Instagram vai continuar a apagar fotos de nudez sempre que violem as regras
Caso de fotografia em topless de filha de Bruce Willis comentado por presidente-executivo da rede social. (...)

Instagram vai continuar a apagar fotos de nudez sempre que violem as regras
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Caso de fotografia em topless de filha de Bruce Willis comentado por presidente-executivo da rede social.
TEXTO: Não é a primeira vez que o Instagram se depara com fotografias de nudez. Nas situações com que lidou terá reagido sempre da mesma forma: retirou as imagens. Mas um caso recente, que envolve a filha das celebridades Bruce Willis e Demi Moore, levantou críticas à rede social contra as regras sobre nudez. Apesar das reacções negativas, o Instagram mantém-se intransigente: celebridade ou não, as regras são para cumprir. A fotografia polémica de Scout Willis, 22 anos, mostra a jovem em topless a andar numa rua de Nova Iorque e foi divulgada através do Twitter. O objectivo foi protestar contra o Instagram, que apagou a conta de Scout Willis por esta ter publicado uma imagem onde surge um casaco decorado com uma fotografia de duas mulheres em topless. “Por esses actos de abuso, fui informada educadamente que não seria mais bem-vinda à comunidade Instagram”, contou a jovem, citada pelo site xojane. A jovem lamentou ainda que o que é “legal segundo a lei do estado de Nova Iorque não é permitido no Instagram”. Scout Willis recebeu o apoio de várias celebridades, incluindo Rihanna, que antes de encerrar a sua conta no Instagram, onde tinha 1, 3 milhões de seguidores, deixou um tweet de apoio à jovem. A regra sobre nudez está no site do Instagram: “Não pode publicar fotografias violentas, de nudez, nudez parcial, discriminatórias, ilegais, pornográficas ou sexualmente sugestivas ou outros conteúdos através deste serviço”. Para o co-fundador e presidente-executivo da rede social, Kevin Systrom, regras são regras. Questionado pelo Newsbeat sobre a polémica lançada com o fecho da conta de Scout Willis, Systrom afirmou que a regra que regula a nudez no Instagram é “justa”. O responsável diz que a meta da aplicação, que tem uma média de cerca de 200 milhões de utilizadores activos por mês, é ser “o lugar mais seguro possível para adolescentes e adultos”. Quanto ao protesto vir de uma celebridade, Systrom diz que não há diferenças de tratamento entre os mais conhecidos e os restantes utilizadores. “O nosso objectivo é assegurar que o Instagram, seja para uma celebridade ou não, seja um lugar seguro e que o conteúdo publicado seja algo apropriado para adolescentes e também para adultos”, reforçou à Newsbeat. “Temos que criar certas regras para garantir que qualquer pessoa possa usá-la [rede social]”. O presidente-executivo do Instagram explica que a rede social tem várias equipas a analisar conteúdos e a ler informações dadas pela comunidade, “para assegurar que está a ser publicado o tipo certo de conteúdo”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha lei comunidade social mulheres abuso
Centenas de crianças poderão estar enterradas em antigo convento na Irlanda
Historiadora diz ter provas da existência de vala comum onde estarão os corpos de 796 crianças acolhidas num lar católico para mães solteiras. (...)

Centenas de crianças poderão estar enterradas em antigo convento na Irlanda
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Historiadora diz ter provas da existência de vala comum onde estarão os corpos de 796 crianças acolhidas num lar católico para mães solteiras.
TEXTO: A Igreja Católica irlandesa enfrenta novas acusações de negligência infantil depois de ter sido revelada a existência de alegados restos mortais de centenas de crianças nas imediações de um antigo convento que, entre 1925 e 1961, acolheu mães solteiras. “Uma pessoa disse-me que existia um cemitério de recém-nascidos. No entanto, o que encontrei foi muito mais do que isso”, contou a historiadora Catherine Corless, que há muito investiga estas suspeitas, à agência AFP. A historiadora assegurou que descobriu na cidade de Tuam, em Country Galway, restos mortais de 796 crianças, enterradas numa vala comum, sem lápide nem caixão. Apesar de a população local ter conhecimento da existência dos restos mortais, acreditavam que estes pertenceriam, na sua maioria, às vitimas da fome que devastou a população da Irlanda Ocidental no século XIX. De acordo com a France Presse, a morte das crianças, que viviam sob a alçada das freiras da congregação de Bon Secours, está agora a ser investigada. Suspeita-se que poderão ter morrido devido a doenças, como a pneumonia e a tuberculose, ou ainda por subnutrição e maus tratos. Na primeira metade do século XX, a Irlanda tinha uma das piores taxas de mortalidade infantil da Europa, sobretudo devido à tuberculose. Na cidade de Tuam, está em marcha uma campanha de angariação de fundos com vista à construção de um memorial com o nome de cada recém-nascido ali enterrado. Segundo o diário britânico Guardian, os líderes católicos de Galway garantiram que desconheciam que tantas crianças tinham morrido e sido enterradas naquele orfanato e comprometeram-se a ajudar na construção do memorial. Ainda segundo a AFP, William Dolan, familiar de uma das crianças que viveram nesta instituição, denunciou judicialmente a situação e pediu celeridade no processo, para que se descubra o que realmente sucedeu nos 35 anos de actividade do orfanato. Este caso trouxe novamente à tona antigos escândalos envolvendo a Igreja Católica na Irlanda, nomeadamente um que ocorreu entre 1922 e 1996 e em que mais de dez mil mulheres — conhecidas como “Irmãs de Madalena” —, que engravidavam fora do matrimónio ou que assumiram comportamentos impróprios segundo a doutrina católica, trabalhavam gratuitamente em lavandarias geridas comercialmente por representantes da Igreja. Texto editado por Tiago Luz Pedro
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte fome mulheres infantil
Aeroporto de Heathrow inaugurou novo terminal com 34 voos
Terminal irá operar apenas a 10% da sua capacidade nos primeiros dias (...)

Aeroporto de Heathrow inaugurou novo terminal com 34 voos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Terminal irá operar apenas a 10% da sua capacidade nos primeiros dias
TEXTO: Foi com uma manhã chuvosa, cinzenta e tipicamente inglesa que o aeroporto de Heathrow, em Londres, recebeu nesta quarta-feira os primeiros passageiros do novo Queen's Terminal. Com um investimento de 3100 milhões de euros, o novo terminal do terceiro aeroporto mais movimentado do mundo irá receber no dia da sua inauguração cerca de 34 voos. Era ainda de madrugada. O relógio marcava poucos minutos para as seis da manhã e já estava tudo a postos para receber o primeiro avião a aterrar no mais recente terminal do aeroporto britânico. O voo transatlântico com origem de Chicago era ansiosamente esperado por toda a comitiva de administradores do aeroporto, inquietos para apresentar a mais recente infra-estrutura de Heathrow, noticiou nesta quarta-feira o Telegraph. Ao todo, no primeiro voo estavam a bordo 178 passageiros e 11 tripulantes, adiantou a BBC. Nos primeiros dias de actividade, o terminal irá começar a meio gás, operando apenas a 10% da sua capacidade. São esperados 34 voos para esta quarta-feira, sendo que 17 se realizam da parte da manhã, todos eles da mesma companhia, a norte-americana United Airlines. Estima-se que o terminal 2 receba aproximadamente 15, 8 milhões de passageiros anualmente, tendo no entanto capacidade para um total de 20 milhões. O alargamento de número de voos será crescente ao longo dos próximos meses, esperando-se cerca de 330 por dia para 50 destinos diferentes. Até Outubro, esperam-se que mais de vinte companhias aéreas se juntem à norte- americana United Airlines. A Air Canada irá antecipar essa data, começando a sua actividade no terminal já no próximo mês. Até ao fim do ano, estima-se que 26 companhias estarão a operar na nova ala do aeroporto inglês. A inauguração oficial será presidida pela rainha Isabel II a 23 de Junho, dando assim algumas semanas para que se possam afinar eventuais falhas. O dia de abertura do novo terminal coincide com uma greve de 24 horas dos trabalhadores do Heathrow Express, rede de transportes que liga o aeroporto ao centro da cidade. Notícia corrigida às 15h11: O investimento é de 3100 milhões de euros e não de 2500 milhões, como inicialmente referido. Texto editado por Raquel Almeida Correia
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha
Duas crianças de 12 anos esfaquearam colega em sacrifício para o "homem sem cara"
Menores ficaram obcecadas com personagem de terror fictícia e afirmam ter agido para agradar a Slender Man. (...)

Duas crianças de 12 anos esfaquearam colega em sacrifício para o "homem sem cara"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Menores ficaram obcecadas com personagem de terror fictícia e afirmam ter agido para agradar a Slender Man.
TEXTO: Duas raparigas de 12 anos esfaquearam 19 vezes uma outra jovem em Waukesha, no Wisconsin, numa tentativa de homicídio que está a chocar os Estados Unidos. As menores, que vão ser julgadas como adultas, explicaram aos investigadores do caso que apenas queriam agradar a Slender Man, uma personagem de terror que descobriram na Internet e com a qual estavam obcecadas. O crime foi encarado pelas duas crianças como um sacrifício necessário para entrarem no culto do homem sem cara. Horror é a palavra mais usada para descrever toda a história, desde o que motivou o esfaqueamento ao próprio crime, segundo discrições feitas pelas menores à polícia e documentos do tribunal onde já foram ouvidas. Há meses que Morgan Geyser e Anissa Weier planeavam o ataque a uma colega de escola. Depois de duas ou três formas pensadas de como iriam atrair e matar a vítima, também de 12 anos, no último sábado, Morgan e Anissa levaram a colega para uma zona de bosque, perto das suas casas, sob a desculpa que iriam jogar às escondidas. O sacrifício começou pouco depois. Enquanto uma das raparigas segurava a vítima, a outra esfaqueou-a 19 vezes nos braços, pernas e torso. A criança foi deixada no bosque pelas duas menores. Acabou por ser salva por um ciclista numa estrada, para onde tinha conseguido arrastar-se. “Muitas das facadas atingiram órgãos principais, mas incrivelmente e felizmente a vítima sobreviveu ao assalto brutal”, contou em conferência de imprensa o chefe da polícia de Waukesha, Russell Jack, citado pela imprensa norte-americana. Morgan e Anissa foram encontradas próximo do local do ataque e levadas pela polícia para interrogatório. “Foi estranho não ter sentido remorsos”, disse uma das jovens. “A parte má de mim queria que ela morresse. A parte boa queria que ela vivesse”, desabafou a outra. Nas declarações que fizeram, a história da tentativa de homicídio juvenil adensou-se ainda mais quando ambas falaram em Slender Man, uma figura fictícia criada em 2009, para um concurso de Photoshop. Os participantes tinham que transformar fotografias normais em imagens arrepiantes através da manipulação digital e depois torna-las como fotografias autênticas e partilhá-las em fóruns dedicados ao paranormal. O concorrente Victor Surge criou duas fotografias a preto e branco, onde se viam crianças e uma criatura misteriosa que as perseguia. A culpa é do Slender Man?A figura é enigmática, com um corpo extremamente magro e comprido, vestido com um fato e uma cabeça branca, sem cara ou expressão. Além dos braços, das suas costas saem vários tentáculos. O seu objectivo, numa versão mais pesada do clássico “papão”, é perseguir crianças, hipnotizá-las e traumatizá-las. Na Internet existem vários vídeos, imagens e histórias à volta da personagem sem cara. Morgan e Anissa conheceram o Slender Man através do site Creepypasta, que disponibiliza pequenos contos de terror, alguns deles da sinistra personagem. Na terça-feira, o administrador do site publicou um comunicado onde fala do caso de Waukesha, depois de ter recebido várias críticas. “Não acredito que seja culpa do Slender Man ou de contos de horror em geral que isto aconteceu”, escreveu o responsável. “Enquanto não acredito que histórias arrepiantes as leve [crianças] a tornarem-se más ou doentes, penso que pode assusta-las e/ou deixá-las ansiosas. E se o seu filho tem problemas de violência ou depressão, é muito importante certificar-se que não interagem com coisas que aumentem isso”, acrescentou, para depois sublinhar que a “maioria das pessoas não vêem o Hannibal e transformam-se em assassinos em série”. À polícia, Morgan confirmou que, tal como Anissa, ficou obcecada com o Slender Man, que segundo a jovem começou a observá-la, a ler os seus pensamentos e a teletransportar-se. O objectivo máximo das duas raparigas era passarem a ser uma espécie de servidoras do Slender Man e para isso teriam que sacrificar alguém, caso contrário o homem sem cara mataria as suas famílias. As suas raparigas admitiram sentir uma mistura de medo e fascínio com a figura, para elas real, e após a morte da colega planeavam ir viver para a mansão do Slender Man, cuja morada nunca indicaram. As duas raparigas vão ser julgadas como adultas. Foi por essa razão que os seus nomes acabaram por ser revelados aos jornalistas. Arriscam uma pena de prisão até 65 anos se forem condenadas como adultas, mas os advogados de defesa pretendem que o caso seja julgado como um processo juvenil e alegar questões de saúde mental para justificar o crime. Anthony Cotton, um dos advogados, disse, citado pela abcNews, que uma das menores tem problemas mentais. “Não há qualquer dúvida que precisa de ir para um hospital”, reforçou. Neste momento, as raparigas estão sob custódia da polícia e têm a possibilidade de liberdade caso sejam pagos 500 mil dólares de fiança para cada uma. Os pais das jovens estão chocados com o caso e pretendem que o processo se desenvolva da forma mais privada possível.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte escola homicídio violência filho tribunal ataque prisão homem criança medo espécie corpo assalto
Um concurso de professores que eterniza a injustiça, divide e corrompe
Agora iremos ter professores do quadro que correm o risco de ir parar à mobilidade especial. (...)

Um concurso de professores que eterniza a injustiça, divide e corrompe
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Agora iremos ter professores do quadro que correm o risco de ir parar à mobilidade especial.
TEXTO: Pouco a pouco, a Educação nacional vai-se transformando num instrumento da tendência totalitária do Governo, cujo objectivo é produzir cidadãos submissos, que cumpram o desiderato da “ausência de alternativa”. Para isso, a política que emana do Ministério da Educação e Ciência tem sido sistematicamente urdida de modo a conduzir a comunidade académica para um reduto de proletários, que apenas lutem pela sobrevivência. Tratando os professores como menores mentais, que gostaria de confinar a um enorme campo de reeducação, Nuno Crato tem-se esforçado por remover a cidadania da Escola e por vestir a todos o colete-de-forças da burocracia burlesca e do centralismo castrante. Para o homem que odeia as ciências da Educação e lhes chama “ciências ocultas” (que de facto o são por referência à ignorância que sobre elas exibe), tudo o que é anterior ao seu iluminismo é lixo não científico, que trata com a angústia persecutória própria de um teocrata que venera a econometria. Esta moldura enquadra perfeitamente o concurso externo extraordinário para recrutamento de pessoal docente de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. São 1954 vagas para quadros de zona pedagógica, que não satisfazem as exigências da Directiva 1999/70/CE (toda a jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre a matéria aponta para uma só solução no quadro nacional: vinculação aos quadros de todos os professores que, desde 2001, sejam titulares de mais de três contratos anuais sucessivos), que estão muito longe de diminuir a precaridade do trabalho docente e que dividem, uma vez mais e de modo desonesto, os professores. Desde os tempos de David Justino que os concursos de professores, que estavam então estabilizados e não provocavam protestos, geram injustiças e criam castas, por via de sucessivas mudanças de regras, donde a ponderação da iniquidade desapareceu. Muitas decisões foram deixadas ao livre arbítrio das escolas (contratação de escola), com as consequências vergonhosas que são do conhecimento generalizado, impunemente, ano após ano, com total desrespeito pela graduação e tempo de serviço dos candidatos e facilitação despudorada do favorecimento e da corrupção. No caso em apreço, não se conhece o critério que concentrou a maioria das vagas em dois quadros de zona e deixou muitos grupos de recrutamento com vagas reduzidas ou mesmo sem vagas. O desrespeito pelas artes (sem vagas de contratação) é perverso e diz claramente que, para Nuno Crato, o objectivo é afastar a Escola do conceito de desenvolvimento integral das pessoas, transformando-a num espaço de reflexos condicionados pelos sinais dos mercados, pelas necessidades das empresas e pelos estímulos do que é imediatamente utilitário. Já tínhamos professores com mais de duas dezenas de contratos, com menor salário e mais horas de componente lectiva, embora com mais tempo de serviço e, até, habilitações, que professores do quadro. Agora iremos ter professores do quadro que correm o risco de ir parar à mobilidade especial por estarem impedidos de concorrer em igualdade de circunstâncias com colegas contratados. Temos professores que entraram nos quadros o ano passado, em escolas longe da residência, que verão agora serem ocupadas vagas ao lado de casa por colegas com menor graduação, mas mais sorte na roleta russa. Teremos professores com menor habilitação profissional, que entrarão nos quadros porque pertencem a grupos de recrutamento bafejados com o livre arbítrio de quem não se sente sequer obrigado a revelar os critérios que usou (se usou algum). E temos professores escravizados e humilhados durante anos, que argumentam contra colegas a quem acusam de nunca terem querido concorrer a todo o país, como se a opção de não abandonar filhos e mulheres ou maridos, gastando metade do ordenado em viagens e quarto alugado, fosse variável válida no jogo deprimente da sobrevivência. E temos governantes sem alma nem ética, que se empenharam meticulosamente e com insídia em descredibilizar os professores aos olhos da opinião pública, que agora se riem com os resultados da divisão que conseguiram, porque é essa divisão que lhes alimenta os abusos. E temos, sobretudo, políticos de todos os quadrantes, humana e politicamente imaturos, que nunca leram o artigo 47. º da Constituição da República Portuguesa, que assim dispõe: todos os cidadãos têm direito de acesso à função pública, em condições de igualdade e liberdade, em regra por via de concurso.
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Partidos LIVRE
A última aula de João Lobo Antunes ou “uma vida examinada” numa hora
Médico faz 70 anos na quarta-feira, nesta terça deu a última lição na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Uma plateia cheia ouviu-o falar sobre o tempo, a educação e o sentido da vida. (...)

A última aula de João Lobo Antunes ou “uma vida examinada” numa hora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Médico faz 70 anos na quarta-feira, nesta terça deu a última lição na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Uma plateia cheia ouviu-o falar sobre o tempo, a educação e o sentido da vida.
TEXTO: O neurocirurgião e professor de medicina João Lobo Antunes jubilou-se nesta terça-feira, um dia antes de fazer 70 anos. Na sua última aula, no auditório Egas Moniz do Instituto de Medicina Molecular, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), o prémio Pessoa de 1996 abriu as portas para o seu passado. Durante mais de uma hora, falou sobre o sentido da vida, enalteceu as qualidades de uma educação liberal, fez rir uma plateia que transbordava e falou da sua arte: a cirurgia. Após os aplausos, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, condecorou o neurocirurgião com a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, que distingue o mérito literário, científico e artístico. “O tempo passou tão depressa”, desabafou João Lobo Antunes, no início da sua última lição. Antes, falaram José Fernandes e Fernandes, director da FMUL, e António da Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa, que agradeceu ao médico a ajuda na unificação das antigas Universidade de Lisboa e Universidade Técnica de Lisboa. “É com imensa pena que o vejo jubilar”, disse Cruz Serra. A assistir na plateia, estavam Jorge Sampaio e António Ramalho Eanes, ex-presidentes da República, António Lobo Antunes, escritor e irmão do neurocirurgião, o patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, o empresário Francisco Pinto Balsemão, o ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, a antiga ministra da Ciência Maria da Graça Carvalho, a presidente do Instituto Champalimaud Leonor Beleza, médicos, muitas pessoas de bata branca, investigadores, alunos. “Última lição” prometia ser o título da aula do neurocirurgião, de acordo com o slide de abertura que tinha desenhados neurónios. Mas João Lobo Antunes explicou que, depois de pensar sobre o que queria dizer, decidiu o seguinte: “Falar para vós como se estivesse a falar simplesmente e só para mim. ” Por isso, inspirando-se na Apologia de Sócrates de Platão, onde se lê “sem me examinar a mim próprio e aos outros não vale a pena viver a vida”, o neurocirurgião chamou à sua lição de Uma vida examinada. Nessa revisitação, a profissão surge como se se tratasse de uma característica genética, que João Lobo Antunes herdou do pai, João Alfredo Lobo Antunes, também médico. No PowerPoint apareceu uma árvore genética da família, com quadrados e círculos (homens e mulheres). Estas árvores mostram a frequência com que uma doença genética aparece nas famílias, ajudando a antecipar a probabilidade de surgir num novo membro. Mas, neste caso, os quadrados e círculos pintados a vermelho eram os médicos. E o título do slide, “Profissão dominante de penetrância variável”, era um trocadilho com jargão científico que fez rir a plateia. Lisboa-Nova Iorque-LisboaJoão Lobo Antunes nasceu a 4 de Junho de 1944, em Lisboa. Antes de entrar na FMUL, passou pelo Liceu Camões. Do estudo que o permitiu terminar a licenciatura em 1967 com média 19, 47, lembrou a vida quase monástica que teve, ao ritmo do relógio da Igreja de Benfica: “Estudava das 9h às 13h, parava para almoçar, continuava das 15h às 20h, parava para ir jantar e voltava das 21h até às 23h. ” E lembrou também o “prazer de ter um livro na mão”. Diz-se um produto da “educação liberal”, onde se aprende a “saber ouvir”, mas também a ler, a compreender, a falar com qualquer pessoa, a escrever de forma prática, humilde, clara, a reconhecer uma variedade de problemas quando se analisa um tema e, finalmente, a “relacionar tudo e tudo saber articular”. Depois de falar sobre a sua passagem pelo Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, e por outras instituições portuguesas, o médico contou a sua estadia nos Estados Unidos. “Fui sempre livre para que as coisas me acontecessem. ” Entre 1971 e 1984 esteve em Nova Iorque, como bolseiro Fulbright e professor de neurocirurgia da Universidade de Columbia, e onde completou o doutoramento. Entre as pessoas que o marcaram, falou de Houston Merritt, “o maior neurologista americano da sua geração”, que nunca “perdia a oportunidade de ver mais um doente”. Quanto às razões que o fizeram regressar a Portugal, João Lobo Antunes cita Robert Oppenheimer, físico que dirigiu o projecto Manhattan (que desenvolveu a bomba atómica). Mais tarde, o físico foi posto de parte a nível político por suspeitas de espionagem para a União Soviética. Mas nunca abandonou os EUA, e um amigo citou-o a justificar-se: “Raios! Acontece que amo o meu país. ”Já sobre os anos em Portugal, quando veio dar aulas para a FMUL, o neurocirurgião falou do crescimento da ciência, de pessoas que o marcaram — como o ex-ministro da Ciência José Mariano Gago, Graça Carvalho, o filósofo Fernando Gil ou Fernando Ramôa Ribeiro, antigo presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia —, lembrou o tempo em que foi mandatário das campanhas presidenciais de Jorge Sampaio e Cavaco Silva e referiu a unificação das universidades de Lisboa como exemplo de que os compromissos são possíveis por um bem maior.
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Obama recorda que EUA têm "regra sagrada" de não deixar soldados para trás
Taliban divulgam vídeo com imagens da libertação de Bowe Bergdahl. Presidente defende acordo para a troca de prisioneiros. (...)

Obama recorda que EUA têm "regra sagrada" de não deixar soldados para trás
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2014-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Taliban divulgam vídeo com imagens da libertação de Bowe Bergdahl. Presidente defende acordo para a troca de prisioneiros.
TEXTO: Há ainda muitos episódios por contar na novela em que se transformou a libertação de Bowe Bergdahl, cativo durante cinco anos no Afeganistão, mas o Presidente norte-americano, Barack Obama, quer que uma coisa fique clara: “Independentemente das circunstâncias, sejam elas quais forem, resgatamos os soldados americanos em cativeiro. Ponto final. Parágrafo. ”Desde que a libertação foi noticiada, no sábado, que chovem críticas ao acordo que, em troca da vida do sargento, levou à libertação de cinco dirigentes taliban que estavam presos em Guantánamo. A oposição republicana acusa a Administração norte-americana de ter quebrado a regra de que “não se negoceia com terroristas”, pondo assim em risco a vida de civis e militares em missão no estrangeiro, e de não ter informado como manda a lei o Congresso sobre a troca de prisioneiros – uma notificação deve ser enviada com 30 dias de antecedência sempre que um detido é transferido de Guantánamo. Face às críticas, a Casa Branca age em duas frentes. Responsáveis da Administração telefonaram aos responsáveis de vários comités do Senado e da Câmara dos Representantes para pedir desculpa por não terem sido informados previamente dos contornos da libertação de Bergdahl. Em simultâneo, recordou que ainda recentemente dois dirigentes republicanos, entre eles o agora muito crítico senador John McCain (ele próprio um antigo prisioneiro de guerra no Vietname), tinham pedido à Casa Branca que “redobrasse os esforços” para resgatar Bergdahl antes do final da actual missão no Afeganistão. Mas a pressão não diminuiu e, na terça-feira à noite, o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, apoiou os pedidos para audições no Congresso aos responsáveis pelas negociações que conduziram à libertação do soldado, afirmando que “é importante que se clarifique” a troca de prisioneiros. O secretário da Defesa, Chuck Hagel, deverá ser o primeiro a ser chamado, com uma audiência já prevista para 11 de Junho. Todas as críticas ganham ainda mais força perante as suspeitas de que Bergdahl terá abandonado o seu posto – uma unidade avançada na província de Paktika, no Leste do Afeganistão. É essa a versão de vários membros da sua unidade, reforçada por um dos telegramas divulgados pela Wikileaks: numa comunicação via rádio interceptada depois de o soldado ter falhado a chamada, a 30 de Junho de 2009, os rebeldes falavam de um “soldado americano com uma câmara que está a procura de alguém que fale inglês”. É neste contexto que Obama se viu obrigado a sair de novo em defesa do acordo, que ele próprio anunciou no sábado, ao lado dos pais do jovem do Idaho. “Os EUA têm uma regra bastante sagrada: não deixamos os nossos homens e mulheres de uniforme para trás e isso acontece desde os nossos primeiros dias”, afirmou o Presidente, durante uma declaração na Polónia. Obama recordou que, ainda em Dezembro, alertou o Congresso para a possibilidade de uma troca de prisioneiros, mas foi obrigado a agir sem dar conhecimento aos congressistas dadas as “preocupações com a saúde do sargento”. “Tivemos uma oportunidade [para o libertar] e aproveitámo-la”, acrescentou o Presidente, insistindo que a sua Administração recebeu do Qatar, mediador das negociações, garantias de que os cinco taliban libertados serão mantidos sob vigilância. Exército promete não "fechar os olhos"Para acalmar os ânimos, o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas dos EUA, garantiu também que o Exército “não fechará os olhos” às faltas que Bergdahl possa ter cometido, mas que, à semelhança de todos os outros cidadãos, “ele é inocente até prova em contrário”. O Exército norte-americano confirma ter indícios de que o sargento deixou o seu posto, mas não tem ainda elementos que confirmem se se tratou de uma deserção. “A nossa primeira prioridade é garantir a saúde de Bergdahl e iniciar o seu processo de reintegração”, afirmou um porta-voz militar, confirmando que o militar, transferido para a Alemanha, está em situação estável mas ainda incontactável. Os taliban divulgaram já nesta quarta-feira um vídeo do momento da entrega de Bergdahl aos norte-americanos. Nas imagens, o sargento surge vestido com uma túnica branca, cabeça e barba rapada e um ar um pouco alheado, rodeado por vários homens de rosto tapado. Olha ansiosamente o céu, sentado no banco de trás de uma carrinha, enquanto no ar se avistam dois helicópteros militares.
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Entidades EUA
Holanda em luto recebe primeiros corpos do voo MH17
Minuto de silêncio no país, à chegada de avião da força aérea holandesa que transportou 16 caixões e de aparelho australiano que levou 24. (...)

Holanda em luto recebe primeiros corpos do voo MH17
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2014-07-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140724155447/http://www.publico.pt/1663957
SUMÁRIO: Minuto de silêncio no país, à chegada de avião da força aérea holandesa que transportou 16 caixões e de aparelho australiano que levou 24.
TEXTO: O trompete soou na pista tocando The Last Post, como é habitual nos funerais de mortos em combate, e guardou-se um minuto de silêncio, na pista do aeroporto de Eindhoven, no sul da Holanda – e um pouco por todo o país – esta quarta-feira à tarde. Chegavam ao país os primeiros corpos, 40, de vítimas do derrube do voo MH17 da Malaysia Airlines. Nos minutos que antecederam as aterragens, os sinos das igrejas ecoaram país afora, em homenagem às vítimas da tragédia que causou a morte a 298 pessoas de 11 nacionalidades, 193 delas holandesas. As bandeiras estiveram a meia haste, sinal do luto nacional decretado pela primeira vez na Holanda desde a morte da rainha Guilhermina, em 1962. No aeroporto de Amesterdão-Schiphol, de onde partiu o aparelho derrubado no Leste da Ucrânia, na quinta-feira passada, não descolaram nem aterraram aeronaves nos 13 minutos próximos do momento que os aviões com corpos chegaram a Eindhoven, segundo a Reuters. O minuto de silêncio foi, de acordo com os relatos das agências noticiosas, cumprido em empresas, escritórios e nas ruas. Os transportes públicos pararam. À espera de um Hercules C-130 da força aérea holandesa em que foram transportados 16 caixões e de um Boeing C-17 australiano em que seguiram 24, estavam cerca de um milhar de pessoas, sobretudo familiares e próximos das vítimas, o casal real, Guilherme Alexandre e Máxima, e o primeiro-ministro, Mark Rutte. Estavam também representantes de países que perderam cidadãos na queda do avião, incluindo o governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove. No exterior do aeroporto, viam-se numerosos ramos de flores que ali têm vindo a ser deixados. Após a aterragem dos aviões provenientes de Kharkov, onde as vítimas também receberam honras militares à partida, os caixões foram levados com solenidade, em silêncio, aos ombros de militares, para carros funerários alinhados na pista do aeroporto de Eindhoven. Os carros seguiram depois, escoltados por motas, para instalações militares perto de Hilversum, a cerca de cem quilómetros. É aí que começará o processo de identificação dos corpos, que nalguns casos será rápido mas noutros poderá prolongar-se por semanas ou meses. À passagem do cortejo, milhares de holandeses lançaram flores e aplaudiram. As auto-estradas foram temporariamente encerradas para facilitar o transporte. Como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Frans Timmermans, quase toda a gente de um país de 15 milhões de habitantes conhecia alguém ou familiares de alguém que tenha morrido no derrube do avião – o que contribuiu para o ambiente de comoção em que o país mergulhou. A contida e emotiva homenagem desta quarta-feira vai repetir-se. A maior parte dos cadáveres ainda estão na Ucrânia. Chegou a ser anunciada a partida de Kharkov de um outro avião, um aparelho militar canadiano, com 24 outros caixões, mas até ao final do dia essa informação não tinha sido confirmada. Na segunda-feira, um comboio com corpos de vítimas partiu de Torez, zona do Leste da Ucrânia controlada por separatistas pró-russos, para Kharkov, cidade fiel ao Governo de Kiev. Na altura foi anunciado que transportava 282 corpos mas na terça-feira fonte oficial holandesa disse que apenas tinham sido transportados 200. O primeiro-ministro australiano, Tony Abbot, confirmou entretanto que não há certezas sobre o número de corpos levados para Kharkov nem sobre quantos permanecerão ainda na zona em que o avião se desempenhou. Para a tarde de quinta-feira está prevista a partida para a Ucrânia do ministro holandês Frans Timmermans e da homóloga australiana, Julie Bishop, para discutirem o processo de “repatriamento dos [restantes] corpos e o inquérito”. No Boeing 777 malaio seguiam 28 australianos. O MH17 – presumivelmente abatido por um míssil disparado por separatistas pró-russos – caiu numa área controlada pelos separatistas. Todos os 298 passageiros e tripulantes, morreram. Entre eles 80 crianças ou adolescentes.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte rainha luto
A Primeira Guerra Mundial vista do retrovisor
Ao sétimo livro, o escritor de policiais Pierre Lemaitre recebeu o Prémio Goncourt. Foi no ano passado com Até Nos Vermos Lá em Cima , um romance de guerra e uma homenagem à literatura. (...)

A Primeira Guerra Mundial vista do retrovisor
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao sétimo livro, o escritor de policiais Pierre Lemaitre recebeu o Prémio Goncourt. Foi no ano passado com Até Nos Vermos Lá em Cima , um romance de guerra e uma homenagem à literatura.
TEXTO: Até ao ano passado, só dois de todos os escritores que já receberam o Prémio Goncourt vinham da literatura policial. Pierre Lemaitre é o terceiro. Com o romance Até Nos Vermos Lá em Cima (Clube do Autor) recebeu, em 2013, o mais prestigiante galardão da literatura francesa. Se nos seus romances as personagens se perguntam “Como cheguei aqui?”, com um Goncourt ao seu sétimo livro publicado, Pierre Lemaitre, 63 anos e uma carreira que começou tarde e depois de rejeições de muitos editores, faz a mesma pergunta. O escritor esteve em Lisboa a lançar este seu livro, a história de dois homens, Albert e Édouard, um bancário e um artista, que se conhecem nas trincheiras da guerra de 1914-1918 e no pós-guerra, em França, ficam abandonados à sua sorte criando uma burla amoral. Este Verão, Pierre vai começar a trabalhar na adaptação ao cinema. No seu primeiro livro, o policial Travail soigné, há um serial killer que copia crimes inventados por romancistas. É uma ideia engraçada. Pareceu-me interessante começar a minha carreira literária por um livro que homenageasse a literatura. Sou, para ser pretensioso, pós-moderno: durante muito tempo ensinei literatura e como lhe devo tanto – quase tudo – parecia-me normal pagar a minha dívida simbólica com uma homenagem. Travail soigné é a história de uma série de crimes que se passam em livros e é num livro que se vai encontrar a solução. É divertido, elegante, e foi a minha maneira sorridente e humorística de pagar a dívida. No posfácio de Até Nos Vermos Lá em Cima também agradece “os empréstimos” a vários autores, desde Émile Ajar a Carson McCullers. É curioso porque estão lá autores de que não gosto, como o cantor Georges Brassens. Mas sou leal, tento ser honesto, e quando estava a escrever, lembrei-me de alguma coisa que disse numa entrevista. Como retomei essa ideia, pago a minha dívida citando-o. Mas não se pense que esta lista é a das minhas admirações. Não é. É simplesmente a lista de pessoas que disseram ou escreveram qualquer coisa que me atravessou o espírito enquanto escrevia. Uma das quais é Proust, que lhe inspirou uma cena. No capítulo X precisava de fazer com que uma personagem surgisse muito poderosa, terrível, perigosa. Se estivesse no cinema, escolheria um actor com esse ar. Mas estou na literatura. Então como fazê-lo? É preciso – e isso é a lição de Hemingway – encontrar algo que traduza o que a personagem é. Não podemos simplesmente dizer que se trata de um homem terrível, é preciso que o leitor o sinta. Proust conseguiu fazê-lo em O Lado de Guermantes. Como me inspirei nele, pus lá o nome. Mas não é para me situar como um filho espiritual de Proust. É só porque num dado momento a sua trajectória cruzou-se modestamente com a minha. Esclarece também que concebeu a burla dos monumentos aos mortos depois de ter lido um artigo de Antoine Prost sobre o escândalo das exumações militares dos anos 1920. O artigo de Prost não foi o agente iniciador do livro. Na realidade, não sei como é que acontece com os outros romancistas, mas é-me muito difícil saber em que momento começa um livro no meu espírito. Há escritores para quem começa com uma imagem ou com uma voz. Pode ser, mas de cada vez que reflicto na primeira imagem encontro outra e ainda outra. Tenho a impressão de que temos várias imagens – do que vimos e do que ouvimos – e a um dado momento tudo converge para o mesmo ponto. É a ideia do romance que começa a vir. É muito difícil saber como começa um livro, sobretudo este. Mas já disse que desde a adolescência tinha um interesse particular pela Primeira Guerra Mundial. É prático dizer isso. Também tenho uma paixão pelo Tintin, por raparigas, pela filosofia. . . Mas não coleccionei durante toda a minha vida fotos da Primeira Guerra Mundial, não sou um maníaco; frequentei mais as raparigas do que a guerra. No entanto, tem razão. Na minha adolescência li sobre a Primeira Guerra Mundial e essa guerra abalou-me, principalmente pelas suas imagens. É uma guerra de uma barbárie extrema, e o que mais me impressionou foi a juventude dos soldados franceses. Eu devia ter 17 anos e identifiquei-me com eles. Já adulto, e enquanto intelectual, o que me interessou foi perceber que esta guerra que me tinha tocado por razões psicoafectivas tinha também uma grande importância geopolítica. Era a Grande Guerra que fazia com que o século XIX acabasse em 1914 e que o século XX começasse a partir de 1918. Era a placa giratória entre dois séculos, entre dois países, a França antes da Guerra e a França do pós-Guerra, e entre duas concepções da Europa, a Europa imperial e a Europa moderna como a viríamos a conhecer. De facto, os dois interesses convergiram: o afectivo e literário e o político e social. De qualquer maneira, escreveu um romance que não é sobre a guerra, mesmo se as primeiras 40 e tal páginas decorram durante o conflito. É sobre as pessoas que não conseguiram sair da guerra depois de ela acabar…Eles continuam uma outra guerra, passam de uma guerra a outra. Parece-me universal. Se olharmos para o final da Guerra do Vietname, vemos que os veteranos foram muito mal recebidos nos EUA. Rambo, o filme com Sylvester Stallone, conta a história de um homem que regressa e que ninguém quer ver. Todas as guerras provocam a mesma coisa: ficamos muito contentes por enviar homens para a guerra mas não ficamos contentes de os ver regressar. É universal, não é uma característica francesa nem da Primeira Guerra Mundial. Então de que maneira lhe interessou olhar para esta guerra?O período antes da Primeira Guerra Mundial já tinha sido tratado em muitos romances, bem como a guerra propriamente dita. O que me parecia interessante era deslocar-me, sair da Primeira Guerra, olhando-a como se através de um retrovisor. Parecia-me uma perspectiva cinematográfica interessante. A questão que se coloca sempre a um escritor é a do ponto de vista, não há mais nenhuma questão em literatura. Onde se coloca a câmara? Onde pomos os nossos olhos?E a seguir?A seguir são questões técnicas, a maneira como cozinhamos. A verdadeira criação, a verdadeira inteligência de um texto é : onde colocamos “o olho da câmara”? É John dos Passos, na trilogia U. S. A, que fala do “olho da câmara” e é uma excelente metáfora do trabalho de um romancista: há mil maneiras de contar uma história, a verdadeira questão é onde vamos colocar a iluminação. Pareceu-me que nesta Primeira Guerra Mundial havia uma maneira de a iluminar que ainda não tinha sido muito vista: era colocar a câmara no fim e olhar pelo retrovisor. Foi aí que leu sobre os monumentos aos mortos?Foi um pouco antes. O artigo de Prost revelava que em três ou quatro anos foram erigidos 30 mil monumentos aos mortos. Em alguns domingos foram inaugurados 50 a 60 monumentos aos mortos em localidades francesas. Um mercado extraordinário. Achei isso espectacular e guardei-o na minha cabeça. Quando estava a colocar a questão de como ia contar a minha história, lembrei-me. O artigo falava do pós-guerra, da maneira como erigimos monumentos à glória dos que estão mortos, e por isso decidi fazer um romance sobre os vivos. No entanto, a morte paira neste livro do princípio ao fim. Há também uma viagem do bem ao mal. Como liga isso ao universo da sua literatura?Venho do romance policial que é hoje, no século XXI, o grande género literário que reflecte sobre o bem e o mal. O mal principal é provocar-se a morte de outro. Um policial começa sempre por um homicídio, um crime. A grande questão que coloca sempre, centenas após centenas de livros, é "como é que chegamos lá, porque é que matamos?"Há quem defenda que é no policial que ainda se faz um romance social. Até Nos Vermos Lá em Cima retrata toda a estrutura de uma sociedade. Mas isso não muda nada à questão. Escrevi Cadres noirs, um romance social sobre o desemprego. O meu herói, aos 50 e tal anos, está desempregado e fazem-no crer que vai conseguir um emprego. Faz tudo para o ter e dá-se conta de que lhe mentiram, de que nunca esteve em causa ele ficar com aquele trabalho. Fica furioso. O livro começa com esta frase: “Nunca fui um homem violento e pergunto-me como cheguei aqui. " Um homem banal que se transforma numa besta selvagem faz no fundo a mesma velha pergunta. A questão de Albert Maillard, a personagem de Até Nos Vermos Lá em Cima, é : “Como é que eu, um empregado de banco, passei a ser um escroque perseguido pela polícia, que fez o acto escandaloso de roubar o dinheiro dos monumentos aos mortos? Como cheguei a isto?”Édouard, o outro protagonista, deve ter-lhe dado prazer a criar. Ele agrada muito às mulheres. Acorda nelas o lado maternal. Gostei particularmente da ideia das máscaras. Foi um pouco cobarde da minha parte porque tive o Édouard estropiado à minha frente o tempo todo e a determinada altura pus-lhe uma máscara. Tente viver 48 horas com Édouard e irá compreender muito rapidamente como se é posto à prova. O que mais impressiona é o odor da doença. Fez isso bem. Funciona bem, é verdade, mas sentia-o mesmo. E havia outra coisa, como a chegada de Luísa, a menina. A minha hipótese era fazer um livro em que ninguém saísse incólume da guerra. Mesmo esta menina cujo pai morreu cuja mãe ficou louca. Podemos dizer que é uma criança muda. É por isso que a relação dela com Édouard funciona. Os dois são seres emudecidos. Édouard não consegue falar por causa dos seus ferimentos na garganta e ela desde o princípio que só o olha, fala pouco. Vão reaprender juntos e, no fundo, as máscaras são a sua linguagem, a linguagem das pessoas que já não têm palavras. Quando não temos mais palavras, fazemos coisas em vez de as dizer. É também por isso que matamos: quando não podemos simbolizar qualquer coisa pelas palavras compramos um revólver. É simples. É também um romance sobre a amizade?Não sei se eles são verdadeiramente amigos, Albert e Édouard. Estão ligados um ao outro pelas circunstâncias e não sabem como se separar. São camaradas de guerra. Muitas vezes descreve-os como se fossem um casal. Não se podem separar. Por exemplo, qual é o problema de Albert? Alguém lhe salvou a vida. Como é que pagamos essa dívida? Para a pagar, Albert faz a lida da casa e a comida para Édouard, não se sabe em que momento vai poder dizer que pagou a sua dívida. Se for amizade, é uma amizade curiosa. É muito mais perverso do que isso. Para que personagem escreveu este livro?Escrevi-o para si, para os leitores. Mas para que personagem?Para Albert e para Merlin. Termina aliás com Joseph Merlin, enviado para inspeccionar cemitérios militares pelo Ministério das Pensões, Subsídios e Alocações de Guerra. Sim, foi para Merlin. Penso que nesta história muito complicada em que não há muita moral, o que faz com que o herói seja amoral, Merlin é o único a encarnar a moral. Apesar de tudo, ele que é porco, mau, desagradável, antipático……faz o que é preciso ser feito. Toda a história nos conduz a Merlin. Afectivamente fiz este livro para Albert, mas politicamente fi-lo para Merlin. No final diz que Merlin é inspirado numa personagem de Louis Guilloux. É um escritor do século XX que escreveu um livro [ Le Sang noir ] sobre a Primeira Guerra Mundial, um romance volumoso com uma particularidade: passa-se num só dia e conta a história de um professor de filosofia que se chama Merlin. Mudei-lhe o nome e fiz uma personagem mais moralista. E assim voltamos ao início da nossa conversa sobre a homenagem à literatura. No fundo, continuo a fazer o que sei fazer. Há uma citação que me diverte, é de Scott Fitzgerald: “Um romancista é alguém que tem duas ou três coisas a dizer e que livro após livro tenta dizê-las melhor. "
REFERÊNCIAS:
ONU diz que morte de civis na Palestina pode configurar "crime de guerra"
Israel não fez o que devia para proteger a vida dos civis, disse Navi Pillay — 74% dos até agora 648 palestinianos mortos são civis. (...)

ONU diz que morte de civis na Palestina pode configurar "crime de guerra"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140724155447/http://www.publico.pt/1663979
SUMÁRIO: Israel não fez o que devia para proteger a vida dos civis, disse Navi Pillay — 74% dos até agora 648 palestinianos mortos são civis.
TEXTO: A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, considerou que os ataques israelitas na Faixa de Gaza podem constituir “crimes de guerra” porque nada foi feito para poupar a vida dos civis. Segundo as Nações Unidas, 74% dos mortos em Gaza são civis. “O que acabo de descrever [os ataques contra civis indefesos] apontam para uma forte possibilidade de o Direito Internacional estar a ser violado de forma a configurar-se um crime de guerra”, disse Pillay numa reunião de emergência do Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra. Uma fonte da ONU disse à Al-Jazira que os palestinianos desta pequena Faixa quase cercada por Israel e com o Egipto na sua ponta sul (onde as fronteiras estão fechadas) estão encurralados, não têm para onde ir para se salvar. “Os civis de Gaza não têm para onde fugir uma vez que 44% do território foi interditada pelo exército israelita. As famílias estão a tomar a terrível decisão de se dividirem entre duas localidades diferentes — mães e filhos para um lado, pais e filhas para o outro —, tentando ao máximo que pelo menos alguém na família sobreviva”. Mas a acusação de Navi Pillay não deverá ter grandes consequências, apesar deste Conselho da ONU ter aprovado a criação de uma comissão de inquérito para averiguar "todas as possíveis violações". Entre os 47 países representados, só os Estados Unidos votaram contra. Mas a França, o Reino Unido e a Alemanha abstiveram-se, assim como mais 17 países. E Israel, que considera esta comissão um órgão tendencioso — “anti-Israel”, como disse a ministra israelita da Justiça, Tzipi Livni —, não deverá cooperar com uma investigação. Até ao início da tarde desta quarta-feira, o 16. º dia da operação militar israelita contra a Faixa de Gaza, os ataques por terra, mar e ar mataram 670 palestinianos. Mais de quatro mil pessoas ficaram feridas. Na sua intervenção, Pillay começou por falar nestes números e sublinhou que (até terça-feira) havia entre as vítimas civis 147 crianças e 74 mulheres. Do lado israelita morreram 34 soldados - três deles esta quarta-feira, na Faixa de Gaza - e três civis. O último dos civis foi identificado como um trabalhador estrangeiro que foi morto esta quarta-feira na cidade de Ashkelon, junto à fronteira com a Faixa de Gaza. A cidade mais castigada pelo fogo israelita esta quarta-feira é Khan Younis (sul), onde as forças de defesa de Israel dizem viver Mohammed Deif, comandante das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, o movimento que controla a Faixa de Gaza. Mas a ofensiva continua a abranger todo o território e a única central eléctrica do enclave foi destruída na terça-feira à noite. Segundo as fontes israelitas seis pessoas foram mortas e 20 ficaram feridas neste ataque que deixou ainda mais território palestiniano sem electricidade — só 10% dos palestinianos de Gaza têm agora luz. Os fornecimentos de Israel já tinham sido cortados na semana passada porque, explicou Israel, um rocket disparado pelo Hamas danificou a central que fornecia a Faixa. A ofensiva israelita foi lançada no dia 8 de Julho com o objectivo de travar os rockets disparados de Gaza. A uma primeira fase de guerra aérea, seguiu-se uma operação no terreno destinada a destruir os túneis construídos pelo Hamas para entrar em Israel e realizar ataques — por esses túneis o Hamas também fazia entrar em Gaza alimentos e outros bens essenciais que escasseiam na Faixa. Esta quarta-feira, o jornal Jesusalem Post dá conta da destruíção de um desses túneis que desembocava num kibutz. Lá dentro, diz o jornal, os soldados encontraram mapas, armas e uniformes das forças de defesa israelita. O mesmo jornal responde à denuncia de que os israelitas estão a bombardear e atacar indiscriminadamente na Faixa de Gaza — no fim de semana foi atingido um hospital. Diz o Jerusalem Post que num desses hospitais funciona uma “sala de guerra” do Hamas e da Jihad Islâmica, que ali se reuniam.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU