“Na Finlândia temos a tradição de falar com todos os partidos, incluindo a extrema-direita”
Juha Sipilä: O primeiro-ministro finlandês defendeu a coligação com a extrema-direita, argumentando que é a única forma de a “responsabilizar”. Garantiu ainda estar ao lado da UE nas sanções à Rússia, sem abdicar, no entanto, do diálogo com Moscovo. (...)

“Na Finlândia temos a tradição de falar com todos os partidos, incluindo a extrema-direita”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.080
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181212204241/https://www.publico.pt/n1846250
SUMÁRIO: Juha Sipilä: O primeiro-ministro finlandês defendeu a coligação com a extrema-direita, argumentando que é a única forma de a “responsabilizar”. Garantiu ainda estar ao lado da UE nas sanções à Rússia, sem abdicar, no entanto, do diálogo com Moscovo.
TEXTO: De visita a Lisboa para participar no Seminário Empresarial Portugal-Finlândia, o primeiro-ministro finlandês elogiou a “reviravolta realmente fantástica” da economia portuguesa nos últimos anos. À frente do Governo finlandês desde 2015, Juha Sipilä guiou o país para uma recuperação económica sensacional, mas foi muito criticado por se ter coligado com os Verdadeiros Finlandeses (extrema-direita). O político liberal acredita, porém, que essa escolha ajudou a derrotar a lógica populista na Finlândia. Sipilä reflectiu ainda sobre o comportamento “inaceitável” de Moscovo desde a anexação da Crimeia (2014), mas insistiu na necessidade de se continuar a falar com a Federação Russa. A Finlândia superou a crise económica e é hoje um país próspero, mundialmente reconhecido pelo seu sistema de ensino e Estado social. Como explica esta transição bem sucedida?Tal como Portugal nos anos da crise, fomos obrigados a tomar decisões muito difíceis para potenciar o nosso PIB. Fizemos reformas dolorosas no mercado de trabalho, na segurança social e na saúde, algumas delas ainda em discussão no Parlamento. Com isso conseguimos equilibrar a balança no sector público e colocar o rácio da dívida abaixo dos 60% do PIB. Também reduzimos a taxa de desemprego para os níveis mais baixos dos últimos 30 anos. Vamos ver que recompensa recebemos por isso, nas próximas eleições [Abril de 2019]. Na verdade não estou muito preocupado, a minha primeira missão foi cumprida: demos a volta à economia finlandesa e oferecemos-lhe uma base sólida. Durante o período mais crítico, porém, o país testemunhou o crescimento da extrema-direita. Encontra semelhanças entre o caso finlandês e outros exemplos da região escandinava ou europeia?No nosso caso o problema não é tão sério como em países como Itália, Suécia ou Alemanha. É verdade que assistimos ao crescimento de um partido de extrema-direita [os Verdadeiros Finlandeses] – que decidi trazer para a nossa coligação de Governo. Mas ao contrário de outros países, na Finlândia temos a tradição de responsabilizar todos os partidos pelas suas promessas, incluindo os populistas. Quando o fazemos, estamos a obrigar estes partidos a tomar decisões difíceis e explicar concretamente às pessoas aquilo que defendem. Mas essa normalização da extrema-direita não é uma ameaça à democracia finlandesa e aos valores europeus? Na Suécia, por exemplo, os partidos tradicionais rejeitam ouvir e falar com esses partidos…Percebo o desconforto de alguns políticos em lidar com a extrema-direita, mas pessoalmente acho que é essencial dialogar e ouvir todos os partidos. No mínimo deve haver uma discussão, para percebermos quais as nossas diferenças e porque é que elas existem. Comigo os Verdadeiros Finlandeses deixaram, na prática, de ser um partido de extrema-direita. Conseguimos fechar um programa de Governo e acordar uma política europeia antes de avançarmos para a nossa coligação. Acredita que essa postura menos radical dos Verdadeiros Finlandeses se vai manter na campanha para as próximas eleições?Continuo a pensar que resolvemos esse problema na Finlândia há quatro anos, com a responsabilização da extrema-direita. Olhando agora para as sondagens, vemos que esse partido perdeu imensos apoios. Mas sim, é provável que eles regressem aos mesmos argumentos, particularmente no que toca à imigração. A crise migratória é hoje mais global do que era há quatro anos e as raízes do problema ainda lá estão. Como se revolve a crise migratória?Creio que a prioridade deve passar pela cooperação com os países africanos. Temos de ajudar a criar um futuro para a população jovem em África e não apenas através de financiamento, mas com uma cooperação verdadeira e ambiciosa. É essencial lidarmos directamente com as causas da crise. Ao nível da União Europeia já existe unidade para pôr em prática este plano. Por outro lado, é importante avançar para uma guarda costeira europeia, investir em políticas de retorno [dos refugiados] – negociadas e em concordância com os países de origem – e perceber que as alterações climáticas também fazem parte das causas da crise. Esteve em Salzburgo reunido com os restantes chefes de Governo europeus. Como olha para as negociações que se avizinham com Theresa May, para o “Brexit”?Até ao final do congresso do partido de May não houve desenvolvimentos nas negociações. A partir de agora, e tal como foi referido pela Comissão Europeia e por Michel Barnier [o chefe das negociador de Bruxelas], o processo encontra-se na sua 'fase de aterragem'. Se houver vontade para tal, acredito ser possível chegar a acordo numa semana. Estou bastante optimista que o vamos conseguir, ainda este mês ou em Novembro. A proximidade territorial, histórica e cultural com a Rússia obrigou a Finlândia a assumir há muito um estatuto de neutralidade. Isso mudou com a anexação russa da Crimeia?Esse episódio proporcionou uma enorme mudança, pelo que apoiamos inteiramente a posição assumida pela União Europeia e particularmente a sua política de sanções. Não podemos aceitar o que aconteceu na Crimeia e na Ucrânia. Ao mesmo tempo, porém, temos tido o cuidado de garantir que continua a haver diálogo constante entre a Finlândia e a Rússia. Ainda na semana passada encontrei-me com Dimitri Medvedev [primeiro-ministro russo] e estivemos a debater estas questões. Mesmo em situações de crise e desentendimento entre os Estados deve haver sempre uma ligação pessoal entre as partes, para que possamos discutir tudo o que temos para discutir. É certo que não houve qualquer desenvolvimento no Acordo de Minsk, mas isso não significa que não tenhamos de continuar a falar sobre ele. Como descreve o comportamento russo nos últimos anos?O comportamento russo não é de todo aceitável. E temo-lo dito de forma clara nas nossas discussões com Moscovo. Repito: o nosso posicionamento é o mesmo que o da UE e o do Ocidente e apoiamos totalmente as sanções económicas. Mas a abordagem finlandesa em matéria de segurança regional alterou-se? Fala-se da preparação de um exercício militar em larga escala para 2020…De uma forma generalizada, a nossa abordagem continua a ser a mesma. Não somos um país da NATO, mas somos parceiros, pelo que é normal fazermos exercícios militares em conjunto. Com a Suécia, sim, temos mantido e desenvolvido nos últimos três a cinco anos uma cooperação mais aprofundada em matéria de Defesa. Os exercícios militares têm vindo a ser mais recorrentes, mas também fazem parte destes dois eixos de colaboração. Ao mesmo tempo, estabelecemos como prioridade o desenvolvimento da cooperação europeia nestas matérias, por acreditarmos que a UE deve ser também uma união de segurança. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na Finlândia já se debate com mais abertura a adesão à NATO?As pessoas são contra [a adesão] e a maioria dos políticos e partidos também o são. Eu também. Ser um país não-alinhado é a melhor posição para a Finlândia. Temos Forças Armadas fortes, cooperamos com a Suécia e com a NATO, e é assim que queremos permanecer. A Finlândia continua à espera que o Parlamento português aprove o novo acordo fiscal sobre os reformados finlandeses a viver no nosso país. Confrontou António Costa com este assunto?Na verdade não foi necessário abordarmos o tema, porque a situação é bastante clara: o antigo acordo era dos anos de 1970 e necessitávamos de uma actualização. Chegámos a um novo acordo, o nosso Parlamento aprovou-o e estamos agora à espera do Parlamento português. Tenho a expectativa de seja confirmado mas também entendo que seja uma questão de política interna. Não estou preocupado. Qual a avaliação que faz do desempenho económico recente de Portugal?Portugal passou pelas mesmas dificuldades por que nós passámos no início dos anos de 1990, quando os nossos bancos faliram, pelo que existe uma enorme simpatia da nossa parte. Olhando para os indicadores económicos mais recentes constatamos com agrado que a economia portuguesa está na direcção certa e a crescer rapidamente. Foi uma reviravolta realmente fantástica e muito importante para a cooperação entre os nossos dois países.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO UE
Extrema-direita lança desafio à Europa desde Milão
Partidos nacionalistas de vários países europeus, liderados por Matteo Salvini, prometeram mudar o continente depois das eleições europeias da próxima semana. (...)

Extrema-direita lança desafio à Europa desde Milão
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.192
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Partidos nacionalistas de vários países europeus, liderados por Matteo Salvini, prometeram mudar o continente depois das eleições europeias da próxima semana.
TEXTO: Numa praça central de Milão cheia de gente apesar da chuva, milhares de bandeiras da Liga, o partido do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, receberam líderes da extrema-direita de 11 países da União Europeia, convocados para formar uma frente comum para retirar poder a Bruxelas. Centenas de opositores juntaram-se à volta para apupar, escarnecer e assobiar os apoiantes da extrema-direita, por vezes de forma tão ensurdecedora que conseguiam evitar que se ouvissem os intervenientes. Quando chegou a vez de falar Salvini, o responsável pela frente comum e o homem que se tornou um dos rostos mais mediáticos da extrema-direita europeia, os contramanifestantes gritaram: “Fascistas, saiam de Milão!”“Não há extremistas, racistas ou fascistas nesta praça”, afirmou Salvini. “Aqui não vão encontrar a extrema-direita, mas os políticos sensatos. Os extremistas são aqueles que governaram a Europa nestes últimos 20 anos. ”Salvini está confiante que a sua nova aliança conseguirá um número recorde de assentos na eleição que se disputa entre 23 e 26 de Maio, o que lhe dará a possibilidade de ter uma palavra a dizer na forma como a Europa é orientada nos próximos cinco anos. No entanto, o comício frente à catedral gótica de Milão acabou ensombrado pelo escândalo envolvendo um dos mais proeminentes aliados de Salvini, o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), cujo líder se demitiu de vice-chanceler depois de ser apanhado em vídeo a oferecer contractos públicos em troca de apoio político. Se o FPÖ se viu obrigado a estar ausente, partidos de 11 países estiveram presentes, incluindo a União Nacional (UN) francesa, o Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido da Liberdade (PVV) holandês. “Este é um momento histórico”, afirmou a líder da UN, Marine Le Pen, dizendo à multidão que a Europa tem de ser protegida da imigração descontrolada que, desde 2014, trouxe milhões de refugiados e de requerentes de asilo para o continente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Dizemos não a esta imigração que submergiu as nossas nações, colocando em risco as nossas populações”, acrescentou, usando um tema que ajudou a fomentar o apoio dos grupos nacionalistas. Sondagens recentes dão a indicação que a aliança de Salvini poderá acabar com a quarta maior bancada de deputados no Parlamento Europeu, mas Le Pen afirmou que outros partidos poderão vir a juntar-se, incluindo o Fidesz, do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, actualmente no grande grupo dos partidos da direita. Orbán deu o seu apoio público a Salvini e prometeu cooperação depois das eleições, mas recusou juntar-se numa aliança com Le Pen.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração homem
O país em que o populismo não dá votos
O problema não está nas atitudes. Está nas condições. Se estas mudarem, as atitudes lá estarão, prontas para serem exploradas pelos populismos. E, então, pode ser que dêem votos. (...)

O país em que o populismo não dá votos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O problema não está nas atitudes. Está nas condições. Se estas mudarem, as atitudes lá estarão, prontas para serem exploradas pelos populismos. E, então, pode ser que dêem votos.
TEXTO: O país em que o populismo não dá votos. Foi assim que António Guterres se referiu, com orgulho, a Portugal. E talvez tenha razão. Numa Europa em que os populismos estão em alta por todo o lado, no Leste e no Ocidente, na oposição e no governo, Portugal tem sido a excepção. Mas será sempre assim? Estará Portugal a salvo dos populismos?A verificar-se nas próximas europeias o que dizem todas as sondagens, continua a confirmar-se o excepcionalismo português. Os partidos do sistema continuam a ocupar todo o espaço político e os populistas dificilmente conseguirão eleger um deputado que seja. Nem Marinho Pinto nem André Ventura parecem chegar a Bruxelas. Porquê, então, este fracasso do populismo em Portugal?O populismo não é uma ideologia como as outras. Ao contrário do liberalismo, do fascismo ou do comunismo, não tem uma visão global do mundo, nem uma agenda política completa. É uma ideologia estreita, não é auto-suficiente e, por isso, surge associada a outras ideologias. Ao socialismo, à esquerda, e ao nacionalismo à direita. Mas seja uma coisa ou outra, explora, sempre, um conjunto de questões que as estruturas sociais e as conjunturas políticas oferecem e que constituem o núcleo duro das suas políticas: a desigualdade e a austeridade, à esquerda; a imigração e os refugiados, à direita; a corrupção e o eurocepticismo, à esquerda e à direita. Em qualquer dos casos, afirmam-se sempre pela negativa. São sempre contra qualquer coisa. São, essencialmente, “anti”: anti-austeridade, anti-imigração, anti-corrupção, anti-Europa. Se a estas questões juntarmos a do regionalismo, teremos o panorama completo das “causas” populistas. Mas para que as “causas” sejam credíveis é preciso que as condições objectivas as favoreçam. Ora, no caso português, não favorecem. Primeiro, o regionalismo. Com fronteiras definidas e estáveis há mais de 800 anos, uma relativa unidade étnica e linguística e a questão das autonomias regionais resolvida, Portugal não tem identidades subnacionais, que abram espaço ao populismo regionalista ou separatista, como no caso da Liga de Salvini em Itália. Segundo, a desigualdade. Apesar do coeficiente de Gini, o indicador que mede a desigualdade económica (Eurostat), ter vindo a descer desde 2005, Portugal está ainda entre os cinco países mais desiguais da UE. Esta é uma condição económica e social objectiva que abre campo ao populismo de esquerda. O Podemos em Espanha e o Syriza na Grécia são os melhores exemplos. Não foi o caso, em Portugal. E pela simples razão que os partidos que poderiam desempenhar tal papel são partidos do sistema e, hoje, associados à esfera do poder através da “geringonça”. Terceiro, a imigração. Neste ponto, Portugal está protegido pela geografia, longe dos fluxos massivos do Mediterrâneo ou dos Balcãs. O ratio entre a população total e o número de imigrantes é dos mais baixos da UE. Mas, mais do que isso, no índice das políticas de integração de imigrantes (MIPEX 2015), Portugal e a Suécia estão entre os países com melhor performance. E o facto de a comunidade islâmica, maioritariamente de países africanos de expressão portuguesa, não ser numerosa e estar integrada e nunca se terem verificado atentados terroristas, reduz a margem de manobra ao discurso de extrema-direita, anti-imigrante e anti-islâmico, como na Itália de Salvini ou na França de Le Pen. Quarto, a corrupção. Embora no índice de percepção da corrupção (Transparência Internacional 2018) Portugal esteja a meio da tabela e tenha a melhor performance da Europa do Sul, este é um tema que, depois dos casos envolvendo banqueiros e políticos, está muito presente na opinião pública e é potenciado por certa imprensa, ela própria com uma agenda populista. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quinto, a Europa. Desde a integração europeia, o apoio da opinião publica portuguesa à UE é, tradicionalmente, alto. Mas o Eurobarómetro mostra flutuações com os benefícios e os sacrifícios. Abaixo da média europeia durante a austeridade para voltar a cima desde 2016. Finalmente, o sistema político. Uma crise de representação quiçá menos grave que em outros países, a fuga para a abstenção e um sistema de partidos estável não abrem grande espaço a novos partidos. Quer isto dizer que os portugueses não são racistas, que toleram melhor a desigualdade e a corrupção? Que apoiam incondicionalmente a Europa e votam sempre nos partidos do sistema? Não. O problema não está nas atitudes. Está nas condições. Se estas mudarem, as atitudes lá estarão, prontas para serem exploradas pelos populismos. E, então, pode ser que dêem votos.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Mais de 200 pessoas desaparecidas no Mediterrâneo
Entre 200 e 270 pessoas estão desaparecidas depois do barco em que viajavam para a Europa se ter avariado, diz a agência de notícias estatal tunisina. (...)

Mais de 200 pessoas desaparecidas no Mediterrâneo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.15
DATA: 2011-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre 200 e 270 pessoas estão desaparecidas depois do barco em que viajavam para a Europa se ter avariado, diz a agência de notícias estatal tunisina.
TEXTO: A guarda costeira da Tunísia resgatou 570 refugiados da mesma embarcação, mas acredita que os que estão desaparecidos se afogaram no pânico para deixar o barco. As operações de resgate foram dificultadas pelo mau tempo, adianta ainda a agência TAP. Os ocupantes do barco, que se avariou na terça-feira a 20 quilómetros da ilha tunisina de Kerkennah, tinham fugido da violência na Líbia. Milhares de pessoas têm fugido nos últimos meses dos países do Norte de África afectados pela vaga de contestação que começou em Janeiro, precisamente na Tunísia. Para além de tunisinos, muitos imigrantes de vários países africanos que trabalhavam na Líbia puseram-se em fuga em direcção à costa italiana desde que a guerra civil começou no país, em Fevereiro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra violência pânico
Sócrates: “Esta é uma cimeira entre iguais”
Na abertura oficial da cimeira UE-África, no Pavilhão Atlântico em Lisboa, o primeiro-ministro português, José Sócrates, sublinhou que esta é uma reunião “entre iguais” e disse que este deve ser um encontro “com ambição” para conseguir uma estratégia conjunta entre os continentes europeu e africano. Referindo-se a Portugal como “a ponte perfeita entre a Europa e África”, Sócrates salientou que esta é uma cimeira “entre iguais, entre Estados igualmente soberanos, na comum dignidade humana (. . . ), onde não há culturas menores nem países superiores (. . . ), iguais na responsabilidade política perante os povos e a... (etc.)

Sócrates: “Esta é uma cimeira entre iguais”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2007-12-08 | Jornal Público
TEXTO: Na abertura oficial da cimeira UE-África, no Pavilhão Atlântico em Lisboa, o primeiro-ministro português, José Sócrates, sublinhou que esta é uma reunião “entre iguais” e disse que este deve ser um encontro “com ambição” para conseguir uma estratégia conjunta entre os continentes europeu e africano. Referindo-se a Portugal como “a ponte perfeita entre a Europa e África”, Sócrates salientou que esta é uma cimeira “entre iguais, entre Estados igualmente soberanos, na comum dignidade humana (. . . ), onde não há culturas menores nem países superiores (. . . ), iguais na responsabilidade política perante os povos e a história”. A primeira cimeira UE-África realizou-se há sete anos, no Cairo. “Estes sete anos causaram um impasse que tem prejudicado a cooperação entre os dois continentes”. Sócrates apelou aos esforços de todos para conseguir “uma estratégia conjunta” e garantir a sua implementação. Para isso, disse, “criaremos um novo mecanismo de acompanhamento”. O primeiro-ministro salientou a necessidade e importância do plano de acção ”com medidas novas e concretas” que será apresentado em Lisboa, e que resultará de um “diálogo político assumido com maturidade e abertura. Sem tabus nem temas proibidos”. Sócrates lembrou ainda os temas escolhidos para esta cimeira: paz e segurança – nomeadamente a questão dos refugiados e a tragédia de Darfur e Somália -; governação e direitos humanos; questões do desenvolvimento – nomeadamente o cumprimento dos objectivos do Milénio; combate às alterações climáticas e o desafio ambiental e as migrações. Este tema foi “onde mais se sentiu ausência de diálogo e cooperação nos últimos anos”, considerou Sócrates. “Não podemos ficar indiferentes ao drama de uma imigração desesperada”. “Esta cimeira foi adiada tempo demais (. . . ). Com os novos instrumentos políticos que esta cimeira inaugura, com o diálogo político que aqui reatamos poderemos alcançar melhores resultados na agenda comum”. A sessão de abertura segue-se com as intervenções de mais seis líderes europeus e africanos.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Europa e África à procura de soluções para travar violência sectária na República Centro-Africana
Não houve declarações oficiais sobre passos concretos. Na cimeira UE-África a posição africana é de que mais do que ajuda é preciso investimento. Hollande e Merkel propõem “aliança” entre continentes. (...)

Europa e África à procura de soluções para travar violência sectária na República Centro-Africana
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195450/http://www.publico.pt/1630740
SUMÁRIO: Não houve declarações oficiais sobre passos concretos. Na cimeira UE-África a posição africana é de que mais do que ajuda é preciso investimento. Hollande e Merkel propõem “aliança” entre continentes.
TEXTO: Líderes europeus e africanos discutiram, esta quarta-feira, formas de impedir o agravamento da situação na República Centro-Africana, onde a violência sectária já provocou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados. Mas nada de concreto foi dito após a reunião. O presidente do Conselho da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, afirmou, no início de uma minicimeira, que a “aceleração da dinâmica de violência” entre cristãos e muçulmanos na República Centro-Africana é uma “grande preocupação”. E que “o ciclo de actos de represália” é também potencialmente desestabilizador para os países vizinhos, que “chegaram aos seus limites” de acolhimento de refugiados. No final da reunião – em que participaram a Presidente interina da República Centro-Africana, Catherine Samba-Panza, e dirigentes europeus e africanos, e que antecedeu a 4. ª cimeira União Europeia-África – não houve declarações oficiais. Às perseguições de cristãos por combatentes, maioritariamente muçulmanos, da coligação Séléka, que esteve no poder em Bangui entre Março de 2013 e Janeiro de 2014, sucederam-se, nos últimos meses, ataques das milícias anti-balaka, formadas por cristãos, a civis muçulmanos. Nem a presença de forças internacionais tem conseguido pôr cobro à violência. Organizações como a Amnistia Internacional denunciaram que está em curso uma “limpeza étnica”. Um dos mais recentes episódios de violência envolveu, no sábado, soldados chadianos que participavam no repatriamento de cidadãos do seu país e dispararam sobre uma multidão, provocando 24 mortos. Quer a força africana quer o primeiro-ministro, André Nzapayaké, declararam que os militares responderam a um ataque mas essas afirmações não afastaram a controvérsia e foi aberto um inquérito. Na terça-feira, o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados informou que estava a tentar retirar 19 mil muçulmanos de áreas próximas de Bangui. Cerca de 16 mil deixaram as suas casas na capital, nos últimos dez dias, devido à violência, acrescentou. “São precisos mais esforços e contribuições”, disse, no início da minicimeira desta quarta-feira Rompuy. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que também participou no encontro, declarou que vai pressionar todos os países num esforço para conseguir “as tropas suplementares necessárias, e os fundos”. A cimeira acontece um dia depois de a União Europeia ter formalmente anunciado uma missão militar composta por uma força que pode chegar aos mil homens e à qual – disse fonte diplomática à AFP – será confiada a segurança do aeroporto e de alguns bairros de Bangui. Decidida em Dezembro de 2013, a operação devia ter começado em Março mas atrasou-se devido à dificuldade de mobilizar efectivos e meios logísticos. Até que chegue ao terreno passarão semanas. O reforço da presença europeia era reclamada pela França, que em Dezembro enviou 2000 homens para a República Centro-Africana, onde já estavam cerca de 6000 militares da Misca, uma força internacional africana. As Nações Unidas recomendaram no início de Março o envio, até meados de Setembro, de cerca de 11. 800 soldados e polícias cuja principal missão seria a protecção de civis. Proposta de “aliança”A 4. ª cimeira EU-África, que conta com a presença de oito dezenas de dirigentes de países europeus e africanos, e termina esta quinta-feira, está centrada na segurança, desenvolvimento económico e imigração. Em discussão estão formas de relançar parcerias entre os dois continentes, num contexto em que a China tem disputado influência à Europa. Para os africanos é importante que a cimeira passe a mensagem de que o continente “precisa mais de cooperação económica e de investimentos do que de ajuda”, disse à AFP o presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé. Do lado europeu, a novidade desta quarta-feira foi a proposta da França e da Alemanha de uma “aliança” entre os dois continentes em torno de três desafios – segurança, desenvolvimento e meio ambiente. “A segurança, e portanto a paz, mas também o desenvolvimento, portanto o crescimento, e o ambiente, portanto as mudanças climáticas”, disse o Presidente francês, François Hollande, com a chanceler alemã, Angela Merkel, ao lado. Nas discussões entre europeus e africanos não participam o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, que boicotou as reuniões por a UE ter recusado o levantamento temporário de visto à sua mulher, Grace, e do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, que com ele se solidarizou.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Líder trabalhista critica "isolacionismo tacanho" de David Cameron
Miliband queria introduzir um novo tema no debate eleitoral, mas as suas palavras sobre as mortes no Mediterrâneo criaram uma polémica que suplantou o resto da mensagem. (...)

Líder trabalhista critica "isolacionismo tacanho" de David Cameron
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Miliband queria introduzir um novo tema no debate eleitoral, mas as suas palavras sobre as mortes no Mediterrâneo criaram uma polémica que suplantou o resto da mensagem.
TEXTO: O líder trabalhista britânico, Ed Miliband, levou para a campanha eleitoral a política externa e abriu uma polémica com a oposição por causa das mortes no Mediterrâneo. Miliband, que defendeu a intervenção militar na Líbia em 2011, denunciou os líderes europeus, entre eles David Cameron — cujo cargo disputa nas legislativas de 7 de Maio —, por não terem feito um plano para a Líbia do pós-guerra, ou seja, depois da queda de Muammar Khadafi, acelerada com a intervenção militar do Ocidente. Ao não o fazer, potenciaram a diluição da estrutura do Estado, criaram instabilidade e alimentaram a vaga de migrações em direcção à Europa através do Mediterrâneo. A polémica criada pelas suas palavras foi tão grande — foi acusado de estar a dizer que Cameron ajudara a matar os imigrantes e refugiados — que o próprio primeiro-ministro interveio, para dizer que não era isso que o adversário queria dizer. Ainda assim, uma série de líderes conservadores, e muitos liberais-democratas (parceiros na coligação no poder), acusaram Miliband de querer "tirar dividendos políticos" de "uma tragédia humana", e disseram que isso era "de muito mau gosto". Na sessão em que apresentou a sua visão sobre política externa, no think tank Chatham House, Miliband foi confrontado com a polémica quando foi aberto o período das perguntas. — "Na questão sobre a crise dos imigrantes, queria dizer que Cameron tem sangue nas mãos?", perguntou-lhe um jornalista. — "Penso que qualquer pessoa que leia o meu discurso percebe que é bastante lato nessa matéria. Estou a frisar um ponto que considero importante e em que acredito e que é o planeamento do pós-conflito na Líbia", respondeu Miliband. — "Politizou uma tragédia?"— "Que absurdo. Não. "Mas o tema ofuscou a mensagem maior que Miliband queria passar a jornalistas e investigadores: o que diz ser o desaparecimento do Reino Unido da arena pública internacional. "David Cameron protagonizou a maior perda de influência do nosso país numa geração", disse o trabalhista, que mencionou exemplos: o primeiro-ministro britânico deixou para o eixo-franco alemão as discussões de alto nível com Moscovo sobre a Ucrânia, e coloca a possibilidade de abandonar a União Europeia realizando um referendo em 2017 para apaziguar o sector eurocéptico do seu partido e para tentar ir buscar votos que já dava por perdidos para o partido nacionalista e xenófobo UKIP. "É altura de abandonar o isolacionismo tacanho que na minha opinião caracteriza este Governo e que diminui a nossa influência [no mundo] e fragilizou o Reino Unido", disse Miliband. O candidato trabalhista a primeiro-ministro, que é filho de um intelectual marxista belga de ascendência polaca, falou de muitos temas — da Rússia à Palestina. Mas não foi preciso quanto à solução dos problemas, disseram os analistas. Por exemplo, o problema da Síria — Miliband fez chumbar no Parlamento a proposta americana para uma intervenção militar contra Bashar al-Assad —, do Iraque, da própria Líbia ou da Palestina. E sobre a "relação especial" de Londres e Washington só disse que se manteria. Mas, se for eleito, vai repensar a participação britânica em operações militares no estrangeiro. "Estas devem ser feitas com uma estratégia definida e tem de haver sempre uma estratégia definida para o pós-conflito. " "Estas são lições básicas aprendidas com o nosso passado recente e não devemos esquecê-las", disse Miliband, que se define como judeu ateu. A eleição de dia 7 de Maio está empatada, segundo as sondagens. Uma delas, divulgada nesta sexta-feira pelo instituto Populus, dá pela primeira vez uma vantagem de 3% aos trabalhistas sobre os conservadores — 35% contra 32%. O UKIP (Partido para a Independência do Reino Unido), desce um ponto e está com 14% das intenções de voto, os liberais-democratas mantêm os 8% que já tinham. Esta será a mais disputada eleição em muitas décadas, não se sabendo quem poderá ser o próximo primeiro-ministro, se David Cameron ou Ed Miliband — depende de quem conseguir formar uma coligação maioritária ou de quem negociar alianças que sustentem um governo minoritário.
REFERÊNCIAS:
Étnia Judeu
Esta União Europeia que nos envergonha
Onde estão os políticos europeus que defendem algo de que nos possamos orgulhar? (...)

Esta União Europeia que nos envergonha
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Onde estão os políticos europeus que defendem algo de que nos possamos orgulhar?
TEXTO: “Demasiado pouco, demasiado tarde. ” É cada vez mais frequente termos de dizer isto da acção de um Estado, da acção dos governantes. Pelo menos sempre que se trata de promover a paz e o desenvolvimento; de promover a cooperação internacional; de combater a fome, a pobreza e a desigualdade; de investir na educação, na cultura e na ciência; de proteger o ambiente; de garantir a defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos. E é cada vez mais frequente, tristemente frequente, sermos obrigados a dizer isto da acção da União Europeia, dessa União Europeia que nos seduziu com sonhos de solidariedade e que gosta de se proclamar campeã dos direitos humanos mas que nos envergonha todos os dias com a sua demissão dos mais elementares deveres perante os mais fracos, com a sua cupidez em favor dos mais ricos, com a sua pusilanimidade perante os mais fortes. A reunião de quinta-feira passada do Conselho Europeu, onde em teoria os 28 Estados-membros da União Europeia tomaram medidas para evitar a catástrofe humanitária dos refugiados que atravessam o Mediterrâneo para tentar chegar à Europa, é apenas mais um de uma longa lista de lamentáveis exemplos de demissão. “Demasiado pouco, demasiado tarde. ” Às vezes quase nada, tarde demais. Quase sempre medidas para dar títulos de jornal apaziguadores, mas que não atacam as raízes dos problemas e apenas permitem descansar as consciências dos menos exigentes. Onde estão os políticos europeus que defendem algo de que nos possamos orgulhar? Desapareceram. Mesmo quando parecem existir num dado momento, desintegram-se ao chegar ao primeiro Conselho Europeu. A União Europeia dissolve toda a ideia política e apenas deixa negócios com um cheiro de enxofre no ar. Onde estão os políticos europeus que defendem essa ideia de uma Europa da solidariedade, dos direitos e do progresso e que têm a coragem de a traduzir em medidas políticas? Que agem por imperativo de consciência, que agem mesmo quando não é possível contentar todos, que não esperam pelos media para saber o que devem pensar, que têm convicções que não os envergonham, que não têm medo de desagradar a essa extrema-direita para onde estão a ir tantos votos? Estarão todos mortos? Estarão todos nos partidos emergentes que ainda não chegaram ao poder? Ou estará a vontade política a concentrar-se apenas nos partidos xenófobos da extrema-direita? Será o condomínio fechado com os pobres a tentar escalar o muro o único sonho possível nesta Europa de banqueiros-piratas e de políticos-mordomos?As medidas tomadas no último Conselho Europeu não são apenas poucas e tardias. São uma vergonha e são ineficazes. União Europeia triplica orçamento da missão de vigilância do Mediterrâneo, titulava este jornal. Parece bom. Só que as notícias explicam que a “triplicação” da UE fica aquém do orçamento que, no ano passado, a Itália sozinha atribuía às operações de salvamento de refugiados no Mediterrâneo, com a operação Mare Nostrum, terminada em Outubro de 2014 porque a UE não a quis apoiar. A UE quer reduzir a má imprensa mas sem mexer uma palha, gastando pouco e fazendo menos. O objectivo da maior parte dos países europeus, como o Governo de David Cameron dizia sem vergonha até há pouco, é que continuem a morrer imigrantes em massa no Mediterrâneo, para que a Europa não se torne mais atraente para os que ficam. O abjecto fraseado britânico afirma que o alargamento das operações de salvamento no Mediterrâneo constitui um “pull factor” que encoraja a imigração clandestina para a UE. “Pull factor”. Não se devem salvar pessoas porque isso constitui um “pull factor”. Nem vale a pena argumentar que quando se suspendeu o Mare Nostrum a imigração aumentou. Não vale a pena tentar explicar que aquelas crianças que morrem afogadas no Mediterrâneo são de carne e osso como os filhos do senhor Cameron, que a morte de cada um deles é tão trágica como foi a morte do primogénito do senhor Cameron, que cada um deles vale o mesmo que cada um dos nossos filhos. Seria melhor matá-los à vista para os desanimar de virem? A Europa deve condenar à morte as famílias cujos pais querem proporcionar uma vida decente aos seus filhos?
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Portugal contribui com 100 mil euros para o ACNUR
Chefe da diplomacia portuguesa afirma que política europeia sobre migrações está mais equilibrada. (...)

Portugal contribui com 100 mil euros para o ACNUR
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chefe da diplomacia portuguesa afirma que política europeia sobre migrações está mais equilibrada.
TEXTO: O Governo português vai atribuir uma verba de 100 mil euros ao ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados] relacionada com os esforços deste organismo da ONU no apoio às vagas migratórias provenientes do Mediterrâneo, anunciou esta terça-feira Rui Machete numa audição parlamentar. A concessão desta quantia deve no entanto ser acompanhada por políticas que promovam o desenvolvimento dos países do sul do Mediterrâneo e a aplicação de uma “política activa”, incluindo a destruição dos meios ilegais utlizados para o transporte dos imigrantes, precisou o chefe da diplomacia portuguesa. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros compareceu esta tarde no parlamento para a audição regimental da Comissão de Assuntos Europeus. Numa referência ao Conselho europeu extraordinário da passada quinta-feira, que abordou a crise no Mediterrâneo na sequência do naufrágio de 19 de Abril que vitimou cerca de 800 pessoas, foi sublinhada outra resolução sobre a possibilidade de uma iniciativa militar. “O Serviço Europeu de Acção Externa irá estudar a possibilidade de uma operação, no quadro da Política Comum de Segurança e Defesa, cujo mandato permita a identificação, a captura e a destruição das embarcações utilizadas por estas redes criminosas”, recordou o ministro na sua intervenção inicial, que não deixou de recordar a “participação cativa” de Portugal nas várias operações do “Frontex” no Mediterrâneo. Já no período de respostas, e após intervenções muito críticas de alguns deputados sobre as políticas migratórias da União, Rui Machete sublinhou que a política europeia de vizinhança está “mais equilibrada em termos de divisão de recursos”, actualmente mais canalizados para o sul, e menos para o leste. As redes energéticas e as relações de vizinhança com a Rússia e Ucrânia foram outros temas abordados na audição, para além dos desafios colocados pelo terrorismo. Assim, Rui Machete recordou a atenção especial concedida à vizinhança sul, mas ainda à próxima cimeira da parceria oriental que vai decorrer em Riga em finais de Maio. Para os próximos anos, o MENE definiu como principal objectivo “acompanhar a implementação efectiva dos Acordos de associação e apoiar esses parceiros”, sublinhando a sua concretização com a Ucrânia e Moldávia, e a conclusão para breve do processo de ratificação do Acordo com a Geórgia. Sobre as relações com a Rússia e o seu envolvimento crise ucraniana, sublinhou que as “sanções económicas são um instrumento para atingir um objectivo”, mas sem prejudicar os “esforços diplomáticos que visam encontrar uma solução política para a crise”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Europa criticada por medidas insuficientes para migrantes no Mediterrâneo
Várias organizações gostavam que a União Europeia tivesse ido mais longe para evitar mortes nas travessias no mar. (...)

Europa criticada por medidas insuficientes para migrantes no Mediterrâneo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Várias organizações gostavam que a União Europeia tivesse ido mais longe para evitar mortes nas travessias no mar.
TEXTO: Organizações de defesa de direitos humanos criticaram as propostas dos líderes europeus para combater a morte de migrantes no mar Mediterrâneo, dizendo que ficam aquém do que é preciso: uma acção mais forte, limites de intervenção mais alargados, uma quota maior de lugares de recolocação para refugiados, mais canais para imigração legal e mais aceitação de pedidos de asilo. Depois de se reunirem de emergência após os dias trágicos no Mediterrâneo, com vários naufrágios e um início de ano em que morreram já mais de 1700 pessoas, 30 vezes mais do que no mesmo período do ano passado, os líderes europeus prometeram na quinta-feira à noite fortalecer a operação Tritão, da agência de fronteiras europeia Frontex. A Frontex antecipa que possam chegar à Europa, via Mediterrâneo, entre meio milhão e um milhão de pessoas nos barcos. Se nada fosse feito, as ONG previam um número de mortes no mar entre 10 mil e 30 mil. Os líderes europeus decidiram “mobilizar todos os esforços à sua disposição para a prevenção e para evitar mais perdas de vida no mar e atacar as causas de raiz desta emergência humana”, disseram os líderes em comunicado. As principais medidas foram o triplicar do orçamento da operação Tritão, mas nada foi dito quanto ao seu raio de acção ou mandato. Os responsáveis europeus querem ainda atacar os traficantes de pessoas e impedir a saída dos barcos dos países de origem, uma medida de aplicação problemática, e pôr em marcha um repatriamento mais rápido dos que não conseguem asilo. Citada pela AFP, a organização Cáritas é que tem as palavras mais duras na reacção às medidas anunciadas. “Foram uma declaração de guerra inaceitável aos migrantes e refugiados. Esta abordagem repressiva poderá levar pessoas desesperadas a correr ainda mais riscos”, diz a organização. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e a Organização Internacional de Migrações (OIM) reagem com um apelo: que as operações de salvamento sejam lideradas pelos Estados-membros e que tenham um mandato claro para salvar vidas. Estas organizações pedem ainda mais canais para a imigração legal para os países da UE e um compromisso destes Estados para receber mais refugiados nos chamados lugares de reinstalação (que permite a recolocação em países europeus de pessoas que estão em campos de refugiados noutros países e que são referenciadas pelo ACNUR), numa escala que “tenha impacto real”. Até agora, em relação à Síria — que no ano passado ultrapassou o Afeganistão como principal país de origem de refugiados no mundo, com quase quatro milhões —, foram oferecidos cerca de 60 mil destes lugares aos refugiados sírios, ou seja, apenas 1, 7% da população total de refugiados sírios nos países vizinhos. Destes, a esmagadora maioria foi oferecida pela Alemanha e pela Suécia. A Amnistia Internacional diz que os líderes europeus levaram a cabo uma “operação para salvar a face e não para salvar vidas” na reunião extraordinária de Bruxelas. Embora considere que “todas as palavras e meios lançados para a resolução deste problema sugerem que os líderes da União Europeia estão a levar a sério a necessidade de salvar as vidas no mar", o director da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, é de opinião de que os responsáveis “ainda estão a encarar o problema apenas até meio”. Os meios que os líderes prometeram são desadequados, defende: “Se a Tritão não pode ser mudada, então a Tritão não é a solução, sejam quais forem os recursos de que dotarem a operação”, concluiu. “Não é suficiente aumentar o número de navios no mar se estes mantêm o foco na protecção de fronteiras e não nas pessoas no mar que estão a morrer ao tentar chegar cá”, reagiu pelo seu lado o director executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU UE