Donald Trump é a Personalidade do Ano da revista Time
O título escolhido para a capa da revista foi Donald Trump, Presidente dos Estados Divididos da América (...)

Donald Trump é a Personalidade do Ano da revista Time
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181211184503/https://www.publico.pt/1753999
SUMÁRIO: O título escolhido para a capa da revista foi Donald Trump, Presidente dos Estados Divididos da América
TEXTO: No ano passado, no dia em que a revista norte-americana Time anunciou o nome da pessoa que mais se destacara em 2015, o então candidato à nomeação pelo Partido Republicano Donald Trump fez questão de partilhar a sua opinião no Twitter: "Eu bem vos disse que a revista Time não ia nomear-me Personalidade do Ano, apesar de eu ser o grande favorito. Escolheram a pessoa que está a arruinar a Alemanha. "I told you @TIME Magazine would never pick me as person of the year despite being the big favorite They picked person who is ruining GermanyA escolhida, como é óbvio, foi a chanceler Angela Merkel, e o texto escrito pela directora da Time explicava porquê: "Num momento em que uma grande parte do mundo está mais uma vez no meio de um violento debate sobre o equilíbrio entre segurança e liberdade, a chanceler está a pedir muito ao povo alemão e, através do seu exemplo, também a todos nós. Para sermos acolhedores. Para não termos medo. Para acreditarmos que as grandes civilizações constroem pontes e não muros, e que as guerras são ganhas tanto no campo de batalha como fora dele. Ao olhar para os refugiados como vítimas e não como invasores que devem ser expulsos, a mulher que cresceu atrás da Cortina de Ferro apostou na liberdade. A filha de um pastor [luterano] brandiu a piedade como uma arma. "Um ano depois, chegamos a 7 de Dezembro de 2016 e a revista Time voltou a cumprir o ritual que começou em 1927: a escolha da pessoa que foi, segundo os seus critérios, quem mais se destacou no ano anterior, seja por boas ou más razões. Isso não importa, e nunca importou: se o primeiro escolhido, em 1927, foi o aviador Charles Lindbergh, por ter sido o primeiro a voar sem paragens entre Nova Iorque e Paris, em 1938 o escolhido foi Adolf Hitler – "Hitler tornou-se em 1938 a maior ameaça ao mundo democrático e amante da democracia", justificou a revista do dia 2 de Janeiro de 1939. Este ano, era difícil que a escolha fosse outra – ame-se ou odeie-se, ninguém se destacou mais em 2016 do que Donald Trump, o homem que começou a campanha para a nomeação pelo Partido Republicano como uma piada para muitos, e que foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América contra a favorita Hillary Clinton. Um ano depois de ter escolhido Angela Merkel "por ter pedido mais ao seu país do que muitos políticos ousariam, por se manter firme contra a tirania e contra o que é mais conveniente, e por oferecer uma liderança moral e firme num mundo onde isso escasseia", a revista Time pôs na sua capa mais esperada o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump. E, um ano depois de ter explicado a escolha de Merkel, a directora da revista, Nancy Gibbs, veio explicar a escolha de Trump: "Por recordar a América que a demagogia se alimenta do desespero e que a verdade só tem poder na medida em que se confia na pessoa que a profere, por dar poder a um eleitorado escondido ao trazer para o discurso público as suas fúrias e a transmitir em tempo real os seus medos, e por moldar a cultura política do futuro demolindo a do passado, Donald Trump é a Personalidade do Ano de 2016 da revista Time. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A maior parte do mundo só soube hoje da escolha da revista, mas Donald Trump já tinha sido entrevistado e fotografado para a capa. Na conversa com o jornalista Michael Scherer no luxuoso apartamento na Trump Tower, em Manhattan, o Presidente eleito dos EUA sublinhou um dos fenómenos que o levou a vencer em estados afectados pelo encerramento de fábricas, como o Ohio, a Pensilvânia ou o Michigan, e a derrotar Hillary Clinton: "O que espanta muita gente é que eu estou aqui, sentado num tipo de apartamento que muita gente nem sequer teve a oportunidade de ver, e ainda assim represento os trabalhadores de todo o mundo. "Na lista final para a escolha da Personalidade do Ano de 2016 entraram ainda Hillary Clinton; os hackers; o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; os pioneiros da técnica de edição genética CRISPR; e a cantora Beyoncé.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
“Posso dar-te um tiro na cabeça e fazer o mesmo à tua família”
Uma investigação do jornal The Guardian denunciou vários casos de jogadoras da selecção feminina de futebol do Afeganistão que foram violadas e assediadas pelo presidente da federação do país e por outros altos responsáveis. A FIFA está a investigar e a Hummel já cancelou o patrocínio. (...)

“Posso dar-te um tiro na cabeça e fazer o mesmo à tua família”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma investigação do jornal The Guardian denunciou vários casos de jogadoras da selecção feminina de futebol do Afeganistão que foram violadas e assediadas pelo presidente da federação do país e por outros altos responsáveis. A FIFA está a investigar e a Hummel já cancelou o patrocínio.
TEXTO: Com pouco mais de uma década de existência, a selecção feminina de futebol do Afeganistão sempre foi considerada um símbolo de progresso e tolerância num país que ainda é um dos mais perigosos e repressivos para as mulheres, 17 anos depois da queda do regime dos Taliban, durante o qual a metade feminina da população mal podia sair de casa, quanto mais praticar desporto ou frequentar recintos desportivos. Esse símbolo, segundo informações divulgadas pelo jornal britânico The Guardian durante o último mês, tem sido palco de múltiplos abusos sexuais e outros casos de violência e assédio em que as jogadoras são as vítimas e os abusadores são os altos responsáveis de futebol do país, incluindo o presidente da federação afegã. Várias jogadoras descreveram ao The Guardian, sob condição de anonimato por receio de represálias, os abusos cometidos por Keramuudin Karim, presidente da federação afegã desde 2004, que vão do abuso verbal à violência sexual e a ameaças de morte às próprias jogadoras, algumas com 15 e 16 anos, e respectivas famílias. Uma destas jogadoras contou a este jornal que foi ter com Karim para lhe pedir dinheiro para deslocações e que este a levou para um quarto escondido nas instalações da federação – “parecia um quarto de hotel, que tinha tudo, até uma casa de banho” - e que só era possível abrir com a sua própria impressão digital. “Empurrou-me para a cama (…) e disse que naquele dia ia descobrir se eu era ou não lésbica – porque eu passava muito tempo com raparigas e parecia-me um bocadinho com rapazes. Tentei fazer-lhe frente, mas ele deu-me um murro na cara (…). Fiquei a sangrar do nariz e dos lábios. Continuou a bater-me, caí na cama e tudo ficou escuro… Quando acordei, as minhas roupas tinham desaparecido e havia sangue por todo o lado. Estava a tremer e não sabia o que me tinha acontecido. A cama estava encharcada em sangue, sangue do nariz, da boca e da vagina. Fui lavar-me e vestir-me e disse-lhe, ‘Vou contar tudo o que aconteceu aqui’. Ele pegou numa pistola e disse: ‘Viste o que eu te fiz? Posso dar-te um tiro na cabeça e espalhar o teu cérebro por todo o lado. E posso fazer o mesmo com a tua família. Se queres que a tua família fique viva, vais ficar calada’”, contou uma das vítimas. Outras jogadoras ouvidas pelo The Guardian falam de tentativas de violação não consumadas por parte de Karim, que terá expulsado várias futebolistas da selecção fazendo correr o rumor de que eram lésbicas. Isto terá acontecido com, pelo menos, nove jogadoras. Uma delas contou que foi chamada à sede da federação por Karim e que este a ostracizou após ter recusado os seus avanços: “A primeira coisa que ele fez foi tirar-me da lista da selecção que iria para os treinos no estrangeiro. Depois começou a insultar-me em frente de toda a gente e acusou-me de ser lésbica e expulsou-me da federação. ”A FIFA está a investigar estas denúncias e já suspendeu Karim de todas as actividades (nacionais e internacionais) relacionadas com o futebol, e a Hummel, fabricante dinamarquesa de equipamento desportivo, rescindiu o contrato de patrocínio com a federação. As autoridades do país também estão a investigar as acusações. “É um choque para todos os afegãos”, declarou o Presidente Ashraf Ghani. “Qualquer má conduta contra atletas, homens ou mulheres, não é aceitável. " Para além disso, cinco dirigentes da Federação afegã de futebol, incluindo o presidente Karim, foram notificados esta sexta-feira de que estão impedidos de sair do país. A federação afegã, pelo seu lado, negou todos estes relatos pela voz do seu secretário-geral, Sayed Aghazada. “Estas alegações são falsas e vamos conduzir uma investigação rigorosa”, disse o responsável federativo. A federação chegou mesmo a publicar, na sua página de Facebook, um vídeo de uma antiga jogadora, Farkhunda Muhtaj, a declarar o seu apoio à federação nestas denúncias. Pouco depois, Muhtaj, que vive no Canadá, recorreu ao Twitter para denunciar que o vídeo em causa tinha sido manipulado e que tinha sido gravado com a intenção de agradecer aos patrocinadores, não para defender a federação. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Muitas destas denúncias têm sido feitas por jogadoras e antigas jogadoras da selecção afegã que vivem fora do Afeganistão, entre mulheres que fugiram do país e outras descendentes de refugiados afegãos. Uma voz que tem sido muito activa nestas denúncias é a de Khalida Popal, antiga capitã da selecção que nasceu em Cabul e que vive actualmente na Dinamarca. Depois de uma lesão lhe ter antecipado o final de carreira, Popal tornou-se numa das principais responsáveis pelo desenvolvimento do futebol feminino no Afeganistão, instrumental tanto na organização de jogos e estágios fora do país, como no recrutamento de jogadoras na diáspora e da treinadora da selecção, a norte-americana Kelly Lindsey, para além de ter sido fundamental no contrato de patrocínio com a Hummel. Foram de Popal as primeiras denúncias de abusos, de dois altos responsáveis da federação afegã durante um estágio da selecção na Jordânia. “Andavam a assediar as raparigas, sobretudo as que vinham do Afeganistão porque eles não iriam dizer nada. Confrontei-os e disse que ia fazer queixa, mas continuaram. Iam aos quartos das jogadoras e dormiam com elas. Diziam-lhe que podiam garantir que eram convocadas e lhe davam 100 libras por mês se elas dissessem sim a tudo”, contou Popal ao The Guardian. A antiga jogadora diz que contou tudo ao presidente da federação e que este lhe garantiu que os dois homens seriam punidos. Os abusos foram abafados, e os abusadores, contou Kelly Lindsey, foram promovidos. Sendo o Afeganistão um país ainda perigoso para as mulheres mesmo depois do fim do regime dos Taliban, o futebol feminino têm-se desenvolvido aos poucos e com muitas limitações. O primeiro jogo de uma equipa nacional de futebol formada por mulheres afegãs aconteceu numa base da NATO e contra uma equipa de militares estrangeiras, e a selecção treinava num estádio fechado ao público e só as guarda-redes podiam treinar na relva – as outras jogadoras treinavam em chão de cimento. A selecção feminina começou a aparecer no ranking da FIFA em 2011, e chegou a estar no 106. º lugar em 2017, ocupando actualmente o 136. º lugar. E com receio do que possa acontecer, a selecção feminina de futebol do Afeganistão nunca disputou jogos em casa.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
LEFFEST muda-se para Sintra com Isabelle Huppert a abrir a porta
Festival dirigido por Paulo Branco realiza-se entre 17 e 26 de Novembro e passa a chamar-se Lisbon & Sintra Film Festival. Os primeiros nomes foram apresentados em conferência de imprensa. (...)

LEFFEST muda-se para Sintra com Isabelle Huppert a abrir a porta
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Festival dirigido por Paulo Branco realiza-se entre 17 e 26 de Novembro e passa a chamar-se Lisbon & Sintra Film Festival. Os primeiros nomes foram apresentados em conferência de imprensa.
TEXTO: É o seu rosto que está no cartaz, é o seu nome que é o primeiro dos chamarizes para o Lisbon & Sintra Film Festival. Isabelle Huppert, provavelmente a melhor actriz do mundo, uma figura que “atravessa todo o cinema moderno”, é a convidada principal da 11. ª edição do festival dirigido pelo produtor Paulo Branco, a ter lugar de 17 a 26 de Novembro e se transfere do eixo Estoril-Cascais para Sintra. Branco, ladeado pela vereadora da cultura de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, e pelo presidente da câmara de Sintra, Basílio Horta, apresentou na tarde desta sexta-feira em conferência de imprensa no Palácio de Queluz as primeiras novidades para 2017. Para além da homenagem à actriz de Ela, que combinará uma longa retrospectiva ainda em preparação (que terá “entre 60 a 80 filmes”) com a exposição Woman of Many Faces (A Mulher dos Muitos Rostos), reunindo fotografias de Huppert por Nan Goldin, Henri Cartier-Bresson, Robert Frank ou Helmut Newton (a decorrer no MU. SA a partir de 18 de Novembro), Paulo Branco anunciou ainda a vinda a Portugal do encenador Peter Brook, dos músicos Gideon Kremer e Alain Planès, do escritor Enrique Vila-Matas e da artista Dominique Gonzalez-Foerster, e retrospectivas dedicadas a João Mário Grilo e ao realizador português radicado em França, José Vieira. Embora o festival se transfira este ano para Sintra e altere a sua designação para Lisbon & Sintra Film Festival, a sigla pelo qual ficou conhecido — LEFFEST — mantém-se inalterada. Paulo Branco não quis fazer comentários sobre a mudança de local, mas não fechou a porta a um futuro regresso e fez questão de agradecer o apoio prestado pela Câmara Municipal de Cascais, “pois permitiu ao festival continuar a existir”. Branco sublinhou, entretanto a “energia e o entusiasmo” da equipa da Câmara Municipal de Sintra, “inexcedível a abrir portas e encontrar espaços à altura do renome que o festival já tem”; Basílio Horta agradeceu-lhe o convite, aceite porque “investir na cultura não é uma despesa mas é um investimento”. “Mais cultura equivale a mais qualidade de vida e mais cidadania”, explicou o autarca, para quem o LEFFEST pode simultaneamente atrair ao concelho um outro tipo de visitantes e ir “onde as pessoas estão”, buscar “um público que está arredado da cultura”. Nessa ordem de ideias, é desejo do festival este ano realizar um trabalho alargado e mais específico com as escolas do concelho (estando programados ciclos especialmente dedicados a públicos mais jovens com filmes de Buster Keaton e Jiri Trnka) e as populações mais idosas. O entusiasmo da autarquia sintrense exige à organização, segundo Paulo Branco, uma “responsabilidade redobrada”, justificando também a antecipação da divulgação (mesmo que ainda longe de completa) do programa desta 11. ª edição. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A facilidade de Isabelle Huppert em passar do teatro para o cinema vai de encontro à dimensão multidisciplinar do evento dirigido por Paulo Branco, que anunciou nesta tarde a vinda a Portugal do lendário encenador Peter Brook com Battlefield, a sua recente re-abordagem/reinvenção do Mahabharata com a colaboração de Marie-Hélène Estienne. Battlefield será representado no Teatro D. Maria II a 24 e 25 de Novembro, sendo acompanhado por uma selecção dos filmes realizados por Brook. O cruzamento cinema/música/artes plásticas continuará com “programas duplos” de filmes-concerto: o violinista Gidon Kremer mostrará o seu filme sobre os refugiados realizado com Sandro Kanchali, Images of the East, acompanhado por um concerto seu com a violoncelista Giedré Dirvanauskaité; o pianista Alain Planès actuará depois da exibição do documentário que Dominique Lemonnier lhe dedicou, L’Infini turbulent. Mónica Calle apresentará igualmente, a 17 e 18 de Novembro, a nova versão da sua peça multidisciplinar Ensaio sobre a Cartografia; e o escritor Enrique Vila-Matas virá mostrar a sua conferência Radicalmente No Original, numa versão especialmente “comentada” por uma performance da francesa Dominique González-Foerster. A programação de cinema ficou praticamente toda por revelar – faltam ainda cerca de seis meses e festivais importantes como Locarno ou Veneza – mas o director avançou já retrospectivas da obra de dois cineastas portugueses que “não são suficientemente conhecidos”. São eles João Mário Grilo, autor de O Processo do Rei ou Os Olhos da Ásia (será uma retrospectiva integral), e José Vieira, cineasta documental nascido em Portugal mas radicado em França desde muito jovem, de quem vimos já alguns filmes no Doclisboa, por exemplo. Branco avançou também a presença para masterclasses e encontros com o público de Raoul Peck (Eu Não Sou o Teu Negro), e Abderrahmane Sissako (Timbuktu), bem como do realizador de A Rainha e Ligações Perigosas, Stephen Frears (sujeito ainda a confirmação). Confirmado está já o Simpósio Internacional que é marca registada do LEFFEST, a decorrer este ano a 24 e 25 de Novembro no Olga Cadaval, e que terá como tema, sob a curadoria dos especialistas Marie-Laure Bernadac e Bernard Marcadé, “Pode a Arte Ainda Ser Subversiva?”. Confirmados estão para já os espaços dos cinemas Monumental e Nimas (geridos por Paulo Branco) e do D. Maria II em Lisboa, e do Centro Olga Cadaval, do Palácio Nacional de Sintra e do MU. SA no concelho de Sintra, esperando Branco confirmar até Novembro a inclusão dos palácios de Monserrate e Queluz e do teatro da Trindade na lista de salas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura mulher rainha negro
MP acusou marroquino de terrorismo sem interrogar jovem que ele teria recrutado
Jovem está detido em França, país cujas autoridades enviaram informação para Portugal. Juiz decide não levar arguido a julgamento por terrorismo. Critica falta de provas e diz que ser "muçulmano" e pesquisar nomes de líderes radicais na Internet não é prova de que se é terrorista. (...)

MP acusou marroquino de terrorismo sem interrogar jovem que ele teria recrutado
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jovem está detido em França, país cujas autoridades enviaram informação para Portugal. Juiz decide não levar arguido a julgamento por terrorismo. Critica falta de provas e diz que ser "muçulmano" e pesquisar nomes de líderes radicais na Internet não é prova de que se é terrorista.
TEXTO: Abdesselam Tazi, um cidadão marroquino acusado pelo Ministério Público (MP) de pertencer ao grupo Estado Islâmico e de recrutar operacionais em Portugal, não vai a julgamento por terrorismo. Num longo despacho, datado desta sexta-feira, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, Ivo Rosa, deixa fortes criticas à investigação levada a cabo, sublinha a falta de provas e, em jeito de alerta contra preconceitos, faz uma chamada de atenção: “O facto de o arguido ser muçulmano e cumprir os rituais da sua religião, não nos permite concluir que é radical/ortodoxo, fundamentalista, que segue o jihadismo violento e que aderiu à organização Estado Islâmico. ”O marroquino, de 64 anos, que está em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, estava acusado de oito crimes: adesão a organização terrorista internacional, falsificação com vista ao terrorismo, recrutamento para o terrorismo, financiamento do terrorismo e quatro crimes de uso de documento falso com vista ao financiamento do terrorismo. O juiz decidiu levar Tazi — antigo polícia — a julgamento, mas apenas pelos crimes de falsificação de documento (passaporte) e contrafacção de moeda (usou quatro cartões de crédito falsos). Nenhum destes crimes está, diz o magistrado, relacionado com o terrorismo. Será julgado em Aveiro e continua em prisão preventiva face ao perigo de fuga e de continuação da actividade criminosa. Os procuradores do Ministério Público que lideraram a investigação, João Melo e Vitor Magalhães, já garantiram, em declarações à Lusa, que vão recorrer para o Tribunal da Relação de Lisboa. Tazi recrutaria operacionais em Portugal, diz o MP, a troco de 1500 euros mensais. O principal recruta que terá radicalizado, e com o qual terá partilhado casa em Aveiro, foi detido em França a 20 de Novembro de 2016 por envolvimento na preparação de um atentado terrorista. Na sequência dessa detenção houve troca de informação entre as autoridades francesas e portuguesas. E aproveitou o MP português para interrogar Hicham El Anafi, de 26 anos, e perguntar-lhe se foi radicalizado por Tazi? Não. E o juiz Ivo Rosa não poupa críticas: “O seu paradeiro é conhecido nos autos, na medida em que o mesmo está detido em França, pelo que teria sido possível, na fase de inquérito, a inquirição do mesmo ao abrigo das normas relativas à cooperação judiciária. Na verdade, este depoimento, para além de ser possível, era também essencial para a descoberta da verdade material. ”De facto, várias testemunhas ouvidas pelas autoridades portuguesas quer por polícias de outros países assacam ao ex-polícia a conversão de Hicham El Hanafi. Aliás, um irmão de Hicham El Hanafi que chegou a trabalhar em Portugal, na construção civil, garantiu que ele lhe confessou ter recebido treino militar na Síria durante dois meses, após o que foi mandado de volta para Portugal, com a missão de recrutar operacionais. Mas Ivo Rosa diz que esses depoimentos não podem ser tidos em conta por serem "indirectos". E explica porquê recorrendo ao testemunho do irmão de Hicham El Hanafi às autoridades francesas: "Quanto ao depoimento da testemunha Mohamed Amine El Hanafi (. . . ) o mesmo baseou-se no que ouviu dizer ao Hicham e à conversa telefónica que manteve com o seu pai e a sua mãe. Trata-se assim de um depoimento indirecto ou de ouvir dizer. "No despacho, o juiz diz ainda que no processo “não existe qualquer prova directa a ligar o arguido Tazi à organização terrorista Estado Islâmico”, que o mesmo negou pertencer à organização e que “nenhuma das testemunhas revelou qualquer conhecimento directo” da sua alegada ligação à organização. Além disso, salienta, “não existe qualquer intercepção telefónica entre o arguido e alguém ligado ao Estado Islâmico, não existe qualquer fotografia ou pesquisa informática que demonstre a ligação do arguido ao Estado Islâmico”. Entre as provas elencadas, constavam fotografias que revelariam, diz o MP, uma “postura ortodoxa/fundamentalista”. Ora, o juiz Ivo Rosa, diz que pela “aparência física” a “maneira de vestir” a postura até pode ser classificada como “ocidental”. A juntar a isso, o magistrado sublinha que o arguido, religioso que “cumpria as orações diárias dos muçulmanos”, sempre negou qualquer ligação “ao sector ortodoxo/fundamentalista do islão, assim como qualquer forma de radicalismo, tanto mais que foi casado, duas vezes com mulheres não-muçulmanas, o que para um muçulmano ortodoxo é inaceitável”. E também nunca esteve na Síria. Esteve na Turquia, que serve de rota para muitos radicais que querem chegar ao território dominado pelo Estado Islâmico, mas diz o juiz, isso não prova que esteve na Síria. Este é, aliás, o tipo de deduções que o magistrado judicial critica durante todo o despacho. Do facto de Tazi ter utilizado passaportes e cartões de crédito falsos, ter viajado para a Turquia, estar na posse de manuscritos do Islão, ser muçulmano e ortodoxo, e não havendo prova directa de que radicalizou Hicham El Hanafi não se pode, aponta, extrair "uma conclusão ou inferir" que "aderiu a uma organização terrorista". Nem que recrutou Hicham El Hanafi. Seguno o MP, Abdesselam Tazi fez-se sempre acompanhar de Hicham El Hanafi, que havia radicalizado e recrutado em Marrocos, antes de ambos viajarem para a Europa. O MP diz que o processo de refugiado, os apoios e a colocação em Portugal deste suspeito foram idênticos aos do arguido, tendo ambos ficado a viver juntos no distrito de Aveiro. "Pelo menos a partir de 23 de Setembro de 2013, a principal actividade desenvolvida pelo arguido em Portugal consistia em auxiliar e financiar a deslocação de cidadãos marroquinos para a Europa e em obter meios de financiamento para a causa jihadista", indica ainda a acusação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Ministério Público afirma que, em 2015, o arguido se deslocou várias vezes ao Centro de Acolhimento para Refugiados, em Loures, para recrutar operacionais para o Daesh. Mas Tazi nem sequer estava em Portugal nessa altura, aponta Ivo Rosa. No documento, percebe-se ainda que uma das suspeitas apontadas ao cidadão marroquino está relacionada com o facto de ter sido apreendido um manuscrito que alegadamente terá feito após ter realizado pesquisas na Internet sobre “líderes salafistas, extremistas islâmicos e terroristas conectados com a jihad islâmica”. Somos suspeitos se fizermos essas pesquisas? Ivo Rosa diz que não: “Não é possível indiciar que quem faz uma pesquisa relativa a esses nomes seja alguém com ligações a organizações terroristas ou que tenha aderido a uma organização terrorista. ”O advogado do ex-polícia marroquino mostrou-se satisfeito com a decisão instrutória. "Estou contente com esta decisão, que é justa, objectiva, concreta e fundamentada. Não há indícios de que tenham sido praticados factos relacionados com o terrorismo", disse Lopes Guerreiro aos jornalistas, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal prisão mulheres refugiado
Angelina Jolie juntou-se à família real para falar de violência sexual
A actriz esteve esta sexta-feira na cerimónia do PSVI Film Festival - Fighting Stigma through Film, onde falou num painel, ao lado de Sofia, Condessa de Wessex. (...)

Angelina Jolie juntou-se à família real para falar de violência sexual
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A actriz esteve esta sexta-feira na cerimónia do PSVI Film Festival - Fighting Stigma through Film, onde falou num painel, ao lado de Sofia, Condessa de Wessex.
TEXTO: Angelina Jolie esteve na sexta-feira ao lado de Sofia, condessa de Wessex, para falar sobre violência sexual, num painel do PSVI Film Festival - Fighting Stigma through Film. A presença da actriz norte-americana passou despercebida até a família real publicar nas redes sociais fotografias, no início da semana. O evento nasce por iniciativa do Governo britânico, responsável pela organização Preventing Sexual Violence in Conflict Initiative (PSVI), que pela primeira vez se apresenta através do grande ecrã. O festival de dois dias juntou 38 filmes e documentários de todo o mundo, partilhando histórias de sobreviventes e inspirando as pessoas a trabalhar ao seu lado, explica o site. Além de chamar à atenção para o crime de violência sexual, o teve também como objectivo motivar a que se façam compromissos para gerar acção, comenta a família real nas redes sociais. Angelina Jolie é conhecida pelo seu trabalho humanitário, particularmente com comunidades de refugiados, crianças e países como o Camboja. Nos últimos anos têm-se focado no crime de violência sexual. Em 2014, por exemplo, fez um discurso marcante no End Sexual Violence in Conflict Summit, denunciando a violência sexual como uma forma de "torturar e humilhar pessoas inocentes e, frequente, crianças muito novas". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "É um mito que a violação é uma parte inevitável de um conflito. É uma arma de guerra apontada a civis. Não tem nada a ver com sexo, tudo a ver com poder", começou por declarar. Apelou ainda à acção da comunidade internacional, sublinhando a importância de zelar pela justiça, proteger as populações vulneráveis e fazer da prevenção da violência sexual parte do treino de todas as forças policiais e militares. Jolie esteve no festival na sua função de enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Não é a primeira vez que a actriz participa num evento da família real britânica. Em Junho esteve na cerimónia de celebração dos 200 anos da Ordem de São Miguel e São Jorge, na Catedral de São Paulo, onde recebeu uma honra da Ordem de São Miguel, pelo seu serviço em países estrangeiros. Antes disso, em 2014, foi condecorada pela rainha Isabel II como Dama Honorária da Ordem de São Miguel e São Jorge. O título foi-lhe atribuído precisamente pelo seu trabalho realizado no Reino Unido para acabar com a violência sexual em zonas de guerra à volta do mundo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime guerra violência rainha comunidade violação sexo sexual
E o grande prémio do Porto/Post/Doc foi… para o Japão
The Kamagasaki Cauldron War, de Leo Sato, é o vencedor da competição do festival. (...)

E o grande prémio do Porto/Post/Doc foi… para o Japão
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: The Kamagasaki Cauldron War, de Leo Sato, é o vencedor da competição do festival.
TEXTO: The Kamagasaki Cauldron War, “ficção do real” encenada pelo japonês Leo Sato com os habitantes de um bairro operário de Osaka, é o vencedor da quinta edição do Porto/Post/Doc. O filme foi escolhido de entre os 14 títulos a concurso ao Grande Prémio do festival, por um júri composto pelas programadoras Kim Busch e Laurence Reymond, pelo crítico Javier H. Estrada, pelo distribuidor Pedro Borges e pelo académico Stoffel Debuysere. O mesmo júri deu uma menção honrosa a Fausto, da canadiana Andrea Bussmann, objecto fantasmagórico a partir de histórias contadas à fogueira. Foram ainda premiados nesta quinta edição Hamada, filmado pelo galego Eloy Domínguez Serén num campo de refugiados saraui (Prémio Companhia das Culturas para melhor realizador emergente da competição internacional), a curta de Inês Alves No Ângulo das Ruas, sobre o confronto entre a Maputo de hoje e a Lourenço Marques dos tempos coloniais (Prémio Cinema Novo, para filmes da escola), e a longa de Aya Koretzky A Volta ao Mundo Quando Tinhas 30 Anos, sobre a viagem à volta do mundo empreendida pelo pai da realizadora (Prémio Teenage, atribuído por um grupo de estudantes de entre o grosso da programação). The Kamagasaki Cauldron War pode ainda ser visto este domingo, às 21h30, no Grande Auditório do Rivoli, enquanto à mesma hora decorre a cerimónia oficial de encerramento com a exibição do documentário de Steve Loveridge sobre a cantora M. I. A. , Matangi/Maya/M. I. A. (Passos Manuel, 22h).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola campo japonês cantora
Vêm mais 7,5 milhões de euros em bolsas europeias para cientistas em Portugal
No total, o organismo de financiamento da ciência na Europa, criado em 2007, acaba de conceder bolsas no valor de 603 milhões de euros, para investigadores no início da carreira. Cientistas portugueses ou a fazer investigação em Portugal recebem mais de 11,5 milhões de euros. (...)

Vêm mais 7,5 milhões de euros em bolsas europeias para cientistas em Portugal
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: No total, o organismo de financiamento da ciência na Europa, criado em 2007, acaba de conceder bolsas no valor de 603 milhões de euros, para investigadores no início da carreira. Cientistas portugueses ou a fazer investigação em Portugal recebem mais de 11,5 milhões de euros.
TEXTO: O Conselho Europeu de Investigação (ERC) atribuiu cerca de 7, 5 milhões de euros a cinco cientistas estabelecidos em Portugal, para desenvolverem os seus trabalhos científicos. Juntam-se a eles mais três cientistas portugueses que trabalham fora do país. Feitas as contas, mais de 11, 5 milhões de euros foram atribuídos esta sexta-feira. Que alimentos podem retardar a demência? Qual a ligação entre a Terra e a vida? Como o cérebro diferencia objectos de forma rápida e eficiente? – estas são algumas das questões às quais estes oito cientistas vão tentar dar resposta. Cinco trabalham em instituições portuguesas e três no estrangeiro. Cada um terá uma bolsa de cerca de 1, 5 milhões de euros ao longo de cinco anos para criarem as suas equipas de investigação e desenvolverem projectos científicos inovadores. Este ano, em 3170 candidaturas, foram atribuídas 403 Bolsas Júnior (cerca de 12, 7%) a investigadores em início de carreira de vários países, dos quais 40% são mulheres, segundo Jean-Pierre Bourguignon, presidente do ERC. No total, foram 603 milhões de euros para o apoio à ciência, parte do actual programa de investigação da União Europeia, Horizonte 2020, nas áreas das ciências da vida, ciências físicas e engenharia e ciências sociais e humanas. O comissário europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, mostrou-se satisfeito com a representação portuguesa, dentro e fora do país, “que comprova a excelência dos nossos investigadores”, diz em comunicado. Dos oito cientistas, seis são mulheres: um número “bastante acima da média geral”, reforça o comissário. Os líderes dos projectos em Portugal representam várias instituições de todo o país. Da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Joana Freitas vai estudar o “mar, a areia e as pessoas” no âmbito do projecto “Uma história ambiental das dunas costeiras”. Enquanto Rogério Pirraço, da Universidade do Minho, estará à frente de um estudo sobre uma rede capilar artificial para uma boa pré-vascularização de enxertos resultantes de engenharia de tecidos. O desenho de um “mapa do cérebro” vai ficar a cargo de Jorge Almeida, da Universidade de Coimbra, que vai receber 1, 8 milhões de euros para analisar como a informação é mapeada e organizada no cérebro humano, capaz de identificar de forma rápida e eficiente qualquer objecto (como um telemóvel ou uma cadeira). O investigador pretende mostrar que “esta informação não é organizada de forma aleatória mas, sim, de uma forma muito específica e continua, em mapa, permitindo o seu uso pelo sistema cognitivo”. Esta é a primeira vez que o ERC financia um projecto português da área da psicologia e neurociência cognitiva que, segundo Jorge Almeida citado em comunicado, “é uma área que lá fora é tida como central, mas tem recebido muito pouco apoio em Portugal”. Claudia Bank introduz o conceito de paisagens adaptativas “fitness landscapes” que relaciona a composição genética dos indivíduos com o seu sucesso reprodutivo. A investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, vai receber 1, 37 milhões de euros para estudar como as populações se adaptam e se diversificam. Mais especificamente, vai quantificar como é que a evolução da resistência a medicamentos é afectada pela epistasia – um fenómeno que mostra que as consequências de uma alteração genética podem depender do genoma onde aparece. Claudia Bank garante que, desde o início da sua carreira, que tem “o fascínio de compreender a importância da epistasia durante a evolução”, pelo que esta bolsa vai permitir investigar a questão “tanto de uma forma teórica como experimental”. Cláudia Nunes dos Santos, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), também em Oeiras, terá 1, 5 milhões de euros para estudar a relação entre o regime alimentar e a saúde cerebral. Face ao avanço das doenças neurodegenerativas, como a Parkinson e a Alzheimer, importa investigar quais os compostos fenólicos, presentes nos alimentos, que chegam ao cérebro e o seu efeito na prevenção e tratamento da inflamação cerebral. “Embora os estudos epidemiológicos e de nutrição indiquem que o consumo de frutas e legumes, ricos em polifenóis, é benéfico para a nossa saúde em geral, não é claro como estes compostos chegam e actuam no cérebro”, explica o iBET em comunicado. Neste contexto, o intuito da cientista portuguesa passa por “desenvolver uma estratégia eficaz de cuidados prolongados com base em polifenóis para manter o cérebro saudável”. As restantes três cientistas portuguesas irão desenvolver os seus projectos em instituições estrangeiras. Na Alemanha, Ana Banito vai localizar mecanismos genéticos e epigenéticos em sarcomas pediátricos; no Reino Unido, Sandra Sequeira vai estudar os refugiados, a pobreza e o crescimento económico; e na Áustria, Maria Filipa Sousa vai analisar a “Evolução da Fisiologia: a relação entre a Terra e a Vida”. No geral, os projectos financiados pelo ERC em 2018 serão desenvolvidos em 22 países, a maioria na Alemanha (76) e no Reino Unido (67), com um crescimento considerável na Holanda. A área mais estudada serão as ciências físicas e engenharia, com 170 propostas aceites. Por que é o mundo verde? São os nossos olhos as janelas para as nossas personalidades? Como o Japão se tornou uma potência industrial global? Estas são algumas das questões às quais cientistas de 44 nacionalidades querem responder. As bolsas irão permitir ainda que 1500 estudantes (em fase de pós-doutoramento, doutoramento e outros colaboradores) integrem as equipas de investigação, assim como a disseminação do conhecimento. “Talento científico e ideias ambiciosas podem ser encontrados em toda a Europa e o ERC pretende dar-lhes estímulo onde quer que estejam”, concluiu Jean-Pierre Bourguignon. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O concurso do ERC para a próxima ronda de financiamento de Bolsas Júnior abrirá nos próximos dias, de acordo com o regulamento. Cientistas de qualquer nacionalidade – com dois a sete anos de experiência e “um historial científico prometedor” – podem concorrer às Bolsas Júnior, mas a investigação deve ser realizada numa instituição num dos Estados-membros da União Europeia ou países associados. Texto editado por Teresa Firmino
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo estudo mulheres pobreza alimentos
Miguel Magalhães: “A Gulbenkian-Paris é hoje uma instituição internacional e não apenas portuguesa”
Dez anos depois de ter começado a trabalhar na Gulbenkian em Lisboa, Miguel Magalhães chega agora à direcção da delegação da fundação em Paris. Diz que é o corolário de um percurso “feito na casa”. (...)

Miguel Magalhães: “A Gulbenkian-Paris é hoje uma instituição internacional e não apenas portuguesa”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-23 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170523080248/https://www.publico.pt/n1759379
SUMÁRIO: Dez anos depois de ter começado a trabalhar na Gulbenkian em Lisboa, Miguel Magalhães chega agora à direcção da delegação da fundação em Paris. Diz que é o corolário de um percurso “feito na casa”.
TEXTO: Miguel Magalhães (n. Porto, 1975), com formação em Direito e especialização em gestão cultural entre Londres e Fontainebleau, é desde o início do ano o novo director da delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, substituindo no cargo João Caraça. É o corolário de um percurso profissional de uma década “feito na casa”, depois de ter anteriormente passado pela gestão financeira do Teatro Nacional São João e pela direcção artística do Casino da Póvoa. Chegar a director da delegação da Gulbenkian em Paris aos 41 anos é uma conquista pessoal?É [o resultado de] um percurso feito dentro da casa. Estou na Fundação Gulbenkian desde 2005, trabalhei seis anos em Lisboa, primeiro, no fórum O Estado do Mundo, um festival que festejou os 50 anos da fundação, depois no projecto Próximo Futuro. Em 2011, surgiu a possibilidade de vir para Paris, para ser adjunto do director. . . E Paris era um objectivo seu?Confesso que o meu sonho não era Paris. Eu estudei em Londres, e esta era sempre uma cidade mais apetecível para mim. Mas aconteceu ser Paris. Surgiu a possibilidade de vir para adjunto do director, que então ainda era o dr. João Pedro Garcia. Estive uns meses com ele, depois ele regressou a Lisboa, e o professor João Caraça tomou posse. Foi um percurso que se fez de forma muito natural, muito orgânica, muito em casa, e recentemente o conselho de administração da fundação entendeu que eu seria a pessoa indicada para lhe suceder. Foi uma decisão que veio do facto de eu conhecer bem a casa, e os desafios que nos foram colocados ao longo do tempo. A minha vinda, em 2011, correspondeu à mudança de edifício. Ainda trabalhei na Avenida Jena e acompanhei a transição para este novo edifício. Creio que sou o primeiro director que vem da equipa, e isso também faz toda a diferença. Foi uma promoção. A escolha de Isabel Mota para nova presidente da Fundação Gulbenkian – o que acontecerá só a partir de Maio – irá ter algum reflexo na delegação de Paris?Julgo que vai ter um reflexo bom, porque foi a administradora com o pelouro de Paris, praticamente desde que eu cá estou e até Julho de 2016. Portanto, teremos à frente da administração uma das pessoas que melhor conhece a casa e as questões com que temos de lidar no dia-a-dia, e no futuro. É uma boa notícia para Paris e para a delegação em França. Em relação ao Amadeo, são muitos os factores que explicam a exposição não ter tido todos os visitantes que gostaríamos. O primeiro é, em dúvida, o terrorismo. Paris, e a [região] Île de France, teve menos um milhão de habitantes no primeiro semestre do ano passado, o que significa menos 20% de visitantes no geral. E é importantíssimo não esquecer que Amadeo chegou a Paris como um desconhecido. No seu caso, como é que vai marcar a diferença à frente da delegação?Não tenho a obsessão de marcar a diferença, porque trabalhei com o professor João Caraça de uma forma bastante próxima e, portanto, não sinto essa pressão. O mais importante é consolidar a presença dos artistas de língua portuguesa em França e na Europa. E nós estamos numa posição privilegiada para o fazer. Apesar das vozes que se levantam sobre a decadência e a perda de influência da França, no mundo cultural e das artes Paris é uma vitrina incontornável. E a presença da Fundação Gulbenkian, e a possibilidade de termos artistas portugueses aqui, de termos uma biblioteca tão importante de língua portuguesa fora de Portugal, é uma oportunidade muito especial para a cultura portuguesa em geral. Temos um capital acumulado, não estamos isolados. O trabalho que foi feito nos últimos cinco anos visou criar pontes com a cidade, com as suas instituições museológicas, culturais e académicas, com o meio artístico. Hoje em dia, somos considerados pares no quadro institucional parisiense. Contudo, por vezes ouvem-se críticas à Gulbenkian, de que está mais virada para a comunidade portuguesa do que para Paris e os seus meios culturais e mediáticos. Isso explicaria, por exemplo, o facto de a exposição dedicada no ano passado a Amadeo de Souza-Cardoso ter ficado aquém das expectativas, em termos de visitantes. Por acaso, também já ouvi o contrário em relação às actividades da Gulbenkian de Paris: de trabalharmos demasiado para os franceses e prestarmos pouca atenção à comunidade portuguesa. . . Julgo que fazemos as duas coisas. Não sei se o fazemos bem, mas fazemos um esforço para estarmos em contacto com todas as comunidades. Em relação ao Amadeo, são muitos os factores que explicam a exposição não ter tido todos os visitantes que gostaríamos. O primeiro é, em dúvida, o terrorismo. Paris, e a [região] Île de France, teve menos um milhão de habitantes no primeiro semestre do ano passado, o que significa menos 20% de visitantes no geral. E é importantíssimo não esquecer que Amadeo chegou a Paris como um desconhecido. Não foi, sequer, como ‘um ilustre desconhecido’ – foi um desconhecido. Nem os meios científicos da história de arte, dos conservadores, conhecia o Amadeo. Ele não vem nos compêndios das histórias da arte, não vem sequer nos índices onomásticos das histórias do início do séc. XX – às vezes é referenciado apenas por causa do Modigliani. Portanto, os dois principais objectivos deste projecto – apresentar o artista ao público internacional e colocá-lo na história da arte, das vanguardas – foram conseguidos. E há agora um catálogo com textos científicos de autores não portugueses. Quem estuda as vanguardas, sabe que ele é um autor fundamental. Chegando agora depois da Paula Rego e de Amadeo, que expectativa tem para a presente exposição de Ângelo de Sousa – que é um nome bastante mais desconhecido aqui em França?Ângelo de Sousa é um nome de todo desconhecido. E é curioso, porque alguns artistas da geração dele, nomeadamente mulheres, como a Helena Almeida, a Lourdes Castro, além da própria Paula Rego, fizeram um percurso internacional muito interessante. O Ângelo, que é um artista maior da segunda metade do século XX em Portugal, continua desconhecido fora de Portugal. Ainda na sequência da pergunta anterior: o nosso esforço, nos últimos cinco anos, foi no sentido de sairmos do gueto que eram os centros culturais nacionais, que apostavam em estratégias de promoção da cultura nacional que estão um pouco caídas em desuso…Isso é uma crítica ao Instituto Camões?Não. De todo. É uma tendência. No século XX, a diplomacia cultural fez-se por intermédio, em parte, dos institutos culturais. Hoje em dia vemos que o Goethe Institut ou o British Council já não o fazem da mesma forma. O nosso esforço foi no sentido de nos posicionarmos enquanto pares das instituições e do meio artístico francês, para depois podermos apresentar os nossos artistas enquanto artistas de qualidade e merecedores de visibilidade internacional, e já não enquanto uma manifestação dum meio artístico nacional. Neste momento, temos as condições para apresentar um artista porque ele é um artista de muita qualidade e não porque é um artista português. E essa era a nossa grande luta – sermos percepcionados como uma instituição internacional e não apenas portuguesa. Quem é que vai seguir-se a Ângelo de Sousa na programação da delegação?Teremos a Graça Morais, antes do Verão, e em Outubro uma exposição colectiva, Un Rêve, comissariada por Mathieu Copeland, um dos curadores da grande exposição Vides - une retrospective, no Centre Pompidou, em 2009. Vai ser uma exposição sonora, com músicas criadas a partir de sonhos propostos por vários artistas. Pode avançar alguns nomes?Posso avançar os do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, do artista e performer britânico Tim Etchells, e do português Alexandre Estrela, mas a lista completa não está ainda confirmada. Serão artistas de vários países e disciplinas, com o Coro Gulbenkian, que gravará em Lisboa a música composta pelo alemão F. M. Einheit, membro do histórico grupo alemão Einstürzende Neubauten. Nas outras áreas, haverá alguma aposta em particular?Há a Biblioteca, que, no fundo, é o principal activo desta delegação. Com mais de 90 mil volumes, é provavelmente a maior biblioteca de língua portuguesa fora de Portugal e do Brasil. Temos as colecções que serão aumentadas e melhoradas. E outras actividades, como o projecto de literatura em voz alta, Dá Voz à Letra, que tem a final no dia 28 de Janeiro, com alunos da Île de France. É um concurso para alunos falantes de língua portuguesa, luso-descendentes, luso-franceses, franceses – temos alunos do Brasil nos semifinalistas, e tivemos 90 candidaturas. A difusão da língua portuguesa é uma actividade muito importante. Vamos continuar com o nosso trabalho sobre a questão do livro enquanto objecto. Este ano está previsto um grande encontro sobre o livro de arquitectura, com o André Tavares, um dos curadores da Trienal de Lisboa, que vai coordenar um encontro sobre a arquitectura dos livros de arquitectura, numa parceria com a Universidade de Zurique. E o projecto que pessoalmente me é mais caro: vamos registar a memória dos artistas portugueses que passaram por Paris nos últimos 50 anos, e que corre o risco de desaparecer. Alguns deles já desapareceram mesmo, outros estão com muita idade. Vamos começar a gravar essas memórias, com entrevistas que vão contribuir para os fundos da biblioteca, porque não há biografias destes artistas. E não falo só dos mais conhecidos. É claro que temos figuras cruciais da cultura, e que temos a sorte de estarem ainda vivos, como a Lourdes Castro, o Eduardo Lourenço, o José-Augusto França, e Coimbra Martins, que foi director da fundação e embaixador de Portugal em França. E temos as gerações mais abaixo, do Sérgio Godinho e do José Mário Branco ao Jorge Martins, que por cá passaram. São figuras que têm uma memória e uma história que não se pode perder. Começámos já o projecto com o Pierre Léglise-Costa, que trabalhou na tradução do Fernando Pessoa para as edições Pléiade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ainda faz sentido dizer que Portugal esta na moda em França?Neste momento, faz muito sentido. O que vejo à minha volta é franceses a partirem para férias e para comprarem casas para lá se instalarem. . . Mas isso é mais o resultado de uma conjuntura económico e social muito particular. A minha opinião pessoal, e empírica, é que há um conjunto de factores. Há a questão dos refugiados fiscais – os reformados não pagam impostos –, que são os principais. Mas há também jovens famílias e artistas; há ainda famílias que partem por razões de segurança; e há o turismo, em alternativa ao norte de África. E essa procura do território e do sol terá também alguma expressão cultural, na procura do conhecimento da língua e da cultura?Tem. Verificamos isso no número de leitores da Biblioteca, no tipo de pedidos que nos são feitos e na forma como as pessoas reconhecem a Fundação Gulbenkian: porque foram a Lisboa e foram visitar o Museu Gulbenkian, depois descobrem-nos a nós, e manifestam curiosidade pelas nossas exposições e pelos artistas que aqui apresentamos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura comunidade social mulheres
Sofia vai caminhar até Santiago de Compostela para dar “sorte” a outros
Sofia Vieira acredita que todos devemos usar a “sorte” para ajudar os outros e, por isso, vai fazer a pé os cerca de 600 quilómetros que separam Lisboa de Santiago de Compostela. Objectivo é angariar fundos para a Fundação do Gil e o Fundo iMM-Laço: A Caminho da Cura. (...)

Sofia vai caminhar até Santiago de Compostela para dar “sorte” a outros
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sofia Vieira acredita que todos devemos usar a “sorte” para ajudar os outros e, por isso, vai fazer a pé os cerca de 600 quilómetros que separam Lisboa de Santiago de Compostela. Objectivo é angariar fundos para a Fundação do Gil e o Fundo iMM-Laço: A Caminho da Cura.
TEXTO: A 11 de Agosto, Sofia Vieira vai partir de Lisboa em direcção a Santiago de Compostela. De mochila às costas, vai percorrer mais de 600 quilómetros que “servirão de trampolim para a boa vontade”. O objectivo? Angariar fundos que serão distribuídos pela Fundação do Gil e pelo Fundo iMM-Laço: A Caminho da Cura. “Este desafio, inspirado por um momento muito difícil na minha vida pessoal, servirá sobretudo para homenagear a força e a resiliência da minha irmã mais nova, a quem, em Setembro do ano passado, foi diagnosticado um cancro invasivo”, explica Sofia Vieira. “É uma forma de celebrar e ajudar alguns daqueles que fazem caminhadas bem mais difíceis do que aquela que os meus pés vão fazer e homenagear todas as mulheres que passam por batalhas como a da minha irmã, ou outras igualmente difíceis”, acrescenta. A autora da página Pais com P Grande acredita que acompanhar a situação da irmã Joana, que aos 27 anos passou por tratamentos de quimioterapia, uma operação complicada, radioterapia e tratamentos hormonais, é a oportunidade que a vida lhe deu "para transformar um momento menos bom numa memória positiva (…), apesar de tudo”. E porquê Santiago de Compostela? "É um caminho que há muito tempo tenho pensado em fazer e este pareceu-me ser, do ponto de vista emocional e espiritual, o momento certo”, revela Sofia. No total, são 652 quilómetros que a autora vai percorrer não por motivos religiosos, mas porque gosta de o fazer — e porque sente a necessidade de passar algum tempo sozinha “para processar todos estes meses de luta”. Sofia vai caminhar sozinha, mas está a preparar três caminhadas mais curtas e solidárias ao longo do percurso: em Tomar, no Porto e em Viana do Castelo. "Quem quiser pode juntar-se a mim, contribuindo com um donativo para o objectivo deste projecto”, diz Sofia, que vai ainda fazer três workshops sobre boa vontade, em Lisboa, Santarém, e em Viana do Castelo. Em 2004, Sofia trocou Setúbal por Londres, onde se especializou na área da educação, desenvolvimento cognitivo infantil, criatividade e inteligência emocional. Foi na capital inglesa que conheceu o francês Quentin. Juntos há 10 anos, Sofia e Quentin já viveram em 12 moradas com os filhos Gabriela e Tiago, de oito e 10 anos, respectivamente. Depois de passarem por Inglaterra, Portugal e País de Gales, de momento a família Vieira-Gillet vive no Sudoeste de França com a cadela Amora e o gato Amado. “Penso (mas não dou certezas) que vamos fazer da França o nosso 'poiso' permanente, ainda que as viagens e a aventura façam sempre parte das nossas vidas”, garante Sofia. Por causa do trabalho de Quentin (na área da informática), que o obriga a viajar muito, e porque queria estar totalmente disponível para os filhos — que, até recentemente, estiveram em regime de ensino doméstico —, Sofia trabalha como freelancer a partir de casa para várias publicações portuguesas e estrangeiras. Continua a alimentar a paixão pela escrita e tem um livro infantil sobre inteligência emocional a aguardar publicação. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Acredito que a vida só faz sentido quando usamos parte da nossa ‘sorte’ ao serviço dos outros e por isso tenho organizado várias campanhas de angariação de fundos para diversos fins e organizações nacionais e internacionais”, diz Sofia. Aos 37 anos, Sofia já dedicou uma grande parte da vida a ajudar os outros e desenvolveu várias iniciativas solidárias. Em Fevereiro de 2017, começou o "Uma história por um donativo" e conseguiu juntar 3500 euros para a organização britânica Refugee Support, com o apoio da qual esteve a dar aulas num campo de refugiados em Alexandria, na Grécia, durante três semanas e meia. “Este dinheiro foi usado para comprar roupa interior para todos os moradores do campo, bem como para o aluguer de uma carrinha que nos possibilitava distribuir comida pelos contentores onde as pessoas viviam”, recorda. Mais recentemente, Sofia dedicou-se ao projecto "Caixas Solidárias para a Síria": foram 7000 euros angariados e enviados para a Síria, onde Sofia trabalha, através da Acting for Change International, que possibilitaram a distribuição de 175 caixas com bens essenciais por famílias refugiadas da área de conflito.
REFERÊNCIAS:
Amnistia pede justiça e identifica 13 militares por abusos aos rohingya
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas birmanesas, Min Aung Hlaing, é um dos identificados. O relatório diz que as agressões já aconteciam antes do início do confronto e que os crimes foram organizados em larga escala. (...)

Amnistia pede justiça e identifica 13 militares por abusos aos rohingya
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas birmanesas, Min Aung Hlaing, é um dos identificados. O relatório diz que as agressões já aconteciam antes do início do confronto e que os crimes foram organizados em larga escala.
TEXTO: Homicídios, tortura, violações, agressões e limpeza étnica. A Amnistia Internacional publicou esta quarta-feira um relatório em que relata alguns desses delitos e identifica 13 responsáveis do Exército birmanês que tiveram um “papel importante” em nove crimes contra a humanidade cometidos sobre a minoria muçulmana rohingya. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas birmanesas, o general Min Aung Hlaing, é um dos identificados; há ainda nove comandantes do Tatmadaw (forças armadas nacionais) e três agentes da polícia fronteiriça birmanesa (BGP). A organização pede que a investigação seja reencaminhada para o Tribunal Penal Internacional, em Haia. “Milhares de mulheres, homens e crianças rohingya foram assassinados, alvejados enquanto fugiam, ou queimados até à morte dentro das suas próprias casas – mas talvez nunca se venha a saber ao certo quantos perderam a vida como resultado das operações militares”, lê-se no relatório intitulado Vamos destruir tudo: a responsabilidade militar pelos crimes contra a humanidade no estado de Rakhine, Birmânia. O documento, baseado em mais de 400 entrevistas e uma investigação de nove meses, refere ainda que há relatos de detenções e tortura de homens e rapazes rohingya semanas antes de a crise ter começado no final de Agosto, quando os confrontos entre um grupo rebelde e as forças birmanesas levaram à fuga de mais de 702 mil rohingya do estado de Rakhine para o Bangladesh. A versão oficial das autoridades é a de que os confrontos só começaram depois de o grupo ARSA (Exército de Salvação dos Rohingya de Arracão, um grupo que tinha como objectivo defender os direitos da minoria muçulmana) ter atacado postos da polícia birmanesa e uma base militar do Exército em Rakhine. Outro exemplo são os moradores que contam que os militares ameaçavam as populações de que as alvejariam directamente e indiscriminadamente se fizessem alguma coisa de “errado”. Houve ainda mulheres e raparigas a serem violadas, algumas em grupo, tanto nas aldeias como quando já estavam em fuga para o Bangladesh. No relatório é dito que “algumas vítimas de violação viram os membros da família a serem mortos à sua frente. Em pelo menos uma aldeia, as forças de segurança deixaram as vítimas de violação dentro dos edifícios e atearam fogo”. Há testemunhas que contam que lhes era negada água e comida, e alguns dos refugiados eram espancados até à morte. Pouco depois de o relatório ter sido publicado, a relatora da ONU para os Direitos Humanos na Birmânia, Yanghee Lee, disse que as condições em que os rohingya são mantidos não tinham melhorado desde Agosto. As forças de segurança da Birmânia foram anteriormente acusadas de crimes contra a humanidade e de limpeza étnica, e também de serem responsáveis pela morte de mais de 6000 pessoas, incluindo 730 crianças. A Amnistia condena agora as autoridades birmanesas por nada terem feito para evitar os crimes contra a humanidade que estavam a ser cometidos e também a ONU tem falado em limpeza étnica. “A explosão da violência – incluindo homicídios, violações, tortura, pessoas queimadas e outras obrigadas a passarem fome – perpetradas pelas forças de segurança da Birmânia em vilas e aldeias ao longo do estado de Rakhine – não foi obra de soldados ou unidades insubordinados. Há muitas provas de que isto fez parte de um ataque organizado e sistemático contra a população rohingya”, disse o Conselheiro de Crise da Amnistia Internacional, Matthew Wells. E acrescenta que “aqueles que têm sangue nas mãos” devem ser responsabilizados por isso. Em Abril, sete soldados birmaneses foram condenados a dez anos de prisão e trabalhos forçados pela participação na execução de um grupo de homens rohingya. O Governo birmanês foi acusado de esconder provas de execuções ao destruir valas comuns onde terão sido enterrados rohingya executados pelo Exército e por milícias armadas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esse massacre só chegou aos jornais depois de ter sido investigado por dois jornalistas da Reuters, que foram posteriormente detidos e enfrentam agora acusações judiciais que podem valer 14 anos de prisão, por estarem em causa documentos confidenciais, ainda que os advogados defendam que a informação estava disponível publicamente antes das detenções. A crise na Birmânia começou a 25 de Agosto de 2017: em resposta aos ataques reivindicados pela ARSA, o Exército birmanês lançou uma ofensiva que levou à fuga em massa de milhares de rohingya do estado de Rakhine, de onde é originária grande parte dos que atravessaram a fronteira. A perseguição à minoria muçulmana na Birmânia dura há séculos e o Governo birmanês não os reconhece como cidadãos, não os deixa votar, não lhes permite a circulação livre e veda-lhes o acesso a serviços públicos.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE