"Inconstitucional" cortar RSI a mãe por filhos receberem pensão de alimentos
Observatório dos Direitos Humanos sustenta que os 260 euros da pensão de alimentos dos filhos não podem ser encarados como rendimento da mãe (...)

"Inconstitucional" cortar RSI a mãe por filhos receberem pensão de alimentos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001175448/http://www.publico.pt/1629310
SUMÁRIO: Observatório dos Direitos Humanos sustenta que os 260 euros da pensão de alimentos dos filhos não podem ser encarados como rendimento da mãe
TEXTO: Observatório dos Direitos Humanos (ODH) considera inconstitucional cortar o rendimento social de inserção (RSI) a alguém que tenha começado a receber pensão de alimentos a favor dos dois filhos menores. Entende que tal norma prejudica o seu “direito fundamental à segurança social”. Na origem do parecer está uma queixa apresentada por Joana Salgado. Vítima de violência doméstica, a mulher requereu RSI ao sair de casa com as duas crianças. A prestação social, destinado a pessoas que vivem em pobreza extrema, foi-lhe atribuída. Dois meses depois, quando o tribunal decretou uma pensão de alimentos de 130 euros por cada criança, cortaram-lha. A atribuição do RSI depende do rendimento e do tamanho do agregado familiar. Uma mulher com dois filhos recebe, no máximo, 178, 15 euros em seu nome e 53, 44 por cada criança, o que dá 285, 03 euros. Ultrapassaria esse valor quando passou a receber 260 euros de pensão de alimentos. De acordo com a lei, são considerados no apuramento do rendimento mensal do agregado: os rendimentos de trabalho dependente ou independente, os rendimentos prediais e de capitais, as pensões, as prestações sociais, os subsídios de actividades ocupacionais e os apoios regulares à habitação. De acordo com o parecer, assinado pela jurista Sara de Almada Domingos, “a norma em que se sustenta a decisão, ao imputar rendimentos teleologicamente vinculados à satisfação de necessidades de determinados indivíduos a outros, absolutizando o conceito de agregado, desvirtuando a posição individual dos seus elementos – neste caso, negando a existência de necessidades próprias da queixosa mais parecendo encerrar um incentivo implícito à violação de dever fundamental de manutenção dos filhos – carece de qualquer fundamento constitucional”. A senhora tem direito a segurança social. “O direito à segurança social que inclui uma pretensão de exigência da dignidade dos menores deve ser considerado da mesma forma que o direito à segurança social da queixosa”, advoga o documento, a que o PÚBLICO teve acesso. “Os menores são excluídos da atribuição do RSI porque recebem alimentos. A mãe é excluída da atribuição do RSI porque os filhos recebem alimentos. A única circunstância que os diferencia é o facto de uns receberem rendimentos e outro não. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei humanos violência tribunal mulher social violação criança doméstica pobreza alimentos
Irmão de Dirceu preso no Brasil foi recebido por Salgado em 2011
Quando decorriam as negociações para a venda da Vivo e entrada da PT na Oi, e arrancava o negócio da TAP, a empresa de consultoria apanhada agora no escândalo Pixuleco fazia contactos em Portugal. (...)

Irmão de Dirceu preso no Brasil foi recebido por Salgado em 2011
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando decorriam as negociações para a venda da Vivo e entrada da PT na Oi, e arrancava o negócio da TAP, a empresa de consultoria apanhada agora no escândalo Pixuleco fazia contactos em Portugal.
TEXTO: Em Novembro de 2011, o consultor Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu Oliveira Silva, sócios da JD Assessoria e Consultoria, esteve em Lisboa a fazer contactos, um deles foi com Ricardo Salgado. A empresa foi agora apanhada na operação Pixuleco, uma derivação do Lava Jato, por suspeita de ser usada como “biombo” para circulação e repasse de fundos ilícitos em grandes transacções. Há quatro anos, quando Luiz Eduardo Oliveira Silva esteve em Lisboa, entre 3 e 15 de Novembro de 2011, as relações de negócio luso-brasileiras estavam ao rubro. No mercado estavam em curso duas operações mediáticas: a venda, pela PT, de 50% da Vivo à Telefónica e o cruzamento de participações entre a PT e a Oi; e o governo de Passos Coelho já tinha aberto o dossier da venda da TAP que na altura envolveu German Efromovitch. Um dos contactos estabelecidos por Luiz Eduardo de Oliveira e Silva ocorreu na sede do BES, em Lisboa, e teve como interlocutor o ex-presidente do BES Ricardo Salgado. Não se sabe sobre que tema falaram, apenas que o encontro foi articulado pelo escritório de advocacia português Lima, Serra, Fernandes & Associados (LSF), ligado a João Abrantes Serra, parceiro das sociedades dos irmãos Oliveira Silva. Todas “prestadoras de serviços” dos dois lados do Atlântico e com boas ligações ao mundo da política e aos grandes negócios, em particular, os que envolvem decisões estatais. “O inquérito encontra-se em segredo de justiça. ” Esta foi a resposta da Procuradoria-Geral da República quando questionada pelo PÚBLICO sobre se tinha conhecimento do encontro ocorrido em 2011 entre o ex-presidente do BES Ricardo Salgado e o consultor Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio da JD Assessoria e Consultoria, bem como das matérias abordadas na reunião. O Ministério Público acrescentou não ter “neste momento, nada a adiantar” ao que já tem sido referido. Por seu turno, Ricardo Salgado não respondeu às perguntas enviadas. Ao contrário do ex-poderoso chefe da Casa Civil de Lula da Silva, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva foi sempre um personagem com pouca notoriedade. Só passou para a ribalta quando, no início deste mês, a JD Assessoria e Consultoria figurou entre os suspeitos da operação Pixuleco (menção ao termo usado pelo ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores Vaccari Neto para se referir ao pagamento de comissões ilícitas). Um dossier que deriva do Lava Jato, o mega esquema de corrupção envolvendo a petrolífera Petrobras e subornos de empreiteiras. Seguindo o dinheiro, os investigadores brasileiros descobriram que a JD Assessoria e Consultoria era uma empresa de fachada, um intermediário de pagamentos ilícitos a terceiros, com cobrança de comissões. Uma conclusão que a defesa dos irmãos Oliveira Silva já veio rebater e garantir que “os serviços de consultoria foram prestados correctamente sem pagamentos ilegais”. Quando em 2012 foi acusado de ser “o cabecilha da quadrilha” do Mensalão (pagamento de subornos a políticos), e condenado a 10 anos e 10 meses de prisão domiciliária (que cumpria quando voltou a ser preso), os advogados de Dirceu alegaram que “o julgamento era político”. Mas a justiça brasileira não se convenceu e, a 3 de Agosto, deteve os dois irmãos num outro processo, o Lava Jato. E com outra conclusão: em 2011, quando começou o julgamento do Mensalão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva substituiu Dirceu como lobbysta e finalizador dos contratos negociados pelo ex-ministro. As relações “comerciais” transfronteiriças estão a impor uma maior cooperação entre investigadores portugueses e brasileiros. O PÚBLICO sabe que um procurador brasileiro do Estado do Pará, e articulado com os inquéritos do outro lado do Atlântico, e bom conhecimento das leis nacionais, esteve em Portugal durante várias semanas, onde desenvolveu contactos. Inquirido sobre a colaboração com o referido procurador, o Ministério Público lembrou que o “inquérito está sujeito ao segredo de justiça”. Sublinhe-se que ainda recentemente a PGR veio confirmar ter recebido um pedido de ajuda das autoridades brasileiras, mas não deu detalhes. Negócio PT-Oi gera movimentaçõesAs primeiras semanas de Julho de 2010 foram palco de movimentações que envolveram políticos, gestores da PT, da Telefónica e da Oi e outros assessores. José Sócrates e Lula da Silva estavam em contacto permanente na busca de uma solução que permitisse desbloquear a oposição do governo português à venda de 50% da Vivo à Telefónica. O líder brasileiro propôs a alternativa Oi, cujo accionista de referência, a construtora Andrade Gutierrez, pertencia a Sérgio Andrade, com ligação de negócio ao filho do ex-presidente Fábio Lula da Silva, o “lulinha”, investigado por suspeita de enriquecimento ilícito. A Andrade Gutierrez é uma das empreiteiras apanhadas na rede de distribuição de subornos (Lava Jato) e o seu presidente Otávio Marques Azevedo (ex-administrador da Portugal Telecom) está preso há cerca de dois meses. A 8 de Junho de 2010, José Dirceu apareceu em Lisboa a prestar ao Diário de Notícias declarações premonitórias: “Sempre defendi a fusão da Oi com a Brasil Telecom ou com uma empresa como a PT. ” Vinte dias depois, a 29 de Julho de 2010, a PT e a Oi anunciam a troca de posições accionistas e, finalmente, o governo português autoriza a PT a vender 50% da Vivo à espanhola Telefónica. A solução Oi aliviou a tesouraria dos accionistas envolvidos - Ricardo Salgado (PT) conhecia o buraco de 1300 milhões nas contas da ESI (holding mãe do GES), as dívidas da Ongoing (PT) à banca totalizavam 800 milhões, a Andrade Gutierrez (Oi) tinha dívidas milionárias, parte ao banco estatal brasileiro. O negócio possibilitou que, no final de 2010, a Ongoing apresentasse lucros de 235, 5 milhões, mais 424% do que em 2009, mas as suas dívidas à banca já estavam em 800 milhões. Já o BES revelou resultados positivos de 510 milhões de euros e encaixou com a operação PT-Vivo 200 milhões de euros. Data dessa altura a “sugestão” de Salgado para que a Caixa Económica Montepio Geral concedesse um empréstimo de cerca de 45 milhões à RS Holding, empresa do grupo Ongoing, com sede no Luxemburgo, um crédito que gerou polémica dentro do banco por falta de justificação. No entanto, no final de 2011, quando Luiz Eduardo de Oliveira e Silva esteve em Lisboa a “conversar” com o principal accionista do BES, o negócio PT-Oi continuava por fechar. Um processo opaco e complexo que sofreu atrasos e levou, a 4 de Novembro, o ex-presidente da PT Zeinal Bava (que seria indicado para liderar a Oi) a anunciar o adiamento para 2012 da reestruturação da operadora brasileira, destinada a simplificar a estrutura societária e a abrir a via da discussão da distribuição de dividendos. Na altura, o cruzamento de posições entre a PT e a Oi aguardava a deliberação da CADE, a autoridade da concorrência do Brasil, que só se pronunciaria em Dezembro de 2012. O Ministério Público já confirmou que está a investigar o envolvimento político e os contornos dos negócios à volta da PT (PÚBLICO de 21 de Julho passado), contaminada em 2014 pelo colapso do GES/BES. É previsível que as autoridades lusófonas procurem garantir que dos vários contactos que se estabeleceram entre políticos, gestores, accionistas e assessores externos não resultaram benefícios financeiros concedidos ilicitamente. Hoje os investigadores estarão na posse de muita informação. Há referência a uma viagem, naquele período, a Singapura, de políticos e gestores das operadoras de telecomunicações. Mas também suspeitas de movimentações financeiras de 200 milhões, bolo que foi distribuído por vários “jogadores”. Não é a primeira vez que o círculo empresarial de Dirceu aparece associado a empresas portuguesas. Na primavera de 2010, a Folha de São Paulo escrevia: "Os petistas estimularam a Ongoing a implantar no Brasil uma rede de comunicação alinhada com o governo de Lula da Silva para diminuir o poder dos grandes grupos privados de media". Em 2010, a empresa do espanhol Rafael Mora e do português Nuno Vasconcelos empregou Evanise Santos, namorada de Dirceu, mas também usou os serviços do ex-chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula. Em Julho de 2010, a Telefónica contratou os bons ofícios de Dirceu, que abriu aos espanhóis as portas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição pública federal que financia grandes projectos. Já a Portugal Telecom pediu ao escritório Lima, Serra e Fernandes, apoio para resolver o dossier Vivo, pagando avenças. Outros nomes surgem ligados aos irmãos Oliveira Silva. Um deles é Júlio Cesar, da JC&S Brasil Consultores, com sede em Brasília, e igualmente visado no processo Pixuleco. André Serra, filho de João Abrantes Serra, da LSA & Associados, está ligado a Júlio César. Foi João Abrantes Serra que apresentou Miguel Relvas a José Dirceu, o que o ex-ministro português confirmou ao PÚBLICO em 2012, admitindo ser amigo de Dirceu desde 2004. Mas há outro personagem a ter em conta nas relações transatlânticas e que agora se começa a ouvir falar: Guilherme Sodré Martins. Ainda que opere na esfera da acção de Dirceu, substituindo-o, actua como independente. É a ele que, por vezes, o grupo Amorim recorre no Brasil, para além de colaborar com a Ongoing. Guilherme Sodré Martins é próximo do ex-governador da Bahia, e actual ministro da Defesa do Brasil, Jacques Wagner (Wagner casou com a primeira mulher de Martins). Amigo de Marcelo Odebrechet, presidente da Odebrechet, o ministro da Defesa já foi visto em Portugal no hotel Ritz. Muitos dos personagens desta história chegaram a 2015 tendo um dado em comum: estão detidos, no quadro das investigações que correm nas duas geografias lusófonas. Mas envolvidos em processos diferentes e sujeitos a acusações distintas. A 27 de Julho, no contexto do dossier GES/BES, o Ministério Público decretou a prisão domiciliária do banqueiro português indiciado por burla qualificada, falsificação de documentos, falsificação informática, branqueamento, fraude fiscal qualificada e corrupção no sector privado. Oito dias depois, a 3 de Agosto, num processo diferente (Pixuleco), as autoridades brasileiras avançaram com a detenção de Luiz Eduardo de Oliveira Silva, em Ribeirão Preto, e de José Dirceu, em Brasília, onde vive em prisão domiciliária. Os dois irmãos são suspeitos de terem recebido e transferido subornos para terceiros e de terem montado um esquema que facilitava contratos na petrolífera do Estado. Ao longo dos últimos nove anos, as sociedades de consultoria ligadas aos dois brasileiros terão facturado para os seus cofres 29 milhões de reais “em serviços prestados”. Cerca de mês e meio antes, em Junho, em simultâneo com a detenção de Marcelo Odebrecht foram também detidos no quadro da operação Lava Jato, accionistas e gestores das construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa (dona da Cimpor onde trabalhou Armando Vara). As três empreiteiras trabalham em Portugal e são suspeitas de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
REFERÊNCIAS:
Dilma Rousseff não descarta candidatura a deputada ou senadora
É a primeira vez que a ex-Presidente brasileira fala do seu futuro político desde a sua destituição, em Agosto de 2016. (...)

Dilma Rousseff não descarta candidatura a deputada ou senadora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: É a primeira vez que a ex-Presidente brasileira fala do seu futuro político desde a sua destituição, em Agosto de 2016.
TEXTO: A ex-Presidente brasileira Dilma Rousseff, destituída em 2016, admitiu vir a candidatar-se a um lugar de senadora ou deputada, em declarações numa entrevista divulgada neste sábado. "Eu não serei candidata a Presidente da República, se é essa a sua pergunta. Agora, actividade política nunca vou deixar de fazer. (. . . ) Não afasto a possibilidade de me candidatar a senadora, deputada", declarou numa entrevista à AFP realizada na sexta-feira, em Brasília. É a primeira vez que Dilma Rousseff, 69 anos, fala do seu futuro político desde a destituição devido à “maquilhagem” das contas públicas, em Agosto de 2016, quando foi substituída pelo actual Presidente Michel Temer. Na votação da destituição no Senado brasileiro, Dilma não perdeu os direitos políticos, ao contrário do que aconteceu em 1992 com Fernando Collor de Mello, impedido de ocupar cargos públicos durante oito anos. A AFP recorda que Dilma Rousseff disputou eleições para apenas dois cargos até hoje: a presidência, que venceu em 2010, e a reeleição de 2014, ambas pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A primeira mulher Presidente do Brasil confirmou que apoiará uma candidatura à presidência de Lula da Silva, se esta vier a acontecer. Sondagens recentes colocam Lula à frente na disputa de 2018, mesmo depois de serem conhecidas as acusações contra si em casos relacionados com o escândalo na Petrobras. Para a ex-Presidente, as tentativas de criminalizar Lula são “um segundo golpe” para impedir que este concorra às próximas presidenciais. No que toca à Operação Lava Jato, Dilma responde com poucas palavras às questões sobre o seu suposto desconhecimento da rede de subornos que retirou mais de dois mil milhões de dólares da Petrobras. "Os processos são extremamente complicados. Ninguém no Brasil sabe de todos os processos de corrupção", afirmou.
REFERÊNCIAS:
Eventual “intrusão do Governo teria um custo político”
Em entrevista, Teodora Cardoso diz que não há intromissão do Governo no CFP, até porque tal seria ilegal. Mas adverte: “Haver uma intrusão do Governo que pusesse em causa a nossa independência teria um custo político” (...)

Eventual “intrusão do Governo teria um custo político”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em entrevista, Teodora Cardoso diz que não há intromissão do Governo no CFP, até porque tal seria ilegal. Mas adverte: “Haver uma intrusão do Governo que pusesse em causa a nossa independência teria um custo político”
TEXTO: O Governo continua sem tomar uma decisão sobre os dois nomes que tem em cima da mesa para entrar no Conselho de Finanças Públicas (CFP). Uma situação que está a demorar e a causar incómodo na instituição liderada por Teodora Cardoso. Em causa está o facto de, tal como o Expresso já noticiou, dois membros do conselho superior deste organismo estarem de saída tendo terminado os seus mandatos em 16 de Fevereiro: o vice-presidente do CFP, Jürgen von Hagen, e o vogal-executivo, Rui Baleiras. Para a substituição destes dois responsáveis, e tal como é determinado nos estatutos do CFP, o Tribunal de Contas e o Banco de Portugal propuseram ao Governo dois nomes: Tresa Ter-Minassian, responsável do Dundo Monetário Internacional (FMI) que negociou um resgate a Portugal, e Luís Vitório, antigo chefe de gabinete de Paulo Macedo. Ora, segundo o Expresso, o Governo não aceita o segundo nome. Os estatutos do CFP determinam que “os membros do conselho superior são nomeados pelo Conselho de Ministros, sob proposta conjunta do presidente do Tribunal de Contas e do governador do Banco de Portugal” e que a nomeação deve ocorrer “até 60 dias antes do final dos mandatos dos membros do conselho superior”. Em entrevista, Teodora Cardoso diz que não há intromissão do Governo no CFP, até porque tal seria ilegal. A líder do CFP diz esperar que haja “possibilidade de diálogo”, pois o prolongar da actual situação não interessa a ninguém. “Até a nível internacional. Somos uma identidade que é ouvida pelas instituições internacionais, pelos mercados (…) e haver uma intrusão do Governo que pusesse em causa a nossa independência teria um custo político”, adverte. Foi a primeira mulher economista a fazer parte dos quadros do Banco de Portugal. Ontem, o PÚBLICO noticiava a intenção do Governo em ver mais mulheres no topo da hierarquia. Faz sentido?Faz e não faz. Efectivamente, o banco tinha uma história longa, devo dizer, antiga, de discriminação contra as mulheres que custou muito a evoluir. Entrei no banco em 1973 e, aí, realmente nem sequer havia mulheres a nível técnico, ou de qualquer tipo de chefia, mesmo de chefias dos serviços administrativos, e isto tem sido difícil de vencer. Agora, que a solução para vencer esse tipo de resistência consista em definir quotas ou em fazer exigências de natureza política, isso vira-se contra as mulheres, no sentido de dizer: estão nesta posição porque politicamente se criou esta pressão. É melhor chegar lá pela via de mostrar que efectivamente somos capazes de chegar e, portanto, tem de haver regras nas admissões, nos concursos, nesse tipo de coisas, em que as mulheres tenham de facto igualdade de oportunidades. Isso é que me parece essencial. Já no Conselho de Finanças Públicas, a que preside, o Banco de Portugal tinha indicado Teresa Ter-Minassian, a italiana que em nome do FMI negociou o segundo acordo com Portugal, para integrar o Conselho de Finanças e aí foi o Governo que impediu. Bom. . . Há aqui um paradoxo ou não?Do Governo, até agora, não se pode exactamente dizer assim se impediu ou não impediu, porque. . . Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fez veto gaveta?Até agora não fez as nomeações, mas também não fez aquilo que era suposto fazer no caso de ter objecções aos nomes que foram propostos, que seria pedir aos proponentes que justificassem a sua proposta para se chegar, digamos, a um possível acordo. Essa fase ainda não aconteceu. Penso que agora terá de ser isso que tem de suceder. Pela parte que me toca, devo dizer que tenho grande esperança em que Teresa Ter-Minassian seja nomeada, até porque acredito que ser mulher ou homem para o caso, neste caso, não interessa muito. É alguém que tem um perfil que é único, pelo conhecimento que tem da realidade portuguesa e, por outro lado, por toda a carreira internacional. Todas essas coisas pesam e não há nenhum perfil que seja sequer comparável ao dela. Não acredito que seja possível recusá-la. Estes dois casos são pontuais ou são demonstrativos de uma maior intromissão do Governo naquilo que é a gestão das entidades reguladoras ou de supervisão ou de fiscalização, se quisermos assim chamar?Temos estatutos que definem com muita clareza a nomeação dos membros do conselho e várias outras regras com respeito, por exemplo, a aprovação do orçamento, etc. Essas regras foram postas nos estatutos exactamente para salvaguardar a independência da instituição e, portanto, ao contrário do que sucede com as entidades reguladoras em geral, no caso do Conselho de Finanças Públicas, essa intromissão é ilegal. Tem esse aspecto que torna a coisa mais difícil de gerir da parte do Governo, por isso, espero que haja aqui possibilidade de diálogo. Não interessa a ninguém que a situação se prolongue. Até a nível internacional. Somos uma entidade que é ouvida pelas instituições internacionais, pelos mercados (…) e haver uma intrusão do Governo que pusesse em causa a nossa independência teria um custo político. Mas parece-lhe que é isso que está acontecer, neste momento, já?Penso que não. Agora, há a necessidade de voltar a pôr o processo na mesa, perguntando ao Governo porque é que não nomeia, e aqui deve gerar-se um diálogo que eu espero que funcione.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
O action movie contemplativo de Paul Verhoeven e Isabelle Huppert
Paul Verhoeven “isabelle-hupperta”. É a lenta mas persistente vertigem do extático Elle/Ela: uma actriz abandona-se ao seu realizador para, finalmente, o dirigir – transformando-se ela no princípio da mise-en-scène. (...)

O action movie contemplativo de Paul Verhoeven e Isabelle Huppert
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2017-02-23 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170223064525/http://www.publico.pt/1751083
SUMÁRIO: Paul Verhoeven “isabelle-hupperta”. É a lenta mas persistente vertigem do extático Elle/Ela: uma actriz abandona-se ao seu realizador para, finalmente, o dirigir – transformando-se ela no princípio da mise-en-scène.
TEXTO: Não se pode antecipar se Elle ficará como momento final de um segmento da obra de Paul Verhoeven, o das mulheres de acção, que já teve os rostos e ímpetos de Renée Soutendijk (Spetters, 1980; O Quarto Homem, 1983), Sharon Stone (Instinto Fatal, 1992), Elizabeth Berkley (Sowgirls, 1995) ou Carice van Houten (O Livro Negro, 2006). Essas mulheres fixaram-se num objectivo, olharam por elas sem tempo, sobretudo sem vontade, de olharem para elas durante a correria. Ao contrário dos homens, que sempre pareceram mais angustiados: Paul Weller (Robocop) ou Arnold Schwarzenegger (Total Recall), por exemplo, passavam os filmes a perguntar quem eram ou quem se escondia neles. Mas Elle suspende a corrida. Ela contempla-se. Está simultaneamente dentro e fora de si própria, como se se observasse, se cheirasse, procurando-se. (O espectador faz o mesmo: enquanto o filme decorre, não pode deixar de perguntar: quem é ela, porque é que faz aquilo que faz?)Ela não deixa de se movimentar, no entanto. Michèle LeBlanc foi violada por um mascarado e procura, por entre a ruína de homens que tem à volta, descobrir quem estava dentro daquela máscara. Com a sua ironia, lucidez – a vergonha, diz, nunca é suficientemente paralisante para nos impedir de ceder às pulsões –, vai fazendo as calças dos homens baixar, uma a uma, um a um, metaforicamente e não só. Não ficará claro se o périplo é de vingança em direcção ao violador ou se a viagem que interessa é a da descoberta de si própria, da sua humanidade, logo, da aceitação da sua monstruosidade (não é verdade, até fica claro, é das coisas que se ilumina num filme que caminha decididamente às escuras). Realização:Paul Verhoeven Actor(es):Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne ConsignyA distância e a ironia, o voluntarismo e a vontade de risco: isso é dela, Isabelle Huppert, a intérprete de Michèle LeBlanc. Com Elle/Ela, o holandês Paul Verhoeven, depois de se ter metamorfoseado em americano com aqueles filmes-mais-americanos-que-os-filmes-americanos que fizeram o seu excesso de glória e de infâmia nos anos 90, mostra-se agora francês. Vai “isabelle-huppertando”. A isto se deve também a lenta mas persistente vertigem de Elle: a forma como à actriz, de 63 anos, foi permitido que se abandonasse ao realizador, de 78, para o dirigir – transformando-se ela própria no princípio da mise-en-scène do filme. Verhoeven (re)inventa o action movie contemplativo, com Huppert e por causa de Huppert, por causa da distância, da ironia e de uma curiosidade refém da infância que é o “lugar” particular projectado pela intérprete de A Pianista (Michael Haneke, 2001) – lugar projectado nesse e noutros filmes para adultos e sobre adultos. Uma action woman a coroar as action women de Verhoeven, então. Depois de a sua primeira mulher de acção relevante, Renée Soutendijk, ter dançado ao som de Lust for life, de Iggy Pop, a sua mais recente heroína dança ao som da mesma canção – o título é uma questão de sobrevivência. Canção que se ouve, no filme mais recente, de forma mais completa do que no de 1980. Isabelle entra, assim, para uma genealogia e completa-a. Completa Renée, Sharon, Elizabeth e Carice, mulheres de acção que queriam conquistar o mundo, mas mulheres de acção sem visão do mundo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Parecendo em teatral sintonia com o momento de reavaliação da obra do realizador – os artigos e as retrospectivas no último ano, por exemplo, a quase integral (não incluiu Elle) no IndieLisboa mostraram a vontade de caminhar em direcção ao autor –, Elle coloca-se e coloca-nos a contemplar o cinema de Verhoeven. Esta consciência de que vem imbuído – emerge elegante, irónico, melancólico, extático, e o êxtase é a estação desta heroína – carrega o percurso de Michèle com a leveza e a gravidade da sabedoria. Porque ela, que procura revelar-se, é agente da revelação dos outros. Daqueles, ex-marido, filho, amante e etc. , que contêm partes do que ela é. Como se na sua busca - vingança? - encontrasse e recolhesse os pedaços de si própria. É dos movimentos mais sugestivos de Elle ver o filme ir chamando pelas (outras) personagens, dando-lhes espaço, permitindo que venham dizer das suas razões. Às tantas alguém diz isso, e era isso que se dizia em A Regra do Jogo (1939), de Jean Renoir: todos têm as suas razões. O retrato de senhora transforma-se em retrato de grupo pelas acções da senhora. Deveremos chamar-lhe “santa”, por conseguir aceitar que o pior de nós é o que nos torna humanos, por se atrever a ir até ao limite e habitá-lo?A possibilidade de inclusão dos “outros” é uma novidade do cinema de Paul Verhoeven. Como se, tal como a protagonista, descobrisse a humanidade das suas habituais máquinas de guerra e dos seus “monstros”. Repare-se como todas as hipóteses de choque são atiradas em Elle para dimensões paralelas (a violência gráfica selada dentro dos jogos de vídeo, é divertido isso. . . ) ou amortecidas pela explicitação de (falsos) nexos de causalidade (tudo o que tem a ver com o pai de Michèle) ou pela ironia – e pela música. A queda, o apelo do abismo, como no Buñuel de Belle de Jour (1967), é aparada pela revelação dos homens em pleno apocalipse, como no Renoir de A Regra do Jogo. Verhoeven fez o seu trabalho de casa para ser “cineasta francês”. Vamos ver no que isto dá: depois desta síntese de uma parte da sua obra – as suas heroínas –, prepara o que poderá ser a súmula da outra parte da sua obra, a que questiona os mitos da II Guerra (Portret van Anton Adriaan Mussert, 1970; O Soldado da Rainha, 1977; O Livro Negro): o filme chamar-se-á Lyon 1943, será sobre a resistência francesa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens guerra humanos violência filho mulher rainha negro homem mulheres vergonha
Desigualdade é um travão ao crescimento económico, alerta OCDE
As desigualdades na distribuição do rendimento atingiram o nível mais elevado dos últimos 30 anos, mostra relatório sobre 33 países. (...)

Desigualdade é um travão ao crescimento económico, alerta OCDE
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.2
DATA: 2015-05-21 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150521115940/http://publico.pt/1696368
SUMÁRIO: As desigualdades na distribuição do rendimento atingiram o nível mais elevado dos últimos 30 anos, mostra relatório sobre 33 países.
TEXTO: O aumento das desigualdades na distribuição dos rendimentos é um dos principais entraves ao crescimento económico e pode comprometer a saída da crise. O alerta é deixado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório publicado nesta quarta-feira e que tem como mote uma pergunta: por que razão menos desigualdade é benéfico para todos (In it Together: Why Less Inequality Benefits All). Para a organização, dirigida por Angel Gurría, o crescimento económico dos países está muito condicionado pelo aumento das desigualdades, que atingiram o valor mais elevado dos últimos 30 anos. Os 10% mais ricos da população total da OCDE ganham agora 9, 6 vezes mais do que os 10% mais pobres, quando nos anos 80 ganhavam 7, 1 vezes mais. "Atingimos um ponto crítico", resumiu o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, durante uma conferência de imprensa em Paris. "Os dados mostram que as fortes desigualdades prejudicam o crescimento. A ação política deveria ser motivada tanto por razões económicas como por razões sociais. Ao não atacarem o problema da desigualdade, os governos enfraquecem o tecido social e comprometem o crescimento económico a longo prazo", acrescentou. No relatório, os técnicos alertam que "o aumento das desigualdades de rendimentos levanta preocupações sociais e políticas, mas também económicas: a desigualdade tende a influenciar negativamente o crescimento do PIB e é a distância crescente dos 40% mais pobres em relação ao resto da sociedade que está a contribuir para esse efeito”, refere o documento. A OCDE realça que, além da desigualdade dos rendimentos, há outro factor que está a ganhar dimensão: a concentração de património nos escalões mais ricos da população. Em 2012, exemplificam os téncicos no relatório, nos 18 países da OCDE para os quais dispunham de dados comparáveis, "os 40% mais pobres não tinham mais do que 3% do património total das famílias", enquanto "no outro extremo, os 10% mais ricos possuíam metade do património total e 1% dos mais ricos possuia 18%". Perante esta realidade, a organização com sede em Paris defende que as políticas não se podem centrar apenas nos 10% mais pobres, mas devem abranger um universo mais alargado, nomeadamente a classe média baixa que está vulnerável e “arrisca não beneficiar da recuperação e do crescimento no futuro”. Para reduzir as desigualdades e promover o crescimento, a OCDE sugere que os governos promovam a igualdade de género no emprego e o acesso a emprego de qualidade, e que tomem medidas que encorajem o investimento em educação e na formação ao longo da vida. Ao nível dos impostos, propõe-se que se agrave a carga fiscal sobre os mais ricos e que se crie apoios ao rendimento dos mais pobres, tanto trabalhadores, como desempregados. A OCDE destaca que, nos anos mais recentes, entre 2007 e 2011, a desigualdade dos rendimentos das famílias e a pobreza “de facto aumentou” nos países mais afectados pela crise, embora o impacto tenha dependido em muito do sistema fiscal e das medidas específicas implementadas durante esse período. E, se olharmos mais de perto, acrescenta, concluímos que a crise alterou os factores que estão por detrás do aumento das desigualdades e da pobreza na maioria dos países 33 países que constituem a organização. A OCDE identifica duas fases diferentes. Uma primeira em que os estabilizadores automáticos, os estímulos fiscais e o aumento dos benefícios sociais amorteceram o impacto nas famílias e noutros sectores da economia. Na segunda fase, e à medida que as dificuldades económicas se agravaram, os governos foram retirando esses apoios e introduziram programas de consolidação orçamental, reduzindo-se o efeito amortecedor. Esta realidade sentiu-se em particular nos países mais afectados pela crise como a Grécia, a Irlanda ou Espanha (e também em Portugal). Portugal é, de resto, o sétimo país mais desigual da OCDE (dados de 2013 apenas disponíveis para 30 países). O Coeficiente de Gini, que numa escala de zero a cem sintetiza a assimetria da distribuição de rendimentos, era em 2013 de 0, 338. Acima da média da OCDE (0, 315) e pior do que Espanha (0, 335). Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), mostram que em Portugal, a “forte desigualdade na distribuição dos rendimentos” manteve-se em 2013. Nesse ano, o rendimento dos 10% da população com mais recursos era 11, 1 vezes superior ao rendimento dos 10% da população com menos recursos. Em 2012, esta diferença estava nos 10, 7, tendo vindo a agravar-se de ano para ano (10 em 2011 e 9, 4 em 2010).
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE
A ama-de-leite de Tutankhamon era sua meia-irmã?
Na apresentação do túmulo aos jornalistas, o ministro das Antiguidades egípcio revelou que a mulher conhecida como Maia pode ser, na realidade, Meritaton, uma das meias-irmãs do jovem faraó. (...)

A ama-de-leite de Tutankhamon era sua meia-irmã?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.13
DATA: 2015-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na apresentação do túmulo aos jornalistas, o ministro das Antiguidades egípcio revelou que a mulher conhecida como Maia pode ser, na realidade, Meritaton, uma das meias-irmãs do jovem faraó.
TEXTO: Semanas antes da abertura ao público, o Egipto apresentou aos jornalistas o túmulo da ama-de-leite de Tutankhamon, tendo como bónus uma nova teoria: a mulher que até aqui se conhecia como Maia, e que terá amamentado o faraó que morreu ainda adolescente, pode ser, na verdade, Meritaton, uma das suas meias-irmãs. A informação foi avançada no domingo pelo ministro das Antiguidades egípcio, Mahmud al-Damaty. Localizado em Sakara, a 25 km do Cairo, o túmulo, que se poderá visitar a partir de Janeiro, foi descoberto há praticamente 20 anos pela equipa liderada pelo egiptólogo francês Alain Zivie, que há já décadas escava nesta necrópole dos arredores da capital. Durante este longo período esteve fechado para estudo e trabalhos de limpeza e restauro. Segundo o diário espanhol El País, Mahmud al-Damaty recorreu a uma das cenas representadas nas paredes do túmulo - o funeral de Meketaton, outra meia-irmã do faraó, em que Meritaton dá de mamar a um bebé que deverá ser Tutankhamon - para explicar por que razão acreditam alguns dos especialistas egípcios que Maia e a princesa são uma e a mesma pessoa. Al-Damaty defendeu ainda que o título por que é conhecida a ama-de-leite do faraó, “a grande do harém”, é demasiado elevado para alguém que seria apenas uma criada da família real. Alain Zivie apoia esta teoria avançada pelas autoridades egípcias e, para o fazer, destaca outros indícios. Existem, disse o arqueólogo à Agência France Press, parecenças físicas entre Tutankhamon e a sua ama, em particular os olhos e o queixo, e o facto de Meritaton surgir sentada num trono real, algo reservado apenas aos membros da dinastia no poder, também não pode ser ignorado. Apesar dos indícios, e como é habitual nestes casos, não há consenso entre os especialistas. Quem contesta a teoria lembra, por exemplo, que era raríssimo que uma princesa fosse ama-de-leite. Em 2010, testes de ADN provaram que Tutankhamon era filho do faraó Akhenaton. Meritaton, por sua vez, era também filha de Akhenaton e da sua primeira mulher, a lendária rainha Nefertiti, cuja câmara funerária os arqueólogos ainda procuram. Tal como a múmia de Maia/Meritaton, precisa o jornal britânico The Independent. A abertura ao público desta câmara funerária descoberta por Zivie insere-se num programa mais vasto de relançamento do Egipto como destino turístico que inclui, segundo o diário espanhol El Mundo, outros três túmulos de nobres que serviram nas cortes dos faraós Tutankhamon e Amen-hotep III, visitáveis também a partir de Janeiro. E pela primeira vez.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha filho mulher rainha adolescente estudo princesa
Morreu Vera Rubin, a astrofísica da matéria escura do Universo
A investigadora confirmou a existência de matéria invisível no cosmos ao observar o movimento das galáxias. (...)

Morreu Vera Rubin, a astrofísica da matéria escura do Universo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.15
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A investigadora confirmou a existência de matéria invisível no cosmos ao observar o movimento das galáxias.
TEXTO: A astrofísica norte-americana Vera Rubin, que confirmou a existência de matéria escura, um dos grandes mistérios do Universo, morreu domingo em Princeton, nos Estados Unidos. Tinha 88 anos. Estava agora reformada do Departamento de Magnetismo Terrestre da Instituição Carnegie para a Ciência, na cidade de Washington. “Vera Rubin era um tesouro nacional na sua qualidade de astrónoma e um exemplo formidável para os jovens cientistas”, declarou o presidente da Instituição Carnegie, Matthew Scott, em comunicado. Contratada pelo Departamento de Magnetismo Terrestre em 1965, Vera Rubin interessou-se rapidamente pelos movimentos das galáxias e a sua rotação. Nas investigações com o seu colega Kent Ford, nos anos 70, apercebeu-se de que, no centro das galáxias que estudava, a velocidade das estrelas parecia não obedecer estritamente às leis da gravidade da matéria que se via. Alguma coisa, que não a matéria visível, era responsável pelo movimento das estrelas nas galáxias. Deduziu assim a presença de uma matéria invisível à observação, a matéria escura, que não emite luz. Hoje sabe-se que apenas cerca de 5% da composição do Universo é matéria “normal”, visível, e que tudo o resto é invisível: quase 70% é energia escura e o restante é a matéria escura. Uma composição confirmada por muitas observações, incluindo a do telescópio espacial Planck. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A teoria da matéria escura já tinha sido proposta em 1933 pelo físico suíço Fritz Zwicky, do Instituto de tecnologia da Califórnia, mas foi Vera Rubin que confirmou a sua existência. Rejeitada pelo prestigiado programa de astronomia da Universidade de Princeton, que então só aceitava homens, Vera Rubin obteve finalmente os seus diplomas, primeiro pela Universidade de Cornell e depois pela Universidade de Georgetown. Foi uma defensora fervorosa das causas das mulheres. E a primeira mulher a ter acesso ao Observatório de Palomar, na Califórnia, em 1965. Em 1993, o então Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, atribuiu-lhe a Medalha Nacional da Ciência, a maior condecoração científica do país.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher mulheres
Morreu a "mãe" do Tamil Nadu
Antiga actriz de cinema, Jayalalithaa Jayaraman chefiava o estado indiano com mão férrea. (...)

Morreu a "mãe" do Tamil Nadu
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antiga actriz de cinema, Jayalalithaa Jayaraman chefiava o estado indiano com mão férrea.
TEXTO: No Mahabarata, um dos épicos clássicos da Índia antiga, a mítica Draupadi é descrita como uma mulher com vontade de ferro, disposta a reduzir os seus inimigos a cinzas e a defender os mais fracos. Uma mulher que dizia o que pensava, num mundo onde eram sempre os homens a decidir. Jayalalithaa Jayaraman ocupa também esse imaginário, não só no Tamil Nadu, o estado que governou durante anos com um estatuto de deusa, como no resto da Índia. Há 40 dias – desde que Jayalalithaa foi internada no hospital Apollo, em Chennai (a capital do estado, no Sul da Índia) com febre, desidratação e infecção respiratória – que há vigílias, orações, manifestações, actos de auto-flagelação. No domingo, sofreu um ataque cardíaco e não conseguiu recuperar. Mais de seis mil agentes de segurança foram enviados para a cidade para manter a ordem e impedir que extremadas manifestações de dor se transformem em distúrbios. Dezenas de milhares de pessoas participaram esta terça-feira no seu funeral, incluindo primeiro-ministro, Narendra Modi, e o Presidente Pranab Mukherjee. Ao contrário do que é tradição entre a sua casta brâmane, não foi cremada mas sepultada. A sua campa ficou ao lado da de MG Ramachandran, o actor que virou político e que a ajudou a fazer o mesmo, em 1982. Jayalalithaa era a “menina de ouro” da indústria cinematográfica do Tamil Nadu e participou em mais de 140 filmes. Em muitos deles era a personagem principal, a heroína, quando o costume era esse papel caber a um homem. Depois de 20 anos a aparecer nos grandes ecrãs, seguiu para a política com um discurso feminista bem treinado. A morte de Ramachandran em 1987 abriu uma cisão no partido, o AIADMK. Não foi sem luta que Jayalalithaa conseguiu tomar as rédeas e tornar-se a primeira mulher a liderar a oposição na assembleia estatal – onde uma vez chegou a ser fisicamente atacada por um membro de um partido rival. Em 1991, estava já a chefiar o governo do Tamil Nadu. “A actriz que introduziu as saias, fatos de banho e glamour no cinema tâmil aparecia agora sem maquilhagem, completamente coberta por um sari e pronta a assumir o papel de Amma [mãe]”, escreve o site Quartz India. “A ligação ao cinema ira ajudá-la e persegui-la”. Seria pretexto para os opositores a subvalorizarem politicamente, mas a sua imagem não parava de aparecer no seu canal televisivo, que durante as campanhas eleitorais não se cansava de exibir os filmes que protagonizou, continua a mesma publicação. Jayalalithaa seria eleita por quatro vezes, intercalando com o Dravida Munnetra Kazhagam (DMK), o partido liderado por Muthuvel Karunanidhi (também ligado ao cinema, como argumentista). “A competição com Karunanidhi, o seu arqui-rival, tem assumido contornos épicos, vista pelos seus respectivos [apoiantes] como uma luta cósmica entre dois deuses”, comenta ao PÚBLICO Constantino Xavier, investigador do instituto Carnegie India em Nova Deli. “Cinema, política e religião são os três factores tradicionais que se confundem no Tamil Nadu”. A sua biógrafa, a romancista Vaasanthi Sundaram, comentou ao Guardian que Jayalalithaa “era a política mais colorida, dinâmica e determinada que alguma vez se viu”, e que “desafiou sem tréguas a política sexista dominada por homens do Tamil Nadu, que tentou sem descanso detê-la ao longo de todo o caminho”. Se muitos no seu estado lhe chamavam Amma e se sentem agora órfãos é por ter introduzido medidas direccionadas aos mais pobres, como as cantinas Amma, com refeições acessíveis, check ups médicos grátis para mulheres, computadores portáteis de borla para os estudantes, bicicletas para raparigas que frequentam a escola, electrodomésticos para donas de casa… Criou centros para acolher bebés do sexo feminino e programas de adopção de raparigas, reduzindo o infanticídio, impôs quotas para mulheres na polícia. E outros programas mais exuberantes como a distribuição de joias de casamento para os pobres. “Jayalalithaa construiu ao longo de quase três décadas um império regional baseado em autoritarismo e populismo”, continua Constantino Xavier. “Desde os anos 1990 soube também aliar-se com diferentes partidos no governo central. Embora seja da casta brâmane e mulher, dois aspectos tabu na política ultra-conservadora do Tamil Nadu, conseguiu instrumentalizar a religião hindu para agregar apoios. ”Por outro lado, foi importante para fazer do Tamil Nadu um dos estados com mais peso económico do país. “As altas taxas de crescimento económico no Tamil Nadu devem-se principalmente às políticas de Jayalalithaa favoráveis ao investimento estrangeiro, especialmente na indústria e nos serviços”, acrescenta o investigador português. A sucessão, que passa agora para O. Panneerselvam, seu ministro das Finanças e Obras Públicas, poderá ser interrompida pelas tentativas dos principais partidos do país em aproveitar a partida da carismática líder: "O Congresso da dinastia Nehru-Gandhi e os nacionalistas do BJP liderados pelo actual primeiro-ministro Modi vão procurar preencher o vácuo deixado por Jayalalithaa e forçar eleições antecipadas, antes de 2021". Jayalalithaa era tudo menos uma figura fácil de ler. A chief minister foi várias vezes acusada de corrupção em tribunal. Em 1997, uma busca na sua casa revelou que tinha 800 quilos em objectos de prata, 28 quilos em ouro, 750 pares de sapatos e mais de dez mil saris. Em “cinco grandes malas” que o juiz encarregue do seu processo de corrupção teve de analisar estavam colares, anéis, pulseiras, e brincos… e “uma corrente com 2389 diamantes, 18 esmeraldas e 9 rubis”, escreveu o New York Times em 2000. Foi considerada culpada de receber luvas num esquema de compra de mais de 40 mil televisões para as aldeias locais e esteve 30 dias na prisão. Depois, foi também acusada de ter obtido ilegalmente propriedades estatais, e ter usado a Tamil Nadu Marketing Corporation (Tasmac), que detinha o monopólio da venda de álcool no estado, para financiar muitos dos seus projectos, recorda a BBC. Em 2014, estava à frente do Tamil Nadu quando foi condenada a quatro anos de cadeia por se ter aproveitado da sua posição para reunir propriedades, jóias caras e carros de luxo. A pena foi revogada oito meses depois e dias mais tarde já estava no seu gabinete a presidir novamente aos destinos do estado. Disse sempre que estava inocente e era vítima de complot político. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas há mais na lista de acusações. O Guardian recorda agora que os telegramas diplomáticos americanos tornados públicos pelo Wikileaks revelavam que Jayalalithaa era descrita por muitos que trabalhavam com ela como uma “autocrata absoluta” com um “domínio total” e inédito sobre o seu partido. Os colegas diziam que tinham de a tratar por Amma, Madam ou “nossa líder” e “prostrarem-se fisicamente diante dela em sinal de obediência”. A sua influência foi crescendo. O culto da sua personalidade também, como comprovam as estátuas com a sua figura espalhadas pelo estado e a forma extremada como muitos dos seus “devotos” lhe prestam homenagem. A poeta e cineasta Leena Manimekalai resumia assim ao Quartz India esta figura carismática: “A absoluta intolerância quanto a críticas e dissidências torna-a muito próxima de um fascista, mas temos de nos lembrar que também era vítima de um mundo de políticos machistas… Foi a vítima a querer tornar-se no opressor. ”
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Palavras-chave morte homens escola tribunal ataque mulher prisão homem sexo mulheres casamento feminista
Atacante de Nice descrito como homem "solitário" e "silencioso"
Identidade do condutor que horrorizou o mundo foi confirmada ao final da manhã desta sexta-feira pelas autoridades francesas. Mohamed Lahouaiej Bouhlel tinha registo criminal por delitos menores, mas para já nada aponta para ligações a grupos extremistas. (...)

Atacante de Nice descrito como homem "solitário" e "silencioso"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.166
DATA: 2016-12-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161229081822/https://www.publico.pt/n1738409
SUMÁRIO: Identidade do condutor que horrorizou o mundo foi confirmada ao final da manhã desta sexta-feira pelas autoridades francesas. Mohamed Lahouaiej Bouhlel tinha registo criminal por delitos menores, mas para já nada aponta para ligações a grupos extremistas.
TEXTO: Mohamed Lahouaiej Bouhlel tinha 31 anos, três filhos e nacionalidade francesa e tunisina. Nenhuma das informações divulgadas sobre o condutor do camião que matou pelo menos 84 pessoas em Nice na noite de quinta-feira aponta para qualquer ligação a um grupo ou organização terrorista. Sabe-se que Mohamed Lahouaiej Bouhlel estaria a atravessar um processo de divórcio, que já tinha sido acusado de violência doméstica e que tinha registo criminal por delitos menores, como furto. Os vizinhos descrevem-no como alguém “solitário” e “silencioso” com um perfil que terá tanto de discreto como de pouco amigável. A maioria refere que Mohamed Lahouaiej Bouhlel não dizia sequer bom dia. O camião branco que Mohamed Lahouaiej Bouhlel conduzia percorreu dois quilómetros do Passeio dos Ingleses invadido por uma multidão que comemorava o Dia da Bastilha. Parou, atingido por disparos da polícia, junto a algumas das muitas vítimas que foi atropelando pelo caminho feito aos ziguezagues. Dentro do camião, que terá sido alugado em St Laurent du Var, perto de Nice, e que deveria ter sido devolvido na quarta-feira, foram encontrados alguns documentos, armas falsas e uma granada inutilizada. O facto de o camião ter sido alugado uns dias antes leva a crer que o acto foi premeditado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A identidade do condutor que horrorizou o mundo foi confirmada ao final da manhã desta sexta-feira pelas autoridades francesas. Ao nome e a alguns dados sobre o passado de Mohamed Lahouaiej Bouhlel começaram a somar-se também opiniões sobre aquele homem de 31 anos, nascido na localidade tunisina de M’Saken, que morava num bairro em Abattoirs nos arredores de Nice. “Cruzava-me com ele a toda a hora. Muito desagradável, nunca nos segurava a porta. E fixava-nos com o olhar. Não nos respondia”, contou uma vizinha identificada como Jasmine, de 40 anos, ao Le Figaro. Ao mesmo jornal uma outra mulher começa por referir que ela era simpático, mas estranho. Um dia ter-lhe-á perguntado se ela lhe alugava a caixa de correio. Desconfiada, ela disse que não e ele chamou-lhe "chata". Em declarações ao jornal Nice Matin, outro dos vizinhos de Mohamed Lahouaiej Bouhlel que não é identificado relata num vídeo que o homem era “muito discreto” e que não respondia quando o cumprimentavam. O L'Express junta o testemunho de Wissan, um vizinho que o conhecia e que é um tunisino originário da mesma localidade que Mohamed Lahouaiej Bouhlel : "É uma pessoa que bebe álcool, que fuma droga". E acrescentou: "Na quinta-feira à noite ele estava a beber com um amigo dele e discutiram e o amigo disse-lhe 'tu não vales nada' ao que ele respondeu: 'Um dia vais ouvir falar de mim!'"Mohamed Lahouaiej Bouhlel trabalhava em serviços de entregas. Estava referenciado na polícia pela prática de delitos menores. Aparentemente, a sua última condenação foi no passado mês de Março depois de ser ter envolvido num episódio de violência. Apesar de o Presidente francês ter sublinhado o “carácter terrorista” do ataque logo durante a madrugada, ao início da tarde da sexta-feira ainda nenhuma organização tinha reivindicado a responsabilidade pelo atentado. Por outro lado, as autoridades também não tinham encontrado nenhuma ligação de Mohamed Lahouaiej Bouhlel a qualquer grupo terrorista. Ainda que se venha a provar que este afinal não foi um acto de terrorismo, é possível afirmar já com toda a certeza que foi um acto de terror.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência ataque mulher homem doméstica divórcio