Directora do New York Times forçada a abandonar o cargo
Motivos da saída ainda não são claros, mas Jill Abramson parece ter sido obrigada a demitir-se. Novo director é Dean Baquet, o primeiro afro-americano. (...)

Directora do New York Times forçada a abandonar o cargo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.10
DATA: 2014-05-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Motivos da saída ainda não são claros, mas Jill Abramson parece ter sido obrigada a demitir-se. Novo director é Dean Baquet, o primeiro afro-americano.
TEXTO: Jill Abramson, a directora do New York Times, foi substituída no cargo por Dean Baquet, até agora director-executivo do jornal. Abramson, de 60 anos, uma ex-repórter de investigação e editora da delegação do Times em Washington, tinha sido nomeada em 2011 e foi a primeira mulher a dirigir o diário de Nova IorqueA decisão foi anunciada aos editores sem que tivessem sido avançados pormenores – espera-se um esclarecimento posterior. O Politico avançou a notícia, sublinhado que Abramson tem tido muitos desentendimentos com Mark Thompson, o novo administrador da empresa. Vindo da BBC, assumiu uma atitude de gestão inusitadamente intrusiva nos recursos editoriais, diz a publicação norte-americana especializada em noticiário político. A saída da directora foi comunicada pelo proprietário do jornal, Arthur Sulzberger Jr, que mencionou "questões de gestão da redacção" como motivos para o afastamento de Jill Abramson. "Acredito que uma nova liderança vai melhorar alguns aspectos da gestão da redacção", disse Sulzberger Jr, numa declaração esecrita, divulgada por um porta-voz e citada pela CNN. “Adorei o tempo que passei como directora do Times. Trabalhei com os melhores jornalistas do mundo, a fazer jornalismo de afirmação”, disse Jill Abramson, num comunicado citado pelo próprio New York Times, em que sublinhou o facto de ter nomeado para cargos de chefia várias mulheres. Abramson - que não esteve presente na reunião - não vai permanecer no jornal. Dean Baquet, que a substitui, será o primeiro afro-americano a dirigir o Times. Tem 57 anos, ganhou um Prémio Pulitzer, e foi foi editor no Los Angeles Times, de onde foi forçado a sair, diz a CNN.
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Liga do Norte pede a imigrantes para apelarem à não imigração
Vídeo de campanha de candidato da LIga Norte às eleições de 25 de Maio cria polémica em Itália. (...)

Liga do Norte pede a imigrantes para apelarem à não imigração
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vídeo de campanha de candidato da LIga Norte às eleições de 25 de Maio cria polémica em Itália.
TEXTO: “Meus amigos conterrâneos, digo-vos com o coração, não venham a Itália para sofrer de fome”. A frase em português é dita por um imigrante angolano num vídeo de campanha de um candidato às eleições europeias pela Liga do Norte, partido italiano de direita. Além do angolano, quatro outros imigrantes receberam 50 euros cada um para apelar aos que pensam imigrar para Itália para não o fazerem, perante a pobreza e desemprego no país. Os cinco imigrantes, também da Índia, Paquistão, Sri Lanka, Angola e de um país árabe não identificado, são as caras do vídeo de campanha de Angelo Ciocca, candidato pela Liga do Norte às eleições europeias pela região nordeste. Foi pedido aos imigrantes que deixassem um apelo, na sua língua materna, previamente combinado com a produção do vídeo, aos seus conterrâneos. “Este é um país que está a passar por uma grave crise económica, as coisas não funcionam há anos para nós imigrantes”, diz um dos homens. “Itália, juntamente com a Espanha e a Grécia é o país mais pobre da Europa”, acrescenta outro. Um terceiro alerta que “ser imigrante em Itália é passar fome e desespero”. É ainda pedido aos que pensem imigrar para o país para não pagarem a “traficantes [de seres humanos], porque são assassinos”. O candidato da Liga do Norte também faz uma declaração a fechar o vídeo, numa espécie de balanço do que até ali foi dito. “É por esta razão que eu, Angelo Ciocca, decidi colocar-me na liderança da lista da Liga do Norte ao Parlamento Europeu, para me opor à imigração ilegal”. Publicado no passado dia 7, o vídeo do candidato da Liga do Norte, que se bate por um “projecto de repulsão da imigração ilegal”, tem suscitado críticas em Itália. Angelo Ciocca defende-se. À BBC, sublinhou que os imigrantes fizeram o vídeo de bom grado mas admitiu que as frases ditas foram da sua autoria. O objectivo é que o vídeo chegue aos países de origem da maioria dos imigrantes que chegam a Itália mas também que a sua candidatura saia vencedora nas eleições de 25 de Maio. Questionado sobre o jornal La Stampa se o vídeo era uma provocação, Ciocca afirmou que “não se trata de uma provocação mas de um serviço público”. Numa mensagem publicada na sua conta de Twitter argumentou ainda que os imigrantes que surgem no vídeo "fizeram um trabalho que os italianos não querem fazer". Nos últimos meses, o número de pessoas que tentam chegar à costa do território italiano, a partir do Norte de África, tem aumentado. Em alguns casos revelam-se mortais, com os ocupantes de frágeis e inseguras embarcações a não conseguir chegar a terra. A Liga do Norte tem pegado nesta situação para reforçar a sua conhecida campanha contra a imigração ilegal. O líder do partido, Matteo Salvini, pediu mesmo a suspensão das operações de salvamento no Mediterrâneo por considerar que estas encorajam a imigração. Alguns membros da Liga do Norte têm-se visto envolvidos em fortes polémicas. Em Junho de 2013, Dolores Valandro, conselheira municipal em Pádua, Norte de Itália, foi afastada do cargo pelo conselho nacional do partido depois de ter publicado no Facebook uma mensagem de indignação sobre a tentativa de violação por um homem africano de duas raparigas. Numa mensagem escrita na rede social, apelou à violação da ministra da Integração italiana, uma italiana de origem congolesa, de 49 anos, que se tornou a primeira mulher negra a integrar um governo em Itália. Antes, Mario Borghezio, eurodeputado da Liga Norte, tinha-se referido à coligação do primeiro-ministro Enrico Letta no poder como o “governo bonga-bonga” e a Kyenge como alguém que parece ser “uma boa dona de casa mas não uma ministra”.
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Étnia Africano
"Este é um filme sobre os mecanismos da violência"
O sueco Göran Olsson realiza um filme sobre a violência. Colonial, policial, doméstica. Ou qualquer outra, que perdure e obedeça a um padrão. A Respeito da Violência passa na quarta-feira na Aula Magna, em Lisboa. (...)

"Este é um filme sobre os mecanismos da violência"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O sueco Göran Olsson realiza um filme sobre a violência. Colonial, policial, doméstica. Ou qualquer outra, que perdure e obedeça a um padrão. A Respeito da Violência passa na quarta-feira na Aula Magna, em Lisboa.
TEXTO: Violência física: a que explode na linha da frente ou sobre as populações. Violência verbal: a que brota da mente dos colonizadores. Violência silenciosa: a mais perturbadora e difícil de compreender. Em comum: o serem um produto do colonialismo em África que Frantz Fanon, o filósofo, psiquiatra e revolucionário marxista anti-colonialista, natural da Martinica, descreve como “violência no seu estado natural”, “violência que só sucumbirá quando confrontada com uma violência maior”. O choque que Fanon, um descendente de escravos, sente na sua chegada a França transforma-se num desejo de entender a colonização. A sua tese Peles Negras, Máscaras Brancas (1952) é rejeitada por uma universidade francesa. O seu livro Os Condenados da Terra, escrito em plena Guerra da Argélia, é banido em França em 1961, ano em que o ensaísta morre com uma leucemia, com apenas 36 anos. A partir dessa obra, ou através dela, Göran Hugo Olsson realizou Concerning Violence/A Respeito da Violência (2014), título dado por Fanon a um dos capítulos de Os Condenados da Terra. O filme foi aplaudido pela crítica em França como “um testemunho denso e espantoso sobre as guerras de descolonização em África” (Le Monde), portador de “uma actualidade incendiária” (Libération). O IndieLisboa organiza uma sessão especial do filme e que será seguida de debate, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, esta quarta-feira, 29 de Abril. Esta semana chega também às salas de cinema. A Respeito da Violência: Nove cenas de auto-defesa anti-imperialista é um tributo, uma ilustração de Os Condenados da Terra, diz, no prefácio do documentário, a professora Gayatri Chakravorty Spivak da Universidade de Columbia, que, em certos aspectos, compara Frantz Fanon a Du Bois e a Mandela. Sobre imagens de um arquivo histórico único da televisão sueca – que captam a transformação imposta em África pelas revoluções e as independências – ecoam as palavras de Fanon. São excertos do capítulo Concerning Violence e de dois outros, Colonial War e Mental Disorders, lidos por Lauryn Hill, cantora e actriz norte-americana. Como estes: “O homem colonizado encontra a sua liberdade na violência”; “A violência ilumina porque aponta para os meios e para os fins”. Voz para um profetaOuvir não é o mesmo que ler. “Tudo o que quero é que as pessoas ouçam este homem”, diz Göran Olsson (n. 1965, Lund, na Suécia). O realizador está ao telefone, a partir de Oslo. “Fanon era um psiquiatra, e por isso era tão interessante. Fala da alma, da mente, dos efeitos psicológicos da violência. ”Por isso, a escolha da voz era tão crucial. “Lauryn Hill estava na prisão [a cumprir pena por evasão fiscal], quando lhe escrevi uma carta a perguntar se podia considerar fazer a voz. Ela respondeu logo a dizer: ‘Não vai acreditar. Estou na prisão a ler Fanon na minha cela’. Ela já era leitora de Fanon, e eu sabia disso. Por isso lhe fiz esse pedido. Ela realmente entendeu o texto”, conta o realizador ao PÚBLICO. “Este é um filme sobre a violência estrutural, sobre o mecanismo da violência e não apenas sobre a violência colonial. É sobre o que acontece quando uma pessoa está exposta a uma violência que perdura". É quando a brutalidade ou a opressão obedecem a um padrão. “Como a violência policial nos Estados Unidos, ou a violência doméstica na Suécia. Penso que os mecanismos não são os mesmos, mas semelhantes", continua. “Fanon não reflectiu apenas sobre a colonização. Queria fazer algo a esse respeito”, frisa Gayatri Spivak no prefácio. Como psiquiatra, “Fanon empregou o seu tempo e perícia a curar os que foram alvo de violência”, nota. E sugere: “É no contexto do rescaldo do colonialismo que se deve considerar cuidadosamente a tragédia do que se vê neste filme. ”Registo intemporal Tragédia ou tragédias, também de hoje. “Sim, ele era um profeta. Se as pessoas o ouvissem, não penso que teríamos hoje o autoproclamado Estado Islâmico, com a violência que vemos. Uma violência que nós classificamos como ‘não compreensível’”, continua Göran Olsson, que antes realizou The Black Power Mixtape (1967 – 1975), também com os arquivos da televisão sueca. Em Concerning Violence, já projectado em festivais mas também em salas, por exemplo, em Londres, o realizador começou por pensar juntar à recolha de arquivo imagens filmadas hoje. No fim, debruçou-se exclusivamente sobre películas de arquivo. “Estas são imagens que se podem traduzir para os dias de hoje, entendidas na perspectiva presente. ”Em sintonia com aquilo que era a posição neutra da Suécia, fora da NATO e de apoio às independências em África, a televisão sueca recolheu entrevistas e captou momentos das lutas de libertação ainda em curso nesta última fase, como as de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Na maioria das vezes, atrás da câmara estavam Robert Malmer e Ingela Romare – a dupla que realizou documentários como The Birth of a Nation (1973), que regista a declaração unilateral da independência pelo PAIGC, ou In Our Country the Bullets Begin to Flower (1971), sobre Moçambique. Com imagens escolhidas desse imenso arquivo – “este material tem a qualidade de filmes documentários, não é material noticioso” – o realizador acompanha as ideias de Fanon. E fá-lo num “registo de intemporalidade”. Em vida Fanon assistiu à independência do Gana (em 1957) e de vários outros países (em 1960). Mas não viveu para ver o que se seguiu. Concluiu Os Condenados da Terra nas últimas semanas antes de morrer. A obra, que Olsson sentiu que não podia deixar de tratar em filme, quando a releu em 2012, evoca “o saque de recursos naturais”, "os muitos assassínios”, mesmo os que não tinham ainda acontecido: Martin Luther King é assassinado em 1968, Amílcar Cabral em 1973, Thomas Sankara em 1987 – o revolucionário e primeiro Presidente do Burkina Faso, conhecido como o “Che africano”, que criticou o FMI e recusou a ajuda alimentar, foi morto num golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos e pela França. Mugabe, libertador “Entristece-me perceber que Fanon viu tantas coisas e que muito poucas pessoas prestaram atenção ao que ele disse. O saque de recursos naturais continua e ainda mais hoje na nova estrutura global com as companhias a substituírem-se aos estados”, diz Olsson. “Na Nigéria, onde vimos a corrupção, o petróleo, é claro que temos o Boko Haram. Não é difícil perceber porquê. Era possível ver isto antes de acontecer. A reacção ao que acontece na Nigéria ou no Iraque é racional. Não defendo o que a Frente Islâmica está a fazer. Mas para pararmos isto temos de perceber o que estão a fazer”, justifica o realizador. “Os privilégios baseados na cor foram-se. Se [os colonos] perceberem isso, podem ficar. ” É Robert Mugabe quem fala, o ainda Presidente do Zimbabwe, antes do activista Tonderai Makoni que dá corpo à luta, dizendo ter-se tornado indiferente à tortura nos cinco anos em que esteve na prisão, em imagens a preto e branco. As declarações de líderes ou revolucionários cruzam os sorrisos desprendidos de colonos de fato e chapéu a jogar golfe ou a descansar em piscinas onde criados negros servem refrescos. Um fazendeiro que chama “estúpido” ao criado que o serve, explica numa entrevista que vai ser impossível continuar a viver neste país: “O mundo inteiro apoia os terroristas. ”Na cena a que o realizador dá o título Pobreza de Espírito, um casal de missionários na Tanzânia, com trabalhadores negros em fundo, regozija-se pela presença do cristianismo e expansão das suas igrejas em aldeias destruídas onde não existe uma escola ou um hospital. As entrevistas alternam com imagens de guerra, ou de greves de trabalhadores, como os que se revoltaram em 1966 na companhia mineira Lamco na Libéria: os sindicalistas são levados para a temida cadeia de Belle Yella ou as suas famílias deixadas à sua sorte, no meio da noite, depois de expulsas do complexo industrial onde viviam. Ao lado de MPLA e FrelimoO material de arquivo inclui uma incursão com o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) em Cabinda, entrevistas a guerrilheiros e jovens guerrilheiras na Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) “ao serviço do povo”, porque “a luta armada é a única forma de alcançarem os seus direitos”. Num hospital, uma jovem mãe e o seu bebé são filmados depois de um bombardeamento com napalm sobre uma aldeia durante a guerra que opunha as forças coloniais portuguesas à Frelimo em Moçambique. A expressão silenciosa da violência é a mais perturbadora, diz Göran Olsson. Mãe e bebé ficaram feridos. “O dano não é compreensível. É tão profundo e tão terrível”, insiste o realizador. “A cena é absolutamente horrível. Mas eu sabia que a queria ter no filme. É muito importante. Ao termos uma imagem como esta não podemos não a usar por ser demasiado violenta. Seria autocensura. ”O relato da explosão da bomba feito por um residente, na cena anterior, não é único. A cena no hospital é. Seria preciso mostrá-la. “Isto é o que acontece quando se lança uma bomba", defende Olsson. Na cena Derrota, os destroçados são também portugueses: o corpo ferido de um soldado jaz no chão, enquanto se ouve Vai dizer à minha mãe que eu não vou p’rá guerra, da canção de Luís Cília O canto do desertor. A câmara capta o momento em que, na cerimónia da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, em Setembro de 1973, os presentes, em silêncio, ouvem um discurso de Amílcar Cabral. Na cena final, de novo as palavras de Fanon: “Para muitos de nós, o modelo europeu era o mais inspirador. Mas quando procuramos a humanidade na técnica e no estilo da Europa, vemos apenas uma sucessão de negações da humanidade. ” E ainda: “A Europa assumiu a liderança do mundo com ardor, cinismo e violência. Vejam como a sombra dos seus palácios se alonga e multiplica. Temos de nos livrar da escuridão pesada em que fomos lançados, e deixá-la para trás. ”
REFERÊNCIAS:
Religiões Cristianismo
Desta vez, até para a extrema-direita Milo Yiannopoulos foi longe demais
Declarações antigas a defender pedofilia foram recuperadas, levando-o a demitir-se do Breitbart News onde era editor. Contrato milionário com editora também cai após cancelamento de participação em conferência com Trump e Pence. (...)

Desta vez, até para a extrema-direita Milo Yiannopoulos foi longe demais
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.086
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Declarações antigas a defender pedofilia foram recuperadas, levando-o a demitir-se do Breitbart News onde era editor. Contrato milionário com editora também cai após cancelamento de participação em conferência com Trump e Pence.
TEXTO: Acabou-se o namoro da direita norte-americana com a estrela da alt right Milo Yiannopoulos. Desta vez, o teor das afirmações do polémico colunista britânico em relação à normalização e aceitação do abuso de menores custaram-lhe um negócio milionário com uma editora para a publicação do seu livro, levaram-no a apresentar a demissão do Breitbart News, onde era editor, e valeram críticas da ala mais conservadora da política norte-americana, que até agora tinha dado carta branca às posições discriminatórias do editor do site Breitbart News sob o pretexto da liberdade de expressão. As declarações polémicas constam de uma gravação de um vídeo de live-streaming que circulou durante este fim-de-semana. Nas imagens gravadas durante uma emissão do podcast Drunken Peasants, Yiannopoulos relativiza os crimes de pedofilia e expressa aprovação sobre as relações sexuais entre rapazes de 13 anos e homens mais velhos, que considera poderem ser “ experiências tremendamente positivas”. "Ajuda os rapazes a descobrir quem são e dá-lhes segurança, uma relação com um amor e um tipo de estabilidade que eles não têm com os pais”, defende Yiannopoulos. E falando sobre os escândalos de abuso de menores na Igreja Católica nos Estados Unidos, o polemista graceja e responde que foi graças a um padre que melhorou as suas técnicas de sexo oral. "Pedofilia não é a atracção sexual em relação a alguém com 13 anos que é sexualmente maturo. Pedofilia é a atracção por crianças que ainda não atingiram a puberdade", continua, discutindo "a noção de consentimento" como "opressiva" e afirmando que “a idade de consentimento não é uma questão de preto no branco”. Esta segunda-feira, a editora Simon & Schuster e a sua marca editorial Threshold Editions anunciaram que, “depois de uma ponderação cuidadosa”, decidiu cancelar publicação do livro: Dangerous (Perigoso), uma obra autobiográfica de Yiannopoulos que tinha data prevista de chegada às bancas para 13 de Junho, e pela qual autor teria recebido adiantadamente 250 mil dólares (cerca de 236 mil euros) no final de 2016, escreve o Guardian. Esta terça-feira, uma pesquisa do título do livro na loja online Amazon conduzia a um endereço não disponível, deixando por isso de ser possível reservar a compra da obra. Antes disso já tinha sido retirado o convite para participar na Conferência da Acção Política Conservadora (Conservative Political Action Conference) que lhe tinha sido feito pelo actual líder da União Conservadora Norte-Americana, Matt Schlapp. O responsável pela organização considerou que os esclarecimentos que Yiannopoulos prestou através do Facebook sobre a sua defesa da pedofilia foram "insuficientes". "Devido à publicação de um vídeo ofensivo nas últimas 24 horas aprovando a pedofilia, a União Conservadora Norte-Americana decidiu rescindir o convite", explicou Schlapp, rejeitando a presença de Yiannopoulos no evento que contará com o Presidente e o vice-presidente dos EUA, Donald Trump e Mike Pence. "Continuamos a pensar que a CPAC é um fórum construtivo para controvérsias e desacordos entre os conservadores, mas entre nós não há discórdia sobre os males do abuso sexual de crianças", acrescentou. "@ACUConservative has decided to rescind the invitation of Milo Yiannopoulos to speak at #CPAC2017. " pic. twitter. com/sVWGnPCW7CNa sua página de Facebook, Milo Yiannopoulos começa por lembrar aos leitores que é homossexual e que também foi vítima de abuso sexual quando era menor, sublinhando o seu “repúdio por adultos que abusam sexualmente de menores”. Reconhece, no entanto, que o vídeo que circula desde o fim-de-semana mostra uma mensagem diferente, e atribuí ao seu “sarcasmo britânico e tom de humor provocatório”, os mal-entendidos. Acrescenta que as pessoas “lidam de formas diferentes com o seu passado”. Reconhece que a escolha das suas palavras “não foi a melhor”. Ainda assim, esta publicação segue uma anterior que, no ponto seis, reitera que “relações entre jovens e homens mais velhos podem ajudar um jovem gay a encontrar o apoio e entendimento que não encontram em casa". "Isto é perfeitamente verdade e todos os gays o sabem. Mas não estava a falar de nada ilegal nem me referia a rapazes pré-adolescentes”, escreve. “Já passei por pior. Isto não me vai derrotar”, assevera. Esta não é a primeira vez em tempos recentes que a presença de Milo num evento é cancelada. No início do mês, a Universidade da Califórnia em Berkeley cancelou a palestra onde Yiannopoulos iria falar depois de um protesto de centenas de alunos, que degenerou em episódios de vandalismo. Nessa altura, Robert Reich, professor da universidade e secretário do Trabalho de Bill Clinton, contava à CNN que tinha estado presente nos protestos e que acreditava que as acções mais violentas tinham sido executadas por membros da extrema-direita, exteriores à universidade, que apoiam o editor do Breitbart News e que queriam espalhar o caos no campus. Quando soube do cancelamento da presença de Yiannopoulos, Donald Trump chegou mesmo a ameaçar cortar o financiamento da universidade, alegando tratar-se de um atentado à liberdade de expressão. “Devoto” apoiante de Donald Trump, a quem chama de “papá”, Milo Yiannopoulos é tudo menos alguém fácil de entender. O escritor britânico de 33 anos, editor do site Breitbart News, é um nome cada vez mais conhecido pelas suas polémicas (e confusas) declarações. Homossexual assumido, judeu filho de pai grego e mãe britânica, Yiannopoulos assume-se como "ultra-conservador" e surpreende pelo seu discurso preconceituoso, patriarcal, racista, sexista, misógino e de ódio. Apesar de expressar a sua preferência sexual por homens negros, o “privilégio” termina na cama e rapidamente encontramos comentários e acções que celebram a supremacia branca. Foi expulso definitivamente do Twitter por incentivar ataques a uma actriz afro-americana - Leslie Jones, da nova versão de Ghostbusters - e criou de uma bolsa de estudo reservada exclusivamente a homens caucasianos, a Privelege Grant. Yiannopoulos considera o Black Lives Matter um movimento “extremista” e é um forte crítico grupos feministas e LGBT. Afirma que “agarrar as partes privadas de uma mulher não é abuso sexual”, mas sim “uma forma de as mulheres dizerem que alguém expressou interesse sexual nelas”, citando exemplos de histórias de abusos sexuais em universidades e diz que “as mulheres deviam aceitar ser apalpadas e não fazer queixa, tentando destruir a reputação dos rapazes”. Na sexta-feira, por exemplo, no programa da HBO Real Time With Bill Maher, Yiannopoulos disse que o feminismo era “uma doença” e que as pessoas transgénero eram “o equivalente a sociopatas”, num discurso analisado pelo Huffington Post e que rebate as afirmações de Yiannopoulos com números que provam a sua falsidade. Autor de textos como “Pílulas contraceptivas tornam as mulheres feias e loucas” ou “Preferia que o seu filho tivesse feminismo ou cancro?”, escreveu ainda um “guia para a alt-right”, uma designação nova para um movimento velho: a extrema-direita. Nos seus discursos e publicações - que ganham voz no Breitbart News (site até há pouco tempo era liderado pelo actual conselheiro-chefe da Casa Branca, Stephen Bannon), Yiannopoulos advoga que as mulheres que tomam a pílula ameaçam a masculinidade dos homens, destroem a instituição do casamento, causam o divórcio e defende o fim de métodos contraceptivos para “combater o crescimento da população muçulmana”. Diz ainda que as mulheres “estão mais deprimidas” desde que passaram a integrar o mercado de trabalho, “mas não têm coragem de se suicidar”. Acrescenta ainda que “a luta pela igualdade de géneros é absurda” e “não, as mulheres não podem ter tudo”, sendo que o “tudo” são os mesmos direitos que os homens. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “No Ocidente, as mulheres começam a aparecer em posições de domínio nos media, artes, na área académica, na política, é só escolher”, critica. O resultado? “Os melhores astrofísicos, matemáticos, filósofos, compositores e jogadores de xadrez irão desaparecer”, uma vez que, acrescenta, “os homens são igualmente felizes a jogar um videojogo ou a resolver enigmas do Universo e vão optar pelo entretenimento se não estiverem interessados em impressionar uma mulher”, acredita. Ainda assim, acredita que tal não irá acontecer “porque o QI das mulheres é inferior” e “se a civilização caísse nas mãos das mulheres ainda viveríamos em casas de palha”. O dia terminou com o pedido de demissão por parte de Milo Yiannopoulos do Breitbart News: "Estaria errado ao permitir a minha má escolha de palavras desvalorizar o importante trabalho dos meus colegas", justificou em comunicado.
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Entidades EUA
Anti-semitismo está vivo entre os europeus e um terço sabe muito pouco sobre o Holocausto
Uma sondagem da CNN em sete países revela um grande sentimento de antipatia pela comunidade judaica. Uma em cada 20 pessoas nunca ouviu falar sobre o Holocausto. Organizações contra o anti-semitismo dizem que os resultados são “assustadores”. (...)

Anti-semitismo está vivo entre os europeus e um terço sabe muito pouco sobre o Holocausto
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.04
DATA: 2018-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma sondagem da CNN em sete países revela um grande sentimento de antipatia pela comunidade judaica. Uma em cada 20 pessoas nunca ouviu falar sobre o Holocausto. Organizações contra o anti-semitismo dizem que os resultados são “assustadores”.
TEXTO: Um estudo publicado esta terça-feira pelo canal de televisão norte-americano CNN revelou que os estereótipos anti-semitas continuam vivos na Europa e que a memória do Holocausto se está a desvanecer. Líderes de organizações contra o anti-semitismo e membros dos governos europeus dizem que os resultados são “assustadores” e “deploráveis”. A sondagem conta com um universo de 7000 europeus, espalhados pela Áustria, França, Alemanha, Reino Unido, Hungria, Polónia e Suécia – países onde o anti-semitismo ainda tem lugar e com um passado ligado ao Holocausto e aos horrores da II Guerra Mundial. Um terço dos entrevistados confessaram saber muito pouco ou nada sobre a morte de mais de seis milhões de judeus levada a cabo pelo Terceiro Reich, de Adolf Hitler. Um em cada 20 nunca ouviu falar sobre o Holocausto. Ainda que tenha acontecido apenas há 75 anos e milhares de sobreviventes estejam vivos para contar a sua história, o estudo revela que a memória do Holocausto se está a perder entre os mais novos. Em França, uma em cinco pessoas entre os 18 e os 34 anos disse nunca ter ouvido falar do genocídio judeu. Já na Áustria, país natal de Hitler, 12% dos entrevistados da mesma faixa etária disseram o mesmo. Metade dos europeus inquiridos revelaram saber o que foi o Holocausto, mas apenas uma em cinco pessoas diz saber muito sobre o assassinato em massa de milhões de judeus na Alemanha nazi. O diplomata Felix Klein, encarregado de combater o anti-semitismo no governo de Berlim, disse à CNN que na base da luta está “manter a memória do Shoah [Holocausto] viva” e promover “uma cultura de lembrança”. Klein comprometeu-se a “encorajar outros governos a criar funções” semelhantes às suas, porque o “anti-semitismo é uma ameaça a qualquer sociedade democrática”. Dois terços dos europeus também consideram importante manter a memória do Holocausto viva, para evitar que a História se repita. Este número aumenta para 80% na Polónia, onde foi construído o campo de concentração mais mortífero do regime nazi, Auschwitz. Metade dos inquiridos disse que as celebrações do Holocausto ajudam a combater a onda de anti-semitismo na Europa, mas um terço considera que os judeus utilizam o genocídio como forma de obter poder e de atingir os seus objectivos. Para além disso, o mesmo número de pessoas na Alemanha, Áustria, Polónia e Hungria pensa que as comemorações desviam a atenção de outras atrocidades modernas. Cerca de 55% dos europeus reconhecem que a onda anti-semita é um problema nos seus países — 40% revelaram que os judeus estão em risco de ser alvo de ataques racistas e metade dos inquiridos considera que o Governo devia ser mais activo na luta contra o anti-semitismo. Ainda assim, 46% dos entrevistados dizem que o sentimento anti-semita nos seus países é consequência das acções de Israel e do comportamento da comunidade judaica, que usam o Holocausto para justificar os seus actos. O presidente do Congresso Judeu Europeu, Moshe Kantor, observa que é “extremamente problemático” o facto de os europeus atribuírem culpa aos judeus pelo ódio que lhes é dirigido: “Legitimar o anti-semitismo já é mau, mas deslegitimar o direito dos judeus de lutarem contra esta opressão é absolutamente intolerável. ”“Em França, o aumento do número de actos anti-semitas, bem como homofóbicos, é uma preocupação urgente do Governo”, disse a ministra para a Igualdade de Género, Marlène Schiappa, que classificou os resultados do estudo como “alarmantes”. O número de ataques anti-semitas em França subiu quase 70% nos primeiros nove meses do ano, segundo um comunicado do primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, publicado no início de Novembro. Já no Reino Unido, foram registados 727 incidentes com contornos anti-semitas nos primeiros seis meses de 2018, o segundo maior número alguma vez verificado, segundo um relatório do Fundo de Segurança da Comunidade Judaica da região. Feita a média aos entrevistados dos sete países, só uma em cada dez pessoas afirma abertamente ter uma atitude desfavorável ante os judeus. A CNN resume este sentimento numa frase: “Não sou anti-semita, mas. . . ”A atitude anti-semita dos europeus revela-se antes nos estereótipos atribuídos aos judeus: uma em quatro pessoas considera que os judeus têm demasiada influência no campo dos negócios e das finanças, enquanto uma em cinco pessoas lhes atribui demasiada influência nos media e na política. Contudo, 56% dizem nunca ter conhecido um judeu. Esta crença é particularmente visível nas estimativas dos entrevistados para a população judaica no mundo: 20%, disseram dois terços dos inquiridos. Na verdade, apenas 0, 2% da população mundial é de origem judaica, segundo um estudo do Pew Research Center. A presidente do Fundo Educacional do Holocausto, Karen Pollock, disse em comunicado que o estudo “confirma o aumento do número de pessoas que acreditam em estereótipos anti-semitas” e demonstra a sua “decepcionante falta de conhecimento sobre o Holocausto”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para Pollock, a chave está na educação e na partilha de conhecimento dos sobreviventes, cada vez menos e muitos já de idade avançada. Avner Shalev, presidente do Yad Vashem, o memorial de Israel para relembrar os judeus mortos no Holocausto, é da mesma opinião. “O resultado da sondagem prova a necessidade de aumentar os esforços na área da educação sobre o Holocausto, essencial no combate ao anti-semitismo”, disse, em comunicado. O presidente da Agência Judaica, Isaac Herzog, disse que o anti-semitismo é “uma das mais antigas doenças”, que, à semelhança do racismo, tem de ser “combatida antes que se torne uma epidemia”. Em comunicado, apelou aos líderes mundiais para que “arregacem as mangas e trabalhem contra os sinais preocupantes do anti-semitismo” em vários países: a “doença” tem de ser “arrancada pela raiz”. Texto editado por Pedro Rios
REFERÊNCIAS:
Étnia Judeu
De manicure activista a “putinha terrorista”, Lyz Parayzo faz arte de guerrilha através do corpo
Já invadiu exposições, já foi censurada, já passou por importantes instituições das artes do Brasil. É um dos nomes mais entusiasmantes e desafiadores de uma nova geração de artistas brasileiros – vamos vê-la no Maus Hábitos a partir de dia 15, na exposição colectiva Adorno Político. (...)

De manicure activista a “putinha terrorista”, Lyz Parayzo faz arte de guerrilha através do corpo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já invadiu exposições, já foi censurada, já passou por importantes instituições das artes do Brasil. É um dos nomes mais entusiasmantes e desafiadores de uma nova geração de artistas brasileiros – vamos vê-la no Maus Hábitos a partir de dia 15, na exposição colectiva Adorno Político.
TEXTO: Lyz Parayzo não pediu licença para entrar no circuito artístico brasileiro. Começou o seu percurso a invadir exposições da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde estudava, com “trabalhos-surpresa” e acções performativas centradas no seu corpo. Traçou “um plano de guerrilha”. Na primeira intervenção, Secagem Rápida (2015), colou numa casa de banho fotografias do seu ânus esticado pelas suas mãos, com unhas pintadas de cor-de-rosa. Foi censurada. Ao segundo trabalho, despediram-na do cargo de educadora. Ao terceiro, desligaram as luzes a meio da performance. Ameaçaram-na de expulsão. Entretanto, começou a ser convidada para mostrar os seus projectos em galerias e museus. No ano passado, participou na muito falada (e muito polémica) exposição colectiva Histórias da Sexualidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). É das poucas artistas transgénero presentes em colecções de museus brasileiros: está no Museu de Arte Contemporânea de Niterói e no Museu de Arte do Rio. Sem invasões, vamos poder ver Lyz Parayzo (n. 1994) na exposição Adorno Político, de 15 de Novembro a 20 de Janeiro no Maus Hábitos, no Porto – apresenta-se também com uma performance, Manicure Política, na noite de inauguração, e uma palestra, A Vênus de Cor, no dia 17, seguida da exibição do minidocumentário Parayzo. Com curadoria de Tales Frey, Adorno Político reúne obras de artistas brasileiros de diferentes gerações, abrangendo os territórios da performance, body art, vídeo, fotografia. Estão aqui vários “lugares de fala” e “singularidades diversas”, nota o curador. Neste “grupo heterogéneo”, o que liga os artistas são os seus corpos e existências fora da norma; corpos historicamente subalternizados na esfera política, social, artística. Questões relacionadas com o sexismo, o racismo, a LGBTfobia e as heranças da colonização atravessam esta exposição – e são temas indissociáveis da prática artística militante de Lyz Parayzo. “O meu trabalho começou num lugar de activismo, mas como estudava numa escola de arte, o activismo ganhou um carácter artístico”, explica. A par da performance, tem vindo a trabalhar com objectos escultóricos a que chama de “jóias bélicas”, e através das quais ensaia “extensões” do seu corpo. O corpo, esse, está sempre lá. É uma “questão de sobrevivência”. “Ainda não consegui fazer um trabalho sem colocar o meu corpo nele porque estou num lugar de urgência. O meu trabalho está muito ligado à minha vida. Faço porque preciso de fazer. ”Pessoa trans não-binária, criada numa família pobre, começou a invadir inaugurações de exposições no Parque Lage – que integravam obras de alunos mas também de artistas consagrados – como uma forma de se “posicionar politicamente” dentro de um espaço, físico e simbólico, que excluía identidades como a dela. Uma dessas performances-protesto foi EAV AVE YZO, materializada numa fanzine em que criticava medidas da administração da escola, como a criação de uma cantina gourmet com preços nada acessíveis para estudantes de classes mais baixas. Em cópias do menu da cantina, entre a barriga de porco cozida lentamente com sálvia, o entrecôte grelhado no sal grosso com manteiga béarnaise e batatas rústicas ou o galeto no limão siciliano, Lyz carimbou a palavra “fome” a letras garrafais, alternando com uma reflexão sobre a censura nas artes visuais brasileiras. A artista voltaria a abordar as questões de classe, sempre num diálogo com o corpo e as suas possíveis extensões em adornos e indumentária, na performance Fato-Indumento (a tal em que desligaram as luzes a meio). “No Rio de Janeiro, muitas galerias ainda são de famílias de oligarcas que trabalham com arte. São lugares muito higienizados e que não lidam bem com um trabalho de activismo que foge a lógicas mercantilistas”, observa Lyz, para quem “as relações de classe” no meio artístico ficaram “logo muito claras” no início da sua carreira. “Há uma herança colonial e fica bem marcado nesses espaços quem tem um lugar de prestígio. ”A crítica institucional é uma constante nos seus projectos. Nessa “linha”, diz, está Putinha Terrorista, uma série de flyers (alguns deles expostos em Adorno Político) criados a partir da estética dos panfletos de prostituição do Rio de Janeiro, em que os números de telefone e os endereços são, neste caso, das galerias onde Lyz já expôs. “O meu trabalho sempre implicou borrar as fronteiras do que é oficial ou institucional. Com estes folhetos quis falar sobre a prostituição da imagem de certos corpos subalternizados, inclusive dentro da arte”, afirma a artista. “Comecei a colocar também coisas do meu quotidiano, mais politizadas, sobre feminismo, relações de trabalho violentas, colonização, racismo, como a mesticinha na arte brasileira, sempre vista como objecto pintado por brancos. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Comissário(s):Tales Frey Artista(s):André Parente, Andressa Cantergiani, Élle de Bernardini, Gal Oppido, Joana Bueno, Lenora de Barros, Letícia Parente, Lyz Parayzo, Marcela Tiboni, Nino Cais, Priscilla Davanzo, Rafael Bqueer, Renan Marcondes, Suelen Calonga e Tiago Sant’Ana Porto. Maus Hábitos - Rua Passos Manuel, 178. T. 222087268. De 15 de Novembro até 20 de Janeiro de 2019. Terça das 12h00 às 24h00; Quarta e quinta das 12h00 às 02h00; Sexta e sábado das 12h00 às 04h00; Domingo das 12h00 às 17h00. Grátis. Fotografia, Objectos, Vídeo. Apesar de tudo, considera que nos últimos anos tem havido progresso, muito por causa de políticas afirmativas para a educação, que permitiram aumentar o acesso às universidades de pessoas não-brancas e de classes baixas, e também por causa de um movimento feminista, negro e queer que tem ganho protagonismo dentro da produção artística brasileira. “Muitos destes corpos ostracizados não são mais objectos; são sujeitos. Tivemos agora, por exemplo, a exposição Histórias Afro-Atlânticas no MASP, o museu mais importante do país”, assinala. “Há um esforço descolonial em repensar estas instituições. Algumas fazem direito, outras não. Quando digo ‘fazer direito’ é destruir um capital simbólico, não é continuar a fazer homenagem a esses corpos num lugar de fetiche. É ver esses artistas a fazer o seu trabalho, a falarem por si. ” Daqui para a frente, com um governo de extrema-direita no país, a questão é mesmo perceber se esse caminho não vai ser brutalmente interrompido – Jair Bolsonaro já disse que o activismo “não é benéfico” e que quer “acabar com isso”. “Melhorou, mas não sei como vai ser agora”, diz Lyz Parayzo. “Mais do que censura, acho que vai passar por não dar dinheiro para a cultura. ”Não se sabe muito bem o que vai acontecer, mas a artista acredita que o activismo não vai deixar de existir, nem que seja “em espaços independentes”. E é isso que ela vai continuar a fazer nas performances Manicure Política, cujo próximo capítulo acontece no Maus Hábitos. Neste projecto, que começou em 2016 na Torre H, prédio abandonado na Barra da Tijuca desenhado pelo arquitecto Oscar Niemeyer, Lyz monta o seu Salão Parayzo e pinta as unhas de rosa a quem quiser. “Tem esse lado lúdico da manicure, mas também há a conversa: falo sobre como o género é performativo e uma construção social, não uma determinação biológica, falo sobre as várias possibilidades de existir no mundo… É também um trabalho de consciencialização. ”
REFERÊNCIAS:
Dez sugestões para (não) se perder nas Festas de Lisboa
Espectáculos, tradições, ciclos, exposições, arraiais e festivais. São centenas as propostas a partir de 1 de Junho. Aqui tem uma dúzia, à vontade do freguês e quase sempre sem pagar. (...)

Dez sugestões para (não) se perder nas Festas de Lisboa
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Espectáculos, tradições, ciclos, exposições, arraiais e festivais. São centenas as propostas a partir de 1 de Junho. Aqui tem uma dúzia, à vontade do freguês e quase sempre sem pagar.
TEXTO: Marchar, marcharA exibição dos marchantes (e do bairrismo) é ponto alto e inescapável de quaisquer Festas de Lisboa. Todos os bairros querem levar para casa o troféu de melhor marcha popular e esmeram-se nos arcos, na música, nas coreografias. Quanto ao público, pode já começar a ensaiar, para entoar com eles, a Grande Marcha de Lisboa que o jornalista Augusto Madureira escreveu para este ano, intitulada Lisboa, alegre e triste. É que a competição não é tão cerrada que impeça que todos cantem uma mesma canção, como manda a tradição desde os anos 1930. Altice Arena (exibição)De 7 a 9 de Junho, às 21h. Bilhetes a 6€Avenida da Liberdade (desfile)Dia 12 de Junho, às 21h. GrátisPraça do Império e Jardim Vieira Portuense (marchas infantis)Dia 15 de Junho, às 17h. GrátisArraiais, arraiais, arraiaisParece não haver canto da cidade sem o seu arraial e as festas invadem Lisboa pelos bairros tradicionais e não só. Sardinha assada, caldo verde, bailaricos fazem a santa trilogia. Depois, há mil e uma variações, mais ou menos modernas, com música para todos os gostos. Especialmente das vésperas do dia de Santo António e pelo fim-de-semana fora, não faltam propostas. Eis algumas:Santa Maria Maior (Alfama, Baixa, Castelo, Mouraria): Centro Cultural Dr. Magalhães Lima no Largo do Salvador, Grupo Desportivo da Mouraria no Largo da Severa, Grupo Sportivo Adicense na Calçadinha da Figueira, Sociedade Boa União no Beco das CruzesSão Vicente: Centro de Cultura Popular de Santa Engrácia na Calçada dos Barbadinhos, Voz do Operário (e pelos largos de São Vicente e Graça)Graça: Arraial da Vila BertaMisericórdia: Corpo Nacional de Escutas Agrupamento 48 Santa Catarina Espaço do Olival, Grupo Desportivo Zip Zip e no Marítimo Lisboa ClubeEstrela: Grupo Dramático Escolar “Os Combatentes” na Rua do Possolo, Rua Vicente Borga, Jardim de Santos, Praça da Armada, Largos do Chafariz da Esperança e Vitorino DamásioAlcântara: Academia de Santo AmaroCampolide: Associação Viver Campolide na Rua de Campolide, Quinta do Zé Pinto, frente ao Parque de estacionamento da EMELAlvalade: Arraial de Santo António – Santos Populares em Alvalade (Parque de Jogos 1. º de MaioBenfica: Associação Recreativa de Moradores e Amigos do Bairro da Boavista na Rua das AzáleasCarnide: Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas do Bairro Padre Cruz no Largo junto ao Auditório Natália Correia e no Carnide Clube no Largo do CoretoOlivais: Associação Desportiva e Cultura da Encarnação e Olivais, Grupo Musical “O Pobrezinho” e Ingleses Futebol ClubeParque das Nações: Grupo Recreativo CentieirenseIr à sardinhaComê-las no pão ou no prato faz parte da festa. Vê-las também. A exposição 100% Sardinha mostra quanta criatividade pode caber neste peixe tão popular – ou melhor, na sua silhueta. Alojamento local, plástico no mar e feminismo são alguns dos temas tratados pelos desenhadores, profissionais ou amadores, que participaram no concurso (este ano, até escolas entraram na corrida). Espaço TrindadeDe 1 a 30 de Junho, das 14h às 22h. GrátisFazer coro com o fadoSe a cultura lisboeta radica no fado e o Castelo de São Jorge é obrigatório no postal, nada como juntar os dois num ciclo de concertos. Mais do que convidar artistas, o Fado no Castelo tem-lhes lançado desafios originais. Este ano, cabe a Ana Moura e Raquel Tavares mostrarem o resultado da junção das suas vozes às do grupo Sopa de Pedra e do Gospel Collective, respectivamente. Castelo de São JorgeDias 14 (Moura) e 15 de Junho (Tavares), às 22h. GrátisViajar ao JapãoNem tudo é Lisboa nas festas. O Festival do Japão convida a viajar a este país através das expressões culturais nipónicas, sejam tradicionais ou modernas. Em demonstrações, workshops e espectáculos, há lugar para cosplay, artes marciais, música, gastronomia e muito mais. Jardim Vasco da GamaDia 22 de Junho, das 14h às 22h. GrátisAndar a Com'PaçoAs bandas filarmónicas não faltam à chamada. São elas que protagonizam o ciclo Com'Paço, levando a espaços públicos da cidade repertórios variado, da música clássica à mais popular. Este ano, chegam de Alcácer do Sal, Coruche, Crato, Lisboa, Oliveira de Azeméis e Paredes. E vão andar pelos jardins da Estrela e do Arco do Cego até ao grande concerto final, com 400 músicos a homenagearem Fernão de Magalhães na Alameda D. Afonso Henriques. Jardim da Estrela, Largo Arco do Cego e Alameda D. Afonso HenriquesDia 22 de Junho, às 17h30 (jardins) e 22h (Alameda). GrátisEntrar no arraialNão há freguesia sem seu arraial. Nem véspera de Santo António que os dispense. Mas há um que sobressai pela diferença, pelo colorido e pela afluência (em 2018, recebeu cerca de 70 mil pessoas): o Arraial Lisboa Pride. Convoca gente de todos os géneros e orientações para uma maratona de celebração da liberdade, da igualdade e da diversidade. Além do palco, a que sobem artistas como Johnny Hooker, Batida ou Da Chick, proporciona uma imensa pista de dança e uma série de actividades paralelas, sem esquecer um Arraialito para as crianças e um Arraial Maior para os seniores. Praça do ComércioDia 22 de Junho, das 16h às 4h. GrátisIr à quinta ver filmesFilmes ao ar livre, de qualidade, a custo zero. São estas as razões de sucesso do Cineconchas, o ciclo de cinema que todos os anos convida a visitar à noite o Parque da Quinta das Conchas e dos Lilases. Outro bom motivo é a variedade: há títulos para todos os gostos e idades. A 12. ª edição abre com a A Revolução Silenciosa de Lars Kraume e fecha com Como Treinares o Teu Dragão: O Mundo Secreto. Entre eles, são projectados na tela gigante Hunter Killer, Ralph vs Internet, Todos Sabem, Viúvas, Green Book - Um Guia para a Vida, Cold War - Guerra Fria e Bohemian Rhapsody. Quinta das ConchasDe 27 e Junho a 13 de Julho. Quinta a sábado, às 21h45. GrátisCelebrar a diversidadeFoi há 20 anos que se realizou, pela primeira vez, a Festa da Diversidade. Por um lado, procura “trazer para o espaço público o trabalho desenvolvido por muitas associações e artistas da periferia"; por outro, “combater qualquer tipo de discriminação (. . . ), o preconceito, o racismo, a xenofobia, a homofobia e o machismo”. A música, a dança, a gastronomia e os discursos contribuem para os propósitos. Ribeira das NausDias 29 e 30 de Junho. Sábado, das 16h à 1h: domingo, das 16h às 24h. GrátisSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ouvir variações de VariaçõesAna Bacalhau, Conan Osiris, Lena d’Água, Manuela Azevedo, Paulo Bragança e Selma Uamusse a cantar António Variações com a Orquestra Metropolitana de Lisboa? Sim, no concerto inédito que encerra oficialmente as Festas de Lisboa. Ao palco vai a reinterpretação de um punhado de canções do artista que, nos anos 1980, fez música “entre Braga e Nova Iorque” e marcou o seu tempo por estar à frente dele. Na ficha técnica de António & Variações entram também o coro Gospel Collective, o acordeonista João Gentil e, na orquestração, Filipe Melo, Filipe Raposo e Pedro Moreira. Jardim da Torre de BelémDia 29 de Junho, às 22h. GrátisO seu roteiro de espectáculos, exposições, festas e muito mais
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Quando a literatura pode mudar a sociedade
O escritor mineiro Luiz Ruffato foi o herói da cerimónia oficial da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que começa nesta quarta-feira e em que o Brasil é o país convidado. Arriscou, pôs o dedo na ferida e foi aplaudido de pé. (...)

Quando a literatura pode mudar a sociedade
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O escritor mineiro Luiz Ruffato foi o herói da cerimónia oficial da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que começa nesta quarta-feira e em que o Brasil é o país convidado. Arriscou, pôs o dedo na ferida e foi aplaudido de pé.
TEXTO: Para o brasileiro Luiz Ruffato “escrever é um compromisso”. O autor de “Estive em Lisboa e lembrei-me de ti” (que é editado em Portugal pela Quetzal e Tinta da China) quer “afectar o leitor”, modificá-lo, para transformar o mundo. “Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias”, disse nesta terça-feira, na cerimónia oficial de abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que este ano tem o Brasil como país convidado. O escritor de Minas Gerais foi escolhido para ser o orador literário da cerimónia de boas vindas ao país convidado ao lado da presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, naquela que é a mais importante feira mundial do sector e que nesta quarta-feira abre portas. Fez um discurso que não deixou ninguém indiferente, mostrando como o Brasil é um “país paradoxal”: “Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edénicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. ”Falou do genocídio histórico dos índios, que em 1500 eram quatro milhões e hoje são 900 mil, das desigualdades sociais, da violência, do racismo, afirmando que a história do Brasil se tem alicerçado “quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença”. No final havia gente a aplaudir de pé. Emocionou, por exemplo, a mais importante agente literária brasileira, Lucia Riff, uma das veteranas de Frankfurt, e foi ao encontro do que pensa o escritor brasileiro Paulo Lins, autor de Cidade de Deus e de Desde que o Samba é Samba (ed. Caminho), que se sentiu muito bem representado e para quem o discurso do colega mostrou “o Brasil como ele é”. “A gente fica passando essa visão debaixo do pano, ele falou somente a verdade”, disse ao PÚBLICO, surpreendido com a opinião daqueles que consideraram não ser a Feira do Livro de Frankfurt o lugar para se fazer um discurso daquele tipo argumentando que só iria aumentar o estereótipo. “Não seria o lugar?! Mas qual seria o lugar, no congresso nacional brasileiro? Ainda mais tendo os escritores um compromisso com a verdade. ” Também o escritor Cristovão Tezza, autor do premiadíssimo O Filho Eterno (ed. Gradiva) disse ao PÚBLICO ter sentido o discurso de Luiz Ruffato como “muito autêntico e verdadeiro”, alegando que não reforçava o cliché. Luiz Ruffato começou com uma interrogação pertinente: "O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso. ” Lembrou o “mito corrente” da chamada “democracia racial brasileira”, de que não houve “dizimação, mas assimilação dos autóctones”. “Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um facto indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas – ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos. ” Silêncio na sala. O escritor continuou. “Até meados do século XIX, cinco milhões de africanos negros foram aprisionados e levados à força para o Brasil. Quando, em 1888, foi abolida a escravatura, não houve qualquer esforço no sentido de possibilitar condições dignas aos ex-cativos. Assim, até hoje, 125 anos depois, a grande maioria dos afrodescendentes continua confinada à base da pirâmide social: raramente são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, executivos, jornalistas, artistas plásticos, cineastas, escritores. ” E lembrou que 75% de toda a riqueza brasileira se encontra nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Disse que “quem mais está exposto à violência não são os ricos que se enclausuram atrás dos muros altos de condomínios fechados, protegidos por cercas eléctricas, segurança privada e vigilância electrónica, mas os pobres confinados em favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos. ”Lembrou que são “machistas”, ocupam “o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica”, e que são “hipócritas”, sendo reveladores os casos de intolerância em relação à orientação sexual : “O local onde se realiza a mais importante parada gay do mundo, que chega a reunir mais de três milhões de participantes, a Avenida Paulista, em São Paulo, é o mesmo que concentra o maior número de ataques homofóbicos da cidade. ”Mas o discurso de Ruffato em Frankfurt terminou com optimismo. Além de referir a conquista da sua geração, a democracia, voltou à pergunta inicial: “O que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida? Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contacto, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens humanos violência filho racismo social prostituição sexual mulheres doméstica gay escravatura infantil
Presidente da Libéria e Nobel da Paz defende criminalização da homossexualidade
Numa entrevista conjunta com o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, que se mostrou incomodado mas não fez comentários, a Presidente da Libéria e Nobel da Paz Ellen Johnson Sirleaf defendeu uma lei que criminaliza a homossexualidade. “Gostamos de nós da maneira como somos”, disse. (...)

Presidente da Libéria e Nobel da Paz defende criminalização da homossexualidade
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa entrevista conjunta com o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, que se mostrou incomodado mas não fez comentários, a Presidente da Libéria e Nobel da Paz Ellen Johnson Sirleaf defendeu uma lei que criminaliza a homossexualidade. “Gostamos de nós da maneira como somos”, disse.
TEXTO: A entrevista foi dada ao diário britânico Guardian e Ellen Johnson Sirleaf defendeu a legislação que, na Libéria, criminaliza a “sodomia voluntária” com um ano de prisão. “Temos certos valores tradicionais na nossa sociedade que gostaríamos de preservar”, defendeu a Presidente da Libéria que em 2011 recebeu o Nobel da Paz juntamente com outras duas mulheres africanas. O prémio foi-lhe atribuído pelo seu trabalho em defesa dos direitos das mulheres na Libéria, que a elegeu Presidente em 2006 e reelegeu no ano passado. Um antigo procurador-geral da Libéria, Tiawan Gongloe, considerou em declarações ao Guardian que, para a Presidente, tentar descriminalizar a homossexualidade seria “um suicídio político”, uma vez que Sirleaf não dispõe de um Governo maioritário e “precisa desesperadamente do apoio do parlamento para resolver questões ligadas à corrupção, exploração de recursos naturais e desemprego entre os jovens”. Blair, ao lado de Ellen Johnson Sirleaf, ficou visivelmente incomodado, garante o Guardian, mas recusou comentar as afirmações. O antigo primeiro-ministro britânico visitou a Libéria enquanto fundador da Iniciativa para a Governação em África, uma organização que tem como objectivo ajudar a fortalecer as capacidades dos governos africanos. Perante as afirmações da Presidente liberiana, um jornalista perguntou a Blair se a boa governação e os direitos humanos não andam de mãos dadas, mas esta questão não teve resposta. “Uma das vantagens de fazer o que faço agora é poder escolher os temas que abordo e aqueles que não. Para nós, as prioridades estão relacionadas com electricidade, estradas, empregos”, disse o antigo chefe do Governo britânico. Enquanto primeiro-ministro, Blair impulsionou legislação sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo e levantou a proibição de homossexuais nas forças armadas. Chegou mesmo a apelar ao Papa, depois de se converter ao catolicismo, para que repensasse as suas posições e defendesse a igualdade de direitos para os homossexuais. Mas agora, adiantou o Guardian, disse não estar preparado para se envolver nesta questão, enquanto conselheiro dos líderes africanos. Na Libéria não tem havido condenações ao abrigo da lei que criminaliza a “sodomia voluntária”, segundo um relatório divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano. No entanto, grupos anti-gay promoveram recentemente duas novas propostas legislativas que tornarão mais severas as penas a aplicar aos homossexuais, as quais poderão chegar aos cinco anos de prisão, ou mesmo dez anos no caso da proposta defendida pela ex-mulher do antigo Presidente Charles Taylor, Jewel Howard Taylor, que considerou a homossexualidade “uma ofensa criminosa”. Actualmente a homossexualidade é considerada ilegal em 37 países africanos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei humanos suicídio mulher prisão sexo igualdade mulheres desemprego gay ilegal
Está de regresso o Porto Femme, o festival de cinema “onde a mulher é a peça central”
Segunda edição do festival decorre de 18 a 22 de Junho no Porto. Pela primeira vez há uma competição dedicada às estudantes. (...)

Está de regresso o Porto Femme, o festival de cinema “onde a mulher é a peça central”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segunda edição do festival decorre de 18 a 22 de Junho no Porto. Pela primeira vez há uma competição dedicada às estudantes.
TEXTO: A 2. ª edição do Porto Femme - Festival Internacional de Cinema arranca esta terça-feira, 18 de Junho, no Porto, com música, exposições, workshops e filmes, “onde a mulher é a peça central”. A associação cultural XX Element Project promove, em quatro espaços da cidade até sábado, dia 22 de Junho, “trabalhos artísticos realizados por mulheres” e evidencia “os direitos das mulheres e da igualdade de género”, pode ler-se no site da organização. Um total de 116 filmes produzidos em países europeus, americanos, asiáticos e africanos serão apresentados nas salas do Cinema Trindade, no hotel Selina Porto e no espaço cultural Maus Hábitos. A entrada é livre, excepto nas sessões do Trindade. O Porto Femme conta com 16 filmes em competição nacional, de realizadoras como Catarina Mourão, Catarina Neves Ricci, Cristéle Alves Meira, Leonor Noivo, Joana Toste e Margarida Madeira, e 53 em competição internacional, entre longas e curtas de ficção, documentários e filmes experimentais, de realizadoras como Clara Santaolaya, de Espanha, Stephanie Cabdevila, de França, Cecilia Albertini e Erica Scoggins, dos EUA, Delphine Le Courtois, do Canadá, e Rafaela Salomão, do Brasil. Entre os filmes em exibição está Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias, de Regina Pessoa, distinguido no passado domingo com o Prémio do Júri, no festival de Annecy, em França, o principal certame dedicado ao cinema de animação. Nesta edição, estreia-se a competição Estudante, que “dá espaço a 29 filmes para serem mostrados e discutidos, abrindo potenciais portas para as novas cineastas pelo país fora”, avaliados e premiados por um júri. A competição XX Element, com 18 filmes, apresenta obras de “homens realizadores com equipas compostas por mulheres actrizes principais ou que ocupem cargos técnicos importantes”, explica a organização. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os workshops “Realização no Cinema”, pela realizadora Raquel Freire, e “A Câmara e o Actor”, pela cineasta Inês Oliveira, e a exposição colectiva O Prazer é todo Meu, das ilustradoras Clara Não e Cara Trancada compõem as actividades desta edição. Actuações dos grupos musicais Pedaço Mau e Palmers, no bar Barracuda - Clube de Roque, animam as sessões de abertura e encerramento do Porto Femme. No último dia, a cineasta Monique Rutler, realizadora de Velhos São os Trapos, será homenageada com o prémio Mulher-Cineasta, por ser considerada “uma das realizadoras mais importantes do pós-25 de Abril”, diz o comunicado. A 1. ª edição do Porto Femme, que decorreu de 30 de Maio a 3 de jJnho de 2018, recebeu “393 filmes oriundos de 42 países”, segundo a organização, e premiou 21 obras cinematográficas.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE