“Sou travesso, mas 33 mulheres é demasiado”, diz Berlusconi
O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi defendeu-se nesta quarta-feira das acusações dos procuradores de Milão que concluíram ter havido 33 mulheres incitadas a prostituir-se nas festas promovidas pelo chefe de Governo italiano. “Tenho 75 anos e sou travesso, mas 33 mulheres é demasiado”, disse. (...)

“Sou travesso, mas 33 mulheres é demasiado”, diz Berlusconi
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-03-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi defendeu-se nesta quarta-feira das acusações dos procuradores de Milão que concluíram ter havido 33 mulheres incitadas a prostituir-se nas festas promovidas pelo chefe de Governo italiano. “Tenho 75 anos e sou travesso, mas 33 mulheres é demasiado”, disse.
TEXTO: Berlusconi considerou “alucinantes” as acusações dos procuradores de Milão que estão a investigar o que aconteceu nas festas “bunga-bunga” na casa do primeiro-ministro em Arcore, nos arredores de Milão. Os procuradores concluíram que a marroquina Karima El Mahroug, conhecida por “Ruby”, era a única menor entre as participantes nas festas onde terão estado outras 32 jovens que foram incitadas a prostituir-se. O primeiro-ministro italiano começa a ser julgado a 6 de Abril por recurso à prostituição de menores e a procuradoria de Milão está a investigar o que aconteceu nas festas em Arcore entre o início de 2009 e Janeiro deste ano. Ao comentar as acusações, Berlusconi disse hoje numa entrevista ao “La Repubblica” que 33 mulheres “é demasiado”. A procuradoria concluiu que o primeiro-ministro italiano terá pago para ter relações sexuais com “Ruby” 13 vezes enquanto esta era ainda menor. Ao qualificar o sistema judicial como “bárbaro”, Berlusconi garantiu ao “La Repubblica” que nunca pagou para ter relações sexuais. E ironizou: “Já tenho quase 75 anos, e apesar de ser travesso, 33 mulheres em dois meses parecem-me demasiadas, até mesmo para um trintão”. Agora Berlusconi, que é proprietário de um império de media com canais de televisão, jornais e revistas, adiantou que irá defender-se. “Vou à televisão explicar tudo, para me defender e defender as raparigas, e participarei em todas as audiências do processo, o que não será fácil”. E voltou a dizer, tal como em declarações anteriores, que se interveio junto da comissária de Milão para que “Ruby” fosse libertada após ter sido detida por furto foi por estar convencido de que se tratava de uma familiar do então Presidente egípcio Hosni Mubarak e quis evitar um conflito diplomático. Sobre o que aconteceu nas festas, adiantou que “as jovens fizeram uma pequena dança na discoteca” e especificou: “Sozinhas, que eu nem gosto de dançar”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave prostituição mulheres
Comunistas vão entregar na AR projeto sobre empobrecimento das mulheres
O PCP anunciou esta quarta-feira que vai entregar na Assembleia da República um projeto de resolução relativo ao empobrecimento e pobreza das mulheres, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher que se assinala na quinta-feira. (...)

Comunistas vão entregar na AR projeto sobre empobrecimento das mulheres
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O PCP anunciou esta quarta-feira que vai entregar na Assembleia da República um projeto de resolução relativo ao empobrecimento e pobreza das mulheres, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher que se assinala na quinta-feira.
TEXTO: Em comunicado à imprensa, o partido afirmou que o projecto tem como objectivo “proceder a uma rigorosa avaliação dos impactos do Pacto de Agressão no agravamento da pobreza em Portugal, em particular nas mulheres e crianças”. “Cada medida imposta por via do Pacto de Agressão aprofunda o abismo entre a aspiração da larga maioria das mulheres em afirmar o seu papel e o agravamento de forma brutal das suas condições de vida e de trabalho”, refere Fernanda Mateus, membro da Comissão Politica do Comité Central do PCP. Para o PCP, “o pacto de agressão e as alterações à legislação laboral estão em ‘contra ciclo’ com os interesses do país e com a reiterada vontade de sucessivas gerações de mulheres em terem o direito ao trabalho com direitos”. Num apelo à adesão na greve geral agendada para dia 22 de Março, o PCP levará a cabo no Dia Internacional da Mulher “por todo o país um vasto conjunto de acções de distribuição do seu folheto às mulheres, e em especial às trabalhadoras, em que afirmará a confiança no papel da sua luta em defesa dos seus direitos”. O Partido Comunista lembrou ainda que na quinta-feira, no Parlamento, será debatido o projecto de resolução de valorização do trabalho e dos salários das mulheres e de combate às discriminações salariais, directas e indirectas. Para o PCP, apenas com uma “ruptura com a política de direita e uma construção de uma política alternativa”, se poderá construir um futuro que garanta “o combate ao desemprego e às diversas formas de precariedade e uma justa repartição de rendimento a favor das trabalhadoras reformadas, deficientes e imigrantes”. O partido reforçou que “cerca de 24, 5 por cento das trabalhadoras têm vínculo precário, uma situação que se agrava entre as mais jovens, quando 60, 9% dos 15 aos 24, e 34% dos 25 aos 34 anos não têm emprego estável”.
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP
SEF desmantela rede de prostituição em Viseu
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deteve três mulheres que permaneciam ilegalmente no país e que foram presentes ao Tribunal de Viseu para interrogatório judicial e para aplicação das respectivas medidas de coação. (...)

SEF desmantela rede de prostituição em Viseu
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deteve três mulheres que permaneciam ilegalmente no país e que foram presentes ao Tribunal de Viseu para interrogatório judicial e para aplicação das respectivas medidas de coação.
TEXTO: As detenções hoje anunciadas decorreram na passada quinta-feira no âmbito de uma operação de investigação no combate ao auxílio à imigração ilegal e lenocínio, que decorreu em Viseu. O objectivo, segundo explica o SEF em comunicado, era “desmantelar uma organização criminosa de cariz transnacional que se dedicava, de forma reiterada, à exploração sexual de mulheres em apartamentos na cidade”. Na mesma nota, o serviço acrescenta que “Foram executados três mandados judiciais para realização de buscas a domicílios de suspeitos bem como demais diligências para recolha de prova. Em causa está a prática de crimes de auxílio à imigração ilegal e lenocínio, entre outros, incluindo assim a angariação de mulheres em situação ilegal, em Portugal e no estrangeiro, para a prática da prostituição”. Da operação resultou, ainda, a constituição como arguidas no processo de uma cidadã nacional e de uma cidadã estrangeira. Foram também recolhidas provas, como “comprovativos de transferências, depósitos bancários, numerário e demais documentação relacionada com os ilícitos sob investigação”. O inquérito está agora nas mãos do Ministério Público de Viseu.
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF
Cem mulheres católicas apelam à candidatura de Bagão Félix
O apelo foi anunciado ontem num almoço no Estoril e vai agora seguir por carta. Mais de cem mulheres católicas pedem a António Bagão Félix que se candidate à Presidência da República, certas de "não existem em Portugal muitas pessoas com a capacidade de representar um povo maioritariamente católico", num "tempo particularmente perigoso" em que "os valores parecem tornar-se absurdos, em muitos casos alvos a abater". (...)

Cem mulheres católicas apelam à candidatura de Bagão Félix
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O apelo foi anunciado ontem num almoço no Estoril e vai agora seguir por carta. Mais de cem mulheres católicas pedem a António Bagão Félix que se candidate à Presidência da República, certas de "não existem em Portugal muitas pessoas com a capacidade de representar um povo maioritariamente católico", num "tempo particularmente perigoso" em que "os valores parecem tornar-se absurdos, em muitos casos alvos a abater".
TEXTO: Estão, dizem, "desiludidas" com Cavaco Silva, depois de o Presidente da República ter promulgado a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, sem ter utilizado o veto. Surpreendido com a notícia, o ex-ministro dos governos de Durão Barroso e de Santana Lopes estima o gesto, mas não vacila na decisão que diz já ter tomado. "Respeito o apelo, fico sensibilizado do ponto de vista pessoal, mas a minha posição tem de ser compreendida. Não sou candidato, nem candidato a candidato", declarou Bagão Félix ao PÚBLICO. O movimento Mulheres Século XXI, que tem rostos conhecidos como Isilda Pegado, reabre assim, sem subterfúrgios, a questão presidencial no centro-direita, um espaço eleitoral que seria naturalmente afecto a uma recandidatura de Cavaco Silva. Recebida com indignação, sobretudo pelos sectores católicos, a promulgação da lei do casamento gay mereceu uma reacção muito crítica do cardeal-patriarca, inconformado com justificação da crise para não ter havido veto. Então, Bagão Félix assumiu ter sido sondado para avançar com uma candidatura a Belém. Pedro Santana Lopes entrou também na liça, criticando duramente Cavaco Silva e defendendo haver espaço para uma alternativa à direita. Exclui-se da corrida, mas tem alimentado a ideia, quer em artigos de opinião, quer através do seu blogue. A ofensiva foi travada pelo líder social-democrata Pedro Passo Coelho, que reafirmou o apoio à recandidatura de Cavaco. Paulo Portas, por seu lado, garantia que, se Bagão avançasse, o apoiaria, quando o ex-ministro tinha já descartado a hipótese. Desdramatizando as consequências políticas de uma fractura entre duas candidaturas para o campo da direita, Santana Lopes tenta desmontar os argumentos de quem entende, como Marcelo Rebelo de Sousa, que uma segunda volta nas presidenciais poria em risco a vitória de Cavaco Silva. "Sabem quantos candidatos houve na primeira volta das eleições presidenciais, em França, em 2007? Doze candidatos, quatro dos quais de direita. Passaram à segunda volta, um de direita e outro de esquerda", escrevia Santana Lopes no seu blogue na passada segunda-feira. "Em França, cujo sistema de governo inspirou o nosso, do que não há memória é de uma só candidatura, na primeira volta, de um lado ou de outro do espectro partidário", insiste o ex-líder do PSD. O PÚBLICO tentou ontem ouvir Santana Lopes, mas sem sucesso. Após as primeiras reacções, a hierarquia da Igreja Católica remeteu-se ao silêncio, mas a "ferida" parece continuar aberta. "Estamos num grande drama, porque não sabemos em quem votar. Por isso propomos o dr. Bagão Félix, pois acredita nos valores da família", disse Thereza Carvalho, da organização do encontro em que participaram muitas das mulheres que integraram a Plataforma Cidadania e Casamento. Acusa directamente Cavaco Silva de "ter virado as costas à população católica" e vaticina mesmo que a opção que tomou no casamento gay "pelo politicamente correcto" terá custos eleitorais pesados. "Vai ter um efeito dominó na perda de votos", sustenta, confiando em que Bagão Félix repondere a sua decisão.
REFERÊNCIAS:
Crise leva mulheres a alugar o útero, apesar de ser ilegal
Há mulheres que são “barrigas de aluguer” em Portugal, apesar de ser um crime que dá prisão. Cobram até 100 mil euros para conseguir uma casa ou apenas para tirar “o pé da lama”. E tentam não pensar na criança. (...)

Crise leva mulheres a alugar o útero, apesar de ser ilegal
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.5
DATA: 2011-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há mulheres que são “barrigas de aluguer” em Portugal, apesar de ser um crime que dá prisão. Cobram até 100 mil euros para conseguir uma casa ou apenas para tirar “o pé da lama”. E tentam não pensar na criança.
TEXTO: O aluguer do útero é desde 2006 “punido com pena de prisão até dois anos ou pena de multa até 240 dias”, segundo a lei da Procriação Medicamente Assistida. A proibição não impede que mulheres em Portugal aluguem o útero por montantes que vão até aos 100 mil euros, segundo testemunharam à agência Lusa “barrigas de aluguer”. Amélia (nome fictício) tem 24 anos e foi a “situação financeira” que a levou a fazê-lo. O emprego “mal dava para pagar as contas” e perseguia o sonho de ter casa própria. Viu no aluguer do útero uma “forma rápida de ganhar um bom dinheiro” e vai no segundo contrato que em breve deverá resultar em mais uma gravidez. Quem a procura, nomeadamente pela internet, são “casais impossibilitados de ter filhos, mulheres com medo de modificar o corpo, casais homossexuais, homens que não querem responsabilidades com a mãe dos filhos ou pessoas sozinhas que precisam de companhia”. Era português o casal a quem entregou a primeira criança. Sem especificar quanto recebeu, diz que normalmente os preços vão de 30 a 100 mil euros, “para casais com uma vida financeira resolvida”. O resto pouco interessa. “Não me interessa saber quem é, até porque não os vou ver mais na vida. Desde que respeitem as cláusulas do contrato e não maltratem a criança, não queremos saber nada da sua vida. Quanto mais soubermos, pior”. A inseminação que conduziu à gravidez foi feita numa clínica em Portugal, o que a lei proíbe: “O dinheiro compra essas coisas”, afirma. O casal acompanhou a gestação. “Sentem-se realizados”, diz Amélia, que reconhece que, para este “trabalho”, é preciso preparação mental. “É normal trabalharmos a nossa cabeça, sempre em negação de ter uma criança”. Nem todas o conseguem. Alice (nome fictício), 22 anos, decidiu ser “barriga de aluguer” porque, por um problema de saúde, precisou de dinheiro. Um amigo disse-lhe que um casal homossexual num país europeu procurava uma “barriga de aluguer”. Aceitou “sem pensar” e hoje garante que não foi por ganância, mas por “necessidade”. Do casal que a procurou sabe pouco. “Não quis saber muito sobre as pessoas, pois quanto menos me envolvesse, melhor”, contou. A oferta que aceitou foi 30. 000 euros, dos quais Alice recebeu 15. 000 para iniciar o processo. Mas, à medida que o tempo passava, começou “a pensar que estava a fazer um negócio, a tratar um ser humano como um objecto de troca”. Mesmo assim, avançou. Fez os procedimentos de preparação para uma inseminação artificial “sem tocar num cêntimo”. A técnica foi feita numa clínica em Lisboa, na qual Alice nem precisou de falar, pois era um estabelecimento “de confiança da pessoa que queria a criança”. Na hora de fazer a inseminação, desistiu. “Por muitas que fossem as necessidades, o meu coração de mãe falou mais alto. Devolvi o dinheiro e o assunto ficou por aí”, disse. “Conheço pessoas que foram até ao fim e arrependeram-se. Por mais que finjam que está tudo bem, e tenham tentado não se apegar à criança, chega a hora em que aparece o sentimento de culpa de ter dado um filho por dinheiro”, assegura. Segundo Alice, “a crise já duplicou a disposição de mulheres para este negócio e, quem o procura, aproveita pois sai mais barato e escusam de ir à Índia, onde é legal”. Alice ainda hoje recebe propostas. De casais desesperados por um filho que oferecem o que têm e não têm. Alguns não conseguem chegar ao valor pedido e oferecem carros. São propostas como estas que Joana (nome fictício), 26 anos, está a analisar há três meses. Espera apenas acabar os estudos antes de a barriga começar a ver-se e está a tentar organizar-se para não precisar de estar contactável após o parto e não ter de dar satisfações sobre o destino da criança. Para isso, conta passar algum tempo noutro país, se o casal concordar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei filho prisão criança medo mulheres corpo homossexual
Mulheres em “autogestão” de pílula correm mais riscos de saúde
“Não há um contraceptivo para todas as mulheres, mas várias mulheres para vários contraceptivos”, sublinha presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção. Casos de embolias pulmonares alegadamente provocadas pela pílula podem resultar em mais gravidezes não planeadas e mais abortos, defende. (...)

Mulheres em “autogestão” de pílula correm mais riscos de saúde
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Não há um contraceptivo para todas as mulheres, mas várias mulheres para vários contraceptivos”, sublinha presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção. Casos de embolias pulmonares alegadamente provocadas pela pílula podem resultar em mais gravidezes não planeadas e mais abortos, defende.
TEXTO: Quando o assunto é a segurança da pílula contraceptiva, o mais perigoso são as “mulheres em autogestão”, aquelas que se dirigem às farmácias sem nunca terem passado por uma supervisão médica. São as utilizadoras que decidem adoptar o contraceptivo que a amiga ou familiar toma, sem terem qualquer conhecimento sobre a composição do medicamento, ou as que usam o mesmo há muitos anos sem acompanhamento regular. “Não há um contraceptivo para todas as mulheres, mas várias mulheres para vários contraceptivos”, sublinha Teresa Bombas, presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), em entrevista ao P3. O caso de Carolina Tendon, uma jovem de 22 anos que morreu em Fevereiro de 2014 com uma embolia pulmonar, reacendeu a discussão sobre aquele que é o medicamento mais estudado em todo o mundo pela comunidade científica. A família de Carolina acredita que a sua morte pode estar relacionada com o uso da pílula: a jovem tomava, há dois anos, a Yasmin, um contraceptivo oral combinado. Um ano após a morte, a Unidade de Farmacovigilância do Sul refere, em documento citado pelo PÚBLICO: “A relação causal entre o medicamento suspeito e a reacção adversa ao medicamento notificada foi classificada pelo perito clínico como possível, por se tratar de uma reacção adversa descrita no resumo das características do medicamento e por ter uma relação temporal bem estabelecida”. “Por muito moderna que a medicina seja, há mortes por causas não identificadas ou na sequência de medicamentos”, ressalva Teresa Bombas, estabelecendo uma comparação com “os desportistas, muitos de alta competição, que morreram em campo”. “Eram homens, não tomavam a pílula e passaram em tudo quanto era vigilância médica. ” A médica garante não possuir suficiente informação sobre o caso da jovem Carolina, mas acredita que o tom de alerta que se percebe, “sobretudo na comunicação social”, pode resultar “em complicações psicológicas e médicas”. É seguro continuar a tomar a pílula? “Sim, é”, responde Teresa Bombas sem hesitar. “As mulheres que o estão a fazer sob vigilância médica, obviamente não precisam de suspender”, explica. “Perigoso é um ‘boom’ de abandono dos contraceptivos e um ‘boom’ de aumento de interrupção de gravidez”, explica. No final de 1995, um artigo publicado no jornal médico “Lancet” apontava para um maior risco de tromboembolismo venoso em mulheres que tomavam pílulas com duas substâncias específicas: gestodeno e desogestrel. As consequências do impacto na opinião e na saúde públicas do alerta, também lançado à comunidade médica, fizeram sentir-se “num aumento da taxa de gravidez não planeada e do recurso à interrupção voluntária da mesma”, revela a presidente da SPDC. Estudos realizados no Reino Unido e na Noruega na sequência destas “crises na comunicação social”, como lhes chama a médica, comprovam a relação directa com o abandono do contraceptivo. No país escandinavo, a suspensão da pílula resultou “num aumento da taxa de aborto em 36% nas jovens com menos de 24 anos”, lê-se num comunicado disponível no site da SPDC. Uma vez que a contracepção hormonal combinada é “o método mais comum entre as mulheres portuguesas”, casos como este podem reflectir-se ao nível da saúde pública. “O número de gravidezes não planeadas é um indicador de uma boa ou má assistência no âmbito do planeamento familiar”, diz. Para já, meios como a “Sexualidade em Linha” ou o site “Contraceção. pt” não verificaram, assegura Teresa, “qualquer aumento de perguntas sobre a segurança da pílula contraceptiva”. Já nos serviços médicos, “apareceram algumas pessoas a questionar mas foi algo muito irregular, em várias zonas do país”. "Ausência de vigilância aumenta risco"Além de mitos sobre a utilização e o impacto na fertilidade da mulher, já abordados num outro artigo do P3, a também médica na Maternidade Daniel Matos, em Coimbra, reconhece que as questões relacionadas com a segurança da pílula são recorrentes em consulta. Importante, nesses momentos a sós com o médico, é que as pessoas “sejam sinceras” e tenham presentes “a história pessoal de saúde e familiar”. O propósito? Saber quais os eventuais factores de risco presentes e fazer “o aconselhamento mais adequado possível”. “Normalmente, as pessoas com risco de enfarte, por exemplo, são mais velhas. E os casos [divulgados recentemente] dizem respeito a jovens. Acontece que a população está cada vez mais obesa, há cada vez mais utilização de cigarros, uma série de factores de risco que é preciso pensar em eliminar, se se considerar a saúde a longo prazo”, esclarece. “A pílula é um medicamento perigoso em mulheres com factores de risco”, diz, daí que o acompanhamento seja essencial. “Há mulheres que começaram a tomar a pílula há 20 anos, mas entretanto esqueceram-se que nos últimos dez não foram ao médico e que aumentaram 20 quilos e passaram a fumar 20 cigarros”, exemplifica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave aborto morte homens campo mulher comunidade social mulheres sexualidade
Morreu a menina chinesa de dois anos atropelada e ignorada por 18 pessoas
A menina chinesa de dois anos que foi atropelada duas vezes e ignorada por 18 pessoas que passaram perto do corpo, acabou por não resistir aos ferimentos e morreu no hospital. (...)

Morreu a menina chinesa de dois anos atropelada e ignorada por 18 pessoas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: A menina chinesa de dois anos que foi atropelada duas vezes e ignorada por 18 pessoas que passaram perto do corpo, acabou por não resistir aos ferimentos e morreu no hospital.
TEXTO: O incidente remonta a 13 de Outubro. A criança de dois anos foi atropelada duas vezes seguidas numa estrada perto da loja do pai. As imagens do incidente ficaram registadas nas câmaras de vigilância de um estabelecimento que ficava perto do local do atropelamento e chocaram o mundo, já que 18 pessoas passaram pela menina, que estava deitada no chão coberta de sangue, sem prestarem qualquer auxílio. Nenhum dos condutores que a atropelou parou e várias pessoas passaram ao lado do corpo olhando e seguindo em frente. Entretanto, a polícia chinesa já deteve os condutores das duas carrinhas que atropelaram a menina, na cidade de Foshan, no sul da província de Guangdong – que estuda neste momento uma lei que obrigue os cidadãos a prestarem auxílio em situações como esta (à semelhança do que acontece, por exemplo, na legislação portuguesa). Só uma empregada da limpeza que veio trazer o lixo da loja é que socorreu a menina – o que provocou um intenso debate sobre as mudanças que a sociedade chinesa está a sofrer. No entanto, segundo fonte hospitalar citada pela BBC, desde o dia do acidente que a criança se encontrava em coma, com prognóstico muito reservado, tendo entrado em morte cerebral, declarando-se o óbito. Já a AFP, que também cita fontes hospitalares, adiantou que a menina morreu devido a uma “falência orgânica generalizada”. No Weibo, o equivalente chinês à rede social Twitter, a história continua a ser o tópico mais citado, tendo já chegado quase aos cinco milhões de mensagens e gerado uma campanha online com o slogan “Acabe com a apatia”. Da mesma forma, Chen Xianmei, de 58 anos, a única pessoa que parou para ajudar a menina, tornou-se uma heroína e um símbolo de que o país ainda pode recuperar alguns valores e resistir à ambição económica. Também o Global Times, um jornal em língua inglesa pertencente a um grupo do órgão central do Partido Comunista Chinês, descreve que “um egoísmo sem escrúpulos está a crescer na China”, considerando-o “suficientemente devastador para abalar os fundamentos da moralidade”. O mesmo jornal defende que, “nos últimos anos, o egoísmo tem sido largamente tolerado e até cultivado por alguns chineses, sendo mesmo visto como um instrumento ideológico para quebrar os tradicionais valores do colectivismo”. Uma ideia corroborada por vários comentários na Internet. “Esta sociedade está gravemente doente. Mesmo os cães e os gatos não deveriam ser tratados assim”, lê-se num deles.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte lei social criança corpo chinês cães
Rainha Sofia esteve em Lisboa a ouvir falar de neurociências
A Rainha Sofia, de Espanha, esteve em Lisboa por ocasião de encontro entre cientistas da Fundação Champalimaud (Portugal) e da Fundação Rainha Sofia (Espanha), que se juntaram para definir projectos de investigação conjuntos na área das doenças neurodegenerativas. (...)

Rainha Sofia esteve em Lisboa a ouvir falar de neurociências
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Rainha Sofia, de Espanha, esteve em Lisboa por ocasião de encontro entre cientistas da Fundação Champalimaud (Portugal) e da Fundação Rainha Sofia (Espanha), que se juntaram para definir projectos de investigação conjuntos na área das doenças neurodegenerativas.
TEXTO: Numa pequena sala, tapada por cortinas pretas e iluminada por alguns spots de luz, Michael Orger, neurocientista da Fundação Champalimaud, em Lisboa, recebeu esta quarta-feira uma invulgar convidada: a Rainha Sofia, de Espanha. Começou por lhe mostrar, ao fundo da sala, o microscópio “especial” que construiu “para obter mapas 3D do cérebro dos peixes-zebra”. Numa mesa ao lado, havia vários ecrãs com lindíssimas imagens tridimensionais e a cores do interior da cabeça destes animais. “Cada ponto de cor corresponde a um neurónio do cérebro do peixe-zebra”, salientou Michael Orger, “e a cor do ponto diz-nos quando mais se activa cada neurónio”: verde para os neurónios mais activos quando o peixe nada a contra-corrente, cor-de-rosa e azul para os neurónios que mais respondem quando vira para a esquerda ou a direita. “Por que estuda estes peixes?”, perguntou-lhe a Rainha Sofia num inglês impecável. “Porque neste estádio precoce da sua vida, quando medem apenas uns milímetros, são transparentes” – e isso permite ver as células. “E também porque conseguimos alterá-los, introduzindo [no seu ADN o gene de] uma proteína [que faz brilhar os neurónios]. ”“E passa aqui o dia todo?”, pergunta ainda a convidada. Resposta afirmativa do cientista. “Tenho a certeza de que os dias passam muito depressa para si”, diz ela. “Posso ver os peixes?”Michael Orger satisfaria esse pedido uns minutos depois, já no corredor, esgueirando-se entre os seguranças, jornalistas, cientistas e notáveis da Fundação Champalimaud, que rodeavam a convidada, com um pratinho de laboratório cheio de água onde se conseguia perceber vagamente uns bichinhos que nem pareciam peixes. Isso faria a Rainha Sofia dizer mais tarde, com sentido de humor, quando alguém evocara os estudos de comportamento dos peixes: “Sim, foram esses peixes que nós vimos – ou melhor, que não vimos…”Visitou-se também a grande sala do laboratório do Centro de Neurociências da Fundação Champalimaud, um open space onde trabalha a maior parte dos neurocientistas da instituição. Ali, Cristina Marquez, investigadora espanhola, apresentou à Rainha Sofia um vídeo sobre as experiências que faz com ratinhos para estudar o seu comportamento de entreajuda. “Há dois animais: um que precisa de ajuda para obter comida e o outro ajuda-o”, frisou a cientista. “E se o ratinho mudar de opinião?”, pergunta a Rainha Sofia. “De facto, isso acontece às vezes”, responde Cristina Marquez. “Descobrimos que os ratinhos nem sempre querem ajudar. ”Neurónios com espinhasNuma outra sala ainda, a convidada foi recebida por mais três investigadoras, que lhe explicaram brevemente o que fazem. Estudam, graças a uma técnica de microscopia dita de “dois fotões”, umas excrescências dos neurónios, chamadas “espinhas dendríticas” e presentes ao nível das ligações neuronais, que se sabe hoje estarem envolvidas nos processos de memória e aprendizagem. A visita da Rainha Sofia à Fundação Champalimaud foi motivada pelo lançamento de um programa de colaboração científica entre a fundação portuguesa e a Fundação Rainha Sofia (espanhola) em torno de doenças neurodegenerativas humanas como a doença de Alzheimer ou a doença de Parkinson. Veio acompanhada de vários especialistas da sua fundação –– que se dedica, entre outras coisas, a fomentar a investigação básica e clínica das doenças degenerativas do cérebro. Já no fim da visita às instalações do centro de neurociências (e do centro clínico do cancro), Rui Costa, que do lado da Fundação Champalimaud tem estado envolvido no lançamento desta cooperação luso-espanhola, disse aos jornalistas que, por enquanto, iriam focar-se na doença de Parkinson. Isto, explicou, porque é quase impossível saber se e quando é que uma pessoa vai desenvolver Alzheimer – ao passo que se sabe que muitas pessoas com Parkinson estão em risco de desenvolver uma demência. “Um terço dos doentes com Parkinson também desenvolve demências”, salientou. E apesar de estas demências serem diferentes da doença de Alzheimer, pensa-se que existem processos comuns. Portanto, é por aí que deverão começar. “Vamos tentar ‘casar’ os nossos campos de perícia para ver o que acontece nos ratinhos quando lhes injectamos extractos de cérebro colhidos em doentes com Parkinson”, frisa. “Vamos tentar perceber o que desencadeia a morte dos neurónios” na doença de Parkinson. Em particular, os cientistas querem ver qual será o impacto da inoculação de extractos de cérebro de doentes sobre as espinhas dendríticas do ratinhos, uma vez que estas estruturas parecem ser um alvo deste tipo de doenças.
REFERÊNCIAS:
Meninas do mar
Em várias vilas piscatórias do Japão, grupos de mulheres mergulham até 20 metros de profundidade, durante dois minutos, sem botija de oxigénio, para apanhar o que o fundo do mar tem para oferecer, exactamente como sempre fizeram. A idade não as faz parar. Mas é bem possível que esta seja uma prática (...)

Meninas do mar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em várias vilas piscatórias do Japão, grupos de mulheres mergulham até 20 metros de profundidade, durante dois minutos, sem botija de oxigénio, para apanhar o que o fundo do mar tem para oferecer, exactamente como sempre fizeram. A idade não as faz parar. Mas é bem possível que esta seja uma prática
TEXTO: Há dois mil anos — talvez menos, ninguém sabe ao certo — que a tradição se repete no Japão. Um grupo de mulheres mergulha até ao fundo do mar para apanhar algas, ouriços, abalones, e antigamente também ostras e as suas pérolas valiosas. Vão como sempre foram: sem botija de ar, de peito dilatado, lançando primeiro um assobio. Não é o canto da sereia, é um exercício para encher os pulmões de ar. A cineasta Cláudia Varejão chegou a pensar que seria uma coisa perdida no passado: “Deve ter sido, há-de ter sido. ” Mas quis ir ver se estas mulheres existiam mesmo, e onde, e quantas, e de que idade. Foi procurá-las ao outro canto do mundo e encontrou-as. Agora estão diante dos nossos olhos, no Museu do Oriente. Quando chegamos, Ama-San está ainda em montagem. Há imagens em grande formato (150x100) já colocadas, e outras, dezenas delas, muito mais pequenas (10x7, 5), a ser cuidadosamente alinhadas numa das paredes: “É como se fossem fotogramas”, diz Cláudia Varejão. As fotografias, que podem ser vistas até 30 de Agosto (há também um livro), são como um esboço do filme que demorará ainda alguns meses a finalizar. Mas é através delas que se conta agora a história das Ama-San, as mulheres mergulhadoras. Vemo-las no mar, em terra, a enrolar um lenço, de máscara, a descansar. Vemos como tudo isto é um desafio à natureza e à resistência humana. “Todo o corpo é convocado a atingir o seu limite”, lê-se na parede à entrada da exposição. A cineasta fez duas viagens, em 2013 e 2014, e passou ao todo três meses em meia dúzia de aldeias entre Tóquio e Osaka. As fotografias foram aparecendo “como uma repérage, uma espécie de preparação do filme”. Foram o seu bloco de notas. O trabalho tem o seu quê de etnográfico. Na vila onde passou mais tempo, Wagu, há cerca de 50 Ama-San. “O problema é que nenhuma delas tem menos de 50, 60 anos, e uma das personagens do filme tem 83”, conta. “Comecei a pesquisar e percebi que era um ofício que está a deixar de existir e que há muito poucas mulheres [a praticá-lo]. ”Por volta do ano mil, Sei Shonagon, escritora e dama da corte imperial, já dava conta destas mulheres no seu Livro de Cabeceira: “O mar é uma coisa assustadora mesmo nas alturas mais propícias. Quão mais assustador não deverá ser para essas pobres mergulhadoras que têm de enfrentar as suas profundezas para o seu sustento. ”Os homens partiam para o mar durante longos períodos e deixavam as mulheres sozinhas com os filhos a cargo; os mergulhos eram formas de ajudar a sustentar a família. “Começaram a juntar-se e a mergulhar em zonas junto às rochas. Depois desenvolveram o trabalho delas e começaram a arriscar ir mais para a frente”, para as zonas onde há mais recifes, mais rochas e por isso mais tesouros para apanhar. Actualmente, é um barco a motor que as leva para mar alto. “É dirigido por um homem, um capitão — é o único elemento masculino que existe, e é sempre um homem que dirige o barco”. Esta é uma prova da resistência, mas também de independência. “A determinada altura, nos anos 60, 70, os maridos das Amas não trabalhavam; todo o dinheiro que ia para casa era através do trabalho delas. Portanto elas deviam ganhar muito bem. Hoje em dia, são muito poucas e elas vivem, não mal, mas menos bem”, continua. “São muito, muito autónomas, por oposição à geisha, aquela figura dependente do homem. São muito dinâmicas. ” De resto, a figura masculina pouco entra nesta história. “É muito ausente, muito desaparecida. ” Apesar disso, no seu quotidiano, continuam presas à rígida hierarquia social japonesa. “Isso é muito vincado no Japão. ”A rotina repete-se um dia após o outro. A partida faz-se às nove da manhã. Sente-se a tensão no barco: “Vão muito caladas, comunicam pouco. Depois, quando chega a altura de mergulhar, começam a ficar um bocado descontroladas e a rirem-se. Percebe-se que há medo. Talvez isto tenha sido o que me impressionou mais: ainda assim, elas vão. Podiam trabalhar noutra coisa, em terra. Não há muito, mas há a agricultura, podiam fazer outras coisas. ”Antes de mergulhar, o tal assobio. “Não consigo reproduzir, de todo! Aliás, as mais novas não conseguem fazer, só as mais velhas. É um assobio milenar. Elas têm uns óculos — em qualquer vila do Japão, estão sempre com estes óculos — e quando estão a dilatar produzem esse som. ”Ficam duas horas em alto-mar. O capitão pára o barco, às vezes vai dar uma volta e regressa depois para as apanhar. Voltam para terra. “Cada barco tem umas casinhas de zinco e elas ficam lá. Deitam-se de costas para a fogueira para aquecerem os corpos. ” Estendem a roupa com que mergulham no chão, para secar. Almoçam. Depois voltam novamente para mais duas horas de mergulho. Quatro horas por dia. Mergulhos até vinte metros de profundidade, durante dois minutos seguidos se for preciso. “São uma espécie de agricultoras no meio do mar. ” Os abalones que apanham chegam a ser vendidos por 500 euros. Comem-se de diversas formas: vivo, morto, cru, grelhado, sushi, sashimi. As mais velhas hão-de ter começado em miúdas, adolescentes, continua Varejão. “E inicialmente era uma coisa hereditária: a avó mergulhava, a mãe mergulhava, portanto a filha mergulhava. ” Hoje já não será assim, já não se encontram raparigas em alto-mar. “Esta, por exemplo, [aponta para um retrato] tem 38 anos. Era a mais nova de lá. Acho que ela mergulha um bocadinho por fait-divers porque tem um marido muito rico, tem três filhos, tem uma vida maravilhosa e tem muito tempo livre, numa vila onde não se passa nada, não há nada para ela fazer. Então começou a mergulhar com uma amiga e é óptima. Diverte-se muito mais do que as outras porque não depende do trabalho. ”A prática não chega para garantir o sustento de todo o ano. Durante o Inverno, há quem tenha de trabalhar na aquacultura de pérolas; outras em hotéis, ou nos campos de arroz. “Algumas têm terrenos, outras trabalham para outras. ”Ainda que quisesse, Varejão não poderia acompanhar os mergulhos: “elas não deixavam — aquilo tem uma série de regras”. Mas teve medo por elas. “Quando as via ir, ficava preocupada. E quando vi as imagens debaixo de água — porque uma grande parte do filme passa-se debaixo de água — fiquei muito assustada. ” Elas mergulham para apanhar os abalones, têm de levantar as rochas debaixo das quais eles se escondem, tirá-los com uma faca, ter cuidado para não os riscar, porque se o fizerem valem logo metade do preço. “As rochas têm algas presas, muito altas. E no início da época de mergulho — entre Março e Abril (mergulham até Setembro) — estão gigantes. Algumas morrem porque ficam presas e ninguém dá por elas. Acho que todos os anos morre uma. ”Wagu é “uma espécie de Caxinas”, diz Cláudia Varejão, que nasceu no Porto. É uma vila piscatória, com mulheres simpáticas e generosas — noutras onde esteve encontrou mulheres “mais tribais, menos comunicativas”, talvez por serem de aldeias mais pequenas. Esteve sempre com tradutor, e o próprio mergulhador que captou as imagens debaixo de água era japonês — “explicava-lhe mais ou menos, porque tecnicamente não difere, em terra ou no mar. E todos os dias íamos vendo as imagens — ‘ok, então amanhã vamos mais por aqui, vamos seguir mais aquela, ou a outra’”. , só assim, chama-se o trabalho de Varejão, que acabou por se desdobrar em três: o filme que terá co-produção suíça e deverá sair primeiro no estrangeiro antes de poder ser visto em Portugal; a exposição de fotografia que foi inaugurada no dia 25; e o livro que saiu no mesmo dia. Serão editados 300 exemplares, todos forrados com papel japonês e todos com capas diferentes. Não terá texto, só um encarte com a mesma nota explicativa que está na entrada da exposição. De um lado, as fotografias do trabalho no mar; do outro, as fotografias do trabalho em terra, em harmónio. Talvez seja pela sua independência, talvez pelo seu desafio constante às forças da natureza e, pelo caminho, a certas convenções sociais, talvez seja ainda por uma ligação ancestral ao que nos une à Terra, as Ama-San têm vindo a ocupar o imaginário de japoneses e não só. Em 1814, Hokusai pintou uma Ama a ter relações sexuais com dois polvos: O Sonho da Mulher do Pescador. Em 1954, Yukio Mishima editava O Tumulto das Ondas — a história do jovem Shinji que se apaixona por Hatsue, mergulhadora e colectora de pérolas. Nesse mesmo ano, o fotógrafo e etnólogo italiano Fosco Maraini captou-as assim: jovens de corpo nu, com um sabre pontiagudo de madeira preso à pequena tanga que apenas lhes tapava o sexo e uma corda à volta da cintura para as ligar ao barco, como um cordão umbilical. Era visível a sua juventude e uma certa irmandade entre elas. A Ilha das Mulheres Pescadoras, chamou ao seu trabalho. Agora não se confundiriam tanto com sereias, e não só por serem bem mais velhas. Desde a década de 60 que foram forçadas a cobrir-se. O pudor e o conforto fazem-nas quase parecidas com qualquer outro mergulhador, de óculos e barbatanas nos pés. “Hoje em dia já há uma série de regras e um sindicato de pesca das Amas, e mergulham sempre de fatos térmicos”, afirma Varejão. Mas para além dos fatos acrescentam “umas vestes brancas por cima, um lenço na cabeça que tem toda uma lógica de colocação”, segundo a religião xintoísta ou budista. “São todas muito religiosas… o lenço é todo carimbado, com carimbos dos templos, e o branco à partida é para afastar os tubarões, para não correrem perigo. Já estão todas muito modernas, fatos de borracha, barbatanas, luvas, e umas facas muito quitadas, e depois têm uns paninhos brancos e umas coisas muito artesanais — é muito lindo. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mesmo no Japão, há algo de enigmático neste grupo de mulheres. São respeitadas, mas também incompreendidas. “Porque é que não vão com botijas? Porque é que se submetem a isto? O que é que elas fazem? Porque é que estão no mar em vez de estarem em casa a tratar dos miúdos? Isto, fora das vilas mais piscatórias, não se entende muito bem. ”Esta é a síntese do próprio país. A tecnologia não se sobrepõe a mergulhos milenares. “Na verdade, este é um trabalho que podia ser feito com uma botija às costas e apanhavam muito mais, mas o Japão é isto — há uma série de coisas que eles podiam fazer muito mais rápido, em série. Eu perguntava ‘mas porque não com botija?’, e nem há muita conversa sobre isso. Nem pensar. É assim que se faz. Há milhares de ofícios artesanais que aos nossos olhos redondos são estranhos. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Abusos sexuais de menina com debilidade punidos no Porto com pena suspensa
Os factos deste processo ocorreram no Porto entre o verão de 2014 e Fevereiro de 2016, altura em que uma tia das meninas denunciou o homem à PSP. (...)

Abusos sexuais de menina com debilidade punidos no Porto com pena suspensa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.15
DATA: 2018-11-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os factos deste processo ocorreram no Porto entre o verão de 2014 e Fevereiro de 2016, altura em que uma tia das meninas denunciou o homem à PSP.
TEXTO: O Tribunal de São João Novo, no Porto, condenou nesta quinta-feira a cinco anos de prisão, com pena suspensa, um septuagenário por três crimes de abuso sexual vitimando uma menina com alguma debilidade mental. O arguido estava acusado por sete crimes contra duas meninas, mas em audiência provaram-se apenas três contra uma delas. A pena aplicada resulta do cúmulo jurídico de penas parcelares de dois anos, dois anos e meio e dois anos e dez meses de prisão, ficando suspensa com a condição de o arguido não procurar locais habitualmente frequentados por crianças e se submeter a consulta de sexologia clínica. A produção de prova foi feita à porta fechada. Os factos deste processo ocorreram no Porto entre o Verão de 2014 e Fevereiro de 2016, altura em que uma tia das meninas denunciou o homem à PSP. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A acusação dizia que o homem teria abusado das duas meninas, vizinhas do filho, que teriam entre 9 e 11 anos. Dizia ainda que o arguido conhecia, inclusive, que a idade mental de ambas era inferior à idade real, dado o "défice notório" que apresentavam. Segundo o Ministério Público, o homem deslocava-se a casa do filho para alimentar um cão, fazendo-se acompanhar às vezes da sua neta, uma circunstância que facilitou a aproximação e favoreceu a criação de um sentimento de confiança por parte das meninas e da família. O silêncio das meninas seria conseguido com presentes, incluindo dinheiro, e deslocações a uma casa com piscina, propriedade do arguido.
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