O negrume, o amor e a esperança de Kate Tempest
Everybody Down, o disco de estreia de Kate Tempest, poeta e dramaturga premiada, não é só um portento de hip-hop negro e industrial: é um olhar duríssimo sobre a sua geração na Inglaterra deste exacto momento. Mas no fim, no fim há só isto: amor, pessoas e esperança, tudo o que, diz ela, importa nesta vida. (...)

O negrume, o amor e a esperança de Kate Tempest
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2014-07-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Everybody Down, o disco de estreia de Kate Tempest, poeta e dramaturga premiada, não é só um portento de hip-hop negro e industrial: é um olhar duríssimo sobre a sua geração na Inglaterra deste exacto momento. Mas no fim, no fim há só isto: amor, pessoas e esperança, tudo o que, diz ela, importa nesta vida.
TEXTO: "Há monstros por todo o lado, de mamas empinadas, lábios molhados, cabeça atirada para trás, a berrarem para mostrar que existem": e com esta simples frase entramos de jorro no álbum de estreia de uma força da natureza chamada Kate Tempest, rapariga britânica de cabelo emaranhado quase cor-de-fogo cuja urgência ao rapar contrasta com o negrume e com a solidão das personagens destes dez temas. Everybody Down, cujo primeiro verso traduzimos acima, não é (só) um disco de hip-hop e Tempest não é apenas uma MC a estrear-se: miss Kate Calvert, cujo nome artístico não podia ter sido mais bem escolhido, é uma poeta e dramaturga de 27 anos, vencedora do Ted Hughes Poetry Prize por Brand New Ancients, e o seu álbum de estreia não se limita às batidas e aos versos: é um romance em rima em que cada canção é um capítulo. Começa-se com uma festa, descrita na primeira frase, e vista pelo seu lado mais cínico. Depois, seguimos as pessoas que lá surgem até ao fundo das suas pequenas dores, do seu isolamento, dos seus vícios. E no fim, no fim, diz-nos miss Tempest após quase uma hora de conversa ao telefone que deu vontade de a declarar património material da humanidade, no fim “há amor e esperança". "Tem de haver fucking love and hope, porque se não não estamos aqui a fazer nada. "“Aqui”, na vida. Porque Everybody Down está cheio de vida – a vida toda de Becky, Harry, Pete, modelos, passadores de droga, gente banal, os subúrbios. É a vida narrada com um grau de precisão, uma urgência, uma megalomania e uma crueza que não se via desde A Grand Don't Come For Free, o segundo álbum dos Streets. Sim, Everybody Down é assim tão bom, é assim tão importante, é assim tão grandioso. No Reino Unido, as reacções foram curiosas: quase toda a imprensa se curvou perante esta granada, à excepção das publicações mais old-school, que, ocasionalmente, acusaram “isto” de não ser bem hip-hop e miss Tempest de não ser bem uma MC. É uma poeta, lia-se aqui e ali, em tom pejorativo. E de facto o currículo não engana: o seu primeiro livro de poesia, Everything Speaks In Its Own Way, esteve nomeado para o Guardian First book Award; a sua primeira peça de teatro, Wasted, andou em digressão pelo Reino Unido duas vezes; Brand New Ancients, uma narrativa em spoken-word que seguia duas famílias, valeu-lhe o Ted Hughes Prize for Innovation in Poetry e o Herald Angel Award. Desde então, miss Tempest recebeu encomendas da BBC e da Royal Shakespeare Company. Mas há nisto uma pequena confusão: antes da dramaturgia, antes da poesia, já havia o hip-hop. Uma cabeça a explodir“No princípio era o hip-hop”, diz miss Tempest, ao telefone de Londres. “O hip-hop era tudo para mim quando eu tinha 13 ou 14 anos. Fazia mais sentido do que tudo o resto na minha vida. Todos os meus amigos eram MC. Eu não tinha confiança em mim, mas ia pelo país todo ver concertos e ficava cá fora porque era muito nova e tinha de dar muita tanga aos porteiros, que acabavam por fartar-se de mim e deixar-me entrar. Trabalhei numa loja de discos e estourava o meu dinheiro todo em discos. E aos 16 perdi o medo e comecei a entrar em battles [uma forma organizada de duelo em rap: mais ou menos a versão hip-hop de cantar ao desafio]. "Miss Tempest nasceu em Brockley, no Sul de Londres, uma zona “onde não acontecia nada”, e começou “a escrever histórias aos cinco anos”. Estudou música e artes performativas mas desistiu – o que não deixa de ter a sua graça quando pensamos que passou toda a vida adolescente e adulta a, neologizando, performar –, preferindo trabalhar em lojas de discos entre os 14 e os 18 anos. O dinheiro não era usado em renda: vivia em casas ocupadas. “Havia uma cena em Brixton, no Sul de Londres, e a gente ficava ali, a fumar um pouco de erva, a mandar rimas”, recorda miss Tempest, que fala como rapa: não só a mil à hora, cheia de pressa de dizer tudo o que tem para dizer, não vá o mundo acabar a meio, como em constantes modulações de voz, acentuando sílabas, alterando a tonalidade. É claro que os anos a fazer performance de poesia lhe dão armas para manipular o discurso – mas também é claro estarmos perante um daqueles casos em que é a paixão pelas palavras que a leva a descobrir as armas a usar e não o contrário. “Quando comecei a ir às battles, rapei muitas vezes contra homens. Eu parecia ter oito anos de idade, mas era muito agressiva com as letras e era muito intensa. E como as pessoas achavam que eu não me ia safar, tornava-me ainda mais agressiva e intensa e libertava coisas furiosas”, recorda Tempest, que tentou fazer carreira no rap, pondo malhas on-line “antes ainda de haver YouTube”, e depois foi lentamente deixando essa cultura. Isto apesar de ter passado algum tempo a “rapar em marchas políticas”, até se desiludir com o imobilismo social do seu país. Aos 21, Tempest começou a fazer poesia performativa, uma forma dessacralizada de dizer poesia. “E pagavam-me”, acrescenta com a alegria de uma menina a quem ofereceram uma boneca. “Na realidade, o que eu usava ao início eram os meus poemas de rap, só que sem a batida. E reparei que chegava mais às pessoas só com voz. O facto de ganhar dinheiro ajudou a interessar-me, claro, mas a verdade é que fiquei mesmo excitada com a poesia. E fiz nome na cena de spoken word, embora, para ser sincera, tenha de admitir que eram sempre as mesmas pessoas. "Já celebrada enquanto performer, Tempest editou Everything Speaks In Its Own Way e e tornou-se uma espécie de menina querida da crítica. E foi então que lhe encomendaram uma peça de teatro, que veio a ser Wasted. “Acho que só tinha visto uma peça na vida – o Grease ou assim, e devia ter uns seis anos. Fiquei petrificada. Não fazia ideia de como compor uma narrativa. Mas – e esta foi a parte mesmo boa –, além do dinheiro que me pagavam, eu tinha bilhetes de graça para o teatro e fui ver muita, muita coisa. Não vou mentir: a maior parte das coisas que vi não me disse nada; por vezes não percebi o sentido das peças e sei que não tinha ferramentas para interpretar muito do que vi. Mas vi duas que mudaram a minha vida: Fim de Partida, de Beckett, e Jerusalem, de Jez Butterworth. Foram a minha salvação no meio da agonia que foi tentar escrever uma peça de teatro. "Miss Tempest diz que descobriu aí que devemos sempre tentar fazer as coisas que não sabemos fazer. “Quando percebi que havia outros géneros disponíveis além da poesia, bem: foi como se minha cabeça explodisse: narrativa, personagens, de repente percebi que podia fazer tudo, podia enfiar tudo em todo o sítio. "Quase sem parar para respirar, Tempest atira e acerta no alvo: “E se até então eu própria me sentia confusa acerca do que queria ser – se poeta, se performer, se rapper –, agora já não há confusão. Não estou a tentar ser nada, sou só obcecada com a linguagem. "A poesia da tempestadeQuando Kate Tempest conheceu Dan Carey (conhecido pelas suas remisturas para gente como Bat For Lashes e os Hot Chip), já tinha essa noção de que podia ser tudo – poeta, dramaturga, romancista, performer, professora (dá aulas de escrita em Yale) e música. Os Sound of Rum, banda que manteve durante algum tempo, chegaram a fazer digressões pelos EUA e, apesar de ter passado algum tempo afastada do hip-hop, ela nunca deixou por completo de sonhar uma carreira como MC. “Quando comecei o disco estava desesperada para trabalhar com o Dan, chateei-o imenso, e um dia ele ligou-me a dizer que tinha tempo. Abandonei tudo o que estava a fazer e fui para o estúdio com ele. Nesse dia fizemos um tema em que apareciam Pete e Becky [dois dos personagens principais do disco: Becky é uma modelo que dança num vídeo realizado por Marshall Law, vídeo cuja festa de lançamento é descrita no primeiro tema, com a frase com que iniciamos este texto]. " Tempest relata esta simples ida a estúdio com a ferocidade d uma repórter a descrever uma guerra com bombas a caírem ao lado. A sorte dela foi Dan ficar entretanto ocupado durante meio ano. “A verdade é que nesses seis meses comecei a perguntar-me quem eram aquelas personagens. E quando voltámos a falar tinha seis ou sete capítulos de um romance e já sabia tudo o que ia acontecer. "Façamos agora uma pausa para explicar que Everybody Down começou por ser um simples tema com um par de personagens e depois se tornou-se um romance, ou pelo menos a primeira versão de um romance. A ideia de Tempest foi tão simples quanto complexa: a primeira versão do romance seria transformada em álbum; posteriormente, reescreveria o romance com mais tempo. “Percebi que o romance teria 12 capítulos e que cada capítulo ia ser uma canção. Quando chegou a hora de compormos o disco, sabia tudo sobre a história e aquelas pessoas. Na realidade, e como podes imaginar, tinha muito mais do que era possível pôr em cada canção. Mas sabia o que era importante entrar e o que podia deixar de fora. Quando escreves um romance pensas que tudo é importante, a mais minúscula descrição de um local, o ínfimo pensamento de uma personagem, porque nunca é suficiente – temos todos tanta coisa dentro de nós que nunca é suficiente, e queremos pôr num romance tudo o que possa haver dentro de uma personagem. Mas quando fazes de um capítulo uma canção e ela acaba com dez minutos e a achas chata, mais vale seres sincero contigo mesmo e admitir que queres uma canção mais curta. E aí tens de reduzir e aí vês o que é verdadeiramente essencial. De quanta descrição precisas? Quando é que tens de entrar nas cabeças das personagens? E os dez minutos de canção acabam em quatro. "Quando miss Tempest fala em entrar na cabeça das personagens não está a brincar: isto existe de facto em Everybody Down, o que, ouvindo o disco à lupa, o torna um portento de linguagem. Não no sentido mallarmeano do termo; o que há aqui de extraordinário é a maneira como esta rapariga enfia as mais díspares técnicas narrativas e as condensa numa frase, passando de descrição para monólogo interno para narração em terceira pessoa no intervalo de três versos – um milagre de condensação e de detalhe. Marshall Law, que além de personagem é o nome do primeiro tema, é um exemplo desta ciência da condensação. O primeiro verso, com que abrimos, atira-nos de imediato para um universo preciso. Agora atentem no que se segue: “Becky's at the bar/ with the usual mix of decadent fabrics and desolate lightning/ everybody here's got a hyphenated second name (…)/ industry slimeballs, showbizz big deals/ the cool new band (…)/ the rap party for their video// Becky danced in it/ the director Marshall Law (…)/ is holding court about the science of image/ while the (. . . ) fans giggle and grimace// Becky (…) tells herself/ 'Must stop being so cynical/ everybody here is a human/ even this pitiful posturing pop stars'”. Somos de imediato cativados pela dualidade que esta mulher encerra enquanto mantém a postura que lhe é pedida. De seguida, e na mesma canção, ela olha para um homem, apenas porque está aborrecida; mas esse homem toma o olhar dela como um sinal de interesse e desata a contar-lhe os seus planos (uma parte dos quais falsos); ele está verdadeiramente embevecido com a rapariga, mas não pode – por mais que queira ser honesto com ela – contar tudo sobre si (porque tem, digamos, segredos), desconhecendo que Becky não é estranha ao universo que ele está a tentar esconder (porque tem, digamos, vícios). Miss Tempest entra na cabeça do homem, narra na primeira pessoa o desespero dele quando a vê ir embora (“Don't leave, please/ we just got started/ (…)/ he feels sick with confusion”. No táxi (onde, diz-nos Tempest, se ouve a canção para cujo vídeo se realizou aquela festa), uma das amigas de Becky pergunta-lhe quem era o tipo. A resposta dela está nos últimos versos do tema: “Him? I don't know. (…) Maybe one of those save-me types, but I couldn't be dealing with that, not tonight”. É um espanto. Ainda maior quando um par de canções à frente esse homem se auto-flagelar por ter estado a escancarar a sua vida a uma desconhecida que não lhe deu bola. “Adoro romances, adoro narrativa”, diz a poeta da tempestade. “Agora parece que tomei grandes decisões sobre o que pôr ou não no disco, mas foi tudo intuitivo. Foi um jogo muito excitante, tentar que o disco ficasse mais e mais coeso. Queríamos fazer um disco que nos excitasse, tínhamos duas semanas e foram duas semanas maravilhosas. Acho que se nota. "Fucking EnglandClaro que “as primeiras editoras” que ouviram Everybody Down “não percebiam o que o disco era”. Compreende-se a confusão (sentimos o mesmo ao início), mas podemos dar-vos uma ajuda: Marshall Law (a canção) introduz algumas personagens e o universo público em que se movem; The truth revela o tema do disco: a dualidade entre ânsia amorosa e liberdade da geração que vive o amor “in a time with no sacrifice/ we want what we want and what more: we deserve it”. E Lonely daze é narração pura de quem são estas pessoas. Pete, por exemplo, “grew up in a city where you master your pain or you end up numb, not feeling”. Happy end acaba no aniversário de Pete, com todas as personagens reunidas, e pelo meio há uma faixa que é a cantiga para cujo vídeo se fez a festa que abre o disco (e que Tempest diz que se ouve no táxi). A coisa mais extraordinária em Everybody Down é, como diria Bruno Aleixo, duas: como Kate entrega cada uma destas palavras, mudando o seu tom para, por exemplo, imitar comicamente um traficante de droga, ou acentuar um flirt entre duas personagens; e como a música se adapta às palavras. Não que não haja um som a unir as canções: beats simples, mínimos, e uma espécie de negrume industrial. “Claro que [o disco] é escuro e triste: isto é a fucking England, por amor de Deus. " Mas se um tema se passa numa discoteca, os beats aproximam-se de um som mais dançável; por vezes há traços de reggae; e há uma guitarra indie-rock em The beigeness que ecoa o gozo ao universo do rock que há no disco. O resultado não é apenas um portento de hip-hop: é um portento que partindo de hip-hop negro, quase industrial, varre géneros sem fim enquanto miss Tempest espalha um talento inimaginável, criando personagens precisas em catadupa. É uma tareia emocional, porque Tempest é de facto uma escritora tremenda, que escava e escava e sai-se com pérolas como “When all you got is a hammer/ everything you see seems nails” a cada par de versos, fazendo-nos rir, mas também levando-nos quase às lágrimas com a tristeza desta gente. E é uma tareia musical, que nunca pára de nos pôr a dançar, a abanar os ombros ou a moer a cabeça. Entretanto, Kate Tempest acabou a primeira versão do romance, mas agora já não gosta dele. Vai levá-lo até ao fim do ano e sairá em 2016. "Será uma experiência muito diferente e independente do disco", garante. "Não será preciso ouvir o disco para perceber o romance e não será preciso ler o romance para perceber o disco. "Mesmo no finzinho da entrevista – depois da porrada toda que levámos, visto miss Tempest ser uma daquelas pessoas a quem se diz olá e elas não param de falar, disparando para todos os lados, discorrendo sobre o amor, as drogas, o preço das rendas, o que lhe passe pela cabeça no momento ou o que a obceque há anos –, com uma voz à beira das lágrimas (e se estava a manipular-nos então parabéns, porque assim sendo mente com uma categoria impressionante), miss Tempest dá a única definição do seu disco/romance: “É negro e é industrial e é sobre solidão porque é inglês, mas foda-se, acima de tudo para mim é sobre pessoas e a luta que travam para terem amor e se agarrarem a alguma esperança. E isso é tudo o que importa: amor, pessoas e esperança. Tem de haver amor e esperança nesta vida, se não, foda-se, se não não estamos aqui a fazer nada. Se não, eu não estou aqui a fazer nada”. E foi então que por fim se calou, num daqueles silêncios pesados e incómodos, Miss Tempest. Deus guarde esta extraordinária mulher por muitos anos.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
As Cinquenta Sombras de Grey, agora em movimento
O trailer do filme que adapta o fenómeno mundial de vendas de E.L. James confirma que Beyoncé fez uma nova versão de Crazy in Love para o filme. (...)

As Cinquenta Sombras de Grey, agora em movimento
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O trailer do filme que adapta o fenómeno mundial de vendas de E.L. James confirma que Beyoncé fez uma nova versão de Crazy in Love para o filme.
TEXTO: Até ao primeiro minuto e quarenta de trailer poderia muito bem ser um qualquer filme de Hollywood com o famoso enredo boy meets girl, mas no plano final a rapariga está amarrada à cama de olhos vendados. O trailer de As Cinquenta Sombras de Grey, adaptação do livro homónimo de E. L. James, foi divulgado quinta-feira no canal de YouTube da Universal Studios. Beyoncé tinha já revelado no seu Instagram, na terça-feira, 15 segundos de imagens do filme realizado por Sam Taylor-Johnson. Na altura suspeitou-se que a cantora teria feito para o filme uma nova versão do seu sucesso de 2003 Crazy in Love – ouviam-se poucos segundos da música. O trailer confirma-o e deixa agora ouvir uma boa parte da música. Nas imagens agora reveladas não há sexo explícito e os momentos em que se percebe uma relação de dominação entre os protagonistas são quase nenhuns – apenas alguns planos rápidos no final e referências do protagonista à sua capacidade de “exercer controlo sobre tudo” ou ao seu “gosto singular”. O papel da protagonista Anastasia Steele, estudante de literatura, é desempenhado por Dakota Johnson, que disse esta semana à revista Time que espera que os pais não vejam o filme. “Se fossem eles a fazê-lo, eu não quereria ver”, disse a filha dos actores Don Johnson e Melanie Griffith. A sua personagem apaixona-se pelo milionário Christian Grey, interpretado por Jamie Dornan. Grey é adepto de práticas como bondage, assumindo sempre uma posição de dominador. A adaptação do livro de 2011 publicado em Portugal pela Lua de Papel chega aos cinemas em Portugal a 12 de Fevereiro de 2015.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha sexo rapariga cantora
Uma agenda para a década
É preciso romper com a visão do curto prazo. (...)

Uma agenda para a década
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: É preciso romper com a visão do curto prazo.
TEXTO: A criação do euro, o alargamento da União Europeia a leste, a entrada da China nos mecanismos internacionais do Comércio Livre constituíram, no início deste século, um triplo choque, brutal para as debilidades estruturais da economia portuguesa. Desde essa altura, a nossa economia estagnou, alternando anos de recessão com anos de fraco crescimento, ameaçando em consequência a estabilidade das finanças públicas e interrompendo a convergência com a UE. Estávamos ainda especialmente vulneráveis quando em 2008 se desencadeou a maior crise mundial dos últimos 80 anos e a Europa falhou, primeiro por hesitação, depois pela sucessão de estratégias contraditórias e, finalmente, por dogmatismo ideológico, na resposta à crise. O erro do diagnóstico conduziu ao erro na terapia, com o resultado que conhecemos e a insistência na austeridade só irá continuar a agravar. Há que recuperar o tempo perdido e concentrarmo-nos, de vez, com persistência e continuidade, no que é essencial: superar o atraso estrutural que limita a competitividade, compromete o crescimento e impede a consolidação sustentável das finanças públicas. É claro que parte importante da solução dos nossos problemas exige uma mudança na Europa. É necessário corrigir as deficiências que a crise evidenciou da união monetária, compensar os efeitos assimétricos que o euro tem nas diferentes economias, recuperar os danos sociais e económicos provocados pelo ajustamento, encontrar um novo equilíbrio na gestão dos nossos compromissos que favoreça o crescimento sustentável, a criação de emprego, o controlo do défice e a redução da dívida. É preciso romper com a visão do curto prazo, com o ciclo vicioso e precário em que o Governo se bloqueou e bloqueou o país, subindo impostos para aumentar a receita ou cortando salários e pensões para baixar a despesa. Portugal precisa de reunir vontades, construir compromissos, mobilizar energias, em torno de uma nova agenda mobilizadora, que garanta consistência, durabilidade e estabilidade. Uma nova agenda para a década. Concentremo-nos na valorização dos nossos melhores recursos, os portugueses, o território, a língua. Não podemos desperdiçar a geração mais qualificada que Portugal formou, vendo-a partir ou mantendo-a no desemprego e temos de saber mobilizar esse extraordinário recurso que é a rede da diáspora das comunidades portuguesas no Mundo. Não podemos desistir das mulheres e homens da minha geração, brutalmente atingida pelo desemprego que ameaça ser de longa duração. Quem abriu novos mundos ao Mundo, é tempo de valorizar os 97% de território nacional que a profundidade atlântica dos Açores e da Madeira nos oferecem em recursos e posicionamento estratégico nas novas rotas globais, assim como é tempo de um novo olhar sobre o território continental, percebendo que, no mercado único europeu, as regiões de fronteira deixaram de ser interior e passaram a ser as regiões mais centrais num mercado ibérico com 60 milhões de consumidores, seis milhões dos quais estão na imediata vizinhança. O português é uma língua comum a 250 milhões de pessoas, de quatro continentes, base de uma comunidade global que temos de consolidar numa carta de cidadania de igualdade direitos, liberdade de residência e trabalho, reconhecimento muito de qualificações, portabilidade de direitos. Temos de voltar a investir na Cultura, na Ciência e na Educação, bases da sociedade do conhecimento, condição de uma sociedade de iniciativa, criativa, inovadora, capaz de vencer, tanto na sofisticação do software de última geração como na revalorização dos produtos tradicionais, produzidos nos territórios de baixa densidade, ou em novas indústrias internacionalmente competitivas. Precisamos de modernizar o tecido empresarial e o Estado, fomentando o empreendedorismo, a inovação, na agricultura, nos sectores tradicionais, nos serviços, fortalecendo as empresas e apoiar a sua internacionalização, num ambiente institucional favorável, de uma administração ágil, próxima, descentralizada, eficiente. Só a coesão social reforça Portugal e mobiliza os portugueses, exigindo-nos que o combate à pobreza, a valorização do trabalho e o combate às desigualdades sejam a prioridade que dê sentido a uma comunidade centrada nas pessoas. É, pois, uma agenda de valorização, conhecimento, modernização e coesão. Romper o horizonte para além do curto prazo é condição necessária para construir uma alternativa que não aceite o impasse de que não há mais vida para além do défice e da dívida, e que assuma que a consolidação só é sustentável com crescimento e emprego e estes só resultarão da superação das causas estruturais da estagnação. É esta estratégia que deve enformar a atitude negocial na Europa, um programa de recuperação económica e, por fim, um programa de governo. Candidato às primárias do PS
REFERÊNCIAS:
Partidos PS LIVRE
Convenção de Costa não fala de finanças porque “não é a dívida pública que explica esta crise”
Candidato às primárias diz que não há consolidação orçamental sem resolver problemas estruturais do país. (...)

Convenção de Costa não fala de finanças porque “não é a dívida pública que explica esta crise”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Candidato às primárias diz que não há consolidação orçamental sem resolver problemas estruturais do país.
TEXTO: Os "constrangimentos financeiros" não constam da lista de painéis de debate deste sábado e, talvez por isso, foram o tema central do discurso que abriu a Convenção Mobilizar Portugal do líder distrital do PS de Aveiro, Pedro Nuno Santos. O deputado e apoiante do candidato às primárias socialistas, António Costa, sustentou este sábado, em Aveiro, que não foi a dívida pública que provocou a actual crise em que Portugal está mergulhado. O socialista afirmou que a “visão de António Costa [expressa no documento Agenda Para Uma Década] parte do diagnóstico correcto” dando a entender que as questões financeiras não eram a razão das dificuldades portuguesas. “Sabemos todos que não é a dívida pública que explica esta crise”, disse ao recuar até 2007 para afirmar que nesses anos “tínhamos países com dívidas públicas maiores que escaparam à crise e países com dívidas públicas menores que não escaparam à crise”. António Costa, que falou aos jornalistas à entrada para a convenção, sublinhou que "é um erro pensar que resolveremos os problemas, designadamente da consolidação das finanças públicas, sem termos uma economia sã. E não teremos uma economia sã sem resolvermos os problemas estruturais. E também não se resolve a consolidação das finanças públicas sem critério. E o critério implica visão estratégica". Questionado justamente sobre a ausência da consolidação orçamental desta convenção, o socialista insistiu na ideia de que é preciso "resolver os problemas estruturais do país" e que "um dos erros maiores que este Governo cometeu foi achar que o princípio e o fim dos problemas em Portugal eram a dívida e o défice". Na intervenção de abertura, Pedro Nuno Santos sustentou que o denominador “comum” aos países que como Portugal se viram a braços com uma crise e consequentes intervenções externas foi o “acumular do endividamento externo ao longo dos anos”. Depois, defendeu a opção de “apostar noutros factores de competitividade” que não a desvalorização interna para modernizar e fazer crescer a economia portuguesa. Ainda assim, não deixou de reconhecer os “constrangimentos financeiros”, mas para frisar que estes implicavam uma “negociação com a União Europeia”, que exige “que Portugal tenha uma liderança forte” para “ter uma política financeira diferente”. Ficava assim explicada a ausência das questões financeiras dos nove painéis organizados. A coordenadora da iniciativa, Maria Manuel Leitão Marques, rematou o assunto com uma frase na sua intervenção: “Estes quatro eixos não esgotam a agenda política do curto prazo, mas imprimem-lhe coerência. ”Em vez de finanças, Leitão Marques centrou-se nos quatro eixos que justificavam os nove painéis de debate: “Valorizar os nossos recursos”, “Modernizar as Empresas e o Estado”, “Investimento no Futuro” e “Coesão Social”. E foi aguçando o apetite dos participantes com algumas pistas sobre os temas. Por exemplo, sobre a modernização do tecido empresarial falou num “pacto de responsabilidade empresarial” como um “factor decisivo na modernização das empresas”. "As empresas devem ter obrigações e responsabilidades perante os seus accionistas, mas também perante os seus trabalhadores, os utentes e consumidores, e a comunidade local ou nacional em que se inserem”, disse. Ou quando levantou o véu sobre o “novo impulso” para o “espaço comum” da lusofonia ao defender “uma carta de cidadania lusófona, com igualdade de direitos, liberdade residência, de trabalho, reconhecimento das qualificações profissionais e portabilidade de direitos adquiridos”. Alguns dos temas, portanto, a debater durante este sábado nos painéis vão do papel de Portugal na lusofonia, ao território e mar, passando pela modernização do Estado e empresas, ciência, cultura, até chegar à coesão social. António Costa encerra a iniciativa ao final desta tarde.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Até onde pode, ou quer, ir Israel na guerra de Gaza?
Israel pede a desmilitarização do movimento Hamas. Mas analistas avisam que o futuro poderia trazer um inimigo pior. (...)

Até onde pode, ou quer, ir Israel na guerra de Gaza?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.150
DATA: 2014-07-28 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140728170302/http://www.publico.pt/1664478
SUMÁRIO: Israel pede a desmilitarização do movimento Hamas. Mas analistas avisam que o futuro poderia trazer um inimigo pior.
TEXTO: Em 20 dias de operação militar em Gaza, o objectivo de Israel mudou várias vezes – restaurar a calma, a destruição dos túneis, ou mesmo a desmilitarização do Hamas. Houve vários factores que levaram Israel a pôr a fasquia mais alta: o número de soldados mortos, que logo nos primeiros dias ultrapassou o de conflitos anteriores com o Hamas, e o facto de o movimento islamista ter surpreendido, conseguindo disparar rockets até Telavive que embora sem causar grandes estragos, provocaram medo suficiente para levar companhias aéreas a cancelar viagens. O apoio público à operação é grande: uma sondagem do Jerusalem Post indicava que 86, 5% dos israelitas não querem um cessar-fogo já, temendo que o conflito regresse ao statu quo anterior, e que daqui a algum tempo volte a haver nova guerra. A actual operação militar provocou uma destruição sem precedentes no território, mais de 1060 mortos entre os palestinianos de Gaza, a maioria deles civis, e ainda 43 baixas entre soldados israelitas (para além da morte de três civis, um deles um trabalhador tailandês). Analistas questionam o que o Governo vai apontando como objectivos. O primeiro-ministro tanto falou do fim dos túneis como da desmilitarização do Hamas. Quanto aos túneis, o exército declarou que foi surpreendido pelo seu número e complexidade. Foram encontrados 30 túneis, e estes continuam a ser destruídos, dizem as autoridades israelitas, que não especificam quantos poderão faltar – talvez porque não possam saber o seu número exacto. O exército egípcio anunciou pelo seu lado a destruição de 13 túneis ligando Gaza ao Sinai. Os rockets e mísseis são outro problema. Até agora, Israel estima que o Hamas tenha disparado um terço do seu arsenal e que as suas forças tenham destruído outro terço. O restante seria suficiente para o Hamas continuar a atacar Israel durante semanas. O país continuaria com o Sul paralisado, as pessoas a viver em abrigos, e as maiores cidades em alerta. Mas para assegurar que não haveria mais rockets, seria preciso passar Gaza a pente fino. Isso só seria possível com uma operação muito mais longa e com um esperado número de vítimas militares demasiado alto para o Estado hebraico. Tudo isto leva analistas a duvidarem da possibilidade de desmilitarização: “Para neutralizar militarmente o Hamas, Israel teria de entrar em todas as casas de Gaza, e debaixo delas”, comentava Martin van Creveld, historiador militar israelita, citado pela Economist. “E mesmo assim, não iria resultar. ”Assim, diz Aaron David Miller, antigo negociador do Departamento de Estado dos EUA, “a desmilitarização é impossível sem uma solução diplomática em que o Hamas concorda desistir das armas em troca de uma mudança nas condições económicas e políticas em Gaza, talvez um tipo de mini plano Marshall”. Não é uma ideia defendida pelo campo da paz, mas por responsáveis como o antigo ministro da Defesa Shaul Mofaz. Mas Miller admite que pode ser fantasiosa: “Enquanto isso, no planeta Terra…”, diz, defendendo de seguida apenas um acordo para acabar com a violência. Dos Estados Unidos vêm mais vozes cautelosas para todos os que têm pedido a destruição do Hamas nesta operação. “Se o Hamas fosse destruído e desaparecesse depois desta operação, iríamos provavelmente acabar com algo muito pior”, disse Michael Flynn, o chefe cessante da Agência de Informação de Defesa dos EUA, numa conferência dedicada a questões de segurança em Aspen (Colorado). Olhando para a região, Flynn nota que “uma ameaça pior poderia aparecer neste tipo de ecossistema, algo como o ISIS”, o grupo que tomou conta de parte do Iraque, anunciou um califado, e tomou medidas como destruir igrejas cristãs, mesquitas xiitas, ou instituir o uso da burqa para todas mulheres. Em Gaza, depois da tomada de poder pelo Hamas, surgiram grupos salafistas mais radicais criados por combatentes que não se reviam na viragem do movimento e que se revêm mais numa jihad global do que um nacionalismo palestiniano. Até agora, estes têm sido mantidos relativamente inócuos para Israel também graças à acção do movimento que controla o território, que teme o desafio dos radicais para a sua própria autoridade. O que poderia acontecer com o desaparecimento do Hamas é uma incógnita.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Adolescente japonesa detida por suspeita de decapitação de colega de escola
Suspeita de 15 anos confessou a morte da amiga. Colegas falam na instabilidade emocional. (...)

Adolescente japonesa detida por suspeita de decapitação de colega de escola
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Suspeita de 15 anos confessou a morte da amiga. Colegas falam na instabilidade emocional.
TEXTO: Uma rapariga de 15 anos foi detida este domingo por suspeita de ter matado uma colega de escola da mesma idade no seu apartamento em Sasebo, Nagasaki, na zona Oeste do Japão. A adolescente confessou a autoria do crime. Na tarde do último sábado, Aiwa Matsuo disse aos pais que ia até à casa de uma amiga e colega de liceu. Pelas 20h locais, terá sido agredida várias vezes na cabeça com um objecto de metal e depois estrangulada. As autoridades, alertadas pelo pai da jovem para o seu desaparecimento, acabaram por encontrar o seu corpo numa cama no apartamento da amiga, decapitada e com um das mãos decepadas. As suspeitas recaíram sobre a colega de escola de 15 anos, que vive sozinha no apartamento, separada dos pais, que vivem noutra zona de Sasebo, que acabou por confessar que matou a jovem. “Fiz tudo sozinha”, terá dito à polícia quando interrogada, segundo a agência noticiosa japonesa Kyodo. A rapariga não foi identificada por ser menor. Amigos da suspeita citados pelo Japan Times descreveram-na como sendo uma adolescente “muito inteligente” mas com oscilações emocionais. “É uma rapariga muito cândida”, disse uma antiga colega de escola. “Ela manifestava sinais de instabilidade emocional e frequentemente começava a chorar quando tinha uma discussão com alguém”, conta a mesma jovem. Este caso que está a chocar o Japão acontece cerca de dez anos depois de um outro homicídio juvenil. Em 2004, também em Sasebo, uma menina de 11 anos esfaqueou até à morte uma colega de escola de 12 anos. Na altura, a criança disse às autoridades que tinha atacado a colega por esta ter feito comentários sobre a sua aparência na Internet. Após este caso, a comunidade de Sasebo, principalmente os professores das escolas locais, decidiu que deveriam ser elaboradas actividades educativas para ajudar os jovens a perceberem o valor da vida. O director do liceu que Aiwa Matsuo e a suspeita frequentavam admite que este plano terá falhado. Ao Japan Times confessou-se “triste e frustrado” apesar dos esforços para “sublinhar o valor da vida”. “Mas a mensagem parece não ter chegado”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte escola homicídio comunidade adolescente criança corpo rapariga desaparecimento
Novos Realismos e Johan Van Der Keuken assinalados no mapa do DocLisboa 2014
Estão a ser apresentados hoje, no S. Jorge, em Lisboa, os primeiros destaques do festival que se realiza em Outubro: do neo-realismo italiano até aos nossos dias, eis uma proposta de leitura de uma geografia e de uma história do cinema; ainda uma retrospectiva dedicada ao holandês Johan Van Der Keuken. (...)

Novos Realismos e Johan Van Der Keuken assinalados no mapa do DocLisboa 2014
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estão a ser apresentados hoje, no S. Jorge, em Lisboa, os primeiros destaques do festival que se realiza em Outubro: do neo-realismo italiano até aos nossos dias, eis uma proposta de leitura de uma geografia e de uma história do cinema; ainda uma retrospectiva dedicada ao holandês Johan Van Der Keuken.
TEXTO: Um trailer de L'Amore in Città, (1953), manifesto colectivo do chamado neo-realismo italiano, assinado por Larlo Lizzani, Antonioni, Fellini, Dino Risi, Alberto Lattuada, Francesco Maselli/Cesare Zavattini, estará neste momento a dar um dos tons, no cinema S. Jorge, da programação do próximo DocLisboa: a visceralidade do real e a sua construção pela ficção. Como diz ao PÚBLICO Cíntia Gil, uma das directoras do Doc, "o real é algo que se constrói com a abertura ao exterior, mas também com a interioridade, algo que o faz vibrar". Inquérito à prostituição em Roma, um face a face com os protagonistas de tentativas de suicídio, as aragens de sensualidade das raparigas que fazem girar a cabeça dos homens nas ruas, as salas de baile e os aromas amororos nas periferias . . . é o amor na cidade, protagonizado por gente arrancada à vida e não vivido por gente do cinema. Em L'Amore in Città um grupo de cineastas adoptou o modelo do "jornal de actualidades", diz Cíntia Gil, para "representar um povo e as questões sociais e políticas" mas simultaneamente abrindo espaço a uma "construção poética". É um dos títulos da retrospectiva Neo-Realismo e Novos Realismos que o Doc (16-26 de Outubro) vai apresentar na próxima edição. A lista de títulos, que não estará ainda fechada, é uma "proposta de leitura de uma geografia e de uma história do cinema": começará nesses anos do neo-realismo e chegará até aos nossos dias, chegará ao Irão ou à Roménia, passando pelos anos 60 britânicos. Nos filmes do neo-realismo, nas suas lindíssimas contradições (que se mantiveram, visceralidade e fantasia, nesse diálogo global com o público que constituiu, nos anos 60 e 70, a "comédia à italiana"), estava já essa possibilidade de o real se agarrar ao cinema e simultaneamente ser construído pela poética de cada cineasta (veja-se como em L'Amore in Città estão realizadores, Fellini e Antonioni, por exemplo, que depois dariam largas ao seu mundo interior). É isso que Neo-Realismo e Novos Realismos quer dar a ver: "como em diferentes regiões do globo diferentes questões políticas e sociais" permitiram trabalhar aquelas propostas iniciais do realismo. É uma retrospectiva que será transportada para outra secção do festival - aliás denominada Passagens - que apresentará no Museu da Electricidade – Fundação EDP a exposição “Gente de Terceira Classe – Fotografia e Realismos”, comissariada por Emília Tavares (de 9 de outubro de 2014 a Janeiro de 2015). E é uma retrospectiva que poderá rimar e criar dissonâncias, como se quiser sentir, com outra retrospectiva anunciada para a edição 2014, a dedicada ao holandês Johan Van Der Keuken, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa. É aí que Van Der Keuken se mantém em foco até Novembro. Cíntia Gil diz, por exemplo, que se nas duas retrospectivas está sempre em causa o questionamento do lugar do artista no mundo, há uma "circunstância global" no trabalho de Van Der Keuken, o realizador de Amsterdam Global Village (1996), enquanto que em Neo-Realismo e Novos Realismos a "circunstância local", os diferentes presentes e lugares, determina o olhar. Novidades ainda: dois novos espaço de exibição do Doc, o Cinema City Campo Pequeno e o (a inaugurar em Agosto) Cinema Ideal, junto ao Largo de Camões, no Bairro Alto, que se juntam às salas da Culturgest, do Cinema São Jorge, da Cinemateca e do Fórum Municipal Romeu Correia em Almada. Diz Cintia Gil que não se acrescenta apenas, também se vai trabalhar, nesta edição, a relação de uma programação com os espaços em que é exibida: cada sala, desde logo, éo rosto de uma determinada proposta que entra em diálogo com outras propostas e filmes. E os públicos que circulem entre eles.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens suicídio campo prostituição
Era feriado e os miúdos de Gaza só queriam ser felizes
O relato de um dos jornalistas estrangeiros que foram autorizados a entrar em Gaza na segunda-feira. Histórias de dor e de morte entre o hospital, a morgue e o cemitério. (...)

Era feriado e os miúdos de Gaza só queriam ser felizes
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2014-07-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: O relato de um dos jornalistas estrangeiros que foram autorizados a entrar em Gaza na segunda-feira. Histórias de dor e de morte entre o hospital, a morgue e o cemitério.
TEXTO: Dentro do hospital Shifa , na tumultuosa azáfama de salvar vidas, homens empurram uma maca com uma criança morta, embrulhada num pano branco. Uma rapariga de vestido vermelho, e o rosto coberto de sangue, deambula por entre os mortos e os quase mortos. “Meu Deus, o que nos aconteceu”, diz um homem, a sua voz a sobrepor-se, por vezes, à das centenas de pessoas que enchem os corredores do hospital nesta segunda-feira. Provavelmente, estavam todos a fazer a mesma pergunta. A tragédia começou às 4h30 da tarde com uma explosão numa estreita rua do bairro de Beach Camp. Os muçulmanos estavam a celebrar o feriado do Eid al-Fitr [que marca o fim do Ramadão, o mês sagrado do islão], e as crianças brincavam na rua — algumas em baloiços, outras junto às fachadas dos prédios ou ao lado dos carros estacionados. Os militantes do Hamas dizem que foi um ataque aéreo de Israel. Israel diz que foi um morteiro do Hamas que rebentou. Dez moradores foram mortos, pelo menos sete deles crianças. Às cinco da tarde, Ahmed al-Helu não pensava em de quem era a culpa. Estava no hospital, chorando em frente do corpo despedaçado do pai, um amontoado de carne e ossos sem cabeça. Nem se apercebeu das crianças mortas e da rapariga de vestido vermelho que vagueava por ali. Há uma semana, a casa da família no bairro Shijaiyah — onde as forças do Hamas e as tropas israelitas se enfrentarem — ficou debaixo de fogo. A avó de Helu — a mãe do pai — morreu, apanhada pelo fogo cruzado, e a família foi para Beach Camp. Esta guerra que dura há três semanas apanhou-os outra vez ali. “Meu querido pai”, chora Helu, olhando para os pés pálidos do pai. “Vais ter com a tua mãe”. Momentos depois, dois homens ajudam os enfermeiros a pôr o corpo do pai dentro de um saco branco. Um pequeno pedaço do corpo cai ao chão. Helu apanha-o, abre o saco e coloca-o cuidadosamente lá dentro. Saleh Eleyan está sentado à porta da morgue do hospital, tem a cabeça enterrada nas palmas das mãos. Os corpos de dois dos seus filhos estão lá dentro. Um funcionário do hospital vem pedir-lhe que confirme os seus nomes, que estão escritos numa folha de papel. Depois, choroso mas em silêncio, Eleyan vê um rapaz que parece um dos seus filhos e agarra-se a ele com força. Uma ambulância passa devagar. Algumas pessoas assomam-se para verem se algum dos seus familiares vem lá dentro. Um funcionário do hospital traz uma maca da morgue, está vazia mas tem uma poça de sangue. Dentro da morgue, os corpos de cinco crianças são colocados na câmara frigorífica metálica — duas na prateleira de cima, duas na do meio e uma na debaixo. Dezenas de homens em fúria denunciam o crime. “O martírio do Eid”, grita um. “Nunca mais teremos medo dos israelitas”, diz outro. “Que Alá se vingue disto”, gritam todos, alguns minutos depois. Às 6h15 centenas de pessoas concentram-se no Beach Camp, na rua onde foi a explosão. Há uma pequena cratera no asfalto. Os edifícios e um Mitsubishi sedan estão cobertos de buracos do tamanho de bolas de ténis, provocados pelos estilhaços. Dois chinelos de criança estão numa poça de sangue. Yayhya Al-Derby, de dez anos, conta que estava a brincar com os amigos no baloiço — uma estrutura portátil ali posta para os miúdos brincarem no feriado. Estava cansado e, por isso, tinha ido para casa. As outras crianças, dizem os moradores, estavam no baloiço e na rua quando o projéctil caiu. “Eram meus amigos”, diz Derby com as mãos a tremer. Enquanto ele falava, uma mulher aproximou-se. Estava à procura de Osama, o filho da cunhada, que estava a brincar nos baloiços. Quando lhe perguntaram pelo apelido do rapaz, disse al-Helu. A mulher não sabia que o avô de Osama, e pai de Ahmed, estava morto. E ninguém teve coragem para lhe contar. Às 6h48, os homens de Beach Camp levam o corpo de um rapaz de nove anos, Mansour Hajaj, para o cemitério mais próximo. O cemitério fica em frente de uma casa que foi reduzida a destroços por um bombardeamento israelita uns dias antes; uma parte do cemitério também foi destruída. Seguindo a tradição muçulmana, o corpo de Mansour foi lavado e envolvido em pano branco. O seu tio, um médico, está habituado a ver e a mexer em corpos. Mas chorava descontroladamente ao levar o sobrinho. O pai do rapaz, Rami, estava em pior estado e não foi capaz de ajudar a sepultar o filho. Só quando o tio colocou Mansour na sepultura gritou: “Quero vê-lo”. O tio ergueu o corpo de Mansour e abriu a mortalha, revelando o cabelo negro do rapaz. O pai ajoelhou-se e beijou a cabeça do filho. “Que Alá se vingue disto”, gritaram os que estavam neste funeral e Mansour foi sepultado para descansar em paz. Às 7h10 o grupo saiu do cemitério. “Ele só queria ser feliz no Eid”, disse o tio de Mansoul, “ele era só um miúdo”. Exclusivo PÚBLICO/”The Washington Post”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens guerra filho ataque mulher negro homem carne criança medo corpo morto rapariga morta
Necessário programa de apoio para famílias que cuidam dos seus idosos em casa
Pessoas mais velhas devem poder ficar o máximo de tempo possível na sua residência habitual, recomenda o Conselho de Ética para as Ciências da Vida num parecer. (...)

Necessário programa de apoio para famílias que cuidam dos seus idosos em casa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pessoas mais velhas devem poder ficar o máximo de tempo possível na sua residência habitual, recomenda o Conselho de Ética para as Ciências da Vida num parecer.
TEXTO: A criação de um “programa de apoio” às famílias que cuidam ou desejam cuidar dos seus idosos em casa é reclamada pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) num parecer que esta terça-feira foi divulgado. . Alegando que a “especial vulnerabilidade” dos mais velhos pode ser acentuada em função do afastamento dos familiares e do abandono dos seus objectos pessoas e rotinas, os conselheiros do CNECV defendem mesmo que os idosos devem poder permanecer, “o máximo tempo que for possível”, na sua residência habitual. No parecer, que recorda os números preocupantes do envelhecimento demográfico em Portugal e incide em especial sobre as pessoas mais velhas que vivem em instituições, os conselheiros sustentam que as políticas públicas dirigidas aos idosos não podem continuar a ser de “teor meramente assistencial”. Questionando a “ausência de apoios às famílias que cuidam dos seus idosos em casa”, numa altura em que diminui o número de cuidadores disponíveis, os conselheiros do CNECV realçam a necessidade de reforço das respostas de proximidade e da manutenção dos laços familiares. Recomendam também a aprovação de um “Estatuto dos Idosos” redigido “de forma participada” e a criação de comissões de protecção de pessoas mais velhas. São, no total, 15 recomendações dirigidas não só aos poderes públicos mas também à sociedade em geral, recomendações essas que enfatizam a necessidade de estimular e reforçar de igual forma as iniciativas das autarquias, das associações e de outras entidades. Com o envelhecimento progressivo da população no centro das preocupações demográficas, tendo em conta a nova estruturação das famílias e o crescente número de pessoas a viver em instituições de acolhimento, o parecer do CNECV sublinha que é fundamental promover “o equilíbrio entre o respeito pela autonomia e a ajuda na dependência”. O envelhecimento tem sido rápido, como provam os números recordados no documento: entre 1972 e 2012, o número absoluto de portugueses com mais de 70 anos aumentou em todos os subgrupos etários e a esperança média de vida passou de 68, 5 anos para 80 anos;o Censo de 2011 contabilizava 2. 010. 064 habitantes com mais de 65 anos (19% do total da população), quando em 1970 os idosos representavam apenas 9, 6% da população; com o aumento da esperança média de vida, os homens portugueses têm agora um período de vida “expectavelmente não saudável” de 11 anos, enquanto para as mulheres essa situação se alonga por 22 anos. Face a este cenário e alegando que não há “enquadramento legal suficiente” para a protecção dos direitos das pessoas mais velhas, os conselheiros do CNECV propõem, em simultâneo, que seja ao elaborado “um programa de enquadramento” das instituições que acolhem idosos e que estas adoptem um Código de Ética. Quando a pessoa residir num lar, deve estar assegurado o respeito pela sua privacidade e “ especialmente tutelado” o respeito pela identidade pessoal e liberdade de decisão, sobretudo no que se refere ao uso das próprias roupas e objectos pessoais, bem como à possibilidade de receber ou recusar visitas e também de aceitar ou negar cuidados de saúde, frisam. Recomendam igualmente que as situações de incapacidade passem a ser reconhecidas por peritos independentes e sem conflito de interesses . São medidas necessárias num tempo em que, notam, o que é valorizado é uma cultura da juventude e as pessoas idosas são muitas vezes consideradas "uma fonte de encargos economicos para a comunidade" . Com a crise provocar uma diminuição doi rendimento disponível das pessoas e algumas afirmações e atitudes a envolverem “a desvalorização" dos reformados, é importante que não se privilegie a percepção de que os idosos constituem “um encargo ou um problema social”, frisam. . "A agravar esta situação, são conhecidos casos de abandono e isolamento, muitas vezes afectivo, e aumentam as denúncias de maus tratos", acrescentam. A Linha do Cidadão Idoso da Provedoria de Justiça, recordam, foi utilizada cerca de três mil vezes por ano para apresentação de queixas, na última década, e uma parte destas tinham que ver com os lares de idosos, além de que inspecções feitas a estes estabelecimentos têm permitido detectar problemas de humanização do espaço, do ambiente e a difícil preservação da vontade do utente. Por outro lado, das pessoas atendidas no ano passado pela Linha Nacional de Emergência Social, 21% tinham mais de 65 anos, correspondendo a uma média mensal de 53 situações de emergência ou crise. Este observatório aponta para “uma prevalência de pessoas idosas em situação de isolamento (social e/ou geográfica), o que dificulta a auto e hetero-sinalização das suas necessidades”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens cultura ajuda comunidade social mulheres
Joss Stone canta com Gisela João em vídeo
A inglesa também sabe cantar fado. Ou pelo menos, tentou-o, ao lado da portuguesa. Veja o vídeo aqui. (...)

Joss Stone canta com Gisela João em vídeo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A inglesa também sabe cantar fado. Ou pelo menos, tentou-o, ao lado da portuguesa. Veja o vídeo aqui.
TEXTO: A cantora britânica Joss Stone, que actuou recentemente no festival Marés Vivas no Porto, partilhou esta quarta-feira nas redes sociais um vídeo onde surge ao lado da cantora portuguesa Gisela João. As duas interpretam Madrugada sem sono, tema incluído no álbum de estreia da fadista, lançado o ano passado. Na pequena legenda do vídeo pode ler-se que Joss se encontrou com Gisela num restaurante castiço, tentando a sua sorte no fado. Antes do dueto, pode ouvir-se Joss Stone discorrer sobre um quadro de Amália Rodrigues, afirmando que "quando há uma imagem daquela senhora na parede, significa que se está num sítio onde se canta Fado". Joss Stone está em digressão mundial e tem vindo a colaborar com alguns músicos locais pelos países por onde tem passado. Actuou no Festival Marés Vivas a 19 de Julho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cantora