Administrador da Braval pede coimas para os "catadores de lixo"
Responsável pela empresa intermunicipal de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde lembra que o desvio de resíduos "é crime". (...)

Administrador da Braval pede coimas para os "catadores de lixo"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Responsável pela empresa intermunicipal de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde lembra que o desvio de resíduos "é crime".
TEXTO: O administrador da Braval, Pedro Machado, manifestou-se esta quarta-feira “extremamente preocupado” com o “crescente roubo” de resíduos dos contentores da via pública e defendeu que os regulamentos municipais passem a prever coimas para punir aquele tipo de infracção. “Parece que estamos a voltar ao tempo dos ‘catadores de lixo’, uma situação própria de países do Terceiro Mundo. É preciso tomar medidas para travar este roubo, que nos prejudica a todos. As coimas podem funcionar como um factor fortemente dissuasor”, disse Pedro Machado à Lusa. A Braval é uma empresa multimunicipal responsável pela valorização e tratamentos dos resíduos sólidos dos concelhos de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde. Pedro Machado sublinhou que o desvio de resíduos “é crime” e apelou à população para denunciar aquelas ocorrências à polícia. “Há empresas e serviços organizados para a recolha e tratamento de resíduos que, assim, ficam sem parte da matéria-prima para a sua actividade, sofrendo prejuízos que podem obrigar à subida das tarifas”, acrescentou. Em 2012, a Braval recolheu 14. 126 toneladas de resíduos recicláveis nos ecopontos existentes na sua área de abrangência, menos 1028 toneladas do que em 2011. Esta foi a primeira vez que os resíduos recolhidos selectivamente na área da Braval diminuíram face ao ano anterior. A diminuição mais significativa, na ordem dos 8%, registou-se no papel e cartão e nas embalagens de plástico e metal, com 8158 toneladas recolhidas em 2012, enquanto em 2011 aquele valor chegou às 8901 toneladas. A Braval reconhece que uma grande parte da redução se fica a dever à “grave crise económica”, que fez diminuir o consumo, levou mais gente a emigrar e alterou os hábitos alimentares de muitas famílias portuguesas, que passaram a cozinhar mais em casa, evitando o recurso ao take-away’ e às embalagens de comida pré-cozinhada, e a aproveitar as sobras. No entanto, sublinha que a redução também tem a ver com os furtos de diferentes materiais junto aos contentores e na via pública, uma situação que “é frequente” nos centros urbanos, com veículos que circulam antes dos veículos de recolha, retirando, por exemplo, papel e cartão, metais e aparelhos eléctricos. “Trata-se de um roubo. As pessoas produziram os resíduos, tiveram o cuidado e o esforço de os separar e alguém, ilegalmente, retira esses resíduos, deitando por terra o esforço das pessoas e da Braval, quer na sua recolha, quer no investimento na colocação de equipamentos para o efeito, os ecopontos”, criticou. Pedro Machado disse que, por tudo, pela primeira vez nos últimos sete anos, a Braval “se viu obrigada” a aumentar as tarifas de deposição em aterro, que subiram 18%.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime consumo
Passos recebido com coelho enforcado na Faculdade de Direito de Lisboa
Alunos protestaram nesta quarta-feira contra Passos Coelho, numa conferência organizada pela Juventude Social Democrata. (...)

Passos recebido com coelho enforcado na Faculdade de Direito de Lisboa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Alunos protestaram nesta quarta-feira contra Passos Coelho, numa conferência organizada pela Juventude Social Democrata.
TEXTO: O primeiro-ministro foi na tarde desta quarta-feira recebido pelos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa com um coelho morto pendurado numa forca. Algumas alunas empunhavam cartazes onde se lia "Quero o meu país de volta", "Não quero emigrar", e "Passo a passo avançam os vampiros". Passos Coelho chegava à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa para falar numa conferência da Juventude Social Democrata (JSD) sobre a reforma do Estado e, à entrada foi recebido por alunos que, de repente, encenaram o protesto. Quando entrava no edifício, três ou quatro vozes cantaram Grândola, Vila Morena. Depois, já dentro do edifício alguns alunos com faixas negras empunharam a forca de madeira, onde estava pendurado o coelho morto. Logo um coro de palmas se levantou e um dos alunos gritou "Viva a liberdade". Os seguranças do primeiro-ministro tentaram fazer os alunos baixar a forca, mas, percebendo que isso estava a ser filmado continuamente, desistiram. Passos dirigiu-se então ao auditório onde está a fazer a sua intervenção no encerramento da conferência, cujas portas foram entretanto fechadas pelos seguranças. Porque os alunos seguiram a comitiva e ficaram retidos à porta do auditório a gritar "dói a propina, dói a propina", "gatunos, gatunos" e "demissão". Os protestos conseguem-se ouvir com clareza dentro da sala, repleta de alunos, que aplaudiram efusivamente Passos quando o líder da JSD o anunciou. Reforma do Estado não é só financeiraDentro da sala, no seu discurso, o primeiro-ministro discorreu sobre a história da formação da UE, sobre a grande mobilidade dos jovens de hoje, sobre o ser e o sentir-se europeu quando em comparação com o resto do mundo. E depois nas dificuldades económico-financeiras que a Europa atravessa e questionou-se sobre o que se pode fazer. Lembrou a situação de “pré-bancarrota” de Portugal, igual à do final do século XIX, apontou a culpa aos desequilíbrios do Estado e à “sensação ilusória de riqueza” em que se viveu durante anos. Avisou ainda que a reforma do Estado “não pode ficar reduzida à dimensão financeira” e que a questão funcionou “como gatilho para uma discussão mais ampla”. E alertou: é preciso que os portugueses saibam o que querem fazer ao seu Estado social. Mas mais não especificou. Isso, prometeu, ficará para outra oportunidade.
REFERÊNCIAS:
A paisagem também é Tua
Gostaria de ver uma discussão séria e profunda sobre a paisagem do Tua, com base na sua história e no que se pode prever que seja o seu futuro. (...)

A paisagem também é Tua
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gostaria de ver uma discussão séria e profunda sobre a paisagem do Tua, com base na sua história e no que se pode prever que seja o seu futuro.
TEXTO: “Centremo-nos, por economia de argumentação, no Douro vinhateiro, património mundial. As intervenções a que hoje atribuímos este estatuto patrimonial não podem, em qualquer análise, ser consideradas como intervenções de pequena escala e respeitadoras da paisagem pré-existente. A sedimentação das intervenções que resulta de um tempo longo, apesar da escala de intervenção gigantesca, leva-nos a aceitar mais facilmente estas alterações que outras mais pequenas, mas muito mais concentradas no tempo, como parques eólicos, barragens ou estradas. (…)Quer sejam florestações extensas, largas urbanizações, barragens, esporões, estradas, parques eólicos, cortes de árvores, todos nós, quando não directamente envolvidos, sentimos uma perda, se, de repente, a paisagem que sempre nos pareceu imutável nos aparece alterada. "(1)Vem isto a propósito da discussão sobre a barragem do Tua e das suas implicações na paisagem. A paisagem do Tua é uma paisagem lindíssima que conheço de muitas vezes ter lá passado, em especial de comboio. Nas 14 horas que a viagem entre Bragança e Lisboa demorava foi muito o tempo que passei a olhar, fascinado, aquela paisagem em ruínas. A paisagem do Douro vinhateiro também a conheço, incluindo de comboio. E olhar para essa paisagem, vibrante, cheia de actividade e com uma economia invejável, também me fascina. Qualquer pessoa tem a percepção imediata e intuitiva da distância que vai da paisagem do Douro vinhateiro à paisagem do Tua. O que digo acima não torna a paisagem do Tua irrelevante, que não é, mas coloca o problema da sua relevância patrimonial num patamar que vale a pena discutir. Conservar uma paisagem longamente intervencionada, como é a do vale do Tua, implica conservar os processos que a construíram e mantiveram. Esses processos estão hoje mortos ou moribundos, ao contrário do que se passa no Douro vinhateiro. As pessoas emigraram, os cereais de Inverno desapareceram, o gado raramente se vê, os olivais estão abandonados, os amendoais fugidos e as hortas deixaram de ser fabricadas. A opção não é pois entre conservar uma paisagem ou fazer uma barragem, mas a escolha entre um processo de evolução comandado pelo abandono ou outro processo de evolução assente numa barragem. Não tenho posição definida sobre a barragem do Tua, ao contrário da do Sabor, que contesto. Mas gostaria de ver uma discussão séria e profunda sobre a paisagem do Tua, com base na sua história e no que se pode prever que seja o seu futuro, clarificando que valores sociais estão em jogo em cada uma das opções. Infelizmente o que vejo é a paisagem ser usada como mais um pretexto para marcar a posição de cada um sobre a barragem. A paisagem merecia bem mais que isso, porque não é um cenário, é um património vivo, constantemente em mutação, que reflecte grande parte da nossa identidade. -------------------------------------(1) “Do tempo e da paisagem”, Principia, 2010
REFERÊNCIAS:
Cidades Bragança Lisboa
Trabalhar alcoolizado até pode melhorar produtividade, dizem juízes
Tribunal da Relação do Porto impede empresa de gestão de resíduos de despedir empregado. (...)

Trabalhar alcoolizado até pode melhorar produtividade, dizem juízes
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2013-08-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tribunal da Relação do Porto impede empresa de gestão de resíduos de despedir empregado.
TEXTO: O Tribunal da Relação do Porto obrigou uma empresa de Oliveira de Azeméis a reintegrar um empregado da recolha do lixo que tinha sido despedido por se ter descoberto que estava a trabalhar alcoolizado. Tudo se passou no Dia dos Namorados do ano passado, a 14 de Fevereiro. Ainda não eram 18h quando o camião do lixo em que seguia o empregado se despistou, tombando para o lado direito. Quem ia ao volante era um colega seu, que se encontrava igualmente etilizado. Mas enquanto a taxa de alcoolemia do motorista, entretanto também despedido, era de 1, 79 gramas por litro, a deste trabalhador, um imigrante de Leste, ascendia às 2, 3 gramas por litro, revelaram as análises feitas no hospital para onde ambos foram transportados. “Incorreu de forma culposa em gravíssima violação das normas de higiene e segurança no trabalho”, alegou a empresa de gestão de resíduos Greendays para lhe levantar o processo disciplinar com vista a despedimento, mostrando pouca compreensão para com os hábitos do funcionário. “Incumpriu o dever de realizar o trabalho com o zelo e a diligência devidos, revelando um profundo desinteresse pelas funções confiadas, contribuindo para a lesão de interesses patrimoniais sérios e afectando de modo gravoso a imagem pública” da firma, acusou o patrão. Não foi, no entanto, esse o entendimento dos juízes que analisaram o caso. Muito pelo contrário: segundo o Tribunal da Relação do Porto, que confirmou recentemente uma sentença de primeira instância, os resultados das análises ao sangue nunca poderiam ter sido usados pela entidade patronal sem autorização do trabalhador. Por outro lado, alegam ainda os juízes, não existe na Greendays nenhuma norma que proíba o consumo de álcool em serviço. Por isso, no seu acórdão, os magistrados deixam um conselho à firma: que emita uma norma interna fixando o limite de álcool em 0, 50 gramas por litro, “para evitar que os trabalhadores se despeçam todos em caso de tolerância zero”. “Vamos convir que o trabalho não é agradável”, observam ainda os desembargadores Eduardo Petersen Silva, Frias Rodrigues e Paula Ferreira Roberto. “Note-se que, com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões, e por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos”. Afinal, questionam, que prejuízo para a sua imagem pode a firma alegar? Não há qualquer indício de que o homem estivesse a recolher o lixo “aos tombos e aos pontapés aos resíduos, murmurando palavras em língua incompreensível”. As leis laborais não versam sobre os estados de alma do trabalhador, observam: “Não há nenhuma exigência especial que faça com que o trabalho não possa ser realizado com o trabalhador a pensar no que quiser, com ar mais satisfeito ou carrancudo, mais lúcido ou, pelo contrário, um pouco tonto”. A Greendays ainda não decidiu se vai recorrer do acórdão do Tribunal da Relação do Porto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave trabalhador tribunal homem consumo violação imigrante
Quebra de alunos no ensino superior está a ser acelerada pela crise
Inscritos no ensino superior diminuíram 5% (...)

Quebra de alunos no ensino superior está a ser acelerada pela crise
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2013-08-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Inscritos no ensino superior diminuíram 5%
TEXTO: A diminuição do número de inscritos no ensino superior revelada pelas últimas estatísticas da educação referentes ao ano lectivo 2011/2012 “é maior do que se estava à espera” e não se explica apenas pelo declínio da fecundidade que se instalou em Portugal a partir da década de 80 do século passado, alerta ao PÚBLICO a presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes. Conforme o PÚBLICO noticiou nesta terça-feira, entre 2010/2011 e 2011/2012 registou-se uma redução de 5% no número de novos inscritos no superior e de 3, 2% do total de estudantes neste nível de ensino. Filomena Mendes lembra, a propósito, que os efeitos do declínio da fecundidade funcionam como uma espécie de “onda de choque”, com os primeiros impactos a sentirem-se nos níveis de ensino mais precoces. As últimas estatísticas da educação revelam precisamente que num ano o ensino básico perdeu quase 13 mil alunos e que o 1. º ciclo foi o mais afectado. “Esta redução representa apenas 1, 2% do total dos alunos inscritos no básico, enquanto a quebra do número de professores nesses ciclos é de 7, 1% ou seja, o sêxtuplo”, comenta Paulo Guinote, professor e autor do blogue A Educação do Meu Umbigo. Resumindo: o declínio demográfico não justifica só por si nem a quebra de estudantes no superior nem a redução do número de professores. Filomena Mendes aponta outros factores que, conjugados com o declínio da fecundidade, estarão a acelerar a quebra de inscritos no superior: Portugal continua a ter níveis elevados de retenção e de abandono escolar no final do secundário; a actual crise económica torna mais difícil para as famílias suportarem os custos de uma educação superior, sendo que em simultâneo, devido ao aumento do desemprego, existem menos garantias do retorno desse investimento. E há também, acrescenta, “o aumento da emigração, que poderá estar a contribuir para a redução do número de estudantes e que pode vir a surpreender-nos ainda mais”. Por outro lado, os efeitos da crise em conjunto com as medidas de racionalização da rede escolar anunciadas, com a consequente redução da oferta nomeadamente no interior do país, estão a penalizar os jovens de meios desfavorecidos. “Pela primeira vez desde o 25 de Abril podemos estar a ter um retrocesso na acessibilidade ao ensino superior”, alerta. Se não forem tomadas medidas que invertam esta tendência, acrescenta, o resultado será voltarmos a afastar-nos ainda mais dos níveis europeus. Apesar do aumento de qualificações registado na última década, a percentagem da população portuguesa com ensino secundário completo era em 2011 de 35% quando na UE esta média subia para 73, 4%. Para Paulo Guinote, o que está em causa é a aposta numa “educação low cost”, através da implementação de uma “política que não visa prestar o melhor serviço público aos alunos, mas apenas o serviço mais barato”. Exemplo disso, frisa, é a redução do número de professores que tem sido levada por diante pelo Ministério da Educação, “que está muito acima da redução do número de alunos e vai muito para além de qualquer ajustamento do sistema ou dos quadros das escolas”. Entre 2010/2011 e 2011/2012 desapareceram das escolas mais de dez mil docentes. Guinote estima que só no último ano lectivo tenha havido mais uma redução da ordem dos 10%, com efeitos perversos “na capacidade de se fazer um trabalho de maior qualidade nas escolas”.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Banif tem 1200 milhões em imóveis para vender e pagar ao Estado
O presidente executivo do Banif salienta o regresso do banco a um quadro de resultados operacionais positivos, embora se mantenha um quadro de conjuntura recessivo. (...)

Banif tem 1200 milhões em imóveis para vender e pagar ao Estado
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente executivo do Banif salienta o regresso do banco a um quadro de resultados operacionais positivos, embora se mantenha um quadro de conjuntura recessivo.
TEXTO: Jorge Tomé, responsável máximo do banco criado por Horácio Roque, explica que a ajuda do Estado foi fundamental para atacar a degradação da base de capital. Mas lembra que o Banif já conseguiu regressar aos mercados. Desde que rebentou a crise financeira o Estado português interveio em três bancos, um deles foi o Banif, “nacionalizando-o” em mais de 90%. O BPN foi alvo de uma mega burla. No caso do BPP, houve ilicitudes e a gestão assumiu riscos para além do aconselhável. O que é que se passou com o Banif para o Estado intervir?As situações não podem nem devem ser comparadas. A recapitalização do Banif surge a partir do momento em que as autoridades de supervisão, num contexto de medidas macroprudenciais de resposta à crise, decidiram impor novos limites, mais elevados, para os rácios de solvência dos bancos. Essas novas medidas passaram por considerar a métrica mais estrita de capital, o rácio Core Tier 1 (excluindo do cálculo da solvabilidade, por exemplo, a dívida subordinada) e elevando o valor do rácio (recorde-se que os bancos funcionavam com rácios de core tier 1 entre 4% e 6% e passaram a ser exigidos 9% para 2011 e 10% para 2012). Nesse contexto, 4 bancos tiveram que ser recapitalizados com recurso a fundos públicos: a CGD, o BCP o BPI e o Banif. O BES foi recapitalizado com recurso a fundos privados. O Banif foi, portanto, capitalizado com fundos públicos num quadro de rácios de capital mais exigentes, e num enquadramento em que a base de capital se foi degradando pelo impacto da crise financeira, de dimensão sem precedentes, no valor dos activos, que obrigou ao reconhecimento de perdas pelo aumento das imparidades de crédito. É importante também desfazer um equívoco: o Banif não foi nacionalizado. Para tal era necessário um decreto de nacionalização, que tornaria o banco um bem público. Mas ao contrário dos bancos [BCP, BPI] que recorreram ao fundo de recapitalização [decreto das ajudas públicas à banca], o Estado assumiu no Banif uma posição de domínio…O regime da nacionalização é diferente do da recapitalização. O Banif é um banco privado, com accionistas privados. A gestão é de um banco privado e a intervenção do Estado exerce-se dentro de um mecanismo desenhado a nível europeu para apoiar os bancos. O que aconteceu no Banif foi que a intervenção foi mais proporcional, mas dentro dos mecanismos de recapitalização do Estado. Não há risco de no final da operação de recapitalização o Estado se apresentar como dono do Banif?Não. Haveria esse risco no início e se o banco não conseguisse cumprir as metas a que foi sujeito. Passados oito meses, podemos dizer que esse risco desapareceu completamente. O banco já fez duas operações no mercado de capitais, no sentido de retomar o posicionamento anterior. Pagou os 150 milhões de euros de CoCos reduzindo a exposição ao Estado de 1, 1 para 950 milhões e aumentou a posição accionista privada no capital. Hoje o Banif apresenta um rácio Tier 1 d de 11, 3% [acima dos 10% recomendados pelo BdP], isto após o pagamento dos Cocos. E no aspecto operacional está a fazer uma recuperação excelente dos resultados operacionais, pese embora, estar inserido numa economia em recessão. Consegue explicar porque é que o Banco de Portugal (BdP) deixou o Banif chegar a um nível de insuficiênciastalque obrigouo Estado a injectar 1, 1 mil milhões de euros para evitar o colapso?O Banif sempre cumpriu os rácios de capital e encerrou o exercício de 2012 com uma situação líquida de cerca de 400 milhões de euros, portanto os dinheiros públicos foram para permitir que a instituição cumprisse os rácios de capital. E o Banif foi submetido a uma auditoria extraordinária na segunda metade de 2012, que analisou as várias classes de activos do balanço e também as operações internacionais e que contribuiu para o registo de cerca de 500 milhões de euros de imparidades nesse ano, o que fez aumentar o montante necessário para a recapitalização. Pode-se concluir que a crise teve como efeito um maior escrutínio do BdP sobre o sector financeiro?Esse maior escrutínio é indiscutível, mas resulta de uma reacção global dos supervisores sobre o sistema financeiro. Os bancos portugueses estiveram envolvidos com o financiamento da actividade económica, nomeadamente o investimento das famílias (maioritariamente em habitação) e das empresas, créditos que a crise económica colocou em dificuldades. É certo que nesse processo se cometeram excessos, nomeadamente no financiamento de actividades de construção, mas nem de perto nem de longe se verificou em Portugal o fenómeno de “bolha imobiliária” que, por exemplo ocorreu em países como Espanha. Os juros que o Estado está a cobrar pelos Coco’s (que no caso do Banif variam entre 9, 5% no primeiro ano até 11% no quinto ano) destinam-se a ajudar o banco ou a castigá-lo?O custo dos dinheiros públicos (definido tanto pelas taxas de juro dos instrumentos de dívida como pelo preço definido para as acções, no caso da entrada no capital) é regulado por directrizes comunitárias, que têm como princípio basilar o “burden-sharing” e a não distorção da concorrência. É por isso um dinheiro muito caro para os bancos, destinado a desincentivar o recurso ao dinheiro público. No final o Estado terá, certamente, feito um bom negócio com o investimento no Banif. Para além da exigência de transformação de créditos em depósitos (embora tenha aligeirado as exigências), o modelo da troika leva a que as empresas procurem financiar-se directamente nos mercados, o que coloca a banca fora do circuito. Ora os bancos só conseguem crescer, se tiverem funding barato (que não é previsível) e um volume de crédito suficiente. Como é que o Banif [que vai apostar no crédito àsPME] se propõe contrariar atendência?A tendência de desintermediação e de financiamento das empresas pelo mercado é uma tendência que se espera possa começar mas cujos efeitos vão demorar muitas décadas a fazer-se sentir. As grandes empresas já se financiam directamente nos mercados internacionais mas as PMEs não têm a capacidade de aceder directamente aos investidores, porque não existe uma tradição importante em Portugal e nos mercados da Europa continental de os investidores privados ou institucionais olharem para esse tipo de activos. E o mercado ainda terá de evoluir muito para que essa tendência, que é desejável, possa ter impacto significativo. O canal bancário continuará a ser o canal privilegiado para apoiar o ciclo de exploração das empresas e é nesse mercado que o Banif se quer continuar a especializar e onde crê que tem competências diferenciadoras. O Banif é o banco do PSI 20 com o pior nível de rating. Quando é que acha que as agências vão olhar para o banco de outra forma?O rating dos bancos portugueses em geral está muito negativamente influenciado pelo outlook negativo que as agências de rating têm sobre a economia portuguesa. Se os sinais de estabilização da economia se confirmarem, espero que permitam, progressivamente, uma melhoria do outlook e do rating do país, o que vai beneficiar os bancos portugueses. Banif já fez três aumentos de capital para chegar aos 450 milhões pretendidos (levantou 100 milhões através dos accionista de referência, mais 100 milhões numa OPV, e mais 40, 7 milhões subscritos por 16 empresários). Faltam209, 3 milhões? Onde é que os vaibuscar?A segunda fase da recapitalização do Banif é a fase da entrada dos investidores privados e estava inicialmente prevista ocorrer até ao final de Junho de 2013. Os atrasos nas negociações com a Direcção-Geral da Concorrência da União Europeia (DGCon) inviabilizaram a colocação internacional e fizeram com que a operação não se pudesse realizar até ao final de Junho, como previsto. Neste sentido, o Banif realizou uma AG, a 25 de Junho, que permitiu que esta segunda fase se pudesse realizar emvárias tranches, separando-as. De acordo com o plano de recapitalização, faltam realizar a operação de troca de passivos, que já tem a AG marcada para o próximo dia 16 de Setembro, e a colocação internacional, que esperamos levar a cabo assim que estejam fechadas as negociações com a DGCon. O próximo aumento de capital irá decorrer em que período?Irá ocorrer através da operação de troca de passivos, aprovada na AG do dia 16 de Setembro, e realizar-se-á a seguir. Pode explicar por que razão o Banif só conseguiu colocar 26% das obrigações que vendeu no retalho, quando os juros que pagava eram bastante atractivos (7, 5%) [só podiam subscrever as obrigações quem fosse ao aumento de capital de acções]?O Banif apostou muito forte no sucesso da oferta pública de subscrição de acções. O sucesso desta operação era importante porque era o primeiro teste de mercado e porque, por razões já explicadas, o Banif só conseguiu realizar a operação em Julho, dentro do período estival, um período menos favorável para a realização de operações no mercado de capitais. Nesse sentido, o Banif lançou a emissão de obrigações exclusivamente reservada a accionistas, assumindo um custo adicional para tornar mais atractivo o aumento de capital para aqueles investidores que gostariam de contar com um rendimento fixo e não apenas de um rendimento variável. O facto de todas as acções terem sido colocadas (100 milhões de acções colocadas para uma procura de 161 milhões) com uma emissão relativamente baixa de obrigações (60 milhões para um máximo de 225 milhões) foi positivo para o Banif. Antes dos últimos aumentos de capital disse estar convencido que um “conjunto importante de empresários madeirenses, quer individuais quer grupos residentes e espalhados pelo mundo (emigração), pudessem vir a representar entre os 20% e os 25%” da operação”. Em Julho a presença madeirense rondava 2% do capital social. Qual é a presença actual?O aumento de capital por oferta pública teve uma participação muito positiva de investidores de Portugal continental, Madeira, Açores e também de comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Na oferta privada de 40, 7 milhões de euros, efectuada a seguir à oferta pública, o Banif foi capaz de reunir um conjunto importante de investidores estratégicos, composto por empresários da Madeira, dos Açores e do continente. Os últimos aumentos de capital têm levado a uma transferência de capital dos accionistas para o Estado para reembolsar os Cocos. Haverá um momento em que o banco terá de gerar resultados que, por si só, permitam pagar ao Estado. Tendo em conta que os resultados não têm corrido assim tão bem…A recapitalização obedeceu a um plano. O que temos que ver é se os resultados do banco em 2013 e 2014 estão a ficar melhores ou piores do que o previsto. Porque o volume de imparidades que o Banif reportou, assim como os outros bancos, estava já previsto. Os anos de 2012 e de 2013 foram de ajustamento dos balanços dos bancos. Até diria que o no caso do Banif o volume de imparidades vão ser bastante menores do que estava no plano. O que sabemos é que, no nosso caso, retirando as imparidades afectas ao Brasil, elas são inferiores ao previsto. E há outro aspecto muito importante: os resultados operacionais estão a ter uma evolução melhor do que a que projectada, pese embora a fase recessiva em que a economia está. Há outro dado muito significativo que é a leitura do mercado: o Banco foi sujeito ao teste do mercado e passou-o com sucesso e conseguiu ir levantar ao mercado, num contexto difícil, 140 milhões de euros. Conseguiu a adesão de investidores de referência, alguns empresários que podem constituir uma excelente âncora para os aumentos de capital que se vão seguir. Estes aspectos revelam a trajectória positiva do banco neste ano. No final do plano de recapitalização que garantias há de que a família Roque se mantém como accionista de referência?A família Roque é a família do fundador do Grupo e comprometeu-se, no âmbito da recapitalização, a investir mais 75 milhões de euros no banco, o que aconteceu no dia 26 de Junho. Reafirmou, portanto, neste contexto, o compromisso com o Grupo. Faz sentido que seja a família Roque, daqui a 5 anos, a comprar a posição que Estado tem no Banif?Não é uma questão a que possa ou deva responder. Existe um direito de preferência, atribuído aos accionistas à data da entrada do dinheiro público, consagrado no acordo de recapitalização com o Estado Português, que concede a aqueles accionistas a possibilidade de adquirir ao Estado a participação deste na proporção das participações detidas antes da entrada do Estado. Já anunciou que o próximo aumento de capital do Banif terá como alvo o mercado internacional, nomeadamente a América Latina, a Europa e o Oriente. Falou na possibilidade de um banco sul-americano entrar no Banif. Pode dar mais detalhes?Neste momento não é possível. A operação de colocação internacional está ainda a ser estruturada e é prematuro falar de qualquer possibilidade. Fala-se de um banco venezuelano…O que houve foi negociações com um banco sul-americano no princípio deste ano, mas nunca mencionei a nacionalidade. Houve, é verdade, conversas de alguma profundidade, mas não se avançou. Não era a altura certa pois estávamos a negociar com as autoridades o plano de recapitalização. Nenhum investidor investe num activo sem saber qual vai ser o seu futuro. Mas os investidores portugueses investiram no Banif?Quando as linhas estratégicas do plano de recuperação eram conhecidase estavam bem definidas. A troika criou um quadro regulamentar (rácios de capital mais apertados levam a menor rentabilidade) que dificulta a atracção de capital. Como é que espera atrair accionistas internacionais de referência num quadro de baixas rentabilidades?O objectivo de um investidor é a rentabilidade. A primeira coisa que faz é olhar para um activo e ver se tem rentabilidade futura, ou não. Nesse aspecto, acho que o Banif, mesmo numa análise prudente, é um caso muito interessante para diversos tipos de investidores. Há, é claro, o risco país. Mas não nos podemos esquecer que Portugal é um país europeu, um país moderno. Está dotado de infra-estruturas excelentes, um país que proporciona segurança apesar de, historicamente, ter as suas crises agudas. Mas sempre as ultrapassou e sempre cumpriu com os seus compromissos financeiros. E Portugal começa a dar sinais de alguma vitalidade e de recuperação, ainda que estejamos condicionados pela recuperação europeia. Como é que o Estado sai do banco?A partir do momento que esteja capitalizado, está em condições de gerar resultados para pagar todo o empréstimo ao Estado. As três unidades do grupo – o Banif S, o Banif Investimento e o Banif Mais (crédito ao consumo) _ têm a obrigação de gerar cerca de 50 milhões de euros todos os anos, para rentabilizar os 450 milhões de euros. O Estado vai reduzir a sua posição pela desalavancagem do Banif, que possui uma enorme exposição ao sector imobiliário, com uma carteira de 1, 5 mil milhões, e cuja venda, de cerca de 1, 2 mil milhões de activos, lhe permitirá libertar capital para amortizar as acções do Estado. Dos activos que vão ser alienados, 1, 2 mil milhões, um milhão está na carteira doméstica. Há ainda a venda do banco no Brasil. Se o plano correr como previsto não haverá necessidade de um accionista comprar a posição do Estado?Não. Ficará, provavelmente, uma parte residual e aí ou há um accionista que compra ou fazemos uma operação para o mercado da posição do Estado. O plano de internacionalização do Banif vai estar centrado em Malta, África do Sul, Venezuela e EUA. Porquê?O Banif alterou a sua estratégia relativamente à internacionalização com a entrada da nova equipa de gestão. Essa estratégia, que foi publicamente anunciada visava a focalização em mercados e geografias onde os nossos clientes estivessem, para apoiar as necessidades desses clientes, mas abandonando a visão de constituir instituições bancárias locais para competir nos respectivos mercados. Nesse sentido, as linhas orientadoras do plano de reestruturação com a DGComp vão ao encontro da estratégia que tinha sido anteriormente definida. As negociações (remédios) com a DGCon já estão fechadas?As negociações com a DGComp ainda não estão fechadas, estando no entanto estabilizados os princípios gerais do plano, que podem estar sujeitos a alterações de pormenor. Por isso, é prematuro fazer mais comentários específicos sobre o plano. Qual é o plano e o calendário das negociações que decorrem com a DGCOm?Estamos a contar que a negociação esteja terminada em Setembro, no limite em Outubro. Mas a agenda não depende de nós. Dos remédios que estão a negociar vai fazer parte a venda de parte ou da totalidade da seguradora do grupo, a Açoreana?Não posso avançar nada, pois o plano não está fechado. Mas posso dizer que faz parte do nosso plano um programa intenso e extenso de desalavancagem. O objectivo ir levantar 450 milhões de euros com dois propósitos: devolver a maioria do poder de voto aos accionistas privados e permitir que o banco tenha rácios de capital folgados que permitam pagar ao Estado os CoCos. Depois, não haverá mais aumentos de capital. Pagando os Cocos, o Estado ficará com uma posição accionista de 62% e poder de voto abaixo dos 50%. No semestre o banco apresentou prejuízos de 196 milhões e justificou parte das perdas com a necessidade de provisões para cobrir perdas no Brasil e por imposição do Banco de Portugal (na actividade doméstica) que fez uma auditoria interna. O balanço do banco já está “limpo” ou ainda vai ter de assumir mais perdas. Quando é que o Banif pode regressar aos lucros?Os resultados do semestre foram bastante afectados pela necessidade de constituição de imparidades extraordinárias no Brasil, em cerca de 80 milhões de euros, e em virtude de uma auditoria especial efectuada com critérios prudenciais bastante mais apertados. Esta auditoria foi feita de forma transversal a todos os bancos e foi promovida pelo Banco Central. O importante na análise dos resultados do semestre é a verificação consistente de resultados operacionais positivos, em resultado dos efeitos da redução significativa dos custos de estrutura, da redução do custo de funding e a da política de recuperação de crédito, pese embora a continuação de uma conjuntura económica recessiva que continuará a ter forte impacto nas contas de exploração dos bancos. As acções do banco estão a cotar em 1 cêntimo, o que torna a acção bastante volátil (queda de 93% este ano). Não há um grande risco nesta altura de comprar acções do banco? Tem 24 mil milhões de acções listadas em bolsa. Não fazia sentido uma espécie de reverse stock split para aumentar o preço das acções e baixar o número de acções cotadas?O Banif está, neste momento, empenhado em cumprir com o plano de recapitalização e conseguir levantar 450 milhões de euros de investidores privados. Esse aspecto poderá ser eventualmente considerado após o levantamento dos 450 milhões de euros. Está arrependido de ter deixado a CGD, onde exercia as funções de administrador e presidente do Caixa BI?A vinda para o Banif foi uma opção absolutamente racional e reflectida. Já conhecia o grupo, já cá tinha estado no passado. Conhecia os pontos fortes e, embora sabendo que não estava nas melhores condições financeiras, e que tinha que ser sujeito a um plano de mudança e recuperação, acreditei no sucesso. Partilha da opinião de Pedro Passos Coelho, e de outras personalidades [como Pedro Rebelo de Sousa], para quem a CGD devia ser total ou parcialmente privatizada?A CGD pode ter uma governação profissional e independente sem ser privatizada.
REFERÊNCIAS:
Estágios não-remunerados: prancha para o sucesso ou escravatura moderna?
Muitos jovens vêem-se obrigados a optarem por períodos à experiência sem qualquer vencimento no final do mês. (...)

Estágios não-remunerados: prancha para o sucesso ou escravatura moderna?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.233
DATA: 2013-09-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Muitos jovens vêem-se obrigados a optarem por períodos à experiência sem qualquer vencimento no final do mês.
TEXTO: Moriz Erhard era um jovem alemão de 21 anos que morreu depois de trabalhar 72 horas consecutivas na sucursal do Bank of America em Londres. A morte do estagiário de Economia veio relançar a polémica relativamente às condições de trabalho que os jovens enfrentam quando terminam a formação superior. Bernardo Almeida, emigrante português na Noruega, contou ao PÚBLICO que "nos bancos de investimento o estagiário faz trabalho chato e repetitivo, mas acaba por aprender imenso". Bernardo adianta ainda que caso a instituição goste do trabalho do estagiário, o mais provável é este ser convidado para integrar a empresa enquanto analista, cargo que possui uma remuneração significativa. Frederico Aragão, assessor de imprensa, revelou ao PÚBLICO que passou por diversos estágios não remunerados até obter um contrato de trabalho: “É fundamental saber distinguir as verdadeiras intenções das empresas para assim não criarmos ilusões. Experiência é sempre algo positivo… mas isso não quer dizer que um estagiário possa ficar para sempre como apenas isso, um mero estagiário. Ninguém vive apenas do ar que respira. ”Numa altura em que a taxa de desemprego continua elevada (16, 5%) e a taxa de desemprego jovem em Portugal está acima dos 40%, são inúmeros os relatos de recém-licenciados (e até mesmo de pessoas com o mestrado concluído) que não têm outra alternativa se não submeter-se a estágios não remunerados para ganharem experiência no mercado de trabalho e mais tarde tentarem integrar os quadros das empresas. Porém, o que pode ser visto como uma possível prancha para a construção de uma carreira, é muitas vezes aproveitado pelas entidades empregadoras como um modo de obterem mão-de-obra gratuita, ainda que durante um período temporário. Em Portugal, mais de 100 mil pessoas fizeram estágios em 2012, ao abrigo dos programas de Emprego, co-financiados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Mas a realidade será muito mais vasta, porque é possível as empresas recorrerem a estagiários, sem comunicarem a nenhuma entidade pública. Segundo a lei, os estágios extracurriculares e profissionais com duração até três meses podem ser não remunerados. Um estágio (cujo período máximo é de um ano) só tem de ser pago se tiver uma duração acima de três meses. O valor de referência é o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), actualmente de 419, 22 euros, acrescido de um subsídio de refeição/dia. “Em áreas com grandes massas de qualificados, como é o caso do jornalismo, o número de candidatos é de tal modo elevado que é impossível aos organismos absorver toda a mão-de-obra. Essa excedência de candidatos acaba por permitir e justificar, que, de facto, muitos empregadores usem os estágios não remunerados para completar as suas necessidades reais, que muitas vezes não estão satisfeitas devido à crise económica que o país atravessa”, afirma Aurora Nunes, ex-jornalista. De acordo com os dados fornecidos ao PÚBLICO pela Autoridade para as Condições do Trabalho, os inspectores fizeram 64 advertências e levantaram 219 procedimentos coercivos (multas e participações ao Ministério Público) em 2012 pelos chamados casos de “dissimulação de contrato de trabalho”, seja através de figuras como a falsa prestação de serviços, os falsos estágios remunerados ou outros tipos contratuais. Também há experiências positivasMas nem todas as experiências são negativas. Vítor Monteiro, finalista do Mestrado Integrado em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), estagiou na IncubIT, empresa especializada na formação de empreendedores, e afirmou ao PÚBLICO o quão gratificante foi a experiência: “Fiz um grande esforço em termos de gestão de tempo, mas acredito que ganhei muito mais do que o que tive de investir. ”Francisco Telo Rasquilha, aluno de mestrado na Católica Lisbon School of Business & Economics, iniciou recentemente um estágio não remunerado numa instituição financeira, e é da mesma opinião: “Oferecem-me condições flexíveis, com um horário agradável e um bom ambiente de trabalho. ”David Passão, recém-licenciado em Cardiopneumologia pelo Instituto Politécnico de Lisboa, passou por uma experiência positiva no período de estágio e afirma que foi explorado: “Os meus orientadores tiveram que dispensar algum do seu tempo para me acompanhar e nesse sentido os estágios que frequentei foram extremamente frutíferos. “ Também Diogo Galvão, que chegou a realizar um estágio não remunerado na Portugal Telecom, defende que "não há salário/bolsa de estágio que pague as amizades e projectos" que desenvolveu durante esse período. Com a falta de emprego em Portugal, muitos jovens partem para o estrangeiro à procura de oportunidades. Mas muitos dos que ficam acabam por fazer estágios não remunerados para não ficarem parados, ainda que não tenham quaisquer promessas de integração. “Depois de passarmos anos a estudar e a sermos sustentados pelos nossos pais, o que queremos acima de tudo é a nossa independência”, destaca Benedita Telles, uma jovem enfermeira que está a tentar conseguir um lugar na sua área. “Nós, enquanto estagiários, fazemos muito mais para além das nossas competências, e acabamos, na maior parte dos casos, por ser escravos dos profissionais”.
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Entidades IEFP
Produtora dos EUA interessada em remake de A Gaiola Dourada
O filme que até agora é o mais visto em Portugal em 2013 foi nomeado para os Prémios do Cinema Europeu na categoria de Prémio do Público. (...)

Produtora dos EUA interessada em remake de A Gaiola Dourada
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.275
DATA: 2013-09-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O filme que até agora é o mais visto em Portugal em 2013 foi nomeado para os Prémios do Cinema Europeu na categoria de Prémio do Público.
TEXTO: O realizador Ruben Alves disse esta quinta-feira ao PÚBLICO que está em conversações com uma produtora norte-americana quanto aos direitos de adaptação de A Gaiola Dourada, filme sobre a emigração portuguesa em França que já se tornou no filme mais visto em Portugal desde o início do ano de 2013. "Recebemos há pouco tempo o contacto de uma produtora [norte-americana] que demonstrou interesse em adquirir os direitos de adaptação da película. As negociações ainda estão a decorrer", disse ao PÚBLICO Ruben Alves, o realizador luso-descendente de A Gaiola Dourada. "Ainda não sei se pretendem filmar um remake adaptado à realidade latina dos Estados Unidos, mas sinto-me muito honrado em testemunhar o sucesso que o filme está a ter e este contacto que surgiu agora deixa-me ainda mais satisfeito", acrescentou. O filme protagonizado por Rita Blanco e Joaquim de Almeida foi entretanto nomeado para os Prémios do Cinema Europeu (European Film Awards), um de onze filmes concorrentes na categoria Prémio do Público. A longa-metragem francesa sobre um casal de emigrantes portugueses que trabalha há 30 anos em Paris irá competir com filmes espanhóis como Os Amantes Passageiros de Pedro Almodóvar ou O Impossível de J. A. Bayona, para além do documentário À Procura de Sugar Man - que venceu o Óscar de Melhor Documentário este ano - ou de Anna Karenina, de Joe Wright, A Melhor Oferta, de Giuseppe Tornatore, The Broken Circle Breakdown, do belga Felix van Goreningen, The Deep, de Baltasar Kormákur, Kon-Tiki -- A Viagem Impossível, de Joachim Rønning e Espen Sandberg, Oh boy, de Jan Ole Gerster e Só Precisamos de Amor, de Susanne Bier. Os prémios serão entregues a 7 de Dezembro em Berlim, sendo os restantes nomeados conhecidos a 9 de Novembro em Sevilha, escreve a Lusa. "Não consegui deixar de sentir alguma comoção quando soube que o filme tinha sido nomeado", disse Ruben Alves. "O facto de a minha obra estar na mesma lista que um filme de Pedro Almodóvar enche-me de orgulho, já que é um filme que retrata Portugal, assim como um pouco da Europa. "A Gaiola Dourada foi rodada em Paris e parcialmente na região do Douro. De acordo com os dados do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), já é o filme mais visto do ano em Portugal. Desde que se estreou nas salas de cinema a 1 de Agosto e até 4 de Setembro, o filme já foi visto por 467. 082 espectadores, ultrapassando aquele que era até agora o maior sucesso de bilheteira de 2013, Velocidade Furiosa 5.
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Palavras-chave direitos
Conservadores vencem eleições na Austrália
Primeiro-ministro cessante Kevin Rudd sofre derrota mais pesada do que o esperado. (...)

Conservadores vencem eleições na Austrália
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.8
DATA: 2013-09-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Primeiro-ministro cessante Kevin Rudd sofre derrota mais pesada do que o esperado.
TEXTO: A coligação Liberal-Nacional venceu as legislativas australianas e Tony Abbott, o polémico líder conservador, será o 28º primeiro-ministro do país, adiantam as projecções reveladas após o fecho das urnas e que apontam para uma derrota mais pesada do que era esperada para o governo cessante trabalhista. Foram precisos menos de cinco minutos após o fecho das urnas em grande parte do país – no estado da Austrália Ocidental a votação só encerra mais tarde – para vários dirigentes do Labor virem a público reconhecer a derrota. “As pessoas disseram que não querem que continuemos a governar o país e temos de ouvi-las, temos de retirar lições disso”, disse o ministro da Justiça, Jason Clare, ao jornal ao Sydney Morning Herald. A essa hora, já a televisão nacional australiana ABC dava como certa a vitória da Coligação, que teria já garantidos 74 dos 150 lugares na Câmara dos Representantes, podendo atingir um total de 90 congressistas até ao final da contagem. Uma projecção da Sky News aponta para uma derrota ainda mais pesada dos trabalhistas, que poderão perder até um máximo de 21 lugares no Parlamento, elegendo apenas 51 deputados – números que a confirmarem-se são um revés eleitoral ainda pior do que sofrido pelo Labor em 1996, quando o então primeiro-ministro Paul Keating foi batido pelo conservador John Howard, que governaria a Austrália na década seguinte. Um resultado que castiga os trabalhistas por três anos em que o partido mudou duas vezes de chefe de Governo sem pedir contas aos eleitores: em 2010, Julia Gillard derrotou o então primeiro-ministro, Kevin Rudd, em eleições internas, face a sondagens que apontavam para a iminente derrota dos trabalhistas nas legislativas desse ano; em Junho, após duas tentativas fracassadas, Rudd pagou na mesma moeda e tentou inverter a derrota anunciada do partido antecipando a data das eleições. Um ciclo de instabilidade que, aliado à anunciada desaceleração da economia, abriu caminho à vitória de Abbott, derrotado em 2010 por Gillard. O líder conservador, conhecido pelas gaffes e por afirmações sexistas, apresentou-se aos australianos como a opção da estabilidade, centrando a sua campanha nas promessas de reduzir os gastos do Estado, travar os barcos que chegam em cada vez maior número às costas australianas com imigrantes a bordo e abolir as taxas sobre os lucros da industria mineira e as emissões de carbono. Mas a concretização destas medidas estará dependente do Senado onde, segundo as projecções, a coligação poderá ficar aquém da maioria.
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Tempo Junho
Seguro alerta que regressa país “de miséria” pré-25 de Abril
“A via do empobrecimento é a via errada. Este Governo, nestes dois anos, não cumpriu uma única meta orçamental”, acusou o líder socialista. (...)

Seguro alerta que regressa país “de miséria” pré-25 de Abril
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-09-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: “A via do empobrecimento é a via errada. Este Governo, nestes dois anos, não cumpriu uma única meta orçamental”, acusou o líder socialista.
TEXTO: O secretário-geral do PS, António José Seguro, alertou esta segunda-feira que Portugal “começa a regressar” ao país de “miséria” e de “pobreza” que existia antes do 25 de Abril, devido às políticas do Governo PSD/CDS-PP. "Eu tinha 12 anos quando o 25 de Abril aconteceu em Portugal e os meus pais contavam-me o que era o Portugal” que existia nessa altura, recordou Seguro. Segundo o líder do PS, tratava-se de “um Portugal de miséria, um Portugal de pobreza, um Portugal em que tanta gente tinha que emigrar porque não encontrava aqui possibilidades para sustentar a sua família”. “Quando nós julgávamos que esse país tinha acabado, ele começa a regressar”, alertou António José Seguro, exemplificando que, só em 2012, emigraram “120 mil portugueses”. E “só emigra quem não tem possibilidades de sustentar aqui a sua família, de ter um emprego”, sublinhou. O líder socialista discursava em Alandroal, durante um almoço de apoio a Manuel José Ramalho, candidato do partido à câmara municipal, atualmente liderada por um movimento independente, nas eleições autárquicas do próximo dia 29. Na sua intervenção, que durou aproximadamente 20 minutos, Seguro lançou várias críticas à governação de Pedro Passos Coelho, nomeadamente ao “caminho errado” que, na sua opinião, Portugal tem seguido. “A via do empobrecimento é a via errada. Este Governo, nestes dois anos, não cumpriu uma única meta orçamental”, acusou. Portugal, “de norte a sul, do litoral ao interior, vive grandes dificuldades”, argumentou o secretário-geral do PS, criticando o Governo por dizer que o país está a crescer: “As pessoas não sentem isso no dia-a-dia”. Aludindo às eleições autárquicas do próximo dia 29, António José Seguro defendeu que, nesta campanha eleitoral, os políticos e os partidos têm “um dever muito grande”. “O de, nesta campanha, pormos a politiquice de lado” e “falar dos problemas dos portugueses e das soluções que temos para resolver a sua situação”, disse. O que importa é que os políticos abordem os problemas das pessoas e apontem solução, deixando de lado “a demagogia”. Ao discursar num concelho alentejano situado a “dois passos” da fronteira com Espanha, o secretário-geral do PS lembrou ainda que Portugal é um país “desequilibrado”, com grandes assimetrias. Por isso, defendeu, “é preciso uma política nacional de apoio ao interior”, pois, esta zona do país, onde os portugueses que aí vivem “são duplamente penalizados”, não pode ser olhada “como um fardo”. “Temos que apostar no interior e não olhar para o interior como um fardo”, pois, “só quem não conhece o interior” é que pode ter essa visão, afirmou.
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