PJ detém grupo suspeito de branquear 40 milhões de euros
Foram ainda apreendidas 18 viaturas automóveis, a grande maioria de gama alta, e cerca de 350 mil euros em notas. (...)

PJ detém grupo suspeito de branquear 40 milhões de euros
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram ainda apreendidas 18 viaturas automóveis, a grande maioria de gama alta, e cerca de 350 mil euros em notas.
TEXTO: Um grupo criminoso desarticulado na terça-feira branqueou cerca de 40 milhões de euros no período compreendido entre Janeiro de 2016 e Março de 2018, indicou esta quarta-feira a Directoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ). No decurso de cerca de 40 buscas, efectuadas nos concelhos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Porto, Vila Nova de Gaia e Sintra, foram detidas seis pessoas indiciadas pela presumível prática de crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal qualificada e venda, circulação ou ocultação de produtos ou artigos contrafeitos. A dois dos seis detidos são imputados também crimes de falsificação de documentos, auxílio à imigração ilegal e tráfico de estupefacientes. Em comunicado, a Directoria do Norte da PJ diz que, durante esta operação, com o nome de código Albare e desenvolvida no âmbito de inquérito titulado pelo Ministério Público de Vila do Conde, foram apreendidas 18 viaturas automóveis, a grande maioria de gama alta, cerca de 350 mil euros em notas, equipamentos informáticos e telemóveis e “uma quantidade assinalável de mercadorias contrafeitas ou sem os devidos documentos de suporte fiscal no valor presumível de três milhões de euros”. Também se apreenderam dezenas de documentos de identificação, passaportes e cartas de condução internacionais presumivelmente falsos, além de variada documentação de natureza contabilística e fiscal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A operação policial envolveu 300 elementos, incluindo ainda a participação de investigadores da Polícia Judiciária da Directoria do Centro e das unidades de Braga, Aveiro e Vila Real e a colaboração da Direcção de Finanças do Porto da Autoridade Tributária, do Destacamento Territorial de Matosinhos da Guarda Nacional Republicana, da Unidade Regional do Norte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e da Direcção Regional do Norte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O Jornal de Notícias refere esta quarta-feira que, no âmbito desta operação, desenvolvida durante o dia de terça-feira, “centenas de polícias” cercaram a zona da Varziela – a chamada “Chinatown de Vila do Conde –, onde se concentram negócios de pessoas de nacionalidade chinesa. Os detidos, com idades compreendidas entre os 34 e os 57 anos, empresários, todos estrangeiros, vão ser apresentados às competentes autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
No século XXI, navegar é ser empreendedor, diz Paulo Portas
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, enalteceu hoje os sucessos alcançados fora do país por uma nova geração de empresários, afirmando que “no século XXI, navegar é ser empreendedor”. (...)

No século XXI, navegar é ser empreendedor, diz Paulo Portas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, enalteceu hoje os sucessos alcançados fora do país por uma nova geração de empresários, afirmando que “no século XXI, navegar é ser empreendedor”.
TEXTO: “Emigrar por tristeza com o nosso país, acho que não seria um bom sinal, mas internacionalizar, para poder fazer um negócio, um doutoramento, casar ou fazer durante algum tempo um projecto de vida, isso abre a cabeça às pessoas e é extraordinariamente útil para Portugal”, disse Paulo Portas em Xangai. Paulo Portas falava no final de um almoço no “Scioko”, um restaurante aberto há duas semanas por quatro jovens portugueses num novo parque tecnológico de Xangai e que pretende “reinventar o fast-food” através do cachorro, um petisco ainda exótico na China. A visita ao restaurante, que não fazia parte do programa inicial, foi decidida depois do ministro português ter chegado a Xangai, no sábado à noite. “Pedi para vir aqui porque acho que os portugueses precisam de conhecer estas histórias cheias de esforço, de mérito e bem sucedidas de jovens que conseguem triunfar em circunstâncias difíceis”, disse Paulo Portas. Estes sucessos são, segundo o ministro, “um banho de auto-estima nacional por Portugal” e “um exemplo absolutamente extraordinário do que os portugueses no exterior são capazes de fazer”. Em declarações aos jornalistas no local, o chefe da diplomacia portuguesa reafirmou o que dissera antes na abertura do seminário “Caminhos da Exportações”, com centenas de empresários dos dois países: “Portugal tem uma relação especial com a China”. “Temos aqui uma enorme reputação histórica. Se aliarmos a isso o vanguardismo económico somos muito bem recebidos e temos um enorme potencial à nossa frente”, acrescentou. Depois da visita àquele restaurante, Paulo Portas esteve no Centro de Investigação da Huawei, uma das maiores multinacionais chinesas, fabricante de equipamentos de telecomunicações, que abriu este ano em Lisboa um centro tecnológico. O ministro português partiu a meio da tarde (hora local) para Pequim, onde na terça-feira vai encontrar-se como o homólogo chinês, Yang Jiechi. É a primeira visita à China de um ministro do actual Governo português, acompanhado por mais de cinquenta empresários, na maior missão do género enviada por Portugal àquele país nos últimos cinco anos. Paulo Portas permanecerá em Pequim até sexta-feira de manhã, seguindo depois para Hong Kong, rumo a Macau, última etapa da viagem.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género chinês
Oposição síria ocupa toda a fronteira com o Iraque e conquista posto com a Turquia
As forças armadas da oposição síria já controlam todos os postos fronteiriços com o Iraque, anunciou à AFP o vice-ministro do Interior iraquiano. Um posto de fronteira com a Turquia foi também tomado esta quinta-feira. (...)

Oposição síria ocupa toda a fronteira com o Iraque e conquista posto com a Turquia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2012-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: As forças armadas da oposição síria já controlam todos os postos fronteiriços com o Iraque, anunciou à AFP o vice-ministro do Interior iraquiano. Um posto de fronteira com a Turquia foi também tomado esta quinta-feira.
TEXTO: "A totalidade dos postos de fronteira estão debaixo do controlo do Exército de Libertação da Síria", disse o ministro Adnan al-Assadi. A Síria tem fronteiras com o Iraque (a leste, a de maior extensão), com a Jordânia, com o Líbano e com a Turquia (Norte). Uma das passagens chave para este último país, Bab al-Hawa (uma passagem comercial vital), foi também conquistado esta quinta-feira, sendo a oposição a controlar os edifícios alfandegário e de imigração. De acordo com o porta-voz dos opositores ao regime do Presidente Bashar al-Assad que falou com a AFP, o posto com a Turquia foi conquistado deposi de dez dias de batalha com as tropas fiéis ao regime. Um jornalista da Reuters no lado turco, em Cilvegozu, relatava que durante todo o dia se ouviu o som das metralhadoras e d eoutras armas, e que se viu fumo negro no ar numa zona a cerca de dois ou três km da fronteira entre os dois países. O porta-voz do grupo de oposição Conselho Superior da Liderança Revolucionária, Ahmad Zaidan, disse que as tropas do seu lado controlavam todo o acesso à passagem e que um dos objectivos ao conquistar este local era facilitar a passagem aos militares do regime que pretendiam desertar. O anuncio da tomada da linha de fronteira com o Iraque e do posto com a Turquia surge num momento em que o exército da oposição realiza ataques na capital da Síria, Damasco, tendo na quarta-feira atingido a célula do comando de crise de Assad. Os ministros do Interior e da Defesa morreram. A capital está transformada num campo de batalha, relata a AFP, e milhares de pessoas tentavam hoje abandonar Damasco, onde praticamente todos os serviços estão encerrados. “Depois do atentado [contra a sede da Segurança Nacional], os estabelecimentos fecharam e as pessoas desapareceram”, disse à AFP Nidal, um costureiro do bairro de classe média de Qassaa. Algumas pessoas tentaram reunir-se no centro da cidade e gritar frases de apoio à oposição, mas dispersaram devido ao caos - há helicópteros a sobrevoar os bairros e armas a serem disparadas em muitas direcções. Após o ataque de quatra-feira, o regime fez levantar os helicóperos militares e foram disparados rockets. Enquanto no terreno a guerra continua a escalar, na frente diplomática não há avanços, o que levou o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Kofi Annan, a declarar estar "desiludido". EUA já não apoiam missão da ONUNo Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, a Rússia e a China voltaram a vetar uma resolução que obrigada Bashar al-Assad a aceitar o plano de paz que chegou a assinar em Abril mas nunca pôs em prática. Responsáveis russos disseram que não se trata de defender os interesses russos mas de evitar uma intervenção armada na Síria que teria consequências em todo o Médio Oriente. O novo documento dava ao Presidente sírio dez dias para recolher as armas pesadas nos quartéis e desmilitarizar os bairros das principais cidades. O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, descreveu a decisão russa e chinesa como “indesculpável e indefensável”. “Acredito que a Rússia e a China vão pagar um preço sério no Médio Oriente por esta posição, política e diplomaticamente. Muitos observadores vão concluir que puseram o interesse nacional à frente das vidas e dos direitos de milhões de sírios”, disse. Perante o fracasso da missão de Kofi Annan - o veto terá enterrado definitivamente o processo de pôr fim à guerra pela via negocial -, a Casa Branca emitiu um comunicado dizendo que não apoia a continuação da missão da ONU na Síria. Sendo que a ONU tem duas missões em curso, a de Annan e a de observadores, tendo esta sido suspensa por não haver garantias de segurança para os observadores.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
A Córsega fora de horas como nunca a vimos antes
Um crime real serviu de inspiração para Les Apaches, primeira longa-metragem do francês Thierry de Peretti, a concurso no IndieLisboa, que filma a sua Córsega natal pelo prisma de um filme de género realista com actores não-profissionais. (...)

A Córsega fora de horas como nunca a vimos antes
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DATA: 2014-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um crime real serviu de inspiração para Les Apaches, primeira longa-metragem do francês Thierry de Peretti, a concurso no IndieLisboa, que filma a sua Córsega natal pelo prisma de um filme de género realista com actores não-profissionais.
TEXTO: Com a sua primeira longa-metragem, Les Apaches, o actor e realizador francês Thierry de Peretti quis dar uma outra imagem da sua Córsega natal – uma imagem que recusasse os lugares-comuns “turísticos” e se aproximasse mais das verdadeiras tensões internas daquela ilha francesa. Estreado na Quinzena dos Realizadores de Cannes 2013, Les Apaches é uma das melhores selecções da competição internacional do IndieLisboa, objecto entre a tradição do filme de género e uma vontade de realismo quase documental – Thierry de Peretti evoca ao mesmo tempo o cinema americano dos anos 1980 com o qual cresceu, o chinês Jia Zhang-ke, Roman Polanski, Elia Kazan e Arthur Penn. A partir de um fait-divers real que chocou a Córsega, envolvendo um grupo de adolescentes e uma festa que acaba mal, o filme foi rodado nos próprios locais onde o caso decorreu com actores adolescentes não profissionais da zona, como o realizador explicou ao PÚBLICO numa pequena conversa. Les Apaches é um filme que nos mostra a Córsega como nunca a tínhamos visto. É um local relativamente pouco representado no cinema francês, e um local muito específico do território francês que é muito pouco filmado. Era importante, para mim, fazer uma primeira longa-metragem passada em locais que temos a impressão de nunca ter visto no cinema. O ponto de partida é um acontecimento real, que foi determinante quanto à forma do filme: tinha de ter qualquer coisa de filme negro clássico, mas também qualquer coisa de misterioso e arcaico, com uma abordagem de documentário mesmo que o filme não o seja. Sítios como Porto-Vecchio, onde o filme se passa, estão um bocado “entalados”: são estâncias balneares que nunca vemos no Inverno, onde se sente a ideia de uma sociedade do divertimento permanente, das festas, dos night-clubs, do dinheiro. Mas existe um poder do mal escondido a trabalhar, que tive vontade de desmascarar um pouco. É um sítio onde as regras não são bem as mesmas, onde pode coexistir a ilusão da modernidade e o conservadorismo mais arreigado, que teve um grande boom por causa do turismo, onde quatro ou cinco famílias partilham tudo, mas onde continuam a existir princípios de outra idade, muito românticos e muito violentos. Daí a dimensão trágica desta história. . . Porto-Vecchio é uma espécie de grande parque de atracções a céu aberto, com as vilas, as praias, os bairros populares. São universos estanques, excepto quando acontece alguma coisa e de repente os vasos comunicantes abrem-se para que a tragédia aconteça. A Córsega é uma sociedade onde a impunidade é possível, é um local submetido a forças para-mafiosas, ou pré-mafiosas. O crime acontece porque pode acontecer – porque pode ser um modo de aceder a outro grau de realidade, e porque há a possibilidade de não ser punido. É um filme extremamente clássico a muitos níveis. Um dos pontos de partida foi uma pequena novela do Stephen King chamada The Body, que deu origem a um dos meus filmes preferidos, Conta Comigo [Rob Reiner, 1986, com River Phoenix], que faz parte do cinema com que eu e o meu argumentista crescemos. Desde o princípio que o projecto era fazer um filme acessível. E, como sou corso, tinha de ser compreensível a vários níveis: para os locais, para os meus contemporâneos, tem um valor de exorcismo, de aceder imediatamente a esta violência e esta escuridão através de um efeito de realidade. Apesar de o filme ser extremamente construído, há muito pouca improvisação durante a rodagem. Houve um processo de ano e meio de casting. Uma vez encontrados os quatro actores, passámos tempo juntos, que usei para os conhecer, para os ouvir falar, para tomar nota do modo como eles falam e integrá-lo no guião. A minha vontade era estar com estas quatro personagens, segui-las, ver como eles se movem e como falam, como reagem aos acontecimentos. Sente-se uma tensão racial muito forte, entre os corsos “nativos” e os imigrantes de origem árabe. . . Quando li o fait-divers nos jornais, o que me atraiu foi que dois deles fossem de origem marroquina. A Córsega é um local de clichés – o cantor Tino Rossi, a vendetta, a omertà, são coisas que já não existem bem assim. . . Dizer que há aqui marroquinos, que eles são daqui e têm sotaque corso, criava outra coisa. Não escrevo problemas, tento escrever personagens. Não tenho vontade de criar personagens sintomáticas, antes personagens que não possam ser reduzidas a nada – não são ricas, mas também não são remediadas, são uma espécie de lumpen-burguesia (risos), com televisores de écrã planos e telemóveis, mas sem dinheiro para muito mais. Falo de jovens que se confrontam com problemas identitários e sociais, e que têm os meios e as potencialidades de lutar contra isso, mas que não têm nenhum tipo de reivindicação política. A questão central que trabalha o filme é quem faz parte da festa e quem nunca lhe vai ter acesso. Les Apaches passa sexta, dia 2, às 19h no Cinema City Campo Pequeno
REFERÊNCIAS:
Étnia Apaches
Lançada petição contra a decisão de retirar o Português das provas de admissão em França
A École Polytechnique e a École Normale Supérieure vão retirar o Português das provas de admissão em 2012. (...)

Lançada petição contra a decisão de retirar o Português das provas de admissão em França
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DATA: 2010-12-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: A École Polytechnique e a École Normale Supérieure vão retirar o Português das provas de admissão em 2012.
TEXTO: O Português, o Italiano e o Russo vão ser suprimidos das provas de admissão aos cursos de duas das mais prestigiadas escolas do ensino superior francês - a École Polytechnique e a École Normale Supérieure - a partir de 2012. As escolas anunciaram a intenção de reduzir a oferta de línguas vivas nas suas provas de admissão, mas vão manter o Alemão, o Inglês, o Árabe, o Chinês e o Espanhol. Isto causou indignação na comunidade lusófona e a Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros e da África e Ásia Lusófonas (ADEPBA) lançou anteontem uma petição na Internet (http://www. petitionpublique. fr/ pi=P2010N4578) e enviou cartas para as duas instituições, para diversas embaixadas lusófonas em Paris (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde) e para ministérios franceses (da Defesa, da Educação Nacional e do Ensino Superior), mostrando indignação. "Sejam quais forem as razões que motivam a esta decisão - simples comodidade, economia, pedagogia, apreciação, etc. - são dificilmente admissíveis para uma instituição como a vossa", escrevem, pedindo a seguir que estas instituições voltem atrás na sua decisão. Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal em França, explicou ontem ao PÚBLICO que esta questão - que foi noticiada pelo Expressoonline - surgiu há semanas e que os seus efeitos, "a concretizarem-se", terão lugar a partir de 2012. A Embaixada de Portugal em França tem estado em contacto directo com as autoridades francesas. "O nosso objectivo é tratar o assunto de uma forma compatível com o que entendemos ser o estatuto internacional da língua portuguesa, bem como a importância que esta língua tem para muitos sectores deste país", disse o embaixador por email. Na petição lê-se que "esta decisão é contrária aos acordos bilaterais sobre o desenvolvimento das respectivas línguas assinados entre Portugal e a França a 10 de Abril de 2006 e entre o Brasil e a França, igualmente durante o ano de 2006". Francisco Seixas da Costa explicou que "a avaliação da eventual compatibilidade destas medidas com os compromissos bilaterais luso-franceses está ainda por fazer", porque se trata de "medidas tomadas no âmbito de entidades descentralizadas, com competências próprias". No entanto, a embaixada vê com "grande simpatia" a mobilização que esta petição pública representa: "Ela também nos ajuda a sublinhar, junto dos poderes público franceses, a relevância para a sociedade civil de um tema que, naturalmente, a todos nos é muito caro. "Também o vice-presidente do Instituto Camões, Mário Filipe da Silva, lembra que as autoridades francesas e estas escolas têm autonomia e políticas internas próprias. "Não é uma questão que a França ou que uma determinada escola tenha que comunicar a Portugal ou ao Instituto Camões, mas é uma questão preocupante e pela nossa parte não é uma questão arrumada", explicou. "Estamos a trabalhar no sentido para que isso não suceda. " Para já, o Instituto Camões está a avaliar as políticas em relação às línguas dessas instituições, que tradicionalmente eram pela diversidade. "Tendo em conta que a língua portuguesa tem vindo a ganhar importância e visibilidade internacional, estas instituições francesas estão a ir contracorrente. Estamos a tentar obviar a que isso suceda", acrescentou. Lutar contra estereótipoO conselheiro da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo (de origem portuguesa) apoia a petição e faz parte dos que estão a reagir, porque sabe que o número de pessoas que têm interesse pela língua portuguesa em França está a aumentar por causa de mercados emergentes como o Brasil ou Angola. "Temos uma política constante de considerar que o ensino da língua portuguesa está ligado à imigração e por isso não é prioritário. A essa interpretação junta-se a de não se considerar que a língua portuguesa seja indispensável para mercados exteriores. É um erro e um estereótipo. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola imigração educação ajuda comunidade chinês
Encontrados 279 cadáveres em valas comuns no Norte do México
As autoridades mexicanas encontraram este mês 279 cadáveres em diversas valas comuns no Norte do México, mas as buscas ainda continuam. A violência ligada ao narcotráfico já causou mais de 37 mil mortos no país desde 2006. (...)

Encontrados 279 cadáveres em valas comuns no Norte do México
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: As autoridades mexicanas encontraram este mês 279 cadáveres em diversas valas comuns no Norte do México, mas as buscas ainda continuam. A violência ligada ao narcotráfico já causou mais de 37 mil mortos no país desde 2006.
TEXTO: O Governo mexicano confirmou a descoberta de 183 cadáveres no estado de Tamaulipas e a detenção de 74 pessoas suspeitas de terem estado envolvidas em massacres, entre elas 17 polícias com alegadas ligações ao cartel da droga Los Zetas, um dos mais poderosos na região. Ao todo, desde o início do mês, foram encontradas 40 valas comuns no município de San Fernando, a 160 quilómetros da fronteira com os Estados Unidos, adiantou a procuradora Marisela Morales. San Fernando, onde em Agosto ocorreu o massacre de 72 pessoas que procuravam passar a fronteira para os EUA, fica no estado fronteiriço de Tamaulipas, um dos mais atingidos pela violência no México, a par do estado de Durango. Aqui foram também encontrados 96 corpos em duas valas comuns. “As escavações vão continuar e provavelmente serão encontrados mais corpos”, adiantou Marisela Morales, citada pela Reuters. Segundo a agência britânica, este mês já foram encontrados 279 corpos em valas comuns, na sequência de uma investigação iniciada após várias denúncias de raptos a passageiros de autocarros naquela região. Os assassínios e a violência ligada ao narcotráfico são um dos principais desafios que enfrenta o Governo do Presidente Felipe Calderón, muitas vezes contestado pela sua política de combate ao narcotráfico e a mobilização de mais de 50 mil soldados para para combater os cartéis que disputam as rotas de tráfico de droga para os EUA. Entre as 74 pessoas que foram detidas nos últimos dias estão alguns “líderes de células” do cartel Los Zetas e vários já confessaram a sua participação nos assassínios, adiantou Marisela Morales. A operação lançada após a descoberta das valas comuns para garantir a segurança da região já permitiu libertar 119 sequestrados, adiantou Morales. Na segunda-feira a polícia resgatou 51 imigrantes, entre eles14 guatemaltecos, dois hondurenhos, dois salvadorenhos, seis chineses e 27 mexicanos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Paulo Portas desvaloriza “esquerda/direita” e prefere “competência”
Numa visita a uma feira do livro e de artesanato no Satão, Viseu, Paulo Portas recebeu um cravo vermelho das mãos de um capitão de Abril. O momento parecia coroar o discurso feito momentos antes quando o presidente da junta de freguesia local (PS) lhe pediu para se coligar com o partido de Passos Coelho e apontou como vantagem ao CDS a maior atenção pelos “pobres”. (...)

Paulo Portas desvaloriza “esquerda/direita” e prefere “competência”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.142
DATA: 2011-05-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa visita a uma feira do livro e de artesanato no Satão, Viseu, Paulo Portas recebeu um cravo vermelho das mãos de um capitão de Abril. O momento parecia coroar o discurso feito momentos antes quando o presidente da junta de freguesia local (PS) lhe pediu para se coligar com o partido de Passos Coelho e apontou como vantagem ao CDS a maior atenção pelos “pobres”.
TEXTO: Em resposta ao autarca Armando Cunha, Paulo Portas desvalorizou a diferença entre “esquerda e direita”, num país “à beira da bancarrota”, preferindo substituir o discurso ideológico pelo critério da “competência”. E aproveitou para salientar o “compromisso social mais forte, mais vincado do CDS” face ao PSD que “não percebe que há gente nova” a ser obrigada a emigrar. “O importante nestas eleições não é direita nem esquerda, é a diferença entre realismo e ilusões”, disse Portas. Alguns passos mais à frente, numa das tendas da feira, em que estão expostas imagens de murais políticos de 1974, o líder do CDS recebe um cravo vermelho de um capitão de Abril que faz questão de distribuir as “flores da liberdade” por outros elementos da caravana. O líder do CDS comenta um dos cartazes do PCTP/MRPP: “Este é inspirado no maoísmo chinês”. E questionado pelos jornalistas sobre se ainda se vai dirigir aos simpatizantes centristas como “camaradas”, Portas cita o Presidente Kennedy. “Eu não te pergunto de onde tu vens mas o que queres fazer pelo teu país”, recordou, insistindo na desvalorização das “categorias ideológicas”.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
Discurso de Souto de Moura ao receber o Pritzker
O discurso de Souto de Moura ao receber o Pritzker 2011. (...)

Discurso de Souto de Moura ao receber o Pritzker
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: O discurso de Souto de Moura ao receber o Pritzker 2011.
TEXTO: Exmo. Sr. Presidente dos EUA, Presidente do Júri, elementos do Júri, meus Amigos, minhas Senhoras e meus Senhores, Só quando recebi o convite dizendo “Eduardo Souto de Moura of Portugal” é que acreditei que tinha ganho o Pritzker 2011. Não posso esconder que fiquei feliz, por mim, pela minha família, colaboradores, amigos e clientes. Em nome de todos, os meus sinceros agradecimentos. Aprendi a desenhar na Escola Italiana do Porto, cidade onde nasci, e no liceu decidi ser arquitecto. Não é que tivesse alguma paixão especial pela disciplina, mas na crise agnóstica dos 15 anos, duvidei se Deus devia ter descansado ao 7º dia. É que, pensando bem, ficou por fazer uma geografia como a de Delfos, a Acrópole para receber o Parténon ou secar um pântano no Illinois, onde a Farnsworth pudesse ficar. Em 1975 depois da Revolução dos Cravos, comecei a trabalhar com o Arqº Siza Vieira. Não só pela arquitectura, mas sobretudo pela pessoa em si, foi uma experiência excepcional que ainda hoje continuo a fazer com o mesmo prazer. Saí do seu escritório nos anos 80, para ser arquitecto. Foi difícil começar, mas usar a sua “linguagem” parecia-me uma traição e mesmo que o quisesse, não o conseguia fazer, por pudor. Depois da Revolução, e restabelecida a Democracia, abriu-se a oportunidade de redesenhar um país, onde faltavam escolas, hospitais, outros equipamentos, e sobretudo meio milhão de casas. Não era certamente o Pós-Modernismo, na altura em voga, que nos poderia resolver a questão. Construir meio milhão de casas, com frontões e colunas seria uma perda de energia, pois a ditadura já o tinha ensaiado. O Pós-Modernismo chegou a Portugal, sem quase termos passado pelo Movimento Moderno. É essa a ironia do nosso destino: “antes de o ser já o éramos”. Do que precisávamos era de uma linguagem clara, simples e pragmática para reconstruir um país, uma cultura, e ninguém melhor que o proibido Movimento Moderno poderia responder a esse desafio. Não era só um problema ideológico, mas sobretudo de coerência entre material, sistema construtivo e linguagem. Se “arquitectura é a vontade de uma época traduzida num espaço”, Mies van der Rohe abriu-nos as portas na redefinição da disciplina tão massacrada até aí, pela linguística, semiótica, sociologia e outras ciências afins. O importante é que a arquitectura fosse “construção”, assim com urgência, nos pedia o país. Com 10 séculos de História, Portugal encontra-se hoje numa grande crise social e económica, como já aconteceu em vários períodos anteriores. Hoje, como ontem, a solução para a arquitectura portuguesa é emigrar. Como dizia Paul Claudel: “Le Portugal est un pays en voyage, de temps en temps il touche l’Europe”. Resta-nos a “mudança”, como quer dizer a palavra “crise” em grego. Resta-nos decifrar o significado dos dois caracteres chineses que compõem a palavra “crise”: o primeiro significa “perigo”, o segundo “oportunidade”. Em África e noutras economias emergentes não nos faltarão oportunidades, o futuro é já aí. “Trabalhar na transmutação, na transformação, na metamorfose é obra própria nossa. ” (1)Muito obrigado. Eduardo Souto de Moura(1) Herberto Helder, “O Corpo. O Luxo, A Obra”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Isaac tem 10 anos e aprende mandarim para traduzir os negócios dos chineses
São João da Madeira é o único município do país onde o chinês é uma disciplina curricular no 1.º ciclo e facultativa no 5.º ano. Um projecto pioneiro que, neste momento, envolve 669 alunos e que vai crescer até ao final do secundário. Uma iniciativa com os olhos postos no outro lado do mundo. (...)

Isaac tem 10 anos e aprende mandarim para traduzir os negócios dos chineses
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.05
DATA: 2015-02-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: São João da Madeira é o único município do país onde o chinês é uma disciplina curricular no 1.º ciclo e facultativa no 5.º ano. Um projecto pioneiro que, neste momento, envolve 669 alunos e que vai crescer até ao final do secundário. Uma iniciativa com os olhos postos no outro lado do mundo.
TEXTO: São 12h25 e uma turma do 5. º ano está preparada para mais uma aula de mandarim na Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite, em São João da Madeira. Isaac quer aprender a língua para entender os negócios dos chineses. Vitória não se importará de ser tradutora dos turistas que cheguem do outro lado do mundo. Bruna já ajudou a mãe a perceber o número do tamanho de uma camisola numa loja de chineses. Mafalda quer ser médica, mas caso tenha de partir para a China terá uma grande vantagem na ponta da língua. A campainha acaba de soar e à quinta-feira, uma vez por semana, durante 50 minutos, a turma de 16 alunos aprende chinês. Rafael Figueira coloca em cima da mesa os apontamentos dos anos anteriores, do 3. º e 4. º ano, fichas com desenhos, caracteres, exercícios, frases. A professora Zhang Ying apresenta-se na primeira aula com essa turma com uma curta saudação em chinês. Isaac põe imediatamente o dedo no ar para garantir que tinha percebido tudo. “Olá, sou a professora Cristina”, traduz. Joana Oliveira, a outra professora da sala, confirma que está certo. É hora de começar a correcção da ficha de revisão dos conteúdos leccionados nos anos anteriores. São nove páginas de exercícios para escrever no quadro. São João da Madeira é o único concelho do país que ensina chinês no 1. º e 2. º ciclos do ensino público e em que no 3. º e 4. º é uma disciplina obrigatória que faz parte do plano curricular das nove escolas. No 5. º ano, aprender chinês é facultativo. O projecto pioneiro, coordenado pela Universidade de Aveiro e monitorizado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), começou no ano lectivo 2012/2013 com 300 crianças do 3. º ano. Em 2013/2014, o número aumentou para 582 alunos do 3. º e 4. º. Este ano, tem 669 no 3. º, 4. º e 5. º. A meta está traçada: subir um ano por cada ano lectivo até chegar ao 12. º do secundário. É a primeira vez que o 5. º ano tem mandarim. As aulas começaram excepcionalmente em Janeiro. O MEC aprovou esse novo ano ainda antes do período lectivo arrancar, mas a autorização só foi dada em Dezembro. A turma do 5. º tenta recuperar tempo perdido. O sumário é escrito em português nos cadernos, Joana Oliveira pergunta quem quer ir ao quadro, enquanto Zhang Ying circula pela sala a tirar dúvidas, a corrigir detalhes, a apagar um minúsculo traço de um caracter chinês, a mostrar como se escrevem e se pronunciam frases. Ajudar nos negóciosEscrevem-se números, fazem-se contas. Rafael Figueira tem 10 anos e entre as aulas e o futebol encaixou o mandarim. “Nos outros anos, gostei muito de aprender chinês e era um desperdício não continuar porque é muito importante para o meu futuro”, garante. Surgem os termos de unidade. “Primeiro o número, depois o termo de unidade e depois a palavra”, explica a professora Joana. É preciso ir ao quadro escrever sete coisas, 35 pessoas, 73 livros. Há também uma sopa de caracteres, pronomes pessoais no singular e no plural e verbos. “Os verbos são muito importantes”, avisa a professora. Rafael vai ao quadro para ligar os verbos ter, ser, olhar e amar aos caracteres chineses. Seguem-se mais revisões para interiorizar como se escreve e pronuncia eu, tu, ele e ela. Isaac Soares tem 10 anos e explica o que a turma aprendeu nos últimos dois anos. “Sabemos contar até 99, sabemos os pronomes, os países, as cores, os membros da família, as partes do corpo humano, alguns verbos e escrever caracteres”. Isaac quer ser médico e quer continuar a aprender mandarim. Nunca se sabe as voltas que o mundo dá. “Gosto muito de andar no mandarim, pode ajudar-nos no futuro. Se formos para outros países podemos traduzir os negócios dos chineses”. A colega Mafalda Pinheiro está plenamente de acordo. Também tem 10 anos, também quer ser médica. “Sei que o chinês é bom para ajudar nos negócios. Eu quero ser médica, mas se não encontrar emprego aqui e se tiver de emigrar para a China já sei falar essa língua”, diz de um fôlego. Os caracteres, volta e meia, dão-lhe algumas dores de cabeça, mas não desiste. “Gosto de aprender chinês, é importante aprender outras línguas. A minha mãe também diz que é importante saber coisas novas. ”Vitória Babeshko fala em negócios, em traduções, em dominar línguas. Vitória é russa, tem 11 anos, é uma aluna aplicada sempre com o dedo no ar para ir ao quadro. “É muito divertido. A minha mãe diz que é importante aprender novas línguas”. Vitória fala português, russo e agora aprende mandarim. “Saber chinês ajuda-nos nos negócios para o futuro. Poderei ir para a China e para vários países e posso ser tradutora quando os chineses vierem para Portugal de férias”, diz a Vitória que quer ser veterinária. E o que Bruna Santos, de 10 anos, aprendeu nas aulas de mandarim já deu para ajudar a mãe numa loja de chineses. Traduziu o número da camisola sem precisar de ajuda do empregado. A prima também está aprender mandarim e, volta e meia, juntam-se para estudar e partilhar o que sabem. “Gosto de aprender esta língua”, assegura Bruna que quer ser psicóloga.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação ajuda corpo chinês
Comer o mundo. E perceber porquê
A jornalista britânica Mina Holland fez um livro que nos transporta para 39 regiões do mundo (incluindo Portugal) e explica porque é que em cada uma se comem coisas diferentes, cozinhadas de mil formas diferentes. Um Atlas que é “uma celebração da viagem através da comida” (...)

Comer o mundo. E perceber porquê
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Animais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A jornalista britânica Mina Holland fez um livro que nos transporta para 39 regiões do mundo (incluindo Portugal) e explica porque é que em cada uma se comem coisas diferentes, cozinhadas de mil formas diferentes. Um Atlas que é “uma celebração da viagem através da comida”
TEXTO: Quando era pequena, na Grã-Bretanha, Mina Holland comia “um soberbo kedgeree” — bagos de arroz entremeados com cebola frita, ovo cozido e eglefim fumado — feito pela avó, convencida de que era uma especialidade britânica e ignorando que se tratava de um prato originário da Índia. Foi também na infância, teria Mina uns nove anos, que experimentou pela primeira vez borscht, a sopa de beterraba muito apreciada nos países do Leste e que a avó da sua amiga Emilia Brunicki preparava. “Lembro-me de caminhar pelo corredor rústico da casa dela, no Sul de Londres, onde o aroma das beterrabas, do caldo de carne e de algo bom a ser cozinhado em lume branco me envolvia”, recorda no livro O Atlas Gastronómico — Uma Viagem ao Mundo em 39 Cozinhas Internacionais, que acaba de ser editado em Portugal pela Lua de Papel. O livro está cheio destas memórias de infância dos sabores com os quais Mina se cruzava frequentemente numa Londres em que era fácil encontrar (e misturar) cozinhas de muitas partes do mundo, ou em sítios mais exóticos como Pattaya, o empreendimento turístico de praias na Tailândia para onde o avô foi viver quando se reformou e onde o arroz reinava. É muitas vezes a partir dessas memórias que a viagem começa. E a viagem, para esta jornalista britânica, editora do suplemento de gastronomia e vinhos do diário The Guardian, passa pelas tais 39 cozinhas internacionais, que podem ser de uma região ou de um país. O Altas Gastronómico — vencedor da edição de 2015 de Melhor Livro de Viagens Culinário atribuído pela Gourmand World Cookbook Awards — explica as razões pelas quais num país se come de determinada maneira ao mesmo tempo que mostra como ingredientes e sabores se cruzam pelo mundo, às vezes de forma inesperada. Veja-se o Irão, uma das cozinhas mais fascinantes analisadas no livro. Mina começa por notar que, ao contrário do cinema ou da música, que são chamados “iranianos”, quando se fala de gastronomia, esta é “persa”. Há uma razão: “A gastronomia persa tem-se mantido praticamente inalterada ao longo dos séculos” em parte devido “à recente história iraniana de isolamento político e cultural do Ocidente”. Mina acha simplista a separação das cozinhas do Médio Oriente de acordo com a essência que escolhem para a água: água de rosas no Irão e na Turquia, flor de laranjeira no Levante e em Marrocos. E defende que “devido às especiarias que usa (feno-grego, cominhos, coentros) e por depender tanto do arroz, a comida persa alinha-se mais com as gastronomias do Norte da Índia e do Paquistão do que com as do Médio Oriente e do Norte de África”. A seguir somos transportados para um universo que podemos apenas imaginar, quando Mina descreve a “arte na combinação de sabores da comida persa”, que resulta em pratos como beringela com nozes, coroada com coalho espesso; ginjas com borrego; frango com laranja e açafrão; espinafres, iogurte e passas. No final desse capítulo, bem como em todos os outros, há uma lista de compras dos ingredientes básicos para fazermos este tipo de cozinha em casa e duas ou três receitas (no caso do Irão, frango com uva-espim, iogurte e casca de laranja; borrego com ervilhas-de-quebrar, lima seca e beringela; e o fantástico arroz chelow). O Atlas reflecte os aspectos da comida que me interessam, os sítios onde estive, as refeições que comi e a forma como combina comida, viagens e literatura é um reflexo de mim”É neste equilíbrio entre histórias pessoais, factos históricos e sabores que atravessamos o mundo, numa viagem interrompida aqui e ali por mapas que comparam como diferentes países fazem a base de um refogado ou mostram como viajou o açúcar ou como se distribuem as especiarias — rosmaninho, louro, alfazema e funcho no Mediterrâneo, açafrão no Irão, cravinho na Indonésia, gengibre, erva-príncipe, lima kaffir e citrinos no Sul da Ásia, açúcar, cardamono e curcuma na Índia. Mina explica à Revista 2 por email que escreveu “um livro profundamente pessoal”. O Atlas “reflecte os aspectos da comida que me interessam, os sítios onde estive, as refeições que comi e a forma como combina comida, viagens e literatura é um reflexo de mim”. Não há imagens. “O livro utiliza uma forma antiquada de ensinar o leitor a cozinhar e transmitir-lhe informações sobre comida”, resume. “Queria que as pessoas sentissem que o podiam usar na cozinha mas também ler na cama ou levar para as férias. E que fosse um passaporte para aventuras na cozinha e uma celebração da viagem através da comida. ”Esta passagem por grande parte do mundo inclui Portugal, que Mina conhece mas não de forma tão profunda como outros países ou regiões onde viveu, da Espanha à Califórnia e a algumas partes da América Latina. “Nesses, partia da minha experiência e das relações com pessoas locais; nos outros, falava com conhecedores em Londres, de chefs a pessoas que cozinham em casa. ” No caso de Portugal, a fonte principal foi Nuno Mendes, o português que tem conquistado os londrinos com os seus restaurantes — o mais recente dos quais é a Taberna do Mercado — e que tem também uma coluna sobre comida no The Guardian. O capítulo inicia-se com uma citação de Viagem a Portugal de José Saramago a lembrar-nos que nenhuma viagem é a mesma duas vezes e a abrir caminho às memórias de Nuno Mendes (que teve um restaurante chamado Viajante) de uma açorda alentejana e da avó Maria Luísa a trabalhar na sua cozinha no Alentejo. Mina descobre aí uma “comida comunal, enraizada no espírito de partilha”, que lhe faz lembrar países que foram colónias portuguesas, com “as paneladas brasileiras”. Acha particularmente fascinante a carne em vinha d’alhos, inspiração do vindaloo goês. Outra coisa que lhe desperta a atenção é, no Alentejo e Algarve, pratos que misturam o marisco com a carne e, nos Açores, “a técnica invulgar de cozinhar demoradamente no solo”, um processo em que “o calor vulcânico mescla os aromas da carne, do sangue, do alho, do chouriço, do toucinho e da couve, no poderoso cozido das Furnas”. Ainda falando de cruzamentos e influências, “os sabores de muitos pudins portugueses não ficariam deslocados no Norte de África ou no Médio Oriente, com as suas combinações doces de frutos secos, citrinos e outras frutas”. No final, Mina escreve que “enquanto outras culinárias da Europa ocidental como a francesa e a espanhola, são afamadas tanto pela haute cuisine como pela cozinha caseira, aqui a ‘comida campesina’ ainda ocupa uma posição de destaque” com guisados, sopas e pratos à base de pão. O que, conclui, a torna fácil de reproduzir em casa. E deixa duas receitas: açorda de bacalhau à alentejana e toucinho do céu. Perguntamos-lhe se, nos vários países que conhece, as pessoas têm consciência dos tais cruzamentos e influências de ingredientes, pratos, receitas. “Julgo que não”, responde, “embora não queira partir do princípio de que as pessoas são ignorantes relativamente às influências que existem nas suas culinárias. Estou convencida de que a maioria dos britânicos não imagina que dois ingredientes que usam regularmente, batatas e tomates, são originários da América Latina, embora não se possa aplicar isto a toda a gente”. E estarão estas cozinhas em risco de desaparecer? “Na maioria dos casos, há hoje uma tradição de escrever receitas que não acontecia no passado. Por isso acredito que, mesmo que mude a forma como alguns ingredientes regionais são usados e os pratos regionais são preparados, conseguiremos preservá-los. ”Continuará, no entanto, a haver transformações como sempre houve na história da culinária. “O aumento da imigração significa que as cozinhas regionais vão inevitavelmente alterar-se e ser reinterpretadas. Não devemos lamentar isso, desde que não percamos a tradição de vista. Pelo contrário, acredito que é algo que devemos celebrar. As mudanças que acompanham o movimento das pessoas fazem parte da natureza da cozinha e isso é profundamente excitante. ”Precisamente porque as comidas viajam, foi quando era estudante na Universidade de Berkeley, na Califórnia, que Mina entrou no mundo dos restaurantes — e, curiosamente, foi aí que deixou de ser vegetariana e decidiu voltar a comer carne (“quem consegue resistir aos pratos persas com galinha?”, pergunta). Descobriu os vinhos do Novo Mundo (o livro tem também uma parte dedicada às castas mundiais) e explorou cozinhas como a mexicana ou a japonesa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi depois dessas experiências que Mina desistiu da carreira em publicidade e começou a escrever sobre comida. A ideia de fazer o Atlas “comestível” surgiu nesse período em que, desempregada, escrevia de graça para várias publicações. “Não tinha dinheiro para comprar todos os livros de cozinha com que sonhava, por isso pensei em fazer um que reunisse informação sobre várias cozinhas. ”O resultado “é uma carta de amor ao turismo gastronómico”, na qual aprendemos, por exemplo que a cidade de Lucknow, na Índia, anteriormente chamava-se Awadh. “O termo awadhi continua a ser usado para referir a gastronomia local, que resulta de três factores. Em primeiro lugar, a adopção dos tandoors do Norte da Índia e dos grelhados do Punjab e de Caxemira; em segundo, os efeitos duradouros dos colonizadores mongóis dos séculos XVI e XVII, os imperadores persas que fizeram de Lucknow a capital; e, por fim, a influência da cidade santa de Benares (ou Varanasi), a pouco mais de 300 kms, que alberga uns 50 mil hindus brâmanes vegetarianos e onde, historicamente, os matadouros eram ilegais. ”E isto é só o princípio de uma história fascinante sobre o que se come naquela zona do mundo e porquê. Uma história que esteve sempre perto de Mina mesmo quando ela não o sabia: foi na Índia que nasceu a avó paterna, que cozinhava o tal “soberbo kedgeree”. É por isso que, diz, às vezes não é preciso viajar muito longe, nem sequer ter passaporte.
REFERÊNCIAS: