Os “Donalds e as Melanias” deste mundo confrontam-se na Casa da Música
The Gender Agenda, de Philip Venables, cruza música e teatro para debater o sexismo, a misoginia e o slut-shaming. O objectivo é diluir a barreira entre palco e plateia, confiando na forte interacção entre as partes. (...)

Os “Donalds e as Melanias” deste mundo confrontam-se na Casa da Música
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: The Gender Agenda, de Philip Venables, cruza música e teatro para debater o sexismo, a misoginia e o slut-shaming. O objectivo é diluir a barreira entre palco e plateia, confiando na forte interacção entre as partes.
TEXTO: Não é bem um concerto, mas também não é bem uma peça de teatro. Esta terça-feira, o palco da Sala Suggia da Casa da Música, no Porto, transforma-se numa espécie de concurso de televisão onde o público é convidado a participar em jogos que acontecem em tempo real e que abordam questões fracturantes da actualidade, como o sexismo, a misoginia ou o slut-shaming. The Gender Agenda, o espectáculo de Philip Venables que agora se estreia em Portugal, parte de um formato descontraído e familiar, fazendo suceder vários desafios mediados por um apresentador, intercalados por separadores com visual e banda-sonora muito característicos. “Uma vez que o foco principal é a participação do público, esta estrutura pareceu-me a mais adequada, porque toda a gente sabe do que se trata”, explica o compositor britânico ao PÚBLICO. A peça foi criada no âmbito projecto europeu Connect, da Art Mentor Foundation Lucern, que propõe a criação de obras musicais para interpretação conjunta de músicos e público, de igual para igual, numa tentativa de esbater a barreira entre uns e outros. Philip Venables serviu-se do cruzamento entre música e texto que é habitual na sua obra – já recorreu a excertos da poesia de Walt Whitman e Sylvia Plath, a recortes de jornais e a entrevistas – para criar um concerto que é também uma peça de teatro e um espectáculo multimédia. “O texto permite explorar temas políticos e questões sociais, o que é mais difícil de fazer apenas com a música”, admite, acrescentando que a camada teatral que se lhe sobrepõe "dá à audiência outro tipo de experiência”. Após a estreia em Londres, a 12 de Abril, The Gender Agenda materializa-se agora num encontro entre o público português, o Remix Ensemble Casa da Música, o maestro Pedro Neves, o coro de uma turma do 11. º ano do curso de Teatro do Balleteatro Escola Profissional, o Digitópia Collective – responsável pela componente electrónica – e, claro, a apresentadora do concurso televisivo, Raquel Couto. A maestrina, que não tinha experiência anterior em representação, é a actriz principal da peça e a moderadora dos jogos que decorrem em cena. “A parte teatral também está no canto e no coro [as áreas que trabalho diariamente], mas o maior desafio é coordenar tudo com a parte electrónica, porque não são propriamente coisas que vêm na partitura”, confessa. É Raquel quem dá o mote para o arranque do concurso, com o jogo Crab the Kitten, anunciado pela imagem satírica de um caranguejo com a cabeça de Donald Trump. Ao mesmo tempo, passa de forma intermitente um excerto do polémico vídeo de 2016 que mostrava o então candidato às presidenciais norte-americanas a utilizar expressões grosseiras relativamente a mulheres, em conversa com o ex-apresentador da NBC, Billy Bush. Neste desafio, são lançados para a plateia oito gatinhos de peluche, quatro azuis e quatro cor-de-rosa. O objectivo é que o público levante bem os braços e, independentemente do género e da cor, apanhe um dos bonecos para subir ao palco e responder a algumas questões sobre o tema. No intervalo fictício, há lugar para notícias de última hora que dão conta da invenção de uma “pílula anti-concepcional para homens que acham que a gravidez é cansativa”, acompanhadas de uma faixa que faz lembrar o genérico de um telejornal. Na publicidade, há anúncios a produtos como o “ASS – Spray Anti-Sexismo”: um canalizador vai arranjar uma tubagem e, ao ser recebido pela dona da casa, pergunta pelo marido, sendo imediatamente borrifado pelo spray. Nem os filmes da Disney escapam à crítica sagaz que é feita em palco. A história da “Cinderela, que deu cabo do pé para que ele coubesse no sapato”, é apresentada “num áudio-livro com narração de Harvey Weinstein”, o produtor de Hollywood que protagonizou o escândalo sexual de 2017, dando origem ao movimento #MeToo. “Esta peça não vai mudar o mundo ou fazer a diferença na desigualdade salarial ou na maneira como as pessoas são tratadas”, reconhece Philip Venables. “O nosso objectivo é, em primeiro lugar, que as pessoas se divirtam e, depois, que consigam falar sobre temas mais sérios através do humor e do entretenimento. ” A crítica não é propriamente subtil, mas também não se procuram impor opiniões ao público. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em vez disso, num concurso que opõe “os Donalds e as Melanias”, são lançados ao ar conceitos como slut-shaming (a reprovação sofrida por mulheres que se mostram sexualmente abertas e activas e são vistas como promíscuas) manspreading (a prática dos homens que se sentam de pernas abertas nos transportes públicos), ou masculinidade tóxica, concretizada nas vozes do coro que atiram ao ar frases-tipo de uma sociedade preconceituosa, como “Os homens não choram” ou “A música clássica é para gays”. The Gender Agenda não se assume como um espectáculo político, antes como um espectáculo musical e teatral que serve de trampolim ao debate político e social. A estrutura é leve e orgânica, as questões de género respiram entre as deixas, o vídeo e a música, mas não há hesitação na forma como se põe o dedo na ferida. Às 19h30 desta terça-feira, a bola – ou o gatinho de peluche – passa para o público, cuja adesão determinará a fluidez da peça. “A participação das pessoas será recebida com amor e empatia. No fundo, só queremos que todos se divirtam”, conclui Venables. O programa do concerto desta tarde passará ainda por Orango, do compositor Oscar Bianchi, em que o público sobe ao palco para criar os sons da peça a partir de instrumentos musicais ou de objectos do quotidiano. A obra conta com a participação especial do Coro Sénior da Fundação Manuel António da Mota e do Psiqué – Grupo de Teatro do Hospital de Magalhães Lemos.
REFERÊNCIAS:
O poder das palavras: a propósito do trabalho sexual
Não é julgando estas pessoas que resolvemos os problemas, é dando-lhes visibilidade e voz. (...)

O poder das palavras: a propósito do trabalho sexual
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é julgando estas pessoas que resolvemos os problemas, é dando-lhes visibilidade e voz.
TEXTO: A inspetora Vera Stanhope repreende os homens da sua equipa quando utilizam a expressão “whore” (puta) a propósito de uma vítima. Ríspida, corrige-os: “sex worker” (trabalhadora do sexo), e eles baixam os olhos. É uma série policial inglesa, claro, do mesmo país onde a rainha condecorou com a ordem de mérito a ativista Catherine Healy pela conquista de direitos laborais para trabalhadores/as do sexo. Até podem dizer que isto está muito longe das nossas realidades, mas a organização portuguesa de trabalhadores/as do sexo, Labuta, lança um apelo no mesmo sentido: “Negar os nossos direitos como trabalhadorxs é negar os nossos direitos humanos. ” Apelos semelhantes foram publicados pela Amnistia Internacional ou pela Associação para o Planeamento da Família (APF). Sublinhe-se, ainda, que esta semana a ILGA Europa se posicionou pela descriminalização de todos os aspetos do trabalho sexual, ouvindo e envolvendo os/as trabalhadores/as do sexo LGBTI+. Vêm estas notas a propósito de uma petição lançada pelo MDM, “Ninho” e Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, condenando o uso da expressão “trabalho sexual”, como um atentado aos direitos humanos, e da dúvida razoável sobre o que leva um conjunto de organizações a darem-se a este trabalho. No mesmo texto, aquelas organizações condenam, também, a plataforma criada no município de Lisboa, constituída por organizações com intervenção na área do trabalho sexual e em articulação com o pelouro do vereador do Bloco de Esquerda, para identificar as necessidades e a adequação das respostas para as pessoas que fazem trabalho sexual. Trata-se do mínimo necessário para conseguirmos fazer um trabalho em rede, coerente e articulado. Sejamos claros: quando usamos a expressão “trabalho sexual” e não “prostituição”, fazemo-lo com a consciência de que as palavras expressam valores e opções. Procurem na net o significado de “prostituta” e constatarão que é uma mulher que “obtém lucro através da oferta de serviços sexuais”, sendo sinónimo de “rameira”, “pega”, “meretriz”. Os juízos morais associam a prostituição ao desvio, ao pecado e ao crime, e não servem os direitos destas pessoas, porque as colocam sob o olhar paternalista de uma sociedade que as quer corrigir, recusando-lhes a autodeterminação. Nós entendemos que a firmeza de Vera Stanhope serve mais estas pessoas do que séculos de moral católica, ou décadas da moral do PCP, que, convenha-se, sempre defendeu a mesma coisa: as prostitutas são prostitutas, vítimas de exploração sexual. A única atualização que fez foi enviesar a questão, fundindo trabalho sexual e tráfico de seres humanos, no esteio do feminismo abolicionista, e tornando o crime a moldura de toda a realidade. Ora, nós não queremos emendar estas pessoas. Não entendemos que sejam todas vítimas, mas sabemos bem que o género, a pertença a uma minoria étnica ou racial, a homofobia, a transfobia, o “bullying” e a rejeição das famílias e próximos, entre outras formas de discriminação, podem empurrar muitas delas para a precariedade económica, e para o trabalho sexual. Não é julgando-as que resolvemos os problemas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É dando-lhes visibilidade e voz, é construindo uma agenda para os direitos, é descriminalizando todas as práticas associadas, para que não permaneçam nos subterrâneos da realidade, onde mais facilmente são vítimas de exploração, de violência e de discriminação. É apostando em políticas públicas que garantam direitos, nomeadamente o de poderem escolher esse ou outros percursos de vida. Escolher, se e quando quiserem. E criar condições para suportar estas escolhas não é a mesma coisa que entender que a sua vida tem sentido único e que as pessoas estão destituídas de vontade. Entendemos que a Plataforma é o começo de um caminho a fazer e, para ele, convidámos todas as organizações. Mas se há quem entenda que nesta questão, tal como noutras, a agenda conservadora é mais poderosa do que a unidade para o alargamento e protecção dos direitos das pessoas que fazem trabalho sexual, não será por isso que o caminho deixará de ser feito. Representantes da CML na PlataformaOs autores escrevem segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
É Capazes de ser um bocado caro
Esta autêntica chuva de milhões demonstra que o pouco que existe de “sociedade civil” em Portugal ainda assim vive na dependência de dinheiros públicos. (...)

É Capazes de ser um bocado caro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esta autêntica chuva de milhões demonstra que o pouco que existe de “sociedade civil” em Portugal ainda assim vive na dependência de dinheiros públicos.
TEXTO: A associação feminista Capazes recebeu 73 mil euros de fundos europeus para organizar uma série de conferências no Alentejo sobre igualdade de género. A notícia causou certa polémica, por razões mais ou menos previsíveis: porque a líder da iniciativa é Rita Ferro Rodrigues, porque muitos consideram que o feminismo das Capazes extravasa bastante a mera luta pela igualdade de género, porque há quem defenda que os fundos do Portugal 2020 não devem servir para promover projectos ideológicos – e por aí fora. Vai daí, decidi sentar-me hora e meia a assistir ao vídeo da conferência das Capazes em Portalegre (a minha terra) e investigar um pouco que tipo de iniciativas são patrocinadas pelo Programa Operacional da Inclusão Social e Emprego (POISE) do Portugal 2020, de modo a poder chegar a uma conclusão sobre o tema. Cheguei a duas: 1) Aquilo que foi discutido em Portalegre pareceu-me pacífico e estimável, e tirando o tique insuportável de Rita Ferro Rodrigues dizer “todos e todas”, “eles e elas” ou “outros e outras”, não ouvi nenhum dos delírios fundamentalistas que tantas vezes encontramos no site das Capazes (nota: gostei particularmente do testemunho de Mariana Mortágua acerca das mulheres na política). 2) A lista de apoios do Portugal 2020, pelo menos no que respeita aos fundos que são atribuídos ao abrigo do POISE, parece totalmente absurda, e qualquer pessoa que olhe para aquilo fica com a convicção de que continuamos a mandar dinheiro da Europa pela janela fora com o mesmo entusiasmo com que os agricultores compravam jipes na segunda metade dos anos 80. Em resumo, diria que há aqui notícia, mas não necessariamente no lugar onde ela foi procurada. A lista de “operações aprovadas” pelo programa POISE no final de 2016 consiste em 591 páginas, a uma média de 24 apoios por página: no total, são mais de 14 mil apoios distintos, onde cabe tudo e mais alguma coisa, sob chapéus como “Promoção do espírito empresarial” ou “Adaptação dos trabalhadores, das empresas e dos empresários à mudança”. No caso das Capazes, o apoio justifica-se pelo desejo de promover “a inclusão social” e combater “a pobreza e a discriminação”, na companhia de mais trinta e tal instituições, como a Liga dos Amigos do Centro de Saúde de Alfândega da Fé, a Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, a UMAR ou a ILGA – unidíssimas no benemérito objectivo de lutar “contra todas as formas de discriminação e promoção da igualdade de oportunidades”. E com o POISE a oferecer entre 70 a 80 mil euros por cabeça. É a cultura de minifúndio dos fundos europeus. Esta autêntica chuva de milhões demonstra que o pouco que existe de “sociedade civil” em Portugal ainda assim vive na dependência de dinheiros públicos. Rita Ferro Rodrigues, em declarações ao Observador, considerou “pouco” o dinheiro que recebeu da Europa. A questão é: pouco para fazer o quê? Nenhuma empresa em Portugal gastaria quase 74 mil euros a organizar quatro conferências (cinco, no projecto original) em que não é preciso pagar salas, deslocações ou oradores. Onde foi investido o dinheiro? Em dois anos de salário de um “técnico” (1000 euros) e de uma “coordenadora” (1100 euros). Dois anos e dois técnicos para organizar cinco conferências com a duração total de sete horas e meia – e tomem lá 73. 856 euros. Isto faz algum sentido? Claro que faz. Em Portugal, a melhor forma de popularizar uma ideia é contratar funcionários cujos salários estejam dependentes da sua popularidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura social igualdade género mulheres pobreza feminista salário discriminação feminismo
Irene, a miúda do cartaz feminista que abanou as redes sociais
É espanhola, mas foi tema de destaque em Portugal quando saiu à rua no 1.º de Maio, em Lisboa. Com um modesto cartaz, a jovem activista pôs as redes sociais a debater aquilo que toda a gente conhece, mas de que pouco se fala — o trabalho reprodutivo (...)

Irene, a miúda do cartaz feminista que abanou as redes sociais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.033
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: É espanhola, mas foi tema de destaque em Portugal quando saiu à rua no 1.º de Maio, em Lisboa. Com um modesto cartaz, a jovem activista pôs as redes sociais a debater aquilo que toda a gente conhece, mas de que pouco se fala — o trabalho reprodutivo
TEXTO: “Farta até à cona de gerar a mais-valia dos homens. Trabalho reprodutivo sustenta o capital. ” Foram estas as frases que Irene Martín escreveu num cartão neste 1. º de Maio, em Lisboa. “Fiz o cartaz na rua, no Largo do Intendente, muito pouco tempo antes da manifestação, foi uma coisa muito espontânea”, contou a jovem ao P3. Mas, horas depois, a discussão instalou-se nas redes sociais com a publicação de fotos de Irene com o cartaz ao alto. Uns quantos focavam-se no uso da palavra “cona” e a maioria confundia “trabalho reprodutivo” com “prostituição” e “gravidez”. Um desconhecimento que apanhou a espanhola de 22 anos de surpresa — “No meu país, é um termo muito conhecido. ”O Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE) explica que a expressão (que ganhou força na luta feminista nos 1970) engloba “todas as tarefas associadas ao suporte da actual e futura força de trabalho”. Um cargo que “não é remunerado” e que geralmente “é levado a cabo pelas mulheres”. E isto envolve a reprodução biológica, mas também outras actividades, explica Irene, como “cuidar das crianças, de quem está doente, limpar, lavar, cozinhar”: “Tudo isso é trabalho necessário para que sejamos indivíduos produtivos social e economicamente. ” É por isso, conclui a activista, que este tipo de encargos “sustenta o capital”. É mais ou menos por estas palavras que a jovem espanhola tem respondido às dezenas de tweets que lhe são dirigidos acerca do cartaz. Dá trabalho, mas não se importa — está a aproveitar a “viralização massiva” para “trazer o debate feminista para a esfera pública”. Irene está em Portugal em Erasmus há cerca de dois meses, a tirar o mestrado em Engenharia Biomédica, no Instituto Superior Técnico, mas já se decidiu a ficar em Lisboa “pelo menos mais um ano”. Em conversa com o P3, conta que mergulhou no mundo do feminismo e do activismo há quatro ou cinco anos e que a primeira coisa que fez quando chegou à capital portuguesa foi procurar um espaço de discussão — a Assembleia Feminista de Lisboa foi o escolhido. Foi também com a ajuda das “companheiras da assembleia” que Irene conseguiu traduzir para português as frases que tinha em mente para o cartaz. A tradução literal da expressão espanhola hasta el coño [“farta até à cona”] foi propositada: “Um dos objectivos era criar desconforto — eu sabia que era uma palavra forte. Actualmente, até é usada pelos homens para nos incomodar. Mas acho que as mulheres têm de se reapropriar da expressão e trazer a nossa sexualidade — que é brutalmente silenciada — ao espaço público. Falar da cona na rua é um acto político. ”“Isso a que chamam amor é trabalho não pago”A activista espanhola acha, ainda, que é preciso incluir-se o feminismo na luta pelos direitos laborais. Principalmente porque o trabalho reprodutivo é algo de que “os sindicatos não falam”, argumenta: “As mulheres são trabalhadoras na fábrica e em casa, têm uma jornada de trabalho que é dupla ou tripla e que ninguém reconhece. ”No ano passado, o PÚBLICO noticiava que Portugal é o quarto país onde as mulheres passam mais tempo a fazer trabalho não pago, com mais de quatro horas por dia entre as tarefas domésticas e de cuidado dos filhos, dos idosos ou dos familiares doentes. Irene conhece estes dados e, perante eles, cita a feminista italiana Silvia Federici: “Isso a que chamam amor é trabalho não pago. ”Para a estudante, a solução terá de passar “por uma organização social e colectiva do trabalho reprodutivo”, que pode começar pela “criação de redes públicas de creche, cantinas e lavandarias” e pelo “reconhecimento” das actividades domésticas como um trabalho e a “atribuição de um salário”. É uma posição pouco consensual que lhe valeu algumas críticas nas redes sociais. Mas, apesar disso, a maioria dos comentários davam mais destaque ao seu aspecto físico do que às suas ideias, revelou ao P3: “Dizem que eu sou gorda, dizem que não me depilei, dizem que sou lésbica, que sou puta. Críticas que um homem nunca vai receber. Porque as mulheres são concebidas como objectos decorativos. ”Fora “insultos gratuitos”, o dever de trazer um tema pouco falado para a praça pública foi cumprido. E o cartaz, esse, em breve terá nova casa: Irene vai cedê-lo à Associação Ephemera, de José Pacheco Pereira, a pedido da mesma. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ver Espanha sair à rua, a partir de LisboaIrene tem estado muito atenta ao que se passa no seu país natal, que saiu à rua em massa contra uma sentença judicial que condenou cinco homens a nove anos de prisão por abuso sexual, mas ilibou-os da acusação mais grave — a violação de uma jovem. “Esta sentença é desoladora”, desbafa: “Eles basicamente estão a dizer a todas as mulheres que denunciar casos de violação na justiça do seu país não vale a pena. É brutal. ”Mas se a decisão do tribunal a revolta, a mobilização pública comove-a. No passado sábado, 32 mil pessoas juntaram-se em Pamplona, numa manifestação convocada por vários colectivos feministas. A estudante que está por cá em Erasmus admite que fica “um pouquinho triste” por não estar lá, ao ver “a capacidade de mobilização das feministas espanholas”. E deixa um recado a Portugal, um país que a jovem considera ser mais tímido na dimensão das manifestações feministas: “É preciso sair à rua. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens tribunal prisão ajuda homem social prostituição violação igualdade género sexual mulheres sexualidade abuso feminista salário feminismo lésbica
Mais do que boa televisão, Girls foi uma boa dose de realidade
A série da HBO chega ao fim de domingo para segunda, às 3h, no TVSéries. (...)

Mais do que boa televisão, Girls foi uma boa dose de realidade
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.633
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A série da HBO chega ao fim de domingo para segunda, às 3h, no TVSéries.
TEXTO: “Acho que posso ser a voz da minha geração. Ou pelo menos a voz de uma geração”, declarava Lena Dunham na pele de Hannah, na estreia da aguardada série de televisão Girls, em Abril de 2012. Aquele que poderia ser apenas o grito de independência de uma personagem face às suas circunstâncias era também uma proposta ousada para romper com o olhar romantizado sobre o mundo feminino na televisão norte-americana e um convite para passar a vê-lo sem filtros em todas as suas dimensões. O último episódio de Girls, que tem estreia mundial de domingo para segunda, às 3h, no TVSéries (repete na quinta-feira às 23h), conclui seis temporadas da história de quatro amigas na casa dos 20 anos a tentar navegar o início da idade adulta em Nova Iorque. Tal como nota o New York Times, o ano de Girls foi também o ano de Veep, Scandal e The Mindy Project, três grandes séries encabeçadas por “mulheres complexas cujas problemáticas não eram criadas para fazê-las parecer adoráveis”. Só que nenhuma foi capaz de abrir caminho à discussão acesa, incómoda e controversa que viria a fazer de Girls um movimento — nunca chegou a afirmar-se como um êxito de audiências, mas conseguiu fidelizar uma geração que nela se via ao espelho. Os olhos estavam todos postos em Lena Dunham quando esta se propôs criar, escrever, produzir e protagonizar a série da HBO que, segundo a mesma, seria uma “espécie de Sexo e a Cidade mais próximo da realidade”. Jenni Konner, co-criadora e produtora da série, recordava em Fevereiro ao Guardian o momento em que Dunham se dirigiu aos responsáveis do canal para apontar a falta de diversidade na ficção norte-americana. “Não me vejo nem a mim nem às minhas amigas representadas na televisão”, terá dito a actriz. O seu desafio era mostrar que as batalhas de todas as mulheres deveriam ser igualmente validadas e celebradas, independentemente dos padrões de beleza popularizados pelos media. A estreia de Girls reuniu a opinião favorável da crítica, que elogiava o retrato arrojado e sincero de jovens mulheres com vulnerabilidades e imperfeições autênticas. Comparando-a ao brilho de Sexo e a Cidade, Tim Goodman notava no The Hollywood Reporter: “Girls é um caso muito mais lo-fi e enraízado no realismo e tira partido da honestidade das suas personagens para produzir uma comédia sólida e momentos dramáticos genuínos e emocionantes”. Já no Los Angeles Times, Mary McNamara classificou o visionamento da série como uma experiência mais intelectual do que emocional. “As personagens são imperfeitas e estão hiper-conscientes das suas imperfeições, as histórias prestam-se a todos os ângulos da sua auto-análise de tal forma que não há um papel real para o espectador”. No Vulture, Matt Zoller Seitz dizia que Girls era uma “sitcom rara sobre jovens mulheres que parecem pessoas reais (apesar de irritantes) em vez de caricaturas de sitcom”. A comparação com uma série tão icónica como Sexo e a Cidade é simultaneamente inevitável e indesejada. É verdade que a série de Lena Dunham também mostra quatro amigas em Nova Iorque (foi, aliás, a própria quem, inicialmente, indicou a história de Candace Bushnell como referência) mas a semelhança fica-se por aí. Girls dá voz a uma geração diferente, com relações, empregos e preocupações diferentes, e fá-lo através de um tom que se alinha mais com a comédia dramática que com a sitcom pura. “Gossip Girl falava de adolescentes que cresciam no Upper East Side e Sexo e a Cidade era sobre mulheres que se preocupavam com o trabalho e os amigos e que queriam construir uma família. Havia todo um espaço entre as duas [realidades] que ainda não tinha sido explorado”, atirou Dunham ao The Hollywood Reporter em 2012. A série mostra protótipos de millennials privilegiados, recém-formados e criados pela tecnologia — aparentemente preparados para tudo, menos para a ardilosa entrada na vida adulta. Afinal, a missão de Hannah (Lena Dunham), Marnie (Alison Williams), Jessa (Jemima Kirke) e Shoshanna (Zosia Mamet) ao longo das seis temporadas é tentar encontrar o rumo das suas carreiras e relações enquanto se encontram a si próprias. Girls serviu de plataforma ao tratamento de questões como a imagem, a auto-estima, o body shaming, o feminismo e a sexualidade. Mas o sexo foi retratado de forma muito particular — nunca foi politicamente correcto nem visualmente apelativo quando a narrativa exigia que fosse, em vez disso, embaraçoso, desconfortável e até, em alguns momentos, difícil de ver. O despudor com que Girls tratou a sexualidade da mulher é, de acordo com o New York Times, o seu grande legado. “A série não tornou o sexo fácil de ver porque não é fácil para as mulheres descobrirem-se como seres sexuais, terem autonomia e influência para determinar como querem exercer o seu feminismo e a sua sexualidade”. Em contraste com a imagem clean e sensual que Hollywood tanto prezava, em Girls havia barrigas às dobras, pernas com celulite, efeitos hormonais da menstruação e personagens caprichosas e privilegiadas. De acordo com o Washington Post, numa das últimas acções promocionais da série, elenco e produtores reafirmaram que nunca quiseram criar personagens que agradassem ao público, já que “a ideia de agradar a alguém é uma construção sexista antiga e frequentemente aplicada a personagens femininas, um fardo injusto na TV de hoje, que se alimenta de histórias sobre protagonistas complexas e moralmente desleais”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi a série que falhou na frente da diversidade por predefinição ao focar a história de quatro raparigas brancas, uma realidade que foi criticada por não reflectir a demografia dos bairros de Brooklyn e de Nova Iorque. “Não faria outra série com quatro protagonistas brancas”, lamentou Lena Dunham à revista Nylon. Apesar disso, o debate ímpar que causou — sobretudo na Internet — transformou a dinâmica do panorama audiovisual. Com Girls a discussão passou a fazer-se de dentro para fora. “Passamos a perguntar-nos: o que é que isto diz sobre nós mesmos?”, nota o site Uproxx, que adjectiva a série como um “programa do século XXI que muita gente só viveu através de thinkpieces, ou seja, ensaios que partem de material de fundo para, com alguma opinião pessoal, fazer uma análise dos factos. (O próximo parágrafo que pode conter spoilers da sexta temporada. )O passar dos anos ensinou a Hannah, Marnie, Jessa e Shoshanna que, na verdade, nenhum adulto controla tanto a sua vida como parece controlar. No penúltimo episódio, vimos Hannah a deixar Nova Iorque para tomar as rédeas da sua vida enquanto futura mãe solteira e preparar-se para ser professora universitária. Seria ingénuo esperar um típico final feliz de uma série que sempre glorificou o caos. Afinal, a vulnerabilidade e a insegurança são uma verdade indissociável do crescimento.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher sexo espécie mulheres sexualidade feminismo
Porque marchamos?
Portugal pode vir a receber em 2022 o EuroPride. Este evento representa a comercialização do movimento (pinkwashing) com a falsa desculpa de estar a celebrar o “progresso”. As marchas são o caminho para a mudança. (...)

Porque marchamos?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal pode vir a receber em 2022 o EuroPride. Este evento representa a comercialização do movimento (pinkwashing) com a falsa desculpa de estar a celebrar o “progresso”. As marchas são o caminho para a mudança.
TEXTO: No ano e mês em que se assinalam os 50 anos da Revolta de Stonewall, que ocorreu a 28 de Junho de 1969, levanta-se novamente a questão: porquê continuar a marchar? Porque saímos à rua para lutar por algo que aparentemente está conquistado e garantido? Por que razão faz (ou não) sentido marcharmos?Para começar, uma marcha é uma manifestação pública, que consiste em ocupar a rua (espaço público) para reivindicar algo. É uma acção colectiva, é a democracia participativa. Nós, cidadãos e cidadãs, devemos ter uma participação mais activa na sociedade. A cidadania na rua significa isso mesmo. Exercer a cidadania é ter consciência dos seus direitos e deveres, garantindo que estes sejam colocados em prática. Passa por o cidadão e pela cidadã terem um papel activo. O activismo é a militância por uma causa, é a transformação da realidade por meio de uma acção prática, ou seja, através de um protesto/manifestação. Ou seja, privilegia a acção directa através de meios pacíficos ou violentos. As marchas são políticas, são uma reivindicação. Cada marcha tem o seu manifesto político. As marchas servem para celebrar o que já se conquistou, recordar os que já morreram a lutar e conquistar o que ainda falta cumprir. O papel das marchas passa por transmitir uma mensagem e ajudar a construir o movimento social. Passa por consciencializar, mobilizar e despertar o pensamento crítico. Gritam-se palavras de ordem, há cartazes, bandeiras, símbolos, etc. Tudo isto são componentes fundamentais numa marcha que inspiram um protesto que se quer fazer ouvir pelos que não estão a marchar. É preciso convencer os olhares passivos e críticos de fora: “Sai do passeio e vem para o nosso meio. ”O ano de 2019 tem sido particularmente rico em marchas em Portugal, como a histórica Greve Feminista (8 de Março), as duas igualmente históricas Greves Climáticas Estudantis (15 de Março e 24 de Maio) e com as habituais marchas pelos direitos LGBTI+. Todas estas lutas se cruzam: feminismo, clima, LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo e outras identidades). O belíssimo cartaz da 14. ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto exprime todo este cruzamento de lutas. Sob o mote “O Porto não se rende e o orgulho não se vende”, a marcha do Porto bate o pé firmemente e dá luz e esperança ao caminho que cada vez tem mais sentido, “a interseccionalidade das opressões e a importância do activismo para a reinvindicação do(s) Orgulho(s)”. Servem também de exemplo o cartaz da 2. ª Greve Climática Estudantil: “Agora que já estás de pé, não te voltes a sentar!” e o mote da Greve Feminista, organizada pela Rede 8 de Março: “Se as mulheres param, o mundo pára”. A interseccionalidade das lutas cruza várias raízes como o género, a orientação sexual, a raça, a etnia, a classe social, etc. O caso de Marielle Franco (1979-2018), feminista e defensora dos direitos humanos, é paradigmático. Marielle era mulher, negra, lésbica e favelada. O movimento activista está a crescer e a fundir-se com as gerações mais novas. Mas ainda não é suficiente. Ainda há quem não se identifique ou que é contra este tipo de manifestações públicas. Sente-se uma fraca identificação com motes de luta, de política e de solidariedade. Ainda há uma certa passividade, ignorância e despreocupação. E há quem queira boicotar e ocupar o espaço das marchas. Passados 50 anos de lutas e conquistas de direitos LGBTI+ nunca foi tão urgente regressar às origens de revolta como hoje. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Focando apenas na temática LGBTI+ e visto estarmos em pleno mês de Junho, o mês do Orgulho (Pride), é de salientar que são cada vez mais as empresas duvidosas que transformam este mês numa época de consumismo de produtos revestidos com as cores LGBTI+ com o único objectivo de gerar lucro. Portugal pode vir a receber em 2022 o EuroPride. Este evento representa a comercialização do movimento (pinkwashing) com a falsa desculpa de estar a celebrar o “progresso”. O Pride é uma festa, uma parada, um desfile de marcas. São ocos, um vazio político que consiste em festejar o orgulho LGBT, sem reivindicar absolutamente nada. Ainda há tanto por lutar e o sistema capitalista, machista, xenófobo e patriarcal quer ocupar o movimento activista. Em Portugal assinalam-se os 20 anos da primeira marcha, em Lisboa. Vinte anos depois Aveiro, Barcelos, Braga, Bragança, Coimbra, Faro, Funchal, Guimarães, Porto, Vila Real e Viseu também já marcham! As marchas são o caminho para a mudança. Porque nada está garantido e de um momento para o outro tudo pode desaparecer. É preciso ir para a rua, é preciso marchar todos os dias! Devemos marchar enquanto não estivermos todos(as) livres de qualquer tipo de opressão, ou seja, “não há orgulho para algumas(uns) sem a libertação de todas(os) nós”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos mulher social género sexual mulheres deveres negra feminista raça lgbt feminismo lésbica
Manuel “Palito” levantava-se de madrugada para perseguir a ex-mulher
O homem que esteve fugido 34 dias ficou em prisão preventiva e não falou ao juiz. À chegada foi recebido por uma multidão que o aplaudiu. A GNR fechou ruas com um forte dispositivo onde nem faltaram homens a cavalo. (...)

Manuel “Palito” levantava-se de madrugada para perseguir a ex-mulher
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: O homem que esteve fugido 34 dias ficou em prisão preventiva e não falou ao juiz. À chegada foi recebido por uma multidão que o aplaudiu. A GNR fechou ruas com um forte dispositivo onde nem faltaram homens a cavalo.
TEXTO: Manuel Baltazar passou a perseguir a ex-mulher quase todos os dias nos últimos cinco anos, após esta ter decidido separar-se dele face a um quadro de violência doméstica. O alegado homicida de Valongo dos Azeites, que terá baleado mortalmente a ex-sogra, a tia e ferido a ex-mulher e a filha de ambos, ficou esta quinta-feira em prisão preventiva. Foi inquirido durante cerca de duas horas ao final da tarde, mas remeteu-se ao silêncio perante o juiz que o indiciou por quatro crimes de homicídio, dois deles na forma tentada. Apesar de ser considerado perigoso pelas autoridades e estar fortemente indiciado pelos crimes, o homem também conhecido como Manuel “Palito”, que esteve fugido 34 dias foi recebido como uma espécie de herói popular. À sua chegada, foi aclamado por mais de 200 habitantes locais, que o esperavam. Tiraram fotos com os telemóveis, bateram palmas e também assobiaram, mas numa manifestação de apoio. Ninguém o criticava e alguns até o elogiavam. A GNR mobilizou dezenas de elementos para o local, para fazer segurança e a delimitar a entrada do tribunal. Enviou para ali alguns dos mesmos militares a cavalo que, durante mais de um mês, não encontraram o suspeito. As ruas foram fechadas e quase ninguém conseguiu entrar no tribunal onde vários julgamentos foram adiados. Tudo por Manuel Baltazar. O homem, agricultor e com 61 anos, chegou pelas 15h20 ao Tribunal de São João da Pesqueira, mas só começou a ser inquirido pelas 18h. Até lá, o tribunal teve de arranjar-lhe um advogado oficioso, já que não tinha um nomeado. A medida de coacção, a mais gravosa (prisão preventiva), só foi conhecida à saída do tribunal, pelas 20h. Minutos depois a Polícia Judiciaria arrancou de imediato com Manuel Baltazar, cabisbaixo, em direcção à cadeia de Vila Real. A partir de Fevereiro de 2009, altura em que o casal se separou, o alegado homicida passou a levantar-se de madrugada para ver por onde a ex-mulher andava e para exercer coacção sobre ela, de acordo com o processo relativo aos episódios de violência doméstica ao qual o PÚBLICO teve acesso. Neste processo fica ainda claro que a pulseira electrónica, através da qual Manuel Baltazar era vigiado pelos serviços prisionais, visava impedi-lo de se aproximar da ex-mulher. Sem êxito, como se viu. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, porém, afirmou nesta quinta-feira que o facto Manuel Baltazar ter cortado a pulseira electrónica, antes de praticar os crimes, não coloca em causa a utilização deste mecanismo de vigilância. Ainda de acordo com o processo, muitas vezes o arguido começava a perseguir a mulher logo pelas 6h de quase todos os dias. Depois de o divórcio ter sido decretado, passou a persegui-la “na rua e nos locais” onde a ex-mulher trabalhava, para a “ameaçar e amedrontar”. Chegava mesmo a ameaçar quem dava trabalho à ex-mulher, para a privar de meios de subsistência e a controlar. Por essa altura, Fevereiro de 2009, a ex-mulher estava numa casa abrigo da APAV, em Vila Real. Porém, teve de fugir dessa casa, onde esteve oito meses, até Agosto, quando Manuel Baltazar descobriu a sua localização. Foi, então, morar para uma casa de Peso da Régua, onde se achava mais segura. Certo é que, por esses dias, foi também localizada junto de uma paragem de autocarro onde aguardava transporte para o trabalho. Voltou a ser agredida e ameaçada de morte, o que não lhe era de todo novidade. Ainda quando morava com o ex-companheiro foi ameaçada com uma arma para voltar a dormir no quarto do casal. Antes disso, a 5 de Dezembro de 2011, foi o filho de ambos, de 30 anos, quem Manuel Baltazar ameaçou com uma arma, apontada ao peito, durante uma apanha de azeitona em Valongo dos Azeites. “Se queres matar, mata-me a mim”, disse a ex-mulher que intercedeu pelo filho. Esta actuação do arguido poderá explicar a circunstância de vários advogados terem sucessivamente recusado defender Manuel Baltazar em tribunal, como consta no processo. De acordo com a mesma fonte documental, Manuel Baltazar, que chegou a ter quatro espingardas e inúmeras munições em casa, ameaçava todos os familiares da ex-mulher e amigos que a defendessem. Não abria qualquer excepção, nem para os próprios filhos e incompatibilizou-se com dois dos quatro irmãos com quem deixou de falar. O relatório social apenso ao processo descreve-o como pouco sociável e aponta-lhe uma obsessão em relação à ex-mulher com quem esteve casado 25 anos. “Um e outro jurámos ser fiéis até que a morte nos separasse. Não sei por que ela quis o divórcio. Está deprimida e inventa coisas”, referiu o arguido durante uma das inquirições em tribunal relacionadas com os crimes de violência doméstica.
REFERÊNCIAS:
Mais processos e menos pessoas nas comissões de protecção de crianças
No total das 697 pessoas afectadas pela requalificação, os técnicos das comissões são uma pequena minoria. Mas alguns chegam a ter 100 processos em mãos. “E 100 processos são 100 crianças em risco.” (...)

Mais processos e menos pessoas nas comissões de protecção de crianças
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501175216/http://www.publico.pt/1678990
SUMÁRIO: No total das 697 pessoas afectadas pela requalificação, os técnicos das comissões são uma pequena minoria. Mas alguns chegam a ter 100 processos em mãos. “E 100 processos são 100 crianças em risco.”
TEXTO: Nos últimos anos têm chegado à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Matosinhos “mais processos e processos mais complexos”, diz Rosinda Antunes, que preside a esta comissão há sete anos. “Temos de estar muito atentos. Estamos a receber uma sinalização praticamente todos os dias. ”A crise não explica tudo, continua Rosinda Antunes, mas os casos têm sido cada vez mais frequentes na CPCJ de Matosinhos. Também por isso, a dispensa de trabalhadores em curso noutras CPCJ “está a levantar muitos medos” nesta comissão com um dos maiores números de casos sinalizados de crianças em risco no país, e onde quatro técnicos de uma equipa permanente de oito são da Segurança Social. A dispensa de trabalhadores está a fazer-se no quadro do programa de requalificação que o Governo quer ver concluído até 18 de Dezembro. No universo global dos 697 funcionários do Instituto da Segurança Social (ISS) abrangidos, os das comissões de protecção representam uma minoria. Serão entre 15 e 20 representantes da Segurança Social, segundo dados da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR). Mas cada pessoa chega a ter 100 processos em mãos. “Cem processos são cem crianças em risco”, salienta a presidente da CPCJ do Barreiro, Rita Carvalho. Cem é o número de processos que estão a ser acompanhados pela sua adjunta, no cargo de secretária da comissão, que foi notificada no âmbito da requalificação e dispensada das suas funções. No mapa das 305 comissões instaladas pelo país em 2013, os distritos de Braga, Aveiro, Setúbal e Porto estão entre os mais afectados pela requalificação dos trabalhadores da Segurança Social. No panorama nacional, em 2013, havia mais 505 membros de comissões do que no anterior quando eram, no total, 1282 pessoas. Mas também nesse ano, as comissões enfrentaram um aumento do número de casos. No país todo, foram tratados pelas comissões mais 2560 processos do que em 2012, quando também se registou um aumento de mais 1066 processos de 2011 – ano em que foram no total tratados 60007 processos (instaurados, reabertos ou transitados do ano anterior). A equipa de Matosinhos é uma das que têm sentido esse aumento nos últimos anos. Em 2013, lidou com 1253, ou seja, mais 156 processos do que em 2012, ano em que já se tinha registado um incremento de 120 casos. A responsável Rosinda Antunes traça um quadro das situações mais frequentes que levam as crianças e jovens a serem sinalizados e que reflectem uma realidade nacional também descrita no relatório de 2013 da comissão nacional: “Muita violência doméstica, em que estão inseridas crianças; jovens que não se dão com os pais e andam fugidos; um abandono escolar brutal; uma incapacidade parental ou pais que não se entendem entre eles e envolvem os filhos [nas discussões relativas à regulação do poder parental]. ”Nalguns casos, as situações chegam às comissões num ponto em que têm de ser resolvidas imediatamente. “São casos de pessoas que ficam sem retaguarda nenhuma. E temos de encontrar uma solução em 24 horas” para prevenir situações de perigo para a criança ou o jovem, resume. Centenas de processosDaí que Rita Carvalho, presidente da CPCJ do Barreiro, qualifique esta situação de “inesperadíssima” e “sem sentido nenhum” e confesse que ainda tem “esperança de que seja invertida”. Também para Ana Núncio, que acumula funções de representante da Segurança Social nas CPCJ de Alcácer do Sal e de Grândola, “foi uma surpresa”. E acrescenta: “Estamos todos a exercer funções. ”Para Adélia Silva, que acumula as funções de representante da Segurança Social nas CPCJ de Sines, a que preside, e Santiago do Cacém, “a situação é gravíssima”. Com o anúncio da sua saída, o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, disse em comunicado que ficava comprometido “um trabalho decisivo na prevenção e nas medidas de acompanhamento em casos de maus-tratos e outras situações”. E acrescentou: “Estamos a falar de dezenas e de dezenas de processos. ”“Existe o desejo e o propósito claro de manter a representação da Segurança Social nas comissões e de garantir a sua funcionalidade”, disse o presidente da CNPCJR Armando Leandro ao PÚBLICO. “Todos os esforços estão a ser feitos” para garantir que as comissões continuem a funcionar como estão, assegura sem explicar se houve ou não garantias de que as pessoas agora dispensadas serão substituídas ou poderão ainda permanecer nas comissões.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência social criança minoria maus-tratos doméstica
Comissões de Protecção de Crianças de Lisboa a braços com mais casos e mais complexos
O retrato não é idêntico em todas as comissões, mas as queixas da falta de recursos humanos, meios materiais, supervisão e respostas sociais são partilhadas pelos presidentes das quatro CPCJ da capital. (...)

Comissões de Protecção de Crianças de Lisboa a braços com mais casos e mais complexos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 | Sentimento 0.233
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501175216/http://www.publico.pt/1639011
SUMÁRIO: O retrato não é idêntico em todas as comissões, mas as queixas da falta de recursos humanos, meios materiais, supervisão e respostas sociais são partilhadas pelos presidentes das quatro CPCJ da capital.
TEXTO: A presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CNPJ) Lisboa Norte diz-se “muito preocupada” com o facto de este ano terem já sido abertos ou reabertos 1096 processos, atendendo a que em todo o ano de 2013 esse número se tinha ficado pelos 1440. Também a presidente da CNPJ Lisboa Centro afirma que “empiricamente” lhe parece que o volume de processos está a crescer, enquanto o presidente da CNPJ Lisboa Ocidental dá conta de um aumento da complexidade dos casos. Estes alertas foram deixados esta sexta-feira, durante o Encontro Direitos da Criança Lisboa 2014, uma iniciativa do pelouro dos Direitos Sociais do município. Presente esteve o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, que lembrou que no ano passado as quatro comissões do concelho de Lisboa trabalharam um total de 4349 processos. “É um número muito pesado, que nos deve interrogar”, afirmou Armando Leandro, explicando que estão em causa 6, 1% dos processos de todo o país. O juiz sublinhou outro “motivo de reflexão”: o facto de, ao contrário do que acontecia no passado, a faixa etária com maior registo de casos ser a dos 15 aos 21 anos. “É sintoma dos problemas que resultam [do alargamento] da escolaridade obrigatória. Muitas crianças estão em situações educativas que não correspondem à sua idade”, constatou. Armando Leandro destacou ainda que em Lisboa são as autoridades policiais quem mais casos sinaliza, enquanto na globalidade dos concelhos a liderança cabe aos estabelecimentos de ensino. Tanto na capital como em boa parte do país, a exposição das crianças a comportamentos que possam comprometer o seu bem-estar e desenvolvimento (incluindo violência doméstica), a negligência e o absentismo e abandono escolar estão no topo das situações que mais casos registam, embora nem sempre pela mesma ordem. No caso da CPCJ Lisboa Norte, que é a que tem um maior volume processual na cidade e que abrange cinco freguesias com “imensos” bairros sociais, a sua presidente confessou estar “muito preocupada” com o acréscimo de processos a que se está a assistir este ano. Segundo Nélia Alexandre, a freguesia de Santa Clara é aquela em que se tem registado um maior número de casos. Questionada sobre o porquê desse acréscimo, a presidente da comissão disse acreditar que hoje em dia “técnicos de primeira linha”, familiares e mesmo vizinhos denunciam com mais facilidade do que antes situações de crianças que consideram estar em risco. Nélia Alexandre acrescenta que “a questão económica” também é um factor a ter em conta, e dá conta de outras realidades em crescimento: a de “problemas económicos com vertentes de alcoolismo e saúde mental associadas” e a de “bebés sinalizados logo à nascença”, muitos filhos de mães adolescentes. Tanto esta responsável como o presidente da CPCJ Lisboa Ocidental, João Farinho, revelam que as entidades a que presidem têm vindo a atribuir mais apoios económicos do que no passado, o que dá bem conta das dificuldades que as famílias atravessam. João Farinho diz que no caso da CPCJ Ocidental “o volume de processos tem vindo a diminuir”, mas acrescenta que em contraponto as situações “são muito mais complexas do que anteriormente”. Já a presidente da CPCJ Lisboa Centro, Rute Lopes, diz que “empiricamente”, sem ter ainda dados compilados, lhe parece que há mais casos do que em 2013. Esta responsável fala ainda num aumento das situações em que há registo de problemas de saúde mental e de alcoolismo e daquelas que chegam aos técnicos “no limite”, com crianças a precisar de “protecção imediata”. Segundo explicou Rute Lopes, a CPCJ Centro abrange uma área “com uma densidade considerável de população estrangeira”, o que se traduz em que 23% dos processos activos digam respeito a outras nacionalidades que não a portuguesa. No arranque do Encontro Direitos da Criança Lisboa 2014, os presidentes das quatro comissões elencaram aqueles que são os principais problemas com que se confrontam no dia a dia. Entre eles estão a reduzida dimensão das instalações que ocupam, a insuficiência de recursos humanos (particularmente de juristas), a inexistência de viaturas de serviço, a falta de “supervisão terapêutica” dos técnicos e a “escassez de respostas sociais”, por exemplo no que diz respeito a lares para adolescentes e habitações para vítimas de violência doméstica. Referidas também por vários intervenientes foram preocupações ao nível da segurança. Nélia Alexandre revelou que “já ocorreram várias agressões” a técnicos da CPCJ Norte e manifestou a sua preocupação com o encerramento anunciado da esquadra da PSP que se localiza no Bairro Padre Cruz, onde ficam também as instalações da comissão.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Insultar a namorada é violência? Não, respondem 30% dos rapazes
Insultar, proibir, ameaçar e perseguir não é percepcionado como violência numa relação de namoro para uma “assustadora” percentagem de jovens, diz secretária de Estado. (...)

Insultar a namorada é violência? Não, respondem 30% dos rapazes
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 11 | Sentimento -1.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Insultar, proibir, ameaçar e perseguir não é percepcionado como violência numa relação de namoro para uma “assustadora” percentagem de jovens, diz secretária de Estado.
TEXTO: Proibir uma namorada de sair sozinha é violência? E impedir o outro de estar com um amigo de que não se gosta? E vetar uma determinada peça de roupa que o parceiro quer usar, pode ser considerado um comportamento violento? Não, não e não, responderam 32%, 31% e 41% dos 5500 jovens inquiridos num estudo sobre violência no namoro, divulgado nesta terça-feira pela organização não-governamental UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta. Com uma média etária de 15 anos, os jovens inquiridos neste estudo deixaram claro, para a secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, que “há uma cultura de violência na sociedade que tem de ser combatida”. Porque “ninguém acorda um dia transformado em agressor ou vítima”, a secretária de Estado insistiu na ideia de que a chave está na prevenção. “Só assim conseguiremos mais tarde não ter números tão assustadores em termos de homicídios conjugais e não andarmos sempre a correr atrás do prejuízo em termos de violência doméstica”, enunciou. As elevadas percentagens de jovens que encaixam como “normais” comportamentos violentos entre namorados são, ainda na óptica de Catarina Marcelino, “assustadoras”. Na pormenorização dos dados sobre a legitimação da violência, conclui-se que 14% dos jovens não reconhecem como actos de violência num contexto de namoro várias atitudes que são na verdade violência psicológica (o insulto numa discussão, a ameaça, a humilhação, o rebaixar do outro). O acto mais legitimado é mesmo o insulto, com 30% dos rapazes inquiridos a classificarem este comportamento como normal, contra 18% das raparigas que consideraram o mesmo. Já as ameaças são legitimadas por 12% dos rapazes e apenas 6% das raparigas. Igualmente preocupante é que o controlo do outro numa relação também é tido como manifestação de amor numa relação entre dois jovens, na opinião de 28% dos inquiridos (2558 rapazes e 2965 raparigas). Dentro desta categoria, 32% dos inquiridos classificaram como normal que um rapaz ou uma rapariga proíbam o namorado ou namorada de sair sem eles. Quanto à proibição do outro vestir determinada peça de roupa, 41% sustentaram que tal não configura um comportamento violento. A violência nas redes sociais foi pela primeira vez estudada neste inquérito da UMAR e as conclusões também não são muito animadoras. É que 24% dos jovens não consideram as situações e controlo e abuso nas redes sociais como violência. Exemplos? Partilhar mensagens ou fotos do namorado sem o respectivo consentimento é tido como normal por 15% dos inquiridos. Isto mostra, por si só, “uma grande vulnerabilidade à violência no namoro online e a uma possível exposição a comportamentos de pornografia de vingança”, alertam as autoras do estudo, depois de terem sublinhado que a informação colocada nas redes é “persistente” e pode ser replicada sem qualquer tipo de controlo. Nas diferenças entre os géneros, o estudo especifica que os rapazes são mais propensos a considerar que partilhar conteúdos íntimos sem autorização não constitui violência: 20% dos rapazes responderam assim, contra apenas 10% das raparigas. Do mesmo modo, o insulto verbal online não é percepcionado como violência para 16% dos jovens. Quanto à violência sexual nas relações de namoro, o retrato traça-se em poucas linhas: 36% dos jovens consideram legítima a pressão para beijar à frente dos amigos (47% dos que o defendem são rapazes e 27% raparigas) e 13% vão ainda mais longe ao apontar como legitima a pressão sobre o outro para ter relações sexuais. Por outro lado, a perseguição, durante ou logo após o namoro, também é tida como demonstração de amor, sobretudo entre os rapazes (33%). Já esbofetear e empurrar o outro sem deixar marca é normal para uma imensa minoria dos inquiridos: 9% dos rapazes e 4% das raparigas não reconhecem tais comportamentos como actos de violência. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nas perguntas sobre vitimação, cuja amostra se reduziu para os 3471 inquiridos (ou seja, aqueles que estavam ou já tinham estado numa relação de namoro), 19% responderam que já tinham vivenciado situações de violência psicológica, 15% tinham sido alvo de perseguição e 11% disseram-se vítimas de violência nas redes sociais. Este último é um número “alarmante” para as autoras do estudo. Que sublinha ainda um dado curioso: há mais rapazes a dizerem-se vítimas deste tipo de violência (12%) do que raparigas (11%). Quanto à proibição de estar ou de falar com alguém, 24% das raparigas afirmaram já terem sido controladas a esse nível. As percentagens dos jovens que se disseram vítimas de algum tipo de violência aumentaram comparativamente com o ano anterior, no que aos diferentes tipos de violência diz respeito. Mas não é certo que a violência entre os jovens tenha aumentado. A amostra foi maior e, por outro lado, pode ter-se apurado entre os jovens a percepção do que é violento numa relação a dois.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência cultura igualdade estudo sexual minoria mulheres doméstica rapariga abuso perseguição agressor