Uma conta de Instagram para espreitar designers portugueses (e sair inspirado)
Há uma nova conta no Instagram a querer mostrar o que os designers gráficos andam a fazer. The Portuguese Design tem como curador um designer de 29 anos de Arcos de Valdevez. (...)

Uma conta de Instagram para espreitar designers portugueses (e sair inspirado)
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há uma nova conta no Instagram a querer mostrar o que os designers gráficos andam a fazer. The Portuguese Design tem como curador um designer de 29 anos de Arcos de Valdevez.
TEXTO: “Designers portugueses, dispersem-se!”, atirava a plataforma Dizer Demografia, em 2013. Designers portugueses, unam-se, incentivava, por outro lado, o site Design Português, criado durante o Ano do Design Português, em 2014. Agora, Rui Pedro Aguiam, o designer por detrás da conta de Instagram The Portuguese Design, vem convidar ainda a outra coisa: designers portugueses, mostrem-se. Apesar dos vários slogans, os três projectos surgiram para dar resposta às mesmas três perguntas: quem são, onde estão e o que fazem os designers portugueses? Mas, ao contrário dos antecessores, o projecto criado mais recentemente pelo jovem minhoto não pretende traçar um mapa do território dos designers portugueses. Quer, antes, criar um espaço de inspiração e curadoria de (e para) designers portugueses — numa primeira fase com enfoque na vertente do desenho gráfico e da tipografia. “Quero juntar uma comunidade para mostrar o que melhor se faz cá a todo o mundo”, apresenta-se o designer autodidacta de 29 anos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Designer gráfico há 11 anos, Aguiam trabalha a partir de Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, na criação de identidades de marcas e logótipos “da cidade e de fora”. “E não sei se é por estar numa zona mais afastada dos grandes pólos, mas não vejo que haja uma comunidade dentro da profissão. ”Segundo dados da Associação Portuguesa de Designers avançados ao P3, estima-se que existam actualmente em Portugal entre 24 a 25 mil designers licenciados. Há, no entanto, "muito pouca informação" sobre estes profissionais, incluindo quantos estão desempregados ou quantos emigraram, lamenta Nuno Sá Leal, professor e presidente da associação que tenta há vários anos criar uma Ordem de Designers. Para mostrar o que todos andam a fazer, Rui Pedro desafia os colegas a usarem a hashtag #theptdesign na próxima vez que partilharem projectos (e trabalhos académicos) no Instagram. Assim, os trabalhos de ateliers, estudantes e freelancers caem no radar do curador da página e podem ser destacados na conta que, até agora, juntou cerca de 600 seguidores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade
Amorim, quatro gerações de decisões temerárias
Da pequena oficina de rolhas numa Rua de Vila Nova de Gaia até à maior transformadora de produtos de cortiça do mundo, a história do grupo Amorim é feita de persistência e de visão. e de uma inabalável fé na cortiça (...)

Amorim, quatro gerações de decisões temerárias
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Da pequena oficina de rolhas numa Rua de Vila Nova de Gaia até à maior transformadora de produtos de cortiça do mundo, a história do grupo Amorim é feita de persistência e de visão. e de uma inabalável fé na cortiça
TEXTO: Foi pertinho do actual largo Sandeman, em Vila Nova de Gaia, numas pequenas instalações da Rua dos Marinheiros, que então com 38 anos, António Alves Amorim fundou uma pequena oficina de rolhas de cortiça. Estávamos em 1870 e foi aí que arrancou não só a história de umas das empresas mais antigas de Portugal - numa lista organizada pelo PÚBLICO com o apoio da Informa D&B – mas também a história da empresa que chegou à liderança mundial no sector da cortiça, conquistando uma posição que está apostada em não perder. A pequena oficina transformou-se, 148 anos e quatro gerações depois, na maior transformadora de produtos de cortiça do mundo, gera um volume de negócios superior a 700 milhões de euros numa centena de países, tem dez unidades industriais de matérias-primas e 20 unidades industriais de soluções de cortiça. Sempre nas mãos da mesma família. É uma história carregada de curiosidades e de decisões temerárias, que, afinal, a tornam ainda mais única. Porque não há muitos exemplos no mundo de uma empresa que é líder a partir de Portugal, e menos exemplos ainda de empresas que conquistaram essa liderança a vender um produto tradicional, e que conseguiu manter-se na mesma família há quatro gerações. E que continua a ter nas rolhas para vinho a sua principal fonte de receita, mostrando que as crónicas da morte anunciada foram precipitadas, e que os funerais que estiveram marcados por duas vezes não se chegaram a concretizar. Mas já lá vamos. Antes disso é preciso voltar a António Alves Amorim, e à primeira decisão temerária na família. Talvez essa decisão tenha sido até mais impulsionada por Ana Pinto Alves, a mulher que tinha apenas cinco anos de idade quando António Alves Amorim abriu a oficina na Rua dos Marinheiros. E que veio a casar com ele mais tarde quando tinha apenas 21 anos. Diz-se que homem velho e mulher nova, são filhos até à cova, e o casal teve nove filhos. A agricultura não era suficiente para sustentar tanta gente, e a oficina da rua dos Marinheiros era demasiado pequena para as necessidades – e para a ambição. Aos 76 anos de idade, António Alves Amorim lança-se a um novo desafio, agora na sua área geográfica de origem, Santa Maria de Lamas, e nas traseiras da casa que habitavam criaram o “alpendre da cortinha”, designação que tinham então (1908) os locais onde se trabalhava a cortiça. Poucos anos mais tarde fica concluída a construção de uma fábrica que iria acolher os nove irmãos, filhos do casal: a Amorim & Irmãos fica concluída 11 de Março de 1922, e a firma familiar é registada com um capital social de 90 mil escudos e uma dívida de 800 contos para pagar de empréstimo para a construção. O fundador morreu uns meses depois, com 90 anos de idade. Ana Pinto Alves faleceu quatro anos depois. Os destinos da Amorim & Irmãos passaram para a geração seguinte. Dos nove filhos, três emigraram para o Brasil, um fez uma fábrica no Rio de Janeiro, outro avançou com uma fábrica em São Paulo. As preocupações dos Amorim passaram a ser, também, estes irmãos emigrados: para além das rolhas que continuavam a produzir, e a vender, a partir de cortiça no Douro, era também preciso assegurar a matéria-prima para aqueles irmãos que tinham ido para o Brasil. E é aqui que começa a sabedoria familiar e o conhecimento da matéria-prima que começam a construir. Dos seis irmãos que ficaram em Portugal, um tornou-se padre, mas os outros cinco dedicaram-se totalmente à empresa, sendo que dois deles assumiram um maior protagonismo: o irmãos mais velho e o irmão mais novo do clã familiar, que foram uma espécie de Chairman e Chief Executive Officer da empresa quando a utilização destas terminologias ainda estavam muito longe de ser uma realidade. José Alves Amorim estabeleceu-se no Porto, adquiriu contactos e experiências essenciais para assumir a responsabilidade pela área financeira da empresa e definir algumas estratégias. Henrique Alves Amorim, o mais novo, era o operacional no terreno, foi quem teve a iniciativa de sair do Douro e começar a comprar cortiça para o Alentejo, quem começou a fazer grandes viagens de comboio para Alemanha e para a Holanda, quem acordou com o cônsul de Portugal em Bayonne uma forma de fazer chegar a Portugal a cortiça que era transformada em França. Porque Portugal agora é líder na transformação do sector, mas na altura a indústria estava em Catalunha, em França, na Alemanha ou na Suíça. Em Portugal só havia matéria-prima. Henrique Alves Amorim acabou mais tarde agraciado com o título de Comendador, pela transformação social, cultural e económica que levou a Santa Maria de Lamas. Foi com os irmãos desta geração que se deu outra decisão fundamental, em 1939: os irmãos ausentes da empresa, ou por estarem no Brasil ou por se terem dedicado ao sacerdócio, deveriam vender as suas quotas aos irmãos mais activos em Santa Maria da Feira. E assim a Amorim e Irmãos passou a ser reduzida a cinco sócios, e era chegada a altura de começar a entrar a geração seguinte aquela em que se notabilizou Américo Amorim. Foi a partir dos anos 50, e ainda com Henrique Alves Amorim na liderança da empresa que começam a ganhar protagonismo os sobrinhos Joaquim, António e Américo, este ultimo a quem é imputada a decisão de trazer a transformação da cortiça para Portugal e a instalação da Corticeira Amorim. Nova decisão familiar, e correspondentes alterações na estrutura da empresa. Em Junho de 1969, uma nova decisão entre primos, e a concentração de quotas nos primos activos e presentes (com a compra da participação dos tios sem filhos e das quotas dos descendentes de José Alves Amorim, os “primos do Porto”) e começa oficialmente a fase de internacionalização da empresa. “O poder tractor do tio Américo”, como se lhe refere o actual presidente da empresa António Rios Amorim, ajudou-a a chegar ao lugar que agora ocupa, mesmo tendo-se dispersado em outras áreas de negócio. António Rios Amorim chegou à liderança do grupo em 2001, sucedendo a Américo Amorim precisamente no ano em que, pela primeira vez, depois de 30 anos de crescimento, a Corticeira Amorim teve prejuízos. Se isso o desmoralizou? “Pelo contrário. Pior não podia ser. A partir daí tinha de ser a construir”, diz António Rios Amorim ao P2. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E é a Rios Amorim que deve ser atribuída, talvez, a decisão mais temerária de todas as que já foram tomadas no grupo. Com a saída de Américo Amorim, houve uma discussão interna sobre se o grupo também diversificava ou se ficava na cortiça. E num momento em que parecia que outros materiais é que eram a modernidade, o grupo Amorim decidiu-se pela tradição. “Acho que isto só foi possível pela nossa convicção forte de que a cortiça é um produto tão único e nobre, que se nos dedicarmos a ele vamos conseguir transmitir tudo o que vemos nele às outras pessoas”, explica Rios Amorim. O grupo criou gabinetes de I&D, apostou nas novas tecnologias, empenhou-se em mostrar ao mundo as vantagens ecológicas e ambientais que a cortiça tem face aos outros materiais. Hoje em dia já não são os vedantes de plásticos, as screwcaps ou o mal afamado “cheiro a rolha”, que ameaçou a industria das rolhas de cortiça no inicio deste milénio, quem traz respeito aos responsáveis da empresa. “O grande desafio que temos pela frente é plantar sobreiros. Para ter a certeza de que este crescimento é suportado por uma oferta de matéria-prima que sustente as ambições legítimas de um sector que sabe que trabalha com um produto natural fantástico que construi para a sustentabilidade do planeta”, sintetiza Rios Amorim. O grupo Amorim está agora envolvido num projecto de intervenção florestal, empenhado em demonstrar ao mundo que é possível fazer outro tipo de plantações de montado, com uma taxa de sobrevivência superior à actual e cuja produção de cortiça pode ser antecipada. "Queremos demonstrar que com apenas mais 7% de área de montado seremos capazes de produzir mais 30 a 35% de cortiça", diz Rios Amorim. O objectivo é chegar aos 50 mil hectares. Por enquanto já há 400 plantados.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte concentração mulher homem social espécie faleceu
Liberdade de escolha e reforma do sistema de saúde
O aumento da esperança de vida e a concomitante redução do número de ativos por idoso implicará uma pressão acrescida sobre a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde. (...)

Liberdade de escolha e reforma do sistema de saúde
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O aumento da esperança de vida e a concomitante redução do número de ativos por idoso implicará uma pressão acrescida sobre a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde.
TEXTO: Um dos desafios com que a sociedade portuguesa terá que lidar nas próximas décadas consiste na sua adaptação a um contexto de declínio demográfico e de envelhecimento progressivo. Mesmo que haja algum aumento da natalidade e da imigração que compense o atual saldo natural, negativo em quase 25 mil pessoas, de forma a manter constante o número de habitantes do país, o aumento da esperança de vida e a concomitante redução do número de ativos por idoso (atualmente em três, quando era o dobro no início da década de setenta) implicará uma pressão acrescida sobre a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde. Segundo as projeções constantes no relatório da Comissão Europeia “The 2018 Ageing Report”, nas próximas quatro décadas, a pressão orçamental na segurança social não virá tanto pelo lado da despesa em pensões, em trono dos 14% do PIB, mas mais pela redução das contribuições associada ao declínio na população empregada. Já no caso das despesas públicas com a saúde é esperado um aumento dos 5% atuais do PIB para mais de 8% em 2050. Assim, em números redondos, daqui a quatro décadas, a despesa pública com os mais velhos estará entre um quinto e um quarto do PIB. É, pois, um imperativo delinear políticas públicas que permitam garantir a qualidade e a quantidade dos serviços prestados sem comprometer o equilíbrio orçamental a longo prazo. Foi a constatação da dificuldade em manter as despesas em saúde sob controlo que levou a que vários países, como a Holanda, a Alemanha, o Reino Unido e a França, tenham realizado reformas nos seus sistemas de saúde nas últimas décadas, introduzindo elementos de maior descentralização a favor de uma maior concorrência entre prestadores. A experiência de França é de particular interesse para o caso português. Em primeiro lugar porque o sistema de saúde francês é considerado dos melhores do mundo – a elevada esperança de vida dos franceses, acima dos 82 anos, é prova disso mesmo. Em segundo lugar, tal como em Portugal, os serviços são prestados por estabelecimentos de saúde do setor público, do setor não-lucrativo e do setor privado lucrativo. Em terceiro lugar porque as reformas implementadas na década passada resultaram numa melhoria da qualidade dos serviços prestados sem terem comprometido a despesa pública. Os economistas franceses Laurent Gobillon e Carine Milcent da Paris School of Economics avaliaram os efeitos da reforma ocorrida entre 2004 e 2008, que promoveu uma maior concorrência entre prestadores, ao introduzir o sistema de pagamento baseado em Grupos de Diagnóstico Homogéneo (GDHs). Após esta reforma, os hospitais passaram a receber de acordo com a sua atividade medida através dos GDHs, que têm em conta o tipo de patologia, o diagnóstico do paciente e o grau de severidade da patologia. Como a cada GDH está associado um valor fixo, o total de receitas de um hospital passou a depender essencialmente do volume de doentes tratados por GDH e dos seus valores. Antes da reforma, os hospitais públicos e os hospitais de natureza não-lucrativa com acordos com o sistema público recebiam de acordo com um orçamento global, fixado mais de acordo com os valores de anos anteriores do que com os serviços prestados. Esta reforma teve lugar num contexto em que o utente escolhe livremente o serviço de saúde, sendo o pagamento ao prestador efetuado pelo Estado de acordo com os valores fixados por GDH num esquema muito semelhante à ADSE portuguesa. Os autores concluíram que a reforma teve um impacto significativo na diminuição das taxas de mortalidade de pacientes de hospitais da rede não-lucrativa, nomeadamente aqueles localizados em cidades com maior oferta de serviços de saúde. Maior concorrência, num mercado regulado em que os preços são fixados pelo Estado, resultou em maior qualidade nas unidades com maior autonomia de gestão, nomeadamente aquelas que pertenciam ao setor não-lucrativo. Da experiência francesa é possível retirar algumas ideias para o debate premente sobre como proporcionar melhores cuidados de saúde, em particular àqueles que mais precisam. O setor social tem uma presença significativa na sociedade portuguesa. Segundo a Conta Satélite da Economia Social, publicada pelo INE, em 2013 existiam em Portugal 61 mil entidades, representando 2, 8% do VAB e 5, 2% do emprego, das quais cerca de 5600 são IPSS. Este é um setor que muito tem contribuído para proporcionar cuidados de proximidade a um conjunto alargado da população, assumindo um papel preponderante, e muitas vezes único no apoio à terceira idade. No entanto, a relação do Estado com este setor está longe de ser clara, confundindo-se o seu papel de regulador com o papel de prestador, havendo inúmeros exemplos a nível local desta disfunção. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Importa, assim, debater em que medida, e à semelhança do caso francês, deve ser atribuído um maior poder de decisão ao utente, em particular concedendo-lhe liberdade de escolha do prestador, assumindo o Estado um papel efetivo de regulação e de garantia da qualidade dos serviços. Essa maior autonomia do cidadão deveria ser também uma reivindicação por parte dos dirigentes do setor social, em vez de focarem a sua intervenção junto das entidades públicas em aspetos de natureza orçamental. Os autores escrevem segundo o novo Acordo OrtográficoCidadania Social – Associação para a Intervenção e Reflexão de Políticas Sociais – www. cidadaniasocial. pt
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração social
Exército, passaportes, listas – países vizinhos tentam conter venezuelanos em fuga
Líderes políticos defendem solução “diplomática” enquanto adoptam medidas restritivas ao acolhimento dos fugitivos do regime de Maduro. Brasil envia exército para a fronteira, Peru e Equador barram pessoas sem passaporte. (...)

Exército, passaportes, listas – países vizinhos tentam conter venezuelanos em fuga
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Líderes políticos defendem solução “diplomática” enquanto adoptam medidas restritivas ao acolhimento dos fugitivos do regime de Maduro. Brasil envia exército para a fronteira, Peru e Equador barram pessoas sem passaporte.
TEXTO: Entre os representantes políticos dos vizinhos da Venezuela já ninguém tem dúvidas de que a fuga massiva de venezuelanos à crise económica, social e política em que está atolado o regime chavista é um problema para a região. Entre eles também já é ponto assente que é necessária uma resposta concertada. Não obstante, os avanços coordenados continuam a ser escassos. Temendo a violência e o colapso dos serviços públicos, os Estados estão a responder ao êxodo de forma independente, dando prioridade ao reforço das suas fronteiras e à adopção de medidas restritivas ao acolhimento dos fugitivos. O caso mais extremo deste tipo de abordagem envolve o Brasil. Na terça-feira à noite, o Presidente Michel Temer confirmou o envio de tropas para a região fronteiriça do estado de Roraima, no Norte do país, que há pouco mais de uma semana foi palco de um violento ataque contra um acampamento de imigrantes venezuelanos. Uma decisão radical, tomada para manter a ordem numa zona do Brasil onde a xenofobia tem crescido com o aumento do fluxo de pessoas fugidas à fome e à violência. “Vamos procurar apoio na comunidade internacional para a adopção de medidas diplomáticas firmes que solucionem esse problema”, assegurou, no entanto, Temer, no Twitter. "O problema da Venezuela não é mais de política interna. É uma ameaça à harmonia de todo o nosso continente", acrescentou. Também o Peru optou por tomar medidas drásticas para lidar com a imigração massiva. Na sequência de uma medida semelhante adoptada pelo Governo equatoriano uma semana antes, desde o passado sábado que só é autorizada a entrada no país de cidadãos venezuelanos munidos de passaporte – até aí era apenas exigido um bilhete de identidade. Para além disso, foram apertados os requisitos para o pedido de residência temporária, obrigatório para os imigrantes poderem trabalhar no Peru. Do total de 2, 3 milhões de pessoas que fugiram da Venezuela desde 2014, segundo os dados da Organização Internacional para as Migrações, mais de 354 mil entraram em território peruano, metade desse número de forma ilegal. De acordo com as autoridades migratórias peruanas, a entrada em vigor das medidas reduziu para metade o número de entradas de venezuelanos logo no primeiro dia. Mas as mesmas foram alvo de críticas por parte de opositores políticos e activistas que, lembrando a impossibilidade de solicitar um passaporte na actual Venezuela, acusam o Governo peruano de estar a fomentar o surgimento de contrabandistas. “Os políticos dizem querer fluxos ordenados de migrantes, mas com estas medidas estão a empurrá-los para os braços dos traficantes de pessoas”, lamenta Feline Freier, professora de Ciência Política da Universidade do Pacífico, em Lima, em declarações ao El País Brasil. No clube dos países mais próximos de uma Venezuela mergulhada na hiperinflação – e a tentar lutar contra ela com uma nova divisa, indexada à criptomoeda Petro (que não é reconhecida internacionalmente) –, é a Colômbia quem tem tentado dar o exemplo pela positiva. Pese ter acolhido mais de 870 mil venezuelanos nos últimos cinco anos, Bogotá recusa seguir Lima e Quito e exigir passaporte aos que chegam. “[Não podemos] castigar um povo pelos erros dos seus dirigentes”, justificou Christian Kruger, responsável pela agência estatal Migración Colombia. O Governo do ex-Presidente Juan Manuel Santos – substituído no início do mês por Iván Duque – criou um novo documento que permite o acesso dos migrantes ao mercado de trabalho e aos serviços básicos de saúde e educação. São igualmente as autoridades colombianas que procuram avançar com um plano coordenado na região. Na terça-feira foram dados, em Bogotá, os primeiros passos para um esforço concertado, que ainda se mostra tímido. Na sequência de um encontro com representantes peruanos e brasileiros, Colômbia e Peru acordaram criar uma base de dados conjunta para imigrantes venezuelanos que entrem nos dois países. O objectivo, diz Kruger, é “convidar os restantes países” do continente a juntarem-se à iniciativa e, com isso, criar condições para uma estratégia comum, que também pode incluir países como a Argentina, o Chile ou o México. “Queremos criar princípios básicos para podermos responder a este fenómeno migratório de maneira regional”, explica, citado pelo jornal colombiano El Espectador. A proposta será debatida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Equador e Colômbia, numa reunião marcada para a próxima semana em Quito. Segundo a Reuters, Peru e Brasil também poderão estar representados. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nesse encontro também deverá ser também abordada a situação insustentável junto à fronteira dos vários países com a Venezuela. A necessidade de assistência médica, comum a muitos dos que chegam, é outro enorme desafio trazido pela imigração desmesurada, principalmente porque ela é procurada em regiões limítrofes onde essa prestação já é insuficiente e deficitária para os habitantes locais. A situação está, por isso, a pôr uma enorme pressão sobre os serviços públicos locais e o Peru declarou estado de emergência sanitária em duas províncias do país junto à fronteira, para os próximos dois meses. Pedem-se, no entanto, medidas mais definitivas. “A solução para os problemas mais óbvios, como o colapso dos serviços de saúde, vai depender das políticas públicas que se apliquem. Os Governos têm de olhar para as vantagens trazidas pela imigração”, argumenta o economista venezuelano Dany Bahar, do think tank norte-americano Brookings Institution, que insiste na necessidade de um consenso regional. Os próximos passos serão decisivos para se perceber se é essa a vontade dos envolvidos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência imigração educação ataque fome comunidade social ilegal xenofobia
De Trump a Bolsonaro: tudo normal nas Américas?
O Presidente americano poderá perder, segundo as sondagens, a maioria no Congresso, embora a conserve no Senado. (...)

De Trump a Bolsonaro: tudo normal nas Américas?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.15
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente americano poderá perder, segundo as sondagens, a maioria no Congresso, embora a conserve no Senado.
TEXTO: Os norte-americanos vão às urnas na próxima terça-feira para eleger a nova Câmara dos Representantes, um terço do Senado e dois terços dos Governadores. As primeiras eleições intercalares da era Trump ocorrem num momento político e social muito tenso, na sequência do massacre numa sinagoga da Pensilvânia e do envio de cartas com explosivos a personalidades identificadas com o Partido Democrata, além do conflito previsível na fronteira com o México entre os emigrantes em marcha e o exército americano (Trump começou por ordenar que os militares respondessem com tiros ao arremesso de pedras para se desdizer vinte e quatro horas depois, como é, de resto, seu hábito, propondo a mera detenção dos agressores). Apesar de ter apostado a fundo na campanha de apoio aos candidatos republicanos, o Presidente americano poderá perder, segundo as sondagens, a maioria no Congresso, embora a conserve no Senado, o que traduziria um primeiro movimento de rejeição por parte dos eleitores, reagindo ao clima de ódio e violência implantado na sociedade americana e expresso nos recentes acontecimentos. Entretanto, no Brasil, a grande surpresa – ou talvez nem tanto – foi protagonizada pelo juiz Sérgio Moro, passando de magistrado todo poderoso da operação Lava Jacto e da prisão de Lula ao papel de super ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Se a transição e o conflito de interesses e estatutos se afiguram por demais evidentes e chocantes num Estado de Direito – ou, afinal, não serão? –, a compatibilização das agendas de Moro e Bolsonaro promete dar que falar, se pensarmos que, depois de tudo o que sabemos dele (nomeadamente dos seus fervorosos elogios da ditadura militar e da tortura), o Presidente eleito se propõe lançar como uma das primeiras medidas emblemáticas do seu mandato a liberalização generalizada do porte de armas. Uma réplica, porventura ainda mais radical, da legislação em vigor no grande vizinho do Norte e de que Trump se tornou o mais desbragado defensor, apesar dos sucessivos acontecimentos, mais ou menos trágicos, que se têm multiplicado por causa de uma tradição inspirada na justiça expedita e primitiva do far-west. Sabe-se aonde conduziu a legislação norte-americana - ainda agora com o massacre na Pensilvânia - , mas Bolsonaro, qual anjo exterminador, encara o armamento individual dos brasileiros como uma das soluções expeditas ideais para acabar com a violência e o crime organizado - e nunca, jamais, como um factor suplementar de desordem, arbítrio e sangrento caos social. Pois é em cumplicidade estreita com tal personagem que, para já, o juiz Moro, manifestamente ofuscado pelo poder que lhe é oferecido, se propõe levar a cabo o seu projecto justiceiro, contando com o cansaço e até o desespero dos brasileiros perante o estado de insegurança e corrupção a que chegou o país. É edificante que no debate tantas vezes surrealista a que assistimos em Portugal sobre as causas e consequências do fenómeno Bolsonaro (ou também do fenómeno Trump) as recriminações de ordem ideológica e as obsessões do «politicamente correcto» se sobreponham à constatação daquilo que tende hoje a tornar o mundo em que vivemos ainda mais perigoso e descontrolado do que já era. A legitimação e banalização dos autoritarismos ou das personagens e regimes que favorecem o crescimento do ódio e da violência, mesmo quando se propõem combatê-los, é uma das maiores ameaças que espreitam estes tempos de desvario e confusão extrema de valores, tendo como pano de fundo a selva cada vez mais impenetrável das redes sociais. Se numa semana se diz que «um fascista é um fascista» não é possível passar as semanas seguintes a justificar - e a legitimar - a sua existência, a não ser que estejamos entretidos a jogar às escondidas com as palavras.
REFERÊNCIAS:
Governo propõe "mecanismo célere e ágil" para lesados do Banif
Clientes de sucursais exteriores do BES, incluindo na Venezuela, continuam sem solução para recuperar parte das poupanças. (...)

Governo propõe "mecanismo célere e ágil" para lesados do Banif
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Clientes de sucursais exteriores do BES, incluindo na Venezuela, continuam sem solução para recuperar parte das poupanças.
TEXTO: O Governo anunciou esta segunda-feira que propôs a criação de "um mecanismo célere e ágil" que permita a redução de "perdas sofridas pelos lesados não qualificados do Banif", já "aceite" pela comissão liquidatária e pela ALBOA - Associação de Lesados. Na sequência do anúncio, a ALBOA desconvocou a manifestação marcada para esta terça-feira, 11 de Dezembro, em frente à Assembleia da República, que seguiria depois para a residência oficial do primeiro-ministro. A proposta agora anunciada, e que o Executivo de António Costa se tinha comprometido a apresentar até Setembro, acontece depois de na passada sexta-feira, 7 de Dezembro, se ter realizado, na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, uma reunião tripartida entre Governo, comissão liquidatária do Banif - Banco Internacional do Funchal e a ALBOA. "Após um aprofundado trabalho de análise jurídica, atendendo às diferenças face ao caso dos lesados do papel comercial do BES, o Governo propôs na referida reunião que fosse adoptado um mecanismo célere e ágil com vista a reduzir as perdas sofridas pelos lesados não qualificados do Banif", é referido num comunicado do gabinete do primeiro-ministro. A nota do Governo refere que esse mecanismo consistirá "na constituição de uma comissão formada por três peritos para levarem a cabo, de forma isenta, imparcial e de acordo com regras de equidade, a tarefa de delimitar um perímetro de lesados não qualificados, com vista à criação por parte da ALBOA de um fundo de recuperação de créditos, nos termos da lei n. º 69/2017, de 11 de Agosto", lê-se na nota. E ainda que "essa sugestão foi aceite por todos na reunião tripartida", é adiantado. A solução que agora se perspectiva tem semelhanças com o fundo de recuperação de créditos criado pelo Governo e restantes intervenientes para os lesados do papel comercial do BES, que já está em curso, tendo sido paga a primeira tranche dos valores acordados. Este fundo é supervisionado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Em comunicado, a ALBOA congratula-se com o anúncio feito, salientando que “representa aquela luz ao fundo do túnel que dá esperança a vários milhares de cidadãos (na sua esmagadora maioria de fracos recursos e generalizada iliteracia financeira) de que se encontre finalmente uma solução que tarda e que, a concretizar-se, como se espera, será a todos os títulos justa”. Este anúncio surge praticamente três anos após a resolução do Banif. A ALBOA refere ainda que o passo seguinte será, em breve, a assinatura de um memorando de entendimento com o Governo, não sendo claro se ainda poderá ocorrer antes do natal. Outros lesados sem soluçãoDepois da solução encontrada para os antigos clientes do papel comercial do BES e agora do Banif, ainda há um conjunto de clientes de sucursais exteriores do BES, incluindo na Venezuela, que continuam de fora do mecanismo “célere e ágil” agora anunciado pelo Governo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Para os 150 ex-clientes do Banco Espírito Santo e das suas sucursais financeiras no exterior, a solução encontrada para os outros lesados do BES e agora para os lesados do BANIF, não os inclui”, refere a ABESD – Associação de Defesa de Clientes Bancários, que os representa. A ABESD reclama uma solução para todos os lesados bancários, sustentando que “todos foram vítimas de venda fraudulenta de produtos bancários tenham a possibilidade de participar nesse mesmo mecanismo de resolução”. “Apesar da disponibilidade do Governo para encontrar uma solução para os emigrantes e clientes das sucursais financeiras do BES, estamos há quase um ano a aguardar a criação de um grupo de trabalho para analisar a nossa situação”, refere a associação, lembrando que “a venda desajustada do perfil dos clientes foi já admitida pela CMVM em documentação que já foi partilhada com todas as entidades envolvidas neste processo - Governo, Banco de Portugal, deputados -, contudo o Governo ainda não inclui este grupo de lesados bancários em qualquer solução”. Com Lusa
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei
Seis detidos no Alentejo por suspeitas de tráfico de pessoas
Operação identificou mais de 200 estrangeiros em situação de exploração laboral. Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora diz que foram apreendidas “quantias em dinheiro, automóveis, munições e tabaco”. (...)

Seis detidos no Alentejo por suspeitas de tráfico de pessoas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Operação identificou mais de 200 estrangeiros em situação de exploração laboral. Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora diz que foram apreendidas “quantias em dinheiro, automóveis, munições e tabaco”.
TEXTO: Seis indivíduos foram detidos, no Alentejo, por suspeitas de tráfico de pessoas, numa operação que identificou mais de 200 estrangeiros em situação de exploração laboral. Em comunicado divulgado esta quarta-feira na sua página de Internet, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora indica que as detenções foram feitas, na terça-feira, em várias localidades do Baixo Alentejo. A operação, que contou com a participação de elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), envolveu a realização de “diligências de busca e apreensão” em cumprimento de mandados de busca domiciliária e não-domiciliária. Durante as buscas, adianta o DIAP, foram apreendidas “quantias em dinheiro, automóveis, munições e tabaco”, além de terem sido “identificadas mais de duas centenas de cidadãos estrangeiros em situação de exploração laboral”. O DIAP de Évora realça que “as vítimas, oriundas de países do Leste da Europa, eram colocadas em território nacional e sujeitas a exploração laboral em tarefas agrícolas”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quanto aos seis detidos, com idades compreendidas entre os 22 e os 47 anos, refere o comunicado, vão ser presentes a tribunal para o primeiro interrogatório judicial e aplicação de eventuais medidas de coacção. O inquérito e as respectivas diligências de investigação vão prosseguir, sendo o MP coadjuvado pela Direcção Central de Investigação do SEF. Em causa estão os crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e associação de auxílio à imigração ilegal.
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF
A culpa do Brexit é dos jornais — e dos ingleses
Os jornais ingleses têm sido tão bem sucedidos que acabaram por levar todo um país à ignorância, xenofobia e ao precipício do isolamento num mundo global, tornando esta ilha na ilha que efectivamente é e sempre foi, sem precisar de o ser. (...)

A culpa do Brexit é dos jornais — e dos ingleses
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os jornais ingleses têm sido tão bem sucedidos que acabaram por levar todo um país à ignorância, xenofobia e ao precipício do isolamento num mundo global, tornando esta ilha na ilha que efectivamente é e sempre foi, sem precisar de o ser.
TEXTO: Ainda mal se sabia do prolongamento do prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia e já os jornais do costume, vulgo o Daily Mirror, The Sun, Daily Mail, Daily Star, clamavam em grandes parangonas o horror de ficar um ano, ou mais, sob a égide da União Europeia, sob os grilhões da União Europeia, como se o Reino Unido não tivesse voz, como se a jangada de pedra não tivesse timoneiro, à deriva, sujeita aos caprichos dos 27, apenas interessados em rapinar as riquezas do Reino Unido através de vagas sucessivas de imigrantes. No dia em que o Reino Unido sair da União Europeia, com a subida em flecha do desemprego através da deslocalização de empresas e do coração financeiro da City de Londres mais a queda da libra para metade do valor do euro, ou menos ainda, os tablóides não demorarão dois segundos a culpar, em grandes parangonas, o governo britânico pelas más opções, pelo mau acordo, pela saída do Reino Unido da União Europeia. Esquizofrenia? Não, economia. Porque é preciso vender jornais e, para vender, em nome do lucro, estes jornais fazem tudo, fazendo corar de vergonha os tablóides portugueses, muitos anos-luz atrás da pouca vergonha que por aqui grassa. E por ser preciso vender, os jornais ingleses têm sido tão bem sucedidos que acabaram por levar todo um país à ignorância, xenofobia e ao precipício do isolamento num mundo global, tornando esta ilha na ilha que efectivamente é e sempre foi, sem precisar de o ser. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas a culpa não é só dos jornais, é dos ingleses também, e a Europa do lado de lá do canal, porque a Europa é lá, aqui é a Inglaterra, não é a Europa, e os ingleses sempre viveram com um pé dentro e um pé fora. Teimosamente divergentes do resto da Europa, desde a moeda à condução à esquerda sem esquecer o controlo fronteiriço, os ingleses foram sempre irredutíveis, orgulhosos, nacionalistas e religiosamente crentes no super poder do peixe com batatas fritas à sexta-feira. Por tudo isto não é de surpreender a extensão do prazo para a suposta saída de um mercado único que precisa tanto do Reino Unido como o Reino Unido precisa do mercado único, para o bem e para o mal, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Convenhamos, o Brexit nunca será uma realidade e a existência de tal fenómeno não é senão o espelho da eterna relação idiossincrática entre o Reino Unido e a Europa, no fundo mais um episódio, e desta vez longo, mas mais um, com princípio, meio e fim, pelo menos até fazer zapping e mudar de canal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte doença desemprego vergonha xenofobia
Ricardo tentou e falhou. Agora escolhe as startups da Web Summit
A selecção das empresas da maior feira tecnológica da Europa é feita em Lisboa e em Dublin. São 12 pessoas, lideradas por Ricardo Lima, que entrevistam milhares de empreendedores todos os anos. (...)

Ricardo tentou e falhou. Agora escolhe as startups da Web Summit
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A selecção das empresas da maior feira tecnológica da Europa é feita em Lisboa e em Dublin. São 12 pessoas, lideradas por Ricardo Lima, que entrevistam milhares de empreendedores todos os anos.
TEXTO: Primeiro, Ricardo Lima tentou ser engenheiro informático. Mas falhou. “Não era nada daquilo que eu queria. ” Depois tentou ser piloto de aviões. E falhou outra vez. “Frequentei algumas aulas mas percebi que não tinha condições para continuar, tendo em conta o custo do curso. ” Mas Ricardo fez um loop aos falhanços — e agora é responsável pelas startups na Web Summit. “A minha vida tem sido tentativa e erro”, diz ele. A vida dele é assim, imita a única frase de Samuel Beckett que todo o fundador de startup conhece, a frase que é o mantra moderno das tecnológicas: “Tentei sempre e sempre falhei. Não importa nada. Voltarei a tentar e voltarei a falhar. E falharei melhor do que no falhanço anterior. ”Samuel Beckett era irlandês. Tal como Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit. É apenas uma coincidência. Porque se há outro país no coração de Ricardo Lima, 30 anos, esse deve ser Espanha. Foi lá que viveu até aos 11 anos, o castelhano foi o primeiro idioma que aprendeu, nos tempos em que os pais, de origem cabo-verdiana, eram emigrantes. “Aprendi a falar espanhol antes de saber português. Mas não mantive nenhuma relação estreita com Espanha”, anota. Quando chegou a Portugal, foi para o quinto ano, numa escola em Queijas (Oeiras). Seguiu para o secundário na escola Stuart Carvalhais, em Massamá (Sintra), onde ainda hoje mora. Porém, a função que exerce (head of startups) na organização de Cosgrave faz dele líder de uma equipa de 12 pessoas (sete em Lisboa e cinco em Dublin) que está constantemente em contacto com o estrangeiro. “Aquilo que fazemos é entrevistar milhares e milhares de fundadores de startups de todo o mundo e de qualquer sector que queiram estar presentes nas nossas conferências”, explica. Cada entrevista dura em média 20 minutos e é ela que determinará “se há um bom fit” entre aquilo que entendem que deve ser “o perfil de uma startup e as conferências”. Este trabalho não se resume à “curadoria”, como ele lhe chama, para a Web Summit, "alargando-se também para as outras conferências que a empresa organiza no Canadá [Collision], em Hong Kong [Rise Conference] e em Dublin [Money Conf]. Foi há dois anos que Ricardo se cruzou com a Web Summit. Na primeira edição em Portugal, em 2016, foi voluntário e representava a GuestU, uma startup portuguesa para a qual tinha sido contratado como membro da equipa de vendas para o mercado espanhol. Mas em Março de 2017, voltou a mudar de vida. Enviou o currículo para o escritório que Paddy Cosgrave iria abrir na capital portuguesa e foi seleccionado. O primeiro encontro com a tecnologia foi em tenra idade, através dos jogos de computador: Counter Strike, Stronghold e Age of Empires foram paixões de infância. Era um tempo em que a Internet era lenta e jogar em rede era sinónimo de arrastar torres de computador e ecrãs CRT para a garagem de um amigo. Hoje em dia, “joga” numa equipa que se pode considerar pequena para a responsabilidade que tem. “A entrevista com o fundador é o passo inicial. Depois pedimos uma apresentação da empresa e com base nisso fazemos um processo de selecção que é semanal, escolhendo as startups que consideramos mais interessantes”, descreve. O passo seguinte é o convite à participação — um “convite” que dá direito a três vagas pelo preço de um bilhete na Web Summit. O segundo encontro de Ricardo com a tecnologia, como estudante universitário de engenharia informática no ISCTE (Lisboa), foi um desgosto de amor. Dividido entre essa opção e o desporto — era “razoavelmente bom no futebol”, o xadrez tinha sido importante, fora hoquista federado e o ténis também ajudava a controlar a energia de um rapaz que, segundo a madrinha, “era um bocadinho hiperactivo — Ricardo escolheu os computadores. Correu mal. “No segundo ano, conheci a AIESEC e aquilo transformou a minha vida”, recorda. Às tantas, dedicou-se mais ao trabalho da AIESEC — que coordena estágios internacionais, profissionais e de voluntariado — do que propriamente ao curso. "Aproximava-me mais daquela pessoa que eu queria ser”, justifica. Ao fim de quatro anos estava ainda no segundo ano. Influenciado por um primo, que era uma referência da juventude dele e adorava aviões, inscreveu-se na Lusófona, em Ciências Aeronáuticas. Mas os custos com este curso privado eram incomportáveis para a família. Foi à terceira, com a Web Summit, que a tecnologia lhe permitiu fazer aquilo que mais gosta. A escolha das startups é tudo menos aleatória. Ser referenciado por alguém é a melhor maneira de aparecer no radar da equipa de Ricardo Lima. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além disso, a empresa faz prospecção, online e noutros eventos, e depois há uma lista de critérios que presidem à escolha: é obrigatório que a empresa tenha um produto, o que exclui à partida startups de consultoria. “Não tem de ser um produto físico, pode ser uma app”, explica Ricardo, acrescentando que esse produto “tem de estar pelo menos na fase de prototipagem”. Depois disso, olham para número de utilizadores/clientes, para a equipa (quantos empregos criou), qual o nível de investimento obtido e quais os planos para o futuro, “para perceber se a presença pode de alguma forma ajudar”. Feita a selecção, está feita a lista dos participantes: 70% de startups “alfa” (três meses de vida); 20% de startups “beta” (já têm escritório e algum crescimento e procuram uma série A); e 10% de startups “growth” — aquelas que já receberam três ou quatro milhões de investimento e que precisam de ganhar escala.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola
Depois do último Harrison da história da Medicina, alívio e preocupação com o futuro
Uma página na história da Medicina foi encerrada. Realizou-se o último Harrison, que permite o acesso à especialidade, em Portugal. Um novo modelo, mais focado em casos clínicos, vai-lhe dar lugar, no próximo ano. (...)

Depois do último Harrison da história da Medicina, alívio e preocupação com o futuro
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma página na história da Medicina foi encerrada. Realizou-se o último Harrison, que permite o acesso à especialidade, em Portugal. Um novo modelo, mais focado em casos clínicos, vai-lhe dar lugar, no próximo ano.
TEXTO: Terminado um dos dias mais decisivos para os futuros médicos de Portugal, um misto de sensações — entre o alívio e o desespero — transparecia nesta quinta-feira em muitos dos rostos dos 839 recém-formados em Medicina na Universidade do Porto. Foram mais de 2700 os jovens que fizeram o último Harrison de sempre: o temido e polémico exame que dá acesso à especialidade que deverão seguir. Há 40 anos que a prova tem vindo a gerar controvérsia na área da saúde. Na generalidade, a comunidade médica e os estudantes concordam com a sua substituição por um novo modelo fortemente baseado em casos clínicos, como está previsto que seja o exame do próximo ano – a Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada. Em contraste com o Harrison — muito baseado na memorização de cerca de três mil páginas —, o novo exame vai basear-se mais no raciocínio e avaliar o conhecimento clínico dos candidatos, abarcando novas áreas que o Harrison não incluía, como a psiquiatria, a ginecologia ou a pediatria. “Ao contrário do que nos dizem, não aprendemos Medicina com o Harrison, mas sim no internato do próximo ano”, notou Sara Pinto, de 24 anos, no final da prova. O sentimento de que o exame já está ultrapassado e, por isso, exige uma substituição é quase geral. Mas há quem discorde. Nuno Ramos, também de 24 anos, pôs os seus conhecimentos à prova no mesmo exame que Sara. Porém, não concorda com a sua substituição. “Até tem sentido, é um exame que afere os conhecimentos daquele livro, que está lá e não é nada mais do que isso”, explicou. “A dedicação, geralmente, leva a uma boa nota. ” Nos últimos meses, Nuno passou cerca de 12 a 14 horas a estudar. Na sua generalidade, os que nesta quinta-feira foram avaliados começaram a estudar há mais de um ano, várias horas por dia. Contudo, houve quem tivesse iniciado o estudo há muito mais tempo. Foi o caso dos que repetiram o exame. Os motivos são diferentes: ou não conseguiram vaga na especialidade e no sítio que pretendiam ou a primeira nota que tiveram não lhes permitiu de todo ter acesso à especialidade. Catarina Santos, de 26 anos, faz parte do primeiro grupo. A candidata espera que com o Harrison acabe igualmente a sua fase de estudante e que este seja o início de uma nova etapa: a profissional. “Já que é o último Harrison, tentei ficar mais perto do meu objectivo”, avançou. Que objectivo? Isso não diz, não vá o azar bater à porta. Ainda com algumas questões relativas ao primeiro exame que o vai substituir, Catarina não duvida de que a Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada vai ser benéfica para os futuros médicos. “Vai ser mais direccionada à prática médica em vez de testar quem decora melhor. ” É também esta a opinião de Sara Pinto. “[O Harrison] não nos dá bagagem clínica. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Certo é que será a nota final decidir os que entram e os que ficam de fora da especialidade. O futuro dos candidatos ficou decidido em pouco mais de duas horas e meia. Na pior das hipóteses, tornam-se médicos indiferenciados e pouco poderão fazer. No ano passado ficaram fora das listas de especialidades mais de 400 e estima-se que daqui a dois anos existam mais de 4400 clínicos indiferenciados em Portugal. Houve ainda quem tivesse optado por esperar um ano e experimentar o novo exame. São os que têm esperança de conseguir um sistema mais justo de acesso à especialidade. Aconteceu com colegas de Catarina Santos, que acabaram o curso no mesmo ano que ela. Catarina nota, contudo: “Ninguém sabe o que aí vem. ” Se correr mal, a outra opção será emigrar e exercer a profissão de médico no estrangeiro, onde os jovens não têm a pressão de uma longa lista para o acesso à especialidade. ”A nova prova terá 150 questões de escolha múltipla e durará quatro horas (com um intervalo). As questões partirão de casos clínicos e o candidato escolherá, no leque das respostas, aquela que representa a melhor forma de abordar as situações. E, em vez da bibliografia obrigatória e única, o Harrison, os candidatos passam a ter vários livros recomendados pelos quais devem estudar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade estudo