ACNUR: António Guterres inicia segundo mandato na terça feira
António Guterres inicia terça-feira um segundo mandato de cinco anos na liderança do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), após o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ter proposto a sua recondução no cargo. (...)

ACNUR: António Guterres inicia segundo mandato na terça feira
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: António Guterres inicia terça-feira um segundo mandato de cinco anos na liderança do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), após o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ter proposto a sua recondução no cargo.
TEXTO: Em 24 de Abril, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a recondução do antigo primeiro-ministro português, eleito pela primeira vez para este organismo internacional em 15 de Junho de 2005, sucedendo ao holandês Ruud Lubbers. Em comunicado oficial, Guterres manifestou o seu reconhecimento pela decisão e num posterior discurso no Parlamento Europeu considerou “um privilégio e uma honra extraordinários” continuar a dedicar o seu trabalho “a uma causa a favor daqueles que, porventura, têm no mundo a mais vulnerável das posições”. O ACNUR, que já foi contemplado com dois Prémios Nobel da Paz, é uma das principais agências humanitárias do mundo. Com mais de 6800 funcionários, está presente em cerca de 120 países, fornecendo protecção e ajuda a milhões de refugiados, deslocados ou repatriados. Mais de 85 por cento do pessoal do ACNUR está presente no terreno e confronta-se frequentemente com situações difíceis e perigosas. O orçamento para 2010 situa-se nos três mil milhões de dólares (2, 4 mil milhões de euros).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda
Líderes palestinianos negam revelações de grandes concessões a Israel
Concessões sobre Jerusalém, direito de regresso dos refugiados, informações sobre operações militares israelitas contra o Hamas... Os líderes da Autoridade Palestiniana negam as revelações de documentos pela estação Al-Jazira e pelo diário britânico "Guardian", afirmando que mostram a sua crescente fraqueza e desespero por um acordo. (...)

Líderes palestinianos negam revelações de grandes concessões a Israel
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.062
DATA: 2011-01-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Concessões sobre Jerusalém, direito de regresso dos refugiados, informações sobre operações militares israelitas contra o Hamas... Os líderes da Autoridade Palestiniana negam as revelações de documentos pela estação Al-Jazira e pelo diário britânico "Guardian", afirmando que mostram a sua crescente fraqueza e desespero por um acordo.
TEXTO: “O que se quis foi misturar as coisas”, afirmou hoje o líder palestiniano Mahmoud Abbas. “Ontem apresentaram as propostas como palestinianas, mas era na verdade israelitas”, acusou, falando das propostas alegadamente feitas pelos seus negociadores oferecendo a Israel a maior parte dos colonatos de Jerusalém-Leste num acordo final, controlo conjunto dos locais sagrados de Jerusalém, aceitação de limites ao direito ao regresso de refugiados – tudo anteriores “linhas vermelhas”. As ofertas terão sido recusadas pela então ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Tzipi Livi, que as considerou “desadequadas” porque não permitiam que Israel mantivesse os grandes colonatos da Cisjordânia como Ma’aleh Adumin ou Ariel. Os EUA apoiaram a posição de Israel, diz o "Guardian". Os negociadores palestinianos citados nos documentos, Saeb Erekat e Ahmed Qorei, já consideraram as afirmações dos documentos “mentiras” (Erekat) ou disseram que estas foram manipuladas “como parte do incitamento contra a Autoridade Palestiniana e a liderança palestiniana” (Quorei). O diário "Guardian" e a estação de televisão Al-Jazira fizeram as revelações com base em documentos que abrangem o período de 1999 a 2010, e prometem divulgar mais pormenores nos próximos dias. O "Guardian" afirma que verificou independente a autenticidade dos documentos e que esta foi ainda corroborada por antigos participantes nas conversações e fontes dos serviços de informação e diplomatas, e ainda cruzada com informação contida nos telegramas revelados pela WikiLeaks. "A maior Yerushalayim da História judaica"As ofertas palestinianas relatadas nos documentos seriam extraordinárias: permitir que Israel mantivesse todos os colonatos judaicos de Jerusalém Oriental à excepção de um – “estamos a oferecer-vos a maior Yerushalayim da história judaica”, terá dito Qorei em 2008, usado a palavra hebraica para Jerusalém –, deixar ao cuidado de uma comissão conjunta os locais sagrados do Monte do Tempo, como é designado pelos judeus, ou Nobre Santuário como é conhecido pelos muçulmanos (que inclui a mesquita de Al-Qasa e a Cúpula do Rochedo) na Cidade Velha; e aceitar um limite do número de retorno de refugiados que saíram de Israel após a criação do Estado para 100 mil durante dez anos. A magnitude das concessões levou até Erekat a questionar, argumentando pela sua veracidade: “Se tivéssemos feito estas concessões, porque é que Israel não assinou um acordo de paz?”Segundo o "Guardian", os documentos mostram o desespero dos líderes palestinianos por um acordo, a confiança dos negociadores israelitas, que queriam mais concessões, e o apoio dos EUA às pretensões israelitas. O porta-voz do Governo israelita, Mark Regev não confirmou nem desmentiu a autenticidade dos documentos, que mostram o registo palestiniano das conversações, dizendo apenas que Olmert “fez também ofertas que foram recusadas”. Os documentos, diz o "Guardian", têm ainda mais revelações embaraçosas para a Autoridade Palestiniana, cujos líderes tiveram informação sobre a guerra em Gaza de 2008-2009, e mostram a próxima colaboração entre as forças de segurança israelitas e a Autoridade Palestiniana, colaboração várias vezes referida pelo seu inimigo comum, o Hamas, mas sempre negada. "Nunca vamos conseguir nada através de negociaçõesO Hamas reagiu dizendo que os documentos “revelaram a face negra da Autoridade” e o “nível do seu envolvimento para liquidar a causa palestiniana, particularmente na questão de Jerusalém e dos refugiados, e o seu envolvimento contra a resistência na Cisjordânia e na Faixa de Gaza”.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Obama diz que Khadafi deve sair
Barack Obama anunciou que irá ser enviado um avião militar para ajudar a deslocar refugiados da fronteira com a Líbia, apelou ao fim da violência e defendeu que Khadafi “já não tem legitimidade para liderar e deve sair”. (...)

Obama diz que Khadafi deve sair
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Barack Obama anunciou que irá ser enviado um avião militar para ajudar a deslocar refugiados da fronteira com a Líbia, apelou ao fim da violência e defendeu que Khadafi “já não tem legitimidade para liderar e deve sair”.
TEXTO: “A violência deve parar”, disse o Presidente norte-americano em conferência de imprensa, ao lado do homólogo mexicano Felipe Calderón, que recebeu esta quinta-feira na Casa Branca. Deixou também um aviso aos responsáveis pelos ataques contra civis na Líbia. “A violência perpetrada contra civis está a ser acompanhada e os responsáveis irão responder por isso. ”Um avião militar norte-americano irá ajudar a retirar os cidadãos egípcios que se encontram bloqueados na fronteira entre a Líbia e a Tunísia, anunciou Obama. A França também já anunciou que nos próximos dias irá disponibilizar seis voos diários para retirar refugiados e o Reino Unido também irá participar na operação de evacuação. O Presidente norte-americano adiantou que “todas as opções” estão em aberto, incluindo a militar. “Já pedi ao Departamento de Defesa, bem como ao Departamento de Estado e a todos os que estão implicados em questões internacionais para avaliar todas as possibilidades”. E adiantou: “Quero que tomemos decisões com base no que for melhor para os líbios, em conjunto com a comunidade internacional”. O chefe do Estado-maior Interarmas norte-americano, almirante Michael Mullen, considerou que a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, uma questão que tem sido debatida há vários dias e que teria como um dos objectivos impedir Khadafi de atacar civis, será “extraordinariamente complicada”. Pela primeira vez desde o início dos confrontos foram raptados na Líbia, por forças leais a Khadafi, soldados estrangeiros que estavam a participar em operações de evacuação. Três militares holandeses foram sequestrados na cidade portuária de Sirte e na operação de resgate de civis, que fracassou, foram ainda capturados dois civis, um holandês e outro de um país europeu não especificado, anunciou Otte Beeksma, porta-voz do Ministério da Defesa. Segundo a Liga Líbia para os Direitos humanos, os confrontos que se prolongam há duas semanas, e que esta quinta-feira se concentraram sobretudo na cidade de Brega, já causaram cerca de 6000 mortos. Mais de 80 mil pessoas chegaram desde 20 de Janeiro ao posto fronteiriço de Ras Jedir para tentar entrar na Tunísia, e a afluência de refugiados estará a criar uma crise humanitária. Já foi criada uma ponte aérea com o Egipto e a União Europeia anunciou a disponibilização de 30 milhões de euros. Mediação de Chávez recusadaO Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tinha-se disponibilizado para intermediar uma trégua entre o coronel Muammar Khadafi e os rebeldes, mas essa oferta foi rejeitada pela oposição que exige a mudança de regime na Líbia. “A nossa posição é muito clara. É muito tarde, já correu muito sangue”, disse um porta-voz da oposição, Moustapha Gheriani. Mais tarde, foi o próprio filho de Khadafi, Saif al-Islam Khadafi, quem rejeitou a proposta do Presidente venezuelano, ao dizer que não há necessidade de qualquer intervenção estrangeira. Numa entrevista à Sky News, agradeceu a oferta de Chávez, mas adiantou que a Líbia é “capaz de resolver as suas questões”. Não foram conhecidos os detalhes da proposta de Chávez – um aliado de Khadafi que qualificou as notícias da violência na Líbia como “exageradas”, mas a oferta dificilmente teria pernas para andar após a rejeição por parte dos revoltosos e da comunidade internacional.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos violência exclusão filho comunidade humanitária
Crónica: As crianças de Juliano
O número de telefone do Juliano ainda está no meu telemóvel: 972 545898285. Penso em ligar. É madrugada em Portugal mas em Israel ou em Jenin já deve ser dia. Será que a mulher dele, grávida de gémeos, irá atender ? Ou a ama, que levou um tiro de raspão, quando Juliano Mer Khamis foi assassinado por cinco homens armados em frente ao filho de dez meses e à porta do teatro que fundou para crianças palestinianas no campo de refugiados de Jenin? Talvez o número tenha sido desligado a pedido do próprio Juliano depois de algumas ameaças? (...)

Crónica: As crianças de Juliano
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O número de telefone do Juliano ainda está no meu telemóvel: 972 545898285. Penso em ligar. É madrugada em Portugal mas em Israel ou em Jenin já deve ser dia. Será que a mulher dele, grávida de gémeos, irá atender ? Ou a ama, que levou um tiro de raspão, quando Juliano Mer Khamis foi assassinado por cinco homens armados em frente ao filho de dez meses e à porta do teatro que fundou para crianças palestinianas no campo de refugiados de Jenin? Talvez o número tenha sido desligado a pedido do próprio Juliano depois de algumas ameaças?
TEXTO: Resolvo então recordar a sua voz. Vasculho na estante de casa o DVD que comprei em 2007 quando nos encontrámos em Brooklyn, Nova Iorque. As imagens de carros e o barulho de buzinas invadem o ecrã. Uma senhora grita e protesta contra os soldados israelitas. É a vez da voz de Juliano invadir a tela: “Esta é a minha mãe, Arna. Ela nasceu numa família judia numa aldeia na Galileia. A sua cabeça está coberta pelo keffiyeh porque ela perdeu o cabelo depois de um tratamento de quimioterapia de um cancro terminal. Alguns dias atrás, contrariando as ordens dos médicos, deixou o hospital para organizar este protesto contra o cerco israelita ao campo de refugiados de Jenin. ” No dia 30 de Abril de 2007, os meus alunos do mestrado de relações internacionais da New School, em Nova Iorque, assistiam ao relato de Juliano em “Arna’s children” ( As crianças de Arna), no documentário realizado por Mer Khamis sobre a mãe, que lutara pela criação do Estado de Israel e mais tarde fora banida de tudo e por quase todos por ter se casado com um palestiniano; a luta da mãe para criar e manter uma escola de teatro para crianças no campo de refugiados em Jenin; as aulas de interpretação que o próprio Juliano dava aos miúdos palestinianos. Imagens de rapazes sorridentes a ensaiar (Yussef, Ashraf, Alla) desfilam no ecrã enquanto a voz de Juliano revela, que anos mais tarde, em 2001, Yussef cometera um ataque suicida, Asharf morrera na “batalha por Jenin” e Alla liderava um grupo de resistência que também o levaria à morte. Durante 84 minutos, a voz de Juliano não se cala. Ele volta ao campo para ver o que aconteceu com as crianças que amava. Os jovens estudantes de Nova Iorque não conseguem desgrudar os olhos do ecrã. Um mês antes, Mariam Said, viúva do Edward Said (o intelectual, que para muitos, pôs no mapa do mundo ocidental a causa palestiniana), falara-me que Juliano Mer Khamis estaria em Nova Iorque em Abril. Ela fazia parte do grupo de amigos do Freedom Theater - teatro da liberdade –, a escola fundada pela mãe de Juliano que ele decidira reabrir. “ Você tem que conhecê-lo, é uma força da natureza. ”A ideia era que ele fosse à universidade falar com os alunos. Não era possível pois calhava no mesmo dia em que Juliano teria encontro com possíveis financiadores do projecto. Precisava de dinheiro para manter a escola aberta no campo de refugiados. Mas por que não ia eu com os alunos à casa de um dos amigos do teatro, em Brooklyn, para conhecer mais o projecto e o próprio Juliano? Do terraço do prédio baixo numa rua deserta de Brooklyn, via-se os arranha-céus de Manhattan. A voz de Juliano era incessante: firme, apaixonada, determinada, por vezes zangada, mas sem subterfúgios. E também terna e serena. Falava do teatro, das crianças, do filme, da última peça, da ocupação. Mostrava imagens de uma peça. Não havia mais do que 12 pessoas. Israelitas, americanos, palestinianos. Só uma aluna pudera ir. Margaret era surda-muda. Nas aulas, tínhamos sempre um intérprete. Aqui ela e Juliano entenderam-se. Foram três ou quatro horas naquela noite em Brooklyn. No terraço, lembro-me dele, com um copo de vinho à mão, com um sorriso nos lábios. No sofá, como se nos conhecêssemos há anos, a contar os projectos. Eu iria pela primeira vez a Israel e aos territórios palestinos no Verão daquele ano. Talvez pudéssemos filmar o seu trabalho? Juliano deu-me o número de telefone. Lembro-me de gravar no telemóvel 972 545898285 e escrever J-U-L-I-A-N-O sem necessidade do apelido.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte escola campo ataque
Sousa Mendes Foudation grava depoimentos de sobreviventes do Holocausto
Querem ouvir famílias portugueses que ajudaram refugiados (...)

Sousa Mendes Foudation grava depoimentos de sobreviventes do Holocausto
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Querem ouvir famílias portugueses que ajudaram refugiados
TEXTO: A Sousa Mendes Foundation, com sede nos Estados Unidos, lançou uma iniciativa para gravar os depoimentos de sobreviventes do Holocausto que escaparam com vistos emitidos pelo diplomata português. A fundação já gravou 13 entrevistas e três delas estão disponíveis numa página onde se faz angariação de fundos para continuar o projecto. Cada depoimento custa entre 700 a 1. 500 dólares para gravar e editar (cerca de entre 640 e 1. 400 euros). "Temos planos de gravar mais 50 ou 60 entrevistas nos Estados Unidos, América do Sul, Europa e Israel. Além dos refugiados do Holocausto, queremos incluir trabalhadores e cidadãos portugueses que prestaram abrigo as famílias judias no seu caminho para a liberdade", explicou a fundação em nota enviada à Lusa. A angariação de fundos, disponível no site crowdrise, já alcançou o objectivo de reunir 25 mil dólares (perto de 23 mil euros). Quem contribuir com mais de 250 dólares (cerca de 230 euros), fica habilitado a uma viagem entre os EUA e a Europa. A Fundação Shoah fez um trabalho semelhante de recolha vídeo, mas deixou de o fazer há alguns anos e, segundo os responsáveis da Sousa Mendes Foundation, "a história dos refugiados que escaparam através de Portugal é uma que está mal contada na sua colecção de entrevistas. "A nota sublinha ainda que estes sobreviventes estão com 80 e 90 anos por isso o tempo para captar as suas histórias escasseia. "Esta é uma história importante e dramática, e uma história que não é muito conhecida. Cabe à Fundação capturar estar memórias antes que seja tarde de mais, explica. Nos vídeos já disponíveis é possível conhecer, por exemplo, a história de Eileen Berets, de 85 anos, que recorda a sua fuga da Bélgica, dormindo com a família nas bermas das estradas, e o que sentiu ao ver a Estátua da Liberdade pela primeira vez; ou descobrir o percurso de John Tetzeli, de 82 anos, originário da Checoslováquia, que conta como a sua família foi perseguida pelas actividades antinazi. Todos os vídeos ficarão disponíveis na internet e integrar materiais educacionais que a fundação distribui em escolas e outras instituições.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Palestinianos de Yarmouk “presos entre a peste e a cólera”
Estado Islâmico controla maior parte de campo de refugiados às portas de Damasco. Forças de Assad lançaram barris de explosivos. A situação “nunca foi tão desesperada”. (...)

Palestinianos de Yarmouk “presos entre a peste e a cólera”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estado Islâmico controla maior parte de campo de refugiados às portas de Damasco. Forças de Assad lançaram barris de explosivos. A situação “nunca foi tão desesperada”.
TEXTO: Quase 400 famílias, cerca de 2000 pessoas, foram retiradas de Yarmouk, campo de refugiados palestinianos na malha urbana de Damasco, na sequência da entrada do autoproclamado Estado Islâmico (EI). Os jihadistas, que em poucos dias assumiram o controlo da maior parte de uma área onde permanecem cerca de 16 mil pessoas, submetidas há anos a duras provações, estão agora a uma meia dúzia de quilómetros do palácio presidencial de Bashar al-Assad. Com combates entre grupos rivais no interior do campo, cercados pelas forças governamentais sírias – que no sábado lançaram barris cheios de explosivos sobre Yarmouk – os refugiados “estão presos entre a peste e a cólera”, como disse à AFP Ayman Abu Hachem, responsável da oposição síria para os assuntos dos residentes palestinianos. Cercados há mais de ano e meio pelo exército de Assad, com escassez de alimentos, água e medicamentos, os refugiados de Yarmouk viram-se desde quarta-feira a braços com um problema adicional que agravou a sua situação: os combates no interior do campo que se seguiram à entrada do EI, que pela primeira vez alcançou assim a capital da Síria. Na sexta e no sábado, as 400 famílias que conseguiram deixar Yarmouk saíram "por duas estradas seguras para o bairro limítrofe de Sahira, controlado pelo exército sírio”, explicou à agência Anur Abdel Hadi, responsável da Organização de Libertação da Palestina (OLP) em Damasco. “A evacuação prossegue”, acrescentou. Christopher Guiness, porta-voz da UNRWA, agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, informou num comunicado que, já este domingo, “após uma noite de intensos combates”, 94 civis, entre os quais 43 mulheres e 20 crianças, conseguiram sair do campo. A organização, que em várias ocasiões denunciou as péssimas condições de vida em Yarmouk, deixou de poder fornecer auxílio a quem ali está, e disse este domingo que a situação “nunca foi tão desesperada”. A infiltração jihadista em Yarmouk foi feita a partir de Hajar Aswad, um subúrbio de Damasco, e teve a colaboração da Frente Al-Nusra, um grupo de combatentes ligado à Al-Qaeda, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. No interior do campo, têm vindo a ganhar terreno ao Aknaf Beit al-Maqdis, uma milícia anti-Assad composta por sírios e palestinianos, próxima do movimento islamista palestiniano Hamas. “Um conflito que não é o seu”Saeb Erekat, do comité executivo da OLP, disse ter recebido informações de “raptos, decapitações e execuções em massa” e denunciou a “perseguição e massacre de refugiados palestinianos num conflito que não é o seu”. O presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, lamentou que os palestinianos “paguem o preço de guerras e agressões que não são as suas” e falou da necessidade de “encontrar uma solução para proteger os habitantes de Yarmouk. No sábado, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos – uma organização sede em Londres mas com uma importante rede de informações sobre o que se passa na Síria – calculou em 90% a área do campo controlada pelo Estado Islâmico. O dirigente palestiniano Anur Abdel Hadi disse que os jihadistas controlam o centro, o Sul e o Ocidente do campo, enquanto o Aknaf Beit al-Maqdis estará apenas no Norte e na zona oriental. Desde quarta-feira foram mortas pelo menos 26 pessoas, incluindo civis, jihadistas e combatentes palestinianos – segundo o observatório, de acordo com o qual a aviação de Bashar al-Assad lançou no sábado 13 barris de explosivos sobre Yarmouk. “Todos os grupos terroristas são um alvo para nós”, disse fonte governamental citada pela AFP. A agência oficial Sana confirmou apenas que o campo está “sob controlo de grupos terroristas armados” – a designação oficial dada a todos os que combatem o regime.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos campo mulheres alimentos perseguição
Reportagem: Uma casa para quem foge à guerra e à violência
Chukwuemeka acabou de chegar, saiu da Nigéria com medo de ser assassinado. Nasri é palestiniano mas não conhece a Palestina, era ainda bebé quando os pais fugiram para a Síria, há 63 anos. Foi para eles, e tantos como eles, que o Conselho Português para os Refugiados foi criado, faz hoje 20 anos. (...)

Reportagem: Uma casa para quem foge à guerra e à violência
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chukwuemeka acabou de chegar, saiu da Nigéria com medo de ser assassinado. Nasri é palestiniano mas não conhece a Palestina, era ainda bebé quando os pais fugiram para a Síria, há 63 anos. Foi para eles, e tantos como eles, que o Conselho Português para os Refugiados foi criado, faz hoje 20 anos.
TEXTO: Em cima da secretária há uma placa de madeira que tem o seu nome esculpido: Nasri. Ele é a primeira pessoa que se vê ao passar a porta, é dele a voz que atende o telefone. Nasri é um sorriso que quase nunca se desfaz. Talvez poucos empregos lhe dessem tanto prazer como este em que é recepcionista no Centro de Acolhimento para Refugiados da Bobadela, a 15 quilómetros de Lisboa. Aqui recebe todos os que, como ele, um dia pediram asilo a Portugal. Entre um telefonema que chega e um recado, Nasri, “só Nasri”, vai contando a sua história. É refugiado há 63 anos, tem 64. Os pais levaram-no ainda ao colo para a Síria durante a guerra entre judeus e árabes de 1947, pouco antes da formação do Estado de Israel. Nunca foi outra coisa senão refugiado, e em 2005 até da Síria teve de partir, num barco de mercadorias rumo a Portugal. A cidade onde nasceu, Safad, é hoje território israelita. Acabou por fugir da Síria por “problemas políticos” de que prefere não falar. Seis anos depois de ter chegado a Portugal, olha “com tristeza” para a repressão das autoridades de Damasco. “Mas não é uma tristeza de hoje, é de há 40 anos. ”Nasri foi recebido no centro de acolhimento da Bobadela, de onde chegam da cozinha cheiros de comida de todo o mundo. E quando se lhe pergunta como foi recebido, responde: “Sabe como é recebido um bebé? Foi assim. Cheguei aqui e nasci. ” Nunca teve passaporte, só os documentos que se dão aos refugiados para poderem viajar. Um dia gostava de usar esses papéis para voltar à Palestina que nunca conheceu. Deixemo-lo atender o telefone, que voltou a tocar, e sigamos o cheiro. Na cozinha do centro de acolhimento há vários tachos no fogão, ouvem-se muitas línguas. Dois marroquinos conversam no terraço voltado para Tejo, talvez à espera que o almoço fique pronto, um miúdo iraquiano joga computador e uma menina da Guiné-Conacri, que não terá mais de dois anos, passeia de colo em colo. É o benjamim da casa e não pára de rir e acenar. No centro de acolhimento da Bobadela são instalados todos os que chegam à fronteira e pedem asilo. Só dois ou três meses, até que se encontre uma casa ou quarto. Há famílias e miúdos sozinhos. No final de Agosto viviam aqui 55 pessoas. À segunda-feira é dia de lavar os lençóis e as toalhas, que são entregues na lavandaria do primeiro andar, junto aos quartos onde se alinham três ou quatro camas. Quem pede asilo não fica na rua, ainda que possa nunca vir a receber o estatuto de refugiado ou a autorização de residência por razões humanitárias. Isso é questão para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) decidir mais tarde, após entrevistas e um parecer do Conselho Português para os Refugiados. Para já, o que importa é o mais urgente: tecto e comida. Há alguma roupa para quem veio sem nada e uma pequena ajuda alimentar, o passe ou um cartão de telefone. E um pijama lavado, escova de dentes e chinelos. Por vezes, quem chega não via uma cama há muito tempo. Chukwuemeka está refastelado no sofá a ver televisão, tem 41 anos, chegou da Nigéria a 22 de Junho. Um conflito familiar fê-lo temer pela vida e um homem ajudou-o a apanhar um avião para Madrid. Não gostou que não entendessem bem o seu Inglês, e daí a Portugal foi um pulo. Diz que dormiu na rua 12 dias até ganhar coragem para entrar no SEF. “O meu pai tinha duas mulheres”, começa por explicar. “Quando morreu, a segunda mulher quis partilhar a herança mas o meu irmão mais velho recusou. ” Foi esse irmão, conta, que acabou por matar a segunda mulher do pai, e então a família dela ter-se-á vingado. “Matou um irmão meu e uma irmã. Fugi para não me matarem também. ”Chukwuemeka escondeu-se na casa de um homem que conhecia, em Lagos, e pensou na América ou em Inglaterra. Mas esse homem sugeriu-lhe Alemanha, comprou o bilhete e ficou-lhe com o passaporte. Quando o primeiro avião que apanhou aterrou em Madrid, desembarcou ali mesmo. “Agora estou aflito por causa da minha mãe. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF
Duas funcionárias espanholas dos Médicos sem Fronteiras raptadas no Quénia
Um grupo armado raptou duas funcionárias espanholas da organização humanitária Médicos sem Fronteiras no campo de refugiados queniano de Dadaab, junto à fronteira com a Somália, depois de atacar dois veículos. (...)

Duas funcionárias espanholas dos Médicos sem Fronteiras raptadas no Quénia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um grupo armado raptou duas funcionárias espanholas da organização humanitária Médicos sem Fronteiras no campo de refugiados queniano de Dadaab, junto à fronteira com a Somália, depois de atacar dois veículos.
TEXTO: O sequestro foi confirmado pela polícia queniana. O condutor de um dos veículos que circulava junto ao campo de refugiados de Dadaab ficou ferido e foi transportado para o hospital, adiantaram os responsáveis dos Médicos sem Fronteiras. Um dos veículos conseguiu escapar ao ataque, que foi levado a cabo por um grupo de homens armados, adiantou o El País. Uma das pessoas que está instalada nos campos de refugiados de Dadaab, identificada apenas como Aden, contou ao diário espanhol que os dois veículos pertenciam aos Médicos sem Fronteiras. “Não sei de onde eram os atacantes, mas seriam da Somália, porque era para aí que se dirigia o veículo onde seguiam as reféns. ”As suspeitas recaem sobre a milícia islamista Al-Shabab, que se opõe à disponibilização de ajuda humanitária no Sul da Somália. As duas mulheres sequestradas trabalham na área de logística da organização humanitária e a sua identidade não foi ainda divulgada. As famílias já foram informadas sobre o rapto, adiantou o Ministério dos Negócios Estrangeiros queniano. Nas últimas semanas houve vários sequestros de estrangeiros nesta região do Quénia, incluindo uma mulher britânica e outra francesa. No campo de refugiados de Dadaab, construído para acolher cerca de 90 mil pessoas, vivem actualmente cerca de 450 mil. A crise humanitária intensificou-se com a seca que tem afectado a Somália, a pior dos últimos 60 anos. Notícia em actualização
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens campo ataque mulher ajuda mulheres humanitária rapto
Milhares voltaram à rua em Dresden nas “manifestações de segunda-feira” contra a “islamização”
É uma “vergonha para a Alemanha”, diz o ministro da Justiça, Heiko Maas. “Os refugiados são bem-vindos, qualquer que seja a sua religião ou a sua cor de pele.” (...)

Milhares voltaram à rua em Dresden nas “manifestações de segunda-feira” contra a “islamização”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: É uma “vergonha para a Alemanha”, diz o ministro da Justiça, Heiko Maas. “Os refugiados são bem-vindos, qualquer que seja a sua religião ou a sua cor de pele.”
TEXTO: Com bandeiras com as cores da Alemanha, cerca de 15. 000 pessoas manifestaram-se, na noite de segunda-feira, na cidade de Dresden, contra a “islamização” e os “requerentes de asilo criminosos”. O número de participantes na acção convocada pelo denominado grupo “Patriotas Europeus contra a Islamização do País” (PEGIDA) foi claramente superior aos 10. 000 que tinham saído à rua na semana anterior. Entre os manifestantes estavam militantes de extrema-direita, neonazis e, principalmente, segundo a AFP, cidadãos que contestam um “Ocidente” que consideram estar em vias de “islamização”. “Queremos que o nosso país conserve os seus valores. Isso faz de nós nazis?”, disse, citado pela agência, Michael Stürzenberger, um dos manifestantes, reagindo às críticas às “manifestações de segunda-feira”, organizadas pelo grupo nascido em Outubro e que não têm parado de crescer. “Dizer que estas pessoas são islamófobas é escandaloso. Não são de extrema-direita. Amam simplesmente o seu país e as suas tradições”, acrescentou Lana Gabriel, uma austríaca. Saíram também à rua cerca de 6000 contramanifestantes – números da polícia – com faixas onde se lia: “Dresden sem nazis” ou “Dresden para todos”. Na semana anterior foram 9000. A polícia mobilizou 1200 agentes antimotim e não há registo de incidentes. A população de Dresden inclui 2, 2% de habitantes de origem estrangeira, um número inferior ao de outras zonas do país. As manifestações começaram em protesto contra a construção de centros de acolhimento para estrangeiros na cidade, situada em território da antiga Alemanha de Leste. A manifestação desta segunda-feira foi a nona organizada pelo PEGIDA, que replica o modelo dos protestos que fizeram vacilar o regime comunista na ex-RDA até à queda do Muro de Berlim, há 25 anos. O grupo, que reclama um endurecimento do direito de asilo, foi ao ponto de reciclar um slogan da altura: “Nós somos o povo. ” Protestos de menor expressão ocorreram também já noutras cidades alemãs. Os desfiles populistas estão a preocupar as autoridades. A chanceler conservadora, Angela Merkel, já tinha dito que “não há lugar na Alemanha” para o ódio contra muçulmanos e insistiu na segunda-feira na condenação ao “incitamento ao ódio e à calúnia”. Disse também aos manifestantes para “terem cuidado para não serem instrumentalizados”. O ministro social-democrata da Justiça, Heiko Maas, fala em “vergonha para a Alemanha”. Numa entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung, procurou desmontar a ideia da “suposta islamização” e afirmou que “a maioria dos refugiados sírios” que têm chegado à Alemanha “não são muçulmanos mas cristãos”. Defendeu também o acolhimento de refugiados, independentemente da origem: “Devemos dizê-lo claramente: os refugiados são bem-vindos, qualquer que seja a sua religião ou a sua cor de pele. ”A Alemanha tornou-se o principal destino de imigração na Europa e o número de refugiados aproximar-se-á este ano dos 200 mil, cerca de 60% mais do que em 2013 – uma subida que é em grande parte explicada pela chegada de sírios, fugidos da guerra. Uma sondagem divulgada na segunda-feira pelo semanário Die Zeit indica que 49%, praticamente um alemão em cada dois, simpatiza com as manifestações do PEDIGA. Outros indicadores: 30% dizem apoiar “totalmente” os protestos de rua e 59% consideram que o país aceita demasiados requerentes de asilo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra imigração social vergonha
Europa triplica orçamento da missão de vigilância do Mediterrâneo
Orçamento da operação Tritão aumenta, mas não há acordo sobre número de refugiados a receber. Hollande disse que será pedida autorização ao Conselho de Segurança para destruir barcos de traficantes. (...)

Europa triplica orçamento da missão de vigilância do Mediterrâneo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Orçamento da operação Tritão aumenta, mas não há acordo sobre número de refugiados a receber. Hollande disse que será pedida autorização ao Conselho de Segurança para destruir barcos de traficantes.
TEXTO: Os líderes europeus decidiram nesta quinta-feira triplicar os meios financeiros e operacionais da missão europeia Tritão, que apoia a Guarda Costeira italiana nos seus esforços de interceptar embarcações de refugiados no mar Mediterrâneo. O orçamento actual é de 2, 9 milhões de euros por mês. O Presidente francês, François Hollande, anunciou também que será apresentada uma proposta de resolução às Nações Unidas para dar cobertura à destruição de navios usados pelos traficantes. ” Foi tomada a decisão de apresentar todas as opções para garantir que os navios [dos traficantes] possam ser apreendidos, aniquilados”, disse. “Isso só pode se feito no quadro de uma resolução do Conselho de Segurança e a França tomará a iniciativa, como outros”, designadamente “o Reino Unido”, acrescentou. A decisão de reforçar o orçamento da Tritão, da responsabilidade da agência europeia para o controlo das fronteiras, Frontex, permitirá à missão europeia ter um orçamento semelhante à operação italiana Mare Nostrum, à qual o primeiro-ministro, Matteo Renzi, pôs fim o ano passado, por falta de apoio e também devido a pressões, designadamente do Reino Unido. “Queremos agir depressa, o que significa triplicar os recursos financeiros” da operação, anunciou a chanceler alemã, Angela Merkel, após a cimeira de urgência de chefes de Governo, realizada em Bruxelas. “Sentimos que duplicar [o orçamento] não era credível, quisemos elevá-lo para o mesmo líder da Mare Nostrum”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A Mare Nostrum permitiu que fossem socorridas cerca de 150 mil pessoas em 2014. A medida não implicará contribuições financeiras dos Estados-membros, explicou o primeiro-ministro português, Passos Coelho, devendo ser financiada pelas reservas do orçamento comunitário e pela contribuição do Reino Unido, que até agora não participava na missão da Frontex. Também, não haverá uma mudança do mandato da Tritão para a tornar numa operação de salvamento e resgate, como era a Mare Nostrum. “A nossa opinião é que não precisamos de mudar o mandato [da missão]”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, após a reunião em que foi discutida a reacção europeia ao naufrágio que vitimou mais de 800 pessoas, no fim-de-semana. “O mandato actual já permite à Tritão resgatar náufragos”, explicou Juncker. No entanto, não permite à missão Tritão operar a mais de 30 milhas náuticas da costa italiana, o que impede que preste auxílio aos barcos que naufragam perto da costa líbia. “O que fazemos com mais barcos em Itália? Precisamos deles nas água líbias”, reagiu a eurodeputada alemã Ska Keller, do grupo dos Verdes. A Mare Nostrum operava com um limite de cem milhas. Vários analistas alertam que a quantidade de refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa deverá aumentar à medida que se aproxima o Verão. O que motivou o pedido de ajuda por parte de Renzi, que há muito reclama mais apoio dos seus parceiros europeus para gerir o fluxo de imigrantes que tentam chegar à costa italiana. Ficou também mais uma vez claro em Bruxelas que há falta de vontade política para receber mais refugiados, como tem pedido repetidamente o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, por exemplo, que disponibilizou três navios e três helicópteros, teve o cuidado de referir que está pronto a contribuir para as operações de salvamento no mar. Mas com condições: desde que os imigrantes resgatados “sejam levados para o país seguro mais próximo, que será muito provavelmente a Itália” e não tenham automaticamente direito a pedir asilo no Reino Unido. A ONU tinha emitido ontem um comunicado em que pedia à União Europeia para se comprometer a receber um número “significativamente maior de refugiados”, e a estabelecer canais de entrada que permitam aos imigrantes chegar à Europa de forma “legal e segura. ”Hollande fez saber que “a França fará a sua parte” acolhendo “entre 500 a 700 sírios”. Mas a única coisa que, em comum, ficou decidida em Bruxelas, na cimeira convocada a pedido de Renzi, é que haverá uma “experiência-piloto voluntária” para distribuir entre os Estados-membros os imigrantes que entrem ilegalmente na Europa e os requerentes de asilo. Jean-ClaudeJuncker prometeu, no entanto, que haverá mais pormenores sobre as acções que a UE pretende tomar, quando, no dia 13 de Maio, a Comissão Europeia apresentar a sua estratégia sobre migrações.
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