente na Zona J. A Boa Alma, com texto de Luís Mário Lopes e música de JP Simões, é um espectáculo assombrado por Brecht e pela deriva da actriz e encenadora.
TEXTO: Foram três anos para Mónica Calle chegar de Heiner Müller até Bertolt Brecht. Os mesmos três anos que levou a traçar um percurso do Cais do Sodré para a Zona J, em Chelas. As duas ideias de deslocação unidas, de um autor para outro, de uma área da cidade de Lisboa para outra, coincidem na criação de A Boa Alma. Ao invés de Hansel e Gretel a largarem migalhas de pão para poderem recuperar o caminho inverso, Mónica Calle delineou uma viagem de espectáculos, que podiam ser seguidos até à nova localização da sua Casa Conveniente, mas para não mais voltar atrás. Por ora, a sua nova casa em Chelas é ainda um lugar inóspito, com paredes a serem derrubadas no intervalo dos ensaios, um frio de gelar os ossos a atravessar divisões decoradas apenas por escombros e vista para a rua mediada por uma rede azul presa a andaimes que engana a chegada da noite. E é aqui, ao ritmo de cada nova peça, que Mónica Calle nos propõe acompanhar o seu recomeço, numa nova Casa Conveniente. A obra a que aqui assistiremos terá duplo sentido – artística e de requalificação do espaço. “Não é solitário”, diz a actriz e encenadora sobre este reinício. “Podia ter recomeçado tudo sozinha, continuado o caminho de uma outra forma e feito outras escolhas. Mas escolhi assim. Não quer dizer que às vezes não tenha vontade de fugir, sabendo da dureza e de todo o imenso esforço que vai implicar vir para aqui, todo este recomeço aos 48 anos, quando estou na meia-idade. Vou começar mais uma vez ao frio, no entulho, sem luz, sem água, tudo dificílimo. Mas continua a fazer sentido. E, portanto, continuo a acreditar. ”Foi precisamente por acreditar na sua relação e das suas propostas artísticas com o lugar em que se encontra que Mónica Calle planeou a fuga do Cais do Sodré. Quando ali abriu a Casa Conveniente, em 1991, o cenário era ainda extensão de uma marginalidade portuária a pulsar na vida lisboeta, paredes-meias com a prostituição e todo um ambiente nocturno bas-fond. A transformação profunda da área nos últimos anos, engolida pelo centro da cidade e feita escoadouro do Bairro Alto, fez da Casa Conveniente uma ilha desconexa e desligada da nova identidade. Ao juntar a este desconforto um trabalho continuado de formação de actores junto da população prisional de Vale de Judeus, Mónica Calle sentiu que se dava um corte definitivo e foi fazendo a sua própria deriva afectiva em direcção ao Bairro do Condado (Zona J), ao mesmo tempo que mergulhava num ciclo dedicado ao dramaturgo alemão Heiner Müller. Através de Müller, Mónica chegou então a Brecht. Mas quis fazê-lo pelo filtro da escrita de Luís Mário Lopes. Foi a ele que encomendou uma reapropriação de A Alma Boa de Setsuan, alimentada tanto pelo texto original de Brecht quanto pelo seu universo pessoal e pela sua migração iminente. Depois, estendendo o mapa da cidade, imaginou uma cartografia que sugerisse um trajecto, ainda que errante, que documentasse e integrasse a mudança. O autor acabou então por autonomizar fragmentos das nove partes que iriam compor A Boa Alma e repensou-os à luz de Os Sete Pecados Mortais dos Pequenos Burgueses, também de Brecht, num espectáculo partido em sete apresentações (do Teatro da Politécnica e da Latoaria, à Companhia Olga Roriz e ao DNA do Teatro Praga) acontecidos em Dezembro. Foi uma espécie de dramaturgia do abandono do Cais do Sodré, um limpar os vestígios para entrar em Chelas já pela mão de Brecht, com um vazio previamente preenchido. “Quando a Mónica me falou nas sete apresentações e em usar partes do texto para também criarem um caminho textual”, lembra Luís Mário Lopes, “isso encaixava no formato em que tinha estruturado o texto. Foi uma experiência interessante e bonita de ver até que ponto uma só parte resistia num outro espectáculo. Levámos ao extremo a ideia do teatro épico do Brecht – que achava possível tirar alguns fragmentos e a peça resistir na mesma. ”Mónica, Calle, BasílioA Boa Alma apresenta agora o texto total, trabalhado por Luís Mário Lopes ao mesmo tempo que o cantautor JP Simões se servia do mote brechtiano para criar nove temas que servem de separadores entre os vários capítulos de uma narrativa assombrada pela escrita de Brecht e pelo mundo de Calle. Em A Boa Alma de Setsuan, três deuses descem à Terra à procura de uma alma boa, dando a busca por terminada quando encontram a prostituta Chen Tê, que lhes dá guarida. Chen Tê muda depois de vida, abrindo uma tabacaria. “O jogo que o Brecht faz e que também quis fazer”, analisa Luís Mário, “é pensar como nos pensamos ou nos recriamos, às vezes pela dificuldade que sentimos em existirmos em sociedade e como faríamos se fôssemos amorais ou limitados pela moral em que nos encontramos mergulhados. ” Em vez de Chen Tê, agora a protagonista chama-se Mónica, vinda da prostituição e das ruas próximas dos caminhos-de-ferro (alusão acidental ao Cais do Sodré, confessa) e muda de vida ao deslocar-se para um sítio novo. Esse sítio, inevitavelmente, formou-se na cabeça do autor com as imagens e o mapa da Zona J, só desbloqueando a escrita de A Boa Alma quando conseguiu introduzir algum artifício no texto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave prostituição espécie prostituta
A voz pousada sobre a guitarra
Arriscando pela primeira trazer a voz para o centro da sua música, o guitarrista André Fernandes gravou em Wonder Wheel um álbum que se enleia nas canções. Jeff Buckley, sem o saber, indicou o caminho. (...)

A voz pousada sobre a guitarra
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Arriscando pela primeira trazer a voz para o centro da sua música, o guitarrista André Fernandes gravou em Wonder Wheel um álbum que se enleia nas canções. Jeff Buckley, sem o saber, indicou o caminho.
TEXTO: Dos oito temas que compõem Wonder Wheel, houve um que balançou repetidamente entre a inclusão e a exclusão do alinhamento final. Poderia, na verdade, ter-se ficado por uma presença fantasma em torno da qual se organizaram por trás da cortina algumas das composições de André Fernandes para um ensemble com voz destacada. Mas o guitarrista acabou por não resistir e colocou Lilac wine a fechar o álbum. As hesitações não espantam ninguém. A magnífica canção imaginada por James Shelton em 1950, que faz das feridas rasgadas pelo amor coisa para ser curada despejando-lhes álcool para cima (ou, pelo menos, goela abaixo), foi popularizada primeiro por Nina Simone e Elkie Brooks. “E foi este tipo de canção que esteve presente no meu imaginário, fazendo com que escrevesse alguns dos temas para o disco, e que me parecem existir dentro de um mesmo espírito. "É suficientemente revelador que tenha sido a versão de Jeff Buckley a fazer soar as campainhas que o alertaram para “o medo de fazer algo demasiado próximo – e, logo, inferior”, se tivesse sido tomado por “uma ambição estúpida de tentar fazer uma versão praticamente igual” à do cantor norte-americano que morreu em 1997, num mergulho nocturno nas águas de um afluente do Mississípi. E é revelador porque da mesma forma que Jeff Buckley não escondia a sua admiração por Led Zeppelin, Joni Mitchell ou Leonard Cohen mas não tinha, por isso, de fazer ouvidos moucos a gente como Nina Simone, Duke Ellington ou Benjamin Britten, também André Fernandes foi formado pela escola jazzística mas não renega o impacto de Buckley, dos Nirvana ou de Bela Bartók no seu perfil musical. Lilac wine, na imensa delicadeza em que a ouvimos agora, cantada com imaculada candura por Inês Sousa (sPill, Julie and the Carjackers), é igualmente símbolo de um músico apostado em não se deixar soterrar pelos padronizados caminhos do jazz. “Vivi muito intensamente a fase do grunge, mesmo enquanto já estudava e tocava jazz”, confessa o músico. “Era essa a música que me inspirava e que gostava de ouvir. E nunca senti necessidade de a recusar. ” Ao enveredar convictamente pelo estudo do jazz, André Fernandes nunca cedeu, portanto, à armadilha quase pré-requisito académico de cortar amarras com o universo rock, embora admita que foi graças à experiência que conseguiu libertar-se de um formalismo que, muitas vezes, funciona como rede de segurança para quem se especializa numa tradição musical. “À medida que fui tocando com mais músicos e ganhando mais autoconfiança”, descreve, “acabei por baixar um bocadinho essas fronteiras que tive de criar enquanto me formava e fui deixando entrar todas essas sonoridades que tinha e tenho na cabeça desde sempre. ”“O Bartók, por sua vez, vem do período formativo, quando comecei a encharcar-me em música clássica e música orquestral, pela necessidade de saber o que havia nessa área, o que podia ir buscar a um universo que conhecia menos bem. ” Na obra do compositor húngaro, profícua na vampirização da música popular da Europa Central, André Fernandes acabou por descobrir um “dramatismo harmónico” que lhe interessou e que lhe possibilitou uma das situações de revelação e transformação na vida de um músico: ouvir algo que não sabia o que era. Mais tarde, acabou por reconhecer um espelho dessas opções harmónicas pouco comuns no mundo do guitarrista Ben Monder. As primeiras demosDepois de em Motor (2012) já se ter intrigado com a forma como poderia convocar a voz para os seus ensembles de jazz – a ideia de ter a cantora Maria João acabou por cair, com as suas partes a serem asseguradas pelo saxofonista Zé Pedro Coelho –, André Fernandes levou agora a ideia um pouco mais adiante, enfrentando directamente a ideia de canção. Ou seja, não quis a voz enfiada nos temas fazendo as vezes de um instrumento de sopro, mas não quis também emular de uma forma que só poderia resultar trapalhona um universo de standards – que depois de fixado por Billie Holiday, Ella Fitzgerald ou Sarah Vaughn se tornou objecto de abordagem quase herética. A sua principal certeza era, aliás, o nulo potencial de atracção que encontrava na “voz jazzística que faz solos, tem uma grande exposição virtuosística e é muito estilizada”. “Na prática, quis evitar uma voz imediatamente associada ao universo do jazz. ”Por isso, voltou-se para Inês Sousa, que conhecia já de contextos pop, rock e música brasileira, e com quem colabora no projecto sPill. (Pequeno desvio: os sPill são o grupo onde o guitarrista arruma toda a sua energia rock e funk, e por onde passaram igualmente, nos primeiros tempos de uma encarnação mais electrónica, o teclista dos Orelha Negra João Gomes e o vocalista/inflamador de multidões dos Buraka Som Sistema Kalaf). Claro que em Wonder Wheel, numa formação que integra ainda o piano de Mário Laginha, a bateria de Alexandre Frazão e o contrabaixo de Demian Cabaud, e que ouviremos a 10 de Setembro na Culturgest de Lisboa, a voz não segue os passos dos sPill. É, por isso, um trajecto pelo qual Fernandes vai avançando às apalpadelas, consciente de que se aventura em terreno quase virgem no seu percurso. “Foi a primeira vez que trabalhei assumidamente com voz na totalidade de um reportório. Começámos por fazer alguns ensaios com o grupo e fizemos algumas demos – uma primeira vez também nos meus discos. ”Aquilo que se ouve em Wonder Wheel é então um trabalho de reescrita. Depois das gravações e da formulação de possibilidades, o guitarrista gravava tudo e voltava a cada tema seleccionando e apagando partes, até avistar no meio de um mar de hipóteses uma ideia de disco que se impusesse. E que é mais feliz sempre que, a tactear, André Fernandes assina temas como Wonder wheel, Canção Nº3 ou Down the road, ou oferece espaço para o enlevo melódico de Laginha. “Aquilo que foi menos familiar para mim foi não ter uma ideia a priori do que o resultado final iria ser”, explica. “Nos contextos em que trabalho habitualmente consigo ouvir à frente – enquanto estou a escrever antecipo o resultado final se souber quais os músicos que vão tocar. Aqui não consegui fazer isso com tanta clareza. ” O que significa que André Fernandes se colocou voluntariamente em solo pouco firme. E não caiu.
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Pode o design salvar ou destruir uma empresa? Depende da porta que se abra
Três designers e um gestor de marketing de São João da Madeira abrem o coração e partilham experiências. Rosário Costa, directora de Design da Lego, avisa que o design tem “muita força”. (...)

Pode o design salvar ou destruir uma empresa? Depende da porta que se abra
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Três designers e um gestor de marketing de São João da Madeira abrem o coração e partilham experiências. Rosário Costa, directora de Design da Lego, avisa que o design tem “muita força”.
TEXTO: Rosário Costa é directora de Design da Lego na Dinamarca. Avisaram-na logo que pôs os pés na Lego: “Vai levar um ano a saber o que é ser designer na Lego”. Passou um ano em formação, a perceber o trabalho em equipa, a interiorizar a cultura e filosofia da empresa. Rosário nasceu em São João da Madeira, estudou na Soares dos Reis, no Porto, seguiu para a Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha e partiu para Copenhaga para estudar Design pelo Erasmus. Há 17 anos entrou na casa mãe da Lego. Na sua primeira conferência em Portugal, na cidade onde nasceu, em São João da Madeira, a designer partilhou a sua experiência no debate Qual o Papel do Design nas Estratégias de Sucesso das Empresas e que juntou quatro são-joanenses na Oliva Creative Factory. Rosário Costa conhece bem os cantos à casa que emprega quase 14. 000 trabalhadores. Dá conferências em várias partes do mundo sobre a empresa que mantém o segredo daquele clique que se escuta quando duas peças Lego se encaixam e que garante a qualidade do produto. O papel dos designers não escapa nas suas intervenções. São mais de 180 na Lego. “O design tem muita força na empresa. Devido ao investimento no design, a Lego teve um crescimento consecutivo nos últimos nove anos”, revelou. E quem cria precisa de motivação, de ambientes estimulantes. “Os designers também precisam de ser estimulados. É preciso investir na educação do design para perceber o processo da empresa, mas a empresa também tem de se adaptar”. O que nem sempre acontece. A designer Joana Santos bateu à porta de cerca de 20 empresas com uma marca de mobiliário na mão. Andou por Paços de Ferreira, por Paredes. “A ideia era envolver o fabricante nos protótipos e na comercialização”. Não resultou. “Ninguém nos abriu as portas”, lembra. Com o colega Hugo Silva, também designer, criou a marca DAM. A dupla deu-se bem. No ano passado, as mesinhas de cabeceira com chapéu de palha, o Nel e Maria, venceram, na sua categoria, a edição dos POP – Projectos Originais Portugueses de Serralves. Este ano, a DAM voltou a vencer o mesmo concurso com o Pipo, um pequeno banco ou uma mesa de apoio de cortiça, e que este mês esteve numa feira em Londres. A criatividade e a viabilidade comercial dos produtos DAM têm despertado a atenção. A internacionalização foi um objectivo desde o início e Joana decidiu testar a máxima. “Se formos lá para fora, Portugal vem por arrasto”. Assim foi e hoje a DAM vende mais cá do que lá fora. “É uma marca consistente, coerente, forte, e com uma história para contar”. “O design está em tudo o que fazes”. Do produto à comunicação. No final do debate, um aviso. “Dizem que um designer pode salvar ou destruir uma empresa. Um designer é como outro funcionário qualquer”. O toque de MidasO gestor de marketing da empresa de calçado são-joanense Evereste, André Fernandes, trouxe uma mala de sapatos que circularam pela plateia como exemplos da evolução e inovação do calçado masculino ao longo dos anos. A empresa é familiar, André pertence à terceira geração e está preocupado. “Dizem que a primeira geração lança a pedra, que a segunda desenvolve a ideia e que a terceira estraga tudo. Se calhar a culpa é do design”, brincou. A Evereste tem 72 anos e percebeu a importância do Design. Tem uma parceria com o estilista Miguel Vieira há 20 anos e outra com um gabinete de design italiano. “A evolução do design obriga-nos a ser mais competitivos”, admite. A procurar materiais, texturas, estilos. E para que tudo resulte, tem de haver cedências de parte a parte, de quem manda e de quem cria. Hugo Costa irá apresentar a sua colecção de calçado no próximo Portugal Fashion, já em Outubro. Desistiu de engenharia de computadores para estudar design de moda e não se arrependeu. Dá aulas e garante que a formação permite chamar os alunos à realidade. As empresas, na sua opinião, precisam de olhar em mais direcções. “Muitas empresas não têm cultura de moda, não estão preparadas para o esforço de mudança de mentalidades”. Será o design capaz de transformar em ouro tudo o que toca? Ricardo Figueiredo, presidente da câmara são-joanense, acredita que sim, que o design tem esse “toque de Midas”. “As empresas melhor sucedidas são as que incorporam mais inteligência”, disse no final do debate em jeito de remate. Oliva, Sanjo e Viarco: resgastar a história com a prata da casaO debate sobre o papel do design nas empresas foi uma das iniciativas do programa do Ciclo Industrial que assinala os 30 anos de elevação de São João da Madeira a cidade com conferências, música, exposições e cinema até perto do final do ano. Nesta comemoração não se atribui medalhas ou diplomas. A câmara decidiu reflectir sobre a sua história, discutir a cidade para abrir janelas para o futuro do seu território. E tudo feito com a prata da casa. O ciclo é comissariado pelo jornalista do PÚBLICO Amílcar Correia, também natural de São João da Madeira.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola cultura educação rainha
Diz a mamã: “Não se pode curar alguém só porque o amamos”
Foi a mãe de Xavier Dolan no primeiro dele, J’ai Tué Ma Mère. Agora é A Mãe, em Mamã, que hoje estreia. Pertence-lhe a história do cinema dele. Uma parte dela Anne Dorval conta-a aqui. (...)

Diz a mamã: “Não se pode curar alguém só porque o amamos”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi a mãe de Xavier Dolan no primeiro dele, J’ai Tué Ma Mère. Agora é A Mãe, em Mamã, que hoje estreia. Pertence-lhe a história do cinema dele. Uma parte dela Anne Dorval conta-a aqui.
TEXTO: Rever J’ai tué ma mère (2009), depois de ver Mamã, produz uma sensação estranha: este é, não o remake, mas uma variação, e o que é relevante é o que ele acrescenta ao cinema de Xavier Dolan, o que nele se supera. Já existia, no filme anterior, um filho entre duas mulheres, a mãe e uma amiga. Já havia um trio - a mãe e a amiga interpretadas pelas mesmas actrizes, você e Suzanne Clément. São dois filmes e personagens diferentes. O que é comum é o facto de em ambos existirem mulheres bastante complexas, assunto que ele gosta de tratar no ecrã, uma vez que foi criado por mulheres. Foi educado num colégio interno, mas regressava periodicamente a casa, à mãe. Depois, teve a fase em que viveu com uma tia e estava rodeado de primas. Em todo o bairro, aliás, havia muitas mulheres, que ele observava, que tomavam conta sozinhas dos filhos, o que sempre o tocou. São esses os modelos do que se passa no cinema dele: a vontade de mostrar, de celebrar essas mulheres. J’ai Tué ma Mére foi um filme de crise de adolescência, Mamã é mais profundo, mais essencial. Estamos de acordo. Sobre a proximidade de J’ai Tué ma Mère à adolescência - no sentido de filme adolescente - e à adolescência de Dolan: em Mamã o biográfico é superado. Sim, é isso. A mãe deste filme não é a sua mãe, como em J’ai Tué ma Mère. Na verdade, tudo começou com um artigo da imprensa americana, a história de vida de uma mãe com o filho violento. Ela procurava uma forma de lidar com a situação e de se proteger. A história de Mamã é ficção pura, uma história que Xavier pôde imaginar depois de ter lido a carta dessa mãe no jornal, sobre o seu desespero com o filho que tinha graves problemas de comportamento e ela inquieta em relação ao futuro da criança e ao seu futuro - e com medo de ser violentada pelo filho. Isso perturbou Xavier e ele inventou uma história; não tem nada a ver com o que observava no meio em que vivia. Todos os seus filmes são feitos de som e de fúria, as coisas são sempre exacerbadas, fala de seres que pedem muito. O miúdo de Mamã é doente, é alguém que passa por estados de alma diferentes: um acontecimento banal pode fazê-lo atingir limites, e nessas ocasiões teria necessidade de um médico, de uma equipa para o acalmar. A mãe não tem meios, só tem amor, mas isso não é suficiente, não se pode curar alguém só porque o amamos. E há um momento em que é ela que passa a estar em perigo. É uma história de fusão, de folie à trois. . . Absolutamente. São três seres diferentes e cujo encontro - veja-se a cena em que dançam ao som de Céline Dion - faz a luz aparecer. Tudo parece possível. O que é doloroso no filme, e que faz com que as pessoas sejam tocadas por ele, é que sabemos que um mundo melhor não vai acontecer. São sobreviventes, de alguma forma, é o encontro com o rapaz que vai permitir que os espíritos se apazigúem momentaneamente. Como é que a energia tão extraordinária de Antoine Olivier Pilon, intérprete da personagem do filho, pôde ter ajudado a varrer aquilo que vinha sendo uma das marcas do cinema de Dolan, o narcisismo? Antoine Olivier trabalhara com Dolan no videoclip College Boy, dos Indochine. Mas você e Suzanne Clément são detentoras de uma parte da história do cinema dele. . . . . . Xavier veio ter comigo quando ele tinha 15 anos. . . Há uma energia, uma forma de trabalhar, que as duas já conheciam. Como é que Antoine Olivier pôde habitar essa fusão?Xavier adoptou-o. Antoine começou cedo, Xavier viu-o em filmes, na televisão, e foi tocado por ele. Pensou nele para o clip. Um tem 16 anos e outro 25, mas não estão assim tão afastados em termos geracionais. É como se ele fosse o irmão mais novo de Xavier. Xavier é um adulto, mas é capaz de ser uma criança, de se divertir com Antoine. Rimo-nos muito com Xavier. Não foi difícil trazer Antoine Olivier para esta energia, já que Xavier está mais próximo da idade dele do que da minha. Eu já tinha trabalhado com Antoine Olivier, mas qualquer resto de incómodo que pudesse subsistir entre nós desaparecia com Xavier no plateau. Olivier tornou-se, por isso, o meu companheiro de jogo, o meu filho adoptivo. E foi assim também com Suzanne, partilhámos um filho. Não há fronteiras nem gerações entre actores: somos companheiros de jogo, capazes de rir juntos, com a mesma vontade de nos abandonarmos às mãos de um realizador em que confiamos - quando não compreendíamos o que ele queria, Xavier respondia sempre com doçura e muitas vezes mudava as coisas, transformava-as, sem condescendência. É interessante que diga isso, aliás reforçando relatos seus sobre o Dolan dos primeiros filmes, que não sabia o que fazer e perguntava ao director de fotografia o passo seguinte. . . Não é a imagem que mostra nas entrevistas e nas conferências, em que é afirmativo, sabe tudo e faz tudo. . . Ele é apaixonado por várias coisas, gosta de interpretar, gosta de participar na escolha do guarda-roupa, ouve música, não pára. . . quer ver tudo, ouvir tudo. Mas é normal: tendo ele ideias na cabeça, o tempo que vai levar para conseguir passar isso a alguém vai exigir tempo e dinheiro. Não é por pretensão. Mas é capaz de dizer: "enganei-me. " Isso é a marca dos artistas. Há um lado de dúvida em Xavier, de novo a marca dos artistas. É claro que a imagem pública é a que resulta de exposições de cinco minutos. Não pode ser isso a servir de julgamento. Acontece termos uma ideia negativa de alguém que vemos na televisão, ideia que muda no momento de um encontro e que nos leva a dizer: “afinal, enganei-me”. Somos monstros numa noite e anjos na manhã seguinte. É essa a candura dos seres humanos, e fazemos filmes para mostrar isso. As personagens de que Xavier fala são daquelas que ao passarem na rua são logo julgadas. Tentamos fazer um retrato delas mais íntimo, profundo. Há um território humano nesse cinema, de facto: gente que fala de uma certa maneira - não me refiro só ao sotaque quebequense -, a agressividade do calão. . . . . . a vulgaridade. Nem todos falam assim no Quebeque. Mas os artistas têm a capacidade de fazerem com a realidade aquilo que quiserem. A língua de Racine não existe. É inventada, embora nunca se ponha em causa a verdade das suas personagens. Em Mamã é sublinhada a vulgaridade, veja-se a minha personagem, os jeans apertados, as dobras nas costas, as t-shirts adolescentes. . . não é que as pessoas se vistam todas assim, é uma “língua” crua, que se ouve às vezes. Esta é uma mulher que não tem vocabulário, falta-lhe verniz e cultura mas sobra-lhe inteligência. É uma personagem que existe na ficção a partir das pessoas que Xavier via no seu subúrbio. É uma língua que existe entre nós, mas é exagerada, tornada objecto de criação. Forma de Dolan criar a sua linguagem. . . Sim, como nas roupas, como nas cores. Ficaram decepcionados por não terem recebido a Palma de Ouro de Cannes, já que era o filme de que se falava e se todos falavam, vocês devem ter ouvido. . . ?Todos os filmes que competem em Cannes não vão atrás da medalha de Bronze. Todos sonham com a Palma de Ouro. Ele sonhava ir a Cannes, já era muito. Mas ficou feliz com o prémio que recebeu. A decepção durou um segundo. Quando rodava o primeiro filme, dizia: “Quero ir a Cannes”. E eu: “Bem podes querer! Nem sairá nos ecrãs, quanto mais Cannes. . . ” Ele é que tinha razão. Falta-me se calhar algo para sonhar assim. Tem a ver com a idade: sonha-se de maneira diferente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos cultura filho mulher adolescente criança medo mulheres
Rock In Rio entra na recta final com os Hollywood Vampires
A banda que reúne Johnny Depp, Alice Cooper e Joe Perry é o destaque desta sexta-feira, o primeiro dia da segunda fase do festival. Maroon 5, Avicii e Ariana Grande chegam sábado e domingo (...)

Rock In Rio entra na recta final com os Hollywood Vampires
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A banda que reúne Johnny Depp, Alice Cooper e Joe Perry é o destaque desta sexta-feira, o primeiro dia da segunda fase do festival. Maroon 5, Avicii e Ariana Grande chegam sábado e domingo
TEXTO: As grandes atracções musicais, no que à dimensão histórica diz respeito, ficaram reservadas para os primeiros dias de Rock in Rio. Já vimos Bruce Springsteen e já vimos os Queen + Adam Lambert homenagearem a obra gravada com Freddie Mercury. Hoje, sexta-feira, inicia-se a segunda fase do Rock In Rio Lisboa 2016. Os Hollywood Vampires, esta noite, suscitam grande curiosidade pelo encontro improvável entre Johnny Depp, Alice Cooper e Joe Perry, dos Aerosmith. Amanhã, os Maroon 5, ainda um fenómeno de popularidade, mostrarão com quantos “moves” se faz um Mick Jagger e, no último dia, haverá um DJ superestrela (Avicii, em digressão de despedida) e Ariana Grande, uma das estrelas cintilantes da pop de massas americana. Com 31 anos de idade, contando desde a primeira edição no Rio de Janeiro, em 1985, doze deles em Portugal, já todos sabemos o que esperar do festival. Desde 2004 já terão passado pelo Parque da Bela Vista mais de milhão e meio de pessoas, atraídas tanto pela música como pela animação montada em todo o recinto pelos patrocinadores e pela qualidade das condições logísticas oferecidas. Nos dois primeiros dias, 19 e 20 de Maio, Bruce Springsteen e Queen + Adam Lambert, os nomes mais sonantes em cartaz, levaram ao festival cerca de 140 mil espectadores, números que se equivalem com os das noites mais concorridas das edições anteriores. Na segunda fase do festival esses números deverão manter-se, pelo menos, no dia em que os Maroon 5 subirem a palco. Para além da banda de This love e Moves like Jagger, repetente no festival, o sábado apresenta no palco Mundo a inevitável Ivete Sangalo, cantora que trouxe o seu enérgico grito “tira o pé do chão” a todas as edições do Rock In Rio Lisboa, e os D. A. M. A. , provavelmente a banda de maior sucesso neste momento entre os infantes e adolescentes do país – terá a companhia de Gabriel, o Pensador, convidado no single Não faço questão. Antes deles, o palco Vodafone acolhe a partir das 16h30 os muito prometedores Mighty Sands, representantes lisboetas de um psicadelismo californiano globalizado, os Capitão Fausto, que apresentarão o último álbum, o recomendadíssimo Têm os Dias Contados, e os americanos Real Estate, uma das mais celebradas bandas indie, no sentido original do termo, da actualidade. Mas é esta noite, sexta-feira, que o Rock In Rio regressa. E, depois do hard-rock dos americanos Rival Sons, que aproveitarão para antecipar Hollow Bones, álbum com edição marcada para 10 de Junho, e da aparição dos Korn, resistentes da vaga nu-metal de meados da década de 1990, toda a atenção estará centrada nos Hollywood Vampires. A banda nasceu como forma de homenagear um famoso grupo de boémia que percorria nos anos 1970 os bares de Los Angeles. Faziam parte dele Ringo Starr, Keith Moon, dos The Who, John Lennon, Nilsson, John Belushi, Marc Bolan ou… Alice Cooper. Em 2015, Cooper juntou-se a Joe Perry e Johnny Depp para recuperar em palco o espírito dessas lendas. São uma superbanda de covers (dois originais no homónimo álbum de estreia) e, além do trio, acompanha-os outro nome conhecido de outrora, Matt Sorum, baterista dos Guns N’Roses. O palco Vodafone apresenta os Cave Story, banda das Caldas da Rainha que se tem revelado uma das grandes surpresas do underground português, o rock’n’roll dos barceleneses Glockenwise, cujo último álbum, Heat, foi um dos destaques discográficos portugueses de 2015, e os americanos Metz, portento de rock visceral com ligação directa a Bleach, a estreia dos Nirvana. No palco Electrónica, por sua vez, a música estará, entre outros, a cargo dos Beatbombers de DJ Ride e Stereossauro, dos Nightmares on Wax e Hudson Mohawke. Um dia depois, chegará Avicii, ou seja, o sueco Tim Bergling, que há dois meses anunciou que abandonará este ano as actuações ao vivo, chegará Ariana Grande e Charlie Puth, nova voz daquele cruzamento tão do nosso tempo entre melodias pop e mecânicas R&B. Pela tarde, o palco Vodafone receberá as canções de Isaura, B Fachada, músico vital no cenário português ao longo da última década, e as espanholas Hinds, cujo álbum de estreia, Leave me alone, muitos cativou no início deste ano. Entre as batidas da EDM de Avicii, a pop de Ariana Grande e Charlie Puth, a espera na fila por um sofá insuflável, uma sessão de dança no stand de um patrocinador ou uma viagem na roda gigante, chegará ao fim mais uma edição do Rock in Rio Lisboa.
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Morreu Shashi Kapoor, uma das maiores estrelas de Bollywood
Actor e produtor que pertencia a uma das mais importantes dinastias do cinema indiano morreu aos 79 anos. Fez mais de 150 filmes e ainda lhe sobrou tempo para o teatro. (...)

Morreu Shashi Kapoor, uma das maiores estrelas de Bollywood
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Actor e produtor que pertencia a uma das mais importantes dinastias do cinema indiano morreu aos 79 anos. Fez mais de 150 filmes e ainda lhe sobrou tempo para o teatro.
TEXTO: Shashi Kapoor, veterano de Bollywood, morreu esta segunda-feira em Bombaim, aos 79 anos. Foi o seu sobrinho Randhir que confirmou a morte do actor e produtor à agência de notícias indiana Press Trust of India. Há anos que Shashi Kapoor tinha problemas nos rins e fazia diálise. Membro de uma das mais importantes dinastias na indústria cinematográfica indiana – é filho de Prithviraj Kapoor e irmão de Raj Kapoor – o actor teve uma carreira recheada de êxitos, tendo integrado o elenco de mais de 150 filmes, segundo a estação pública britânica BBC. Foi precisamente a fazer da versão mais nova do seu irmão, à data já bem conhecido dos estúdios de Bollywood, que começou a entrar em filmes quando era ainda criança, nos anos 40/50, mas foi sobretudo nas décadas de 1970 e 80, em que protagonizou vários títulos ao lado de outra superestrela, Amitabh Bachchan, que o seu sucesso se consolidou. Na sua longuíssima filmografia destacam-se títulos como Amor é Vida, Amor Sublime, Caminhos Diferentes e Sofrimento de amor, este último estreado em Portugal na década de 1970, tendo ficado meses e meses em cartaz em Lisboa. Shashi Kapoor foi casado com a actriz inglesa Jennifer Kendal (1933-1984), com quem trabalhou tanto em teatro como em cinema (juntos fizeram produções que se tornaram históricas no seu Prithvi Theatre, companhia icónica de Bombaim). A sua entrada para a família Kendal – a mulher do actor tinha uma irmã que também era actriz, Felicty – terá sido crucial para que participasse numa dúzia de filmes ingleses e americanos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O seu sucesso internacional deve-se, lembra hoje a imprensa britânica, ao facto de ter entrado em vários dos filmes mais populares da Merchant Ivory Productions, empresa de cinema fundada em 1961 por Ismail Merchant e James Ivory, responsável por êxitos como Shakespeare-wallah, de 1965, e Verão Indiano (Heat and Dust no original), de 1983. Conhecido pelo charme e um sorriso capaz de arrastar milhares de fãs, sobretudo entre as mulheres, assim o descreve a mesma BBC, Shashi Kapoor deixou os ecrãs e o palco quase por completo depois da morte da mulher, em 1984, tendo recebido vários prémios-carreira depois disso. Mal foi noticiada a sua morte, os seus admiradores começaram a prestar-lhe tributo nas redes sociais. Entre eles está o primeiro ministro-indiano Narendra Modi, que recordou o contributo de Kapoor no cinema, mas também no teatro. “A versatilidade de Kapoor pode ser vista tanto nos seus filmes como no teatro, que ele promoveu com grande paixão. O seu talento como actor será recordado durante gerações”, escreveu o chefe de Governo do Twitter.
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Palavras-chave morte filho mulher criança mulheres
MCK: “A minha geração tem que fazer melhor que as anteriores"
Valores é o novo álbum de MCK, com edição marcada para o início do próximo ano. Seis anos depois, o rapper, voz da consciência angolana, regressará para fazer uma panorâmica do país que tanto mudou desde 2012. (...)

MCK: “A minha geração tem que fazer melhor que as anteriores"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.166
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Valores é o novo álbum de MCK, com edição marcada para o início do próximo ano. Seis anos depois, o rapper, voz da consciência angolana, regressará para fazer uma panorâmica do país que tanto mudou desde 2012.
TEXTO: Katrogi Nhanga Lwamba está sentado à mesa de uma esplanada da LX Factory, em Lisboa. Numa mesa próxima nesta tarde quarta-feira nublada, estão Mr Isaac e Nel Assassin. Juntos, tinham acabado de sair do ensaio para o concerto que deram no Vodafone Mexefest. Katrogi Nhanga Lwamba fala-nos do que aí vem e do que está lá longe, tão perto. Katrogi é MC K, nome fundamental do rap angolano, voz de denúncia, de consciencialização e de resistência. “Voz de Angola”, como o apelidámos no Ípsilon em 2012, estava ele a editar Proibido Ouvir Isso, o seu terceiro álbum, sucessor de Trincheira de Ideias (2002) e Nutrição Espiritual (2006). Prepara-se agora para lançar Valores, que será editado no primeiro trimestre de 2017 e onde procura o mesmo que desde o início: “O sonho de uma maior liberdade para Angola, o sonho do fim da corrupção, o sonho de criarmos Angola como um país mais plural e mais democrático”. Valores é um disco marcado por um novo contexto, o da saída de José Eduardo dos Santos, presidente do país durante quase quatro décadas, e da chegada de João Lourenço. “Tem menos de 60 dias no poder, o que é muito pouco tempo, mas já tenho poucas lembranças de José Eduardo dos Santos. Porquê? Porque começou a governar com sinais completamente diferentes”, diz MCK, pensando nas exonerações dos familiares do antigo presidente e das chefias militares que este mantinha sob sua influência, e manifestando a convicção de que, ao contrário do que lhe sucedeu num passado recente, não veria agora o seu passaporte apreendido pelas autoridades, sem justificação plausível, para o impedir de ir mostrar a sua música ao Brasil. Pensando também no facto de a televisão estatal ter passado a cobrir as províncias distantes de Luanda, a dar voz à oposição ou a reportar manifestações de trabalhadores reclamando melhores salários – “por força disso, a TPA [Televisão Pública de Angola], voltou a ter audiência”. É por tudo aquilo que diz já ter poucas lembranças de José Eduardo dos Santos. Não por lhe ser fácil esquecer a morte de Arsénio Sebastião "Cherokee", jovem lavador de carros que a Guarda Presidencial assassinou em 2003 – a sua culpa: cantar ao ar livre as rimas críticas do regime de uma canção de MC K, A téknika, as kausas e konsekuências. Não por ter esquecido a angústia que sentiu durante o muito publicitado caso dos 15 e a greve de fome daí resultante, levada em frente por Luaty Beirão (Ikonoklasta de nome artístico), amigo de música e de activismo há 20 anos. “José Eduardo dos Santos liderou um regime muito fechado, ditatorial, com pouco diálogo. Como foi horrível, João Lourenço tentar devolver a normalidade ao país parece extraordinário. Enquanto activistas cívicos, enquanto rappers, enquanto contestatários e, acima de tudo, sonhadores de uma Angola diferente, o que podemos fazer neste momento é tirar a nossa cidadania do modo em que estava, o modo vibrar, e pôr o som da chamada a tocar alto”. Há um padrão que sobressai quando olhamos para a discografia de MC K, o longo período de tempo que separa a edição de cada um dos seus álbuns. Há uma razão objectiva para que isso aconteça. MC K é rapper e foi na música, apesar das licenciaturas em Direito e em Filosofia que acumula, que encontrou o seu espaço de intervenção artística. Mas MC K não segue os ritmos habituais na carreira de um músico. Ele quer que a sua música tenha relevância real no tecido social angolano, que seja um retrato fiel do país em que nasceu em 1982. Para que assim seja, precisa da distância do tempo. “Quatro, cinco, seis anos, são o tempo necessário para que assistirmos a transformações políticas, sociais, económicas e culturais. Desde 2012 até agora, Angola sofreu transformações drásticas. Nessa altura, a nossa economia crescia a dois dígitos, hoje vivemos uma crise económica pesada. Nessa altura, Angola era o El Dorado, agora é o sítio de onde os estrangeiros estão a fugir, com empresas a fechar todos os dias e desemprego altíssimo. A passagem do tempo dá-me uma vantagem muito grande. Dá-me a possibilidade de fazer uma panorâmica geral que não seria possível editando discos de dois em dois anos”. Muito mudou, realmente. Em 2012, MC K cantava o País do Pai Banana, denúncia da subserviência de demasiados a quem detinha o poder. Seis anos antes cantava Atrás do prejuízo, canção admirável que, com participação de Beto de Almeida e fazendo uso de melodias da tradição popular angolana, era retrato de um quotidiano diário de luta pela sobrevivência em Luanda. Em Valores, por sua vez, ouviremos Violência simbólica (“náuseas, cólicas, violência simbólica / o povo está cansado desta gestão diabólica”), ouviremos Problemas, em que participam o brasileiro Mano Brown e o nosso Nel Assassin (“cabelo crespo / um metro e oitenta / eu estou na estrada desde a década 90”), ouviremos Associação de Malfeitores, dueto com Ikonoklasta (Luaty Beirão) que é celebração do percurso partilhado pelos dois (“são 20 anos de amizade, respeito e cumplicidade”). Em Valores, ouviremos Ironizando a crise, outra das canções do novo álbum que vem revelando nos últimos meses. No vídeo que a acompanha, MC K como cidadão da classe média angolana, saindo de sua casa pela manhã, conduzindo o carro de boa cilindrada pelas ruas da Luanda mais próspera. A fachada é boa, mas o mundo que ela esconde está a desmoronar-se. 1000 kwanzas na carteira, quase nada, a filha em casa a desesperar com o frigorífico vazio, a mulher que perdeu os clientes do seu negócio, vazio igualmente, o lar tão despido que até o mais inesperado acontece – “eu tinha ratos no cubico / morreram todos à fome”. “É uma canção para o jovem que tem um emprego e que até consegue pagar as suas contas, mas que tem dificuldades em sobreviver com 10 euros na carteira”. É uma amarga ironia perante “a oportunidade ímpar que Angola teve como país com o boom do petróleo, que podia ter sido usado para redistribuir os rendimentos, para diversificar a economia e criar progresso social. ”Apesar das sombras e das dificuldades, MCK vê o momento que Angola vive como uma oportunidade. Sente pertencer a uma geração “privilegiada por viver num momento com maior volume de conhecimento”, tanto pela “experiência histórica acumulada”, como pelo “progresso científico e tecnológico” – “temos a felicidade de estarmos todos conectados através das redes sociais”. Tudo isso traz responsabilidade: “A minha geração tem que fazer melhor que as anteriores porque o volume de conhecimento e exigência é muito maior”. Optimista, sonhador com os pés fincados na terra, vê abrirem-se novas possibilidades. “Temos a oportunidade de dar início a uma geração de críticos sociais e culturais com uma visão completamente diferente das do passado. Esse é o desafio que João Lourenço vai viver”, acentua. “Ao manifestar o tipo de abertura que tem demonstrado, vai ser alvo de uma crítica com mais qualidade. José Eduardo dos Santos incomodava-se com quem reclamava falta de água e de luz, que é o básico e manifestação, em pleno século XXI, de um atraso muito grande. Agora, teremos a possibilidade de exigir mais que o básico, que os direitos fundamentais. Mais competência, maior exercício de cidadania, mais participação activa”. MCK, nascido em Luanda, filho de um motorista de uma empregada doméstica, mais novo entre oito irmãos, é ouvido e respeitado pelo seu talento, pela sua integridade, e por ser um com o povo a que pertence. Cresceu “num bairro pobre sem qualquer assistência sanitária, sem creche, sem parque”, num contexto onde “as saídas mais óbvias são a criminalidade, o alcoolismo ou a prostituição”, e conseguiu singrar por força da sua vontade. “Isso oferece-me alguma legitimidade para questionar os problemas, porque os vivi, porque nunca fui privilegiado e sempre consegui vencer todos os obstáculos sem me calar”. Além disso, continua, “não tenho o discurso à distância do investigador ou do jornalista, mas o discurso na primeira pessoa de quem viveu o que relata, tradução directa e real de uma experiência de vida”. A vida de MCK, que é espelho e reflexo da história recente do seu país, conhecerá novo passo nos próximos meses. Valores será manifesto das convicções de sempre de MCK, adequadas à realidade presente. Musicalmente, reflecte “um tempo de aprendizagem extraordinária”. No último par de anos, foi um dos responsáveis pelo programa Ginga Beat da Red Bull Music Academy, emitido semanalmente na Vodafone FM, ao lado do radialista Joaquim Quadros, de Maze, rapper dos portuenses Dealema, e do DJ e produtor brasileiro Chico Dud. A experiência alargou-lhe os horizontes. “Senti-me um detective musical, pesquisando muito do que se produzia de folclórico, urbano e tradicional em Angola, Cabo Verde ou Moçambique”. Ao mesmo tempo, “comecei a ouvir coisas mais experimentais, mais viajadas e alternativas, o que afectou musicalmente as minhas construções rítmicas”. A procura de uma “angolanidade” mantém-se no recurso a samples locais, mas “num volume muito mais reduzido”, mesclado com “outras sonoridades da música ocidental ou da música clássica europeia”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A par disso, chama até si a portuguesa de origem cabo-verdiana Mynda Guevara, o angolano Flagelo Urbano, companheiro de luta no hip hop do país, os brasileiros Mano Brown e Acácia Reis, o moçambicano Azagaia ou os já referidos Ikonoklasta e o DJ português Nel Assassin, que fez a história dos primórdios do hip hop português nos agora regressados Micro. O seu objectivo é “dar espaço aos países de língua oficial portuguesa, traduzindo a vivência de cada um desses espaços”. MCK, “no sotaque, nas histórias, nas abordagens", será "porta-voz do que é a angolanidade de cada uma dessas realidades, dando conta da realidade política e da vida social e cultural da Angola dos nossos dias”. No entretanto, continuará a labutar no “laboratório de sobrevivência” que é Luanda. Definindo-se como “artista quase exilado” – “faço mais concertos fora do que em Angola” -, não tem na música a sua fonte de sustento. A música paga o que faz na música. Quanto ao resto, como todos num “país sem dignidade salarial, mesmo nos bons empregos”, multiplica-se em actividades. Diz-nos que podemos encontrar em Luanda gabinetes de juristas em cujas portas se podem ler anúncios de “vende-se gelo” ou de “vende-se sopa”, forma de compor o orçamento mensal numa cidade com um altíssimo custo de vida. Quanto a ele, trabalha em marketing, é locutor de rádio tanto em Portugal como em Angola, gere a sua editora, a Masta K, e é produtor de eventos. Em Janeiro, terminada a licenciatura em Direito, iniciará o estágio como jurista. A revelação dos Valores que defende para a sua Luanda, a sua Angola, chegará pouco depois. Estejamos atentos.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Noites de Verão para agarrar duas preciosidades que nos escapam pelos dedos
A Filho Único volta a programar os finais de tarde estivais de Lisboa. Ogoya Nengo estreia entre nós o seu canto ancestral e o guitarrista Ricardo Rocha dá um raro concerto a solo. (...)

Noites de Verão para agarrar duas preciosidades que nos escapam pelos dedos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Filho Único volta a programar os finais de tarde estivais de Lisboa. Ogoya Nengo estreia entre nós o seu canto ancestral e o guitarrista Ricardo Rocha dá um raro concerto a solo.
TEXTO: Sete de Julho é uma data tão perfeita como qualquer outra para sair do trabalho e tomar o rumo do Jardim dos Coruchéus, em Alvalade. O boletim meteorológico não importa: estará quente. É a primeira das Noites de Verão que a Filho Único programa em Lisboa vai para a oitava edição, e começa logo com a voz extática de Ogoya Nengo, “a valorosa” queniana que nos vem mostrar o que é o Dodo – e o que vamos perder se este género tradicional das populações Luo vir concretizada a ameaça de extinção que lhe paira sobre a cabeça. É uma estreia nacional. Ogoya Nengo (n. 1943) é herdeira de uma música tradição oral que povoa as margens do grande lago Vitória e lhes guarda as histórias. Canta desde que há 60 anos chefes tribais, guerreiros e oficiais coloniais lhe descobriram o talento e a voz poderosa, sulcada e mística que faria dela um nome essencial da folk local. A edição internacional de Rang’ala – New Recordings From Siaya County, Kenya libertou-a das fronteiras regionais e abriu-lhe espaço para On Mande. Apresenta-o na capital com o The Dodo Women’s Group. Os Coruchéus também são uma novidade – e uma guinada para fora do centro que acolhe habitualmente as Noites de Verão. O Palácio de Pombal deixou de ser hipótese este ano e Alvalade foi o “desafio” lançado à organização. “É um aspecto positivo. Encaramos como um desafio. É descentralizado, uma paz de alma. E vive ali muita gente”, diz ao ípsilon André Ferreira, da Filho Único, convicto de que quem se vir obrigado a deslocar-se na cidade o fará com agrado, para “fugir ao sufoco turístico” e abraçar um programa “bastante consistente”. Além de Ogoya Nengo, há Volúpia das Cinzas (14 de Julho), o regresso de Jamal Moss como Hieroglyphic Being (dia 21 – nesta semana o norte-americano também se apresenta ao serviço no Milhões de Festa, programando as afamadas festas de piscina do festival de Barcelos) e Vaiapraia e as Rainhas do Baile (28), aos quais acrescem os DJ sets, respectivamente, de Bruno Silva, Varela, Novo Major e Pega Monstro. Sempre às 19h30 e com entrada livre. Em Agosto, as Noites de Verão seguem para a casa de sempre, o Jardim das Esculturas do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC) – à mesma hora e igualmente gratuitas. Ricardo Rocha dá a 4 de Agosto um raro concerto a solo (embora se apresente na Lx Factory, em nome próprio, a 1 de Julho), dando início a esta segunda metade da programação com “um conjunto de prelúdios para guitarra portuguesa” inéditos em disco (Irradiante, de 2014, aguarda sucessor). A Filho Único intui um “novo abalo sísmico na literatura do instrumento” protagonizado por um compositor que, nascido em 1974, já foi distinguido duas vezes com o Prémio Carlos Paredes – Rocha é, como Paredes, um guitarrista inspirado e sem grilhões. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Uma semana mais tarde, a 11, outra estreia: Gigi Masin. O italiano é uma descoberta tardia, “revitalizada por uma nova leitura histórica”, nota André Ferreira. Pioneiro de turntablism lá nos longínquos anos 1970, o italiano deu amplitude à sua “singular música baleárica ambiental” em 1986 com Wind, um primeiro disco entretanto canonizado. Peça de culto que, com Les Nouvelles Musiques Du Chambre, serviu de inspiração a muitos músicos – de Bjork a Main Attrakionz. Calhau! actua no dia 18. Primeira Dama – “uma lufada de ar fresco, passe o chavão, face ao nosso panorama pop”, enquadra André Ferreira – dará o derradeiro concerto destas Noites de Verão, a 25, e da sua própria agenda para a promoção do seu segundo disco.
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Polícia evacua centro de Manchester após encontrar carro suspeito
Polícia britânica irá investigar se o carro encontrado tem ligações ao atentado na Manchester Arena. (...)

Polícia evacua centro de Manchester após encontrar carro suspeito
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Polícia britânica irá investigar se o carro encontrado tem ligações ao atentado na Manchester Arena.
TEXTO: A polícia de Manchester revelou nesta sexta-feira ter identificado um carro que pode ser relevante para o decorrer da investigação ao atentado na Arena de Manchester, avança a agência Reuters. As autoridades encontraram um Nissan Micra, de cor branca, no centro de Manchester. A polícia estabeleceu um perímetro de segurança, evacuando o local. “Estamos muito interessados em tudo o que as pessoas nos possam dizer sobre as deslocações deste veículo e quem esteve com ele, nos últimos meses”, declarou, em comunicado, o detective Russ Jackson. A polícia tem investigado os passos de Salman Abedi, o bombista-suicida que matou 22 pessoas no final de um concerto da cantora norte-americana Ariana Grande a 22 de Maio. O ataque na Manchester Arena foi o mais mortal na história do país.
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