Tudo o que precisa de saber sobre as legislativas
Quando são as eleições?Há eleições de quatro em quatro anos, no final de cada mandato. Esta legislatura começou, porém, mais cedo: o Governo tomou posse a 21 de Junho de 2011, depois de a Assembleia da República ter sido dissolvida, o que significa que ultrapassará pelo menos em quatro meses os quatro anos. As eleições têm lugar, obrigatoriamente, entre 14 de Setembro e 14 de Outubro e o Presidente da República tem de as convocar com, pelo menos, 60 dias de antecedência. Só podem realizar-se ao domingo ou em dia feriado, ou seja, dias 20, 27 de Setembro ou 4 e 11 de Outubro. Para serem a 27 de Setembro, o Preside... (etc.)

Tudo o que precisa de saber sobre as legislativas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001220132/http://www.publico.pt/legislativas2015/guia-do-eleitor
TEXTO: Quando são as eleições?Há eleições de quatro em quatro anos, no final de cada mandato. Esta legislatura começou, porém, mais cedo: o Governo tomou posse a 21 de Junho de 2011, depois de a Assembleia da República ter sido dissolvida, o que significa que ultrapassará pelo menos em quatro meses os quatro anos. As eleições têm lugar, obrigatoriamente, entre 14 de Setembro e 14 de Outubro e o Presidente da República tem de as convocar com, pelo menos, 60 dias de antecedência. Só podem realizar-se ao domingo ou em dia feriado, ou seja, dias 20, 27 de Setembro ou 4 e 11 de Outubro. Para serem a 27 de Setembro, o Presidente da República teria de as convocar até 29 de Julho. A 4 de Outubro, por exemplo, teria de as convocar até 5 de Agosto. 4 de Outubro era apontada como a data mais provável e acabou mesmo por ser a escolhida pelo Presidente para a realização de eleições. Apesar de ser na véspera do dia em que se assinala a Implantação da República, Cavaco Silva tinha dito que não faz mal, porque “já não é feriado”. Também há eleições em caso de dissolução da Assembleia da República pelo Presidente da República ou quando a perda de mandato dos seus membros impeça o órgão de funcionar (falta de quórum ou, mesmo com quórum, quando não haja membros eleitos pela candidatura mais votada). Neste caso, as eleições têm lugar no prazo máximo de 55 dias após a dissolução do órgão. Como são marcadas as eleições?Embora a Constituição da República não o exija, a prática tem sido o Presidente da República ouvir os partidos sobre a data das eleições legislativas. As eleições são marcadas por decreto publicado em Diário da República e só a partir dessa publicação se desencadeia o processo eleitoral. Os emigrantes votam?Sim, os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro podem exercer o seu direito de voto para as eleições legislativas desde que voluntariamente se inscrevam, até 60 dias antes das eleições (ou até 55 dias se tiverem 17 anos e completarem 18 até ao dia da eleição), no caderno eleitoral existente no consulado ou secção consular onde residem. A inscrição é presencial. A embaixada ou consulado imprime uma ficha de eleitor que é assinada pelo cidadão. O voto processa-se por via postal. E os imigrantes?Não. Só se for cidadão brasileiro detentor do estatuto de igualdade de direitos políticos. Em 2000, Portugal e o Brasil assinaram um Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta que prevê que tanto os portugueses no Brasil, como os brasileiros em Portugal, usufruam de igualdade de direitos políticos, entre outros. Para ter o estatuto de igualdade de direitos políticos, o cidadão brasileiro tem de ter um mínimo de residência fixa de três anos em Portugal. Já os cidadãos com dupla nacionalidade, residentes em Portugal, podem votar. Quem estiver fora de Portugal na data da eleição mas não for emigrante pode votar?Sim, segundo a Administração Eleitoral, pode votar antecipadamente quem estiver ausente de Portugal por motivos profissionais, em missão humanitária, como militares ou médicos, quem for investigador ou bolseiro numa instituição universitária ou equiparada no estrangeiro, quem for estudante numa instituição de ensino no estrangeiro, estando, ou não, ao abrigo de um programa de intercâmbio ou quem se encontrar fora do país no dia da eleição devido a um tratamento de saúde, entre outras situações. Como se processa o voto nestas situações?Quem estiver deslocado no estrangeiro, entre o 12. º e o 10. º dia anteriores à eleição, pode votar junto das representações diplomáticas ou consulares, assim como nas delegações externas dos ministérios e instituições públicas portuguesas definidas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Para votar, o eleitor deve apresentar o cartão de eleitor, certidão ou ficha de eleitor, cartão de cidadão ou outro documento identificativo como o passaporte, e um documento comprovativo do impedimento. Quanto tempo dura a campanha?A campanha inclui todo o período que vai desde o dia em que as eleições são marcadas até à véspera da votação. Dentro da campanha, há dois momentos: a pré-campanha e, depois, na recta final, 15 dias antes da ida às urnas, a campanha eleitoral propriamente dita. Como é nomeado o próximo governo?O primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais. Os restantes membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do primeiro-ministro. Quanto tempo demora o Governo a tomar posse?Até cerca de duas semanas depois das eleições, não é possível o Governo tomar posse, porque ainda é preciso apurar os votos dos emigrantes, o que será feito no 10. º dia depois do sufrágio. Os resultados são publicados em Diário da República no máximo 20 dias depois, embora esse prazo normalmente não seja esgotado. Quando a Comissão Nacional de Eleições publica os resultados, três dias depois a Assembleia da República toma posse. O processo, porém, de empossar o Governo pode ser mais demorado, dependendo dos resultados eleitorais, das diligências do Presidente da República, e sem que haja um prazo fixo. Como não se prevê, pelo menos de acordo com as sondagens até agora publicadas, uma maioria para nenhum dos partidos, o Presidente da República poderá demorar mais tempo até dar posse ao novo Governo, tendo em perspectiva a procura de um entendimento e maioria estável. Quais as implicações no Orçamento de Estado?O Orçamento do Estado tinha de ser apresentado até 15 de Outubro. No entanto, tal não acontecerá este ano devido à data das eleições. É preciso tempo para o preparar. Com as eleições marcadas para 4 de Outubro, e tendo em conta que os resultados são publicados em Diário da República no máximo 20 dias depois, é muito difícil, se não impossível, apresentar um orçamento naquele dia. Não só porque até 15 de Outubro não deverá haver Governo empossado, mas também porque primeiro tem de ver o seu programa aprovado no Parlamento. Com as eleições a 4 de Outubro, dia 14 estará concluído o escrutínio dos emigrantes. Se tudo correr como previsto, dia 15 a Comissão Nacional de Eleições envia os resultados finais para Diário da República, sendo que o mapa eleitoral não será publicado antes de 16 ou 17. Três dias depois, a Assembleia da República toma posse, ou seja, já estamos no dia 20. Isto significa que antes de 25 é difícil discutir-se o programa do Governo. Conclusão: pode dar-se o caso de haver um compasso de espera imprevisível até à aprovação do orçamento. Até lá, vigora o aprovado no ano passado. O que fica em aberto é saber quando entrará em vigor o relativo a 2016. Com eleições em Outubro, é muito difícil o Orçamento do Estado entrar em vigor no dia 1 de Janeiro de 2016. Não é uma situação nova, acontece sempre que há eleições em Outubro. Até à aprovação do orçamento, o que pode acontecer por exemplo só em Março, o país viverá de duodécimos relativos ao orçamento anterior. Fonte: Comissão Nacional de Eleições, Portal do Eleitor, Lei Eleitoral e Constituição da República Portuguesa
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei igualdade emigrante humanitária
Abdellatif Kechiche na turma de François Bégaudeau
Abdellatif Kechiche acaba de lançar o casting de "La Blessure"Quando veio a Lisboa apresentar A Vida de Adèle, o cineasta tunisino Abdellatif Kechiche falou de um projecto que andava há anos na sua cabeça: um filme sobre a actriz porno Marilyn Chambers [1952-2009]. Deixou-nos com água na boca, entre outras coisas, pela forma como lê e faz completamente seu o mundo de Chambers, o da pornografia: “Há muito tempo que quero falar sobre o mundo da pornografia talvez porque os actores são fortemente marginalizados, pelo menos em França, e isso na minha adolescência não me foi indiferente – talvez porque nas salas porno... (etc.)

Abdellatif Kechiche na turma de François Bégaudeau
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-02-06 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160206113854/http://ipsilon.publico.pt/cinema/texto.aspx?id=333773
TEXTO: Abdellatif Kechiche acaba de lançar o casting de "La Blessure"Quando veio a Lisboa apresentar A Vida de Adèle, o cineasta tunisino Abdellatif Kechiche falou de um projecto que andava há anos na sua cabeça: um filme sobre a actriz porno Marilyn Chambers [1952-2009]. Deixou-nos com água na boca, entre outras coisas, pela forma como lê e faz completamente seu o mundo de Chambers, o da pornografia: “Há muito tempo que quero falar sobre o mundo da pornografia talvez porque os actores são fortemente marginalizados, pelo menos em França, e isso na minha adolescência não me foi indiferente – talvez porque nas salas porno só havia velhos e imigrantes, e eu olhava para esses actores como benfeitores, à margem obviamente da excitação sexual; a imigração dos anos 70 era muito dura, e eu achava que aqueles actores faziam bem aos meus. Tinha por isso uma admiração por eles, que nada tinha a ver com o desejo sexual que poderiam eventualmente provocar. Para mim, estavam a sacrificar-se em prol dos outros. . . ” – grupo, marginalização social, corpo sacrificial, enfim, tudo nesse projecto vibrava intensamente com os tons e as cores de Kechiche (e quando falava sobre essa primeira estrela porno a ter no ecrã uma relação sexual com um negro, actriz que faleceu no ano em que Obama chegou à Presidência americana, Kechiche enchia as suas palavras de ressonâncias simbólicas. ) Mas, helàs pour nous, o próximo projecto do vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2013 não será esse. Kechiche acaba de lançar o casting de La Blessure: procura jovens de origem magrebina, rapazes e raparigas, com idades entre os 14 e os 22 anos, noticia a revista Les Inrockuptibles. É uma adaptação do romance La Blessure, la vraie, de François Bégaudeau – o autor de Entre les Murs, cuja adaptação ao cinema valeu a Laurent Cantet a Palma de Ouro de Cannes (A Turma), em 2008, e foi um momento de estrelato quase pop para Bégaudeau, que estava em todo o lado. A acção do livro, história de iniciação de um adolescente de 15 anos, passa-se em Vendée, na costa Oeste francesa, numa semana de férias, em 1986: o herói, François, está determinado a perder a virgindade, mas as festas do 14 de Julho vão acabar mal – ferida nunca sarada no François adulto, que se lembra de si. A acção passa-se em França, a rodagem, contudo, acontecerá na Tunísia. É um encontro – Kechiche/Bégaudeau – anunciado: o livro andaria na cabeça do cineasta há anos e em 2011 Bégaudeau, numa entrevista, explicitou o seu desejo de que Abdellatif adaptasse o romance. “Adoro Kechiche, sou fã absoluto, para mim é o maior cineasta francês vivo. ” Nessa altura, quando Kéchiche já tinha realizado O Segredo de um Cuscuz (2007) e Vénus Negra (2010), Bégaudeau declarava também: “É tempo agora de ele filmar os brancos. Depois regressará aos negros e aos árabes e fará muito bem, mas para já deve filmar os brancos”. Kechiche vai situar a acção na Tunísia. Quanto ao filme “com brancos”, como notava a Les Inrocks, já o fez, A Vida de Adèle. . . La Blessure já nos deixa água na boca.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
José Luís Peixoto e Lobo Antunes na longlist do Femina
“Livro”, de José Luís Peixoto, e “O Arquipélago da Insónia”, de António Lobo Antunes, foram seleccionados em França para a longlist do Prémio Femina, com outros oito candidatos de entre os quais sairá uma shortlist a 8 de Outubro. Para Lobo Antunes, esta nomeação vem juntar-se à do Prémio Médicis, para o qual está apontado com outro português: Gonçalo M. Tavares, com “Uma Viagem à Índia”. Editado em 2008 pela D. Quixote, “O Arquipélago da Insónia” foi editado pela primeira vez em França em Maio deste ano, pela casa Christian Bourgois, com tradução de Dominique Nédellec. Esta não é a primeira vez que António Lobo ... (etc.)

José Luís Peixoto e Lobo Antunes na longlist do Femina
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: “Livro”, de José Luís Peixoto, e “O Arquipélago da Insónia”, de António Lobo Antunes, foram seleccionados em França para a longlist do Prémio Femina, com outros oito candidatos de entre os quais sairá uma shortlist a 8 de Outubro. Para Lobo Antunes, esta nomeação vem juntar-se à do Prémio Médicis, para o qual está apontado com outro português: Gonçalo M. Tavares, com “Uma Viagem à Índia”. Editado em 2008 pela D. Quixote, “O Arquipélago da Insónia” foi editado pela primeira vez em França em Maio deste ano, pela casa Christian Bourgois, com tradução de Dominique Nédellec. Esta não é a primeira vez que António Lobo Antunes é seleccionado para este prémio. Em 1997 venceu o Prémio Femina, na categoria de melhor romance estrangeiro publicado em França, com “Manual dos Inquisidores”, editado em Portugal no ano anterior. José Luis Peixoto foi seleccionado com “Livro”, obra que foi só editada em França em Agosto deste ano, mas que já chegou às lojas portuguesas em 2010. François Rosso traduziu a obra de José Luís Peixoto que tem como cenário a emigração portuguesa para França. Na edição francesa o título do livro manteve-se igual à edição portuguesa. “Livro” é o nome do protagonista da história, que se centra no movimento migratório nas décadas de 1960 e 1970. François Rosso, que traduziu todos os romances do José Luís para francês até ao momento, está actualmente a traduzir “Abraço”, também a publicar pela Grasset, no próximo ano. O Prémio Femina foi criado em 1904 em França, pelas colaboradoras da revista Vie Heureuse, actualmente Femina. O júri do prémio é composto exclusivamente por mulheres, e é a maior distinção internacional na área da literatura, uma vez que distingue tanto autores franceses como estrangeiros, enquanto o Prémio Goncourt, outro importante galardão francês, só distingue a literatura francesa. O vencedor do prémio é conhecido a 19 de Outubro. Em 2011, o Femina foi para o escritor e jornalista francês Simon Libertai, com a obra “Jayne Mansfield 1967”, editada pela Grasset.
REFERÊNCIAS:
Aumentam casos de crianças vítimas de tráfico para mendigar
Observatório do Tráfico de Seres Humanos ainda está a produzir relatório sobre 2012, mas adianta tendências. O número de crianças vítimas de tráfico sinalizadas em 2012 aumentou significativamente em Portugal, devido sobretudo a casos de mendicidade, ou seja, crianças a pedir esmola ao serviço de redes organizadas. No ano passado aumentou também a sinalização de portugueses, homens, vítimas de tráfico para exploração laboral no estrangeiro, uma tendência que já se verificava em 2011. A informação foi dada ao PÚBLICO por Joana Wrabetz, directora do Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH), que não pode ad... (etc.)

Aumentam casos de crianças vítimas de tráfico para mendigar
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-02-12 | Jornal Público
TEXTO: Observatório do Tráfico de Seres Humanos ainda está a produzir relatório sobre 2012, mas adianta tendências. O número de crianças vítimas de tráfico sinalizadas em 2012 aumentou significativamente em Portugal, devido sobretudo a casos de mendicidade, ou seja, crianças a pedir esmola ao serviço de redes organizadas. No ano passado aumentou também a sinalização de portugueses, homens, vítimas de tráfico para exploração laboral no estrangeiro, uma tendência que já se verificava em 2011. A informação foi dada ao PÚBLICO por Joana Wrabetz, directora do Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH), que não pode adiantar ainda os números finais do ano, por esta entidade do Ministério da Administração Interna estar ainda a elaborar o relatório de 2012. Estas sinalizações têm que ser confirmadas uma a uma, pois pode haver casos em que as pessoas sejam vítimas de outros tipos de crime. Mas, para Joana Wrabetz, é uma "nota positiva" as redes de tráfico de crianças para mendicidade "terem sido identificadas", pois reconhece-se que elas existem e permite que sejam vistas "não como uma questão cultural". Além de crianças, também mulheres grávidas, portadores de deficiência e idosos são usados nestas redes de mendicidade, acrescenta. Em 2011 foram confirmadas 11 vítimas de tráfico de seres humanos em Portugal, três delas menores (para exploração laboral, sexual e tentativa de adopção), e 18 portugueses no estrangeiro, 17 para exploração laboral. Ao todo, foram sinalizadas 79 vítimas nesse ano, 48 em Portugal e 31 no estrangeiro. Mas estes dados serão muito inferiores à realidade. As 122 vítimas identificadas entre 2008 e 2011 são um número que é apenas "a ponta do icebergue", diz Petya Nestorova, secretária do Grupo de Peritos em Acção Contra o Tráfico de Seres Humanos (GRETA), organização do Conselho da Europa que controla a forma como é implementada a convenção contra este tipo de crime, em vigor desde 2008. Para explicar por que acha que os dados serão muito superiores, Petya Nestorova dá o exemplo dos números divulgados recentemente pela Organização Mundial do Trabalho, que estima que há no mundo 21 milhões de pessoas sujeitas a trabalhos forçados, 880 mil delas na Europa. Depois de ter produzido relatórios sobre 16 países europeus, o GRETA publica hoje o primeiro sobre Portugal, onde apela a uma melhoria na assistência às vítimas deste crime e à adopção de medidas para uma maior eficácia na condenação de traficantes de seres humanos. Exploração sexual, laboral ou serviços forçados, escravatura ou práticas idênticas a escravatura, servidão e remoção de órgãos são as formas de exploração cobertas pela convenção europeia. Uma das recomendações do relatório é que as vítimas sejam identificadas como tal, de modo a evitar que sejam tratadas como imigrantes ilegais ou criminosos e a receberem a protecção devida (abrigo, autorização de residência e direito a compensação, algo muitas vezes desconhecido pelos próprios agentes no terreno, lembra a secretária do GRETA). "Se as pessoas não são identificadas como vítimas, podem abandonar o país", o que dificulta a investigação sobre as redes, diz. Poucas condenações Nos dados relativos a Portugal recolhidos pelo grupo conclui-se que, entre 2008 e 2011, o tráfico para exploração sexual continuava a ser significativo (47%), mas que havia uma nova tendência: o aumento de casos de vítimas de tráfico para exploração laboral (46%), que afecta sobretudo os homens. Os peritos do Conselho da Europa revelam preocupação com o baixo número de condenações por tráfico humano e pedem que as autoridades portuguesas identifiquem as lacunas nas investigações e na apresentação dos casos em tribunal. O tráfico de seres humanos para diversos fins foi constituído como crime específico na lei apenas em 2007, daí não serem claras para muitos as técnicas de investigação que podem ser aplicadas nestes casos, lembra a secretária do GRETA. No relatório identificam-se três condenações em Portugal em 2008 e cinco em 2009, mas estes casos não são ainda definitivos, uma vez que podem ainda ser alvo de recurso. Petya Nestorova considera que Portugal tem uma "boa base para lidar com este problema" mas chama ainda a atenção, no âmbito da protecção às vítimas, para a necessidade de se criarem pelo menos mais dois abrigos (actualmente existe apenas um, para mulheres, gerido pela Associação para o Planeamento da Família). Esta foi, aliás, uma das recomendações entregues ontem pelo partido Os Verdes ao Governo, exigindo a "garantia de uma rede pública de casas-abrigo para acolhimento temporário e encaminhamento de vítimas de tráfico, com prestação de assistência psicológica, médica, jurídica e social". O aumento do número de homens para exploração laboral e a exploração de crianças com vários fins (mendigar, roubar ou traficar drogas e exploração sexual, no caso de raparigas) são algumas das tendências europeias no tráfico de pessoas, diz Petya Nestorova. Outra tendência é o tráfico para fraude com subsídios: pessoas registadas em países que têm benefícios sociais, que são depois usados pelos traficantes. Entretanto, o OTSH vai coordenar um projecto pan-europeu de monitorização, em tempo real, de vítimas de tráfico de pessoas. No site do observatório há informação sobre números a contactar para denunciar suspeitas de tráfico de seres humanos.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Criança portuguesa vence batalha legal nos Estados Unidos
Uma criança portuguesa abandonada pelos pais nos Açores acaba de vencer uma inédita batalha legal, obtendo autorização de residência nos Estados Unidos depois de ter sido colocada à guarda de uma avó e tia. "Não conheço nenhum caso nos Tribunais da Família de Rhode Island e Massachusetts, e mesmo no sistema de imigração federal, semelhante a este", disse à agência Lusa a advogada Val Ribeiro. Marco Moniz, de 13 anos, é filho de dois imigrantes açorianos que foram deportados para Portugal há cerca de 15 anos e desenvolveram uma relação em São Miguel, nos Açores. Os pais nunca ultrapassaram os problemas de toxicode... (etc.)

Criança portuguesa vence batalha legal nos Estados Unidos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2013-09-17 | Jornal Público
TEXTO: Uma criança portuguesa abandonada pelos pais nos Açores acaba de vencer uma inédita batalha legal, obtendo autorização de residência nos Estados Unidos depois de ter sido colocada à guarda de uma avó e tia. "Não conheço nenhum caso nos Tribunais da Família de Rhode Island e Massachusetts, e mesmo no sistema de imigração federal, semelhante a este", disse à agência Lusa a advogada Val Ribeiro. Marco Moniz, de 13 anos, é filho de dois imigrantes açorianos que foram deportados para Portugal há cerca de 15 anos e desenvolveram uma relação em São Miguel, nos Açores. Os pais nunca ultrapassaram os problemas de toxicodependência que motivaram a deportação e a criança, depois de viver na rua com a mãe, acabou por ser colocada no sistema de protecção de menores açoriano. Há cinco anos, a tia, Maria Moniz, e a avó paterna, Hirondina Moniz, requereram a guarda da criança. Em Abril de 2010, Marco Moniz viajou pela primeira vez até aos EUA, durante uma semana, acompanhado por uma assistente social. Meses depois, a guarda permanente foi atribuída às duas imigrantes. O pai da criança acabou por falecer e terá deixado como último desejo que o filho vivesse nos EUA com a avó. Em Dezembro de 2010, ao abrigo do programa Visa Waiver, que permite a estadia de cidadãos portugueses no país sem visto durante 90 dias, Marco Moniz viajou para os EUA. Apenas depois da sua chegada a família percebeu que a decisão judicial portuguesa, que colocava o menino sob guarda das duas mulheres, não tinha validade nos Estados Unidos. "Portugal agiu no melhor interesse do menino. Mas havia a questão do que podíamos fazer com a decisão de outro país", disse Val Ribeiro, sublinhando que "a fase inicial, em que tivemos de decidir o que fazer, foi a mais difícil. Recorrer ao Tribunal Internacional de Haia era a solução mais óbvia, mas demoraria muitos anos. "Nessa altura, as duas advogadas que trabalharam no caso decidiram que o primeiro passo seria reconhecer a decisão do tribunal português no tribunal de Rhode Island. A família foi depois direccionada para o Tribunal da Família, ao abrigo do Uniform Child Custody Jurisdiction And Enforcement Act, um acordo apenas usado em casos dentro dos Estados Unidos. "Foi a primeira vez que esta lei foi usada no caso de um jovem num caso de imigração", diz a advogada. Assim que o tribunal reconheceu a decisão, concordando que Marco fora abandonado, as advogadas recorreram para os serviços de imigração pedindo o estatuto especial de imigrante juvenil. A decisão final chegou no dia 21 de Agosto. "Isto é excelente? Estou feliz. Significa que posso ficar aqui. Tinha medo que precisasse voltar", disse Marco Moniz ao O Jornal, um jornal da comunidade portuguesa de Rhode Island e Fall River que noticiou primeiro o caso. Marco tem agora um green card, a autorização de residência permanente nos Estados Unidos, e poderá pedir nacionalidade dentro de cinco anos. "Este caso pode ajudar outras pessoas, em casos de divórcios e custódias. São casos muito difíceis, mas agora já sabemos como proceder", explicou Val Ribeiro à agência Lusa. Marco está agora no sétimo ano de escolaridade e, segundo a advogada, "fala muito bem inglês e adaptou-se muito bem ao novo país".
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Comissão Europeia: Durão Barroso promete criar pontes entre ricos e pobres
O presidente indigitado da Comissão Europeia, Durão Barroso, prometeu hoje aos eurodeputados que vai estabelecer pontes entre países ricos e pobres, pequenos e grandes, antigos e novos membros, com o objectivo de fortalecer a Europa e de criar um espaço europeu de sucesso aos olhos do mundo. No discurso no Parlamento Europeu antes da votação de amanhã, Durão Barroso prometeu ouvir as diferentes sensibilidades políticas e interesses da sociedade civil europeia, mas ao mesmo tempo garantiu que adoptará decisões firmes e conciliadoras. Apontando o emprego e o crescimento como dois dos principais objectivos imediatos... (etc.)

Comissão Europeia: Durão Barroso promete criar pontes entre ricos e pobres
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.00
DATA: 2004-07-22 | Jornal Público
TEXTO: O presidente indigitado da Comissão Europeia, Durão Barroso, prometeu hoje aos eurodeputados que vai estabelecer pontes entre países ricos e pobres, pequenos e grandes, antigos e novos membros, com o objectivo de fortalecer a Europa e de criar um espaço europeu de sucesso aos olhos do mundo. No discurso no Parlamento Europeu antes da votação de amanhã, Durão Barroso prometeu ouvir as diferentes sensibilidades políticas e interesses da sociedade civil europeia, mas ao mesmo tempo garantiu que adoptará decisões firmes e conciliadoras. Apontando o emprego e o crescimento como dois dos principais objectivos imediatos da Comissão Europeia, o presidente indigitado disse aos eurodeputados que, consigo, não haverá "comissários de primeira e de segunda". Esta declaração de Barroso é vista nos meios políticos como uma resposta às recentes notícias que davam como certa a criação de "supercomissários europeus", com maiores poderes do que os actuais responsáveis. No rol de promessas do antigo primeiro-ministro português surge ainda o objectivo de acolher mais mulheres nos cargos de chefia da Comissão, uma das reivindicações dos liberais, grupo político que Durão Barroso procura cativar. Barroso evocou a prosperidade e a solidariedade como princípios mobilizadores da sua acção à frente dos destinos da Comissão, considerando que é o homem certo para o momento actual da União Europeia, que em Maio passado acolheu dez novos Estados. "Devemos trabalhar conjuntamente com os novos Estados", disse Durão Barroso, tendo em mente o fortalecimento da UE. "A UE precisa de uma Comissão forte e independente (. . . ) que se traduza em resultados concretos", prosseguiu, sublinhando que uma das características da nova Constituição europeia é dar "mais voz aos cidadãos europeus". Entre os inúmeros problemas da UE, Durão Barroso lembrou o reforço dos recursos financeiros da Comissão, o envelhecimento da população, a pobreza, a imigração, o ambiente e o crescimento sustentado. "Temos de ter vontade para assumir riscos. Devemos manter o passo com as mais altas tecnologias, as novas ciências devem ser melhor tratadas", com o objectivo de assegurar melhor nível de vida da população europeia, frisou Durão Barroso. "Devemos cumprir o protocolo de Quioto, construindo um futuro sustentável", recordou o antigo chefe do Governo português, enumerando a segurança e a justiça como áreas estratégicas da Comissão. Barroso promete ainda uma relação privilegiada do seu gabinete com o Parlamento Europeu. "Precisamos de cumplicidade positiva entre a Comissão e o Parlamento", aludiu, prometendo um desempenho de rigor, ao ponto de afirmar que se algum dos comissários pisar o risco, será demitido.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Adriano Correia de Oliveira recordado hoje, nos 25 anos da sua morte
Adriano Correia de Oliveira é hoje recordado em Lisboa, 25 anos depois da sua morte, com um espectáculo onde vários artistas seus contemporâneos recordam as trovas que eternizaram o cantor de intervenção. Na Sociedade Voz do Operário, em Lisboa, José Fanha, Carlos Paulo e Maria do Céu Guerra vão ler poemas que Adriano Correia de Oliveira cantou e vai ser inaugurada uma exposição sobre o músico e decorrerá um colóquio para debater a vida e obra de Adriano com a participação de Luís Cília, José Barata-Moura, Lopes de Almeida, Paulo Sucena e José Viale Moutinho. No dia 20, no mesmo local, decorrerá o espectáculo "25... (etc.)

Adriano Correia de Oliveira recordado hoje, nos 25 anos da sua morte
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2007-10-17 | Jornal Público
TEXTO: Adriano Correia de Oliveira é hoje recordado em Lisboa, 25 anos depois da sua morte, com um espectáculo onde vários artistas seus contemporâneos recordam as trovas que eternizaram o cantor de intervenção. Na Sociedade Voz do Operário, em Lisboa, José Fanha, Carlos Paulo e Maria do Céu Guerra vão ler poemas que Adriano Correia de Oliveira cantou e vai ser inaugurada uma exposição sobre o músico e decorrerá um colóquio para debater a vida e obra de Adriano com a participação de Luís Cília, José Barata-Moura, Lopes de Almeida, Paulo Sucena e José Viale Moutinho. No dia 20, no mesmo local, decorrerá o espectáculo "25 anos - 25 canções", que contará com a presença, entre outros, de Amélia Muge, Fausto, Fernando Tordo, Brigada Victor Jara, o padre Francisco Fanhais, Manuel Freire, Janita Salomé, Luís Represas, Pedro Abrunhosa, Paulo Carvalho e um grupo de guitarra e cantares de Coimbra. Serão 25 das mais emblemáticas canções, de um total de cerca de 90, que Adriano Correia de Oliveira cantou e gravou entre 1960 e 1980, entre as quais "Trova do vento que passa", "Balada da esperança", "Menina dos olhos tristes", "Tejo que levas as águas" ou "Canção do linho". Em Setembro saiu o disco tributo "Adriano aqui e agora", com 14 canções renovadas à luz de músicos provenientes do rock, da pop, da electrónica ou do hip hop, como Ana Deus e os Dead Combo, que interpretam "Trova do vento que passa", os Cindy Cat com "E alegre se fez triste" e Margarida Pinto, dos Coldfinger, que canta "Charamba". Vicente Palma, filho de Jorge Palma, estreia-se com "Para Rosalía" e Sharyar Mazgani, dos Mazgani, mostra a sua visão de "Balada da esperança". São 14 novas aproximações à obra daquele que é considerado, a par de José Afonso, uma das vozes maiores do canto de intervenção e da balada. Numa toada mais próxima da música de raiz tradicional, este ano saiu ainda o disco "Cantaremos Adriano", protagonizado por um grupo de sete músicos portugueses de diferentes projectos musicais. No álbum, os sete músicos cantam 12 temas imortalizados por Adriano e os inéditos "Eu Vi Abril" ( Manuel Alegre/Vitor Sarmento) e "As Palavras do meu Canto" (Joaquim Pessoa/Vitor Sarmento). Para desfrutar de todos os temas interpretados pelo próprio Adriano Correia de Oliveira, o jornal Público lança a partir de hoje uma série de sete discos com a obra completa do cantautor, coordenada por José Niza. Esta série revelará os diferentes momentos musicais de Adriano Correia de Oliveira, dos fados de Coimbra à balada e à canção de intervenção. Cada um dos discos sairá acompanhado por um livro que reúne dados biográficos, depoimentos e entrevistas de pessoas que trabalharam e conheceram Adriano Correia de Oliveira. Intervir pela músicaO cantautor nasceu no Porto a 9 de Abril de 1942 e morreu a 16 de Outubro de 1982 em Avintes. Foi em Coimbra, para onde rumou para estudar Direito, que se abriram as portas para a intervenção política, social e cultural. Passou pelo Orfeão Académico de Coimbra e editou o primeiro disco, "Noite de Coimbra", em 1960. Já militante do PCP, participou activamente nas lutas académicas de contestação ao regime político, facto que, a par da guerra colonial, da censura e da emigração, passou a ser referido nas músicas que cantava. Antes e depois da revolução de Abril de 1974, Adriano Correia de Oliveira viveu tempos de intensa actividade interventiva no meio musical e cultural, gravando "Trova do vento que passa" ou "O canto e as armas", com versos de Manuel Alegre. Dele se diz que era generoso, corajoso e solidário. Morreu com 40 anos vítima de um acidente vascular esofágico.
REFERÊNCIAS:
Festival de Sundance premeia cinema com temas políticos
O filme de suspense dedicado à luta de duas mulheres que fazem entrar imigrantes ilegais nos Estados Unidos, "Frozen River", ganhou o Grande Prémio do Júri do Festival de Sundance na noite de sábado. O mesmo prémio, mas para documentários, foi entregue a "Trouble the Water", que conta a história da sobrevivência após o furacão Katrina. Os prémios principais do festival organizado por Robert Redford e Geoff Gilmore guinaram à esquerda e versam sobre temas políticos queridos à comunidade artística norte-americana, indo da causa ambiental à imigração ilegal. Sobre "Frozen River", realizado por Courtney Hunt, Quentin... (etc.)

Festival de Sundance premeia cinema com temas políticos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2008-01-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20080130062934/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1317866
TEXTO: O filme de suspense dedicado à luta de duas mulheres que fazem entrar imigrantes ilegais nos Estados Unidos, "Frozen River", ganhou o Grande Prémio do Júri do Festival de Sundance na noite de sábado. O mesmo prémio, mas para documentários, foi entregue a "Trouble the Water", que conta a história da sobrevivência após o furacão Katrina. Os prémios principais do festival organizado por Robert Redford e Geoff Gilmore guinaram à esquerda e versam sobre temas políticos queridos à comunidade artística norte-americana, indo da causa ambiental à imigração ilegal. Sobre "Frozen River", realizado por Courtney Hunt, Quentin Tarantino, um dos membros do júri na categoria dramática, disse que é “um dos "thrillers" mais excitantes” que vai ver este ano. O filme foi comprado no festival pela Sony Pictures Classics. Já "Trouble the Water", de Tia Lessin e Carl Deal, é “um filme sobre sobrevivência e esperança”, segundo Lessin, que começa com imagens captadas por uma habitante de Nova Orleães, Kim Roberts, durante a passagem do Katrina e que espelha a falta de apoio do governo de George W. Bush aos sobreviventes do furacão. Os prémios do público foram atribuídos a, na categoria dramática, "The Wackness", de Jonathan Levine, uma comédia dramática invulgar sobre um adolescente que trafica droga e que acaba por se apaixonar pela filha do seu psiquiatra (Ben Kingsley), e, na categoria documental, a "Fields of Fuel", em que Josh Tickell narra a demanda de um homem que quer libertar os Estados Unidos da sua dependência petrolífera e contribuir para salvar o planeta. O festival, que este ano chamou particularmente a atenção por ser um dos poucos eventos da temporada de prémios da indústria do entretenimento americana sem crises devido à greve dos argumentistas, é não só uma montra do cinema independente norte-americano, mas também do cinema mundial. Na competição para o Cinema do Mundo, o Grande Prémio do Júri foi para "King of Ping Pong", do sueco Jens Jonsson, que ilustra a vida de um génio do pingue-pongue de 16 anos que é ostracizado pelos colegas e que, ao longo de umas férias, descobre a verdade sobre a sua família. O público do festival escolheu, na mesma categoria, "Captain Abu Raed", do jordano Amin Matalqa. Descrito como “o primeiro filme de ficção que saiu da Jordânia nos últimos 50 anos”, a obra de Matalqa fala sobre um empregado da limpeza do aeroporto de Amã que é confundido por um grupo de crianças pobres com um piloto de aviação. No campo do documentário estrangeiro, "Man on Wire", do britânico James Marsh, fez o gosto à nostalgia nova-iorquina com a sua visão sobre a história de Philippe Petit, o francês que, em 1974, passou uma hora a caminhar sobre um arame suspenso entre as duas torres do World Trade Center. O filme foi escolhido tanto pelo público quanto pelo júri do Festival de Sundance. Lance Hammer foi o melhor realizador norte-americano com o filme "Ballast", Nanette Burstein ganhou como realizadora de documentários com "American Teen", Anna Melikyan foi a melhor realizadora estrangeira com Mermaid e Nino Kirtadze venceu com a realização do documentário Durakovo. Alex Rivera e David Roker foram distinguidos com o Prémio de Argumento Waldo Salt, por "Sleep Dealer". Sundance lançou filmes como "Cães Danados", "O Projecto Blairwitch" e "Uma Família À Beira de Um Ataque de Nervos" e tornou-se numa peregrinação anual da comunidade do cinema independente. Mas este ano foi criticado pela presença, considerada excessiva e descaracterizadora, de muitas estrelas e filmes bastante comerciais. “A colheita deste ano de Sundance pareceu demasiado cheia de híbridos Hollywood-indies que não eram nem carne nem peixe”, escreveu a crítica da "Variety" Anne Thompson. Os filmes de Tom Hanks, Robert DeNiro, John Malkovitch, Stanley Tucci, Maria Bello, Jason Patric, Bill Pullman ou Alan Rickman passaram por Park City, mas não só receberam prémios como os seus filmes foram mal-vistos pela crítica presente no festival.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha imigração campo ataque homem carne comunidade adolescente mulheres cães ilegal
Prendam o Trump! E não faltam motivos para isso
Não sei como vai ser, mas não vai ser bom e se a gente não usa todas as armas da democracia vai perder. (...)

Prendam o Trump! E não faltam motivos para isso
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.06
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não sei como vai ser, mas não vai ser bom e se a gente não usa todas as armas da democracia vai perder.
TEXTO: “Lock her up! Lock her up!”(Grito de guerra dos comícios de Trump contra Hillary Clinton)Só há uma coisa importante sobre a qual se pode escrever hoje em dia: o Presidente dos EUA, Donald Trump. Dele vai depender quase tudo o que se passa no mundo em 2019: a crise da Europa, a paz do mundo, a situação no Médio Oriente, a corrida aos armamentos, a contínua ascensão de Putin, a economia global, as instituições como a ONU, a Unesco, a UNICEF, as agências humanitárias internacionais, a nova guerra cultural contra as mulheres e a comunidade LGBT, a independência e a separação dos poderes nos EUA, a politização da justiça e das forças armadas, a democracia em muitos países, a democracia nos EUA, de um modo geral o grau de violência que o mundo vai ter sob todas as formas. Muitos destes conflitos não foi Trump que os criou, mas em todos Trump acrescentou factores de agravamento e, nalguns casos, trouxe as franjas mais radicais para o seu lado, para o centro dos conflitos de uma forma que era inimaginável há poucos anos. Os supremacistas brancos, os grupos racistas anti-imigrantes, as redes e os locais de conspiração e calúnia (como o InfoWars e o Breitbart) junto dos quais a comunicação social mais tablóide brilha de sensatez e limpeza, os “operadores políticos” especialistas em operações de desinformação (como Roger Stone), os agentes estrangeiros que, ao serviço dos seus governos, oferecem a desinteressada ajuda a Trump para ganhar eleições e atacar os seus adversários com hackers e fake news e mesmo os assassinos sauditas legitimados pelos cheques da compra de armamento. A tudo isto soma-se essa coorte de mentirosos profissionais, manobradores de todos os dinheiros sujos, como o director de campanha de Trump, o advogado e “facilitador” de Trump, vários assessores e homens de confiança da campanha, e o responsável pela Segurança Nacional, todos a caminho da cadeia. Se a isso somarmos os mentirosos comprovados, os esquecidos de quantas vezes falaram com os russos, teríamos que acrescentar a família Trump, os filhos e o genro. Resumindo e concluindo: é uma pena os portugueses não conhecerem gente como Stephen Miller, um dos principais conselheiros de Trump, solitário porque os adultos de serviço foram saindo um a um, porque, em meia dúzia de minutos, percebiam o que eu estou a dizer. Como é possível escrever tudo o que escrevi sem qualquer risco de contestação, sem qualquer possibilidade de alguém me acusar de calúnia? Pura e simplesmente porque é tudo pura verdade e não há sequer muita controvérsia sobre estas acusações e descrições. Como é que fazendo tudo isto o homem pode continuar a ser Presidente dos EUA? Como é que Trump é capaz de ter feito tanta coisa negativa, qual super-homem do Mal? A resposta é simples: é Presidente dos EUA, o homem mais poderoso do planeta, e não responde a nada a não ser ao seu próprio narcisismo e aos mecanismos do narcisismo, sondagens, audiências, aos bajuladores e sicofantas, e está cada vez mais preso no casulo do seu Ego doentio. Para se perceber Trump é obrigatório ler os seus tweets, com as suas obsessões à flor da pele, os seus erros de ortografia, as suas frases incompreensíveis, as suas calúnias e insultos, a chantagem directa a pessoas, instituições e países, o estilo autocrata e vaidoso – tudo o que ele faz é o melhor do mundo –, a ignorância, a incompetência e a profunda e explicita violência do homem. Em Portugal podia ser ditador de um pequeno café ou dirigente desportivo, para já. Mas no Brasil já poderia ser Presidente. O “para já” não me conforta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Eu passei o ano entre a explicação racional, a explicação do que ele faz e do seu sucesso e insucesso, e a tentação do irracional, Trump não é bom da cabeça. Cada vez mais penso que são as duas coisas. O que é mais grave é que toda a gente nos EUA que o conhece e com ele contacta sabe que é assim. Suspeito aliás que mesmo na sua base mais fiel, há muita gente que sabe que ele não regula bem. Claro que ele representa muitos interesses económicos, financeiros, americanos e internacionais, como nos lembram os marxistas, mas não é só isso. Há um factor cultural que está para além disso, que é americano e mundial e que homens como Steve Bannon tentam transformar numa nova internacional, Trump mostrou a força da negatividade, um dos mecanismos base do populismo moderno. Conseguiu uma coisa que até agora lhe tem garantido imunidade, mesmo para os actos mais graves quotidianos: conseguiu ser o azorrague dos inimigos de muita gente, a emanação da vontade de vingança e ódio, o cavaleiro andante de muito ressentimento. E nos dias de hoje isso é muito poderoso. Trump foi a todas as cloacas da vida que se manifestam nas redes sociais e fê-las correr a céu aberto e inundar mesmo as terras que eram sadias e limpas. Ele é o primeiro político típico do século XXI. Já o escrevi e repito-o: Trump não vai abandonar o poder a bem mesmo que perca as eleições. Ele encontrará uma qualquer teoria da conspiração porque é incapaz de admitir sequer que ele, o “génio estável”, possa perder uma eleição. E nas chamas tribais que ele incendeia todos os dias isso é um risco de guerra civil. Não como as do passado, mas as modernas, as que vão das igrejas evangélicas aos hackers de Moscovo, passando pelas redes sociais e pelo ataque à liberdade de imprensa e por juízes políticos. Não sei como vai ser, mas não vai ser bom e se a gente não usa todas as armas da democracia vai perder.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO ONU EUA
Os refugiados, a bomba-relógio e os medos católicos
As organizações católicas italianas que trabalham com refugiados criticam duramente a nova política do país: o Governo reclama a tradição cristã da Europa, mas as instituições dizem que a política “aldraba a realidade”. E têm receio dos efeitos negativos das orientações no acolhimento e integração dos refugiados — dos que ainda conseguem chegar. Muitos são bloqueados por uma Turquia “que não os protege” ou morrem no Mediterrâneo. (...)

Os refugiados, a bomba-relógio e os medos católicos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: As organizações católicas italianas que trabalham com refugiados criticam duramente a nova política do país: o Governo reclama a tradição cristã da Europa, mas as instituições dizem que a política “aldraba a realidade”. E têm receio dos efeitos negativos das orientações no acolhimento e integração dos refugiados — dos que ainda conseguem chegar. Muitos são bloqueados por uma Turquia “que não os protege” ou morrem no Mediterrâneo.
TEXTO: O camaronês Franck Tayodjo, 41 anos, está há 15 anos em Itália, mas tem na pele as marcas do que o levou a fugir do seu país, aos 26 anos: basta levantar ligeiramente as calças para poder ver as cicatrizes da violência e da tortura a que foi sujeito. Jornalista no Aurore Plus, ele e outros colegas eram perseguidos pelo Governo, por causa do que publicavam. “Os governos foram sempre duros com jornais mais críticos. ” Forma branda de explicar porque foi metido numa prisão subterrânea e torturado. Apesar de estar detido na cadeia Regina Coeli, no centro de Roma, Pedro Celeita, 66 anos, colombiano condenado por furto a dois anos de prisão, tem autorização do director para sair durante algumas horas do dia e ajudar outros imigrantes e refugiados no Angolo del Pellegrino: “Estou aprendendo a liberdade. Assim como me ajudaram a mim, estou agora a ajudar outros”, diz, a poucos dias de sair em liberdade e poder regressar à Colômbia, para tentar reconstruir a vida. Apenas terá de cumprir um pedido que lhe fez o Papa — já veremos o quê e quando. Às duas horas da tarde, a fila à porta do Centro Astalli, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS, da sigla inglesa), já tem umas 30 pessoas, aguardando a comida que será distribuída uma hora depois. Os rostos são sobretudo africanos, mas também asiáticos e do Médio Oriente. Para os voluntários e funcionários do JRS que ali trabalham, nem sempre a tarefa é fácil. “Quem é diferente, vem de outros países e traz consigo uma bagagem de tanto sofrimento, não é uma pessoa fácil de acompanhar”, dirá, uma hora depois, o padre Camillo Ripamonti, director do JRS-Itália, que se manifestará também preocupado com as decisões e atitudes do novo Governo do seu país e com as indecisões europeias. Odine Gideon, 21 anos, nigeriano, viu morrer gente no barco em que se meteu para chegar a Itália, depois de ter ido a pé do seu país até à Líbia. “Umas 14 pessoas perderam a vida” no barco, incluindo crianças. O infortúnio do pequeno Aylan Kurdi, que morreu em Setembro de 2015 numa praia da Grécia, repete-se incessantemente. Na mesma Casa Scalabrini, um antigo seminário transformado em residência de uns 30 refugiados, o missionário Emanuel Selleri, 35 anos, teme a bomba-relógio que as políticas europeias (ou a falta delas) estão a provocar, com o fechamento de fronteiras. Com 75 anos feitos em Julho, o padre Vittorio Trabi quer ser optimista, mas alerta: “Deixamos as pessoas entrar, mas depois não as podemos deixar dormir debaixo da ponte. ” Franciscano, capelão na cadeia Regina Coeli, o padre Vittorio criou o Angolo del Pellegrino e os Voluntari Regina Coeli, grupo de presos que ajudam quem precisa ainda mais. Na última Quinta-Feira Santa, foi este centro de detenção do bairro de Trastevere, no centro de Roma, que o papa Francisco escolheu para o gesto simbólico e litúrgico de lavar os pés a vários presos. Não é fácil o novo quadro político italiano para as organizações católicas que trabalham com imigrantes e refugiados. O Governo fecha portos aos navios e portas da burocracia, corta a torneira da ajuda financeira, cria um ambiente “hostil”, como dirá o padre Camillo. Ainda em Junho, no início da odisseia do navio Aquarius, que só esta semana conheceu um desfecho, o cardeal Ravasi foi criticado por ter recordado que Santo António também foi náufrago e defender o dever evangélico de acolher o estrangeiro. Os bispos assumem a voz da oposição às novas políticas, dizendo que se sentem responsáveis por quem foge das guerras, do deserto, da fome da tortura. A revista Famiglia Cristiana colocou uma fotografia do ministro do Interior, Matteo Salvini, na capa com o título “Vade retro”. O Papa é popular, mas as suas posições sobre este tema não colhem na opinião pública: em cada três italianos, um está do lado do Governo. . . A história de Franck Tayodjo é tragicamente vulgar: nas eleições de 2003 nos Camarões, o jornal Aurore Plus, onde trabalhava, pronunciou-se contra a fraude na contagem dos votos. A resposta do Presidente, Paul Byia, no poder há 36 anos (desde 1982), foi mandar vários militares intimidar jornalistas. Líderes de opinião, comentadores, políticos de oposição, responsáveis de um jornal católico onde Franck também colaborava, ninguém escapou à vigilância da polícia secreta. “Houve pessoas mortas, o Presidente decidiu fechar o jornal, nós procurávamos vender mesmo às escondidas, o Governo militarizou a cidade e mandou a polícia secreta ao jornal. ”E também a sua casa, onde os militares apareceram à noite: “A minha mulher disse que eu não estava e eles começaram a torturá-la. Ela gritou, eu apareci e eles levaram-me. Antes, com a polícia normal, eu escondia-me e o chefe de redacção resolvia o problema. Dessa vez, já não foi possível. . . ”Franck Tayodjo foi submetido a tortura numa prisão subterrânea. Uma das técnicas era fazer rolar os presos no chão e caminhar com as botas sobre eles. Intimidações, perseguições e tortura são práticas quotidianas, acusa. Enquanto fala, Tayodjo mexe timidamente as mãos, sentado na pequena Capela da Fuga para o Egipto, do Centro Astalli: dois bancos corridos, uma cruz etíope e um missal sobre o pequeno altar, que era a escrivaninha do padre Pedro Arrupe, antigo superior geral dos jesuítas, que criou o JRS há 35 anos, na altura da crise dos boat people vietnamitas. Nas paredes, um ícone pintado por Abbye Melaka, refugiado etíope que ali chegou na década de 1990 e hoje vive na Alemanha, evoca a cena da fuga que a tradição coloca no começo da vida de Jesus. Em frente, outro ícone representa a Última Ceia de Jesus com os seus discípulos, como que dizendo que naquela casa o pão é partilhado por quem precisa. Também Franck Tayodjo já teve de fugir, como no episódio que o nome da capela evoca. Em 2003, a região noroeste dos Camarões lutava pela secessão. “A polícia secreta queria que eu lhes desse documentos sobre isso e perguntavam quem estava por detrás de mim. ” Várias pessoas organizaram--se para conseguir a sua libertação. Um bispo católico conhecia-o e organizou a fuga, em direcção a Bamenda, na região secessionista, e depois para a Nigéria, com a qual o país estava em guerra. Mesmo assim, Franck não se sentia em segurança. Acabou por conseguir arranjar documentos falsos e meter-se no porão de um avião da Alitalia, sem poder mexer as pernas durante as oito horas de viagem. “Não sabia que era um avião italiano. ” Quando chegou a Roma, teve quem o informasse de que poderia pedir asilo político, algo que ele ignorava. No aeroporto de Fiumicino, deram-lhe o endereço do Centro Astalli, nas traseiras da igreja jesuíta do Gesù, no centro de Roma. Cinco dias depois da viagem, conseguiu finalmente tomar um duche, ser visto por um médico, contar a sua história, falar com um psicólogo e juristas e, depois, começar a aprender italiano. A resposta ao pedido de asilo, positiva, chegou ano e meio depois. A história de Franck não tem um final feliz: em Roma, faz por vezes alguns trabalhos manuais, sente-se um “eterno precário”. Vive numa casa nos arredores de Roma, com a mulher, que conseguiu juntar-se a ele mais tarde e trabalha como empregada doméstica, indo a casa duas vezes por semana. Mas sente-se permanentemente “em risco de perder a casa, de perder tudo”. E, enquanto refugiado político, não recebe nada do Estado, sublinha. Pelo meio, e ainda nos Camarões, perdera o filho de três anos, por falta de assistência médica. Ele e a mulher adoptaram uma criança, que tinha mais ou menos a idade do filho que morrera — entrou na universidade há um ano. Com tempo livre, Franck acompanha os voluntários do JRS, há cinco anos, em muitas escolas: conta a sua história e fala com os alunos acerca da situação dos refugiados. As idas às escolas fazem parte do projecto que o JRS desenvolve para alunos entre os 13 e os 19 anos, explica Francesca Cuomo, coordenadora do Finestre (palavra italiana para janelas), dedicado ao trabalho nas escolas, e do Incontro, que trabalha o diálogo inter-religioso. “Pretendemos que os jovens desenvolvam um pensamento crítico, baseado no conhecimento”, diz. Isso significa fazer com eles um percurso didáctico sobre migrações forçadas, o contexto geopolítico, a realidade dos países de origem dos refugiados, o direito de asilo, os direitos humanos. . . É nesse percurso que surge o encontro com um refugiado, que servirá de base a um conto que os estudantes escreverão para um concurso literário. “Não se trata de um relatório, mas de se meter na pele daquela pessoa, fugindo à guerra e enfrentando viagens cheias de riscos. E contar isso com um ponto de vista e sensações. ”Mais de 15 mil jovens participaram na última edição do concurso. “O objectivo não é convencer, mas permitir uma experiência e pôr os jovens ao corrente desta realidade, a partir do testemunho, que é o que a televisão não mostra. ” A memória histórica da Itália enquanto país de emigração também serve de recurso, recordando as histórias da emigração económica dos pais ou das emigrações dos avós após a destruição da II Guerra Mundial. Francesca Cuomo tem consciência de que este é um trabalho de paciência, que se confronta com uma opinião pública em que a recusa da diversidade tem crescido. “O que fazemos é plantar uma semente de mudança de mentalidade. Na aula, eles são mais do que 25, porque depois falam com os pais, os amigos. . . É só um instrumento, talvez pequeno, mas poderoso, para mudar as mentalidades. ”Donatella Parisi, responsável pela comunicação no JRS Itália, está consciente de que a tarefa é árdua e o ambiente cada vez mais difícil. “A política aldraba a realidade e a mensagem positiva fica mais frágil. ” O seu dedo aponta responsabilidades graves a muitos políticos e meios de comunicação: “O binómio imigração igual a terrorismo é cavalgado por políticos e pelos media. Tentamos apelar à responsabilidade e à deontologia dos jornalistas, contra as campanhas de ódio que já estão muito estudadas. ”Nota-se tristeza na voz. “Há uma estratégia política muito precisa num momento muito delicado”, diz. Por isso, os 63 mortos de Junho, num novo naufrágio, ou o mês e meio de navegação do Aquarius à espera de autorização para atracar num porto europeu já quase não são notícia, admite. É o “racismo e xenofobia” a crescer, diz. O padre franciscano Vittorio Trani, que reuniu os voluntários da prisão Regina Coeli no Angolo del Pellegrino, para ajudar imigrantes, refugiados, pobres e sem-abrigo, não dramatiza as palavras, mas olha a nova realidade como “muito difícil”. Os media também não ajudam, com a mensagem de que entre os refugiados podem vir terroristas. Há muitos elementos de confusão, diz, e o panorama “não permite pensar o fenómeno” na sua globalidade: pouca clareza no sistema de acolhimento, a “voz comum”, que não corresponde à realidade, de que os refugiados vêm roubar o trabalho. . . “A propaganda não se baseia na realidade”, sublinha Donatella Parisi. Há cada vez menos refugiados a chegar, depois do acordo que a União Europeia fez com a Turquia: entre Janeiro e Junho deste ano entraram em Itália apenas 18 mil pessoas, num país de 65 milhões, observa. “Pagamos à Turquia, que não protege os refugiados. ”Os meios de comunicação falam de uma emergência que afinal não existe, os políticos não resolvem os problemas e apanham a onda, como tem feito o novo ministro Salvini. “Ele já criticara, enquanto deputado europeu, o acordo de Dublin”, que atribui ao país de acolhimento a responsabilidade pela integração. Rejeita-se pois a ideia de que Grécia, Itália e Espanha são os que têm a factura mais alta. No Conselho Europeu de Junho, o problema foi mais uma vez adiado, critica Donatella: “Foi um grande falhanço, nem sequer se previu a reforma do tratado de Dublin. ”O padre Vittorio insiste em que não se pode apenas fazer entrar as pessoas. É preciso “estar na primeira fila para ajudar de modo completo”, ou seja, “acolher de forma a dar uma vida digna às pessoas, acolher com inteligência, ter a coragem de dizer, como o Papa, que a pessoa é uma pessoa”. Na portaria do Centro Astalli (o nome vem da rua onde se situa), vê-se uma fotografia do Papa quando visitou a instituição, há cinco anos. Logo a seguir, um gabinete minúsculo: duas secretárias, um relógio de parede, móveis de arquivo. Três voluntários fazem a primeira triagem de quem chega, respondem a pedidos de informação, entregam correspondência — quem não tem morada dá a direcção do centro — e impõem a ordem quando necessário: por exemplo, quando um homem e uma mulher se envolvem numa discussão acesa. Ela traz uma mala, será a “bagagem de sofrimento” de que falará o padre Camillo?Foi na cave do edifício que tudo começou, há mais de 35 anos: o padre Pedro Arrupe, que estava em Hiroxima quando a bomba nuclear foi lançada, viu as imagens dos boat people do Vietname e quis ajudar os refugiados. Além do apoio nos países asiáticos atingidos pela crise, grupos de voluntários organizaram-se em Roma para distribuir comida, organizar serviços de ambulatório, promover aulas de italiano. . . Hoje, é aqui que se concentram os serviços de distribuição de comida, duches, gabinetes de apoio médico e jurídico, serviços de apoio para a segurança social ou a vítimas de tortura. . . No último ano, mais de 14 mil pessoas foram aqui atendidas, só em Roma, mas o número chegou a cerca de 30 mil nas cinco estruturas do Centro Astalli/JRS em Itália. Uma realidade só possível com os 50 funcionários e 450 voluntários que ali trabalham. Um desses voluntários é Renzo Giannotti, 73 anos, farmacêutico aposentado que há dez anos faz o serviço ambulatório, complementando os dois médicos que dão consultas todas as tardes. É ele que guarda as fichas clínicas dos refugiados que por lá passam e que distribui os medicamentos (doados por outros amigos farmacêuticos ou alguns laboratórios) mais necessários para patologias menos graves — gripes, constipações, dores, problemas de digestão — ou para tratar alguns problemas crónicos. No Verão, 15 a 20 pessoas recorrem diariamente ao serviço. A maior parte são homens jovens, a média etária é de 25 anos. Os casos mais graves são enviados para especialistas amigos ou para as urgências hospitalares, se há necessidade de intervenção imediata. Oitenta por cento dos que procuram os diferentes serviços do Centro Astalli são muçulmanos — por isso, não se distribui álcool nas refeições ali servidas. “Aqui verifica-se um diálogo de vida. Quando o Papa veio, fez-se uma festa e quase todos eram muçulmanos”, conta Donatella Parisi. A maior parte dos que chegam são homens, mas muitos sírios vêm em família e, do Congo, há muitas mulheres que trabalham. Em 2015, o papa Francisco apelou a que instituições católicas convertessem as casas que estivessem vazias em centros de acolhimento de refugiados. Até agora, cerca de oito mil pessoas foram acolhidas nas 35 instituições que responderam imediatamente e noutras que o fizeram depois. Os Missionários Scalabrinianos — o nome vem do fundador, o bispo Giovanni Battista Scalabrini que, em 1887, fundou a congregação para trabalhar precisamente com os imigrantes pobres — fizeram-no, transformando o antigo seminário, vazio, na Casa Scalabrini. Residem ali 32 refugiados, a maior parte de origem africana — por lá já passaram mais de 120, nos últimos dois anos. Significativamente, além da capela que já existia na casa, criou-se um espaço para a oração muçulmana. “Não podíamos fazer mais nada do que abrir as portas e pensar em algo que fosse bom para as pessoas”, diz Emanuel Selleri, missionário leigo, que esteve antes na América do Sul e agora é um dos responsáveis da casa. “Eles vieram primeiro pelo deserto, depois pelo mar. Os que conseguem chegar vêm muito traumatizados e com medo de não serem aceites. ”Por isso, ali, em cerca de seis meses, sempre em comunidade, formam-se os refugiados para os munir de possibilidades de trabalho — língua italiana, carta de condução, noções básicas de economia, direitos e deveres de cidadão — e forma-se a população do bairro social em volta para acolher a diversidade. Uma rádio privada serve para os refugiados expressarem mais intimamente a sua história, os seus anseios, num momento “íntimo, quase terapêutico”. O padre Gabriele Beltrami, 47 anos, responsável pela comunidade, diz que há refugiados que querem regressar ao país de origem. Não é o que pensa o nigeriano Odine Gideon, que prefere ficar na Europa: no seu país, “não havia esperança, nada. . . ” Por causa destas situações, Emanuel acrescenta: “Fechar as fronteiras não é solução, este é mais um drama que esta política europeia e italiana está a colocar no nosso coração: fecham os portos, mas os refugiados chegam por outro lado. ” E o desabafo: “Como italiano, não posso mais com isto. . . ”O Centro Astalli também tem quatro casas para acolhimento e residência de refugiados. Num deles, o da via San Saba, residem 20 homens, actualmente, explica Giuseppe Coletta. Procura-se criar autonomia, neste caso através de um projecto experimental de trabalho em serigrafia. “Permite estabelecer relação entre pessoas que normalmente vivem sozinhas”, explica Donatella. Não tem havido só boas notícias, mesmo nestas instituições: houve paróquias onde várias pessoas abandonaram as missas, quando os párocos anunciaram o acolhimento de refugiados em instalações paroquiais. No início de Agosto, um gambiano acolhido na paróquia de Vicofaro, na Toscana, foi alvejado a tiro quando saiu à rua. Seria necessário alargar a rede de acolhimento e acção, diz Donatella, com católicos, outros cristãos, sindicatos e diferentes organizações. No Angolo del Pellegrino, criado há seis anos pelo padre Vittorio, também se faz a distribuição de comida e de roupa, há lavandaria, apoio médico e farmacêutico, apoio jurídico e para a burocracia do Estado. Não se gasta dinheiro, explica o capelão da prisão Regina Coeli, pois tudo é oferecido e recolhido por uma rede de voluntários. À hora de jantar — pão, bebida, arroz e frango para 30 pessoas —, vários carregam a bateria do telemóvel, objecto que permite a ligação ao mundo e o acesso a informação. Diariamente, há pequeno-almoço às 8h, pizza às 11h e uma ceia às 19h. Vinte pessoas podem dormir nos anexos da Igreja de San Giacomo. Ricardo, um romano de 50 anos (um dos poucos europeus), sem-abrigo, tem falta de trabalho e problemas cardíacos a mais. “Ao menos tenho comida. Caso contrário, ia para supermercados pedir esmola. ” Simon, 53 anos, veio do Líbano, ficou sem nada há um ano: separou-se da mulher, teve de ser operado, perdeu o trabalho. Hoje dorme na rua. Pedro Celeita guarda da visita do Papa à cadeia onde tem estado a recordação do momento em que Francisco lhe pediu: “Quando saíres em liberdade, toma um café e reza por mim. ”São amargos alguns cafés que Franck ainda toma. Há pouco tempo, num autocarro, uma mulher virou-se para ele a dizer que por sua causa é que o transporte estava cheio. “Em vez de pedirmos todos mais autocarros, sou eu o culpado por o autocarro ir cheio. Saí na paragem seguinte. Ou, se dou o lugar a alguém, ainda me dizem que a gentileza era ir para o meu país. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O machado que lhe fazem sentir em cima da cabeça não lhe corta a raiz do pensamento: “Vim para um continente democrático, supostamente civilizado, que deu muita coisa a África. Mas que descarrega sobre os refugiados e os imigrantes a ideia de que a crise é culpa nossa. ” E acrescenta: “As pessoas são mal informadas por muitos políticos, pelos meios de comunicação. Antes, os maus eram os italianos que emigravam ou os do Sul de Itália que vinham para o Norte. Hoje, somos nós. Raramente somos chamados para falar. . . ”A tortura a que Franck foi sujeito cicatrizou nas pernas. Continua, no coração, gravada a sangue.
REFERÊNCIAS: