"Os problemas de segurança do século XXI estão a nascer na Síria"
O mundo está sem polícias e isso não é bom, defende um dos dissidentes sírios que melhor conhece os palcos do poder em Washington. E diz que os EUA e a Europa podiam ter evitado esta espiral de loucura. Os Estados Unidos e a Europa podiam ter evitado a espiral de loucura na Síria, logo em 2011, defende Ammar Abdulhamid, dissidente e activista dos direitos humanos a viver em Washington desde 2005. Para este sírio, o primeiro a testemunhar sobre os crimes do regime que Bashar al-Assad herdou do pai, Hafez, no Congresso norte-americano, não fazer nada não é uma opção para os líderes mundiais. Ser é, mas os demónios ... (etc.)

"Os problemas de segurança do século XXI estão a nascer na Síria"
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-04 | Jornal Público
TEXTO: O mundo está sem polícias e isso não é bom, defende um dos dissidentes sírios que melhor conhece os palcos do poder em Washington. E diz que os EUA e a Europa podiam ter evitado esta espiral de loucura. Os Estados Unidos e a Europa podiam ter evitado a espiral de loucura na Síria, logo em 2011, defende Ammar Abdulhamid, dissidente e activista dos direitos humanos a viver em Washington desde 2005. Para este sírio, o primeiro a testemunhar sobre os crimes do regime que Bashar al-Assad herdou do pai, Hafez, no Congresso norte-americano, não fazer nada não é uma opção para os líderes mundiais. Ser é, mas os demónios sírios vão transbordar da Síria e do Médio Oriente. Primeiro, vão chegar à Europa. "A Europa não se vai poder proteger das consequências. Vamos esquecer os refugiados e os jihadistas, alguns deles europeus, estão na Síria e vão voltar para a Europa. Podemos esquecer-nos disto tudo e pensarmos apenas em sinais recentes: há indicações fortes de que membros de grupos de extrema-direita, gregos e não só, estão neste momento na Síria, a lutar ao lado de Assad, e esta gente vai regressar com uma agenda", diz Ammar, a meio de uma conversa de mais de duas horas num fim de tarde de Outubro em Gaziantep. Esta cidade do Sul da Turquia é uma das muitas cidades turcas que se estão a tornar numa espécie de Síria futura ou sonhada: vêm activistas que vivem noutros países treinar gente que vive na Síria, como Ammar, formam-se centros de estudos entre académicos sírios e de outros países da região, nascem organizações não governamentais entre refugiados de agora e refugiados de há décadas. Antakya, na província a ocidente, está mais perto de uma espécie de central de primeiros-socorros, Reyhanli, junto à fronteira, ali nascem centros médicos, escolas, hospitais. Gazientep é mais uma capital sem governo. Foi aqui que Ammar decidiu dar o seu contributo - para além da intervenção política que mantém nos Estados Unidos, onde sente que é cada vez menos ouvido, para além da crónica da revolução e da desgraça síria que vai fazendo nas redes sociais e em blogues, para além dos projectos de futuro. Agora, aqui, Ammar treina activistas sírios que regressam à Síria determinados a não deixar que o seu país seja só o inferno que outros parecem querer fazer dele. A revolução síria começou, pacífica e esperançada, em Março de 2011. Aconteceram tantas desgraças desde então. Agora, jihadistas do mundo inteiro combatem a oposição a Bashar al-Assad no Norte, ao mesmo tempo que regiões inteiras junto a áreas controladas pelo regime estão cercadas e a ficar sem comida, com o Inverno a avançar, já para não falar dos médicos que fugiram e da ajuda que não chega, dos milhões de refugiados, dos mais de 100 mil mortos, mais de mil dos quais num ataque com gás sarin a 21 de Agosto, nos arredores de Damasco. Os ataques de Agosto levaram Barack Obama a ameaçar com uma acção militar para travar Assad e deram depois origem a um processo de desarmamento - está em curso e tem como objectivo a destruição do arsenal químico da Síria. Em simultâneo, norte-americanos e russos tentam reactivar algum tipo de processo de paz entre o regime e a oposição. Um encontro, conhecido como Genebra II, deverá acontecer antes do fim do ano, patrocinado pela ONU. "A Al-Qaeda já desenhou as fronteiras do seu estado, estão a usar todo este tempo antes de Genebra II para aumentar o cerco, já têm a cidade de Raqqa, estão quase a ter Deir Ezzor", descreve Ammar. Raqqa e Deir Ezzor são cidades do Norte da Síria. "Há muitos islamistas diferentes, alguns são moderados, mas todos querem um estado islâmico. A última tendência é estes islamistas moderados aproximarem-se do regime para combater a Al-Qaeda e isso é mais uma forma de queimar os opositores seculares, no fim seremos os traidores", diz. "Caminhamos para uma fase onde as opções disponíveis serão apoiar Assad ou não, e eu não vou apoiar Assad", lamenta o dissidente, 47 anos, os últimos no exilio norte-americano, para o ano já deve ser cidadão dos EUA, ele, a mulher e os dois filhos. "Eu vou ficar à espera, a fazer o que posso, para salvar o que puder ser salvo no fim. "Os refugiadosAmmar não percebe como é a Europa está convencida de que pode sair disto sem ser atingida pelos estilhaços. "Há uma grande crise de liderança, isso ajuda a perceber como chegámos aqui", diz. "A Europa devia pensar nas implicações de segurança", defende Ammar. Genebra II podia fazer sentido, diz o activista: "Precisamos de um processo de negociações, mas um que realmente imponha regras, sem o fazer dá-se poder a Assad e aos outros loucos para aumentarem a parada. Se não conseguimos gerir a insurreição síria, tudo bem, daqui a umas semanas, podemos ter insurreições noutros países, noutras partes do mundo. Não façamos nada". Não fazer nada é sempre uma opção, mas o que Ammar, formado em História e em Astronomia nos EUA, avisa é que isso vai ser "esmagador". "Os refugiados virão em massa, os europeus estão na linha da frente. Veja-se como foi difícil integrar alguns muçulmanos, houve erros dos dois lados, dos europeus, dos imigrantes, com os extremistas e a importância que lhes é dada a não ajudar, mas ainda estamos a resolver isso. O que aí vem vai criar muitas crises na Europa e isso acabará por ter implicações internas. Com violência à porta, por todos os lados, os problemas não terão sequer de vir de jihadistas internacionais", defende. "Há a possibilidade que grupos de extrema-esquerda e de extrema-direita europeus se unam liderados por populistas e façam muitos estragos. Se calhar agora ninguém vai acreditar nisto, daqui a uns dois anos pode ser senso comum. Tanta coisa que dizíamos sobre a Síria era bizarra e agora é óbvia. "Os refugiados estão a chegar, isso é verdade. "Quando as pessoas começam a notar alguma coisa isso quer dizer que já é um grande fenómeno, difícil de enfrentar, de gerir", afirma Ammar. "Os problemas de segurança do século XXI estão a nascer neste momento, na Síria. "O pior dos presidentesAmmar é demolidor quando se trata de descrever o desempenho do Presidente Obama. "O Presidente Obama é um dos piores presidentes que já vi em termos de política externa e eu sei que isto soa estranhado, estou a compará-lo com a Administração Bush, mas é mesmo assim. Às vezes não é preciso fazer grande coisa para provocar um desastre global. A inacção é muitas vezes tão desastrosa como a acção", afirma o sírio que se já pudesse votar nos EUA teria dado o seu voto a Obama, "não uma mas duas vezes". "Os EUA estão fartos de serem o polícia global, o que eu entendo e aceito. O problema é que eles querem abdicar desse papel sem que tenha surgido um substituto, eles iniciaram esta atitude a que eu chamo de "shirk"n shift", evitar a responsabilidade e desviar-se da culpa, é a política externa de Obama. Não é a nossa responsabilidade e a culpa é da comunidade global, foi o que Obama disse na ONU sobre a Síria", descreve Ammar. "Tudo bem, mas isso deixa um enorme buraco aberto na segurança internacional e quem vai ocupar esse vazio é o Irão, são os russos, é o Hezbollah [libanês], é a Al-Qaeda, e mais tarde vai ser a China. São estas as pessoas a que queremos dar poder?"Ammar olha para a Síria e o que vê é que "a coligação internacional que apoia Assad não pára de aumentar". "São os iranianos, os russos, é a esquerda internacional que se opõe a uma intervenção ocidental, e agora é a extrema-direita internacional, também. É perturbador, a identidade global está absolutamente em crise. Depois da Primeira Guerra tivemos a Sociedade das Nações, depois da Segunda, as Nações Unidas, a Guerra Fria foi tão importante como as duas grandes guerras mas não vimos nenhuma instituição global a surgir depois de ter terminado para se ocupar da gestão de conflitos. Vimos o G20, que é uma boa ideia mas não chega. "Do lado de lá do Atlântico, a Casa Branca parece confortável com esta nova forma de agir. "Eles estão a festejar, pensam que venceram, que obrigaram Assad a recuar e agora o Presidente Rohani [do Irão] quer aproximar-se, e eles estão aparentemente muito contentes. "Às vezes, Ammar diz duvidar se a Administração Obama acredita que está tudo a correr bem ou quer apenas convencer disso o resto do mundo. "Não sei se acreditam nisto ou se querem que nós acreditemos, mas desconfio que acreditem. O Presidente Obama afastou as vozes dissidentes. Esse é o pior cenário. "O mundo sem xerifeHá dois anos muita coisa poderia ter sido feita na Síria, defende Ammar. "Aquilo que Obama disse que queria fazer em Setembro, enviar um "choque", um "ataque ao coração do regime", se ele tivesse feito isso em 2011, quando a cidade de Homs estava cercada, bastava. Isso seria bater na mesa o suficiente, obrigar Assad a negociar, travar a loucura. Não entendo o que é que passou pela cabeça dos líderes mundiais para acharem que isso não seria possível. "Ammar diz que não entende, mas na verdade entende ou, pelo menos, tem a sua teoria, "Obama não quis envolver-se na Síria em ano de eleições. As eleições passaram e ele ainda poderia ter feito isso, já não com tanta eficácia, já não para salvar tantas vidas. Só que o "Sr. Internacional" não é internacional. Acredita que pode só se envolver quando a segurança da América for directamente posta em causa. É um discurso que já ouvi, é o discurso de Israel e funciona para Israel, uma nação fortaleza, rodeada de inimigos, tão forte na sua região que não precisa de se envolver a não ser quando está em risco, isso chega. Não funciona para os EUA, no momento em que os EUA se afastam dão poder a radicais e esses radicais são todos antiamericanos. "Agora, Ammar teme o pior, para a Síria, para a Europa, para o EUA e para toda a gente. "Vêm aí mais conflitos, há mais países que vão rebentar, o Sudão, por exemplo. Esta reacção, dizer "não é o nosso problema", não resolve nada. Há limpezas étnicas a acontecerem noutras partes do mundo e a mensagem é "o xerife não está em casa", na verdade não há xerife. O Presidente Obama diz que quer que a ONU seja o xerife mas não fez nada para reformar a ONU, não teve uma ideia", acusa o activista. "Isto não é a América a aprender uma lição e a querer ser mais moderada", diz o sírio. "É a América a deixar um enorme vazio que a ONU não pode preencher, quem o vai fazer é gente perigosa, e isso é assustador para a segurança internacional. "
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
Os cristãos na terra de Jesus
Cerca de meio milhão de cristãos habitam a Terra Santa, o que equivale a 2% da população desta região, segundo estatísticas jordanas, palestinianas e israelitas. Na Jordânia vivem cerca de 200. 000 cristãos, repartidos em números iguais entre católicos e ortodoxos, aos quais se junta uma população cristã flutuante de refugiados da Síria e imigrantes clandestinos. No reino hachemita também estão instaladas pequenas comunidades cristãs de maronitas, católicos arménios, católicos siríacos e vários milhares de caldeus originários do Iraque. Na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém, contam-se 50 mil cristãos, herdeiros ... (etc.)

Os cristãos na terra de Jesus
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140524170212/http://www.publico.pt/1637223
TEXTO: Cerca de meio milhão de cristãos habitam a Terra Santa, o que equivale a 2% da população desta região, segundo estatísticas jordanas, palestinianas e israelitas. Na Jordânia vivem cerca de 200. 000 cristãos, repartidos em números iguais entre católicos e ortodoxos, aos quais se junta uma população cristã flutuante de refugiados da Síria e imigrantes clandestinos. No reino hachemita também estão instaladas pequenas comunidades cristãs de maronitas, católicos arménios, católicos siríacos e vários milhares de caldeus originários do Iraque. Na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém, contam-se 50 mil cristãos, herdeiros dos primeiros seguidores de Cristo, principalmente instalados em Belém e Ramallah. Mais de metade são de obediência grega ortodoxa. Os 22. 500 católicos dividem-se entre 17. 850 católicos romanos e 4. 650 melquitas, católicos de rito bizantino grego (juntaram-se à Igreja de Roma em 1724). Em Jerusalém vivem 8000 cristãos (eram 30 mil antes da criação do Estado de Israel em 1948). Na Faixa de Gaza, o número de cristãos tem vindo a descer, nomeadamente depois do Hamas ter chegado ao poder, em 2007. Actualmente são cerca de 1500, na maioria de rito greco-ortodoxo, e vivem sob a ameaça de ataques de grupos radicais salafistasEm Israel vivem cerca de 160 mil cristãos num total de 8, 2 milhões de habitantes - quase 80% da população cristã pertence à minoria árabe que ficou a viver em Israel depois da independência em 1948. Metade dos cristãos de nacionalidade israelita são católicos: 50 mil melquitas, 24 mil católicos romanos e 11. 400 maronitas. Israel também acolhe uma comunidade cristã não-árabe que está em crescimento, maioritariamente composta por imigrantes da ex-União Soviética a quem foi dada cidadania ao abrigo da lei do regresso, que oferece a naturalização a filhos ou cônjuges de judeus. Também há uma minoria de cristãos vindos da Ásia e de África, constituída por imigrantes de países como as Filipinas, o Sri Lanka, a Índia ou a Eritreia, que vivem em condições sociais mais desfavorecidas. Entre a população de imigrantes ilegais, o patriarcado de Jerusalém conta cerca de 60 mil católicos romanos, vindos sobretudo de África.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei comunidade minoria
As fugas do aeroporto são uma questão política
Ou assumimos que somos um Estado policial, e ninguém foge; ou somos uma sociedade aberta e haverá sempre quem tente fugir. É uma questão que Portugal e a Europa têm de decidir de forma democrática. (...)

As fugas do aeroporto são uma questão política
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ou assumimos que somos um Estado policial, e ninguém foge; ou somos uma sociedade aberta e haverá sempre quem tente fugir. É uma questão que Portugal e a Europa têm de decidir de forma democrática.
TEXTO: A pressão migratória sobre o Velho Continente é um tema bem presente no quotidiano dos europeus. É, aliás, um tema que apaixona a opinião pública, bastando uma tentativa de fuga do aeroporto de Lisboa envolvendo um par de viajantes para deixar Portugal em polvorosa e para todas as baterias se apontarem para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras — SEF, para a PSP ou até para a ministra da Administração Interna. É nestes momentos que se sente de forma mais aguda o estremar de posições entre aqueles que defendem políticas tolerantes e os intolerantes às movimentações humanas em massa que se verificam na atualidade. E há também uma irreprimível tendência para meter no mesmo saco terroristas, refugiados e uma vaga de requerentes de asilo económico sem precedentes na Europa, uma tendência que se está a demonstrar duradoura e estrutural. Mas vejamos o que se passa no Aeroporto Humberto Delgado. O modus operandi consiste basicamente em fazer uma viagem entre a Argélia e outro país terceiro, efetuar trânsito num país Schengen aproveitando o facto de não ser exigido visto de escala aos nacionais da Argélia, e esperar uma fragilidade. Normalmente este esquema é tentado em grupo. Este método não é de agora. Em Itália este esquema foi usado durante quase dez anos, com o desaparecimento de cerca de 500 passageiros. Em Barcelona o mesmo método foi usado nos anos de 2014 e 2015. A mesma coisa em Madrid e em vários aeroportos franceses. Em todos estes casos, estão sempre em causa passageiros em trânsito na área internacional de um aeroporto (quer seja Lisboa, Nova Iorque, Londres ou qualquer outro), pessoas que não estão detidas nem presas, não estão, nem podem ficar privadas de liberdade: são simplesmente passageiros que aguardam o seu embarque e cujas intenções não podem ser avaliadas a título prévio como legalmente censuráveis. Perante isto, importa dizer duas coisas: uma de caráter prático; e outra do capítulo dos valores democráticos e liberais. Começando pelas questões práticas. Não é normal a insistência da TAP em operar em rotas críticas, trazendo quase quotidianamente para Lisboa grupos de pessoas que saem de países do Magrebe e que querem seguir para outros países do Norte de África, tendo de permanecer uma média de 12 horas no Aeroporto Humberto Delgado antes de retomarem viagem. Será assim tão complicado que quem vai da Argélia para Marrocos, ou vice-versa, tenha uma paragem em Lisboa de apenas duas ou três horas?Quanto à ANA, é incompreensível do ponto de vista logístico que as áreas de embarque e desembarque de rotas deste género não sejam feitas com salas de controlo de fronteira específicas e espaços confinados onde acomodar os passageiros durante os trânsitos. Também nestes casos se deveria proceder ao embarque e desembarque em manga, em vez de se andar de autocarro com estes grupos de passageiros pelo aeroporto fora. Quer uma medida, quer outra reduziriam de certeza a expectativa de fuga que muitos passageiros hoje transportam consigo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Vale a pena, para terminar, falar agora de política. Falar de valores democráticos, de sociedades abertas. É que das duas, uma: ou mantemos as sociedades europeias a viver em espaços seguros, mas que, pela sua configuração e regras de circulação, serão sempre sítios de onde se pode tentar fugir; ou acabamos com os aeroportos (só para dar um exemplo) tal como os conhecemos hoje, quase sempre cheios a testar os limites, com percursos de grandes distâncias para os passageiros no seu interior, cheios de lojas, bares, restaurantes, WC e serviços, com longos tempos de espera entre os voos. O que não se pode ter, ao mesmo tempo, é sol na eira e chuva no nabal. Ou assumimos que somos um Estado policial, e ninguém foge; ou somos uma sociedade aberta e haverá sempre quem tente fugir. Esta é uma questão cívica, política, de regime. É uma questão que Portugal e a Europa têm de decidir, de preferência de forma democrática. Enquanto tal não for feito, em vez de se andar a acusar os inspetores do SEF, melhor seria que o Governo obrigasse a TAP e a ANA a darem-lhes melhores condições para trabalhar. Muito tem feito o SEF pela segurança de Portugal e da Europa — o país tem sido, até agora, imune ao terrorismo. O que os inspetores não conseguem é vigiar, todos os dias e a toda a hora, uma rede com demasiados buracos.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP SEF
Austrália fecha portas e envia candidatos a asilo para a Papuásia-Nova Guiné
A decisão entra em vigor nesta sexta-feira. O Governo diz que o objectivo é combater o tráfico de pessoas, mas os opositores da medida acusam o primeiro-ministro de "crueldade". (...)

Austrália fecha portas e envia candidatos a asilo para a Papuásia-Nova Guiné
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A decisão entra em vigor nesta sexta-feira. O Governo diz que o objectivo é combater o tráfico de pessoas, mas os opositores da medida acusam o primeiro-ministro de "crueldade".
TEXTO: A Austrália anunciou que vai deixar de acolher os cidadãos estrangeiros que chegam à ilha de barco, em fuga dos seus países de origem. A partir de agora, e pelo menos nos próximos 12 meses, todas as pessoas nessa situação vão ser enviadas para a Papuásia-Nova Guiné. A decisão, anunciada ao país nesta sexta-feira pelo primeiro-ministro, Kevin Rudd, foi bem acolhida pelo líder da oposição, Tonny Abbot, do centro-direita, mas está a ser fortemente criticada pelos Verdes e pelo antigo chefe do Governo Malcolm Fraser, também do centro-direita. "Sei que é uma decisão radical. Sei que os vários grupos australianos e em todo o mundo vão interpretar esta decisão de formas diferentes", justificou Kevin Rudd, que assumiu as funções de primeiro-ministro e líder do Partido Trabalhista em Junho, depois de ter ganhado um confronto interno com Julia Gillard. "A partir de agora, nenhuma pessoa que chegue à Austrália de barco em busca de asilo terá oportunidade de ser recebido na Austrália como refugiado", declarou o primeiro-ministro. De acordo com o plano, todas as pessoas que cheguem à Austrália de barco serão enviadas para a Papuásia-Nova Guiné (PNG), onde a sua situação será avaliada pelas autoridades locais. As que obtiverem o estatuto de refugiadas, serão colocadas no centro de detenção da ilha Manus; as restantes serão consideradas ilegais e repatriadas para os seus países de origem. Em troca, o Governo da PNG irá receber apoios financeiros para um hospital e para o sector universitário, segundo os media australianos. O valor deste apoio financeiro não foi revelado. Para o primeiro-ministro australiano, o acordo assinado com o seu homólogo da PNG, Peter O'Neill, tem como objectivo parar "o flagelo do tráfico de pessoas", mas os críticos da decisão acusam o Governo de Camberra de "crueldade". "Um dia vergonhoso"Para a líder dos Verdes, Christine Milne, o chefe do Governo australiano "ultrapassou Tony Abbot em crueldade", referindo-se ao líder da oposição, que classificou o aumento da chegada de refugiados ao país nos últimos meses como uma "invasão silenciosa". "É um comportamento pavoroso da nossa nação. O que isto diz ao resto do mundo é que a Austrália é um país muito rico, mas que se prepara para varrer o problema para um país muito pobre, tudo porque um primeiro-ministro não tem coragem nem autoridade moral para tomar uma atitude correcta em relação aos refugiados", disse Christine Milne, citada pelo site da estação pública Australian Broadcasting Corporation (ABC). "É um dia vergonhoso", afirmou a líder dos Verdes. O antigo primeiro-ministro Malcolm Fraser, do Partido Liberal, foi ainda mais longe nas acusações: "Dizer que a Austrália não vai dar assistência a estas pessoas em nenhuma circunstância é uma afirmação substancial – é uma alteração dos valores da Austrália. Considero que a Austrália está a abdicar das suas responsabilidades, está a abdicar de posições humanitárias essenciais. "O activista dos direitos humanos David Manne revelou-se surpreendido com a decisão. "Estou surpreendido a muitos níveis. Em primeiro lugar porque a Austrália, ao ter assinado a convenção sobre o estatuto dos refugiados, em 1954, comprometeu-se a proteger as pessoas que cheguem às suas costas e a não as expor a riscos maiores em outros locais", disse o activista à ABC. David Manne lembra que a Austrália "dá asilo a apenas 0, 3% dos refugiados de todo o mundo" e acusa o país de "não apenas impedir a chegada de pessoas que querem pedir asilo, como propõe passar as suas responsabilidades para outros". "Peso no Orçamento"O número de pedidos de asilo no país tem aumentado nos últimos 18 meses – principalmente de pessoas que fogem do Iraque, do Irão, do Sri Lanka, do Afeganistão ou do Bangladesh em condições extremamente precárias, muitas das quais acabam por morrer durante a viagem –, o que tem resultado num "enorme peso para o Orçamento" do país, argumenta o primeiro-ministro. Através do acordo com a PNG, Kevin Rudd espera que "o número [de refugiados] vá descendo com o passar do tempo, o que aliviará o peso no Orçamento". O acordo entre a Austrália e a Papuásia-Nova Guiné inclui também um investimento de Camberra na ilha Manus, particularmente para a melhoria das condições do centro de detenção e acolhimento de refugiados – o objectivo é aumentar a capacidade de 600 para 3000 pessoas. O director do Instituto de Negócios Estrangeiros na PNG, Paul Barker, acusa o Governo de Port Moresby de ter assinado o acordo para "proporcionar oportunidades aos serviços de distribuição de alimentos e de segurança" numa província "remota". "Não é uma iniciativa popular. A maior parte da Papuásia-Nova Guiné tem outras coisas em que pensar. A maioria da população está preocupada em ter rendimentos e sobreviver. Mas este é um problema australiano. Por que é que a Austrália deve exportar os seus problemas para a Papuásia Nova-Guiné?", questionou o responsável. Desde o ano passado, todas as pessoas que chegam à Austrália de barco são enviadas para a Papuásia-Nova Guiné e para Nauru, para as suas situações serem analisadas. A diferença do acordo anunciado hoje é que nenhuma dessas pessoas poderá ficar na Austrália, mesmo que obtenham o estatuto de refugiadas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos refugiado alimentos
A ilha prisão de homens de liberdade
O padeiro Manuel foi preso em Portugal. Preso político. Tinha 25 anos e o seu único crime era pensar diferente. Ele e outros. Presos e deportados para Timor. Sem julgamento. Sem defesa. (...)

A ilha prisão de homens de liberdade
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O padeiro Manuel foi preso em Portugal. Preso político. Tinha 25 anos e o seu único crime era pensar diferente. Ele e outros. Presos e deportados para Timor. Sem julgamento. Sem defesa.
TEXTO: O navio estava atracado no porto de Díli. Tudo era confusão. Gente apressada. Crianças ao colo. Malas pequenas e grandes. Todos queriam embarcar para a Austrália. Todos queriam fugir à guerra. O Japão invadiu a ilha de Timor. O padeiro Manuel estava entre camaradas portugueses. Na confusão do cais via naquele barco a sua liberdade. A sua dupla liberdade. Fugia da guerra e fugia do desterro que o fascismo português lhe impôs. O padeiro Manuel olhou o grande navio. Viu os amigos a subirem a estreita rampa enferrujada. E o padeiro Manuel rejeitou a dupla liberdade. Voltou as costas ao navio branco. Teria de encontrar os dois filhos. O que adianta a liberdade se o coração está acorrentado? A verdadeira liberdade seria o abraço apertado aos seus pequenos, Manuel e João. O padeiro Manuel partiu à procura desse abraço. O sol era escaldante. O Manuel de quatro anos e o João de nove anos gostavam de cana-de-açúcar. Perdiam tardes deitados no canavial. O ruído poderoso dos aviões de combate ou os voos rasantes aos coqueiros e às acácias faziam as crianças sonhar com soldados bravos. Os tiros também se ouviam ao longe. Mas, naquela tarde quente, os soldados japoneses apareceram no canavial. Com fúria. O padeiro Manuel gritou. Manuel e o irmão João fugiram. O primo Marcelino chorava. Todos se embrenharam no capim. Choviam balas. A terra saltava. O capim era alto. Perderam-se. Esconderam-se. E num repente a paz voltou. Não se ouviam tiros. Não se ouviam vozes. Num labirinto quase sem fim reencontraram-se. Todos, menos Marcelino. Ali bem perto, estava a terra vermelha. Marcelino fora degolado com uma catana de lâmina afiada. Tinha 11 anos. O padeiro Manuel foi preso em Portugal. Preso político. Tinha 25 anos e o seu único crime era pensar diferente. Ele e outros. Presos e deportados para Timor. Sem julgamento. Sem defesa. A ilha do outro lado do mundo seria a sua prisão. O seu castigo. Para sempre. Valiam as cartas e as fotografias para sentir o carinho dos pais e dos irmãos. Nunca mais se viram. Nunca mais se tocaram. O padeiro Manuel era um lutador. Sentado no areal branco, olhava o Pacífico. Sabia que aquele mar eram as paredes da sua cela. Casou, teve filhos e sonhou voltar para Portugal. Para um Portugal livre. Mas aquela tarde quente, em que sentiu as balas no capim e a raiva preencher o seu coração ao ver o rosto do pequeno Marcelino, fez o padeiro Manuel ganhar novamente força. A força que afinal nunca tinha perdido. Entregou os dois filhos aos avós maternos. Estariam em segurança. Partiu para o mato. Ele e os camaradas. Manuel e o irmão João refugiaram-se nas montanhas. Duas crianças. Esfomeadas. Comiam raízes, ervas, casca de canela, cadaca e batar-ut. Cansadas. Atravessavam ribeiras, subiam penedos, dormiam debaixo das tecas. Perderam-se dos avós. Ximenes, a mãe, estava presa num campo de concentração japonês. A guerra era cada vez mais violenta. Os dois irmãos tentavam a todo o custo sobreviver. Esgotados e doentes, o caminho de pedras roliças da ribeira levou-os até à praia. No horizonte, uma embarcação. Lançaram fogo a uma palhota. O capim e os bambus ressequidos depressa arderam. O navio enviou um bote. Eram marinheiros australianos. Os irmãos Manuel e João estavam salvos. Foram para Ataúro. De Ataúro foram para Bongsfarme. De Bonsfarme para Lourenço Marques. Sempre em campos de refugiados. De Lourenço Marques seguiram para Lisboa. Saíram do grande navio. Na calçada portuguesa ficaram os dois. Sozinhos. Sem ninguém para os receber. Contentar. Até que a polícia os entregou à Casa Pia. Quem eram aquelas crianças? Tinham agora sete e 12 anos. Sentado na sua cadeira de baloiço na pequena sala, João, homem alto, figura cinematográfica, fumava com prazer eterno o seu cigarro. Como se estivesse a mascar cana-de-açúcar. O prazer era o mesmo. Saboreava com calma cada travamento, seguido de uma bem desenhada bola de fumo. O que aquele coração, aquelas mãos, aqueles pés, aquele estômago, aquela cabeça, teriam para contar. Tanto. Mas nada. Era só silêncio cortado por vezes com um “não me lembro, o Manuel é que deve saber”. O João foi um resistente. O Manuel, um herói. No cais de Rocha de Conde de Óbidos, a avó Belarmina esperava cada barco que chegava das colónias. Empunhava a fotografia do padeiro Manuel. A esperança era grande. Mas o padeiro Manuel nunca apareceu. Nunca existiu uma breve notícia. Nada. Até um dia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No século XXI, a notícia chega. No meu email. Um documento. Um telegrama do exército australiano de 7 de Abril de 1943. “O Miranda foi encontrado morto. ” Sereno, olho o meu tio Manuel nos olhos e dou-lhe a notícia. Manuel, o herói, deixa cair uma lágrima. João, o resistente, era o meu pai. Enviei a notícia pelo vento. Será que já se reencontraram?O padeiro Manuel, o meu avô, teve a liberdade à distância de uma rampa de navio. Virou costas. Sem os filhos, não existiria liberdade. Nunca mais se acarinharam. Nunca mais correram entre as bananeiras. O fascismo roubou-lhes o futuro. Ontem, abriu o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, no Forte de Peniche. Pela memória e pela denúncia. Que se plantem muitas bananeiras de amor e liberdade. A minha vénia a quem luta e resiste.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Após ultimato na Alemanha jogo da imigração atirado para o palco europeu
A disputa entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior ficou em suspenso até ao fim do mês, enquanto a chanceler procura acordos bilaterais com alguns países e um quadro europeu para a política de imigração. (...)

Após ultimato na Alemanha jogo da imigração atirado para o palco europeu
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento -0.2
DATA: 2018-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: A disputa entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior ficou em suspenso até ao fim do mês, enquanto a chanceler procura acordos bilaterais com alguns países e um quadro europeu para a política de imigração.
TEXTO: Um jogo político de ultimatos e consequências imprevisíveis desenrola-se na Alemanha e na Europa: a chanceler, Angela Merkel, conseguiu uma pausa no conflito aberto com o seu ministro do Interior, Horst Seehofer, por causa da política de imigração, para poucas horas depois receber o seu homólogo italiano, Giuseppe Conte, e ver a questão dominar o encontro de terça-feira com o Presidente francês, Emmanuel Macron, marcado para discutir a zona euro. Segundo o Politico, Berlim concordou com medidas suficientes na reforma do euro para poder, agora, pedir a Macron alguma flexibilidade na política de imigração (Macron criticou a recusa italiana em receber o navio Aquarius, mas França não tem recebido mais refugiados do que Itália). A questão ameaça ensombrar as discussões sobre o euro também na cimeira europeia da próxima semana, que com o ultimato de Seehofer (se não houver um acordo europeu, começará a reencaminhar migrantes de modo unilateral) ganha outra urgência. Esta segunda-feira, a chanceler e o ministro do Interior alemão deram conferências de imprensa separadas sobre asilo e refugiados, após encontros das lideranças dos seus partidos - a União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã (CSU, o partido-gémeo da CDU na Baviera). Chegaram a um entendimento relativo para uma trégua – Seehofer poderá ordenar à polícia que não deixe entrar migrantes já anteriormente recusados pelas autoridades alemãs, mas não, como queria, de requerentes de asilo com processos abertos noutros países da União Europeia. Na Alemanha, muitos vêem a insistência de Seehofer, da CSU, nesta questão como uma manobra eleitoralista: haverá eleições na Baviera em Outubro, e a CSU está a ver a sua maioria absoluta ameaçada, com pouco mais de 40% nas sondagens, uma descida de 7 pontos percentuais em relação à última votação. A direita radical da Alternativa para a Alemanha, muito dura na imigração e asilo, está com cerca de 13% nas sondagens. (Há ainda outras teorias: que esta poderia mesmo ser uma manobra conspirativa da CSU para afastar Seehofer, que ainda é o líder do partido embora se tenha afastado da chefia do governo da Baviera, numa luta de poder com o seu rival e actual governador Markus Söder). Merkel, sublinha o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, repetiu que como chanceler tem a prerrogativa de decisão sobre as políticas do Governo. Isto foi visto como o sublinhar de uma “linha vermelha”: se o ministro Seehofer agir sozinho, Merkel deverá demiti-lo. Como o fim da coligação não é do interesse de ninguém, e também não é do interesse de Seehofer, espera-se que haja um compromisso. Apesar disto, a intensidade do conflito é enorme para os dois partidos gémeos. E ao ser muito pública, poderá ter efeito no modo como Merkel é vista, e enfraquecê-la em negociações europeias (basta ver como a questão é tratada nos tablóides britânicos, agências de informação russas, ou até pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que aproveitou para criticar a política de asilo de Merkel num tweet). Numa sondagem do instituto Civey, 62% dos inquiridos dizem concordar que migrantes sem documentos não devem poder entrar no país, a mesma posição do ministro do Interior. Ainda assim, muitos sublinham que a crise acontece apesar da descida do número de requerentes de asilo na Alemanha: de mais de 720 mil em 2016 para 200 mil em 2017. Se de facto chegasse a haver uma cisão entre CDU e CSU (como foi especulado na semana passada, após um tweet de um humorista ter sido levado a sério por alguns sites), seria um pequeno terramoto na política alemã. Mas outros partidos deveriam assegurar a estabilidade: os Verdes já deram a entender que apoiariam o Governo. Mesmo assim, seria uma situação absolutamente inédita, o que abriria uma série de possibilidades (de um governo fraco a eleições antecipadas, diz a revista britânica The Economist; de um compromisso a um voto de não-confiança no Bundestag, diz de uma forma menos radical a emissora alemã Deutsche Welle). "Solução europeia"A Comissão Europeia veio repetir ontem o mantra de Merkel: que é preciso uma solução europeia. Numa conferência de imprensa, o porta-voz Margaritis Schinas disse que havia “boas perspectivas” para um acordo. No entanto, há posições radicalmente diferentes, de países onde têm chegado muitos refugiados como a Grécia, Itália ou Espanha, que querem uma redistribuição mais justa dos refugiados que chegam a território europeu, de países como a Alemanha e Suécia, que têm recebido números significativos, e outros como a Polónia e Hungria, que não querem receber refugiados, alegando que por serem de outra religião ameaçariam a sua coesão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Segundo a agência Reuters, Schinas deu a entender que a União Europeia poderia decidir usar um voto maioritário para ultrapassar o bloqueio para uma política comum, que dura há três anos: foi instituído um esquema com quotas de redistribuição pelos vários países dos requerentes de asilo, mas os Estados-membros que se têm recusado a receber a sua quota não têm sido penalizados. Um voto deste género, sublinha a Reuters, “é legal e tecnicamente possível mas politicamente muito sensível”. Em cima da mesa estão agora propostas como cada Estado-membro que recuse receber a sua quota de refugiados pague uma quantia para um país que os receba, ou escolherem directamente um candidato no país de origem. Também estão a ser consideradas medidas para o fortalecimento do controlo das fronteiras da União Europeia através de um reforço da agência Frontex, e centros de acolhimento nos países de onde partem a maioria dos refugiados para a Europa, como na Turquia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração social género
James Bond teve uma vida real e andou pelo Estoril, onde nasceu
Foi um dos mais importantes agentes dos serviços secretos durante a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou para alemães, ingleses e americanos. Dusko Popov, um advogado e playboy sérvio, serviu de inspiração a Ian Fleming quando criou a personagem de James Bond em Casino Royale, aliás Casino Estoril. (...)

James Bond teve uma vida real e andou pelo Estoril, onde nasceu
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi um dos mais importantes agentes dos serviços secretos durante a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou para alemães, ingleses e americanos. Dusko Popov, um advogado e playboy sérvio, serviu de inspiração a Ian Fleming quando criou a personagem de James Bond em Casino Royale, aliás Casino Estoril.
TEXTO: Os espiões exercem a vingança por entre a falta de escrúpulos e as sombras do disfarce, apunhalam sem remorso e matam sem remissão. Mas um espião tem de ser sobretudo um “homem do espectáculo”. O sérvio Dusko Popov (1912-1981) nasceu para esse papel, capaz de usar todas as máscaras conforme a situação exigisse: impostor e vilão, patriota e herói, amante e assassino. Foi nele que o escritor inglês Ian Fleming, oficial da informação naval britânica encarregue de seguir Popov em Lisboa e no Estoril, em Maio de 1941, por causa de uma avultada maquia que os serviços secretos britânicos lhe tinham entregado, se inspirou para criar a sua personagem James Bond, o espião ao serviço de Sua Majestade. Dusko Popov, atraente, elegante e charmoso, era um agente duplo (mais tarde triplo), talvez o mais importante de todos eles durante a Segunda Guerra Mundial. Um advogado americano, Larry Loftis, escreveu agora a sua biografia em jeito de thriller, com segredos e conspirações: Na Toca do Lobo (editora Vogais). É a história do James Bond na vida real, a passear-se por Lisboa e pelo Estoril. Lisboa era nesses anos “a última das capitais felizes” e “o porto da boa esperança” para milhares de refugiados. Os cafés ficavam abertos toda a noite e as línguas que ali se falavam não eram apenas o inglês, o francês, o alemão, mas também o romeno, o japonês e o russo. Os restaurantes estavam cheios. As bancas de jornais abarrotavam com edições do New York Times, Der Spiegel, Time, London Daily Mail, ou do Saturday Evening Post. Aviões alemães e ingleses estavam estacionados lado a lado na base aérea de Sintra e os espaços de propaganda política dos dois países ocupavam por vezes lojas localizadas lado a lado. Os espiões do Eixo e dos Aliados alojavam-se nos mesmos hotéis e sentavam-se lado a lado nos bares de hotéis elegantes em Lisboa, Estoril ou Cascais. Agentes da Gestapo observavam a descontracção de judeus endinheirados na praia do Tamariz. O Casino do Estoril vibrava a noite inteira, em todas as noites. Encontrar uma cama na cidade era tarefa árdua, de tal maneira que o correspondente do Times de Londres escreveu, em Dezembro de 1940, que os generais americanos dormiam em sótãos porque não conseguiam alugar quartos em hotéis. Tanto a Grã-Bretanha como a Alemanha mandavam centenas de diplomatas e espiões para Lisboa. Um jornalista americano, referido por Larry Loftis no seu livro, contou que quando o chefe da Gestapo em Portugal entrava no casino, os croupiers cumprimentavam-no em alemão e os oficiais das SS levantavam-se das mesas para lhe apertarem a mão. Nascido em 1912, na Sérvia, Dusko Popov era neto de um banqueiro e industrial, e passou a infância entre a casa da família em Belgrado e o refúgio de Verão em Dubrovnik. Aos 16 anos, o pai inscreveu-o numa escola elitista nos arredores de Londres, mas de onde acabou por ser expulso ao fim de um mês. Foi transferido para um liceu em Paris, e mais tarde estudou Direito na Alemanha, em Friburgo, onde também se doutorou. Na década de 30, já com os nazis no poder, Popov chamou a atenção do Reich devido às suas conversas de café e acabou por ser preso. Quando tudo se aprontava para que fosse secretamente deportado para um campo de concentração (de onde só se sai “depois de morto”, como lhe disse um outro prisioneiro de cela), foi “inexplicavelmente” libertado e mandado ir de volta a casa na Sérvia. O facto da sua libertação “inexplicável” deveu-se a influências movidas por um seu amigo alemão, Johnny, de uma família rica de armadores – Johnny foi a pessoa que mais influenciou a vida de Dusko. Popov, que tinha uma incrível memória fotográfica, era culto e falava correctamente cinco línguas, escreveu nas suas memórias que Johnny tinha um conhecimento enciclopédico e que as suas “recordações eram infalíveis”. Em Fevereiro de 1940, Popov era um bem-sucedido advogado de negócios em Dubrovnik, e tinha negócios que passavam pela embaixada alemã. Um secretário da embaixada propôs-lhe então que se infiltrasse em determinados círculos sociais e económicos para obter informações sobre um banqueiro. Dusko Popov lembrou o diplomata que a Alemanha o expulsara do país, ao que o secretário respondeu: “o passado está esquecido”. Popov hesitou por algum tempo, não precisava de mais negócios nem de mais dinheiro. Dias depois foi contactado pelo seu amigo Johnny para lhe pedir que servisse de intermediário num negócio de barcos, e este informa-o de que se tinha juntado a uma das duas agências secretas de informações, a Abwehr. O mote estava dado, mas a vida reservara mais surpresas a Popov: dias depois, um sargento inglês, chefe da delegação do MI6, contacta-o para uma reunião. Dusko falou-lhe do recrutamento alemão, e o sargento disse-lhe para entrar no jogo. Saiu de lá sem perceber bem onde estava: por respeito ao amigo Johnny não era propriamente um agente britânico, e estava prestes a tornar-se num agente da Abwehr. Não tardaria a ser um agente duplo. Um oficial inglês descrevê-lo-á assim: “era firme como aço, implacável, e tinha uma coragem e um sangue-frio que lhe permitiam circular vezes sem conta entre os quartéis-generais dos serviços secretos alemães em Lisboa e Madrid, quando corria o risco de ser abatido”. Lisboa era um pântano de espiões a esbracejarem entre mentiras e rumores. A informação era o bem mais valioso em circulação: mesmo os porteiros de hotel, os camareiros ou os empregados de balcão, poderiam estar a ser pagos por um qualquer país. A juntar a tudo isto, havia a polícia secreta portuguesa, a PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), chefiada pela figura misteriosa do Capitão Agostinho Lourenço. Um oficial do MI6 descreveu os agentes portugueses como “germanófilos com excesso de zelo”, e diz que era fácil encontrá-los no aeroporto, em paragens de eléctrico e na maioria dos átrios dos hotéis. Foi a esta azafamada colmeia de refugiados, diplomatas, informadores, agentes secretos e espiões, que Dusko Popov veio parar para “retirar o seu mel”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No final de Novembro de 1940, ao chegar a Lisboa, e cumprindo as instruções recebidas, Dusko Popov contactou um major alemão e foi recolhido na Rua Augusta; depois, seguindo ordens da Abwehr instalou-se no exclusivo hotel Aviz, onde na altura vivia um dos homens mais ricos do mundo, Calouste Gulbenkian. Todo o hotel transpirava aristocracia no seu mobiliário francês do século XVII, nas pinturas nas paredes, nas peças em ferro forjado. O hotel Aviz era controlado pelos alemães. Mas poucos dias depois, Dusko Popov muda-se para o hotel Palácio, no Estoril, que era, tradicionalmente, pró-Aliados. Começava a sua aventura portuguesa. Dusko Popov fazia-se acompanhar quase sempre de uma mulher, quando não de duas ou três, nas suas movimentações. Entre vários episódios acontecidos, fica para a história da espionagem uma noite de Maio de 1941 no Casino do Estoril. Ian Fleming, então oficial da marinha britânica, tinha sido encarregado de seguir Popov para proteger o dinheiro que este trazia consigo, pertença do MI6. Dusko foi para o casino e apercebeu-se de que era seguido por Fleming. Decidiu afrontá-lo, em jeito de divertimento, apostando numa mesa de bacará todo esse dinheiro, 50 mil dólares – à época uma enorme fortuna. Uma proeza que teve um feliz desenlace. Esse episódio surge mais tarde no primeiro livro de Fleming, Casino Royale: o casino era o do Estoril, os penhascos da Bretanha eram em Cascais, e os hotéis Hermitage e Splendide eram os hotéis Palácio e Parque. James Bond afinal era Dusko Popov, que pouco tempo depois se tornaria ainda num agente triplo, ao serviço do FBI; J. Edgar Hoover ignorou os seus avisos sobre o interesse dos japoneses em Pearl Harbor.
REFERÊNCIAS:
Em estado de choque: serão os emigrantes na Venezuela portugueses de segunda?
Com este Governo, a comunidade portuguesa na Venezuela foi deixada à sua sorte. (...)

Em estado de choque: serão os emigrantes na Venezuela portugueses de segunda?
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com este Governo, a comunidade portuguesa na Venezuela foi deixada à sua sorte.
TEXTO: 1. Meço bem o peso das palavras: estou indignado, estou em estado de choque. Na sexta-feira, ao fim do dia ou já no sábado de manhã, surgiu a notícia – discreta, quase secreta, praticamente invisível – de que as autoridades venezuelanas teriam prendido dezenas de cidadãos, entre os quais se encontrariam dez portugueses. A notícia fez o seu caminho no fim-de-semana, sem nenhum eco de relevo. As televisões, as rádios, os jornais, as redes sociais ignoraram tranquilamente o assunto, relegando-o para as notas de pé de página. Tirando a RTP e a Antena 1, que abriram alguns noticiários com um relato rápido e neutral, quase asséptico, ninguém deu relevância nem importância ao assunto. Dez portugueses são presos por um regime ditatorial, que condenou à miséria grande parte da população, que a expôs à violência caótica nas ruas, que destruiu qualquer arremedo de sistema de saúde e que provocou centenas de milhares de refugiados, mas isso não abre noticiários, não é manchete, não tem qualquer lugar de destaque. É chocante e é obsceno: o lauto jantar de Nicolás Maduro num restaurante de luxo de Istambul – moralmente censurável – teve mais impacto e visibilidade do que prisão arbitrária de sete portugueses e três luso-descendentes! Prisão esta feita por um regime autocrático que não dá as mínimas garantias do mais elementar respeito pelos direitos fundamentais. Durante o fim de semana, não resisti a pôr-me a seguinte pergunta: se o governo húngaro de Viktor Orbán – que à beira de Maduro é um oásis de democracia – tivesse detido dez emigrantes portugueses em idênticas condições, qual seria a reacção das autoridades, da imprensa, das redes sociais e da sociedade portuguesa? Ou então uma outra: será que a prisão arbitrária de cidadãos portugueses na Venezuela – que envolve a violação das mais fundamentais liberdades e garantias de um ser humano – merece menos destaque e atenção do que a alegada, controvertida e discutível violação da liberdade criativa em Serralves? Já agora, vale a pena perguntar, olhando para casos paralelos em países afins: na sociedade espanhola ou italiana, a prisão inopinada de dez cidadãos nacionais em Caracas passaria fleumaticamente como uma espécie de “não-notícia”?2. Não me conformo com esta letargia da sociedade portuguesa e, em particular, do “establishment” mediático. E não me conformo com estes anos de tolerância, de “diplomacia de pantufas” e de “política de veludo” do Governo português, que, com uma inércia incompreensível, deixou arrastar a situação ao ponto de expor a nossa comunidade emigrante ao arbítrio de Maduro. Repudio, de modo veemente e tão sonoro quanto possível, a cumplicidade do PCP e do Bloco para com a ditadura chavista e o profundo mal que ela faz à população venezuelana e, em particular, à comunidade portuguesa ali residente. Não esqueço que são estes dois partidos que sustentam o Governo no Parlamento. Não me conformo, repudio e não esqueço – alguém tem de pensar nesses nossos compatriotas. 3. A letargia do Governo português ao longo destes últimos anos é altamente condenável e conduziu-nos à situação de quase impotência e submissão, sem alternativas e sem capacidade de resposta ou reacção. Se se trata de pura incompetência, se se trata de nostalgia da aliança “socrática” de negócios e caudilhismo com o “chavismo”, se se trata de deferência para com os parceiros parlamentares de governação, não sei. Mas, na realidade, isso não é o mais importante. O que interessa é que temos dezenas de milhares de portugueses deixados ao abandono, muitos deles em situação de grave necessidade e agora até temos presos – provavelmente, a merecerem a qualificação de presos “políticos” ou, pelo menos, de presos “não de delito comum”. A verdade é que, diante de uma evolução absolutamente previsível de deterioração da situação política e económica, nada foi feito para salvaguardar e acautelar os interesses da nossa comunidade emigrante ou até para preparar um regresso cadenciado e ordenado daqueles que quisessem regressar. Tirando a acção persistente do Governo Regional da Madeira e do seu presidente, o Estado português tratou a comunidade lusa na Venezuela como uma comunidade de “segunda”. A diplomacia de veludo, sempre deferente, sempre tolerante, sempre paciente com Maduro, deixou os interesses vitais dos portugueses no olvido. Talvez nem todos tenham reparado, mas até hoje o primeiro-ministro ainda não teve uma palavra para os emigrantes e para a comunidade portuguesa e luso-descendente na Venezuela. Nada que possa surpreender. A sua prioridade foi anunciar um privilégio táctico para aqueles que saíram do país entre 2011-2015, mesmo quando o fez no momento mais agudo da crise para a comunidade lusa na Venezuela. 4. A explicação de última hora para esta política de baixo perfil – que nunca para a passividade da esfera mediática e social – será decerto o risco que uma posição forte pode acarretar para os portugueses que estão expostos aos caprichos de Maduro e do seu regime. E, por isso, lá emergiu a centésima declaração piedosa do secretário de Estado responsável pelo assunto e parece que, ao terceiro dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros terá despertado de um longo e conveniente sono. Agora, as autoridades portuguesas podem ter a justificação – talvez fosse melhor chamar-lhe “a desculpa” – de que uma reacção à altura pode ser contraproducente e pôr em maior risco os presos, as suas famílias e até a comunidade em geral. Mas antes o Governo podia e devia ter feito muito mais. Não faltou quem em diferentes ocasiões e por diversos meios o tivesse alertado para o elevado risco de desenlaces destes. Mas como se vê pelo silêncio dominante, este assunto não dá brado, não tem visibilidade, não gera impactos. Com este Governo, a comunidade portuguesa foi deixada à sua sorte. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. SIM. Joana Marques Vidal. Eficaz, imparcial, discreta. Deu muito ao país e à justiça. O Governo errou gravemente ao não a reconduzir. Oxalá, a sucessora saiba seguir e potenciar as suas pisadas. NÃO. Ministro da Saúde. À crise do SNS, patente nas demissões em Gaia, na greve dos enfermeiros e na “manobra” da ala pediátrica do S. João, acresce a trapalhada infame do Infarmed. O que falta mais?
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP
Juncker diz que é preciso facilitar a imigração legal
Eurodeputados pedem mais acção da União Europeia e dos Estados-Membros contra o flagelo da imigração ilegal (...)

Juncker diz que é preciso facilitar a imigração legal
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 16 | Sentimento 0.2
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Eurodeputados pedem mais acção da União Europeia e dos Estados-Membros contra o flagelo da imigração ilegal
TEXTO: “Se fechamos a porta, os imigrantes entrarão pelas janelas”. Com esta frase, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker disse aos eurodeputados esta quarta-feira que os países da UE têm de facilitar a imigração legal, como forma de enfrentar o drama do Mediterrâneo, onde quase duas mil pessoas já morreram este ano ao tentarem chegar à Europa. “Temos de trabalhar sobre a imigração legal”, afirmou Juncker, num debate sobre o tema no Parlamento Europeu, considerando “insuficiente” a resposta dos países da UE à tragédia do Mediterrâneo. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, este ano 14. 908 já cruzaram o Mediterrâneo entre o Norte de África e a Itália. O número de mortos em naufrágios ou por outras causas já está em 1780. Na semana passada, o Conselho Europeu, onde estão representados os governos dos países da UE, decidiu triplicar o financiamento da missão europeia Tritão, para interceptar embarcações de refugiados no Mediterrâneo e assim travar o fluxo de entradas na Europa. Mas a medida tem sido criticada em várias frentes, por não ser suficiente perante a dimensão do problema. Durante o debate no Parlamento Europeu, vários eurodeputados exibiram cartazes com os dizeres “Je suis un migrant”, como forma de protesto. Mas as palavras de Jean-Claude Juncker mereceram críticas provenientes do seu próprio grupo político no Parlamento, o Partido Popular Europeu. “Um em cada cinco jovens não tem emprego no nosso continente”, disse o eurodeputado alemão Manfred Weber. Após o debate o Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que apela à União Europeia e os Estados-Membros a fazerem todos os esforços possíveis para impedir que mais vidas se percam no mar, incluindo através da extensão do mandato da operação Tritão, coordenada pela Frontex, às operações de busca e salvamento a nível da UE e de uma operação humanitária europeia de salvamento, sólida e permanente. Os eurodeputados propõem também o estabelecimento de uma "quota vinculativa" para a repartição dos requerentes de asilo entre todos os países da UE, mais contribuições para os programas de reinstalação de refugiados, o reforço da cooperação com países terceiros e medidas mais pesadas contra os traficantes de seres humanos e as redes criminosas de passadores.
REFERÊNCIAS:
Partidos Partido Popular Europeu
“Acabou o recreio, façam as malas e partam”, diz Salvini aos imigrantes
O ministro do Interior italiano abriu a campanha contra a imigração. No Senado começa hoje o debate sobre a confiança no novo executivo. Servirá para verificar o estado da oposição. (...)

“Acabou o recreio, façam as malas e partam”, diz Salvini aos imigrantes
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ministro do Interior italiano abriu a campanha contra a imigração. No Senado começa hoje o debate sobre a confiança no novo executivo. Servirá para verificar o estado da oposição.
TEXTO: Matteo Salvini, líder da Liga e novo ministro do Interior italiano, lançou no domingo na Sicília a nova campanha anti-refugiados, no mesmo dia em que naufragava mais uma barcaça com 180 pessoas a bordo. Ontem, tinham sido recolhidos 43 corpos sem vida, tendo sido salvos 68 fugitivos. As operações de busca continuavam. A principal mensagem de Salvini dirigiu-se à Europa: “Ou a UE nos ajuda, ou escolheremos outras vias. ”O novo ministro não estará hoje presente no Luxemburgo na reunião dos seus homólogos europeus para debater a política de imigração. Mas a delegação italiana votará contra o projecto em análise, que acusa de penalizar a Itália e os países do Mediterrâneo. “Ou nos dão uma mão para controlar as fronteiras e pôr em segurança o nosso país, ou teremos de escolher outras vias. ” Anunciou também o encerramento dos portos italianos aos barcos das organizações não governamentais que realizam operações de socorro. De resto, continua a pensar na expulsão de centenas de milhares de imigrantes ilegais. Mas este será um processo longo, caro e complicado que exige fundos e negociações internacionais. A alternativa da “criminalização” faria rebentar o sistema prisional italiano. Paralelamente, Salvini mantém a pressão no terreno da propaganda. A imigração é o tema mais mobilizador para a sua base eleitoral e uma preocupação muito difusa. Disse num comício no Norte: “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as malas e partam. ” Um editorialista disse que estas palavras estão no “limite da indecência”. O escritor Roberto Saviano apelou à resistência: “Desobedecer a este ministro do Interior que quer afogar pessoas. ”O último relatório da ONU sobre a população mundial prevê que o número de migrantes deverá continuar estável até 2050. Entretanto, o ex-ministro do Interior, Marco Minniti, conseguiu reduzir drasticamente o número de imigrantes nos primeiros cinco meses do anos — 13. 500 contra 60 mil no período homólogo de 2017 — na sequência de negociações com países como a Líbia. O controlo das migrações é uma questão-chave para a Itália, na medida em que é um dos mais fortes factores da “le-penização” da opinião pública. Note-se que, mesmo para Salvini e para lá da retórica xenófoba, a prioridade das prioridades é reduzir o fluxo de imigrantes. Significativamente, homenageou no domingo o trabalho de Minniti. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Senado vota hoje a confiança no novo Governo de Giuseppe Conte, ou, se preferirmos, no executivo Luigi Di Maio-Matteo Salvini. Amanhã será a vez da Câmara dos Deputados. Não há qualquer dúvida sobre o resultado. Mas há curiosidade quanto ao debate, a começar pela relação entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga que, até agora, tem marcado mais fortemente a natureza do Governo. A oposição está reduzida ao mínimo e, sobretudo, desorientada. O estilo dos dois partidos anti-sistema é muito diferente, mas, combinados, mais desorientam. Disse alguém que “ser tudo e o contrário ao mesmo tempo é o seu ponto de força e não de fraqueza”. Os argumentos clássicos do debate político parecem de pouca utilidade. É também um governo diferente dos anteriores. O primeiro-ministro é aparentemente secundário. Os dirigentes do M5S e da Liga monopolizam as decisões. Para isso apoiam-se numa vasta equipa de “técnicos não eleitos”, cuja função é viabilizar as suas propostas.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU UE