“Acredito muito que mudo o mundo”
Ana Paula tem 26 anos e é médica. Depois de Moçambique, Angola e Grécia, prepara-se para o Bangladesh. "É preciso ir lá para doer". Missão: Possível. (...)

“Acredito muito que mudo o mundo”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ana Paula tem 26 anos e é médica. Depois de Moçambique, Angola e Grécia, prepara-se para o Bangladesh. "É preciso ir lá para doer". Missão: Possível.
TEXTO: Moçambique, Angola, Grécia e Bangladesh. Não é um catálogo de uma agência de viagens. Nem sequer os destinos turísticos na lista de desejos para as 12 passas. Desta história não fazem parte postais ilustrados ou poses no Instagram, hotéis frondosos ou refeições abundantes. “Não consigo”, vinca Ana Paula Cruz, que aos 26 anos não concebe “viajar por turismo”. Nunca o fez. “Não consigo visitar um país para o ver”, repete. “Preciso de ter as pessoas, preciso de as abraçar e de as sentir e de lhes dar alguma coisa de volta. Não concebo um turismo egoísta de só receber. Contribuir economicamente para o crescimento daquele país não me chega. Não vou pelos sítios, vou pelas pessoas. Só dou. Dou tudo. ”Lokas é médica. Nasceu em Celorico de Basto, estudou no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, e trabalha num centro de saúde em Freamunde. No próximo dia 21 de Outubro agarra numa licença sem vencimento e parte rumo ao Bangladesh (directamente ao campo de refugiados de Cox’s Bazar) e à sua quarta missão humanitária que irá de encontro aos rohingyas, que fogem aos milhares para escapar a uma “limpeza étnica”, palavras da ONU. Há décadas que a minoria muçulmana é perseguida, torturada e assassinada na Birmânia. “Tornou-se um problema muito real e muito violento. As Nações Unidas falam em genocídio. Adoro a minha vida aqui, as pessoas que posso cuidar todos os dias como médica cá, mas sou precisa lá. Dói muito, mas vou. Claro que vou. É uma merda. Vai ser horrível. Sei que vou chorar muitas vezes. Não ir é hipócrita, é fecharmo-nos em nós e nos nossos problemas pequeninos. É achares que o mundo é do nosso tamanho. E não é, é muito maior”, acentua Ana Paula, que volta “mais atenta” sempre que volta. No fundo, algo lhe repete “faz qualquer coisa, não te acomodes”. “Eu tenho 26 anos! Ninguém me diz que o mundo é assim e que não pode ser doutra maneira. Somos do mundo e o mundo é responsabilidade nossa. Se está a dar merda ali, precisas de fazer alguma coisa. Siga. ” Trata das burocracias e faz uma mochila em três tempos. “Preciso de ver os bebés que nasceram de violência e de violações em massa, preciso de ver estas mamãs que estão tão magoadas, de saber o que é esta dor para saber como posso curá-los. Não consigo esperar. Não é para o ano, é agora. É urgente. Há tanta coisa a acontecer tão difícil que temos que falar sobre isso. Como é que acontece aqui, no nosso mundo casa?”No fundo, e à superfície, sente a “necessidade de ir onde dói a sério”. Diz ter “consciência do mundo” em que vive. Não aceita as coisas como são e deseja que a história seja diferente — e faz por isso. Olha por “pessoas que estão longe dos olhos e, portanto, longe do coração”. “São pessoas que morrem longe”, resume. Percebeu em 2015 que era “do mundo”. “A casa vai ser longe do sítio onde nasci”, entendeu em Moçambique, sem telemóvel ou redes sociais, “livre” e com quatro t-shirts e a missão de vacinar crianças, de fornecer cursos de primeiros socorros nas escolas e de ajudar os adolescentes a olhar para o futuro. “Não vi ninguém morrer, mas vi pessoas a passar muitas dificuldades numa aldeia esquecida do mundo. É difícil mudar a pobreza crónica. Antes de mudar tens que os capacitar, têm que crescer com a mudança e não impor coisas”, explica Ana, habituada a “plantar sementes sem saber se vai dar fruto”, sem ter essa “expectativa”. “Acreditas que vão sair dali coisas boas e percebes que os frutos não são para ti. ”No ano seguinte, precipitou-se no seu horizonte Lesbos (com a Plataforma de Apoio aos Refugiados) e uma mensagem clara da Europa para os refugiados: “Eu tolero que estejas cá, mas não te aceito, não te acolho”. Num bloco cheio de informação, Lokas foi escrevendo o nome das pessoas “isoladas e esquecidas” que se foram cruzando no seu caminho. “Ninguém te vê”, assinala hoje. “Sobreviveste apesar de tudo o que viste, viveste e apesar de tudo o que te morreu. Quando voltamos destes sítios voltamos com a responsabilidade destas pessoas que fizemos nossas e que ninguém quer ouvir. A voz deles na Europa está super-silenciada porque são árabes e são muçulmanos, as pessoas têm medo e desconfiam deles, ‘O que é que estão cá a fazer? Vão-nos roubar os empregos’. . . Eu tenho a responsabilidade de falar da história de vida deles, de falar do quão bons eles também são. O mundo anda tão distraído que achamos que eles são maus ou que são terroristas. Uma coisa que aprendi muito com eles é que quem foge da guerra não foge apenas para não morrer, foge para não ter que matar, para não ter que pegar numa arma. ”E depois Angola (três meses entre Cacanda e Lóvua com o Serviço Jesuíta aos Refugiados) e o reflexo de picos de violência que ecoou de conflitos étnicos na República do Congo, “valas comuns, aldeias queimadas, feridas recentes, feridas abertas, indiferença”. “Chegavam com feridas de catana para suturar”, lembra Ana Paula, com um olhar mais curativo, 500 casos de malária por semana, mulheres grávidas que perderam os bebés porque estiveram demasiado tempo em trabalho de parto e pessoas com necessidades básicas: “água, luz e sangue”. “Nunca vi morrer tanta gente só porque o mundo não quer saber. No dia anterior estas pessoas estavam a fugir com a dor de perder a família inteira e de se perderem a eles. ” Quando a médica parava, Lokas andava pelo campo, olhava para as pessoas, dizia uma palavras em lingala (“A branca fala lingala!”), dava-lhes a mão e avançava. “É isso que os cura, a capacidade de os ver. ” Estavam mil pessoas quando chegou. Ficaram dez mil quando partiu. “Os números”, diz, “são abstractos”. “Não falam da dor real das pessoas. Não nos falam nem de nomes, nem de corações, nem de histórias de vida. Não nos tocam na pele. O mundo é mesmo grande. Há tanta coisa a acontecer que precisamos de ir lá ver com os nosso olhos. Siga, por favor! Não vou ficar! Não vai dar! Tem que nos doer inteiro, patadas directas. Quero estar sempre muito susceptível à dor deles e sentir tudo. E arranjar estratégias para no dia seguinte estar power on. Voltamos sempre destes sítios com o coração em pedacinhos. Mas é uma dor necessária que toda a gente tem que sentir. É preciso ir lá para doer. É preciso estar lá quando chove nas tendas ou quando não há água para ninguém. Falem de nós. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quer continuar a ir, mas “pelas razões certas”. “Estou a estudar o mundo”, diz. “O mundo dá-me a conhecer o mundo”. Só admite visitar um país para o ver quando o mundo estiver curado. “Dentro de dez anos”, brinca. “Acredito muito que mudo o mundo. Mudamos todos. ”Diário (Moçambique) Levei duas máquinas descartáveis. Ia fotografando e escrevia o que estava a sentir. Só via as fotos quando regressava a Portugal. Escrevo sempre mil coisas. Ajuda muito no processo de cicatrização das coisas que vamos vendo. Ajuda muito no processo de cura — que às vezes é um bocado duro. Estávamos numa carrinha de caixa aberta e íamos visitar casas de órfãos, cujos pais tinham morrido com Sida. Aqui, em "Chewa", língua oficial do Malawi, está escrito "estamos juntos". Colete (Angola) Usava-o todos os dias nos campos na fronteira com o Congo. As pessoas confiam muito em ti porque associam o colete a uma coisa segura, a casa e a coisas boas. As pessoas habituaram-se a ser cuidadas por pessoas que vestem este colete. Vestir estes coletes é uma responsabilidade muito grande. Simboliza uma casa segura e muito carinho. É muito especial. Bolsa (Grécia) Lesbos é uma ilha grega em frente à Turquia. Mundo precisa de saber onde é. A ilha tem um cemitério de coletes, um descampado para onde vão todos os coletes que chegam à ilha. É um sítio assustador, duro e silencioso. Há refugiados que trabalham no projecto Mozaik e que usam os coletes para fazermos carteiras e bolsinhas. É pegar em algo muito duro, que é a travessia, e dar-lhe algum sentido. Muitas pessoas morreram a usar coletes. Muitos deram à costa sem pessoas. Os refugiados são resilientes, pegam na dor e criam uma coisa bonita. Crescem com isso, sobrevivem. É inspirador.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Quatro ex-militares da Guatemala condenados a 6060 anos de prisão
Em Dezembro de 1982, foram assasssinados e deitados a um poço 201 camponeses da aldeia de Dos Erres, no Norte da Guatemala. Quatro militares acusados pelo massacre foram agora condenados a 6060 anos de prisão, numa sentença considerada histórica. (...)

Quatro ex-militares da Guatemala condenados a 6060 anos de prisão
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2011-08-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Dezembro de 1982, foram assasssinados e deitados a um poço 201 camponeses da aldeia de Dos Erres, no Norte da Guatemala. Quatro militares acusados pelo massacre foram agora condenados a 6060 anos de prisão, numa sentença considerada histórica.
TEXTO: A condenação foi anunciada nesta terça-feira: 30 anos de prisão por cada vítima, mais 30 por crimes contra a humanidade. Daniel Martínez, Manuel Pop, Reyes Collin e Carlos Carías deverão cumprir a pena máxima estabelecida pelo Código Penal da Guatemala, que é de 50 anos de prisão, mas foram simbolicamente condenados a 6060 anos. O tribunal considerou-os culpados pelo massacre que ocorreu na aldeia de Dos Erres, na região de Petén, no Norte da Guatemala, entre 6 e 8 de Dezembro de 1982, quando o país vivia uma guerra civil que se prolongou de 1960 a 1996. Ali foram assassinados 201 pessoas, incluindo mulheres e crianças, e os seus corpos foram atirados a um poço que a própria população tinha escavado para se abastecer de água. Os condenados estão já na reforma, mas eram na altura militares, dois deles das forças de elite do Exército guatemalteco. O tribunal considerou provado o seu envolvimento naquele que foi um dos massacres mais sangrentos dos anos em que o regime militar defrontou a guerrilha de inspiração marxista. Ao longo do julgamento foi reconstruída a história daqueles dias de violência. Vários sobreviventes contaram que um pelotão de soldados chegou à cidade e separou os homens das mulheres e crianças. Os primeiros foram torturados e depois assassinados, enquanto as mulheres e crianças foram fechadas numa igreja, conta o “El País” a partir dos relatos das testemunhas. Na igreja ouviam-se os gritos dos homens e os tiros. Depois foram buscar as mulheres e violaram-nas. Das crianças, só algumas conseguiram sobreviver. Todos os corpos foram atirados ao poço da aldeia. O horror daqueles dias foi recordado por sobreviventes, mas não só. O antigo membro das forças de elite do Exército guatemalteco, Flávio Pinzón Gerez, que tem hoje 57 anos e está refugiado no México, contou por videoconferência que um dos acusados, Manuel Pop, violou uma criança num matagal junto à aldeia. “Vinte minutos depois regressou e, depois de a decapitar, atirou-a ao poço”, contou. Na aldeia estaria um grupo de cerca de 40 soldados. O massacre terá sido uma vingança dos militares, que meses antes tinham sofrido em Dos Erres uma emboscada em que morreram 21 soldados, recorda o “El País”. Um antigo guerrilheiro contou ao diário espanhol ter ficado surpreendido com a emboscada porque Dos Erres até era considerada uma aldeia mais próxima do Exército. “Tínhamos medo de passar ali porque temíamos que nos denunciassem. ”Passaram 28 anos após o massacre, mas para que os responsáveis fossem julgados foi preciso esperar pelo fim da ditadura militar em 1985 e os acordos de paz de 1996. Na sala do Supremo Tribunal de Justiça da Guatemala a leitura da sentença foi recebida com aplausos de familiares das vítimas e activistas dos direitos humanos que acompanharam o julgamento. A guerra civil na Guatemala, que se prolongou por 36 anos e opôs a guerrilha marxista ao Exército e às milícias treinadas pelos militares, deixou mais de 200 mil mortos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens guerra humanos violência tribunal prisão criança medo mulheres refugiado
O fim do regime deu novo fôlego à revolta dos tuaregues no Mali
Não é só na Líbia que os arsenais de Muammar Khadafi ajudam a espalhar violência. "O Mali assiste provavelmente às repercussões mais significativas da queda do regime do líder líbio", escreveu numa análise recente o grupo de segurança Stratfor. (...)

O fim do regime deu novo fôlego à revolta dos tuaregues no Mali
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2012-02-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é só na Líbia que os arsenais de Muammar Khadafi ajudam a espalhar violência. "O Mali assiste provavelmente às repercussões mais significativas da queda do regime do líder líbio", escreveu numa análise recente o grupo de segurança Stratfor.
TEXTO: O Presidente, Amadou Tourami Touré, admitiu as dificuldades que o seu Governo enfrenta face a esta rebelião reforçada, num discurso no início do mês. Touré falou depois de um grupo de rebeldes ter tomado a cidade de Aguelhoc, no Nordeste do país. O Exército, disse, "não está a ser capaz de entrar em Aguelhoc, onde há elementos da Al-Qaeda do Magrebe, um grupo de ex-combatentes da Líbia e um grupo de desertores bem posicionados". Se contarmos com a actual, o Mali já viveu quatro insurreições dos tuaregues nómadas do Norte desde a independência, em 1960. Mas pela primeira vez quem combate contra as forças do Governo tem ao seu dispor sistemas de lança-mísseis portáteis e rockets antitanques. Também parecem mais organizados e mais bem treinados do que no passado. Em Aguelhoc, segundo contou um soldado à Reuters, começaram por cercar a base local do Exército com metralhadoras montadas em jipes, destruindo em seguida as comunicações militares e as torres de telemóveis. Cortaram o fornecimento de água e montaram emboscadas às colunas de veículos que faziam o reabastecimento. "Tinham a vantagem de ser mais numerosos, estarem mais bem armados e terem melhor logística, incluindo telefones-satélite", descreve o soldado. "É a triste verdade. "Khadafi era acusado de ter dado apoio aos tuaregues do Mali e do Níger (os nómadas desta região estão espalhados ainda pela Argélia e pelo Burkina Faso, para além da própria Líbia) durante os anos 1990. Certo é que muitos tuaregues do Mali integravam há anos o seu Exército e que outros entraram no ano passado na Líbia, para defender o seu regime. Muitos regressaram a casa e atacam agora o Governo de Bamako, integrados ou não no Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), o nome da região onde vive a maioria dos tuaregues do Mali. O Governo de Bamako acusa o MNLA de ligações à Al-Qaeda do Magrebe, o que o grupo nega. "A situação é imprevisível e a instabilidade pode espalhar-se. Cidadãos individuais não têm sido alvos, mas o MNLA indicou através dos seus sites que tenciona conduzir operações militares por todo o Norte do Mali", descreve o Departamento de Estado norte-americano num aviso aos viajantes. Só desde Janeiro já morreram dezenas de pessoas em confrontos e os rebeldes dizem ter atacado e tomado seis localidades nas últimas semanas, incluindo na região de Timbuktu. Segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha, dez mil pessoas deixaram as suas casas no Mali e no Níger por causa dos confrontos recentes. Outras três mil fugiram da Mauritânia. "Alguns dos refugiados foram recebidos por aldeões, mas o espaço foi absorvido muito depressa", disse à CNN Jurg Eglin, que chefia as operações da Cruz Vermelha na região. "Os abrigos são muito básicos. Estas pessoas, muitas das quais são mulheres e crianças, enfrentam falta de comida e especialmente de água. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres
Crescente Vermelho sírio consegue entrar no bairro de Bab al-Amr
Há seis dias que as equipas humanitárias aguardavam autorização para entrar no bairro sírio de Bab al-Amr, em Homs, bombardeado durante um mês pelas forças leais a Bashar al-Assad. Nesta quarta-feira uma equipa do Crescente Vermelho pôde finalmente aceder ao bairro. (...)

Crescente Vermelho sírio consegue entrar no bairro de Bab al-Amr
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há seis dias que as equipas humanitárias aguardavam autorização para entrar no bairro sírio de Bab al-Amr, em Homs, bombardeado durante um mês pelas forças leais a Bashar al-Assad. Nesta quarta-feira uma equipa do Crescente Vermelho pôde finalmente aceder ao bairro.
TEXTO: A entrada em Bab al-Amr foi confirmada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, no dia em que a chefe do gabinete da ONU para as questões humanitárias, Valerie Amos, chegou à Síria para negociar a entrada da ajuda humanitária nas regiões mais afectadas pelos confrontos, uma semana depois de lhe ter sido negada a entrada no país. “Uma equipa do Crescente Vermelho entrou em Bab al-Amr”, confirmou à Reuters o porta-voz da Cruz Vermelha em Genebra, Hicham Hassan. Não se sabe ainda que quantidade de comida ou medicamentos foi levada para o bairro, considerado um bastião dos opositores sírios. A entrada da ajuda humanitária tem sido bloqueada pelas autoridades sírias, que os opositores acusam de ter estado, nos últimos dias, a eliminar vestígios do que aconteceu em Bab al-Amr, e que garantem ter sido um massacre. Jornalistas estrangeiros que se encontravam no bairro e já conseguiram escapar da Síria relataram bombardeamentos sistemáticos e indiscriminados. Segundo dados da ONU, a violência na Síria, que começou há um ano com a repressão por parte das forças do Presidente Bashar al-Assad contra manifestantes contra o regime, já causaram mais de 7500 mortos. O bairro de Bab al-Amr foi alvo de bombardeamentos durante 27 dias. E foi para Homs que Valerie Amos se deslocou para se encontrar com o responsável do Crescente Vermelho na Síria, Abdulrahman Attar. A responsável para as questões humanitárias da ONU esteve durante a manhã em Damasco, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid Muallim, lhe garantiu que o Governo irá “cooperar e procurar ajudar os civis”, adiantou a agência estatal Sana. Nos próximos dias deverá também deslocar-se à Síria o enviado da ONU e da Liga Árabe, o antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os refugiados, desde o último fim-de-semana mais de 1500 pessoas, grande parte mulheres e crianças, fugiram da região de Homs e atravessaram a fronteira para o Líbano para fugir à violência. De várias regiões do país continuam a chegar relatos de repressão. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, nesta quarta-feira a violência causou mais sete mortes nas cidades de Idlib e Aleppo, no Norte do país.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Valerie Amos e Crescente Vermelho sírio entraram no bairro de Bab al-Amr
Há seis dias que as equipas humanitárias aguardavam autorização para entrar no bairro sírio de Bab al-Amr, em Homs, bombardeado durante um mês pelas forças leais a Bashar al-Assad. Nesta quarta-feira a responsável da ONU para os assuntos humanitários e uma equipa do Crescente Vermelho puderam finalmente aceder ao bairro. (...)

Valerie Amos e Crescente Vermelho sírio entraram no bairro de Bab al-Amr
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há seis dias que as equipas humanitárias aguardavam autorização para entrar no bairro sírio de Bab al-Amr, em Homs, bombardeado durante um mês pelas forças leais a Bashar al-Assad. Nesta quarta-feira a responsável da ONU para os assuntos humanitários e uma equipa do Crescente Vermelho puderam finalmente aceder ao bairro.
TEXTO: A entrada em Bab al-Amr foi confirmada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, no dia em que a chefe do gabinete da ONU para as questões humanitárias, Valerie Amos, chegou à Síria para negociar a entrada da ajuda humanitária nas regiões mais afectadas pelos confrontos, uma semana depois de lhe ter sido negada a entrada no país. Valerie Amos deslocou-se ao bairro de Bab al-Amr acompanhada por membros do Crescente Vermelho sírio. Ficaram no local cerca de 45 minutos, adiantou o porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha Hicham Hassan. "Verificaram que grande parte dos habitantes deixaram o local para sítios que já foram visitados pela Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho na semana passada", adiantou. Não foi ainda levada comida ou medicamentos para o bairro, considerado um bastião dos opositores sírios. Após a visita, a porta-voz de Valerie Amos, Amanda Pitt, disse aos jornalistas que a responsável da ONU para as questões humanitárias encontrou o bairro de Bab al-Amr "bastante devastado" pelos bombardeamentos. "A segurança continua a ser uma preocupação, obviamente. Eles ouviram tiros enquanto lá estavam", adiantou Pitt. A entrada da ajuda humanitária tem sido bloqueada pelas autoridades sírias, que os opositores acusam de ter estado, nos últimos dias, a eliminar vestígios do que aconteceu em Bab al-Amr, e que garantem ter sido um massacre. Jornalistas estrangeiros que se encontravam no bairro e já conseguiram escapar da Síria relataram bombardeamentos sistemáticos e indiscriminados. Segundo dados da ONU, a violência na Síria, que começou há um ano com a repressão por parte das forças do Presidente Bashar al-Assad contra manifestantes contra o regime, já causou mais de 7500 mortos. O bairro de Bab al-Amr foi alvo de bombardeamentos durante 27 dias. E foi para Homs que Valerie Amos se deslocou para se encontrar com o responsável do Crescente Vermelho na Síria, Abdulrahman Attar. A responsável para as questões humanitárias da ONU esteve durante a manhã em Damasco, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid Muallim, lhe garantiu que o Governo irá “cooperar e procurar ajudar os civis”, adiantou a agência estatal Sana. Nos próximos dias deverá também deslocar-se à Síria o enviado da ONU e da Liga Árabe, o antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os refugiados, desde o último fim-de-semana mais de 1500 pessoas, grande parte mulheres e crianças, fugiram da região de Homs e atravessaram a fronteira para o Líbano para fugir à violência. De várias regiões do país continuam a chegar relatos de repressão. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, nesta quarta-feira a violência causou mais sete mortes nas cidades de Idlib e Aleppo, no Norte do país. Notícia actualizada às 21h50 com declarações da porta-voz de Valerie Amos
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Regime sírio anuncia legislativas para 7 de Maio
O regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou nesta terça-feira eleições legislativas, enquanto o enviado da ONU, Kofi Annan, dizia esperar uma resposta do regime a propostas concretas para terminar a violência. Mas no terreno continuam a morrer dezenas de pessoas, a maioria vítimas de acções das forças militares. (...)

Regime sírio anuncia legislativas para 7 de Maio
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou nesta terça-feira eleições legislativas, enquanto o enviado da ONU, Kofi Annan, dizia esperar uma resposta do regime a propostas concretas para terminar a violência. Mas no terreno continuam a morrer dezenas de pessoas, a maioria vítimas de acções das forças militares.
TEXTO: A visita de Annan a Damasco no fim-de-semana, que incluiu dois encontros com Assad, tinha três objectivos: conseguir um cessar-fogo, acesso a ajuda humanitária e início do diálogo político. O regime deveria responder ainda durante esta terça-feira, indicou Annan. Mas de Damasco vinha outra notícia: de que o regime planeia eleições legislativas para 7 de Maio. As eleições serão levadas a cabo após a aprovação da nova Constituição que teoricamente acaba com o regime de partido único ao retirar o partido Baas, da família Assad, do seu lugar de “líder do Estado e da sociedade”. Mas impõe uma série de outros limites (os partidos não podem ter base regionalista – o que exclui por exemplo os partidos curdos – ou religiosa – o que exclui a banida Irmandade Muçulmana . E a oposição recusa-se a participar numa votação que apelida de farsa enquanto a violência continua sem tréguas no país. Ontem registaram-se ataques em vários locais, incluindo ainda em Homs, cidade já arrasada pelas forças de Assad, e da cidade que agora está a ser alvo da maior operação, Idlib, chegam relatos de mortes e violações. Segundo um activista, morreram 50 pessoas na cidade, muitas delas mortas a tiro enquanto se aproximavam de corpos deixados numa mesquita. Outro activista conta que viu os corpos de duas raparigas, uma não teria mais de 13 anos e tinha sido violada. “Estava coberta de sangue e a sua roupa interior tinha sido arrancada”, disse à Reuters. Enquanto isso, mantinha-se um impasse no Conselho de Segurança em relação a uma resolução, com a Rússia e a China a oporem-se a críticas a Assad (que não tivessem iguais críticas à oposição), algo que os EUA consideram inaceitável, já que acções agressivas de um exército de um regime não podem ser comparadas a acções de autodefesa de civis, explicou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. A Rússia defendeu que o regime sírio não devia aceitar um cessar-fogo unilateral, dizendo que as hostilidades deveriam parar simultaneamente dos dois lados. Os EUA defendem que o regime deveria primeiro parar os seus ataques. Minas na fronteiraA ONU reviu, pelo seu lado, o número de vítimas do regime sírio de 7500 para mais de 8000, incluindo muitas mulheres e crianças. O Alto Comissariado para os Refugiados indicou ainda que pelo menos 30 mil pessoas fugiram para o estrangeiro (a maioria para a Turquia e Líbano) e 200 mil estão deslocadas no próprio país. Para evitar estas fugas, o regime está a colocar minas na fronteira com a Turquia, acusou entretanto a Human Rights Watch. A primeira informação sobre minagem de fronteiras tinha surgido em Novembro do lado libanês (o regime justificou-a com a necessidade de prevenir o contrabando); desta vez há informações recentes do lado turco, mas as autoridades sírias não reagiram à acusação. A Human Rights Watch cita informações de habitantes e de um antigo perito em desminagem do exército, de 28 anos, que afirmou ter desactivado, junto com um primo e três amigos, mais de 300 minas de fabrico soviético. As minas estavam “entre as árvores de fruto, a três metros da fronteira, em duas linhas paralelas”, descreveu. Um rapaz de 15 anos contou à organização como ficou sem uma perna ao atravessar a fronteira para a Turquia, ajudando um amigo da família que tinha ficado ferido no ataque ao bairro de Bab al-Amr, em Homs: “Estava a menos de 60 metros da fronteira quando a mina explodiu”, lembra. O seu amigo morreu. A Human Rights Watch apelou à Síria para que não coloque minas no terreno, sublinhando que estas vão matar muitos sírios durante os próximos anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
A cidade "libertada" de Azaz vive já no pós-Assad
"Depois dos combates não havia nada, nem água, nem electricidade, nem comida. Agora já restabelecemos 80% dos serviços", orgulha-se Samir Haj Omar, líder do conselho político de Azaz, uma cidade síria que já decidiu organizar-se para o pós-Assad. (...)

A cidade "libertada" de Azaz vive já no pós-Assad
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Depois dos combates não havia nada, nem água, nem electricidade, nem comida. Agora já restabelecemos 80% dos serviços", orgulha-se Samir Haj Omar, líder do conselho político de Azaz, uma cidade síria que já decidiu organizar-se para o pós-Assad.
TEXTO: Há já três semanas que Azaz, na fronteira com a Turquia, está nas mãos dos rebeldes. Desde então, um conselho político e um conselho militar tomaram em mãos a organização da cidade. Depois de cinco meses de combates violentos, as lojas e o mercado já reabriram e três quartos da população já regressaram às suas casas, depois de muitos deles se terem refugiados na vizinha Turquia. À semelhança de muitas outras cidades das zonas "libertadas", Azaz também escolheu a autogestão. "Estamos livres e felizes", assegura Abu Moussa, um comerciante que só tem um pedido a fazer: "Que Bashar al-Assad se vá embora. "Para quem anda nas ruas de Azaz, a cidade assemelha-se a qualquer outra localidade árabe em pleno Ramadão: o dia calmo e adormecido e efervescência ao pôr do Sol. À noite, os habitantes enchem as ruas e formam-se ruidosos engarrafamentos nas principais zonas do centro, onde lojas e restaurantes estão abertos até tarde. Mas aqui as crianças brincam em cima das carcaças de tanques e divertem-se a tentar virar os canhões. E se não há penúria total de comida, a verdade é que o preço da gasolina quadruplicou passando de 50 libras sírias (0, 60 euros) por litro antes da guerra para as actuais 200 libras (2, 5 euros). No hospital, os stocks de antibióticos, compressas e medicamentos para as crianças esgotaram durante os combates. A equipa, inicialmente constituída por 25 médicos e enfermeiros, está agora reduzida a quatro pessoas, incluindo um médico, o doutor Anas al-Iraki. Sozinho perante dezenas de mulheres e crianças que fazem fila para o ver, não poupa críticas às forças da oposição: "O Conselho Nacional Sírio não nos está a ajudar. Eles só fazem promessas. ""O que tenho feito é pedir dinheiro aos homens ricos para comprar medicamentos. Dependemos inteiramente de doações. Estamos entregues nas mãos de Deus", queixa-se Anas al-Iraki. De dia para dia, a cidade "livre" de Azaz atrai cada vez mais refugiados. Cerca de um milhar já estão instalados como podem, vindos nomeadamente de Alepo, que fica a 50 quilómetros mais a sul e onde os combates estão cada vez mais ferozes. Majda, 20 anos, fugiu da sua casa no bairro de Saladino, bastião dos rebeldes em Alepo, no passado fim-de-semana, com os seus irmãos e irmãs, mas mesmo em Azaz não se sente segura. "Ontem ouvimos o barulho de combates e de rockets. Não estamos seguros em parte nenhuma da Síria. Temos muito medo", diz a jovem. "Às vezes penso que gostaria de morrer já, porque o que está a acontecer é que estamos a morrer lentamente. "
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Julian Assange acusa EUA de "caça às bruxas"
A partir de uma varanda da embaixada do Equador em Londres, o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, pediu ao Governo dos Estados Unidos para respeitar a liberdade de expressão e parar com a sua investigação à fuga de informação que culminou com a publicação de milhares de documentos secretos do Pentágono e Departamento de Estado, em 2010. (...)

Julian Assange acusa EUA de "caça às bruxas"
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A partir de uma varanda da embaixada do Equador em Londres, o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, pediu ao Governo dos Estados Unidos para respeitar a liberdade de expressão e parar com a sua investigação à fuga de informação que culminou com a publicação de milhares de documentos secretos do Pentágono e Departamento de Estado, em 2010.
TEXTO: O jornalista e activista, que está refugiado há dois meses nas instalações da missão diplomática do Equador, classificou o processo como “uma caça às bruxas” e exigiu a libertação do soldado norte-americano Bradley Manning, detido numa prisão militar do Kansas e acusado de traição. “Bradley Manning é um herói”, reclamou Assange, perante o aplauso de dezenas de apoiantes, que desde a manhã aguardavam na rua pela sua intervenção, vigiados por um forte dispositivo policial. “Os Estados Unidos têm uma escolha a fazer: reafirmar os valores revolucionários que estiveram na fundação do país, ou cair no precipício e arrastar-nos a todos para um mundo opressivo e perigoso, em que os jornalistas se calam por medo de acusação e os cidadãos se limitem a sussurrar”, declarou Assange. “Peço ao Presidente Obama que tome a decisão correcta e acabe com esta caça às bruxas”, prosseguiu. Mas o seu apelo foi mais além, e incluiu o “respeito pela liberdade de expressão” e o fim da alegada “perseguição” a jornalistas e whistleblowers (fontes que denunciam segredos) que põem em causa as versões oficiais dos governos. “Não pode haver mais conversa fiada de acusar organizações jornalísticas, seja a WikiLeaks ou o New York Times”, sublinhou. Julian Assange não se pronunciou sobre o braço de ferro diplomático com o Equador – que na quinta-feira aprovou o seu pedido de asilo diplomático –, ou as exigências dos Governos do Reino Unido e da Suécia para que seja detido. O fundador da WikiLeaks, que viveu sob prisão domiciliária em Londres até perder um derradeiro recurso contra um pedido de extradição da Suécia, foi convocado para prestar declarações por um tribunal de Estocolmo, depois de uma queixa por alegados crimes sexuais apresentada por duas mulheres na Suécia. No entanto, o australiano referiu-se à ameaça do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico de “invadir” a embaixada do Equador, dizendo que só a vigília dos seus apoiantes à porta das instalações impedira o Governo do Reino Unido de “atirar os princípios da Convenção de Viena pela janela”. Na rua (e supostamente dentro do edifício), dezenas de polícias estavam preparados para deter Assange no caso de este transpor os limites do apartamento ocupado pela missão diplomática e que é equiparada a território equatoriano. Assange disse ter uma “dívida de gratidão” com o pessoal da embaixada, com o Presidente Rafael Correa e a “pequena nação do Equador” que “corajosamente” tem defendido o seu direito ao asilo político. Antes de Assange, o jurista e antigo juiz anti-corrupção espanhol Baltasar Garzón, que lidera a equipa jurídica encarregada da defesa do fundador da WikiLeaks, confirmou ter recebido instruções para “levar a cabo todas as medidas legais para proteger os direitos da WikiLeaks, de Assange e de todos os que estão sob investigação”. Garzón disse ainda que Julian Assange não manteve quaisquer negociações com as autoridades suecas para evitar uma eventual extradição para os Estados Unidos no caso de viajar até Estocolmo para prestar declarações.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos tribunal prisão medo mulheres refugiado perseguição
Colecção da National Geographic vai a leilão pela primeira vez
Prestes a comemorar 125 anos de existência, a National Geographic Society vai levar a leilão, no dia 6 de Dezembro na Christie's de Nova Iorque, 204 fotografias e ilustrações originais da sua massiva colecção. (...)

Colecção da National Geographic vai a leilão pela primeira vez
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2012-10-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Prestes a comemorar 125 anos de existência, a National Geographic Society vai levar a leilão, no dia 6 de Dezembro na Christie's de Nova Iorque, 204 fotografias e ilustrações originais da sua massiva colecção.
TEXTO: The Art of Exploration é uma ínfima selecção do colossal arquivo de mais de 11, 5 milhões de peças da National Geographic Society. Entre os itens mais memoráveis da instituição está um retrato do Almirante Peary numa expedição ao Pólo Norte em 1908 ou a fotografia de uma tribo aborígena de Papua-Nova-Guiné. Os trabalhos vão ser leiloados "para celebrar o nosso legado e para dar às pessoas a oportunidade de comprar uma pequena parte da história desta grande instituição", segundo disse à AP Maura Mulvihill, vice-presidente sénior de imagem da National Geographic e arquivos de vídeo. A “menina afegã”, uma fotografia muito conhecida e que foi tirada em 1984 num campo de refugiados no Paquistão por Steve McCurry também vai à praça. A imagem, que mostra uma menina de 12 anos cujos olhos verdes captaram a atenção do mundo, voltou a ser capa da National Geographic em 2002 quando se descobriu a identidade da rapariga, Sharbart Gula. Símbolo mundial dos refugiados e da ocupação soviética no Afeganistão, uma impressão especial da imagem foi escolhida para o leilão cujas receitas revertem para o Fundo de Raparigas Afegãs. O livro The North American Indian e o portefólio fotográfico de Edward Curtis, que segundo a Associated Press, pode ter pertencido a Alexander Bell, inventor do telefone e um dos fundadores da National Geographic Society, também integram a selecção para venda. The Duel On The Beach, a pintura a óleo do americano N. C. Wyeth baseada na história homónima do romancista Rafael Sabatini de 1931 para o Ladies' Home Journal, é uma das obras com a estimativa mais alta para venda. Segundo a leiloeira, espera-se que a pintura seja vendida entre os 613 mil e os 920 mil euros. O leilão de 6 de Dezembro antecede a comemoração dos 125 anos da National Geographic Society, a 27 de Janeiro de 2013. A estimativa do leilão aponta para os 2 milhões e 300 mil euros de receitas, que ajudarão a financiar a promoção e preservação do arquivo e o “desenvolvimento de jovens fotógrafos, artistas e exploradores”, disse Mulvhill. A National Geographic Society é umas das maiores instituições científicas e educacionais não-lucrativas do mundo. A sua pesquisa é explorada através da revista National Geographic, disponível em 27 idiomas. A marca tem ainda vários livros publicados e o canal de televisão National Geographic Channel.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo rapariga
Julian Assange quis dissuadir Benedict Cumberbach de ser... Julian Assange
O fundador do Wikileaks enviou uma carta ao actor, agora divulgada, um dia antes do início das filmagens de O Quinto Poder, em Janeiro. (...)

Julian Assange quis dissuadir Benedict Cumberbach de ser... Julian Assange
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O fundador do Wikileaks enviou uma carta ao actor, agora divulgada, um dia antes do início das filmagens de O Quinto Poder, em Janeiro.
TEXTO: Julian Assange tem todo o apreço por Benedict Cumberbach, o actor que o encarna em O Quinto Poder, filme de Bill Condon que é apresentado como thriller (a batalha pela verdade escondida pelas altas esferas políticas, militares e financeiras) e como denso retrato do fundador do Wikileaks. Sabemos dessa afeição pelo actor britânico porque Assange lhe endereçou uma carta, em resposta aos pedidos daquele para um encontro, um dia antes de as filmagens começarem em Janeiro. “Sei que o filme pretende retratar-me e a mim e ao meu trabalho de uma forma negativa”, escreveu Assange, 42 anos, nascido em Townsville, Austrália. “Acredito que irá distorcer os acontecimentos e diminuir a percepção do público. Não ambiciona simplificar, clarificar ou mostrar a verdade, pelo contrário, pretende abafá-la. Irá ressuscitar e amplificar histórias difamatórias que há muito se provou serem falsas. ” Sabemos exactamente o que Assange escreveu a Cumberbach porque o Wikileaks, com a publicação do texto no seu site na quarta-feira, dois dias antes da estreia do filme em Inglaterra (chegará aos cinemas portugueses a 17 de Outubro), transformou a carta privada em carta aberta. Refugiado na embaixada do Equador em Londres, ameaçado de extradição para a Suécia, país onde pendem sobre ele acusações de violação e abuso sexual, Assange explicou na carta de cinco páginas que a escolha da produtora Dreamworks em basear o guião nos dois livros “mais venenosos” sobre o Wikileaks, quando existem “dezenas de livros” com um olhar “positivo” sobre a organização, é sintomático. “É uma verdade distorcida sobre pessoas vivas que lutam contra opositores titânicos. É um trabalho de oportunismo político, influência, vingança e, acima de tudo, cobardia”, defende. O Quinto Poder é baseado no livro Inside Wikileaks, do alemão Daniel Domscheit-Berg, braço direito de Assange no arranque do Wikileaks mas que viria a abandonar a organização em conflito com o seu fundador, e em Wikileaks: Julian Assange’s War On Secrecy, de Luke Harding e David Leigh, jornalistas do diário britânico The Guardian tornados colaboradores e que, tal como Domscheit-Berg, se afastaram de Assange. “Acredito que seja bem-intencionado, mas compreende certamente porque é uma má ideia para mim encontrar-me consigo”, explicava o australiano a Cumberbatch na carta agora revelada. “Ao fazê-lo, estaria a validar este filme miserável e a legitimar a actuação talentosa, mas devassa, que o guião o forçará a ter”, escreve Assange, aconselhando posteriormente o actor a abandonar o projecto. Em Setembro, ao falar pela primeira vez da correspondência com Assange, o actor inglês confessou que, depois de ler a carta, sentiu-se inseguro quanto ao papel que iria desempenhar. “Claro que ouvi e senti os protestos do homem que iria fingir ser. ” Na resposta a Assange, porém, acabou por escrever: “O filme irá explorar o que conseguiu atingir, o que fez a atenção do mundo recair sobre si, de uma forma que julgo ser nada menos que positiva. ”Estreado no Festival de Toronto, no Canadá, em Setembro, O Quinto Poder foi então apresentado por Bill Condon, o realizador, como um retrato das questões complexas que rodeiam a transparência, privacidade e segurança. A crítica tem sido pouco generosa (o site agregador de críticas Rotten Tomatoes dá-lhe uma média de 41%), ainda que a interpretação de Cumberbatch seja quase unanimemente elogiada. “Eis o grande segredo no âmago de O Quinto Poder: Julian Assange é um pulha”, destaca o britânico Express no início da crítica ao filme. Enquanto isso o Guardian descreve desta forma a versão cinematográfica de Assange: “Visto à distância, ele assemelha-se a um anjo sardónico, a salvar o mundo corajosamente; aproximando o foco, olha e fareja como um rato manchado e seboso. ” Julian Assange acertou na imagem que dele, justa ou injustamente, seria projectada na tela.
REFERÊNCIAS: