EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA. (...)

EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.8
DATA: 2010-11-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA.
TEXTO: Tudo começou em 2005, quando o governador da Califórnia e antiga estrela de filmes de acção violentos Arnold Schwarzenegger fez aprovar uma lei estadual que proibia a venda de videojogos violentos a menores. Em teoria, a partir dessa data, qualquer jovem com menos de 18 anos não poderia comprar um jogo que estivesse classificado como violento sem o consentimento dos pais. Quem fosse apanhado a vender material proibido a menores pagaria multas de mil dólares. Nesta lei ficava definido que “videojogos violentos” são todos aqueles que incluem “matar, desfigurar, mutilar ou atacar sexualmente uma imagem de um ser humano” de forma “abertamente ofensiva” e que possam atiçar interesses “desviantes ou mórbidos” e que careçam de “valor literário, artístico, político ou científico”. Acontece que esta lei estadual da Califórnia foi imediatamente criticada pela Entertainment Merchants Association que levou a questão até à Justiça tendo conseguido que todos os tribunais até agora (antes do Supremo) dessem razão aos seus argumentos, incluindo o de que a lei californiana é ambígua e que a noção de violência é muito fluida. Porém, o argumento mais importante invocado por esta associação é que esta lei estaria a violar a Primeira Emenda (First Amendment) à Constituição dos Estados Unidos. A Primeira Emenda proíbe qualquer legislação que, entre outras coisas, infrinja a liberdade de expressão, um valor quase sagrado nos Estados Unidos da América. Porém, o caso continuou na Justiça e cabe agora ao Supremo Tribunal ouvir ambas as partes e decidir se os videojogos violentos poderão ou não ficar de fora da cobertura dada pela Primeira Emenda. Ontem, na primeira sessão que reuniu os nove juízes do Supremo Tribunal, debateram-se algumas questões importantes, nomeadamente se a lei californiana faz uma distinção séria entre os videojogos tendo por base o grau de violência“O que é um videojogo violento desviante?”, questionou o juiz Antonin Scalia, aquele que se mostrou mais contra a lei californiana, citado pelo “The New York Times”. “Por oposição a quê? A um videojogo violento ‘normal’? Algumas histórias dos irmãos Grimm também são violentas. Também as vão banir?”, questionou o juiz. Já o juiz Stephen G. Breyer tomou o partido contrário – indica ainda o NYT –, argumentando que o senso comum deveria dar ao Governo a capacidade de ajudar os pais a protegerem as crianças de jogos que incluam imagens “gratuitas, dolorosas e agonizantes” de “violência e tortura sobre crianças e mulheres”. A maioria dos juízes, porém, parece ter concordado – ainda segundo o jornal nova-iorquino – que uma decisão a favor da lei californiana implicaria alterações à Primeira Emenda e que, basicamente, o supremo a irá descartar. Em Abril último, no caso Estados Unidos da América v. Stevens, o tribunal descartou uma lei federal que transformaria em crime a venda de vídeos de lutas de cães ou imagens semelhantes de crueldade para com os animais por oito votos contra apenas um. O tribunal alegou não estar preparado para criar uma nova categoria de expressão fora daquilo que está estipulado na Primeira Emenda. Os videojogos estão a tornar-se cada vez mais violentos. Alguns analistas consideram que isto tem a ver com a subida da idade média do comprador de videojogos, que actualmente se situa nos 40 anos. Ou seja, a indústria estará a adaptar-se aos seus consumidores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei violência tribunal mulheres cães
Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho. (...)

Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2010-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho.
TEXTO: Uma artista quis fazer pássaros de papel de jornal porque diz que as vozes do povo não são ouvidas nos media do seu país. Uma banda de raparigas chamada "Tiger Girls" canta "Pára de falar e dança" e "Usa a anca e não a boca" para denunciar a falta de liberdade de expressão. Um rapper faz rimas como "vou pôr a Birmânia no mapa com uma miúda no meu colo". Quem tem menos de 38 anos, nunca votou em eleições legislativas. Hoje poderá fazê-lo. E se a certeza antecipada dos resultados pode gerar alguma apatia, muitos jovens que têm tentado lutar por mais abertura encontram aqui, apesar de tudo, um momento para se falar de política. As palavras são de um dos elementos da "Tiger Girls", Htike Htike, também conhecida como "Electro": "Ainda estamos à procura do nosso caminho. . . Alguns fãs não percebem a estrada que tomámos", disse à Reuters. Outros sabem que ela traz riscos. Não é contestação aberta, pura e dura. Mas a mensagem está lá para quem estiver atento, mais ou menos escondida, já que é sempre preciso contar com o comité de censura. Por exemplo, a canção "Água, Electricidade, Por Favor Voltem", do artista de hip hop Thxa Soe, foi proibida por expor as falhas do país, onde um terço da população vive abaixo do limiar da pobreza. A revista "Time" escrevia recentemente que há muitos jovens que aprenderam a respeitar a autoridade ao mesmo tempo que a subvertem. Que estão a encontrar novas formas para se exprimirem e, pelo caminho, de alterar a sociedade birmanesa. Não é de mudança que se fala quando se fala das eleições de hoje. A junta militar - que se manteve no poder mesmo depois da vitória esmagadora da oposição liderada por Aung San Suu Kyi há 20 anos - não dá sinais de brechas. O general Than Swe, de 77 anos, tem mantido o secretismo sobre o seu próprio futuro depois da eleição, que publicitou como uma transição democrática para um regime civil. As eleições vão escolher os representantes das duas câmaras do parlamento e de 14 assembleias regionais. Os deputados elegerão dois vice-presidentes e o Presidente, posto que foi criado com a Constituição de 2008. E este escolherá ministros e o procurador-geral, sem que o Parlamento o possa refutar, a não ser que escapem aos "critérios de qualificação". Os planos para o futuro do generalíssimo têm ficado em segredo, mas especula-se bastante que este "Governo civil" será liderado por ele. "Não acho que ele vá partir", comentou à AFP Aung Zaw, director da revista "Irrawaddy", publicada na Tailândia por birmaneses no exílio. "Vai ficar no poder tanto quanto possível", e vai entregar as chaves do Exército "a alguém da sua confiança, bem mais fraco que ele". A agência reforça que estas eleições, que foram descritas como uma farsa por vários países ocidentais, tentam imprimir um "verniz civil" à junta. Mas "o país dirige-se para a perpetuação de um regime de burocratas, economistas, ideólogos e políticos saídos do poder militar, ou fortemente influenciados e dependentes dele", afirma o investigador Renaud Egreteau. O Exército nunca disse que pretende retirar-se da política. E um quarto dos assentos do Parlamento fica sob a sua escolha directa. O resto será ocupado por militares na reforma ou por partidos pró-junta, como o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (PSDU, que diz ter 18 milhões de membros, quando há 28 registados para votar) e o Partido da Unidade Nacional (PUN). Ambos são formados principalmente por ex-membros do Exército e da elite económica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave pobreza
Cavaco oferece decantador a Obama, presidente dos EUA retribui com cópia de tratado de 1840
O Presidente da República, Cavaco Silva, vai oferecer ao chefe de Estado norte-americano um decantador em cristal desenhado por Siza Vieira, enquanto Barack Obama irá dar ao seu homólogo uma cópia do primeiro tratado firmado entre Portugal e os EUA, em 1840. (...)

Cavaco oferece decantador a Obama, presidente dos EUA retribui com cópia de tratado de 1840
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-11-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da República, Cavaco Silva, vai oferecer ao chefe de Estado norte-americano um decantador em cristal desenhado por Siza Vieira, enquanto Barack Obama irá dar ao seu homólogo uma cópia do primeiro tratado firmado entre Portugal e os EUA, em 1840.
TEXTO: Na habitual troca de presentes que irá ocorrer por ocasião da visita de trabalho que o Presidente norte-americano realiza na sexta-feira a Lisboa, antes do início da Cimeira da NATO, o chefe de Estado português irá dar a Barack Obama um decantador em cristal desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira. Juntamente com o decantador serão também oferecidos ao Presidente norte-americano cálices oficiais de Vinho do Porto igualmente concebidos por Siza Vieira, juntamente com uma garrafa de Porto Vintage “Quinta do Noval” de 2008, ano em que Obama foi eleito. Barack Obama receberá ainda uma pequena escultura em bronze representando o cão de água português – um cão desta raça foi oferecido às filhas Malia e Sasha - , da autoria do escultor Luís Valadares, e que integra uma colecção lançada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Por seu lado, Obama irá oferecer ao seu homólogo português uma cópia emoldurada do primeiro tratado firmado entre os Estados Unidos e Portugal, o Tratado de Comércio e Navegação, assinado em 26 de Agosto de 1840. O acordo, que estabelecia os termos em que decorriam as trocas comerciais, baseado nos princípios da liberdade de comércio e de reciprocidade, bem como da livre navegação entre os dois países, foi negociado por parte de Portugal e em nome da Rainha D. Maria II, pelo diplomata, escritor e dramaturgo Almeida Garrett. O tratado, cujo original está depositado nos Arquivos Nacionais dos EUA, foi assinado em Washington, do lado norte-americano, pelo Secretário de Estado Daniel Webster, e, do lado português, pelo Embaixador de Portugal em Washington, Conselheiro Joaquim César de Figanière e Morão. A troca de presentes entre Cavaco Silva e Barack Obama não será feita presencialmente entre os dois presidentes, durante o seu encontro no Palácio de Belém, ao final da manhã de sexta-feira, mas serão entregues por via protocolar.
REFERÊNCIAS:
O bairro mais trendy de Portugal faz anos hoje
Faz hoje 497 anos que nasceu aquilo que hoje é o Bairro Alto, em Lisboa. A associação de comerciantes propôs assinalar a data e organizou, com as juntas de freguesia e a câmara municipal, um inédito programa de aniversário. (...)

O bairro mais trendy de Portugal faz anos hoje
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.55
DATA: 2010-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Faz hoje 497 anos que nasceu aquilo que hoje é o Bairro Alto, em Lisboa. A associação de comerciantes propôs assinalar a data e organizou, com as juntas de freguesia e a câmara municipal, um inédito programa de aniversário.
TEXTO: Há razões para isso? O Bairro Alto é um somatório de "acontecimentos curiosos e histórias interessantes, que merecem ser lembrados", diz José Sarmento de Matos, investigador e divulgador da história de Lisboa. "É evidente que é um bairro com problemas, como em todo o lado", acrescenta, mas esses devem ser a preocupação para o futuro, defende a presidente da Junta da Encarnação, Alexandra Figueira, eleita pelo PS. A autarca tem os problemas do Bairro Alto na ponta da língua, mas refere que a iniciativa de hoje destina-se a "salientar o aspecto cultural do Bairro Alto, que não se resume aos bares, às festas, à moda". E que problemas são esses? Tem casas vazias e a necessitar de obras, tem ruas barulhentas à noite e sujas de manhã, tem "dificuldade em fixar uma população sempre flutuante", salienta Alexandra Figueira. Lotes pagos com galinhasNisso, o actual Bairro Alto tem algo em comum com a Vila Nova de Andrade, o bairro que ali começou a ser concebido a 15 de Dezembro de 1513, dia em que uma família rica de origem galega, os Andrade, obtiveram autorização para um loteamento privado junto à muralha de Lisboa. Seria o primeiro bairro feito do lado de fora da muralha e rapidamente se tornou o primeiro "bairro integrado", assinala Sarmento de Matos, referindo-se à diversidade social que ali se fixou, num tempo em que Lisboa fervilhava. A aristocracia, o clero, mas também o povo, com os seus marinheiros e outros trabalhadores, aproveitaram a oferta de casas, que era escassa numa cidade cuja população duplicaria num ápice. um lote de terreno na primeira rua aberta no bairro, a Rua do Norte, é vendido por "800 réis mais quatro ga- linhas", garante Dejanirah Couto, no livro História de Lisboa (Gótica, 2008, 11. ª edição)Quase cinco séculos depois, o que lá se vê é o bairro mais trendy (na moda) de Portugal. A ser assim, a fasquia está elevada. E sabe-se que o Bairro Alto gosta é de altos e baixos, que foi por onde andou de facto, muitos anos, com o rótulo de zona "de má fama", conta Sarmento de Matos. "Nem toda a gente ia lá. Havia prostituição, era uma zona insegura", acrescenta. Hoje, o Bairro Alto "não é inseguro, é desordenado", garante Alexandra Figueira. "Precisa de cumprir ser orde- nado, de cumprir as regras de trânsito, de licenciamento comercial e residencial e algum acompanhamento policial. Mas precisa sobretudo de ter ocupantes sensibilizados para a cultura, e por isso aderimos de imediato a este programa de aniversário", acrescenta a autarca do PS, que admite, porém, haver feridas que precisam de ser tratadas. "Se nada for feito no combate aos problemas, voltaremos a ter um Bairro Alto com má fama", adverte. Defende que a sobrevivência passa por manter as casas de fado, os "bons restaurantes", as "lojas alternativas", as galerias, e arranjar mais moradores. Bom para fugir à pesteAs décadas de 1970 e 1980 foram tempos de reviravolta. Dois projectos de Manuel Reis, a abertura do Frágil e da loja da Atalaia foram decisivos para mudar o ambiente psicológico do Bairro Alto, salienta Sarmento de Matos. A imagem volta a ser positiva, como no início, quando a zona era desejada por ter "bom ar", o que ajudava os moradores a fugirem à peste. Noutros tempos doentios, os da censura do Estado Novo, tornou-se num bairro de jornais, que ali se instalaram em catadupa. Os jornais foram saindo ou morreram. O Bairro Alto sobrevive, nos dias bons em clima de festa.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Reportagem: "É um terror, nem sei dizer. Metade do morro desabou"
"... não tinha luz, não tinha água....""... a estrada sumiu..." ".... eles morreram..."Autocarro Rio de Janeiro-Teresópolis, ontem de manhã. Silêncio, e gente ao telefone, a saber da gente. Silêncio e uma mulher a soluçar. (...)

Reportagem: "É um terror, nem sei dizer. Metade do morro desabou"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.20
DATA: 2011-01-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: "... não tinha luz, não tinha água....""... a estrada sumiu..." ".... eles morreram..."Autocarro Rio de Janeiro-Teresópolis, ontem de manhã. Silêncio, e gente ao telefone, a saber da gente. Silêncio e uma mulher a soluçar.
TEXTO: Avançamos para norte e depois para nordeste. Teresópolis fica entre Petrópolis e Nova Friburgo, a meio da região serrana que de terça para quarta-feira foi devastada pelas chuvas. A grande subida começa uma hora depois da partida. É a formidável Serra dos Órgãos, com morros que metem medo, de tão altos e nus. Cá em baixo a vegetação é luxuriante. Hortênsias azuis vizinhas de bananeiras. Atlântico tropical. Mas que estamos bem na serra vê-se pelos anúncios de queijos. É paisagem de veraneio e férias. Muitos cariocas têm aqui casa, ou alugam pousadas. Há chalés, mansões, campos de cavalos. Mas também há encostas favelizadas, com barracos de tijolo. Ricos e pobres. O autocarro contorna as curvas devagar, o abismo cresce, primeiros sinais de encostas caídas, uma ambulância de resgate. Mais um inquietante horizonte de morros. "Grota do Inferno" anuncia uma placa. O céu está cai-não-cai, cinza, chumbo. Subimos e subimos. Aparece o pico conhecido como Dedo de Deus, uma rocha em forma de dedo gigante, célebre entre alpinistas. À esquerda uma cachoeira transbordante e o autocarro entra em Teresópolis. Nenhum vestígio de destruição na cidade. Mas vestígios da calamidade, sim: raparigas com faixas a pedir comida e roupa, engarrafamentos com carros que vieram trazer ajuda, jipes da Defesa Civil e carros de Bombeiros. Na prefeitura, Sílvia e Mara actualizam o número de vítimas só em Teresópolis: 158 mortos [que ao começo da noite já serão 208], 1300 desalojados, 1200 desabrigados. "Desalojados são os que ficaram sem casa, mas estão a ficar com parentes. Desabrigados são os que não tinham para onde ir. "Estão no polidesportivo Pedrão, a duas ruas daqui. Carros e carrinhas a descarregarem sacos e caixas. "Roupa! Roupa! Roupa!" Os sacos passam de mão em mão. Em horas, a sociedade civil carioca mobilizou-se. E passando a entrada é difícil não ter um choque. Porque lá dentro é um gigantesco acampamento, com velhos e crianças enrolados em mantas. Toda a pista está coberta por colchões, gente e trouxas enroladas. E as bancadas a toda a volta repletas de sacos. Por exemplo Robson, este mulatão de tronco nu, ao lado de uma menina. Está aqui com dez pessoas da família, e cinco são crianças. "A terra caiu e derrubou tudo, casa, carro, não sobrou nada", conta. Foi a meio da noite, de terça para quarta, quando uma tromba de água rebentou sobre os morros. "Eram três da manhã, estávamos em casa a dormir. Quando caiu a primeira terra, a gente conseguiu fugir. Escutámos na hora em que a água bateu. Começou a cair árvore, tudo começou a fazer barulho. "Mas Robson fala sereníssimo. "Não precisamos de nada. Tem água, tem comida, tem roupa. Está tudo bem. " Só falta a mãe. "Ficou isolada, num lugar onde agora ninguém entra nem sai, no bairro de Caleme. "Caleme é uma freguesia metida no mato, junto ao morro. Para lá chegar faz falta um táxi que não se incomode com a lama e sobretudo a ajuda preciosa de Jorge Maravilha, um camaraman da prefeitura que chama a toda a gente Maravilha e toma a peito a missão de fazer chegar o PÚBLICO lá ao fundo. O taxista avança entre encostas de barracos que dão lugar a sebes luxuosas, até que à nossa frente aparece um morro com uma grande lasca de terra arrancada. Uma das que desabou, engolindo casas, carros, postes e estradas. "Nossa Senhora, vai ter de desabitar tudo aquilo!", exclama Maravilha e, apontando as casas na encosta. "Vamos torcer para que não chova mais. " Mas já está a chover. "Ontem filmei cadáveres em cima de árvore como bola de Natal. " O taxista reforça: "Sou da terra e nunca vi nada assim. "A pé na enxurradaPassamos um clube de golfe e um clube hípico, contornando uma escavadora coberta de lama. Tufos de hortênsias, lá em cima helicópteros. Uma placa anunciando Condomínio Roseiral. Casas luxuosas. "Superluxuosas", emenda Maravilha. "Cinematográficas. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda medo
Reportagem: as águas de Janeiro levaram as Águas de Março
Caem pedras do céu, na subida para Petrópolis. Pedras de gelo, granizo, uma saraivada. Lá em baixo, para quem vem do Rio de Janeiro, o tempo parecia azul. Foi fechando à medida que o autocarro subiu a Serra Verde Imperial, assim chamada porque era o caminho para o retiro de D. Pedro II. O próprio nome da cidade vem do imperador: Petrópolis era a sua residência de Verão. (...)

Reportagem: as águas de Janeiro levaram as Águas de Março
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Caem pedras do céu, na subida para Petrópolis. Pedras de gelo, granizo, uma saraivada. Lá em baixo, para quem vem do Rio de Janeiro, o tempo parecia azul. Foi fechando à medida que o autocarro subiu a Serra Verde Imperial, assim chamada porque era o caminho para o retiro de D. Pedro II. O próprio nome da cidade vem do imperador: Petrópolis era a sua residência de Verão.
TEXTO: Sempre que a neblina levanta um pouco, aparece o abismo, cada vez mais alto. O motorista abranda, mal se vê o caminho, tanta é a chuva. Está quase tão escuro como ao anoitecer e as pedras continuam a fustigar o tecto do autocarro. Uma semana depois da catástrofe, a natureza pisca os olhos, e de novo tudo pode mudar a qualquer momento. Mas, no cimo, o céu desanuvia subitamente. Foi como sair de um túnel. O autocarro passa ao largo de Petrópolis e continua pela BR040, a estrada nacional. Ao quilómetro 50, aparece uma favela entalada entre o morro e o rio. Milagre é como a enxurrada não varreu casas como estas. O destino do autocarro é Três Rios. O PÚBLICO sai meia hora antes, junto à Lanchonete Nova Brasília, onde Vinicius de Moraes marcou encontro. Não há nisto nenhuma fabricação. A repórter ainda nem sabe que este Vinicius se chama Moraes, e que Tom Jobim quis conhecê-lo em criança por causa disso. Só sabe que a paisagem de São José do Vale do Rio Preto foi devastada, incluindo a casa onde Jobim compunha. Vinicius, que trabalha para a prefeitura vizinha, Areal, ofereceu-se para acompanhar o PÚBLICO lá. Chega com um carrinho da Secretaria de Educação, enlameado de levar ajuda aos desabrigados. Ao volante vem Sidney, um afectuoso negrão que parece andar pelos 20 mas já passou os 40, e é pai de cinco filhos. No banco de trás, há um saco com roupa de cama, e no porta-bagagens roupa de vestir e alimentos. Sidney precisava de levar tudo isto a uma fazenda de São José, e Vinicius pediu-lhe uma boleia. Vamos subir o Rio Negro, ver o quer aconteceu ao longo das margens, e depois tentar achar o sítio de Tom Jobim. E é agora que Vinicius, 32 anos, se revela Moraes, e conta: "O Tom Jobim soube que em Areal tinha um menino chamado Vinicius de Moraes e queria conhecer-me. O gerente do banco de São José era muito amigo da minha mãe e foi assim que ele ficou sabendo de mim. Mas o encontro nunca chegou a acontecer. "Jobim não chegou a Vinicius, mas Vinicius vai tentar chegar agora a Jobim. O rio varreuSão 35 quilómetros a partir daqui, subindo o Rio Preto, com a água sempre do nosso lado esquerdo. E o que se vê é destruição contínua: água cor-de-barro, árvores caídas, pontes que desapareceram, casas abaladas ou derrubadas completamente invadidas pela lama, carros atolados. Aqui não foram os morros a deslizar, sepultando casas e gente. Foi a subida do rio. Varreu as margens, deixando montanhas de lama. Até agora, foram encontrados seis corpos, pequeníssima parte do total na região serrana. Mas a devastação é assombrosa. Por toda a parte, há anúncios de donativos em igrejas e escolas. O trânsito é lento, debaixo de uma chuvinha. Lá na frente há um camião de água, a abastecer casa por casa. As canalizações ficaram rebentadas, e um dos problemas mais graves é a água potável. Casa a casa, sofás, colchões e bocados de móveis estão atulhados cá fora, cor-de-terra. A enxurrada revirou o interior, cuspiu para fora. Homens de tronco nu e galochas andam de enxada, cavando. Todas as mulheres parecem ter uma vassoura, um esfregão. Tarefa de Sísifo, porque a lama parece invencível. E depois há as pessoas que vagueiam, ou estão sentadas nos destroços. Uma semana depois da catástrofe, é como se tivesse sido esta noite. "Rapaz! Isso tudo eram casas aqui! Não tem nada!", exclama Sidney, apontando a margem onde só se vê terra com pedaços de entulho. À entrada, a cidade de São José parece uma daquelas vilas da Beira nos anos 70, mas depois de uma bomba de lama. Várias pontes destruídas dificultam a ligação entre as duas margens habitadas. "Aquela ponte era de ferro!", aponta Sidney. Há muita gente de máscara cirúrgica na cara. O cheiro é nauseabundo, mistura de esgoto com rações de animais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens educação ajuda negro criança mulheres alimentos
Metade das crianças portuguesas têm carência de iodo
A sabedoria popular aponta as idas à praia como uma solução mágica para não existirem carências de iodo, mas a realidade não é bem assim. Um estudo que será apresentado hoje no âmbito do Congresso Português de Endocrinologia mostra que há muito a fazer neste campo: quase metade das crianças portuguesas em idade escolar têm carência de iodo, sendo que 35,1 por cento têm um aporte de iodo ligeiramente insuficiente, 11,8 moderadamente insuficiente e 2,2 uma carência grave – valores que potenciam possíveis problemas na tiróide, que se podem traduzir, por exemplo, em défices cognitivos e de crescimento e, nos casos mais graves, em doenças como o bócio. (...)

Metade das crianças portuguesas têm carência de iodo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-01-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A sabedoria popular aponta as idas à praia como uma solução mágica para não existirem carências de iodo, mas a realidade não é bem assim. Um estudo que será apresentado hoje no âmbito do Congresso Português de Endocrinologia mostra que há muito a fazer neste campo: quase metade das crianças portuguesas em idade escolar têm carência de iodo, sendo que 35,1 por cento têm um aporte de iodo ligeiramente insuficiente, 11,8 moderadamente insuficiente e 2,2 uma carência grave – valores que potenciam possíveis problemas na tiróide, que se podem traduzir, por exemplo, em défices cognitivos e de crescimento e, nos casos mais graves, em doenças como o bócio.
TEXTO: O estudo Aporte do Iodo em Portugal, desenvolvido pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, com o apoio da farmacêutica Merck Serono, e a que o PÚBLICO teve acesso, partiu da avaliação de 3990 crianças entre os seis e os 12 anos de 78 escolas do continente e de 40 escolas da Madeira e detectou diferenças entre as várias regiões. Por exemplo, a carência na Madeira é muito superior à média nacional, situando-se nos 68 por cento. Um dado que surpreendeu os investigadores, já que nas zonas de mais fácil acesso a uma alimentação rica em peixe este problema não costuma aparecer, apesar de ser cada vez mais comum nos países europeus. Já no continente, Aveiro e Coimbra foram as zonas com mais problemas, com 70 por cento das crianças analisadas com carências deste micronutriente, seguidos por Bragança (60 por cento) e Porto (54, 5 por cento). Com menos problemas neste campo, destaca-se Leiria e Vila Real onde não foram detectados casos de carência e Portalegre (25 por cento) e Lisboa (26, 3). “Em Portugal não tínhamos dados actuais. Os únicos que existiam eram da década de 80 quando Castelo Branco lidava com bócio endémico e fez profilaxia para a doença”, esclareceu ao PÚBLICO Edward Limbert, coordenador do estudo. O especialista explicou, ainda, que este estudo segue-se a um que foi desenvolvido em grávidas e que encontrou os mesmos problemas, sendo que no período da gravidez e aleitamento e mesmo antes de a mulher engravidar é essencial “reforçar os stocks de iodo”, nomeadamente através de um suplemento como se faz com o ácido fólico, para evitar problemas graves no desenvolvimento do feto. Peixe, marisco e algasEdward Limbert lembrou que as doenças da tiróide como o hipotiroidismo estão directamente relacionadas com a falta de iodo e que, apesar de serem facilmente detectáveis através de uma análise de urina, são silenciosas. Segundo o especialista, o iodo é fundamental para a produção da hormona tiroideia e está presente nos alimentos que vêm do mar, como peixe, marisco ou algas. “O leite também tem algum teor de iodo, em virtude da alimentação das vacas e a verdade é que nas escolas onde era dado leite às crianças encontrámos valores mais positivos”, salientou Limbert. Sobre as idas à praia, precisou que “a absorção é demasiado baixa para ser suficiente” e sobre o peixe de viveiro recordou que “não serve”. No que diz respeito à solução para este problema, o médico assegurou que na maioria dos casos a carência pode ser revertida sem se recorrer a suplementos e que bastaria garantir que o sal vendido no supermercado ou utilizado nos restaurantes e cantinas fosse iodado, isto é, enriquecido com iodo. Desta forma, sem ser feito um consumo exagerado de sal conseguiríamos ir buscar este nutriente. Questionado sobre se a falta de iodo, ao fazer a tiróide funcionar de forma mais lenta, pode aumentar os casos de obesidade infantil, o investigador admite que são necessários mais estudos, mas sublinha que “o hipotiroidismo leva a resistências à insulina e a uma tendência para a obesidade”. Limbert adiantou, também, que a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo está a trabalhar com a Direcção-Geral da Saúde no sentido de se avançar para medidas como as tomadas em Itália, Dinamarca ou Espanha, onde as mulheres que queiram engravidar ou que estão grávidas tomam um suplemento de iodo, ao mesmo tempo que se procede à iodização do sal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo mulher consumo doença estudo mulheres alimentos infantil
Tudo o que precisa de saber acerca do casamento de William e Kate
O príncipe William, o segundo na linha de sucessão ao trono britânico, casa-se com Kate Middleton no próximo dia 29 de Abril. Eis aquilo que você precisa de saber acerca do enlace. (...)

Tudo o que precisa de saber acerca do casamento de William e Kate
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O príncipe William, o segundo na linha de sucessão ao trono britânico, casa-se com Kate Middleton no próximo dia 29 de Abril. Eis aquilo que você precisa de saber acerca do enlace.
TEXTO: Onde, quando e como?William e Kate casam-se na Abadia de Westminster, em Londres, às 11h00 (mesma hora em Portugal) do dia 29 de Abril de 2011. A Abadia de Westminster tem cerca de 700 anos e uma capacidade para 2200 pessoas. Tem sido palco de coroações desde 1066. Muitos casamentos reais decorreram nesta abadia, incluindo o da actual rainha Isabel II com o príncipe Filipe, em 1947, indica a CNN. A cerimónia deverá durar uma hora e será conduzida pelo Decano de Westminster. O casamento propriamente dito será celebrado pelo Arcebispo de Canterbury. O bispo de Londres e um amigo da família, Richard Chartres, encarregar-se-á do sermão. A noiva deslocar-se-á para a abadia dentro de um Rolls Royce da família real e não numa carruagem, como fez Diana de Gales há 30 anos. É possível que Kate saia para a igreja de um dos palácios reais londrinos ou de um exclusivo hotel da capital britânica. Por seu lado, o príncipe William sairá de Clarence House, a sua residência oficial. Estes detalhes estão, porém, ainda por confirmar. Os protagonistasAntes de mais os protagonistas serão os noivos, William e Kate, que se conheceram na Escócia, quando ambos frequentavam a Universidade de St. Andrews. Depois de namorarem durante muitos anos - com uma separação pelo meio - o príncipe pediu Kate em casamento em Outubro do ano passado, durante uma viagem de ambos pelo Quénia. Nessa ocasião William ofereceu a Kate um anel de diamante e safiras que tinha pertencido à sua falecida mãe. Kate é filha de Michael e Carole Middleton. Sobre o vestido de noiva, nenhuma novidades até ao momento. William escolheu como padrinho do enlace o seu irmão, o príncipe Harry, o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico. A irmã de Kate, Philippa (conhecida por Pippa), será a dama de honor. Haverá ainda quatro damas de honor mais novas e dois pajens. A cerimónia contará igualmente com dois coros, uma orquestra, uma fanfarra e trompetistas, revela ainda a CNN. ConvidadosPara a cerimónia foram convidadas 1900 pessoas, na sua grande maioria amigos e familiares dos noivos. Os restantes convidados serão chefes de Estado, membros do Exército, da Marinha e da Força Aérea e membros das casas reais europeias. A família real sueca já disse que estará presente e a família real japonesa, pelo contrário, já confirmou a sua ausência, face aos acontecimentos actuais no Japão. Estarão igualmente presentes na cerimónia cerca de 80 cidadãos comuns, oriundos de obras de caridade apoiadas pelo príncipe. O cortejo realDepois da cerimónia, os noivos - que entretanto já serão marido e mulher - irão fazer a viagem entre a abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham (onde a rainha oferece uma primeira recepção aos noivos) numa carruagem aberta que data de 1902 e que será puxada por cavalos. Nessa altura o casal poderá cumprimentar todos os cidadãos que se espera que venham a encher as ruas de Londres. O cortejo de cinco carruagens irá passar por alguns dos mais emblemáticos ex libris londrinos. Se estiver a chover, os recém-casados viajarão antes numa carruagem envidraçada e com tejadilho. As recepçõesA rainha oferece uma primeira recepção dos noivos no Palácio de Buckingham, para a qual estão convidadas apenas 600 das 1900 pessoas que estarão na cerimónia religiosa. Faz parte da tradição que os recém-casados venham à varanda do palácio e acenem à multidão. Um beijo entre os dois poderá igualmente fazer parte dos planos. Uma segunda recepção - um jantar - será oferecida pelo pai de William, o príncipe Carlos, igualmente em Buckingham. Estarão presentes neste jantar apenas os familiares e os amigos mais chegados (cerca de 300 pessoas). Presentes
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha mulher rainha casamento
Elizabeth Taylor: o perfil de uma estrela
Era uma das mais icónicas estrelas de Hollywood. Ganhou dois Óscares. Casou-se oito vezes, duas delas com Richard Burton, com quem protagonizou um dos mais arrebatados romances de Hollywood. Era uma mulher de excessos. Era apaixonada pelo seu trabalho. Pelos homens. Pela vida. Foi dela que se despediu hoje, aos 79 anos de idade. (...)

Elizabeth Taylor: o perfil de uma estrela
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Era uma das mais icónicas estrelas de Hollywood. Ganhou dois Óscares. Casou-se oito vezes, duas delas com Richard Burton, com quem protagonizou um dos mais arrebatados romances de Hollywood. Era uma mulher de excessos. Era apaixonada pelo seu trabalho. Pelos homens. Pela vida. Foi dela que se despediu hoje, aos 79 anos de idade.
TEXTO: No auge da sua carreira, Liz era uma das mais bonitas mulheres do mundo. E uma das melhores actrizes de Hollywood. As décadas de 1950 e 1960 foram os seus anos de glória. Recebeu quatro nomeações para Óscares entre 1958 e 1961. Apenas ganhou dois, pelos papéis nos filmes "Butterfield 8" (1961) e "Quem Tem Medo de Virginia Woolf" (1967). Mas a carreira de Elizabeth Taylor começou muito antes. Liz nasceu em Londres no dia 27 de Fevereiro de 1932, filha de uma ex-actriz e de um negociante, ambos americanos. Os seus pais mudaram-se para a Califórnia quando tinha sete anos e pouco depois o seu talento ficou a descoberto. O mundo tomou conhecimento pela primeira vez dos seus olhos azul-violeta no seu filme de estreia, There's One Born Every Minute, tinha Liz dez anos. Nessa altura ainda não tinha o cabelo impecavelmente armado que a viria a caracterizar mais tarde. Nestes tempos usava o cabelo comprido e solto. Ainda com este look juvenil entrou no clássico Lassie Come Home, embora tenha começado a conquistar a sua legião de fãs contracenando não com cães, mas com cavalos, no filme National Velvet. A partir deste momento Elizabeth Taylor transformou-se em mais uma child star da fábrica Metro Goldwyn Mayer (MGM), a par de nomes como Mickey Rooney e Judy Garland. Liz guarda memórias agridoces desses tempos: “Tinha dez anos quando cheguei à MGM e passei os 18 anos seguintes atrás das paredes daqueles estúdios. Era uma rapariguinha a crescer num sítio estranho; é-me difícil separar aquilo que era real daquilo que não era”, disse a actriz em 1974, como recorda a NPR. As décadas seguintes foram de exaltação de todo o seu talento. A sua interpretação em Cleópatra colou-se-lhe à pele. Como se a rainha egípcia e a divindade de Hollywood se tivessem transformado numa mesma substância. Durante estes anos, Taylor alcançou o estatuto de diva. A sua vida era de excessos. Sobretudo amorosos e financeiros. Tentou o suicídio quando o seu amado Richard Burton lhe disse que nunca poderia abandonar a mulher. Quando finalmente o teve para si - transformando-o no seu quarto marido - começaram a viver uma vida de luxos. A expressão spending money like the Burtons começou a fazer parte do léxico americano. Foram o casal-sensação de Hollywood durante alguns anos. A relação era arrebatada, poética, perdulária. Findo o Liz&Dick, Taylor partiu para outra. A actriz casou-se ainda mais duas vezes. As suas tragédias pessoais e os seus múltiplos casamentos fizeram muitas capas de revista. Liz continuou, indiferente, como só conseguem ser indiferentes as estrelas que brilharam numa altura em que o star system de Hollywood era ainda algo de sagrado. “Elizabeth Taylor foi lançada através dos filmes, mas tornou-se maior do que os filmes”, disse à NPR Peter Rainer, ex-presidente da National Society of Film Critics. Nos últimos anos, Elizabeth Taylor era uma imagem deformada do seu auge. Engordou muito, tinha uma saúde débil, deslocava-se em cadeira de rodas. . . Na década de 1990, Liz foi submetida a duas operações de substituição de anca e quase morreu de pneumonia. Em 1997 foi igualmente submetida a uma complicada remoção de um tumor cerebral. Nessa altura não hesitou em aparecer ao mundo de cabeça rapada. O objectivo - reconheceu então - era dar força a quem, como ela, estivesse a passar por problemas semelhantes. É igualmente conhecida a sua luta contra o vírus da sida. Em 1991 fundou a American Foundation for AIDS Research (AmFar), após a morte do seu colega actor e grande amigo Rock Hudson, em 1985. Nunca deixou de angariar fundos para esta causa, mesmo quando já estava muito debilitada fisicamente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha suicídio mulher rainha medo mulheres cães
Os trinta anos que separam Carlos e Diana de William e Kate
Passaram praticamente 30 anos. O mundo está muito diferente. Em 1981 os telemóveis e a Internet ainda não eram coisas comuns. O Muro de Berlim ainda estava de pé. Duraria mais oito anos. O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, ainda nem tinha nascido. Se o casamento de Carlos e Diana foi a boda da era da televisão a cores, o casamento de William e Kate é a boda da era da Internet e das redes sociais. Mas ambos são o “casamento do século”. (...)

Os trinta anos que separam Carlos e Diana de William e Kate
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passaram praticamente 30 anos. O mundo está muito diferente. Em 1981 os telemóveis e a Internet ainda não eram coisas comuns. O Muro de Berlim ainda estava de pé. Duraria mais oito anos. O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, ainda nem tinha nascido. Se o casamento de Carlos e Diana foi a boda da era da televisão a cores, o casamento de William e Kate é a boda da era da Internet e das redes sociais. Mas ambos são o “casamento do século”.
TEXTO: As diferenças de base entre os dois casamentos prendem-se desde logo com o avançar dos tempos. Se o primeiro enlace foi transmitido para uma audiência de milhões, esta união vai ser transmitida via Internet, televisão e rádio para uma audiência estimada de dois mil milhões de pessoas. Por outro lado, neste mundo pós-atentados terroristas em Londres (2005), o casamento de William e Kate foi já alvo de ameaças de violência e perturbação da ordem pública. Alguns grupos de republicanos irlandeses, anarquistas e islamistas já foram colocados sob vigilância apertada e proibidos de se manifestarem no dia da boda. No dia 29 de Julho de 1981, 750 milhões de pessoas concentraram-se frente a televisores espalhados pelos quatro cantos do mundo. Fez correr muita tinta o vestido de tafetá de seda em tons de marfim com que Diana se apresentou ao noivo. Apesar de todas as apostas serem válidas, a primeira grande diferença entre os dois casamentos – arriscamos nós – começa aqui mesmo: no vestido. O vestido de Diana de Gales era um suspiro à moda dos eighties. Mangas em balão, saia em forma de sino e um véu demasiado longo. Estima-se que tenha custado mais de 10 mil euros. Há 30 anos isso era muito dinheiro. Vestiam-se assim as princesas – e as súbditas – na década de 1980: com exuberância. A sóbria Kate deverá optar agora por um modelo mais clean, apesar de, neste departamento, as coisas continuarem em segredo. A única coisa que se sabe é um punhado de nomes que poderão (ou não) ser os eleitos para o grande dia: Sarah Burton, Bruce Oldfield, Phillipa Lepley e Alice Temperley. Outra das diferenças entre o casamento de 1981 e o de 2011 está na própria noiva. Apesar de Diana e Kate serem ambas mulheres jovens, bonitas e simpáticas, há diferenças de base entre ambas. Diana era uma jovem tímida. Casou-se muito nova, com 20 anos, e nunca foi uma aluna brilhante nem uma profissional com garra. Já Kate completou a licenciatura em História de Arte e começou a trabalhar em 2006 como consultora de moda para a marca Jigsaw. Trabalhou até muito recentemente, mas acabou por anunciar que não conseguia continuar a conciliar os preparativos do casamento com o seu trabalho diário. Kate emerge como uma rapariga moderna e independente, talhada à semelhança da sua família directa. Os pais – ambos ex-funcionários da British Airways – enriqueceram pelo próprio pulso com uma empresa dedicada ao negócio das festas para crianças. Precisamente porque a família real britânica se tem entrelaçado com plebeias modernas, mas também porque os tempos são outros, ainda que espartilhados pela apertada tradição monárquica, quer Diana quer Kate – especula-se – não juram obediência aos seus maridos. Em 1981, Lady Di prometeu apenas “amar, dar apoio, honrar e estimar” o príncipe de Gales. O mesmo deverá fazer agora Kate Middleton. Trata-se de uma promessa datada que já não tem sentido em monarquias arejadas e abertas à evolução. Outra grande diferença reside no número de convidados. Se em 1981 o enlace religioso foi testemunhado por 3500 pessoas, esta cerimónia contará apenas com 1900 almas dentro da igreja. Outra diferença: o casamento de Carlos e Diana foi celebrado em St Paul's Cathedral, ao passo que este decorrerá na Abadia de Westminster. Mas William e Kate serão mais permissivos na hora dos festejos. Se o banquete de 1981 apenas deu de jantar a 120 pessoas, este vai ser dividido em duas partes – uma recepção e depois um jantar – onde estarão 600 e 300 pessoas, respectivamente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência mulheres casamento rapariga marfim