EDP instala energia renovável em campo de refugiados do Quénia
O campo de refugiados de Kakuma, no Quénia, com mais de 50 mil pessoas, vai passar a funcionar com base em energia renovável, dentro de um ano, segundo um projecto lançado hoje pela EDP em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), actualmente liderado por António Guterres. O grupo português propõe-se instalar painéis solares fotovoltaicos, aerogeradores, lâmpadas eficientes, bombas de água, fornos solares, purificadores de água e redimensionar os geradores diesel de Kakuma, de forma a criar “melhores condições para o funcionamento de escolas, hospitais e outras instalações da ... (etc.)

EDP instala energia renovável em campo de refugiados do Quénia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2009-09-25 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20090925020500/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1402267
TEXTO: O campo de refugiados de Kakuma, no Quénia, com mais de 50 mil pessoas, vai passar a funcionar com base em energia renovável, dentro de um ano, segundo um projecto lançado hoje pela EDP em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), actualmente liderado por António Guterres. O grupo português propõe-se instalar painéis solares fotovoltaicos, aerogeradores, lâmpadas eficientes, bombas de água, fornos solares, purificadores de água e redimensionar os geradores diesel de Kakuma, de forma a criar “melhores condições para o funcionamento de escolas, hospitais e outras instalações da agência humanitária”, anuncia a EDP em comunicado. A companhia diz ainda que tenciona recorrer à aquisição de bens e serviços locais “sempre que possível”, para a construção deste projecto, orçado em 1, 3 milhões de euros, e admite que não está afastada a hipótese de a aquisição de equipamentos vir a ser feita em parceria com entidades locais ou internacionais. Está ainda prevista a capacitação local com recurso às organizações não governamentais e outras instituições parcerias do ACNUR, enquanto a manutenção dos equipamentos deverá ser feita pelos próprios beneficiários. O projecto, que deverá ficar concluído até Outubro de 2010, prevê ainda a reflorestação com espécies nativas e a plantação de produtos hortícolas e frutícolas. O objectivo da EDP é que este projecto-piloto, apresentado na conferência anual da Clinton Global Initiative possa servir de exemplo para outros campos de refugiados e “comunidades remotas carenciadas”. “O êxito deste projecto-piloto contribuiria, entre outras coisas, para melhorar as condições de vida dos refugiados, em particular dos mais vulneráveis, como as mulheres e crianças em termos de segurança, alimentação, educação e saúde”, sublinha a empresa. O ACNUR está presente em 116 países assegurando os direitos básicos a 42 milhões de pessoas em zonas de conflito.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos campo educação mulheres humanitária
Merkel admite papel da política de refugiados em derrota eleitoral
Chanceler alemã mantém que a decisão de abrir porta a quem fugia da guerra foi "certa", mas está a pagar o preço político com o seu partido a ficar pela primeira vez atrás dos populistas anti-imigração da AfD no estado-federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. (...)

Merkel admite papel da política de refugiados em derrota eleitoral
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 9 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-09-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chanceler alemã mantém que a decisão de abrir porta a quem fugia da guerra foi "certa", mas está a pagar o preço político com o seu partido a ficar pela primeira vez atrás dos populistas anti-imigração da AfD no estado-federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
TEXTO: A decisão de abrir as portas da Alemanha a milhares de refugiados parados numa estação de caminhos-de-ferro em Budapeste no ano passado está a ter um cada vez maior custo político para a chanceler alemã, Angela Merkel. A política de refugiados é considerada um dos factores fundamentais para o resultado das eleições no pequeno estado-federado (Land) de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (Nordeste), em que a CDU de Merkel ficou em terceiro lugar, atrás dos populistas anti-imigração da Alternativa para a Alemanha (AfD). Quebrando a regra de não falar de questões internas em viagens de Estado, Angela Merkel fez uma declaração aos jornalistas à margem do G20, em Pequim, onde se mostrou desagradada com o resultado e reconheceu a ligação. “Naturalmente teve qualquer coisa a ver com a política de refugiados”. Mas Merkel mantém-se firme na sua posição: “Acho que a decisão foi certa. ”No entanto, ainda declarou: “Todos devem agora reflectir no que podemos fazer para voltar a ganhar a confiança [dos alemães], naturalmente e em primeiro lugar, eu também. ”Merkel já sobreviveu a vários revezes em eleições em estados-federados ao longo dos 11 anos em que é chanceler. Além disso, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental é um estado-federado de 1, 5 milhões de habitantes, não muito significativo num país de mais de 80 milhões. Mas o resultado das eleições de domingo é muito significativo: com 20, 8%, a AfD conseguiu ultrapassar a CDU de Merkel que se ficou pelos 19%, fazendo com que quase ninguém fale do verdadeiro vencedor, o Partido Social-Democrata (SPD), com 30, 8%. Além disso, este é o círculo eleitoral onde Merkel é eleita directamente desde a década de 1990, é tradicionalmente dominado pelos democratas-cristãos, e nunca a AfD tinha ficado à frente da CDU numa eleição num Land (nas eleições na Saxónia Anhalt em Março já tinha conseguido um segundo lugar, mas atrás da CDU). Este é o nono estado-federado em que o partido obteve representação parlamentar. Ironicamente, o medo dos refugiados, ou a sensação de que estes têm melhor tratamento pelo Estado do que os alemães, é dos motivos mais invocados pelos eleitores do partido, nota uma análise do Frankfurter Allgemeine Zeitung, mesmo que este estado-federado seja dos que menos estrangeiros tem e dos que menos refugiados recebeu durante o último ano. “Nenhum outro partido para além da AfD se opôs à política de Merkel, e assim, todos os que estão descontentes e que dão grande importância à questão, votaram nesse partido”, nota ao Público por email Carsten Koschmieder, professor de Ciência Política da Universidade Livre de Berlim. Os populistas – na Alemanha discute-se como chamar a este partido; se é certo que é populista e de direita, a caracterização de extrema-direita é usada só por alguns – olham com optimismo para as eleições do Outono de 2017. “Finalmente temos de novo uma oposição real”, disse Leif-Erik Holm, o cabeça de lista da AfD no estado-federado, reagindo aos resultados. “A única questão que interessa aos eleitores é a política irresponsável de migração”, disse, concluindo: “Talvez hoje seja o início do fim de Angela Merkel como chanceler. ”A imprensa dividiu-se entre críticas e conselhos à chanceler. “Esta já não foi uma pequena eleição num estado-federado, isto foi uma eleição sobre Merkel”, escreve a revista Der Spiegel num comentário. “Nunca a chanceler esteve sob uma pressão tão grande”, diz a revista. Avisa: “Se não trouxer pragmatismo, tornar-se-á um fardo para os democratas-cristãos. ”Já o diário Süddeutsche Zeitung aconselha Merkel a clarificar a sua política de refugiados (como irá ser feita a integração, quando no primeiro ano muito foi feito por cidadãos e associações locais), e a investir nas regiões que precisam. O objectivo do défice zero não pode continuar a ser sacrossanto, defende: “Onde as pessoas têm perspectivas, a AfD tem menos hipóteses”, argumenta. Sem negar o significado para Merkel e as suas políticas de refugiados, o analista político da Universidade de Colónia Thomas Jäger acrescenta outra crítica: “Ela vai ser durante muito tempo fustigada por permitir o surgimento de um partido à direita dos conservadores”, uma enorme mudança na paisagem política alemã, onde o peso da História foi impedindo o avanço deste tipo de formações. “Mas ninguém no partido tentará derrubá-la”, garante, em declarações à agência Reuters.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Nova lei do asilo ameaça direitos dos refugiados
Parecer da Comissão Nacional de Protecção de Dados faz uma análise demolidora das alterações que o Governo quer introduzir à lei de asilo (...)

Nova lei do asilo ameaça direitos dos refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parecer da Comissão Nacional de Protecção de Dados faz uma análise demolidora das alterações que o Governo quer introduzir à lei de asilo
TEXTO: As alterações que o Governo quer introduzir à lei de asilo para a adaptar às directivas europeias ameaçam os direitos de quem precisa deste tipo de protecção, diz o Conselho Português para os Refugiados. Entre outras entidades, o anteprojecto de proposta de lei foi submetido pelo Ministério da Administração Interna à apreciação da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), que dele faz uma análise demolidora. O organismo responsável pela defesa da privacidade dos cidadãos considera "particularmente gravoso" que o Conselho Português para os Refugiados (CPR) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) deixem de ser obrigatoriamente ouvidos, como sucedia até aqui, sobre os relatórios elaborados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras relativamente a cada pedido de asilo. Ao querer reduzir o papel destas duas organizações não governamentais nos pedidos de asilo, explica o mesmo parecer, o Governo prejudica os candidatos ao estatuto de refugiado, uma vez que a intervenção do ACNUR e do CPR nestes processos passa a ficar dependente da manifestação de vontade do recém-chegado nesse sentido. "É evidente que ele se encontra em posição vulnerável. O desconhecimento da língua e da lei podem constituir constrangimentos impeditivos do regular exercício de direitos fundamentais", recorda a CNPD. Este organismo salienta ainda que "se há uma área em que Portugal se destaca de forma positiva é precisamente na integração de imigrantes e asilados", sendo a lei que o Governo agora pretende modificar "um exemplo de boa prática legislativa", pelas garantias que confere aos refugiados. "Note-se que todas as directivas transpostas prevêem a possibilidade de manutenção de disposições mais favoráveis, desde que compatíveis" com as alterações que têm de ser introduzidas no direito nacional, refere ainda o mesmo documento. Outra das mudanças introduzidas na actual lei pelo Ministério da Administração Interna prende-se com a recolha obrigatória das impressões digitais de todos os candidatos a protecção internacional com mais de 14 anos, com vista à integração destas informações na base de dados europeia Eurodac, que permite aos países da UE ajudar a identificar os requerentes de asilo, bem como as pessoas que foram interceptadas por ocasião da passagem ilegal de uma fronteira externa da União. O anteprojecto de diploma prevê ainda a possibilidade de determinação da idade dos menores que cheguem sozinhos a Portugal através de um "exame pericial". "Tal só pode ser entendido como um exame com incidência em dados de saúde, dados particularmente protegidos por via da sua inclusão no elenco de dados sensíveis e que estão sujeitos a um regime particular ao nível do direito de acesso", aponta a Comissão da Protecção de Dados, chamando a atenção para o melindre desta disposição: "Estamos perante uma situação em que o consentimento é solicitado a um menor não acompanhado, eventualmente em situação de particular vulnerabilidade" - o que levanta sérias dúvidas sobre a capacidade de dar o seu consentimento ao exame pericial. A presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, diz que, a ir por diante na forma em que está, a nova lei ameaça os direitos dos candidatos a asilo. "Estou preocupada, porque seria um retrocesso nos seus direitos e garantias", observa, adiantando que o anteprojecto só chegou às suas mãos depois de o ter solicitado ao secretário de Estado da Administração Interna, e não por iniciativa deste. O facto de a nova lei "concentrar os poderes decisórios no Governo, deixando de haver nos processos a intervenção legitimamente consagrada de uma organização independente do poder político" é visto por esta responsável como muito negativo. "Com a transposição das directivas europeias, parece que se aproveitou a oportunidade para retirar regalias aos refugiados e tornar a lei mais fechada", critica. "Quero crer que haverá bom senso de não ir com isto para a frente", acrescenta, ao mesmo tempo que assegura não decorrer das directivas comunitárias o afastamento dos processos de asilo de uma organização do CPR, que em 2000 recebeu o prémio Direitos Humanos atribuído pela Assembleia da República. O PÚBLICO tentou durante os últimos dias obter informações sobre a nova lei de asilo junto do Ministério da Administração Interna, mas sem sucesso.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
ONU considera abrir centros para refugiados no Norte de África e Médio Oriente
O processamento dos pedidos de asilo fora do território da UE seria uma resposta ao número crescente dos que querem chegar à Europa em barcos. (...)

ONU considera abrir centros para refugiados no Norte de África e Médio Oriente
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: O processamento dos pedidos de asilo fora do território da UE seria uma resposta ao número crescente dos que querem chegar à Europa em barcos.
TEXTO: Pela primeira vez as Nações Unidas estão a considerar abrir, no Norte de África e no Médio Oriente, centros para refugiados que querem chegar à Europa, de forma a diminuir os trágicos naufrágios de barcos que transportam essas pessoas, diz o diário britânico The Guardian. A ideia está longe de ser consensual. Responsáveis levantaram essa hipótese num momento em que a melhoria do tempo faz com que cada vez mais pessoas arrisquem a viagem de barco – e este ano já cerca de 60 mil pessoas o fizeram, segundo números da agência europeia de protecção de fronteiras, Frontex. O aumento deve-se também à crescente brutalidade e destruição na Síria em guerra. O director do Alto-Comissariado da ONU para os refugiados para a Europa, Vincent Cochetel, explicou ao Guardian que a agência “não seria totalmente contra um processamento externo se houvesse certas salvaguardas: direito de recurso, processo justo, direito de permanência enquanto decorre o recurso”. A União Europeia, acrescentou Cochetel, não encontrou mecanismos eficazes para impedir as mortes no mar, fixando-se em controlos fronteiriços mais rigorosos e não em vias seguras de passagem. “Sem meios seguros e legais de chegada à Europa, as pessoas são cada vez mais empurradas para as mãos de contrabandistas e traficantes, e são forçadas a arriscar as suas vidas em barcos que não foram feitos para viajar no mar”, disse pelo seu lado a Amnistia Internacional. “Isto não pode funcionar”, comentou Judith Sunderland da Human Rights Watch (HRW), em relação aos centros de processamento fora dos países europeus. “Em teoria, a HRW não tem problemas com a criação de canais de acesso a asilo na União Europeia fora deste espaço, mas não se consegue imaginar que haja condições na Líbia, no Egipto, ou em Marrocos. ”As autoridades europeias que lidam com a chegada dos barcos sobrelotados de pessoas desesperadas por fugir dos seus países dizem sentir-se abandonadas por Bruxelas e repetidamente pedem uma “partilha do fardo”. A Grécia, que já reforçou a fronteira terrestre com a Turquia e está agora a receber muito mais imigrantes por mar, está também a pressionar para a criação destes centros que analisem os pedidos de asilo dos migrantes antes que estes cheguem à Europa. Os gabinetes de análise de pedidos poderiam estar por exemplo na Turquia, “para ver quem é elegível ou não antes das pessoas entrarem em barcos e porem em risco as suas vidas a passarem as nossas fronteiras”, disse o ministro grego da Marinha Miltiadis Varvitsiotis. O país tem actualmente a presidência rotativa da União Europeia e segue-se a Itália, que também tem interesse numa política de imigração europeia e já disse que vai exigir acção aos seus parceiros europeus. “Podemos deixá-los ir”Com o sistema actual em vigor na União Europeia, quem quer pedir asilo tem de o fazer no país de chegada. O ministro do Interior de Itália, Angelino Alfano, ameaçou durante a campanha das europeias “simplesmente deixá-los ir [aos requerentes de asilo]” de Itália para outros países. A Itália não pode “tornar-se a prisão dos refugiados que querem ir para o Norte da Europa”. Muitos chegam a países em que não querem ficar, como Grécia, Itália, ou Malta. Mas mesmo que as autoridades dos países não os impeçam de sair, outros o poderão fazer de modo mais discreto: a revista Der Spiegel contava, num artigo de 2012, que agentes alemães, oficialmente “consultores de documentos”, estavam estacionados em terminais de aeroportos e ferries da Grécia para verificar eventuais imigrantes irregulares, e que cada avião vindo da Grécia para a Alemanha era alvo de especial escrutínio. Enquanto a UE fez um esforço para harmonizar os critérios para a atribuição de asilo, eles continuam variáveis, e as taxas de aprovação dos países são muito diferentes. Por exemplo, segundo dados do Eurostat de 2012 em relação a decisões de primeira instância relativas a pedidos de asilo, a Alemanha processou 58 mil pedidos concedendo estatuto de refugiado apenas a 17 mil. França recebeu mais pedidos, mas também recusou mais, aceitando apenas cerca de 8600, enquanto Itália recebeu 27 mil e concedeu estatuto de refugiado à maioria, 22 mil. Quando a população entra na equação de pedidos de asilo concedidos por mil habitantes, então, pequenos países como Malta (aceitou 1400 pedidos de asilo entre 1590) ficam à frente.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU UE
Retidos e refugiados
O Mediterrâneo é um mar de mortos ou a passagem mais directa para um “campo de retenção”. Na Europa, surgem por todo o lado os lugares de retenção, qualquer área pode ser convertida em campo (um campo desportivo, instalações industriais desactivadas, o corredor de um aeroporto, etc. ), isto é, num espaço anómico, uma zona cinzenta posta à margem da ordem jurídica normal, onde se dá a intersecção do Estado de direito com aquilo que atenta contra ele. Em suma: onde tudo é possível. O “campo de retenção” funciona como uma plataforma preparatória de expulsão dos estrangeiros indesejáveis e, sobre o que lá se passa, o... (etc.)

Retidos e refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
TEXTO: O Mediterrâneo é um mar de mortos ou a passagem mais directa para um “campo de retenção”. Na Europa, surgem por todo o lado os lugares de retenção, qualquer área pode ser convertida em campo (um campo desportivo, instalações industriais desactivadas, o corredor de um aeroporto, etc. ), isto é, num espaço anómico, uma zona cinzenta posta à margem da ordem jurídica normal, onde se dá a intersecção do Estado de direito com aquilo que atenta contra ele. Em suma: onde tudo é possível. O “campo de retenção” funciona como uma plataforma preparatória de expulsão dos estrangeiros indesejáveis e, sobre o que lá se passa, os Estados europeus preferem guardar silêncio ou, quando se vêem obrigados a falar, usam o eufemismo dos “danos colaterais” de uma política necessária de “controlo dos fluxos” de imigrantes para garantir a segurança. Esta figura do “retido”, o ocupante do “campo de retenção”, é recente — pelo menos, na dimensão que tem hoje — e ainda não ganhou o estatuto político do refugiado. Nem tão-pouco ganhou o estatuto de categoria onde é possível apreender uma das configurações do nosso tempo. Quando Hannah Arendt, em 1943, escreveu um texto que tinha como título We Refugees, publicado numa revista judaica de língua inglesa, ela não só universalizou o refugiado, como o definiu como “a vanguarda do seu povo”. Como o proletariado para Marx, o refugiado foi para Hannah Arendt um novo sujeito da História. Em última análise, Hannah Arendt deu legitimidade a uma nova palavra de ordem que poderia ser assim formulada: “Nós somos todos refugiados”. A condição universal de refugiado corresponderia assim à realização do que o poeta italiano Francesco Nappo escreveu num poema: “La patria sarà quando/ tutti saremo stranieri”. Mas Hannah Arendt deteve-se sobretudo no que a figura do refugiado revelava potencialmente e efectivamente: a necessidade de superar os direitos humanos, tal como eles estavam estabelecidos, porque se tinha tornado evidente que os indivíduos, quando destituídos de cidadania, isto é, quando não pertencentes a nenhum Estado nacional ou quando, para fugir a perseguições e ameaças, fogem para um outro Estado, perdem também a protecção e as imunidades consagradas na declaração dos direitos humanos. A consequência a retirar deste texto de Hannah Arendt sobre os refugiados e de outros sobre o judeu como pária (e foi isso que fez um dos seus leitores, Giorgio Agamben) é a de que sem o pressuposto da cidadania os direitos humanos são uma declaração vazia. O direito adquirido pelo nascimento e pela pertença a um Estado é o último reduto do Estado-nação, cuja sobrevivência já só pode ser assegurada por este factor biopolítico. O retido, para além de estar na base do regresso e da proliferação do “campo” na Europa, sob outras condições (o campo, hoje, já não precisa de estar retirado dos lugares públicos e pode ser instituído e administrado em todo o lado), corresponde a uma outra etapa da moderna política estatal. O retido não substituiu o refugiado. Este continua a multiplicar-se numa altura em que se tornou evidente que a guerra civil mundial é a forma comum da guerra contemporânea. E esta guerra deu origem ao “campo de refugiados”, que é outra modalidade do “campo de retenção”, mas com um objectivo comum: não deixar que o “refugiado” adquira qualquer qualidade política proveniente de um direito de cidadania. Refugiados e retidos tendem assim hoje a confundir-se porque ambos estão devidamente enquadrados por uma política de exclusão e segurança que os obriga a regressar coercivamente ao lugar onde estão votados à morte.
REFERÊNCIAS:
Étnia Judeu
Francisco agradeceu à Jordânia a ajuda que dá aos refugiados sírios
Domingo, segundo dia da viagem à Terra Santa, o Papa estará em Belém e em Jerusalém. (...)

Francisco agradeceu à Jordânia a ajuda que dá aos refugiados sírios
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Domingo, segundo dia da viagem à Terra Santa, o Papa estará em Belém e em Jerusalém.
TEXTO: Uma “solução pacífica” para a guerra na Síria e uma “solução justa” para o conflito israelo-palestiniano – foram estes os primeiros desejos do Papa ao chegar a Jordânia na primeira paragem de um périplo na Terra Santa. Francisco aterrou em Amã, Jordânia, e saiu do avião perante uma fileira de guardas jordanos de trajes longos e kafiyehs a rigor antes de ser recebido pelo Rei Abdullah e pela rainha Rania. Aí, agradeceu as “boas vindas generosas” que o reino hachemita tem dado aos refugiados sírios. “Agradeço às autoridades do reino o que estão a fazer e encorajo-as a continuar os seus esforços para encontrar uma paz duradoura para toda a região. ”A Jordânia colhe 600 mil refugiados registados (já são 10% da população jordana), embora se estime que este seja um número inferior ao real, que será estimado para perto de um milhão e 300 mil. O país abriu recentemente um terceiro campo de refugiados para acolher pessoas que fogem da guerra, que em cerca de três anos deixou já cerca de 160 mil mortos, com um aumento de vítimas concentrado nos últimos tempos (10 mil terão morrido nos últimos dois meses). Já o Rei Abdullah pediu ao Papa que contribuísse para a resolução do conflito: “A vossa humanidade e sabedoria podem ser uma contribuição especial para aliviar a crise dos refugiados sírios e o fardo em países vizinhos como a Jordânia. ”O Papa Francisco tem muitas vezes chamado a atenção para o problema de refugiados, falando mesmo numa “globalização da indiferença” numa visita que fez a Lampedusa, a ilha italiana onde naufragam e morrem centenas de imigrantes que tentam chegar à Europa. “Estamos muito felizes porque ele verá cristãos no mundo árabe, ele ver-nos-á e verá o nosso sofrimento”, disse Nazik Malko, um sírio cristão ortodoxo, antes da marcada ida do Papa a Betânia, para além do rio Jordão. “Esperamos que a paz volte ao mundo e à Síria. ”Cerca de 10% dos 22 milhões de sírios são cristãos, e as minorias religiosas do país temem ataques de extremistas islâmicos. Estimativas mencionam 450 mil cristãos deslocados na Síria ou refugiados noutros países. Antes desta etapa em Betânia, Francisco rezou uma missa num estádio de Amã, falando da necessidade de tolerância e diversidade. “A missão do Espírito Santo é conseguir harmonia e criar paz em situações diferentes e entre povos diferentes”, disse o Papa. “Vamos pedir ao Espírito para preparar os nossos corações para irmos ao encontro dos nossos irmãos e irmãs para que possamos ultrapassar as nossas diferenças enraizadas no pensamento político, na linguagem, cultura e religião. ”Na missa estavam não só refugiados cristãos da Síria mas também do Iraque e dos territórios palestinianos. Na missa, 1400 crianças receberam a primeira comunhão. Francisco declarou ainda o seu apreço pelos anfitriões: “Aproveito esta oportunidade para renovar a minha estima e respeito pela comunidade muçulmana e mostrar o meu apreço pelo trabalho levado a cabo por sua majestade, o rei, que está a promover um maior entendimento entre povos de fé diferente e comunidades de fé diferente”. O rei Abdullah referiu-se à coexistência pacífica entre muçulmanos e cristãos, dizendo que tentou “manter o verdadeiro espírito do islão, o islão da paz”. A viagem marca o 50. º aniversário do encontro histórico entre o Papa Paulo VI e o patriarca de Constantinopla, Athenagoras, que acabou com 900 anos de cisma entre as Igrejas de Ocidente e de Oriente. Este domingo, o Papa irá participar numa celebração ecuménica com os líderes das outras igrejas cristãs na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Mas antes irá a Belém, nos territórios palestinianos, onde celebra uma missa na Praça da Manjedoura. Mas apesar das insistências do Vaticano de que não é assim, a viagem terá inevitavelmente um lado político. Francisco voa da Jordânia directamente para a Cisjordânia e é a primeira vez que um Papa o faz, o Vaticano referiu-se ainda ao Estado da Palestina, o que irrita Israel. Tinha prevista uma ida ao cemitério onde está sepultado Theodor Herzl, o fundador do sionismo moderno, no que a imprensa israelita via como um pedido de desculpas por um erro quando o Papa Pio 1904 recusou a Herzl o pedido de ajuda para fundar um Estado judaico na Palestina, o que irrita os palestinianos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cultura campo rainha ajuda comunidade
Se os oceanos ficarem mais quentes e ácidos, o bacalhau irá tornar-se um refugiado climático
Cientistas da Alemanha e Noruega criaram três cenários para saber como o bacalhau reagirá às alterações climáticas. Para que não mude a sua casa mais para norte, temos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa – problema que começou no domingo a ser discutido na conferência da ONU sobre alterações, este ano na Polónia. (...)

Se os oceanos ficarem mais quentes e ácidos, o bacalhau irá tornar-se um refugiado climático
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas da Alemanha e Noruega criaram três cenários para saber como o bacalhau reagirá às alterações climáticas. Para que não mude a sua casa mais para norte, temos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa – problema que começou no domingo a ser discutido na conferência da ONU sobre alterações, este ano na Polónia.
TEXTO: Cozinhado de infinitas formas, o bacalhau é um hábito em muitas mesas portuguesas. Mas, devido à pesca excessiva, poluição e ao aquecimento global, tem vindo a ficar cada vez mais vulnerável. Preocupados (sobretudo) com as consequências das alterações climáticas no bacalhau-do-atlântico – o que se consome mais em Portugal – e no bacalhau-do-árctico, cientistas da Alemanha e Noruega criaram cenários sobre o que lhes acontecerá caso as emissões de gases com efeito de estufa continuem a subir. Os resultados não deixam dúvidas: caso essas emissões continuem a aumentar, as populações de bacalhau poderão diminuir e mudar o seu habitat mais para norte. Ou seja, podem tornar-se refugiados climáticos, como ilustra esta equipa de cientistas. Viajemos até às águas do Atlântico Norte e do Árctico. Nelas encontramos o bacalhau-do-atlântico (Gadus morhua) e o bacalhau-do-árctico (Boreogadus saida). Ambos gostam de águas bem frias durante a sua reprodução: o bacalhau-do-árctico reproduz-se em águas entre os zero e os 1, 5 graus Celsius, já o bacalhau-do-atlântico prefere águas um pouco mais quentes (mesmo assim muito frias para nós) entre os três e os sete graus Celsius. Como gostam de águas tão geladas, estas espécies ficam vulneráveis às alterações climáticas, que podem tornar as águas do Atlântico Norte e do Árctico mais quentes como resultado da emissão de gases com efeito de estufa. Há ainda o problema da acidificação dos oceanos: quanto mais dióxido de carbono (CO2) houver na atmosfera, mais dióxido de carbono se dissolve nos oceanos. Simplificando: o CO2 e a água ligam-se e formam ácido carbónico, o que acidifica os oceanos. “Isto significa que o bacalhau-do-atlântico e o bacalhau-do-árctico poderão ter um stress duplo no futuro: o seu habitat ficará simultaneamente mais quente e mais ácido”, aponta Flemming Dahlke, ecólogo marinho do Instituto Alfred Wegener (Alemanha) e autor do trabalho publicado na revista científica Science Advances, num comunicado da sua instituição. Foi com estas preocupações que Flemming Dahlke e a sua equipa iniciaram uma investigação para saber quais as consequências das alterações climáticas nessas duas espécies. Para isso, fizeram experiências com ovos do bacalhau-do-atlântico e do bacalhau-do-árctico. Primeiro, apanharam peixes já adultos no mar de Barents e transportaram-nos para instalações no Norte da Noruega. Através deles, tentarem perceber como o bacalhau reage à acidificação e ao aumento da temperatura dos oceanos. E porquê fazer esta experiência durante o desenvolvimento embrionário? Porque nesta fase o bacalhau está particularmente sensível à mudança das condições ambientais. Por exemplo, o bacalhau-do-atlântico adulto aguenta temperaturas dentro dos 20 graus Celsius, enquanto os seus ovos só suportam temperaturas por volta dos três graus Celsius. Já o bacalhau-do-árctico adulto tolera três graus Celsius, mas os seus ovos ficam-se pelos zero e os 1, 5 graus. Voltemos à experiência. Os cientistas observaram como os ovos de bacalhau são sensíveis: um pequeno aumento na temperatura pode provocar a morte de ovos ou causar deformações nas larvas. A situação ainda é mais preocupante quando a água é ácida. Se a água tiver um nível de pH de 7, 7 (mesmo quando as temperaturas são mais baixas), o número de embriões que não sobrevive aumenta entre 20% e 30%. Mas a experiência não terminou aqui. A equipa criou três cenários climáticos para prever como é que os ovos de bacalhau sobreviverão nos oceanos em 2100. No cenário mais gravoso (RCP8. 5) não haverá uma redução de gases com efeito de estufa até ao final do século. Por sua vez, no cenário intermédio (RCP4. 5) existirá uma ligeira redução desses gases. Já num cenário menos gravoso (RCP2. 6) os gases com efeito de estufa serão fortemente reduzidos. “No cenário mais gravoso, ambas as espécies serão muito afectadas porque o aquecimento e acidificação dos oceanos excederão os limites de tolerância dos ovos. As espécies não se poderão reproduzir mais nos sítios onde agora habitualmente o fazem”, diz ao PÚBLICO Flemming Dahlke. “Estas espécies serão forçadas a movimentarem-se para regiões mais frias, o que será difícil para o bacalhau-do-árctico porque prefere temperaturas à volta dos zero graus Celsius. ”Relativamente ao cenário intermédio, os impactos no bacalhau-do-atlântico poderão ser minimizados, mas o bacalhau-do-árctico continuará em perigo. As duas espécies só ficarão a salvo no cenário menos gravoso, ou seja, se a temperatura média global não ultrapassar os 1, 5 graus Celsius em relação ao período pré-industrial e até ao final do século (tal como apontado no relatório divulgado em Outubro do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) e ficar bem abaixo dos dois graus Celsius (como sugerido no Acordo de Paris de 2015, durante a 21ª Conferência das Partes, COP21, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas). A propósito, começou no último domingo e termina a 14 de Dezembro a COP24 em Katovice, na Polónia. As novas tecnologias favoráveis ao clima, a população humana como factor de mudança, o papel da floresta e a adopção de uma decisão que garanta a plena execução do Acordo de Paris são alguns dos assuntos em cima da mesa. “O pacote de implementação dará ao Acordo de Paris uma forma realista, definindo um caminho que cada país decidirá seguir para intensificar os esforços para proteger o clima. Para simplificar, não há Acordo de Paris sem Katovice”, diz a organização da conferência citada pela agência Lusa. Na parte final da conferência, Portugal estará representado pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes. Ao longo da iniciativa também participarão especialistas e ambientalistas portugueses. A indústria, os transportes, os oceanos, as zonas costeiras energia, uso da terra, finanças, consumo responsável, inovação, desporto ao turismo são alguns dos temas que estes especialistas discutirão. Temas que – por estarem relacionados com as alterações climáticas – terão influência na situação do habitat e reprodução do bacalhau. “A tolerância reduzida dos ovos representa um problema crítico para a reprodução do bacalhau-do-atlântico e do bacalhau-do-árctico quando estão sob influência das alterações climáticas”, alerta Flemming Dahlke. “Se as alterações climáticas não forem combatidas, a probabilidade de sobrevivência dos ovos destas espécies poderá reduzir-se em mais de 50%, levando possivelmente a mudanças na distribuição e abundância [das suas populações]. Mas uma ambiciosa redução dos efeitos das alterações climáticas poderá evitar impactos perigosos nestas importantes espécies. ”Portanto, o bacalhau tem um desafio fulcral: encontrar águas com uma temperatura que lhe permita desenvolver os seus ovos. Actualmente, o bacalhau-do-atlântico reproduz-se perto do arquipélago de Lofoten, no Noroeste da Noruega. Depois, as correntes dão uma ajudinha e levam os ovos e as larvas mais para norte, onde há condições de vida ideais para o seu desenvolvimento. “Se as populações de bacalhau-do-atlântico e as suas zonas de reprodução mudarem no futuro mais para nordeste, este peixe irá reproduzir-se, muito provavelmente, num sistema de correntes completamente diferente”, prevê o ecólogo marinho. “Isso pode acontecer, mas ainda não podemos avaliar esses efeitos. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ao longo dos tempos, o bacalhau tem tido uma importância determinante. O bacalhau-do-árctico é o peixe mais abundante no Árctico e é um recurso alimentar essencial para aves, focas e baleias. Já o bacalhau-do-atlântico tem um elevado valor comercial e, em cada ano, são capturadas um milhão de toneladas. Aliás, uma descrição da pesca (e importância para os portugueses) deste peixe foi feita por Alan Villiers, especialista em assuntos náuticos, no livro A Campanha do Argus. “Já só temos isco para mais um dia – disse o capitão Adolfo, fixando o Creoula, ancorado perto de nós. Finalmente, fazia bom tempo e havia bacalhau com fartura”, lê-se numa edição de 2014 da Cavalo de Ferro. Para que o bacalhau não se torne um refugiado climático – além de reduzirmos as emissões de gases com efeito de estufa –, Flemming Dahlke aponta que se deve fazer uma gestão sustentável das pescas para se evitar assim uma pesca excessiva. “Devemos ainda proteger potenciais habitats de refúgio no Árctico da exploração de petróleo e de outras formas de intervenção humana”, avisa o ecólogo antes que seja demasiado tarde.
REFERÊNCIAS:
Quénia quer maior campo de refugiados somalis fora do seu país
Governo dá três meses à ONU para deslocar as 600 mil pessoas em Dadaab para a Somália. (...)

Quénia quer maior campo de refugiados somalis fora do seu país
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 10 Refugiados Pontuação: 13 | Sentimento 0.066
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Governo dá três meses à ONU para deslocar as 600 mil pessoas em Dadaab para a Somália.
TEXTO: Em resposta ao ataque de Garissa, o Governo do Quénia exigiu neste sábado que fosse retirado do país o maior campo de refugiados do mundo. A sua vontade é que os mais de 600 mil refugiados somalis de Dadaab voltem ao seu país. Esta exigência, aliás, surgiu do vice-Presidente William Ruto em forma de ultimato: as Nações Unidas têm três meses para deslocarem o campo, caso contrário será o próprio Governo queniano a fazê-lo. Em causa está o ataque dos islamistas da Al-Shabab à Universidade de Garissa. O ataque durou mais de 12 horas e acabou com a morte de 148 pessoas, a grande maioria delas estudantes cristãos. O Governo queniano já antes acusara os combatentes da Al-Shabab de se esconderem no campo de refugiados somalis de Dadaab, a cerca de cem quilómetros da Somália, e agora quer retirá-lo do país. Até ao final da tarde, o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) não se havia ainda pronunciado sobre a exigência queniana. O ataque a Garissa já levou o Governo queniano a bombardear duas bases da Al-Shabab na Somália. O grupo ligado à Al-Qaeda tem o seu bastião na Somália, mas tem vindo a aumentar os ataques em solo queniano. Só num espaço de dois anos, os ataques da Al-Shabab no Quénia mataram mais de 400 pessoas. A principal linha de defesa do país face aos jihadistas da Al-Shabab tem sido através da sua presença na missão da União Africana na Somália. Mas o ataque a Garissa está a levar o Governo queniano a repostas mais drásticas. “Da mesma maneira que a América mudou depois do 11 de Setembro, também o Quénia terá que mudar depois de Garissa”, disse o vice-Presidente do Quénia no comunicado em que exige a deslocação de Dadaab, citado pela Reuters. A ideia de que existem combatentes da Al-Shabab no campo de refugiados de Dadaab é disputada pelo Presidente da Somália, Hassan Sheikh, que é também uma voz crítica sobre a falta de coordenação entre forças quenianas e somalis contra a milícia islamista. “Não acredito que haja uma ligação entre os refugiados somalis que vivem no campo de Dadaab e as actividades terroristas [da Al-Shabab]", disse no início do mês o Presidente da Somália à emissora oficial norte-americana Voice of America.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte campo ataque
Telefonema de Merkel acabou com ameaça de boicote de Itália a cimeira da imigração
Rascunho de comunicado final elaborado pela Comissão Europeia centrava-se nos movimentos de migrantes na Europa. Roma queria discutir as chegadas aos países costeiros e da UE e sentia que estava a ser ignorada. (...)

Telefonema de Merkel acabou com ameaça de boicote de Itália a cimeira da imigração
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 11 Migrantes Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rascunho de comunicado final elaborado pela Comissão Europeia centrava-se nos movimentos de migrantes na Europa. Roma queria discutir as chegadas aos países costeiros e da UE e sentia que estava a ser ignorada.
TEXTO: O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou que o rascunho de comunicado final para a minicimeira de domingo em Bruxelas entre os países europeus mais afectados pelas migrações, avançado pela Comissão Europeia, que tinha levado o seu Governo a ameaçar boicotar a reuniã , “será posto de parte”. A promessa foi-lhe feita pela chanceler alemã Angela Merkel, num telefonema para Roma. “No centro da discussão estará a proposta italiana, que será discutida com as ideias dos outros países”, disse Conte, citado pela agência italiana Ansa. “Não haverá um texto escrito no final da reunião, apenas um sumário sobre as questões discutidas e sobre as quais continuaremos a falar no conselho europeu do final da próxima semana”, explicou o primeiro-ministro italiano, numa mensagem colocada no Facebook. “Ninguém pode presumir que é possível prescindir da nossa posição”, declarou Conte, acompanhando o tom das afirmações feitas anteriormente pelo ministro do Interior italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, no programa Porta a Porta do canal RAI: “Se formos a Bruxelas desempenhar um guião já escrito por França e Alemanha, se pensam enviar-nos mais imigrantes em vez de nos ajudarem, então não deveríamos sequer ir. Pouparíamos o dinheiro da viagem. ”O rascunho do comunicado conjunto, elaborado pelo secretário-geral da Comissão Europeia, Martin Selmayr, irritou Itália porque punha o foco nos movimentos secundários dos milhares de migrantes e refugiados na Europa e não nas chegadas ao continente, ao contrário do que Itália exige há muito: a necessidade de dar maior apoio aos países costeiros que são a porta de entrada na Europa, através do Mediterrâneo. Mas a proposta de comunicado final, embora falasse na determinação em “alcançar progressos no que diz respeito à redução do número de chegadas ilegais à União Europeia”, sublinhava a “grande necessidade em reduzir significativamente os movimentos secundários, inter alia, prevenindo passagens ilegais das fronteiras internas entre Estados-membros por imigrantes irregulares e requerentes de asilo e assegurando readmissões rápidas pelo Estado-membro competente”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Governo italiano afirmou que o documento preparado pela Comissão abordava apenas as preocupações actuais de Merkel – a braços com uma crise política interna devido à política migratória. A chanceler enfrenta a ameaça de queda do executivo porque o seu ministro do Interior. Horst Seehofer, da CSU, o partido da Baviera aliado da CDU, exigiu uma revisão do regulamento de Dublin e, consequentemente, da política de imigração e de acolhimento de refugiados. A chanceler conseguiu adiar o adensar da crise ao convencer Seehofer a esperar pela cimeira europeia da próxima semana onde serão discutidas soluções para fazer face a estas preocupações. Ao Politico, uma fonte diplomática italiana confirmou que o primeiro-ministro Giuseppe Conte considerou a possibilidade de não ir à minicimeira de domingo se o documento redigido pela Comissão não fosse alterado. “É muito curioso que para uma cimeira apresentada como informal, se circule por antecipação conclusões escritas que não têm ainda concordância”, disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração
Sondagens à boca das urnas dão vitória a populistas anti-imigração na Eslovénia
“Pôr a segurança dos eslovenos em primeiro” resume a campanha do partido aliado do húngaro Orbán. (...)

Sondagens à boca das urnas dão vitória a populistas anti-imigração na Eslovénia
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 11 Migrantes Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Pôr a segurança dos eslovenos em primeiro” resume a campanha do partido aliado do húngaro Orbán.
TEXTO: O Partido Democrático da Eslovénia (SDS), de centro-direita, com um programa securitário, anti-imigração e que recusa acolher refugiados, está muito bem colocado para sair vencedor das eleições legislativas deste domingo. Segundo as sondagens à boca das urnas divulgadas pela televisão pública, o partido, que estava na oposição, obteve 24, 4% dos votos; de acordo com a Comissão Eleitoral, contados um quarto dos boletins, o SDS chega aos 26, 3%. As negociações para formar governo serão certamente demoradas e ninguém aposta arriscar no tipo de coligação que venha a ser formada. Os 1, 7 milhões de eleitores tinham à escolha 25 partidos, dos quais nove deverão conseguir entrar no Parlamento. “Provavelmente teremos de esperar algum tempo antes de conseguirmos iniciar negociações sérias para o novo executivo”, admitiu o líder do SDS, Janez Jansa, em declarações aos jornalistas depois de votar. É por causa das posições radicais sobre a imigração que Jansa sabe que não será fácil encontrar parceiros, mas com o segundo partido mais votado, o LMS, de centro-esquerda, a ficar-se pelos 12% (com 25% dos votos contados), é difícil imaginar um governo sem os populistas aliados do primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orbán. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Opositor do sistema de quotas desenhado pela Comissão Europeia para que todos os Estados-membros acolhessem alguns dos refugiados que desde 2015 chegaram à Grécia e a Itália, o SDS quer gastar o dinheiro que diz seria usado nesse processo a investir nas forças de segurança do Estado do Adriático. Poucos dias depois da formação do Governo em Itália, liderado por um partido de extrema-direita, nacionalista e fortemente anti-imigração, a Liga, de Matteo Salvini, saltam à vista as semelhanças no discurso. “Acreditamos que hoje se deu o primeiro passo para que a Eslovénia se torne num país que ponha o bem-estar e a segurança dos eslovenos primeiros”, afirmou Jansa. “Italianos primeiro”, foi o slogan com que Salvini se tornou no líder da direita italiana, depois de uma campanha centrada na violência e na insegurança que o dirigente atribui aos imigrantes. Desde sexta-feira, é vice-presidente do Governo e ministro do Interior.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência imigração