Medidas de Macron não são suficientes nem para a esquerda nem para a direita
Apesar do aumento do salário mínimo, mantêm-se várias acções de protesto marcadas para esta terça-feira, dos estudantes aos funcionários das Finanças. (...)

Medidas de Macron não são suficientes nem para a esquerda nem para a direita
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.095
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apesar do aumento do salário mínimo, mantêm-se várias acções de protesto marcadas para esta terça-feira, dos estudantes aos funcionários das Finanças.
TEXTO: O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na noite de segunda-feira uma série de medidas para pôr termo aos protestos que duram há três semanas por parte do movimento dos Coletes Amarelos, que foram gerando graves distúrbios, principalmente em Paris. A decisão mais sonante foi o aumento do salário mínimo em 100 euros. Apesar disso, nem a esquerda nem a direita política estão satisfeitas. E as greves marcadas para esta terça-feira mantêm-se. Para além do aumento do salário mínimo, Macron anunciou uma série de outras medidas, tais como o corte na contribuição social dos pensionistas com reformas inferiores a dois mil euros mensais ou um apelo ao pagamento de prémios anuais aos trabalhadores (já no final deste mês), "que serão livres de impostos". O Presidente francês fez ainda um mea culpa relativamente ao declínio do nível de vida da população francesa. Mas nada disto foi, para já, suficiente. Marine Le Pen, líder do partido União Nacional (extrema-direita), reagiu no Twitter: "Este modelo é o da globalização selvagem, concorrência desleal, do livre comércio generalizado, da imigração em massa e das suas consequências sociais e culturais. Em resumo, Macron recuou para saltar melhor. "Steeve Briois, vice-presidente da União Nacional, disse também que "a classe média e os desempregados, isto é, boa parte dos franceses activos, são os grandes esquecidos" do pacote de medidas anunciado por Macron. Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa (extrema-esquerda), voltou a classificar Macron como o "Presidente dos ricos", afirmando que todas as medidas "serão pagas pelos contribuintes e não pelas grandes fortunas". Mas as críticas estenderam-se a praticamente todos os partidos, com os socialistas a concluírem que "o curso não mudou", e Benoît Hamon, que foi candidato presidencial, a pedir uma "real redistribuição de riqueza". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Do lado dos Coletes Amarelos, há alguns que reconhecem um primeiro passo, mas a maioria dos seus membros, questionados pelos jornais franceses, não estão satisfeitos e falam até em "provocação". Este movimento começou como um protesto contra a subida dos impostos sobre os combustíveis, mas a onda de protesto foi aumentando e passou a ser uma luta contra o custo de vida e as políticas de Macron. Nos últimos dias, também os estudantes do ensino secundário começaram a manifestar-se. O discurso de Macron não evitou a marcação para esta terça-feira de mais bloqueios e ocupações de escolas por parte dos estudantes. A estas acções junta-se também uma greve dos funcionários das Finanças que durará até dia 31 de Dezembro. A nível local há também várias acções de protesto agendadas para esta semana.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Le Pen e Salvini lançam juntos campanha para as europeias e pedem "uma revolução"
Os líderes da extrema-direita italiana e francesa lançaram juntos a campanha para as europeias. Salvini propôs “uma comunidade” europeia em vez de uma União, que “faça poucas coisas, mas bem”. (...)

Le Pen e Salvini lançam juntos campanha para as europeias e pedem "uma revolução"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os líderes da extrema-direita italiana e francesa lançaram juntos a campanha para as europeias. Salvini propôs “uma comunidade” europeia em vez de uma União, que “faça poucas coisas, mas bem”.
TEXTO: Os líderes da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, e francesa, Marine Le Pen, pediram esta segunda-feira “uma revolução” nas eleições europeias para fazer emergir uma “frente da liberdade” de partidos soberanistas. A dirigente da União Nacional francesa (que nas sondagens em França está empatada com o partido do Presidente Emmanuel Macron) e o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior de Itália e líder da Liga, lançaram juntos em Roma, a capital italiana, a campanha eleitoral para as eleições europeias de 23 de Maio. Salvini disse que as eleições vão ser “o final de um percurso, de uma revolução no mesmo sentido que está a percorrer a Europa” e o mundo, e saudou a vitória na primeira volta das presidenciais no Brasil do candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro. “Estamos aqui para dar sentido e alma a um sonho de Europa que os burocratas europeus esvaziaram. Os salvadores da Europa estão aqui, não em Bruxelas”, disse o político italiano. Salvini e Le Pen rejeitaram a ideia de uma lista eleitoral única de partidos “soberanistas”, mas o ministro italiano propôs que esses partidos estejam unidos, após as eleições, para nomear “candidatos comuns para os papéis mais delicados” na União Europeia (UE). Para Le Pen, aproxima-se “um momento histórico”, que “verá emergir uma Europa diferente, a Europa das nações, do respeito e da protecção”. A chefe da extrema-direita francesa distanciou-se do antigo conselheiro de Donald Trump Steve Bannon, que anunciou a criação de uma organização, “O Movimento”, para agregar as diferentes formações da direita radical na Europa com vista às eleições europeias. “O senhor Bannon não vem de um país europeu, é um americano. Ele sugeriu a criação de uma fundação que visa oferecer aos partidos soberanistas europeus estudos, sondagens, análises. Mas a força política que vai nascer das eleições na Europa somos nós, e apenas nós, quem a vai estruturas”, disse Marine Le Pen. “Porque estamos comprometidos com a nossa liberdade, a nossa soberania. Que as coisas sejam extremamente claras sobre este assunto”, acrescentou. Os dois políticos expuseram a sua ideia de uma Europa menos centralizada, com mais soberania para os países, com fronteiras defendidas para travar a imigração. Salvini definiu como “inimigos” os “burocratas entrincheirados no bunker de Bruxelas”, “os Juncker, os Moscovici, que trouxeram precariedade e medo à Europa e recusam abandonar a cadeira”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O dirigente italiano tem criticado repetidas vezes o presidente da Comissão Europeia, Jran-Claude Juncker, e o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, pelas críticas que têm feito ao projecto de Orçamento de Estado italiano, que prevê um aumento da despesa e do défice público que não está em conformidade com os compromissos assumidos até agora pela Itália. Salvini propôs “uma comunidade” europeia em vez de uma união, que “faça poucas coisas, mas bem” e “reconheça a liberdade dos diferentes países, povos e governos” em matérias como agricultura, educação, saúde ou família. Le Pen fez afirmações na mesma linha, afirmando que “a UE foi construída em cima de muitas promessas”, “mas poucas concretizações e resultados”. “Não lutamos contra a Europa, mas contra uma União Europeia que se tornou um sistema totalitário”, disse.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
França quer fazer das eleições europeias um novo duelo Macron-Le Pen
Sondagem aponta para empate entre o partido do Presidente e a extrema-direita e faz antever batalha entre pró-europeus e eurocépticos em Maio de 2019. (...)

França quer fazer das eleições europeias um novo duelo Macron-Le Pen
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.112
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sondagem aponta para empate entre o partido do Presidente e a extrema-direita e faz antever batalha entre pró-europeus e eurocépticos em Maio de 2019.
TEXTO: O combate eleitoral entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen deverá ter mais um capítulo, dois anos depois de terem disputado nas urnas a vaga no Palácio do Eliseu. Os seus respectivos partidos estão praticamente empatados nas intenções de voto para as eleições europeias de Maio de 2019, fazendo antever nova batalha ideológica e programática em França, desta vez com a Europa como pano de fundo. De acordo com a sondagem do instituto Odoxa Dentsu, divulgada esta sexta-feira pelo jornal Le Figaro e pela rádio France Info, entre A República em Marcha (LREM) e o Reagrupamento Nacional (RN) – a antiga Frente Nacional – distam apenas 0, 5 pontos percentuais: o partido de Macron acolhe 21, 5% e o de Le Pen 21%. Números insatisfatórios para a LREM que, depois do triunfo presidencial de Macron e da conquista da Assembleia Nacional em 2017, após votações categóricas, parece estar a ser contaminada pela quebra de popularidade e algum desencanto do eleitorado com o Presidente. O partido que concorrerá ao Parlamento Europeu em conjunto com o MoDem desce quase 7% em relação a uma sondagem Ifop realizada em Maio. Já a plataforma de extrema-direita sobe 3% em quatro meses. Mesmo sem protagonizar uma oposição interna de grande destaque, a RN beneficia bastante do facto de o debate francês – e não só – sobre a Europa se ter reduzido, nos últimos anos, a um autêntico duelo entre pró-europeus e eurocépticos, disputado à volta de temas como a globalização, a imigração ou a integração. Foi em representação do segundo grupo que a Frente Nacional venceu as europeias de 2014, beneficiando do facto de, ao contrário do sistema eleitoral francês, a corrida a Estrasburgo não implicar segundas voltas. O balizamento do debate europeu ganhou ainda mais sentido com Macron e até tem sido alimentado pelo próprio. Com a chanceler alemã, Angela Merkel, em fim de ciclo, o Presidente francês tem procurado assumir-se dentro e fora de portas como o expoente máximo de uma União Europeia mais integrada, mais ambiciosa e progressista, em contraposição com os representantes da vaga nacionalista e pessimista que tem varrido o continente e feito tremer a organização. “Ou se é a favor ou se é contra a Europa. Ou se é Orbán [primeiro-ministro húngaro] ou se é Macron. Essa projecção europeia está a reflectir-se no voto nacional”, sintetiza o jornalista Christophe Barbie na BFMTV. Para liderar os próximos passos da UE pós-“Brexit” e executar os seus planos de reforma da zona euro, Macron precisa que a LREM tenha um bom resultado em 2019. A possibilidade de os partidos que compõem o Partido Popular Europeu (PPE) se virem a dividir entre pró e anti-integração europeia, aliada à expectável redução do peso da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, obrigará a uma remodelação do jogo de forças em Estrasburgo. E a LREM quer ser uma solução credível nas negociações que se adivinham, liderando um eventual bloco centrista que legitime as aspirações do seu líder. Ao Figaro, um assessor de Macron assume que a LREM está atenta a um cenário de fragmentação do Parlamento Europeu com origens na divisão do PPE: “Os partidos que o compõem não estão alinhados ideologicamente. Há um fosso entre Merkel e Orbán. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A desunião do PPE ficou bem patente na recente votação para a abertura de um processo no Conselho Europeu para punir deriva autoritária húngara. Muitos eurodeputados do grupo que integra o Fidesz, de Viktor Orbán, votaram a favor da aplicação do artigo 7. º do Tratado da União Europeia. E até os representantes dos Republicanos franceses se dividiram entre votos contrários, favoráveis e abstenções. O partido herdeiro da direita tradicional francesa foi um dos destaques negativos da sondagem do Odoxa Dentsu. Com 14% das intenções de voto, os Republicanos, agora guiados por Laurent Wauquiez, continuam a perder espaço para a LREM e para a extrema-direita no que à Europa diz respeito, e podem vir a perder 7% de eleitores em comparação com 2014. À esquerda, segundo o estudo, o Partido Socialista mantém a sua dramática luta contra a insignificância política ao agregar apenas 4, 5% dos apoios. Já a França Insubmissa (12, 5%), de Jean-Luc Mélenchon, encontra-se dividida entre a incapacidade de capitalizar a impopularidade de Macron e a dificuldade em se assumir como o verdadeiro representante do eurocepticismo francês.
REFERÊNCIAS:
Partidos Partido Popular Europeu
Macron tem de dominar a tentação do seu partido de não ouvir ninguém
Jean-Yves Camus: O politólogo diz que França está dividida em duas, e as duas metades já não conseguem dialogar. A dos que se sentem perdedores está nas ruas, nos protestos dos “coletes amarelos” e tem Macron como alvo. (...)

Macron tem de dominar a tentação do seu partido de não ouvir ninguém
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jean-Yves Camus: O politólogo diz que França está dividida em duas, e as duas metades já não conseguem dialogar. A dos que se sentem perdedores está nas ruas, nos protestos dos “coletes amarelos” e tem Macron como alvo.
TEXTO: Emmanuel Macron foi eleito Presidente como representante da França que ganhou os desafios da globalização, e essa França é bem diferente da das pequenas cidades, onde há poucos transportes públicos, muitos desempregados e gente com baixos rendimentos. O Presidente tem de curvar a sua tendência e a do seu partido “de não ceder a nada, de não ouvir ninguém” para ultrapassar esta crise, aconselha Jean-Yves Camus, director do Observatório das Radicalidades Políticas da Fundação Jean Jaurés. Com esta vaga de descontentamento popular, Emmanuel Macron tornou-se vítima da crise do sistema político francês que lhe permitiu ser eleito em 2017?Emmanuel Macron está a pagar, antes de mais, pelo falhanço de todos os governos que o precederam, tanto como pelos seus próprios erros. É por isso que alguns manifestantes chegam a pôr em causa a sua legitimidade bem como a de toda a classe política, do Parlamento e dos partidos. A amplitude do descontentamento tem origem num problema fundamental: não só a distância entre os rendimentos mais baixos e mais altos se aprofundou em França de 2008 a 2016, como há duas categorias no país que já não se falam. Um estudo do think tank progressista Terra Nova mostra que 80% dos aderentes do República em Marcha [partido de Macron] têm formação ao nível do mestrado e que 59% dizem sentir-se realizados. São os vencedores da globalização, estão numa dinâmica pessoal positiva. Do outro lado, a França que se manifesta é a dos desempregados, dos reformados, da pequena classe média e dos operários, que perdem poder de compra e que têm um sentimento de abandono por parte das “elites”. Isto é ainda mais óbvio porque muitos dos protestos dos “coletes amarelos” acontecem em pequenas cidades mal servidas por transportes públicos, naquilo a que chamamos “a França periférica”. Este movimento pode ter um futuro em termos políticos, com uma tradução eleitoral? Há muitos receios de que possa ser aproveitado por Marine Le Pen, Laurent Wauquiez (líder do partido de direita Os Republicanos), os sindicatos hesitam mas estão a dar os primeiros passos para se juntar…Uma sondagem publicada ainda antes do início das manifestações dava a União Nacional de Le Pen em pé de igualdade com a República em Marcha nas eleições europeias [de Março]. Marine Le Pen pode por isso esperar beneficiar da mobilização dos “coletes amarelos” para se aproximar de Macron, porque há muito que ela fala da “França dos esquecidos”, da pressão fiscal demasiado forte e das questões do poder de compra. Por outro lado, o tema da imigração não está no centro das reivindicações dos “coletes amarelos”, e esse é o tema favorito de Le Pen. Uma parte dos “coletes amarelos” pode encontrar melhor eco na França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon. Uma coisa é certa: a República em Marcha está enfraquecida e Os Republicanos não têm um programa com suficientes preocupações sociais para captar o descontentamento da maioria dos “coletes amarelos”, que é da categoria operária. A ausência de mobilização partidária nos “coletes amarelos” pode significar que estamos em presença de algo de novo?Sim, sobretudo porque o movimento nasceu nas redes sociais e não tem uma hierarquia clara. Também é novo porque, até ao presente, conseguiu evitar que algum partido se aproveitasse dele. Mas este distanciamento em relação aos partidos e aos sindicatos também é uma fraqueza, pois chegará um momento em que se colocará a questão de saber quem vai negociar com o Governo, e para isso será necessário haver porta-vozes, e reivindicações claras e estruturadas. E que organize a mobilização dos manifestantes de forma a durar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Macron parecia ter derrotado a vaga populista em França, e foi muito celebrado na Europa por isso. Mas talvez a sua maneira de governar, as suas reformas, tenham dado mais fôlego aos movimentos de protesto que dizem representar a voz do povo contra as elites. Qual é a sua análise?Face aos populismos xenófobos e anti-europeus, agora que [a chanceler alemã] Angela Merkel está enfraquecida, só existem dois dirigentes que podem continuar o combate: Pedro Sánchez e Emmanuel Macron. A imagem de Macron é melhor no estrangeiro do que em França, onde a sua quota de popularidade está em baixa. Mas nas eleições europeias, tendo em conta as dificuldades do Partido Socialista, a escolha é binária: os progressistas pró-europeus ou os populistas. O Presidente pode por isso corrigir o passo, mas para ganhar, tem de dominar a tentação que existe no seu partido de não ceder a nada, de não ouvir ninguém, de querer levar tudo à frente como um bulldozer. Isso já não se pode fazer: a rejeição às elites é demasiado forte. A chave do sucesso para Macron é fazer muito mais pedagogia em torno da sua política e alargar muito a base sociológica do seu partido.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração igualdade estudo
Em queda nas sondagens, Macron não cede no imposto sobre os combustíveis
Irredutibilidade do Presidente francês origina protesto nacional, numa altura em que a sua popularidade está em baixa e que o seu partido foi ultrapassado pela extrema-direita nas projecções para as eleições europeias. (...)

Em queda nas sondagens, Macron não cede no imposto sobre os combustíveis
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Irredutibilidade do Presidente francês origina protesto nacional, numa altura em que a sua popularidade está em baixa e que o seu partido foi ultrapassado pela extrema-direita nas projecções para as eleições europeias.
TEXTO: Emmanuel Macron garante que não vai reverter a aplicação de um imposto sobre os combustíveis em França, decretada no final de 2017. Com níveis de aprovação cada vez mais reduzidos e um dia depois de uma sondagem colocar a extrema-direita à frente da República em Marcha (LREM, na sigla original) nas eleições para o Parlamento Europeu, o Presidente francês mostra-se irredutível, justificando o imposto como uma medida de protecção ambiental. “Prefiro taxar combustível a taxar trabalho. As pessoas que se estão a queixar do aumento dos preços da gasolina são as mesmas que se queixam da poluição e de como ela afecta os seus filhos”, disse Macron, numa entrevista a um grupo de jornais da região Nordeste francesa, publicada esta segunda-feira. Mais tarde, o líder francês publicou uma mensagem no Twitter, onde garantia “perceber a impaciência e a raiva” das pessoas, mas desafiava a população a apoiá-lo nestas “corajosas decisões”, necessárias para a “transformação profunda” que atravessa a sociedade francesa. O preço do gasóleo em França já aumentou em cerca de um terço desde o início do ano. Revoltados, os camionistas agendaram um protesto para o dia 17, que incluirá marchas lentas e estradas bloqueadas em todo o país. A entrada em vigor de impostos sobre o carvão ou o diesel faz parte da lista de possíveis explicações para o clima de descontentamento generalizado em volta de Macron. Esta também inclui a indignação com o ritmo acelerado das suas reformas, a estratégia ineficaz de descolar a sua imagem dos lobbies e grandes grupos económicos ou a contínua remodelação do seu Governo, motivada por demissões repentinas e embaraçosas de ministros importantes. De acordo com um estudo da YouGov publicado na semana passada, a popularidade do Presidente atingiu o seu mais reduzido nível desde de que foi eleito em 2017: apenas 21% dos inquiridos se mostrou satisfeito com a sua governação. Esta percentagem pouco abonatória para Macron foi agravada por uma outra sondagem, divulgada no domingo. Depois de o instituto Odoxa Dentsu ter revelado, em meados de Setembro, que a LREM e a União Nacional – a antiga Frente Nacional – estavam praticamente empatados nas intenções de voto para as eleições europeias de Maio de 2019, a Ifop conclui agora que o partido de Marine Le Pen já ultrapassou a plataforma centrista de Macron. Segundo a sondagem, o partido de Le Pen agrega 21% dos apoios – sobe 4% –, ao passo que a LREM fica-se pelos 19% – perde 1 ponto percentual. Números preocupantes para Macron, tendo em conta que em Maio deste ano a Ifop dava 27% ao seu partido e apenas 17% à extrema-direita. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O estudo divulgado este domingo parece confirmar a tendência recente das eleições europeias em França – em 2014 foi a Frente Nacional a vencer da contenda. Com o debate a reduzir-se cada vez mais, naquele país, a um duelo entre pró-europeus e eurocépticos, e a ser disputado em redor de temas como a globalização, a imigração ou a integração, o eleitorado francês vê-se obrigado a escolher, para a Unoão Europeia, entre a abordagem progressista e pró-integração de Macron e a visão nacionalista e soberanista de Le Pen.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração estudo
Contentores substituem quiosques no Martim Moniz
Novo espaço comercial da praça terá contentores empilhados e será vedado à noite. Para ali poderão ir restaurantes e lojas. “Isto foi necessário porque aquela área estava muito degradada”, afirma Manuel Salgado. (...)

Contentores substituem quiosques no Martim Moniz
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Novo espaço comercial da praça terá contentores empilhados e será vedado à noite. Para ali poderão ir restaurantes e lojas. “Isto foi necessário porque aquela área estava muito degradada”, afirma Manuel Salgado.
TEXTO: Os quiosques da Praça Martim Moniz, em Lisboa, vão ser demolidos para dar lugar a um recinto comercial composto por contentores. O projecto vai ser apresentado à população esta terça-feira (20h, Hotel Mundial) e, segundo o vereador do Urbanismo, visa “dar outra qualidade” a uma zona “muito degradada”. O novo espaço comercial vai ocupar uma parte significativa da placa central e terá, de acordo com imagens a que o PÚBLICO teve acesso, contentores empilhados uns nos outros e um grande pórtico virado ao Hotel Mundial. Durante a noite, esta área deverá estar vedada ao público. Os actuais quiosques desaparecem, assim como as esculturas, situadas mais a sul da praça, que evocam a existência da Muralha Fernandina naquele local. Para esse sítio está previsto um parque infantil. Os comerciantes do Martim Moniz deixaram os quiosques na semana passada, a 11 de Novembro, data em que os contratos que tinham com a empresa concessionária terminavam. Os quiosques estão fechados e vazios, as mesas e cadeiras das esplanadas estão acorrentadas ao que resta das estruturas. Sobra lixo no chão, subsistem os turistas que tiram fotografias, tendo como pano de fundo os repuxos de água. “Isto foi necessário porque aquela área estava muito degradada”, afirma Manuel Salgado. O vereador menciona ainda a existência de “um problema complexo de dívidas do concessionário à câmara” que era necessário resolver. Desde 2012 que os quiosques do Martim Moniz são explorados pela empresa NCS – Produção, Som e Vídeo. “A forma de reabilitar aquele espaço, dar-lhe outra qualidade, criar uma situação de melhor qualidade futura, e simultaneamente o concessionário ressarcir a câmara das dívidas, passou por esta negociação, com a reorganização completa da ocupação no interior da praça”, afirma. “A partir do módulo dos contentores é reorganizado o espaço e são instaladas lojas e áreas comerciais”, diz o vereador. Como que antecipando críticas, Manuel Salgado refere que este modelo “existe em várias cidades espalhadas pelo mundo”. A crer nas imagens, o que se prevê para o Martim Moniz assemelha-se ao Village Underground, na Lx Factory, em Alcântara, ou ao projecto Pop Brixton, em Londres. “A imagem dos ditos contentores poderá ser trabalhada no sentido de não ter aquele ar”, diz ainda Salgado. O vereador garante que, apesar da mudança drástica de aspecto, o espaço “será de acesso completamente livre”. Mas acrescenta que “há ali questões de segurança que têm de ser salvaguardadas durante a noite”. Está prevista uma vedação? “Eventualmente a ideia é essa. Estamos perante uma zona que, historicamente, sempre foi uma zona, por vezes, com algumas situações de insegurança. A degradação também resulta um bocado disso. Poderá haver ali, durante a noite, alguma situação de controlo”, responde Salgado. A existir, esse controlo será na zona dos contentores, assegura o vereador. “Na placa central vai haver um parque infantil grande, do lado do Hotel Mundial, e do lado oposto mantém-se o lago que lá está. Essas manter-se-ão sempre abertas, até porque deixa de haver cantos, zonas que pudessem de algum modo criar alguma situação de insegurança”, diz Manuel Salgado. O que a população de Santa Maria Maior vai ver esta terça-feira no Hotel Mundial é apenas este projecto relativo à placa central, que em nada está relacionado com outro, encomendado pela câmara ao arquitecto José Adrião, para “requalificação dos espaços exteriores da Praça do Martim Moniz”. Apesar de ser isso que consta do contrato disponível no portal da contratação pública (Base), o vereador do Urbanismo afirma que o projecto de Adrião “vai incidir exclusivamente no lado das Escadinhas da Saúde, na envolvente da capela, para aumentar a área pedonal e organizar as paragens do eléctrico, para dar mais conforto às pessoas que utilizam aquela zona”. Ainda não há data para esses trabalhos começarem. Quanto ao mercado de contentores, “as obras serão feitas pelo concessionário. A ideia deles é começar as obras num espaço de tempo relativamente curto, em poucos meses”, afirma Salgado. Há umas semanas, quando se soube que o Martim Moniz ia mudar de cara, alguns comerciantes ainda duvidavam que essa requalificação, prometida já há alguns anos, fosse mesmo acontecer. Mais, temiam que, com essas obras, a praça perdesse a essência que teve até hoje: apesar de mal-amada, é um ponto de encontro entre lisboetas, turistas e imigrantes. "As pessoas acabam por fazer aqui os seus encontros, as suas trocas. Há uma diversidade cultural aqui. E é por isso que também não podem modificar assim tanto a praça. Existe aqui uma história", notava Luís Moreira, um dos responsáveis pelo espaço de massagens Terra Heal. O espaço onde faziam as massagens está hoje vazio. No local ficou apenas a estrutura com os toldos. Quando falou com o PÚBLICO, Luís lembrava que, desde que há cinco anos foi para a praça, sempre ouviu falar de um novo projecto, mas ele nunca se concretizou. “Todo o investimento é por nossa iniciativa e risco. Nós fomos sempre arriscando, mesmo sabendo que a qualquer momento podíamos ir embora”, diz Luís. Apesar da incerteza, os comerciantes reconheciam que as obras eram necessárias. “Com o passar dos anos as coisas foram-se degradando um bocadinho, a praça foi ficando mais suja”, notou o responsável pelo espaço das massagens. “Os toldos estão como estão, as casas de banho estão como estão. Uma praça pública só tem duas casas de banho. Não há um funcionário que faça a limpeza regular. E as casas de banho ficam completamente imundas. A casa de banho para deficientes está inacessível”, descreveu. A NCS (responsável, por exemplo, pela organização do Outjazz) detém desde 2012 a concessão dos quiosques de aço inoxidável que ali existiam há mais de uma década e que a autarquia, através da EPUL, resolvera que deveriam ser adaptados de forma a receber restaurantes com comida do mundo. Esta empresa deixou no início de Outubro de ser a concessionária dos quiosques da praça, confirmou Isabel Raposo, da NCS, que acrescentou que o dono da empresa mantém a concessão, mas agora com novos accionistas. “Mantém-se o concessionário. Entraram novos accionistas, mas mantém-se o concessionário”, afirma, por sua vez, Manuel Salgado. Os destinos da praça estarão agora nas mãos de um grupo francês, disse Luís Moreira, com o qual os comerciantes já reuniram. Nessa reunião foi feita uma “apresentação verbal” do projecto mas não foram adiantados grandes pormenores. O PÚBLICO não conseguiu confirmar qual o grupo envolvido no negócio. Não podendo continuar na praça, Luís mudou-se para a Rua da Madalena, mas a sua intenção é regressar assim que as obras estejam terminadas. Nos últimos tempos estava a pagar 750 euros de renda por aquele espaço. Luís teme agora que com a renovação da praça as rendas aumentem. Mas recorda que assim foi ao longo dos anos anteriores, com o argumento de que esses aumentos serviriam para melhorar aquele espaço, o que nunca chegou a acontecer. Além da falta de higiene, são frequentes as queixas relativas ao barulho que afecta sobretudo moradores da Mouraria. “Depende da época. Às vezes o pessoal abusa um bocado”, reconhece Rafael Ferreira, que fez parte do staff da concessionária por dois anos, prestando apoio aos quiosques que disse receberem “frequentemente” notificações e multas por causa do ruído. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também o presidente da junta de freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, confirmou que as queixas são constantes, visando ruído excessivo, rixas e tráfico de droga, sobretudo à noite. Sobre o projecto, a junta já fez saber que considera “imperativo que a população seja auscultada, dada a dimensão e consequências desta intervenção”, convocando os moradores a estarem presentes na apresentação pública do projecto. Há umas semanas, quando falou ao PÚBLICO, Miguel Coelho defendeu o fim da concessão e admitiu que a junta tinha capacidade para assumir a gestão da praça. O que o autarca gostaria de ver ali construído era “um grande parque infantil e de lazer”, uma zona de lazer com “muito verde, muitos balouços e escorregas. É aquilo que o Martim Moniz deveria ser”. “Se nós queremos atrair novas famílias para aquela zona da cidade, também é preciso oferecer condições aos casais jovens que vão para ali”, apontou Miguel Coelho, lembrando que a câmara tem em curso um projecto de construção de habitação da colina de Santana para colocar a preços controlados. “Entreguem isso à junta que dar-lhe-emos um bom uso”, desafia.
REFERÊNCIAS:
O "verdadeiro" Super Mario morreu aos 84 anos
Mario Segale, o homem que inspirou a criação do herói da Nintendo, morreu na semana passada. (...)

O "verdadeiro" Super Mario morreu aos 84 anos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mario Segale, o homem que inspirou a criação do herói da Nintendo, morreu na semana passada.
TEXTO: Inspiração para um dos videojogos mais populares do mundo, Mario Segale deu o nome à personagem mais icónica da Nintendo. Morreu no dia 27 de Outubro, aos 84 anos, noticia a BBC. Filho único de imigrantes italianos nos Estados Unidos, Segale construiu um império na área da construção e do imobiliário nos subúrbios de Seattle, estado norte-americano de Washington. Segundo o obituário publicado no Seattle Times, Segale nasceu em 1934 e, pouco tempo depois de ter terminado o ensino secundário, criou a sua empresa de construção, que mais tarde vendeu. “Durante toda a sua vida, diversos empregados leais e trabalhadores ajudaram o Mario a construir o seu império. Ele era generoso mas exigente com as pessoas que trabalhavam com ele, incluindo a sua família”, menciona o obituário. Nos anos 80, marcando a entrada no sector imobiliário, Segale arrendou um armazém a uma empresa japonesa de videojogos que tentava entrar no mercado norte-americano: a Nintendo, precisamente. A relação entre inquilino e senhorio era conturbada. Mironu Arakawa, fundador da filial norte-americana da empresa nipónica, tentava desesperadamente vender os seus produtos e manter as contas em dia, mas em foram várias as vezes em que não conseguiu pagar a renda atempadamente, entrando em conflito com Segale. Arakawa havia de recompensar o senhorio italo-americano. Ou melhor, homenageá-lo. Inicialmente, o Super Mário era apenas uma personagem secundária no jogo Donkey Kong e tinha outro nome: Jumpman. Mas nos anos 1990, tornou-se a mascote mais popular da Nintendo e a estrela do seu jogo mais bem-sucedido. O canalizador mais conhecido do mundo ganhou um jogo em nome próprio. Não que a homenagem tenha rendido dinheiro a Segale. Em 1993, numa entrevista ao Seattle Times, disse que ainda estava "à espera" de um "cheque" por ter servido de inspiração à Nintendo. A mais recente aventura da personagem, Super Mario Odissey, fez um ano de lançamento no dia da morte de Segale. Está actualmente no topo da tabela de vendas para a consola Nintendo Switch e já foram comercializadas 12 milhões de cópias. A causa de morte de Segale não foi apurada, de acordo com o The New York Times. O funeral realizou-se em privado e os elogios fúnebres, disponíveis online, caracterizam Segale não apenas como um trabalhador empenhado mas também como um bom mentor e amigo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Sempre evitou a notoriedade e queria ser conhecido apenas pelas suas conquistas em vida”, afirmam amigos e familiares. Texto editado por Pedro Esteves
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte trabalhador filho
Nuno Lopes ganha prémio de melhor actor da secção Horizontes em Veneza
No discurso, o actor agradeceu às pessoas do bairro da Jamaica e da Bela Vista e dedicou o prémio a, Marco Martins, o realizador do filme São Jorge. (...)

Nuno Lopes ganha prémio de melhor actor da secção Horizontes em Veneza
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.65
DATA: 2018-07-05 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180705221739/https://www.publico.pt/n1743749
SUMÁRIO: No discurso, o actor agradeceu às pessoas do bairro da Jamaica e da Bela Vista e dedicou o prémio a, Marco Martins, o realizador do filme São Jorge.
TEXTO: O actor Nuno Lopes recebeu o prémio melhor actor da secção Horizontes do Festival de Veneza, que se abre às novas tendências do cinema mundial - tem um júri diferente, distinto do da secção oficial. Interpreta, em São Jorge, um boxeur que, no cume da crise financeira em Portugal, trabalha para uma empresa que cobra dívidas difíceis – é um tipo com dívidas que, para as pagar, ameaça quem tem dívidas por pagar, é a história de um boxeur que, para subsistir, para ficar com o filho, para poder ficar com a mulher, imigrante brasileira tão esmurrada pela vida quanto ele, passa do estatuto de observador do que acontece à sua volta no Portugal da intervenção da troika para o de cobrador. No discurso, o actor dedicou o prémio ao seu melhor amigo, Marco Martins (a segunda colaboração cinematográfica entre os dois, depois de Alice, em 2005, e depois de vários projectos teatrais em comum), e também às pessoas do bairro da Jamaica e da Bela Vista, onde se passa a longa-metragem. O filme, trabalho de ficção a partir de uma investigação documental, fazia já com a sua notável síntese uma dedicatória porque criava um espaço de visibilidade para elas. E Nuno Lopes sublinhou em Veneza que se os políticos ouvirem estas pessoas, que são das mais pobres de Lisboa, como seres humanos e não apenas como números, "talvez se possa começar a falar da Europa". Foi em nome dessa visibilidade que o filme, a colaboração com Marco Martins, e a sua personagem de boxeur existiram: a ficção a ir ter com o documentário, esses rostos dos bairros problemáticos da Bela Vista e da Jamaica, em Lisboa. Por isso, como o actor disse ao PÚBLICO, se este prémio é importante para ele a “nível pessoal”, cumpre-se no palco de Veneza o desígnio do filme. Para além do prémio, Nuno Lopes, que durante uma semana foi espectador dos filmes do festival, levou com ele fortes memórias de filmes como Une Vie, de Stéphane Brizé, Safari, de Ulrich Seidl e La Region Salvaje, de Amat Escalante. Como já tinha ficado com ele o dia em Cannes, há uns anos, em que foi dos poucos “a aplaudir de pé” Post Tenebras Lux, de Carlos Reygadas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O júri da secção Horizontes era formado pelo crítico norte-americano Jim Hoberman, pelas actrizes Nelly Karim, Valentina Lodovini, Moon So-ri, pelo crítico José Maria (Chema) Prado, e pelo realizador Chaitanya Tamhane. Nuno Lopes é um santo no inferno
REFERÊNCIAS:
Uma Itália à moda de Putin e Trump?
O “contrato de governo” firmado entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga anuncia o governo italiano “mais à direita e mais nacionalista” desde 1945. E também eurocéptico. Nas negociações, Matteo Salvini e a Liga impuseram os traços fundamentais do programa que, na segunda-feira, vai ser apresentado ao Presidente Sergio Mattarella. É uma aliança muito instável. (...)

Uma Itália à moda de Putin e Trump?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O “contrato de governo” firmado entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga anuncia o governo italiano “mais à direita e mais nacionalista” desde 1945. E também eurocéptico. Nas negociações, Matteo Salvini e a Liga impuseram os traços fundamentais do programa que, na segunda-feira, vai ser apresentado ao Presidente Sergio Mattarella. É uma aliança muito instável.
TEXTO: A Itália prepara-se para inaugurar o Governo mais à direita e mais nacionalista, securitário, xenófobo e identitário desde 1945, resume Francesco Cancellato, director do diário digital Linkiesta. O “contrato de governo” entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Liga aponta uma expulsão maciça de imigrantes. E tem implícita uma “desconstrução da UE, para a refazer”, tal como uma viragem na política externa: insinua-se, sem o assumir, uma aliança privilegiada com os EUA e a Rússia, para “salvar a Itália da Alemanha”. Pôs em causa a permanência no euro — fazendo a seguir uma retirada não muito convincente. “Italexit is back”, adverte o Politico Europe, citando um economista italiano. O M5S impôs a sua proposta do “rendimento de cidadania”, enquanto a Liga impôs um modelo fiscal (flat tax) que, à imagem do de Trump, favorece as classes altas. O programa económico é tido como insustentável. Matteo Salvini, líder da Liga, com um posicionamento político análogo ao de Marine Le Pen em França, quer assumir o controlo de todos as aparelhos de segurança do Estado. Tem em mente uma política extremamente securitária, não só em termos policiais e judiciais, mas alargada ao “direito de legítima defesa” e ao uso de armas privadas. Que faz o “hiperdemocrático” Movimento 5 Estrelas, de Luigi di Maio? Responde no La Stampa o politólogo Giovanni Orsina com um simples título: “M5S, cai a máscara moderada. ” Da antipolítica, nasceu “uma perfeita máquina eleitoral” e um “perfeito mecanismo de poder”. O psicodrama não acabou. Na segunda-feira, Salvini e Di Maio serão recebidos pelo Presidente Sergio Mattarella (na foto), a quem cabe nomear o primeiro-ministro e ser garante da Constituição. Que fará? Há duas semanas lançou um aviso sobre os riscos do soberanismo. Mas sabe que maioria dos eleitores é favorável ao Governo dos “dois vencedores”. Devemos evitar juízos apocalípticos sobre a Itália, que abusa da retórica e gosta de se descrever como “à beira do abismo”. Mas é também um laboratório político que muitas vezes faz antever as tendências europeias. A viragem política não é um mero epifenómeno. Foram os italianos que a ditaram, conscientemente. Escutemos um homem do Governo, o subsecretário de Estado Antonello Giacomelli: “O filão eurocéptico, crítico ou mesmo hostil em relação à Europa, atravessa a sociedade italiana (mas só a italiana?), desde há muito e de modo crescente. O tema da Europa, de certo modo relacionado com o dos imigrantes, foi o que provavelmente decidiu o resultado eleitoral. Que essa era a linha dos populistas e soberanistas, era visível para todos. ”De onde vem a viragem? Após as eleições de 2013 e o sucesso do M5S, com 25% dos votos, o Partido Democrático (PD), de Matteo Renzi, e a Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, tentaram reconstruir o bipolarismo tradicional: centro--esquerda contra centro-direita. Por isso colaboraram durante dois anos. Mas a eleição de Mattarella provocou a ruptura entre o PD e Berlusconi, o que levará à derrota de Renzi no referendo constitucional de Dezembro de 2016. O objectivo de Renzi era “esvaziar” o Cinco Estrelas. O de Berlusconi manter a hegemonia do centro-direita, com a Liga como aliado menor. Com 40% dos votos nas eleições europeias de 2014, o PD parecia ter ganho a aposta. Mas, após o referendo, começa a declinar e acabará, inclusive, por perder para o M5S o estatuto de primeiro partido. E Berlusconi, mesmo inelegível, torna-se no árbitro da política italiana: não podia haver coligações sem o seu acordo. Reemerge entretanto o fenómeno Liga. Salvini é eleito líder em fins de 2013. Adopta uma linha “lepenista” e “sai do Norte” para fazer um partido nacional. Cresce nas eleições regionais, atraindo parte do eleitorado de Berlusconi. Depois, há um factor decisivo: é Salvini quem melhor explora a crise da imigração. O eleitorado da FI é particularmente sensível ao tema da imigração e por isso premiou Salvini. Hoje, a FI está reduzida a 10% do eleitorado. E Salvini sai reforçado da negociação com o M5S. É visto nas sondagens como “coerente” e, desde 4 de Maço, a Liga passou de 17% dos votos para 25, 4% das intenções de voto. Ao contrário, Di Maio é penalizado: negociou com a Liga, falhou, quis dialogar com o PD, para voltar a cair nos braços de Salvini. A leitura do “contrato de governo” indica que este terá sido o grande ganhador do processo. Di Maio fez demasiadas concessões, o que incomodará parte do M5S. O cimento da colaboração entre o M5S e a Liga é simples: o acesso ao poder. Se o eurocepticismo os une – tal como a simpatia que Beppe Grillo e Salvini partilham em relação a Vladimir Putin — muita coisa os separa. Quando se definiam como “anti-sistema”, não o faziam no mesmo registo nem com os mesmos temas. “A Liga é um partido de direita que encontrou o melhor habitat numa coligação [com a FI] em que a transformação nacionalista do partido que garantiu o aumento dos votos”, escreve no Formiche net o analista Benedetto Ippolito. “O M5S, ao contrário, é um partido-movimento, virtual e sem tradição. ” E não é nacionalista. Um domina no Norte, o outro ganhou o Sul. Reflectem a divisão geográfica e cultural da Itália, o que é complicado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O quadro partidário mudou e o interesse dos “dois vencedores” é transformar a sua passagem por um Governo comum numa futura disputa bipolar — mas entre eles, eliminando os “velhos partidos” e atrasando a reemergência do “centro” político. Mas será um quadro instável. Estão, de facto, em competição duas direitas. A direita “pós-moderna” ou “pós-ideológica” de Di Maio e a “direita lepenista” de Salvini dificilmente constituirão um espaço maioritário. Há um problema adicional no que diz respeito à M5S. Di Maio é o “chefe político”, mas não é o líder. Este papel cabe a Daniele Casaleggio, o “proprietário” da plataforma digital Rousseau, que detém o controlo absoluto do movimento. A passagem de movimento a partido vai impor mudanças. Também o modelo “hiperdemocrático” não parece adequado ao exercício do poder. Este modelo foi, aliás, desmentido no processo de negociação. Os adeptos limitam-se a “ratificar” um acordo negociado nos bastidores e quase em segredo. E só conheceram o “contrato” por uma fuga de informação na imprensa. O futuro da coligação pode ser menos radioso do que hoje mostra. Importa, enfim, não esquecer que o sistema político e a burocracia estatal têm uma extraordinária capacidade de inércia. Renzi poderia contar o que lhe aconteceu quando quis fazer reformas aceleradas. Tudo isto aconselha algum cepticismo.
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Entidades EUA UE
Extrema-direita na Áustria: devemos ficar preocupados?
Hoje, a Viena outrora de Strauss e Schubert vive tempos assustadores. (...)

Extrema-direita na Áustria: devemos ficar preocupados?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.192
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181212204241/https://www.publico.pt/n1845592
SUMÁRIO: Hoje, a Viena outrora de Strauss e Schubert vive tempos assustadores.
TEXTO: Estar a viver temporariamente em Viena dá-me o pretexto ideal para falar sobre os recentes acontecimentos políticos na Áustria e as suas possíveis consequências no quadro europeu. Até recentemente, a política doméstica austríaca não merecia especial atenção além-fronteiras. E os austríacos agradeciam. Afinal de contas, depois das catástrofes políticas do século passado, é preferível deixar o grande plano para outros atores. Mas tudo muda. E hoje, a Viena outrora de Strauss e Schubert vive tempos assustadores. Pelo menos é essa a perceção daqueles com quem me cruzo diariamente, desde o cidadão comum aos especialistas em ciência política. Obviamente esta perceção é muito provavelmente enviesada e até minoritária – afinal de contas, as sondagens continuam a indicar elevados níveis de apoio ao novo governo. Mas isso é que é assustador. Porquê? Façamos então um breve exercício de memória. No último ano, o Partido Popular (ÖVP), partido habituado a governar ao longo dos anos, ganhou as eleições. Mas enfrentou, novamente, uma vitória sem maioria parlamentar, aliando-se, desta vez, com a extrema-direita do Partido da Liberdade (FPO), que arrecadou cerca de 31% dos votos. Embora esta coligação não seja uma novidade para os austríacos – aconteceu também em 2000 –, o partido tem muito mais poder atualmente, incluindo o controlo de importantes ministérios. Muito já se escreveu sobre o Partido da Liberdade: partido nacionalista, conservador, anti-imigração e islamofóbico fundado por nazis (entre outros) depois da 2. ª Guerra Mundial. Quando entrou para o Governo em 2000, outros países da União Europeia impuseram, em protesto, pequenas sanções à Áustria. Contudo, a paisagem política europeia atual dita outra reação: aceitação silenciosa. Até porque Kutz, líder do ÖVP, prometeu construir um governo pró-europeu. Mas a extrema-direita na Áustria não é uma novidade e tão pouco se fica pelas estruturas de poder político formais como o parlamento e o governo. A extrema-direita também se faz sentir nas ruas. O movimento “identitário” pan-europeu iniciado em França no ano de 2003 tem o seu “bloco” mais visível, atualmente, na Áustria desde a sua implementação em 2012. Embora a importância real deste grupo seja frequentemente inflacionada pela cobertura mediática que lhe é dada, a sua longevidade e recente crescimento merecem, porém, algum destaque quando falamos na extrema-direita na Áustria. Muitos questionam qual o verdadeiro perigo da ascensão da extrema-direita na Europa. Parece haver duas perspetivas dominantes: 1) os media retratam esta ascensão num tom apocalíptico que tem pouca adesão à realidade – recorde-se o alerta do primeiro-ministro português à saída da reunião de chefes de Estado e Governo em Salzburgo há uns dias atrás; ou 2) a Europa devia estar muito preocupada porque, a passos largos, estamos a caminhar para uma Europa cada vez menos democrática e tolerante. Eu partilho a visão mais pessimista. E acredito que a inclusão do Partido da Liberdade como parceiro governativo constitui uma mudança sistemática na política austríaca com severas repercussões e implicações para o resto da Europa. Por várias razões. Pelo peso eleitoral e territorial do partido no país: já não é a primeira vez que chega ao governo e desde a sua implementação que tem aumentado substancialmente a sua expressão eleitoral; é também apoiado por grupos da sociedade civil, grupos e movimentos de extrema-direita e direita radical. Pela posição geográfica do país: é particularmente assustador à luz das recentes derivas à direita com traços autoritários dos países vizinhos, como a Hungria, Croácia e Polónia. E por aquilo que representa para os partidos austríacos mainstream habituados a dividir o poder entre si. Na última eleição o ÖVP virou completamente à extrema-direita em alguns temas importantes. Em campanha eleitoral, Kurz chegou mesmo a aliciar os simpatizantes da extrema-direita com a promessa que ele é que seria capaz de implementar uma política anti-imigração eficaz, ao contrário do FPO. Enquanto o partido social democrata (SPÖ) optou pelo silêncio em questões fraturantes. No entanto, a inclusão do Partido da Liberdade no governo não é o resultado mais assustador per se. A extrema-direita sempre esteve presente na política Austríaca. Enquanto em 2000 a Áustria estava isolada e era um outlier (o que explica as sanções impostas por vários países europeus), em 2018 a Áustria é mais um caso de sucesso entre muitos outros onde a extrema-direita e a direita radical estão a crescer, como na Alemanha, Suécia, Grécia e Holanda. Passados quase 20 anos, o panorama europeu é muito diferente. A extrema-direita e o populismo estão hoje mais musculados, poderosos e imbuídos em algumas instituições nacionais e até no Parlamento Europeu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No próximo dia 4 de Outubro está previsto um protesto na cidade de Viena, que vai reunir grandes figuras do panorama cultural e intelectual austríaco, incluindo Elfriede Jelinek, prémio Nobel da Literatura. Espera-se que esta seja uma das maiores manifestações desde o início de funções do governo, em 2017. Esperemos que muitos mais protestos se repitam. E que os europeus respondam em massa contra o populismo e a extrema-direita nas próximas eleições europeias em Maio de 2019. A autora escreve segundo o novo Acordo OrtográficoO Institute of Public Policy (IPP) é um think tank académico, independente e apartidário. As opiniões aqui expressas vinculam somente os autores e não refletem necessariamente as posições do IPP, da Universidade de Lisboa ou de qualquer outra instituição
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN