Memórias coloniais imperfeitas
A mais recente literatura portuguesa sobre África ilumina os refugiados da história, invertendo o sentido da história dos regressos. (...)

Memórias coloniais imperfeitas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A mais recente literatura portuguesa sobre África ilumina os refugiados da história, invertendo o sentido da história dos regressos.
TEXTO: Para José Luandino VieiraOs acontecimentos que dominaram a história de África e da Ásia pós-Segunda Guerra Mundial ligam-se às movimentações sociais e políticas que deram origem aos processos de libertação e guerras pela independência. Os movimentos anti-coloniais manifestavam-se contra a subalternização numa altura em que as questões de identidade e nacionalidade preocupavam, por razões diversas, os europeus e as nações colonizadas. Movendo os africanos das margens para o centro das narrativas e fazendo do seu território o seu núcleo identitário, os movimentos anti-coloniais foram inscrevendo, pela mão dos seus escritores, a diferença cultural que, a prazo, iria reclamar a independência política. A história da intervenção colonial passava a ser contada a partir de um outro lugar, denunciando a imoralidade da sua condição e desafiando o “perigo de uma história única” sobre a gesta colonial, de que fala a escritora nigeriana Chimamanda Adichie Ngozi. Estes textos foram, na sua origem, plataformas para um diálogo, mas na ordem colonial vigente rapidamente se tornaram objecto de censura e motivaram a perseguição dos seus autores. Mas estas narrativas foram também objecto de leitura para a comunidade colonial e metropolitana, gerando assim caminhos de grande ambiguidade identitária, transformando identidades pessoais e nacionais e colocando desta forma sob suspeita a aparente hegemonia cultural gerada pelo colonialismo. A falta de diálogo e o impasse político radicalizaram posições, conduzindo a cenários de guerra, como aconteceu com Portugal e as suas antigas colónias entre 1961-1974. Para os países africanos esta foi a guerra libertadora, fundadora da narrativa da nação independente. Para os portugueses foi uma guerra inconfessada e inconfessável. Aos discursos africanos enaltecedores da luta, opõem-se os discursos de perda e disforia que povoam as narrativas portuguesas desta guerra. Uma história comum, mas de memórias diferentes, como lembra Mia Couto na crónica “A derradeira morte da estátua de Mouzinho”, num momento que encena o fim de um tempo em Moçambique, “Há um mundo que termina, um luto que não é meu mas que me ensombra o peito. … Porque nenhuma morte nos é alheia, mesmo a do insuficiente inimigo. ” (Cronicando, 1991). Hoje, à distância de 40 anos das descolonizações é possível pensar sobre o tempo que demorou à sociedade portuguesa negociar o que se deveria esquecer e o que se deveria recordar – da ditadura, de África, da Guerra Colonial – para, sobre um pacto de esquecimento e recordação, inventar uma democracia no tempo prescrito de eleições e outros processos que compõem o corpo social e político dos sistemas democráticos ocidentais. Memória, silêncio, trauma, mas também exaltação, imaginação e novidade são alguns dos pressupostos sobre os quais se ergueu a democracia portuguesa, nascida de uma revolução imaginada como pacífica, esquecendo assim todo o sangue de África nela contida. África era o seu elemento perturbador, pois nela tropeçávamos a cada passo, ora sob a forma dos ex-combatentes, ora de retornados, ora de negociações diplomáticas que cada dia nos comprometiam com a rota europeia e nos desresponsabilizavam de África. Numa espécie de contra-discurso, a ficção do pós-25 de Abril ia mostrando a importância da memória como um elemento fundamental na construção da democracia. De Cardoso Pires, Lobo Antunes, Lídia Jorge, José Saramago, Maria Velho da Costa, Helder Macedo, João de Melo, Carlos Vale Ferraz até aos mais jovens Paulo Bandeira Faria, Isabela Figueiredo, Rodrigo Guedes de Carvalho, Norberto Vale Cardoso ou Dulce Cardoso as dores da ditadura, o império, a guerra e as suas heranças são temas. Pelas análises que empreendem do Portugal contemporâneo, intrinsecamente ligado à memória da ditadura que se prolonga nos nossos gestos, pensamentos e políticas, e pela leitura política que fazem do que foi o colonialismo em África, estas obras questionam os protocolos de esquecimento sobre os quais se fundou a nossa democracia. Esta literatura acusa uma viragem na tomada de consciência pós-colonial do espaço antigamente colonial e das vivências aí havidas como essenciais à nossa identidade de portugueses e de europeus. Por isso, a viagem que estes livros assinalam – de Portugal para África – inverte o sentido da história de regressos, sobre a qual se foram narrando os impérios ultramarinos. A viagem europeia de hoje constitui um reconhecimento de que parte da história da Europa se passou fora da Europa. Por isso hoje para percebermos a “fractura colonial” (P. Blanchard et al. , ), sob a qual todos vivemos, temos de contar a história das pertenças de muitos sujeitos às terras outrora parte do império. De outro modo, ficaremos “refugiados da história” (G. Marcus). Pense-se nas personagens de Esplendor de Portugal, de Lobo Antunes, ou na narradora de Caderno de Memórias Coloniais, de Isabel Figueiredo, que se classifica de “desterrada”, vivendo a coincidência impossível de resolver, de herdeira do sujeito colonizador: “Na terra onde nasci seria sempre a filha do colono”. A sua história individual de pertença àquela terra coincide com a história pública do colonialismo português em Moçambique.
REFERÊNCIAS:
Rissin Régis já não tem dinheiro para alimentar a família
Rissin Régis é um homem ultrapassado pelos acontecimentos. "Não durmo há três dias", diz com voz calma mas exuberância de gestos. Vive com quatro familiares, um deles a filha pequena, numa casa alugada, até agora paga pelo Conselho Português para os Refugiados (CPR). (...)

Rissin Régis já não tem dinheiro para alimentar a família
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rissin Régis é um homem ultrapassado pelos acontecimentos. "Não durmo há três dias", diz com voz calma mas exuberância de gestos. Vive com quatro familiares, um deles a filha pequena, numa casa alugada, até agora paga pelo Conselho Português para os Refugiados (CPR).
TEXTO: Oriundo da República Centro-Africana, 30 anos, está em Portugal desde Julho do ano passado e é um dos 125 estrangeiros apoiados pela instituição. Quer ficar cá, onde foi bem tratado, e já começou a estudar a língua portuguesa. Tudo isso passou para segundo plano na passada quinta-feira, quando foi informado, tal como os restantes refugiados, de que o apoio financeiro concedido pelo CPR ia acabar. Não sabe o que vai ser a sua vida quando tiver de regressar às instalações da instituição na Bobadela (Loures). Mas a sua preocupação mais imediata é continuar a alimentar a família. "O futuro de um país são as suas crianças e, se elas não têm que comer, é a loucura", desabafa. Régis não ignora que o país de acolhimento está a atravessar uma crise económica séria, mas acha que há um mínimo que tem de ser assegurado: "Esse mínimo é comer!"Ao lado, Idrissa Diop, 36 anos, ouve atentamente a conversa e decide intervir. "Vim da Mauritânia no Verão passado e estou há oito meses no centro. Deram-me cama e cozinha, o que é bom, achei que isto era o paraíso, mas sem apoio não tenho meios para sobreviver", explica num português sofrível. A mulher e a mãe ficaram na Mauritânia, pelo que só tem de se preocupar consigo mesmo. Mas, tal como os restantes residentes, a preocupação é a alimentação: "Além do arroz, precisamos de um pouco de carne, peixe ou frango. Sem apoio, como é que vamos ficar aqui?"Na quinta-feira, Teresa Tito de Morais, presidente do CPR, reuniu as 125 pessoas que o Conselho acolhe e comunicou-lhes que não havia mais dinheiro para continuar a apoiá-las. Quinzenalmente, são entregues a cada adulto 80 euros (e mais uma percentagem por cada criança do agregado familiar), uma importância que permite aos refugiados proverem às necessidades alimentares mais imediatas. Mas agora as contas bancárias estão vazias e o reforço financeiro de 150 mil euros pedido ao Ministério da Administração Interna (MAI) ficou sem resposta. O silêncio foi também a resposta do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social (MSSS) e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Não houve grandes reacções de desagrado ou manifestações de protesto por parte dos refugiados, disse ao PÚBLICO Teresa Tito de Morais. Ontem à tarde, o ambiente nas instalações do Conselho na Bobadela era calmo - talvez porque a maior parte daquelas pessoas já passou por muitas situações difíceis na vida -, embora ninguém escondesse a apreensão com o futuro. Em 2011 foram recebidos 275 pedidos de asilo, o que representa um aumento de 71, 8% relativamente ao ano anterior (160 pedidos). A esses números há que acrescentar 30 refugiados do Programa de Reinstalação, oriundos de outros países. As instalações do CPR têm capacidade para 42 pessoas, mas agora acolhem 85 - na maioria jovens, mas também crianças e alguns idosos. Há outras 40 que estão instaladas em quartos ou pensões da zona, gerando uma despesa que é integralmente suportada pela instituição. Apelo à solidariedadeO financiamento das actividades é, no essencial, garantido pelo Fundo Europeu para os Refugiados. Mas há também apoios assegurados pelo MAI (comparticipação de 25%) e pelo MSSS (que paga os encargos com as pensões e quartos). A SCML, por seu lado, recebia as pessoas que deixavam as instalações do CPR depois de receberem a autorização de residência provisória. O aumento dos pedidos de asilo, com o correspondente agravamento das despesas, já tinha levado a alertar aqueles ministérios no final de 2011. "Todos os dias chegavam pessoas. Conseguimos aguentar com verbas de 2009 e de 2010 do Fundo Europeu que não nos tinham sido pagas", explica Teresa Tito de Morais.
REFERÊNCIAS:
EUA afastam missão para resgatar yazidis de Sinjar, ONU decreta emergência máxima
Grupo de reconhecimento das forças especiais norte-americanas esteve nas montanhas iraquianas e diz ter encontrado menos refugiados do que se calculava. (...)

EUA afastam missão para resgatar yazidis de Sinjar, ONU decreta emergência máxima
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Grupo de reconhecimento das forças especiais norte-americanas esteve nas montanhas iraquianas e diz ter encontrado menos refugiados do que se calculava.
TEXTO: Apesar das histórias de desespero dos que conseguiram fugir, os Estados Unidos afastaram a hipótese de lançar uma missão para resgatar os yazidis ameaçados pelos jihadistas nas montanhas de Sinjar, no Norte do Iraque. O recuo – a própria Casa Branca admitiu pouco antes que estava a ponderar uma operação – foi decidido depois de um grupo das operações especiais norte-americanas ter ido ao local e concluído que a situação não é tão dramática como até agora se pensava. A missão de reconhecimento, transportada de helicóptero para Sinjar, passou 24 horas no topo das montanhas e descobriu ali “menos yazidis do que se temia”, a viver em “melhores condições” do que os relatos de alguns familiares faziam crer, revelou o almirante John Kirby, porta-voz do Pentágono, afirmando que os voos humanitários que os EUA e outros países aliados têm feito sobre a montanha têm conseguido aliviar o sofrimento de quem ali continua. Kirby não forneceu também qualquer estimativa para o número de civis que, depois de terem fugido das suas aldeias, continuam refugiados em Sinjar – o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tinha admitido a presença de 20 a 30 mil pessoas cercadas no cimo das montanhas, um responsável norte-americano ouvido pelo New York Times calcula que sejam alguns milhares. Revelou apenas que, graças aos ataques aéreos lançados desde o fim-de-semana pela aviação americana contra posições dos extremistas e aos esforços dos combatentes curdos no terreno, “milhares de yazidis conseguiram sair das montanhas a coberto da noite durante os últimos dias”. “Quebrámos o cerco do Estado Islâmico às montanhas de Sinjar”, congratulou-se nesta quinta-feira o Presidente norte-americano, Barack Obama, dizendo esperar que nos próximos dias todos os que querem partir o possam fazer. Segundo o ANCUR, 35 mil pessoas, quase todos membros daquela minoria curda, tinham chegado até quarta-feira ao Curdistão iraquiano depois de uma viagem de cem quilómetros que os levou de Sinjar a território sírio, e daí até posto fronteiriço de Fishkhabour. Muitos, depois de atravessarem a ponte pré-fabricada, não têm forças para seguir caminho até aos campos improvisados pelas autoridades curdas ou até Dohuk, capital da província com o mesmo nome onde todos os espaços públicos se transformaram em abrigos para os deslocados. As conclusões da missão de reconhecimento, escreve o NY Times, são um alívio para o Presidente Barack Obama, muito reticente quanto a um novo envolvimento militar no Iraque – a ordem para os ataques aéreos só foi dada perante a ameaça dos combatentes do Estado Islâmico ao Curdistão e ao êxodo das minorias que há séculos habitam as planícies do Nínive. Mas a decisão de abortar a operação de resgate pode tornar-se embaraçosa face à avaliação que é feita pelas organizações no terreno. Nesta quinta-feira, as Nações Unidas accionaram o seu nível mais elevado de emergência para responder à crise humanitária no Iraque, o que lhe permite acelerar o envio de ajuda e de fundos para acorrer ao país. O “nível 3” de emergência está em vigor em apenas três outros países (Síria, Sudão do Sul e República Centro Africana), mas as agências da ONU estão com dificuldades para responder a uma crise que se agrava a cada hora. Só na província de Dohuk há mais de 400 mil deslocados, mais de metade deles cristãos e yazidis que chegaram à zona nas duas últimas semanas. Há outras dez mil pessoas num campo que está a ser montado pelo Crescente Vermelho do outro lado da fronteira síria. Num e noutro lado falta comida, água e famílias inteiras que depois de terem testemunhado atrocidades cometidas pelos jihadistas e da longa fuga não têm sequer com que se abrigar do sol inclemente. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que na véspera admitira enviar helicópteros para ajudar num resgate aéreo, assegurou que a missão americana e britânica vai concentrar-se no envio de ajuda para os campos de refugiados no Curdistão.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
"Século XXI será o século de pessoas em fuga"
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, advertiu hoje que o século XXI “será o século das pessoas em fuga”, apelando a um debate internacional para se enfrentar este desafio. (...)

"Século XXI será o século de pessoas em fuga"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, advertiu hoje que o século XXI “será o século das pessoas em fuga”, apelando a um debate internacional para se enfrentar este desafio.
TEXTO: As grandes tendências globais, como o desenvolvimento demográfico, a urbanização, a escassez de víveres e de água potável, de matérias primas, e sobretudo as mudanças climáticas, “agudizam situações de conflito e obrigam as pessoas a abandonar as suas pátrias”, advertiu. Depois de revelar que o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados aumentou as suas actividades em 50 por cento nos últimos quatro anos, Guterres sublinhou que, “ao contrário do que políticos populistas querem fazer crer”, oito em cada dez refugiados vivem em países em vias de desenvolvimento. Os primeiros 25 lugares da lista dos países que acolhem mais refugiados são ocupados por países em desenvolvimento, e só no 26. º posto surge um país industrializado, a Alemanha. Em África, vivem 40 por cento dos refugiados de todo o mundo. “Estamos perante uma injustiça, originada pelas mudanças climáticas, porque os que são menos responsáveis e têm menos recursos são os mais atingidos” pela drama dos refugiados, afirmou. Neste contexto, o Alto Comissário apelou à União Europeia para unificar o seu direito de asilo político, lembrando que no total dos 27 países que a constitutuem foram acolhidos, em 2009, 286 700 refugiados, e só a África do Sul acolheu 222 mil, no mesmo período. “As taxas de admissão de pessoas em busca de asilo político estã praticamente no zero em alguns países europeus, enquanto noutros países as taxas de admissão superam os oitenta por cento, embora em função da origem das pessoas”, lamentou. Guterres apontou ainda os três grandes desafios que se colocam ao ACNUR, o primeiro dos quais é o crescente número de conflitos duradouros, como no Afeganistão, na Somália ou no Congo. O segundo grande desafio é a redução do espaço de manobra humanitário, nomeadamente devido à proliferação do banditismo, que causou três vítimas mortais entre funcionários do ACNUR, nos últimos seis meses. O último grande desafio é a erosão do espaço de asilo político, acompanhado por “tendências preocupantes”, como a xenofobia, o racismo e a crescente indiferença perante o drama dos refugiados, alertou o Alto Comissário. Durante a visita à capital alemã, Guterres avistar-se-á, hoje e na quarta feira, com membros do governo, com o presidente do parlamento e com presidentes de comissões parlamentares. Principal objetivo da visita é convencer a Alemanha a ter um papel de liderança no processo de harmonização do direito de asilo político no espaço europeu, como afirmou Guterres na sua intervenção.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
69 pedidos de asilo a Portugal este ano
Serviço de Estrangeiros e Fronteira fez o balanço no Dia Mundial do Refugiado. (...)

69 pedidos de asilo a Portugal este ano
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Serviço de Estrangeiros e Fronteira fez o balanço no Dia Mundial do Refugiado.
TEXTO: Até à semana passada tinham sido solicitados a Portugal 69 pedidos de asilo, tendo sido concedidos cinco estatutos de refugiado e 24 autorizações de residência por razões humanitárias, informou ontem o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). O balanço é divulgado no dia em que se comemora o Dia Mundial do Refugiado, no qual dá também conta de que os restantes pedidos de asilo, daqueles 69 solicitados, se encontram em fase de análise e instrução, para posterior apresentação ao ministro da Administração Interna. “As nacionalidades dos requerentes de asilo são maioritariamente de cidadãos provenientes do continente africano, nomeadamente da Guiné Conacri, República Democrática do Congo, e alguns da Nigéria e do Gana, bem como do continente Americano, em especial da Colômbia”, refere no documento. Desde 2007, existe um programa nacional de reinstalação de refugiados que se encontram em campos situados em países terceiros, que envolve um mínimo de 30 refugiados por ano. No ano passado, acrescenta o SEF, Portugal reinstalou 12 cidadãos da República Democrática do Congo, provenientes da Tanzânia, quatro iraquianos que se encontravam na Síria, 10 do Afeganistão, três etíopes e um somali, todos provenientes da Ucrânia. Este ano, e até ao momento, Portugal já reinstalou 11 cidadãos estrangeiros, informa o SEF, acrescentando que até ao final de 2010 Portugal vai receber seis cidadãos beneficiários de proteção internacional, que se encontram em Malta, no âmbito de compromissos voluntariamente assumidos pelo Governo português no quadro da recolocação de refugiados que se encontram noutros países da União Europeia. O Dia Mundial do Refugiado foi comemorado pela primeira vez em Portugal, numa concentração promovida pela organização do Conselho Português de Refugiados (CPR) que juntou dezenas de pessoas no Largo de São Domingos, em Lisboa, que simbolicamente empunhavam chapéus de chuva. Teresa Tito de Morais, presidente do CPR, precisou à Lusa que a concentração de chapéus de chuva visou sensibilizar a opinião pública portuguesa sobre a necessidade de promover a proteção dos refugiados. A utilização dos guarda-chuvas simbolizou a proteção que é devida aos refugiados em todo o mundo, que Dalila Araújo fixou em 42 milhões de pessoas e, que no caso de Portugal, é garantida aos dois tipos de pedido de asilo que chegam ao país. A iniciativa, em que esteve presente a secretária de Estado da Administração Interna, Dalila Araújo, foi celebrada noutros países europeus, e decorreu sob o lema “Afastaram-me de casa, mas não me podem roubar o futuro”.
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF
O Open Arms, com 300 pessoas resgatadas do Mediterrêneo, já chegou a Espanha
Os países de origem destes imigrantes e refugiados são a Somália e a Síria; há perto de 130 menores a bordo. Houve países que recusaram o navio ou não responderma aos apelos. (...)

O Open Arms, com 300 pessoas resgatadas do Mediterrêneo, já chegou a Espanha
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 8 Migrantes Pontuação: 8 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os países de origem destes imigrantes e refugiados são a Somália e a Síria; há perto de 130 menores a bordo. Houve países que recusaram o navio ou não responderma aos apelos.
TEXTO: Alguns dos menores que viajaram no navio Open Arms, da organização Proactiva, que chegou nesta sexta-feira ao porto de Crinavis (Cádis, Espanha), são crianças que fogem da guerra na Somália e na Síria, disse a Save The Children. Em declarações aos jornalistas em Crinavis, o director do programa para a Espanha da organização Save The Children, Vicente Raimundo, afirmou que há menores "que vêm de países em guerra, como a Somália ou a Síria, e cujas famílias escaparam de situações de fome". O Open Arms chegou ao porto na Baía de Algeciras depois de o Governo espanhol ter autorizado o desembarque. A bordo estão mais de 300 pessoas que foram resgatados no Mediterrâneo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O barco atracou no porto de Crinavis, onde foi instalado, em Agosto, o Centro de Assistência Temporária para Estrangeiros, que é o destino final dos resgatados. O Governo de Pedro Sánchez autorizou a entrada do barco em águas territoriais espanholas depois de o navio ter recolhido, há uma semana, em águas líbias, mais de 300 pessoas, 139 delas menores, e após a recusa ou falta de resposta dos portos mais próximos. Vicente Raimundo disse que muitos dos casos identificados "passaram pela Líbia e, de acordo com as Nações Unidas, todos os migrantes que estão na Líbia passam por situações terríveis". "Estamos perante histórias realmente horríveis”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra fome
Siemens terá refugiado até seis mil milhões de euros no BCE
O grupo alemão Siemens terá transferido entre quatro mil milhões e seis mil milhões de euros de um importante banco francês para o Banco Central Europeu (BCE), avança o jornal britânico Financial Times (FT). (...)

Siemens terá refugiado até seis mil milhões de euros no BCE
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O grupo alemão Siemens terá transferido entre quatro mil milhões e seis mil milhões de euros de um importante banco francês para o Banco Central Europeu (BCE), avança o jornal britânico Financial Times (FT).
TEXTO: De acordo com o jornal, que cita uma fonte anónima com conhecimento do processo, a Siemens terá retirado dinheiro do banco francês, cujo nome nao é conhecido, e tê-lo-á colocado nas mãos da autoridade monetária da zona euro há duas semanas. Segundo a mesma fonte, o grupo industrial germânico optou por esta operação devido aos receios acerca da saúde financeira do referido banco, procurando refúgio para os seus activos no BCE, mas também para beneficiar das taxas de juros mais elevadas que são pagas por esta entidade monetária, em comparação com os bancos comerciais. O Financial Times lembra que são poucas as empresas que dispõem de autorizações bancárias para depositar dinheiro directamente na instituição sediada em Frankfurt, na Alemanha. O mesmo jornal sublinha que a decisão da Siemens demonstra o impacto que a crise da dívida soberana na zona euro tem tido sobre a confiança das empresas nos bancos europeus. A decisão da Siemens surge quase um ano depois de o maior conglomerado de engenharia da Europa ter lançado o seu próprio banco, uma operação pouco usual para um grupo industrial fora do sector automóvel. Em Dezembro passado, o director executivo da unidade de serviços financeiros, Roland Châlons-Browne, admitiu que o negócio bancário permite à Siemens obter liquidez do banco central e fazer depósitos no BCE. “Na eventualidade de uma nova crise financeira, poderemos [Siemens] aumentar a nossa flexibilidade e afastar o risco através do nosso próprio banco”, disse Châlons-Browne, cita o FT.
REFERÊNCIAS:
Tempo Dezembro
Podemos? Não, não podemos
As quotas para negros e ciganos não passam de uma farsa multicultural igualitarista. Não, não podemos integrar por decreto. (...)

Podemos? Não, não podemos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: As quotas para negros e ciganos não passam de uma farsa multicultural igualitarista. Não, não podemos integrar por decreto.
TEXTO: [Nota: as reacções a este texto motivaram um editorial do director do PÚBLICO, Manuel Carvalho. ]Segundo o PÚBLICO de 29 de Junho, o “PS quer discriminação positiva para as minorias étnico-raciais”. Em causa estão sobretudo africanos e ciganos, independentemente de terem nascido em Portugal ou não. Estas minorias excluídas da Cidade, a sua suposta ou real marginalização, constitui a prova de que Portugal “continua a ter um problema de racismo e xenofobia”, independentemente do efeito – que de resto não sofremos – do drama dos refugiados, com o seu pico mais trágico em 2015. O entrevistado pelo PÚBLICO, Rui Pena Pires, sociólogo e secretário nacional do Partido Socialista, lamenta “a falta de diversidade no espaço público”, que continua atulhado de homens brancos e mulheres brancas. E, em conformidade com a ideia, grata à esquerda, de que a sociedade e respectiva mentalidade podem ser mudadas por decreto, Pena Pires saúda a possibilidade de que o problema da exclusão de negros e ciganos do espaço público se resolva, ou comece a resolver, estabelecendo quotas para deputados coloridos, de forma a conferir à futura Assembleia da República uma dimensão representativa mais conforme com a composição étnico-racial da sociedade portuguesa. Se as quotas tinham impulsionado a emancipação e igualização de direitos das mulheres, se lhes haviam aberto o espaço público, porque não aplicar a mesma receita às minorias étnicas?A comparação com a igualdade ou paridade de género é inteiramente falaciosa. As mulheres, que sem dúvida têm nos últimos anos adquirido uma visibilidade sem paralelo com o passado, partilham, de um modo geral, as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais: fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade. Ora isto não se aplica a africanos nem a ciganos. Nem uns nem outros descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789. Uns e outros possuem os seus códigos de honra, as suas crenças, cultos e liturgias próprios. Os ciganos, sobretudo, são inassimiláveis: organizados em famílias, clãs e tribos, conservam os mesmos hábitos de vida e os mesmos valores de quando eram nómadas. E mais: eles mesmos recusam terminantemente a integração. É só ver a quantidade de meninas ciganas que são forçadas pelos pais a abandonar a escola a partir do momento em que atingem a puberdade; é só ver a quantidade de meninas e meninos ciganos que abandonam os estudos, apesar dos subsídios estatais de que os pais continuam a gozar para financiar (ou premiar!) a ida dos filhos às aulas; é só ver o modo disfuncional como se comportam nos supermercados; é só ver como desrespeitam as mais elementares regras de civismo que presidem à habitação nos bairros sociais e no espaço público em geral. Os ciganos não praticam a bárbara excisão genital das mulheres. Mas, em vez desta brutal mutilação, vulgar e imperativa nas tribos muçulmanas, aos casamentos entre ciganos segue-se, no dia seguinte, obrigatoriamente, a humilhante demonstração da virgindade da noiva, cujo sangue de desfloramento, estampado nos lençóis, é orgulhosamente exibido perante a comunidade. O que temos nós a ver com este mundo? Nada. O que tem o deles a ver com o nosso? Nada. Africanos e afro-descendentes também se auto-excluem, possivelmente de modo menos agressivo, da comunidade nacional. Odeiam ciganos. Constituem etnias irreconciliáveis, e desta mútua aversão já nasceram, em bairros periféricos e em guetos que metem medo, batalhas campais só refreadas pela intervenção policial. Os africanos são abertamente racistas: detestam os brancos sem rodeios; e detestam-se uns aos outros quando são oriundos de tribos ou “nacionalidades” rivais. Há pouco tempo, uma empregada negra do meu prédio indignou-se: “Senhora, eu não sou preta, sou atlântica, cabo-verdiana. ” Passou-se comigo. A cabo-verdiana desprezava as angolanas porque eram africanas, não atlânticas, e muito mais pretas. . . Os partidos, nomeadamente o PS, confessam que, para o fim inconfesso de conquistar mais alguns votos, se vêem hoje obrigados a “assegurar a representatividade das diferentes origens étnico-raciais”. Não por acaso, na entrevista com Pena Pires, a visibilidade dessas diferentes origens aparece imediatamente relacionada com a facilitação do acesso ao ensino superior, que deveria abrir-se a todos os alunos, “independentemente da sua nota final” no 12. º ano. “Se fizermos uma política de alargamento de acesso ao ensino superior, já resolvemos parte do problema. §Não faz sentido ter um ensino virado para os melhores alunos, mas sim para todos os que têm as condições mínimas para entrar. ” Pena Pires não explica que condições são essas. Possivelmente, o simples facto de existirem jovens que, apesar de incapazes e preguiçosos, aspiram a um diploma universitário! Pelos vistos, o facilitismo que já reina hoje em dia nas universidades ainda não chega: para resolver “os problemas de racismo e xenofobia” que afligem a esquerda bem-pensante da nossa democracia, teremos de criar um passe de livre-trânsito entre o secundário e a universidade. Quando esta política for oficialmente consagrada e der os seus resultados, teremos um Parlamento ainda mais ignorante e incompetente do que já temos – sem que o País deixe de “ter um problema de xenofobia e racismo”. A título de complemento do acesso irrestrito ao ensino superior, Pena Pires recomenda também a criação de “um observatório do racismo e da discriminação junto a uma universidade”. Mas como é que se observa o racismo e a discriminação a partir dos gabinetes almofadados onde se sentariam os observadores? A única maneira de observar uma matéria tão fugidia e evanescente é frequentar feiras e supermercados baratos, é entrar nos bairros em que nem a polícia se atreve a pôr os pés. Mas isto é tremendamente maçador e, sobretudo, exige muita coragem física. O observatório não observaria nada e seria perfeitamente inútil, a não ser – isso sim – para criar mais alguns jobs for the boys. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Bem-vindos os analfabetos – lusitanos, africanos ou ciganos – à “visibilidade” no espaço público. De facto, só por uma cabeça de esquerda passaria a ideia peregrina de um acesso irrestrito e incondicional à universidade. E, quanto à melhoria da representatividade parlamentar, o recrutamento de meia dúzia de indivíduos africanos ou ciganos em nada, mas nada, promoveria a integração destas comunidades “invisíveis”, pelo singelo motivo de que a sua “inclusão” não passaria de uma farsa multicultural igualitarista. Por um lado, os eleitos não tardariam a ser vistos pelos seus como desertores, e por outro seriam olhados pelos seus colegas de bancada como forasteiros coloridos. Acontece que a xenofobia e o racismo são um fenómeno universal, e não um problema especificamente português. Por mais que se escancarem as portas da universidade, por mais que se criem srs. doutores de aviário, nunca se dissolverão na comunidade autóctone as minorias exóticas em que uma selvajaria como a excisão genital feminina seja moeda corrente. Mais extraordinário e mais eloquente é que, na entrevista de Pena Pires, nunca surja a palavra “mérito”. Não, não podemos integrar por decreto.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS LIVRE
Milhares protestaram em Bruxelas contra as políticas de Trump
Presidente norte-americano chegou na quarta-feira à capital belga, onde esta quinta-feira participa na cimeira da NATO. Alguns milhares manifestaram-se nas ruas contra a sua presença (...)

Milhares protestaram em Bruxelas contra as políticas de Trump
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente norte-americano chegou na quarta-feira à capital belga, onde esta quinta-feira participa na cimeira da NATO. Alguns milhares manifestaram-se nas ruas contra a sua presença
TEXTO: O Air Force One com Donald Trump a bordo aterrou esta quarta-feira pelas 16h15 (hora local) numa base militar próximo de Bruxelas. Quase ao mesmo tempo que o Presidente norte-americano chegava à capital belga arrancava uma manifestação que juntou vários milhares de pessoas – 9 mil, segundo a polícia – contra Trump e as suas políticas, e a favor da paz. Mas o Presidente dos Estados Unidos não se cruzou – nem de perto – com os manifestantes. Bruxelas é por estas horas uma cidade em estado de segurança máxima e os percursos de Donald Trump são calculados com rigor e limitados a zonas da cidade altamente protegidas. A circulação foi parcialmente cortada nalgumas zonas de Bruxelas por onde o presidente Trump vai passar. Há vários perímetros de segurança onde é proibido circular de automóvel, passar a pé ou até estacionar – como, por exemplo, nas proximidades da embaixada dos Estados Unidos onde se calcula que pernoite. Algumas estações de metro vão permanecer encerradas. A presença policial e militar foi reforçada nos pontos nevrálgicos da visita. Há elementos das forças de segurança armados espalhados por várias zonas e veículos blindados e blocos de betão colocados por forma a impedirem o acesso aos perímetros por onde a comitiva norte-americana vai passar. Esta quarta-feira a cidade estava claramente despojada do habitual movimento não só devido às perturbações do trânsito que dissuadiu muitos de irem até ao centro, mas também por causa do feriado desta quinta-feira que terá levado outros bruxelenses a aproveitarem a “ponte” para sair da capital. Alguns dos que ficaram em Bruxelas tiveram oportunidade de se manifestar pelas ruas e avenidas do centro da capital contra a presença do Presidente dos Estados Unidos sob o lema “Trump not welcome”. A concentração que juntou vários milhares de pessoas foi convocada por estudantes universitários e um grupo de organizações não governamentais de direitos humanos. Ruidoso e colorido, o desfile decorreu sem incidentes, em ambiente de convívio. Muitos manifestantes tinham bandeiras de partidos políticos, associações e ONG. Outros participantes pertenciam a movimentos feministas ou de defesa do ambiente. Alguns recorreram ao humor ou à sátira – com bonecos, caricaturas ou disfarces invocando o Presidente norte-americano –, outros empunharam cartazes e bandeirolas mordazes contra Trump. De resto, “não à proibição, não ao muro, não ao ódio” foram algumas das principais palavras de ordem. “Estamos aqui para demonstrar solidariedade para com os Estados Unidos mas também para enviar uma mensagem clara ao presidente Donald Trump e à sua Administração”, explicou ao PÚBLICO Iverna McGowan, chefe da representação da Amnistia Internacional junto da União Europeia. “Não à proibição de [entrada de] refugiados, não à proibição de muçulmanos e na defesa firme dos direitos das mulheres. Esta é uma mensagem de solidariedade”, afirmou. Entre os manifestantes estava uma delegação do Conselho Português para a Paz e a Cooperação. Helena Casqueiro sublinhou que a principal razão da presença esta quarta-feira em Bruxelas deve-se ao facto de a ONG portuguesa ser “contra todas as guerras, contra todas as guerras promovidas pela NATO e os seus aliados, a União Europeia e os Estados Unidos”. Mas a manifestação não era só contra Trump – pretendeu também defender a paz no mundo. A organização Greenpeace desenrolou um cartaz gigantesco com a mensagem “Make peace great again”, uma indirecta a um dos slogans favoritos de Donald Trump (Make America great again). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O desfile resultou ainda num enorme leque de reivindicações quase para todos os gostos. A favor da solidariedade entre os povos, pela igualdade, contra as alterações climáticas, a favor dos refugiados. O cortejo também contou com a presença de muitos manifestantes de várias nacionalidades. Foi possível ver bandeiras de vários países, incluindo dos EUA. Alguns mexicanos, preocupados com as relações com o vizinho do norte e com a intenção de Trump de construir um muro fronteiriço, não perderam a oportunidade de sair à rua para dizer o que pensam. “A eleição de Trump foi um enorme passo atrás na história”, afirmou ao PÚBLICO Raimundo Vazquez, um jovem mexicano a viver em Bruxelas. Em relação ao muro, o jovem não teve papas na língua: “É uma vergonha. Os mexicanos foram usados como bodes expiatórios [nos Estados Unidos]. ”Ao mesmo tempo que a manifestação decorria, o presidente Trump foi recebido pelos reis belgas e teve um encontro de trabalho com o primeiro-ministro, Charles Michel. Esta quinta-feira, participa na cimeira da NATO com os restantes chefes de Estado e de governo da Aliança Atlântica.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO
A sobrevivência artística de Abrunhosa
Espiritual deixa pressentir o quanto o músico investe cada vez mais numa marca autoral, cortando no seu protagonismo. O que demonstra a sua sábia sobrevivência artística. (...)

A sobrevivência artística de Abrunhosa
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.333
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Espiritual deixa pressentir o quanto o músico investe cada vez mais numa marca autoral, cortando no seu protagonismo. O que demonstra a sua sábia sobrevivência artística.
TEXTO: Não parece haver grande evidência científica que certifique a tendência natural numa voz masculina para baixar de tom com a idade, passando a soar mais grave. Há, na verdade, indícios de que, a existir uma alteração de tom mais comum entre os homens, tratar-se-á daquela que correlaciona a acumulação dos anos com um timbre mais agudo. Mas não é regra, e basta pensarmos em nomes como Tom Waits, Leonard Cohen ou Johnny Cash (quaisquer que sejam ou tenham sido os seus hábitos nas categorias de líquidos e fumos ingeríveis) para acolher com simpatia qualquer argumentação que aponte no sentido de as vozes – pelo menos algumas, pelo menos aquelas que mais nos interessam – poderem cobrir-se de grão, gravilha e aspereza à medida que a juventude se vai tornando um ponto mais distante no retrovisor. Autoria: Pedro Abrunhosa UniversalPensa-se nisto quando se ouve os primeiros versos de Vamos levantar voo, tema de abertura do sétimo álbum de estúdio de Pedro Abrunhosa, intitulado Espiritual. Não só porque é evidente a rugosidade extra que lhe vai na voz, mas também porque, desde que em 2007 inflectiu a sua música no sentido de uma sonoridade de clara filiação pop-rock norte-americana, a sombra de figuras como Tom Waits, Leonard Cohen, Bruce Springsteen, Tom Petty e Elvis Costello (sim, é inglês, e então?) vem ocupando um espaço cada vez maior. Ao desmembrar os Bandemónio e pôr de pé o Comité Caviar que agora o acompanha, Abrunhosa prescindia dos sopros – e do funk, da soul e do acid-jazz – que nortearam a sonoridade dos seus primeiros tempos, trocando-os pelo peso das guitarras e da bateria – e do rock, nas suas variações mais derivativas de blues ou folk. Espiritual é o seguimento lógico de Longe (2007) e de Contramão (2013). É a confirmação de que Abrunhosa percebeu o quanto a inevitável renovação da sua linguagem musical o aproximava de uma escrita de canções mais clássica e que, desta vez, reforça esse pensamento autoral ao fazer-se acompanhar por muitas outras vozes. Não é novidade que o sucesso e a sobrevivência artística de Pedro Abrunhosa sempre dependeram de um inteligente e cirúrgico recurso a uma voz de recursos limitados; em Espiritual, essa consciência expande-se no interior do próprio disco, como reconhecimento de que a fixação num mesmo território estético corria o risco de tornar-se pantanoso se não se rodeasse de figuras que, paradoxalmente, o levassem a sair de si mesmo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E essa noção de que a sua qualidade de escrita só tem a beneficiar quando se entrega a outras vozes é por demais evidente quando escutamos temas como Se tens de partir não me contes e Não vás embora hoje, em que Abrunhosa arranca de Lucinda Williams e Elisa Rodrigues duas soberbas interpretações – das melhores que ouvimos a qualquer uma delas até hoje. Williams, uma das mais espantosas cantoras deste dias, de um fervor country-folk que caiu em desuso, oferece um canto devastador, de dor em queda livre, voz da fatalidade de um abandono amoroso que há-de chegar, num tema que tresanda ao universo de Cohen (o canadiano, de resto, ciranda boa parte de Espiritual); da portuguesa, o músico consegue a mais certeira confirmação de que, com a devida orientação, estará aqui uma das mais notáveis vozes deste país, numa canção intoxicada por um ambiente de nouvelle chanson, como se inventada por Benjamin Biolay. São os dois exemplos mais flagrantes dos benefícios trazidos por outras vozes à música de Abrunhosa, num disco em que se rodeia ainda de Ana Moura, Lila Downs, Carla Bruni e Ney Matogrosso (chamado para um tema que segue de perto a cadência de People ain’t no good, de Nick Cave), num disco sintonizado nas dores do mundo – os muros mais ou menos literais que guilhotinam laços de amor, a crise dos refugiados quando “caem anjos na praia porque há lobos no mar”, a tentativa de quebrar com o ciclo da violência doméstica –, mas também nas mazelas amorsas da mais pequena escala e no vocabulário da sedução. Álbum em que Abrunhosa aparece também a navegar em águas que conhecemos a Jorge Palma e abrilhantado pela pedal steel de Greg Leisz (com créditos espalhados por álbuns de Emmylou Harris, Grant Lee Buffalo, Haim, Whiskeytown, Springsteen ou Grant Lee Buffalo), Espiritual deixa pressentir o quanto o músico investe cada vez mais numa marca autoral, cortando no seu protagonismo (bem defendido, ainda assim, em Vamos levantar voo ou Leva-me para um sítio melhor). O que demonstra, uma vez mais, a sua sábia sobrevivência artística.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE