Com Juan Zero quem ganha são as crianças
Antes de ser cartoonista, Juan Zero é um miúdo grande que o pai não ouvia. Por causa disso, agora quer "reactivar a infância" aos miúdos que já viram demasiado. (...)

Com Juan Zero quem ganha são as crianças
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2013-10-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antes de ser cartoonista, Juan Zero é um miúdo grande que o pai não ouvia. Por causa disso, agora quer "reactivar a infância" aos miúdos que já viram demasiado.
TEXTO: Juan Zero nasceu em Damasco, filho de pai de Homs e de mãe curda. É cartoonista desde os 20 anos, já lá vão quase 13. Recusa rótulos. "Juan é um nome muito curdo", diz. "Eu não sou nada. " Quando a revolução síria começou, em Março de 2011, Juan continuou a desenhar. Só que cada vez desenhava mais e às tantas desenhar já nem era o mais importante. Quando chegaram as notícias de protestos na Tunísia e no Egipto, Juan começou "a seguir tudo", com "vontade de fazer alguma coisa". Depois, veio Deraa, a primeira cidade síria a sair à rua. "Fiquei tão feliz. Pensei: "Alguma coisa vai mudar". " Juan manifestou-se pela primeira vez no dia 1 de Abril de 2011, em Damasco. Nesse mesmo mês foi detido, ficou quatro dias na cadeia e libertaram-no quando assinou um papel modelo único para jornalistas onde estava escrito "eu nunca mais vou participar numa manifestação". Claro que Juan voltou a protestar contra o regime de Bashar al-Assad. Há um café na capital síria que já foi conhecido como "o outro Parlamento" pela presença de membros da oposição e activistas, chama-se Al-Radwa, e Juan passava lá a vida. "Uma vez estava sentado a jogar cartas com um amigo e mais dois homens. Recebi uma mensagem a dizer que estava a começar uma manifestação ali perto. Dissemos que íamos só fazer um telefonema. Fomos à manifestação e voltámos para acabar o jogo. "Claro que Juan continuou a desenhar. "Durante esses meses mandava os desenhos para um amigo fora da Síria, era ele que os publicava nas redes sociais. Eu não podia partilhar nem sequer fazer like no Facebook", conta, os braços e as mãos não param quietos enquanto fala, expressões de menino vão e vêm do rosto redondo. Depois: "Eu e alguns amigos formámos um grupo e comprámos impressoras, com doações de sírios que estavam fora do país, começámos a publicar e a distribuir um jornal. "Entretanto, a repressão foi sempre a crescer e ser encarcerado na Síria foi querendo dizer coisas diferentes, sempre para pior. Foi um empregado do Al- Radwa que o avisou: "Dois homens vestidos à civil foram perguntar por mim", diz, a abrir muito os olhos. "Perguntaram pelo Juan Zero, não pelo Juan, e ele percebeu que não eram meus amigos, um amigo não diz o nome todo. " Desta vez, Juan não esperou. No dia seguinte, renovou o seu passaporte e quatro dias depois despedia-se da sua cidade. Foi em Dezembro de 2011. Agora, Juan está sentado no sofá da sua casa em Antakya, um apartamento que partilha com dois primos e com Hala, uma síria que trabalha numa ONG, numa rua da cidade que é capital da província de Hatay, no extremo sudoeste da Turquia, a pouco mais de meia hora da fronteira síria. Desde que deixou Damasco Juan já teve nem sabe quantas casas. Istambul, Cairo, Beirute, Cairo, Antakya, e esta já nem é a primeira casa aqui. "Antes vivíamos com dez pessoas", diz Hala. "Entretanto, alguns mudaram-se para Reyhanli e nós mudámos para aqui. "Juan vendeu o que tinha para comprar o bilhete de avião que o tirou de Damasco e o levou a Istambul, cidade cheia de vida e deslumbramento, nem tanto quando se está assustado e se tem a carteira vazia. "Nos primeiros três meses tinha medo até de entrar em contacto com os meus amigos. "500 dólares e um portátil Depois, uma síria que ele só conhecia pelo Facebook soube que estava em Istambul e mandou-lhe um computador portátil. Depois, Ali Farzat, um dos mais conhecidos cartoonistas políticos do mundo árabe, enviou-lhe 500 dólares com uma mensagem: "Continua a desenhar". "Eu nunca o conheci pessoalmente", diz Juan, calças azuis largas, chinelos e T-shirt de alças em tons de laranja. Hoje, é Juan que se preocupa com Farzat: primeiro, foi espancado nas ruas de Damasco e hospitalizado; depois foi preso, há muito que ninguém sabe dele. Juan recebeu o dinheiro e o computador e fez como lhe pediam. Continuou e cada vez desenhava mais. Incessantemente. "Como lia tudo e tinha milhares de amigos no Facebook e seguia outros milhares no Twitter, era como se as ideias já cá estivessem, assim que acontecia alguma coisa eu começava, normalmente passados dez minutos o desenho estava feito. " Desenhava e partilhava, "as reacções eram imediatas". "Estava sempre em chats. E tinha muito feedback, muita gente a partilhar cada desenho, acho que era por eu desenhar tão depressa, aquilo que eu estava a comentar tinha acabado de acontecer. "De repente, Juan começou a pensar que era demasiado. "As pessoas iam ver os desenhos antes de lerem sobre o que tinha acabado de acontecer, antes de pensarem. Como sabiam que eu desenhava e publicava logo, iam directamente aos desenhos e eu não gostei disso", explica. Juan deixou de desenhar tão depressa, já lá vamos, mas continua a receber muitas reacções, emails, mensagens. "Respondo a toda a gente, digam o que disserem", garante. "Já não ter medo também é isso. Desenho e respondo a tudo o que me perguntam. "Ouvir as crianças A certa altura, Juan começou a desenhar flores de jasmim sobrepostas a fotografias da revolução. Flores delicadas e brancas como a neve entrelaçadas à volta de uma arma, flores de jasmim naquela fotografia de dois miúdos pequenos de braço dado e de costas, mochilas coloridas, a caminho da escola num campo de refugiados sírios na Turquia. Antes, cheirava sempre a jasmim no souq de Damasco. As flores sobrepostas às fotos apareceram porque Juan estava a pensar que desenhar já não era suficiente, ele é que ainda não sabia bem o que isso queria dizer. "Há mais ou menos um ano, estava com um amigo e começámos a falar das crianças. Eu disse que mesmo que a revolução fracassasse tínhamos de pensar nas crianças. "Imagine-se se a revolução demorar dez anos, o que é que vai ser destas crianças, só vêem sangue". "Já sozinho, Juan começou a pensar e percebeu que queria inventar uma maneira de dar algum tipo de apoio psicossocial às crianças sírias. "Eu sei que a ONU dá abrigo e comida, roupa e medicamentos, mas isso não chega. São soluções temporárias, é preciso alguém para ouvir estas crianças. Elas precisam de alguém que as oiça. "Juan não estudou Psicologia nem nunca pensou ser assistente social. Estudou desenho, na Síria e na Arábia Saudita, desenhou muito mesmo, mas pensou ainda mais. Tanto pensou, tanto jasmim desenhou, que o Jasmine Baladi (O meu país jasmim) lá nasceu. "Primeiro, pensei fazer uma exposição para juntar dinheiro e financiar o projecto. Muita gente no Qatar e em França quis ajudar, mas não me deram vistos. " A certa altura, uma senhora chamada Lana, alemã filha de sírios que nunca foi à Síria, soube da ideia e quis ajudar. "Não por ser síria, mas por ter muita experiência com crianças que viveram situações de conflito. É psicóloga. "Um estúdio para a infância Tal como aparece na declaração de intenções, o objectivo é: "Estabelecer um estúdio perto de cada campo de refugiados" e "criar ferramentas de comunicação directas e diárias com as crianças", depois seguir para o seguinte, em rotação, "apagando a cor do sangue dos seus olhos e diminuindo os sons da guerra da sua memória, numa tentativa de reactivar a infância perdida". Os primeiros passos foram em Beirute - o Líbano é o país que já recebeu mais refugiados sírios, perto de 800 mil oficialmente, bastante mais - e durou 45 dias. "Trabalhámos com miúdos que vivem em Shabra e Shatila", diz Juan, a falar dos campos de refugiados conhecidos pelo massacre de palestinianos e onde entretanto muitos, muitos sírios, encontraram refúgio. Seguiram-se três meses num campo perto da fronteira turca, mas na Síria, Bab al-Hawa. Uma experiência "inesquecível" mas interrompida pela presença crescente de islamistas radicais na região. "Deixou de ser seguro. Não posso pôr a vida de quem trabalha comigo em risco", explica Juan. Agora, Jasmine Baladi vive em Reylanli, a vila turca mais perto de Bab al-Hawa, a cinco minutos da fronteira. Agora, um terço da população actual de Reyhanli é síria, abriram três escolas sírias para rapazes e três para raparigas, não faltam crianças. Jasmim e Fairouz Jasmine Baladi: "Jasmim é uma flor muito comum na Síria, é a nossa flor. O perfume transmite paz. É como ouvir Fairouz de manhã, faz parte de ser sírio", diz Juan, a falar da libanesa Fairouz, a cantora que os sírios e muitos outros fizeram sua. "Jasmine Baladi quer dizer "o meu país jasmim" mas tem um duplo sentido, também é uma expressão que usamos para dizer que um determinado prato é original da Síria, tradicional. "Nos campos, Jasmine Baladi era mesmo um estúdio. "Era uma tenda grande, sempre aberta. As actividades eram permanentes e sempre diferentes. A equipa que trabalha comigo vivia no campo. No início, eu também lá ficava, mas depois quis dar-lhes mais responsabilidade e passei a ir e vir", diz Juan. Em Bab al-Hawa, os miúdos eram milhares e a vida fazia-se de avanços e recuos. "Quando estavam a ficar mais à vontade, a começar a participar nas actividades e a obedecer a regras, passavam uns aviões e voltava tudo ao início", diz Mohamed, de 25 anos, um dos membros da equipa, designer de moda que agora faz bonecos de pano com as crianças e as põe a desenhar, mas também a jogar à bola. "A primeira fase é deixá-los deitar tudo cá para fora. No campo, havia vantagens e desvantagens. Demorou imenso até conseguirmos que fizessem uma fila, por exemplo. Mas convivíamos com os pais, no início desconfiavam muito de nós, depois passaram a vir-nos pedir ajuda para resolver todos os problemas", lembra outro membro da equipa, Reinas, de 18 anos e rastas que impõem respeito - Juan quer que os miúdos "percebam que os sírios são diferentes uns dos outros, e não deixam de ser sírios". Festinhas na careca Agora, Jasmine Baladi chega a centenas de miúdos, da primeira classe ao nono ano. Agora, os membros da equipa até já gravam tudo em vídeo e depois observam para perceber as reacções da miudagem e avaliar o seu próprio desempenho. O dinheiro é pouco, vem de doações individuais, mas vai dando. Ninguém estudou para isto. "Eu li e troquei ideias com muita gente", diz Juan. "O meu pai não me ouvia, talvez seja por isso que eu penso tanto que as crianças precisam de quem as oiça. "Juan continua a desenhar, mas desde que trabalha com os miúdos desenha mais devagar. "Agora, às vezes tenho uma ideia e demoro meses a perceber como acaba. Desenhei as asas brancas de um anjo e só semanas depois é que percebi que faltava um corpo pequenino entre as asas", diz. "Reparaste que há sempre um pequeno sol e uma flor em todos os desenhos?"Juan é um miúdo grande e bastam dez minutos de conversa para descobrir isso, melhor ainda é vê-lo a jogar à bola com os miúdos. Impõe disciplina, sim, mas ri-se mais do que se zanga e até quando se zanga é simpático e os miúdos percebem isso mas respeitam-no e dão-lhe festas na careca depois de ele os beliscar por dizerem asneiras ou frases como "quero ir fazer a jihad". Talvez porque ele faça acontecer jogos de futebol e aulas de desenho. Deve ser porque ele os ouve.
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Entidades ONU
Israel e Hamas extremam posições no dia em que Laila perdeu o seu filho
No 17º dia de operação militar israelita, Ban Ki-moon manifesta-se revoltado com ataque a escola da ONU em Gaza (...)

Israel e Hamas extremam posições no dia em que Laila perdeu o seu filho
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2014-07-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: No 17º dia de operação militar israelita, Ban Ki-moon manifesta-se revoltado com ataque a escola da ONU em Gaza
TEXTO: Um cessar-fogo em breve entre Israel e o Hamas parece cada vez mais difícil, com os dois lados a extremarem posições: o Hamas diz que não aceitará qualquer acordo que não inclua o fim do bloqueio ao território em vigor desde 2006, Israel afirma que o exército precisará de uma a duas semanas para completar a missão de destruir a maioria dos túneis. O 17º dia de operação foi marcado por um ataque a uma escola da ONU a funcionar como abrigo para deslocados em que, segundo o secretário-geral da ONU, morreram civis, a maioria mulheres e crianças, e funcionários das Nações Unidas. A explosão foi inicialmente tratada como um ataque do exército israelita, mas Ban referiu “circunstâncias não clarificadas”. O chefe das Nações Unidas tinha na véspera dito que foram descobertos rockets armazenados em esconderijos em duas escolas desde o início da operação militar em Gaza. “Ao fazer isto, os responsáveis estão a transformar as escolas em potenciais alvos militares, e a colocar em perigo as vidas de crianças inocentes, de empregados da ONU a trabalhar nestes locais, e de qualquer pessoa a usar escolas da ONU como abrigos”, disse em comunicado. A organização da ONU que apoia refugiados palestinianos (UNRWA) transformou 69 escolas em abrigos onde estão 102 mil pessoas. Israel já atacou escolas três vezes neste conflito, sem provocar vítimas. O responsável da UNRWA, Chris Gunness, disse que antes do ataque tentou coordenar com o exército israelita a retirada de civis do local mas não conseguiu. Não houve aviso prévio do ataque. Muitas famílias, que fugiram das suas casas para a escola, esperavam ser levadas para outro local numa coluna da Cruz Vermelha quando foram atingidas. “Estávamos sentados no pátio quando nos bombardearam”, disse Laila al-Shinabari, que estava na escola. “Havia corpos no chão, sangue e gritos. O meu filho morreu e todos os meus parentes estão feridos, incluindo os meus outros filhos”, disse. Uma a duas semanas para destruir túneisO ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Philip Hammond, em visita a Israel, expressou preocupação pelo grande número de vítimas civis do lado palestiniano, que chegou a 777. Mas falando ao lado de Hammond, Netanyahu não fez qualquer referência a um cessar-fogo, dizendo apenas: “começámos esta operação para fazer voltar a paz e a calma a Israel. E vamos fazê-lo”. O canal 2 da televisão israelita informava que o Governo estava a ter um encontro especial para discutir a expansão da operação militar, e um responsável do comité de segurança do Parlamento estimava que seriam ainda precisas uma a duas semanas para completar a missão de destruir os túneis. O exército diz que destruiu já 30 túneis da complexa rede conhecida como “Gaza subterrânea” e que servem tanto para a entrada de armas como de bens essenciais para o território na sequência do bloqueio imposto em 2006 após a captura de um soldado israelita, Gilad Shalit, por combatentes palestinianos. Shalit foi libertado após cinco anos, contra a libertação de prisioneiros palestinianos. Embora fontes militares israelitas reconheçam que Israel não pode querer destruir todos os túneis porque não tem como saber exactamente quantos são, o objectivo é destruir a maioria, especialmente os que têm saída em Israel – foram já encontrados túneis com mais de um quilómetro e meio cuja saída ia dar muito perto de uma localidade, outro tinha uma saída mesmo dentro de um kibbutz. Os militares estimam ainda ter destruído entre 30 a 40% do stock de rockets do Hamas, o que junto com os 2 mil já disparados pelo movimento, deverá significar que a sua capacidade está a metade. Um porta-voz militar citado pelo Guardian dizia que os disparos contra Israel diminuíram 30% nos últimos dias, mas que é demasiado cedo para dizer que é uma tendência significativa. Não há um vencedor claroNão era só Israel que recusava recuar no objectivo que pretende atingir. O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, disse que o movimento não concordará com um cessar-fogo na Faixa de Gaza antes de Israel pôr fim ao bloqueio ao território. “Não aceitaremos qualquer iniciativa que não leve ao fim do bloqueio e que não respeite os nossos sacrifícios”, disse Meshaal numa conferência de imprensa no Qatar, onde vive depois de ter deixado a Síria por causa da guerra civil. Poder-se-ia pensar que esta posição de Meshaal se deve a viver no exílio, mas nas ruas de Gaza há quem pense do mesmo modo, conta o Los Angeles Times. Fatima Helles e a sua família de 19 pessoas, entre filhos e netos, fugiram dos ataques para perto do principal hospital de Gaza, onde estão de momento sob uma árvore. Entre a guerra e o bloqueio, Fatima continua dividida. “Não quero morrer. Não quero que o meu povo morra”, disse. Mas diz que o bloqueio é sufocante. “Não podemos respirar”, diz. “A maioria dos meus filhos não tem trabalho. Vivemos de doações. ” Cerca de 80% dos palestinianos de Gaza dependem de ajuda humanitária.
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Entidades ONU
“Crianças mortas enquanto dormem, isto é uma vergonha universal”, diz a ONU
Mais uma escola atingida no conflito leva responsáveis da ONU a forte condenação do Estado hebraico por “grave violação da lei internacional”. Ban Ki-moon pede “que sejam apuradas responsabilidades e que seja feita justiça” (...)

“Crianças mortas enquanto dormem, isto é uma vergonha universal”, diz a ONU
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2014-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais uma escola atingida no conflito leva responsáveis da ONU a forte condenação do Estado hebraico por “grave violação da lei internacional”. Ban Ki-moon pede “que sejam apuradas responsabilidades e que seja feita justiça”
TEXTO: Um ataque a uma escola da ONU, uma explosão num mercado durante uma semi-trégua – o dia de quarta-feira estava a ser pesado para civis na Faixa de Gaza. Desde segunda-feira à noite, quando Israel anunciou um prolongamento da campanha militar em Gaza, que o território está a ser alvo de pesados bombardeamentos. Mas um ataque em particular levou a ONU a usar palavras especialmente duras para Israel. A madrugada começou com a chamada para as primeiras orações, e minutos depois uma explosão atingiu uma escola gerida pela ONU no campo de refugiados de Jabaliya. “Na noite passada, crianças morreram enquanto dormiam junto dos seus pais no chão de uma sala de aulas”, resumiu o responsável da UNRWA Pierre Krähenbühl. “Crianças mortas enquanto dormem; isto é uma afronta a todos nós, é uma vergonha universal”, continuou. O ataque foi “injustificável”, reagiu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedindo “que sejam apuradas as responsabilidades e que seja feita justiça”. Além disso, Ban indicou que “a localização da escola foi comunicada 17 vezes às autoridades militares israelitas, a última vez horas antes do ataque”. Ao contrário da última vez que uma escola da UNRWA foi atingida e que morreram pessoas (e até agora escolas a servir de abrigo já foram atingidas seis vezes neste conflito), em que havia duas versões sobre quem poderia ter disparado, desta vez a ONU explicou que os fragmentos das munições foram analisados e que a primeira conclusão foi tratar-se de um ataque israelita. Pierre Krähenbühl apontou claramente o dedo a Israel, condenando “nos termos mais fortes esta grave violação da lei internacional pelas forças israelitas. ” O ataque, dizia um comunicado da agência, é “fonte de vergonha universal”. “Estas pessoas vieram aqui para terem protecção"Testemunhas contam como salas de aula acomodando 40 pessoas cada (a maioria mulheres e crianças) se iam esvaziando, na escola com cerca de 3300 pessoas no total, com os ocupantes a fugirem para o pátio, lugar que pensaram poder ser menos perigoso. Um projéctil atingiu a escola, fazendo um tecto de uma sala de aula cair. Entre destroços e estilhaços da explosão, 19 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas, muitos com ferimentos graves e ainda em estado crítico. “Foi muito, muito duro para mim ver o sangue e ouvir as crianças a chorar”, contou Khalil al-Halabi, responsável da gestão das escolas na zona, que visitou a escola logo após o ataque. “Estava todo a tremer”, confessou. E agora, Halabi não sabe o que responder a quem sobreviveu. “Estas pessoas vieram aqui para terem protecção. Agora perguntam-me se devem ficar ou ir embora. Estão muito assustadas. Não sabem o que fazer. ”“Estas são pessoas que foram instruídas a deixar as suas casas pelo exército israelita”, sublinhou Krähenbühl. A UNRWA disse entretanto estar num “ponto de colapso” e Krähenbühl avisou: “Os nossos funcionários, as pessoas que estão elas próprias a liderar a assistência humanitária, estão a ser mortos. Os nossos abrigos estão a rebentar pelas costuras. Dezenas de milhares de pessoas podem ficar em breve pelas ruas de Gaza, sem comida, sem água, e sem abrigo se continuarem ataques nestas áreas”. A UNRWA anunciou na semana passada ter encontrado rockets em duas escolas, e criticou duramente quem levou para lá os projécteis por estar a pôr a vida de civis em risco. Israel também afirmou que por vezes enfrentou fogo vindo da proximidade de escolas, e disse que neste caso houve disparos vindos de perto da escola. Já à tarde, em plena trégua humanitária de quatro horas anunciada pelo Governo de Israel, um ataque atingiu um mercado em que muitos palestinianos faziam compras, partindo do princípio de que havia uma pausa nos combates, aparentemente desconhecendo que era uma trégua com excepções para “locais onde estiverem a operar soldados das Forças de Defesa de Israel”. Pelo menos 15 pessoas morreram e 60 ficaram feridas. Nos últimos ataques de Israel em Gaza, foi destruída infra-estrutura vital para o pequeno território, como a central eléctrica (que tinha já sido atacada em 2006 e em 2009, nunca recuperando totalmente). Os habitantes foram aconselhados a racionar a água (as bombas funcionam a electricidade) e temia-se o efeito no sistema de saneamento. Mais de 20 rockets e morteiros foram disparados por combatentes palestinianos em direcção a Israel, mas fonte militar citada pelo Ha’aretz diz que o número de disparos de médio e longo alcance está a diminuir, e que a maioria dos projécteis está a ser usada contra os soldados israelitas no interior da Faixa de Gaza.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Israel mostra a força das suas bombas para vergar o Hamas
Num dos dias mais mortíferos em três semanas de conflito, bombardeamentos violentos arrasaram a Faixa de Gaza. (...)

Israel mostra a força das suas bombas para vergar o Hamas
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140730170308/http://www.publico.pt/1664745
SUMÁRIO: Num dos dias mais mortíferos em três semanas de conflito, bombardeamentos violentos arrasaram a Faixa de Gaza.
TEXTO: A escala da destruição era vista em imagens do antes e do depois na Faixa de Gaza: antes, uma rua com casas. Depois, uma rua com um monte de destroços, nem um único edifício em pé. Antes, uma mesquita com um parque em frente. Depois, um edifício calcinado, no meio de pedaços de cimento cinzento. Antes, um bairro de habitação, algumas árvores. Depois, nada. Antes, uma torre de electricidade. Depois, uma torre de electricidade por terra. Foi o dia mais devastador e um dos mais mortíferos da operação militar israelita em Gaza. A casa do primeiro-ministro do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, foi destruída num ataque israelita. Na montanha de destroços, alguém pôs a bandeira palestiniana. Ninguém morreu – já ninguém estava lá. Jornalistas questionam o objectivo da ofensiva. Israel disse que a missão era acabar com os túneis do Hamas, mas vários ataques saíram deste âmbito: a única central eléctrica do território (estima-se que 90% da população de 1, 8 milhões esteja sem energia), a casa vazia de Haniyeh, um edifício do ministério das Finanças, uma estação de televisão. Estes alvos parecem indicar outro objectivo antecipado por comentadores, que é forçar o movimento islamista palestiniano a uma posição de fraqueza antes de negociar. Ao atingir os seus chefes, e levando a população a dificuldades enormes, a pressão aumenta para que seja aceite um cessar-fogo cujos termos sejam mais favoráveis ao Estado hebraico. Este foi não só o dia com mais fortes bombardeamentos, como parece ter sido mesmo o mais mortífero, com mais de 140 vítimas. “As áreas atingidas não são perto das fronteiras, não são dentro das zonas que o exército disse para serem evacuadas, não são zonas pouco povoadas”, sublinhava no Twitter o médico palestiniano Belal Dabour. O campo de refugiados de Jabaliya, por exemplo está entre as zonas mais densamente povoadas do mundo num território que é ele todo já dos que tem mais concentração de população. Houve bombardeamentos na Cidade de Gaza, no campo de Bureij, no Centro, em Rafah, no Sul, em Jabaliya, no Norte. Por outro lado, o Hamas continuava a fazer uso dos túneis e a conseguir provocar danos e instabilidade em Israel – combatentes infiltrados em Israel através de um túnel mataram cinco soldados no Sul de Israel. Um dos combatentes foi morto, outros três conseguiram voltar para Gaza. Temendo que alguns homens armados tivessem continuado para alguma comunidade perto, soldados passaram a zona a pente fino. Esta foi a quarta infiltração de homens armados de Gaza em Israel neste conflito. No primeiro, os infiltrados foram mortos, no segundo, os atacantes mataram dois militares, no terceiro, usando uniformes do exército israelita, mataram quatro soldados. A UNRWA, a agência da ONU que dá apoio aos refugiados palestinianos, diz que tem agora a seu cargo 200 mil pessoas em 85 abrigos espalhados pelo pequeno território. De Gaza não se sai para lado nenhum. Não há para onde fugir. Num desses refúgios, crianças com roupas novas do Eid – três dias em que se comemora o fim do Ramadão – brincavam com os seus presentes. Uma segurava uma arma de brincar. O seu pai, Hazem al Masri, reconhecia ao Wall Street Journal que dadas as circunstâncias, aquele não parecia o melhor brinquedo. Mas justificava: “Ele quer sentir-se seguro. Só se sente seguro quando tem aquela arma nas mãos. ”No conflito já foram atingidas escolas da UNRWA que serviam de refúgio a muitos deslocados. Um ataque em particular provocou particular condenação, porque vitimou mulheres e crianças que esperavam para ser levadas para outro local, mais seguro. Israel diz não ter a certeza de quem lançou os quatro morteiros sobre a escola, os palestinianos dizem que foi o Exército hebraico. O porta-voz da UNRWA, Chris Gunness, disse que há informação de mais funcionários da agência mortos em Gaza. “Os trabalhadores humanitários estão a pagar um preço intolerável, assim como estão todos os civis”, comentou. Um alto responsável israelita disse, citado sob anonimato pelo Canal 2 da televisão israelita, que já foram mortos 1000 combatentes armados. Mais de 200 crianças mortasA ONU estima que entre 1065 mortos contabilizados (menos do que os 1113 contados por responsáveis palestinianos), pelo menos 795 são civis, entre os quais 229 são crianças. A Unicef apontava pelo seu lado 239 crianças mortas. Crianças e adolescentes, num território em que metade da população tem menos de 18 anos, têm sido das vítimas mais visíveis do conflito. Pequenos corpos levados em braços por pais em luto em lençóis brancos ensanguentados, ou deitadas em camas de hospital, ligaduras na cabeça da mesma cor que as fraldas, ferimentos que parecem tão grandes.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Israel declara cessar-fogo temporário na maior parte da Faixa de Gaza
Suspensão dos combates vai vigorar até meio da tarde e não se aplica ao sector de Rafah, palco dos principais combates nos últimos dias. (...)

Israel declara cessar-fogo temporário na maior parte da Faixa de Gaza
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2014-08-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Suspensão dos combates vai vigorar até meio da tarde e não se aplica ao sector de Rafah, palco dos principais combates nos últimos dias.
TEXTO: Duramente criticado pelo ataque que no domingo matou dez palestinianos refugiados numa escola gerida pelas Nações Unidas, Israel anunciou para esta segunda-feira um cessar-fogo de sete horas na sua ofensiva na Faixa de Gaza. A suspensão não se aplicará apenas à região de Rafah, no sul do território. O cessar-fogo deverá vigorar entre as 10h e as 17h (8h e 15h em Portugal continental), mas o Exército israelita afirma que os seus soldados “vão responder a quaisquer disparos” que venham eventualmente a ser feitos. As operações terrestres vão também continuar na zona leste de Rafah, alvo de uma duríssima resposta de Israel a uma emboscada que na sexta-feira terminou com a morte de três soldados. Só no domingo, 71 palestinianos foram mortos naquele sector pelos bombardeamentos da aviação e da artilharia israelita, a que se juntaram sete outros mortos no norte da Faixa de Gaza já durante o final do dia. Já esta manhã, outras dez pessoas perderam a vida em novos raides, incluindo um comandante da Jihad Islâmica, grupo palestiniano que combate ao lado do Hamas. O balanço de quase um mês de ofensiva supera já os 1800 mortos naquele território, a que se juntam 64 soldados e três civis do lado israelita. Pouco depois da entrada em vigor da trégua, os serviços de socorro palestinianos acusaram Israel de ter bombardeado uma casa na zona ocidental da cidade de Gaza, provocando a morte a uma menina de oito anos e ferimentos em outras 30 pessoas. Um jornalista da AFP no local falou com várias testemunhas que dizem que o ataque foi lançado por um caça israelita que sobrevoava a zona. O Hamas desvalorizou de imediato o anúncio israelita. “A calma anunciada por Israel é unilateral e visa apenas desviar atenções dos massacres israelitas”, afirmou Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo islamista que controla a Faixa de Gaza desde 2006. Uma referência ao coro de repúdio que se seguiu ao ataque de domingo, o terceiro já contra as escolas da ONU que servem de refúgio aos palestinianos que fugiram aos combates. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou num “acto criminoso” e numa “nova violação flagrante do direito humanitário, e mesmo os Estados Unidos condenaram “o vergonhoso bombardeamento” da escola da ONU, ainda que não tenham imputado directamente a responsabilidade ao aliado. As Nações Unidas avisam que o território — um dos mais densamente povoados do mundo — enfrenta “uma catástrofe humanitária de grande dimensão”. Um quarto dos 1, 8 milhões de palestinianos que ali vivem foram forçados a sair de casa pelos combates e muitos não terão aonde regressar quando a calma voltar, uma vez que três mil casas foram destruídas ou seriamente danificadas pelos bombardeamentos. O Exército israelita confirmou entretanto ter retirado parte das forças que enviou para Gaza, mas assegura que a ofensiva não terminou ainda. “Estamos a retirar alguns e a mudar as posições de outros, a missão está em curso”, garantiu à AFP um porta-voz militar. Certo é que a ofensiva parece entrar numa nova fase, com o Governo israelita a afirmar que a destruição dos túneis construídos pelo Hamas deverá estar concluída “nas próximas 24 horas”.
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Entidades ONU
Israel assume ataque a mais uma escola da ONU e muda peças da estratégia militar
Movimentações de retirada de tropas terrestres parecem confirmar alteração da estratégia israelita em Gaza. Ban Ki-moon condenou o “criminoso” ataque. (...)

Israel assume ataque a mais uma escola da ONU e muda peças da estratégia militar
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2014-08-04 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140804170207/http://www.publico.pt/1665273
SUMÁRIO: Movimentações de retirada de tropas terrestres parecem confirmar alteração da estratégia israelita em Gaza. Ban Ki-moon condenou o “criminoso” ataque.
TEXTO: Se Israel está a mudar a agulha da guerra em Gaza, como parecia indiciar a retirada de parte das suas tropas terrestres, o dia de domingo esteve muito longe de se traduzir em mudanças para quem sofre os efeitos do conflito: novos bombardeamentos causaram dezenas de mortos palestinianos. O caso mais chocante foi um ataque aéreo a uma escola das Nações Unidas, o terceiro em dez dias. A imprensa israelita noticiou na tarde deste domingo que a maior parte das suas tropas estava a sair de Gaza . O porta-voz do exército, Peter Lerner, confirmou-o à AFP. “Retirámos algumas [tropas terrestres], mudámos outras de [posição]”, disse. A Reuters TV divulgou imagens que mostravam uma coluna de tanques e dezenas de soldados de infantaria a deixarem o território. O ataque à escola, em Rafah, que provocou a morte de pelo menos dez pessoas, não foi de imediato assumido por Israel, que acabou por o fazer a meio da tarde. Os Estados Unidos condenaram o "vergonhoso" ataque. E o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que o exército israelita foi “numerosas vezes informado da localização” dos refúgios da organização. Num comunicado do seu porta-voz, Ban qualifica o ataque como um “escândalo do ponto de vista moral” e um “acto criminoso”. “Esta loucura deve parar”, disse também, de acordo com as citações da AFP. Um repórter da agência descreveu a situação após o ataque à escola: equipas de socorro a desdobrarem-se na ajuda aos feridos, homens e mulheres a correrem, sem fôlego, com crianças nos braços. No recinto tinham sido acolhidos cerca de 3000 refugiados. Os anteriores ataques a escolas das Nações Unidas, em Beit Hanun, a 24 de Julho, e em Jabaliya, a 31 de Julho, provocaram cerca de três dezenas de mortos. Antes do ataque à escola, bombardeamentos matinais israelitas tinham já matado mais de 30 pessoas este domingo, na mesma área, no sul do enclave palestiniano. Entre essas vítimas incluem-se nove membros de uma mesma família. "Os feridos estão nas ruas e há cadáveres junto às estradas, sem que ninguém os possa recuperar. Vi um homem com uma carroça puxada por um burro a levar sete cadáveres para a morgue, que guarda os corpos em arcas de gelados e frigoríficos", disse à Reuters, após esses primeiros ataques, um dirigente do movimento palestiniano Fatah, residente em Rafah, Ashraf Goma. Ao fim do dia, os ministério da saúde de Gaza anunciou que um raide israelita no Norte provocou a morte de mais sete pessoas e 15 feridos. Mais de 1800 mortosO número de mortos desde que a actual operação militar começou, a 8 de Julho, subiu para pelo menos 1766 palestinianos - 1772 segundo a Reuters – e mais de 9300 feridos. Israel perdeu 64 soldados e três civis e tem mais de 400 feridos. A hipótese de uma solução negociada parece completamente afastada, apesar de representantes palestinianos terem viajado para o Cairo, para onde estavam previstas negociações antes da violação de cessar-fogo que devia ter começado sexta-feira. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse no sábado à noite que a operação militar ia entrar numa nova fase apesar de ter mantido a determinação em prosseguir a ofensiva – tal como o Hamas, que exige a partida de todas as tropas israelitas de Gaza. O diário pró-governamental Israel Hayom escreveu que o exército deveria concluir “a neutralização dos túneis do Hamas domingo e deslocar-se mais para junto de Israel”. As movimentações das horas seguintes, já depois dos ataques matinais em Rafah, pareciam confirmá-lo. Os ataques a Gaza intensificaram-se na sequência do episódio que fez abortar o último acordo de cessar-fogo – um confonto terrestre entre soldados israelitas e militantes palestinianos no qual desapareceu um soldado israelita, Hadar Golding, cuja morte acabou por ser confirmada na noite de sábado. O Hamas acusou Israel de ter enganado o mundo ao dar a entender que o militar poderia estar vivo.
REFERÊNCIAS:
Ministro iraquiano diz que islamistas mataram centenas de yazidis, alguns enterrados vivos
Responsável diz ter provas de crimes dos combatentes do Estado Islâmico no seu avanço pelo Norte do Iraque. (...)

Ministro iraquiano diz que islamistas mataram centenas de yazidis, alguns enterrados vivos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2014-08-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Responsável diz ter provas de crimes dos combatentes do Estado Islâmico no seu avanço pelo Norte do Iraque.
TEXTO: Centenas de mortos, vítimas enterradas vivas, mulheres levadas como escravas – o ministro iraquiano dos Direitos Humanos descreveu alguns crimes que terão cometido os combatentes do grupo Estado Islâmico na sua progressão pelo Norte do Iraque. “Temos provas evidentes obtidas de yazidis que deixaram Sinjar e de alguns que escaparam à morte, e também imagens do local do crime que mostram sem dúvida que os grupos do Estado Islâmico executaram pelo menos 500 yazidis depois de tomarem Sinjar”, disse à Reuters Mohammed Shia al-Sudani. Entre as vítimas que foram enterradas vivas havia mulheres e crianças, continuou o ministro. Há ainda informações de cerca de 300 mulheres terem sido levadas como escravas. Os islamistas radicais vêem os yazidis, uma das mais antigas minorias do Iraque, seguidora de um culto pré-islâmico, como “adoradores do diabo”. O Estado Islâmico, que declarou um califado em partes do Iraque e da Síria, estabeleceu um prazo para este domingo para que 300 famílias yazidi se convertessem ao islamismo ou seriam condenadas à morte. Segundo a ONU, cerca de 200 mil civis fugiram de Sinjar quando a cidade foi tomada pelos islamistas há uma semana. Muitos yadizi – estima-se que possam chegar a 40 mil, e que mais de metade sejam crianças – fugiram para as montanhas, onde estavam sem poder descer pela ameaça dos extremistas. O avanço dos combatentes pelo Norte do Iraque foi deixando sem resposta os combatentes curdos – os peshmerga são conhecidos pela sua boa organização mas queixam-se que as armas antigas não eram suficientes para as que tinham os islamistas, armados com material americano retirado ao exército iraquiano. Os islamistas avançaram até a cerca de 30 minutos de carro de Erbil, o que levou petrolíferas a retirar pessoal. Os Estados Unidos lançaram ajuda humanitária para o cimo das montanhas de Sinjar, e em paralelo bombardearam os islamistas. Alguns grupos de yazidis estavam a ser levados por forças curdas para a fronteira com a Síria, contornando as posições dos jihadistas, numa tortuosa e penosa viagem até campos de refugiados no Curdistão iraquiano. Grupos que os receberam descrevem pessoas desidratadas e a sofrer de insolação, e muitas com traumas graves.
REFERÊNCIAS:
Religiões Islamismo
Yazidis são enterrados vivos pelos extremistas do Estado Islâmico
Minoria religiosa iraquiana traumatizada pela violência. (...)

Yazidis são enterrados vivos pelos extremistas do Estado Islâmico
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2014-08-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Minoria religiosa iraquiana traumatizada pela violência.
TEXTO: Samo Ilyas Ali tem nove crianças para alimentar, mas não consegue concentrar-se no futuro, porque o som de mulheres e crianças a gritar por ajuda enquanto eram enterradas por combatentes do Estado Islâmico, no Norte do Iraque, por vezes consome-lhe completamente o espírito. Ele faz parte das dezenas de milhares de refugiados yazidis, uma minoria religiosa pré-cristã que foi obrigada a fugir face ao avanço dos extremistas islâmicos, que os consideram adoradores do demónio. Estão traumatizados pela forma como foram tratados pelos radicais muçulmanos que os querem forçar a converter-se ao Islão. Como quando há dez dias chegaram à aldeia de Ali, com metralhadoras em punho e barbas compridas, a meio da noite. Quando começaram a escavar covas, não entenderam o que estavam a fazer. "Mas então começaram a atirar pessoas para os buracos, e as pessoas estavam vivas", diz este merceeiro de 46 anos, que tem de parar para chorar. "Após uns momentos ouvimos tiros. Não consigo esquecer esta cena. Mulheres e crianças a pedir ajuda. Tivemos de fugir a correr, não podíamos fazer nada por elas. "Há testemunhos de cenas semelhantes em vários locais do Norte do Iraque. Massacres, raptos de mulheres – para se casarem com os militantes do Estado Islâmico, se aceitarem converter-se ao Islão. Não só de yadizis, mas também de xiitas, que estes combatentes (sunitas) consideram hereges. Muitos yazidis desistiram do Iraque. Concentrados em campos de refugiados na região semi-autónoma do Curdistão, só pensam agora numa oportunidade para partirem para o mais longe possível do Iraque.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda minoria mulheres
Vaga de violência no Quirguistão já fez 170 mortos
O rasto da maior vaga de violência dos últimos 20 anos no Quirguistão continua hoje a agravar-se, com 170 mortos e mais de 1700 feridos registados até esta manhã, segundo dados do Ministério da Saúde. (...)

Vaga de violência no Quirguistão já fez 170 mortos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O rasto da maior vaga de violência dos últimos 20 anos no Quirguistão continua hoje a agravar-se, com 170 mortos e mais de 1700 feridos registados até esta manhã, segundo dados do Ministério da Saúde.
TEXTO: Mais de cem mil refugiados, a maioria mulheres, conseguiram fugir para o vizinho Uzbequistão desde o início das violências, quinta-feira, no Sul desta pequena república da Ásia Central, segundo o vice-primeiro ministro do Uzbequistão, Abdullah Aripov, que anunciou ontem o encerramento das fronteiras. A maioria dos mortos, cujo anterior balanço era de 138 vítimas, regista-se em Osh e Jalalabad. O primeiro vice-chefe do governo interino, Almazbek Atambaiev, citado pela agência noticiosa russa Interfax, acusou a família do antigo Presidente Kurmanbek Bakiev, de estar a formentar o conflito com o objectivo de impedir o previsto referendo de 27 de Junho sobre a nova Constituição do país. “Tudo está a ser uma operação cuidadosamente preparada pelos inimigos do governo interino. O objectivo é derrubar as novas autoridades e fazer abortar o referendo. Todas estas medidas foram financiadas pela família, particularmente pelo filho mais novo de Bakiev, Maxim”, disse Atambaiev à imprensa, na capital, Bishkek. Maxim Bakiev foi ontem detido pelas autoridades britânicas ao chegar ao aeroporto de Farnborough, Hampshire, num aparelho fretado, contou o chefe da segurança nacional do Quirguistão, Keneshbek Duishebayev. O pai, exilado na Bielorússia, tem vindo a desmentir as acusações de envolvimento nesta grave crise, que já levou o vizinho Uzbequistão a fechar a fronteira comum, por não conseguir receber mais refugiados. “Os assassínios não são cometidos por quirguizes ou uzbeques, mas sim por mercenários e franco-atiradores”, afirmou Gulnara Kasimova, residente na aldeia de Tyit village, perto de Jalalabad, hoje contactado telefonicamente pelo semanário económico “Bloomberg”. E logo acrescentou que entre as centenas de mortos há tanto quirguizes como uzbeques, as duas etnias que partilham a região meridional do país, no vale de Fergana. Trata-se da mais forte vioLência que se verifica no Sul do Quirguistão desde que em 1990 o então dirigente soviético Mikhail Gorbatchov para ali enviou tropas, depois de centenas de pessoas terem sido mortas num conflito iniciado por causa da posse de terras. O enviado especial das Nações Unidas, Miroslav Jenca, confirmou que o número de refugiados já estava a atingir os 100. 000 quando as autoridades uzbeques decidiram que seria melhor fechar a fronteira, por não terem capacidades de alojamento para tanta gente. E tanto a ONU como o Comité Internacional da Cruz Vermelha terão agora de organizar corredores humanitários para fazer face a um problema que de dia para dia se agrava, desde que tudo começou a meio da semana passada. As duas maiores potências mundiais, os Estados Unidos e a Rússia, estão profundamente preocupadas com a situação, pois ambas têm bases em território do Quirguistão. E o mesmo acontece com a China, que é um país vizinho e também se manifesta inquieta com este tremendo foco de agitação no interior da Ásia. Esta ameaça de guerra civil está a colocar um desafio à Organização do Tratado de Segurança Colectiva, que congrega a Rússia e uma série de outras repúblicas que pertenceram à União Soviética. Moscovo só muito parcialmente está a responder aos pedidos de ajuda urgente formulados pelas autoridades quirguizes, não querendo avançar senão depois de demoradas consultas com os seus parceiros nesse conjunto de países, sendo que nem todos encaram o problema da mesma maneira, antes estando divididos por profundas rivalidades. A Casa Branca também já disse que está em comunicação com o Kremlin, nomeadamente tendo em conta a existência no Quirguistão da base aérea norte-americana de Manas, utilizada como rectaguarda para as operações no Afeganistão. A União Europeia, a Turquia e o Paquistão têm sido outras entidades preocupadas com o que se está a passar, pois que todas elas se deparam com a necessidade de retirar cidadãos seus do país montanhoso que está a ser devastado e onde o líder da comunidade uzbeque, Zhalidin Salakhuddinov, já declarou que o número de mortos será muito maior do que os 170 oficialmente por enquanto reconhecidos. notícia actualizada às 10h25
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Actor israelita Juliano Mer-Khamis assassinado na Palestina
Assassinado à queima-roupa por homens encapuzados à frente do filho de um ano. Foi este o desfecho da vida de Juliano Mer-Khamis, o actor árabe-israelita de 53 anos, considerado um símbolo da luta pela causa palestiniana. (...)

Actor israelita Juliano Mer-Khamis assassinado na Palestina
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Assassinado à queima-roupa por homens encapuzados à frente do filho de um ano. Foi este o desfecho da vida de Juliano Mer-Khamis, o actor árabe-israelita de 53 anos, considerado um símbolo da luta pela causa palestiniana.
TEXTO: Perto do teatro que ele próprio fundou, num campo de refugiados na cidade de Jenin, na Palestina, Mer-Khamis foi, nesta segunda-feira, atingido cinco vezes por tiros de militantes de cara tapada. As circunstâncias do seu assassinato estão a ser investigadas pelas forças de segurança israelitas e o Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, já condenou o acto, sublinhando a necessidade de levar à justiça os responsáveis pela morte do actor. Nascido e criado em Nazaré, no Norte de Israel, Juliano Mer-Khamis era filho de mãe judia israelita, defensora acérrima dos direitos dos palestinianos, e de um pai cristão palestiniano, que liderou o partido comunista em Israel. Fruto de um casamento israelo-árabe - numa terra em que a relação entre as duas populações é de conflito - Mer-Khamis absorveu das suas origens a preocupação com os dois povos, entre os quais afirmava querer ser uma ponte. Ficou conhecido por ser actor, realizador e activista político, mas principalmente por defender uma “intifada cultural”, que acreditava ter mais sucesso do que uma acção violenta. Nas últimas décadas, Mer-Khamis tornou-se um dos maiores críticos da política israelita face aos palestinianos. Mas a sua determinação e coragem de dizer o que pensava, valeram-lhe ameaças desde o começo da sua carreira. Acusado de “traição” por ser filho de mãe judia israelita e de “corrupção moral” por desencaminhar os jovens de Jenin com obras de teatro em que se “atrevia” a misturar no mesmo cenários rapazes e raparigas, Mer-Khamis viu o seu teatro incendiado por duas vezes e passaram-lhe pelas mãos folhetos redigidos e distribuídos por islamitas radicais que o ameaçavam de morte. “Se as palavras não o convencem, devemos usar a linguagem das balas”, advertiram os fundamentalistas. “Seria muito triste se, depois de tudo o que fiz pelos jovens do campo de refugiados de Jenin, fosse morto por uma bala palestiniana”, disse o actor a um jornalista do “El Mundo” na altura em que viu os folhetos. A morte de Mer-Khamis fez levantar um coro de vozes, chocados com a violenta morte de um homem e com o silenciar de uma opinião diferente. Entre outras classificações, Juliano Mer-Khamis é descrito como um “grande apoiante do povo palestiniano”, “um fantástico actor, um ser humano extraordinário”, e todos os que lamentam a sua morte sublinham a sua persistência e convicção. Para Michael Handesaltz, crítico do Haaretz, que trabalhou com Mer-Khamis, a sua morte faz parte da “realidade trágica do seu país” e ele foi “outra vítima da vida no Médio Oriente”. Avi Nesher, realizador de um dos filmes em que Mer-Khamis entrou, frisou a ironia do fim do actor: “É tão irónico que ele tenha sido morto por uma série de tiros, na vida real tal como num filme”. Notícia corrigida às 15h32
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos morte campo filho homem assassinato casamento morto